Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura apresentam
LIVRO DO PROFESSOR
Qual é o espaço que o conhecimento pode ocupar? Um rei ao envelhecer reuniu seus três filhos em um grande galpão, a cada um entregou uma moeda de ouro e disse: “aquele que melhor conseguir preencher esse espaço será meu sucessor”. O filho mais velho comprou com sua moeda tanta palha que cobriu todo o chão com um tapete de mais de um metro de altura. O filho do meio trouxe algodão, suave como uma nuvem, tomou o galpão até quase cobrir as janelas e as portas de sua fibra branca, mas ainda restavam espaços vazios. O filho caçula comprou apenas uma vela e fósforos e esperou o cair da tarde. Quando a noite chegou, ele acendeu o pavio e a luz tomou conta de todo o galpão.
A história das bibliotecas tem seu gene no sonho de reunir em um prédio todo o saber de um tempo: obras de literatura, religião, história, filosofia, belas-artes e ciências
naturais,
mapas,
partituras,
desenhos, estampas. Erguidas em majestosos edifícios, as bibliotecas ostentavam quão poderosos eram os soberanos que detinham todo aquele tesouro. 1
A “mãe” da nossa Biblioteca Nacional é a Real Biblioteca portuguesa também chamada de “livraria régia”. D. João V (1689-1750) dizia que os livros que transbordavam o Palácio da Ribeira eram mais importantes que o ouro do Brasil. Os monarcas buscavam obras em terras longínquas. Coleções particulares e preciosidades eram recebidas como troféus. Porém apenas um grupo muito restrito de pessoas usufruía dessa preciosidade. Agora é diferente: as histórias estão além-muros. Cada estudante vai receber seu próprio exemplar do livro “Bibliotecas do mundo” e levar para casa sete bibliotecas. Os educadores envolvidos nesse projeto acreditam que o conhecimento é um bem precioso que deve ser compartilhado. Ler pode ser um ato solitário, mas quando lemos nunca estamos “sozinhos”. Vivências, memórias e leituras acompanham nosso olhar sobre o texto. Nesse material propomos algumas dinâmicas para que essa experiência seja ainda mais gostosa.
Seja nosso parceiro nessa proposta.
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As palavras escritas estão por todos os lugares: na sinalização das ruas, nas embalagens e bulas de remédio, na indicação do itinerário do ônibus, nos jornais, anúncios, revistas, legendas de filmes, menus de restaurantes... e nos livros. Quem é alfabetizado lê toda hora e muito mais do que suspeita. A criança ou adulto ao aprender a ler ganha um novo poder e com essa ferramenta mágica, que é a leitura, pode ir para muitos lugares. Mas apesar de lermos um bocado todos os dias, por que muitas vezes nos afastamos dos livros de histórias que são justamente os lugares onde as aventuras estão “guardadas”? Saber ler não é sinônimo de torna-se leitor. Com esse caderno propomos que você, professor, se aventure com seus alunos. E se deixássemos de associar a leitura a testes e provas? Que tal nos auxiliar a formar leitores? Um bom leitor de livros será um bom leitor
de mundo, uma pessoa mais apta a encontrar soluções criativas.
Vamos começar redescobrindo o livro.
Reconhecimento A leitura de um livro começa antes mesmo de abrirmos suas páginas. A capa também nos traz informações, nas suas palavras e imagens. Peça para que os alunos imaginem que são exploradores de outra galáxia, seres de um outro planeta que acabaram de pousar na Terra e encontraram um livro. Eles vão observar atentamente esse livro e procurar todas as pistas para entendê-lo. Durante essa dinâmica você vai aproveitar para lançar questões. 3
Qual seu formato? Quadrado, retangular, grande, pequeno, redondo. Existem livros que não são feitos de papel? Quem já ouviu falar em papiros ou histórias escritas em pedras? Experimente conhecer esse objeto usando um sentido diferente da visão. Sugira que os alunos fechem os olhos e toquem na capa. Como é esse papel, tem uma textura? Outros livros também têm essa suavidade? A capa ganhou uma aplicação que lembra um verniz, como o que usamos nos pisos de madeira. Essa aplicação deixa o papel gostoso de passar a mão, além de mais resistente. Pergunte
que outras coisas têm uma textura que eles gostam. Talvez a casca de uma fruta, o pezinho de um bebê ou o pelo de um animal? E o miolo do livro foi impresso no mesmo papel? Compare com outros livros da biblioteca da escola. Por que a capa tem uma gramatura mais grossa? A capa tem que proteger o livro, como a pele da gente, por isso ela é mais resistente. Agora vamos reparar no desenho. Pergunte à turma se ela acha que as cores da capa foram escolhidas ao acaso. Depois de ouvir as respostas conte que as cores exercem influência sobre os nossos sentidos. O fundo chapado amarelo é uma cor quente, traz a ideia de acolhimento. Como os alunos se sentem com essa cor? Onde mais a encontramos? Uma das maiores redes de fast food do mundo usa sempre o amarelo e vermelho na sua logomarca, embalagens e decoração. Existem pesquisas que dizem que o vermelho chama atenção e o amarelo abre o apetite. Já os consultórios médicos normalmente são pintados com cores que passam tranquilidade, como o azul e o verde em tons claros.
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Quem são os personagens na capa? Os alunos se identificam com eles? O menino e a menina desenhados também lêem livros. Onde esses personagens estão sentados? Como os alunos interpretam a posição deles? A ilustradora
não
nos
contou
esse
segredo. Talvez eles representem crianças de diferentes continentes. O livro do menino tem uma estampa de que cores? Será que o livro que ele está lendo está escrito em português? Que elementos dão uma ideia de tempo? A lua, a lâmpada de cabeceira acesa podem representar que está de noite? Muita gente gosta de ler antes de dormir, quando a casa está mais quietinha e tranquila. Quantas coisas podemos “ler” em uma imagem! O livro “Bibliotecas do mundo” traz sete ilustradores. Se os alunos
forem bons exploradores podem continuar brincando de desvendar pistas, como detetives. O desenho da capa não se repete dentro do livro, no miolo, mas será que podemos identificar qual dos sete ilustradores é o autor desse desenho? Dicas: Repare nos olhos, na boca e na forma de contornar as figuras com a cor preta. Quantas coisas podemos descobrir? O importante é o jogo de aproximação dos alunos com o livro. Não existem necessariamente repostas certas para essas questões. Esta é uma primeira leitura, uma leitura imagética, das imagens. Apesar de associarmos a leitura às palavras, podemos ler muitas outras coisas: as expressões no rosto das pessoas e até a forma de sentar ou andar dizem muita coisa a nosso respeito. 5
E o ISBN, o código de barra que está na quarta capa do livro “Bibliotecas do mundo” num box branco, o que significa? ISBN (International Standard Book Number) é o número internacional dos livros. É um sistema que identifica com números os livros, segundo o assunto, título, autor, país, editora. No Brasil quem dá esse selo é a Biblioteca
Nacional, leremos uma história sobre ela mais tarde. Ela não só armazena livros, mas documenta todo o conhecimento. Para publicar um livro você precisa deste selo, e todo livro tem que ser enviado para a Biblioteca ter um exemplar nas suas prateleiras. O texto da 4ª capa é a sinopse do livro, funciona como o trailer dos filmes do cinema, é um pequeno resumo do que iremos encontrar dentro desta capa. Às vezes a sinopse está no final, outras está na orelha do livro. As sete histórias do livro “Bibliotecas do mundo” estão organizadas por ordem cronológica, a primeira história é a da Biblioteca de Alexandria que começou a ser construída antes de Cristo. Essa foi uma decisão da autora, mas os alunos podem começar por qualquer um dos contos.
Boa leitura!
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Biblioteca de Alexandria Apresentando o narrador Hipátia, ou Hipácia, viveu em Alexandria, no Egito, entre os anos 355 e 415, época da dominação romana. É uma personagem importante da História, mas ainda pouco conhecida. Ela era astrônoma, física, matemática, filósofa e trabalhava na lendária biblioteca. Hipátia acreditava que o universo era regido por leis matemáticas. Suas contribuições para a ciência incluem o mapeamento dos corpos celestes e supostamente a invenção do hidrômetro. Hipácia defendia a liberdade de religião e de pensamento. Antes de ler esse capítulo apresente a personagem aos alunos, existem várias referências na internet. Recomendamos o filme “Ágora” estrelado por Rachel Weisz no papel da filósofa Hipátia.
Proposta de leitura Depois de contar para a turma quem é a narradora dessa história, reuna os alunos em grupos para que escrevam apresentações para Hipátia. Sugira formatos de textos menos tradicionais, como uma apresentação do Facebook, o horóscopo do personagem ou um perfil do consumidor. E agora que todos já conhecem Hipátia, vamos começar a ler esse capítulo. O texto é longo, mas pode ser dividido por assuntos para
facilitar o entendimento. Ninguém tem pressa. Cada turma tem um ritmo de leitura e são muitos os assuntos novos. E sempre que professores de outras áreas como história, ciências, artes, sala de leitura puderem ser parceiros nessa jornada, será ótimo, porque eles podem contribuir muito. 7
ALEXANDRE, O GRANDE
BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA
Início: segundo parágrafo da página 14:
Início: sexto parágrafo da página 17:
“Tudo começou 300 anos antes de
“E ali está minha querida Biblioteca”.
Cristo, com um general Alexandre, o
Término: quarto parágrafo da página 18:
Grande, que – pasmem – era baixinho”.
“E o rei maravilhado ficou com os originais
Término: último parágrafo da página 14:
de Atenas e devolveu apenas as cópias.”
“Alexandre, que ganhava todas as batalhas, e morreu muito jovem. Seus domínios
EXPERIMENTO DE ARQUIMEDES
foram partidos entre generais.”
Início: primeiro parágrafo da página 17:
foi vencido por uma doença desconhecida
“Tenho orgulho de estar no mesmo lugar
A CIDADE DE ALEXANDRIA
que um dia esteve Arquimedes.”
Início: segundo parágrafo da página 15:
Término: quarto parágrafo da página
“A cidade de Alexandria, à beira-mar do
17: “Se assim não acontecesse, estaria
Mediterrâneo, num instante transformou-
provado que o ourives havia mentido
se em um importante porto”.
para o rei.”
Término:
primeiro
parágrafo
da
página 16: “A cidade foi a mais luxuosa
O FORMATO DOS LIVROS
e elegante que se tem notícia. (...)
Início: quinto parágrafo da página 18:
erguida para reunir todo o saber.”
“O Egito era o maior produtor de papiro do mundo”.
ORIGEM DO MUSEU
Término: quarto parágrafo da página 20:
Início: segundo parágrafo da página 16:
“Por isso, ler é uma coisa que se faz
“Que nome dou a este palácio?”
normalmente em grupo, em voz alta.”
Término: última linha da página 16: humano e descobriu ser o cérebro, e não
CLEÓPATRA - A RAINHA DO EGITO
o
Início: quinto parágrafo da página 20:
“Como Herófiolo, que estudava o corpo coração,
o
verdadeiro
órgão
da
“Imagino Cleópatra desenrolando um
inteligência.”
PESQUISA Filme “Cleópatra” (1963) com Elizabeth Taylor. 8
papiro e de dentro dele pulando os animais das fábulas de Esopo”.
Término: quarto parágrafo da página 21: “Eles deveriam repor as obras queimadas.”
Na página 16 Hipátia conta que trabalha no primeiro museu do mundo. Na mitologia grega Museu é filho de Selene, a Lua, e de Orfeu, um músico tão talentoso, que domava as feras com os sons melodiosos da sua lira. Museu era um poeta, portanto, tinha a inspiração das Musas, filhas de Zeus e a Deusa da memória Mnemosine. Também se diz que o Museu é a casa das Musas. r Não era só Alexandria que tinha monumentos curiosos como sua grande biblioteca ou seu imenso farol. Em Esparta, uma das cidades da Grécia, muitas pessoas iam ver o suposto ovo de onde Helena de Troia, a rainha dos espartanos, havia nascido. O mito contava que Leda, a mãe de Helena, tinha sido seduzida por um cisne que, na verdade, era Zeus, pai dos deuses e dos homens. r O Egito foi o celeiro de Roma. A terra era muito produtiva em virtude dos períodos de cheia, que a deixavam fértil com o Kemet ou “Terra Negra”. A época da seca possibilitava o plantio e as fartas colheitas. O historiador grego Heródoto dizia que o Egito era uma “dádiva do Nilo”, isso porque a cidade só poderia se manter como grande produtora de alimentos por conta do seu rio. Os romanos tinham um poderoso exército. Os faraós do Egito, para manterem sua soberania, trocavam os alimentos produzidos pela garantia de proteção romana. r Você seria capaz de viver sem marcar o tempo? O calendário romano era uma verdadeira bagunça que confundia até seus governantes, que de repetente descobriam que o ano acabaria com umas três semanas a menos que o anterior. Depois de uma temporada em Alexandria, Júlio César pediu a astrônomos egípcios para desenvolverem um calendário mais preciso que a contagem vigente, dando a esse novo sistema de contagem o nome de calendário juliano. r Hoje existe uma nova e moderna biblioteca de Alexandria localizada próxima às ruínas da antiga biblioteca. A memória convive com a tecnologia e a modernidade. .
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Linha ou espiral do tempo? Na escola, a organização daquilo que é ensinado se faz pela divisão em disciplinas: Matemática, Português, Biologia, Geografia etc. Dessa maneira, os alunos aprendem uma coisa de cada vez. No ensino de História, a chamada “linha do tempo” organiza os fatos em ordem crescente de datas, auxiliando a compreensão. Assim, divididos em blocos, estes episódios parecem ser os únicos eventos importantes de um determinado período. Por exemplo, Felipe II da Macedônia anexou a Grécia ao seu império em 338 a.C., no século IV. Vamos pesquisar outros fatos históricos relevantes que aconteceram no resto do mundo no mesmo século: A dinastia Tsin unifica a China (e no século seguinte seria construído o trecho mais longo da muralha chinesa); na América Central, a cidade de Tikal começava a ser construída. Os edifícios ainda existem hoje como vestígios da civilização Maia; Alexandre Magno conquista o reino de Judá, onde fica a cidade de Jerusalém. 509 a.C. Início da República em Roma.
750 a.C. Atenas, Corinto, Esparta e Tebas são as principais cidades-estado da Grécia.
338 a.C.
331 a.C
Filipe II da Macedônia derrotou os gregos e anexou a Grécia ao Império Macedônico, que compreendia os territórios persas e gregos.
800-500 a.C. Na Grécia, temos o aparecimento do alfabeto fonético, além de progresso econômico com a expansão do comércio.
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146 a.C. Roma conquista a Grécia.
Alexandre, o Grande, filho e herdeiro de Filipe II, conquista o Egito e funda um pequeno "vilarejo" que leva o nome de Alexandria.
338 - 146 a.C. Período conhecido como helenístico, de expansão e difusão da cultura grega em todos os territórios.
Olhando para a linha do tempo, vemos uma sucessão de acontecimentos que envolvem os diferentes povos daquela época. São gregos, egípicios e romanos, que se relacionam através da cultura, interesses econômicos (fornecimento de cereais), embates políticos (guerras, acordos, territórios anexados), relações sociais (casamentos) e outros muitos motivos. Se pudéssemos “ver o tempo”, ele certamente não teria um formato linear. O aspecto mais próximo seria o de uma espiral, dando a ideia de simultaneidade, muitas coisas acontecem no mesmo momento.
44 a.C. Júlio César é assassinado pelos senadores romanos.
69 a.C. Sobe ao poder Cleópatra, a última descendente do período áureo do governo dos Ptolomeus.
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46 a.C. O líder militar romano Júlio César toma a cidade e põe fim à guerra dinástica entre Cleópatra e o seu irmão, Ptolomeu XIII, dando vitória à rainha, que se alia aos romanos.
30 a.C. O Egito torna-se uma província do Império Romano após a derrota de Cleópatra por Otaviano, que derrotou os outros dois homens com quem governava e se tornou imperador.
355 d.C. Nasce Hipátia em Alexandria. A matemática e filósofa tornase uma figura atuante na Biblioteca de Alexandria, até sua morte, em 415 d.C.
Atividades O PAPEL QUE É MEU O papel usado que você jogaria fora pode virar uma nova folha. O papel nada mais é que um emaranhado de fibras vegetais. Ao transformar papel usado em novo, estamos na verdade desfazendo essa trama e entrelaçando as fibras novamente. Você pode usar revistas, jornais, panfletos, (o papel só não pode estar sujo de comida), picar em pedacinhos e deixar de molho na água por 24 horas. Depois, despeje o conteúdo no liquidificador, coloque pouca quantidade de cada vez para não estragar o aparelho. Para cada xícara de papel amolecido, acrescente um litro de água e duas colheres de sopa de cola branca. Então bata até ficar homogêneo, como um mingau. Em seguida, despeje em uma bacia ou outro recipiente fundo. Prepare um escorredor: você precisa de uma moldura com uma tela feita com nylon ou arame, que pode ser grudada com percevejos, ficando esticadinha. Mergulhe a tela na mistura, retire, escorra e vire a moldura com a polpa para baixo, sobre um jornal ou pano. Tire o excesso de água com uma esponja. Levante a moldura, deixando a folha de papel artesanal ainda úmida sobre o jornal e deixe secar. Existem várias dicas na internet para personalizar o papel com casca de cebola e alho, chá em saquinho, linhas coloridas e pétalas de flores.
MENSAGEM OCULTA Já imaginou como era enviar uma carta com conteúdo secreto? E se alguém abrisse e visse? E se a carta fosse roubada? Topa uma experiência? Pegue uma folha, um limão, um copo, um ferro de passar roupa e pincel. Esprema o limão dentro do copo e faça do suco a sua tinta. Molhe o pincel no suco e escreva com ele. Depois de secar, a mensagem fica invisível. Só dá para ler o texto com clareza passando o ferro quente em cima do papel, aí o texto aparece escuro. 12
Biblioteca Nacional O escritor e filósofo francês Roland Barthes diz que “...a narrativa está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as sociedades; a narrativa começa com a própria história da humanidade; não
há, nunca houve em lugar nenhum povo algum sem narrativa”. E para uma história ser contada é necessário que haja um narrador. O narrador é uma invenção, uma criação do autor. O narrador e os personagens são “seres de papel”; o autor é uma pessoa. O leitor, ouvinte ou espectador (no caso do teatro) só entende o que está acontecendo na história a partir daquilo que o narrador lhe comunica. O narrador na terceira pessoa ou narrador observador é aquele que se encontra fora dos acontecimentos. Ele sabe tudo o que acontece na trama, está presente em todos os lugares da história, a todo o momento, é onipresente, como um Deus. Já o narrador na primeira pessoa é também personagem da narrativa, sendo normalmente o protagonista ou uma figura de grande importância no enredo e possui um ponto de vista limitado.
Quem conta essa história? Essa é uma boa pergunta para ser feita a cada capítulo desse livro. Quem conta as aventuras de uma das mais importantes coleções de livros antigos do mundo, a coleção da Biblioteca Nacional, é um jovem menino português. José Joaquim, que assim como esses livros atravessou o oceano Atlântico. 13
DICA: Assistir ao filme Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, dirigido por Carla Camurati, com Marieta Severo, Marco Nanini, Marcos Palmeira, Ney Latorraca, entre outros. Em 1807, para escapar das tropas napoleônicas, a família real portuguesa se transfere às pressas para o Rio de Janeiro.
Proposta de leitura Textos com falas são bons para serem lidos em grupo. Nas páginas 26 e 27 podemos dividir o texto entre o narrador e marinheiro, com uma pequena participação de D. Maria, A Louca. Começar a leitura com o estudante que faz o papel do narrador, na página 26: “Nosso futuro rei partiria para o Brasil e levaria consigo a família imperial, os nobres da corte...” E terminar na página 27 com o marinheiro: “Não tem cama para toda essa gente. Vai ter muito fidalgo dormindo no convés.”
Atividade O MAR QUE ME LEVA, A TERRA QUE EU CAMINHO A cartografia é um elemento fundamental da história de Portugal e foi a chave para as expedições pelos mares, que levaram ao descobrimento do Brasil. Peça para os alunos pensarem no entorno da escola. Quais são os pontos de referência que eles conseguem lembrar? E as ruas? A turma pode desenhar seus próprios mapas, com recortes de revistas e desenhos, como os mapas cartográficos do tempo colonial. Quase todo o acervo
da Biiblioteca se encontra digitalizado e
disponível para consulta: http://bndigital.bn.br/ 14
Nas antigas bibliotecas portuguesas do palácio de Mafra e da Universidade de Coimbra, os livros tinham um grande aliado no combate a insetos: o morcego. O apetite voraz deste pequeno animal garante, até hoje, que traças sejam eliminadas de forma natural. r Antes da invenção da tipografia móvel de Johann Gutenberg, em 1450, havia no Japão e na China outro tipo de impressão, desde o século VIII. Os artesãos entalhavam na madeira todo o conteúdo de uma página. Se o texto fosse grande, imagine a quantidade de placas usadas para compor todo o material. r Não existem apenas livros na coleção da Biblioteca Nacional. Uma de suas peças mais documentada e trabalhada é o Documento 512, um manuscrito sobre uma localidade no interior da Bahia, sendo considerado um Mapa do Tesouro em uma cidade perdida, como El Dourado. Este manuscrito é uma das maiores evidências da existência de uma remota colonização romana no Brasil.
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Uma senhora de mais de 600 anos... 476 d.C.
Séc. XIII
Séc. XIV
Séc. XV
Queda do Império Romano do Ocidente. Na Idade Média as grandes coleções de livros estavam em conventos e mosteiros. Os monges foram os principais responsáveis por salvar os textos das civilizações grega e romana. Os monges copiadores trabalhavam próximos a uma janela, aproveitando a luz do dia.
Com o ressurgimento das cidades e o aparecimento das universidades na Europa, as bibliotecas se expandem.
Biblioteca Real Portuguesa: começa a se formar a coleção. O rei D. João I (1358-1433), conhecido como “O de Boa Memória”, possuía uma rica biblioteca. O rei poeta e escritor D. Duarte (1391-1438) deu continuidade ao acervo. D. Afonso V (1432-1481) herda o acervo e continua a coleção da biblioteca dos reis portugueses que foi reconhecida como uma das mais completas do Velho Mundo.
O inventor alemão Johannes Gutemberg criou a “imprensa”. Os textos, antes manuscritos, puderam ser impressos a partir da elaboração dos tipos, letras móveis produzidas em cobre e alocadas em uma base de chumbo onde recebiam a tinta e eram prensadas no papel.
Os tipos móveis de Gutemberg eram armazenados em caixas e organizados pela maior frequência de uso, assim, as letras maiúsculas, por serem menos frequentes, eram guardadas nas caixas mais altas e por isso são chamadas até hoje de “caixa alta”.
1811 Desembarque do segundo lote da Real Biblioteca no porto do Rio de Janeiro, juntamente com Luiz Joaquim dos Santos Marrocos, o futuro bibliotecário da cidade.
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1814 Abertura da Real Biblioteca ao público. A princípio apenas estudiosos poderiam consultar o acervo, através de consentimento régio.
1821 Retorno da família real a Portugal. Diz a lenda que Carlota Joaquina, esposa de Dom João VI, era a única da família real que não gostava do Brasil. Ela teria dito: "Desta terra não levo nem o pó", batendo seus sapatos no porto.
1825 Reconhecimento, por parte de Portugal, da Independência do Brasil. O valor de 800 contos de réis é pago à antiga metrópole como indenização pela Real Biblioteca.
1858 Transferência da Real Biblioteca para a Rua do Passeio, local onde funciona atualmente a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
1891 Com a proclamação da República, D. Pedro II retorna a Portugal e, antes de partir, doa um conjunto de aproximadamente 100 mil obras, que pede que seja denominado “Collecção D. Thereza Christina Maria”, em homenagem à imperatriz, sua esposa.
Linha do tempo da Biblioteca Nacional 1755
1763
1808
1810
1 de novembro: o fogo provocado por um grande terremoto em Lisboa destruiu o Palácio da Ribeira e com ele quase toda a Real Biblioteca, menina dos olhos da Coroa portuguesa, que lá acumulava 70 mil volumes. Entre os tesouros estavam a Bíblia impressa em Mogúncia de 1462 e estudos de Rafael, Michelangelo e Rubens. O rei Dom José I de Portugal e o ministro Marquês de Pombal reorganizaram a Livraria a partir da compra de acervos privados, da requisição de coleções esquecidas em mosteiros e abandonadas às pressas pelos jesuítas (expulsos por Pombal), e de doações. Foi dessa nova coleção de livros e escritos que se formou o acervo que veio para o Brasil.
Elevação do Brasil a vice-reino, tendo o Rio de Janeiro como a nova capital.
Transferência da Corte de Lisboa para o Rio de Janeiro. Napoleão havia determinado a invasão de Portugal em novembro de 1807. Sem condições de resistir à invasão francesa, D. João e toda a corte portuguesa fugiram para o Brasil.
Embarque da primeira remessa de livros da Real Biblioteca para o Rio de Janeiro. A “Livraria dos Reis” havia sido esquecida no porto quando a família real partiu e foi recolhida por bibliotecários que a esconderam dos franceses. Composta de dois acervos – a Livraria do Rei e a Casa do Infantado, está destinada ao uso dos príncipes –, a Real Biblioteca contava com 60 mil livros e era considerada “joia da coroa”. Além dos livros raros, a coleção incluía documentos, brasões, instrumentos de física e matemática, manuscritos, estampas, medalhas, mapas e uma bela coleção de incunábulos – os preciosos livros editados no século da invenção da imprensa. Montagem da Real Biblioteca no andar superior do Hospital da Ordem Terceira do Carmo.
1902 Primeira máquina de escrever da Biblioteca Nacional. A rotina dos funcionários fica mais fácil.
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1905 Início da construção do atual prédio da Biblioteca Nacional na recéminaugurada Avenida Central (que depois ganhou o nome de Avenida Rio Branco). Endereço nobre, a avenida tinha sete metros de calçada arborizada. Ao lado da BN seria construído o Museu de Belas Artes e na frente o Theatro Municipal.
1909 Transporte do acervo. O acervo é transferido para o novo Edifício da Avenida Central através de 1.132 viagens que transportaram as cerca de 400 mil obras entre os dois prédios. Todo esse processo terminou apenas no ano seguinte.
1910 Inauguração do novo prédio na Avenida Central. Após 100 anos da fundação e instituição na Rua Direita, o novo prédio da Biblioteca Nacional é inaugurado. Setenta e sete construções foram erguidas na Avenida Central, selecionadas após criterioso concurso de fachadas. Hoje, apenas 10 continuam de pé.
1973 Tombamento do edifício-sede. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) executa o tombamento do suntuoso edifício da avenida Rio Branco.
2006 BNDigital: Criada a Biblioteca Nacional Digital. A digitalização de acervos permite o acesso a obras via Internet.
Biblioteca de Basra A primeira língua escrita foi criada na Mesopotâmia, assim como a primeira biblioteca, erguida em Nínive, a cidade mais importante da Assíria (atual Iraque), pelo rei Assurbanipal II, por volta do século VII a.C. Nela, foram armazenadas milhares de tábuas (feitas de argila) escritas com caracteres cuneiformes, a mais antiga forma de escrita que se conhece e que é feita com auxílio de objetos em formato de cunha. Tábuas cuneiformes podiam ser cozidas em fornos para prover um registro permanente; ou as tábuas podiam ser reaproveitadas se não fosse preciso manter os registros por longo tempo. Infelizmente muitas se quebraram e hoje são raridades. As placas encontradas por arqueólogos se preservaram porque foram cozidas durante os ataques incendiários de exércitos inimigos, contra os edifícios nos quais as tabuletas eram mantidas. As primeiras escritas pareciam desenhos. No Egito os templos e túmulos são enfeitados com a escrita hieroglífica. Os pesquisadores puderam confirmar a interpretação do significado dos hieróglifos quando encontraram a Pedra de Roseta. Nessa pedra que fica em pé, como um totem, foi gravado um texto em três línguas diferentes, sendo que uma delas era o grego. Como essa língua era conhecida, ficou fácil decifrar o que estava escrito nos hieróglifos.
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Proposta de leitura Na escolha da fonte e corpo das letras, no alinhamento dos parágrafos, no espaço entre as linhas, também existe uma identidade visual. Lembre à turma que ela tem uma variedade de fontes no computador, como Arial, Times New Roman, Comic Sans. Mas existe uma letra que é diferente de todas as outras. A primeira letra do texto ocupa duas linhas e tem uma coloração diferente. Essas letras maiores (como a da página 44) são chamadas de letras capitulares, que além de aumentadas, muitas vezes são ornamentadas com motivos vegetais (folhas, flores, ramagens entrelaçadas), com animais que imitam a forma da letra através do desdobramento dos corpos e também com figuras humanas. Sugira que seus estudantes pensem em palavras que lembram o termo capitular. Cap é o diminutivo de Caput, que é cabeça em latim. Vamos lá: Capítulo (divisão de um livro), capitão (comandante, chefe de uma equipe, o “cabeça”), capitel (“cabeça” da coluna, parte de cima), capitólio (castelo ou cidade no topo de uma montanha), capital (cidade principal de uma região). Muitas vezes as palavras trazem uma memória. E que tal agora transformar a leitura em uma experiência? Vamos ler um trecho das aventuras de Simbad – o marujo, personagem das Mil e uma noites? Peça aos alunos para fecharem os olhos. Comece a ler em voz alta, procurando transportar a turma para uma viagem ao mundo mágico do Oriente: “Nos tempos dos califas, um pobre carregador parou para descansar do seu árduo trabalho...” Você pode brincar com o volume da voz, lendo mais alto e mais baixo, ou mais próximo e mais distante, ou fazendo a voz dos personagens.
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Atividades CALEIDOSCÓPIO Múltiplas cores e formas aparecem em um caleidoscópio. Para essa experiência, você precisará de três réguas transparentes de 30 cm, de preferência novas, sem arranhões. Faça um triângulo com as réguas e para fixá-las, use fita adesiva. Faça um teste e olhe dentro da régua... você já se vê refletido? Depois, passe um papel preto ou um papelão na régua, para que fique tudo bem fechadinho. Separe fitas, miçangas e outras coisas bem coloridas para serem colocadas na ponta da régua. Enrole um papel escuro na ponta da régua, fazendo com que sobre um espaço para colocar os materiais que você separou. Depois de colocálos, faça uma vedação com papel filme, prenda-o com fita adesiva e pronto!
CARIMBE HISTÓRIAS Os Incunábulos, primeiros livros impressos através das prensas, funcionavam com tipos móveis, carimbos de madeira ou ferro na forma das letras que eram organizadas em tábuas na diagramação desejada, o que possibilitava a produção de diversas cópias em uma velocidade muito maior. Assim, utilizando isopor e EVA cortados no formato das letras, crie um layout com os alunos e façam suas próprias prensas. Depois de colocá-los, faça uma vedação com papel filme, prenda-o com fita adesiva e pronto!
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Comitê Internacional do Escudo Azul O capítulo da Biblioteca de Basra conta sobre uma personagem que não mediu esforços para salvar sua biblioteca em meio à guerra. Após a Segunda Guerra Mundial, a UNESCO adotou a Convenção de Haia (1954), que criou regras para proteger os bens culturais durante conflitos armados. O Escudo Azul é o símbolo usado para identificar museus, arquivos, bibliotecas, monumentos e sítios
históricos
protegidos.
Site
internacional
do
Escudo
Azul:
http://www.ancbs.org/cms/ r O pedreiro sergipano Evandro dos Santos, que foi analfabeto até os 18 anos, um dia passou por uma loja de material de construção e viu 50 livros em cima do balcão. Perguntou se o dono da loja queria vendê-los e ouviu como resposta que seriam doados. Então, pegou os livros, colocou em uma sacola e ao chegar em casa arrumou os exemplares na sala e inaugurou uma biblioteca comunitária que ganhou o nome de seu escritor favorito: Tobias Barreto de Meneses. Nessa biblioteca qualquer pessoa podia pegar o livro que quisesse sem burocracia. Se não devolvesse, era motivo de festa, porque Evandro diz que os livros foram feitos para circular – quanto mais eles circulam, menos coisas ruins no mundo e mais coisas boas. Hoje a biblioteca tem quase 50 mil volumes e um endereço próprio na rua Engenheiro Augusto Bernachi, 130 – Vila da Penha.
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Biblioteca do Mindlin Quem será que reuniu a primeira coleção e de que ela era formada? As grandes coleções de arte europeia começaram no Renascimento. Além destas, que reuniam pinturas e esculturas, surgiram os chamados gabinetes de curiosidades. No período das grandes navegações, os europeus aportaram na América e se surpreenderam com a diversidade da fauna e flora locais e com as culturas nativas. Assim surgiram os Gabinetes de Curiosidades ou Sala das Maravilhas. Sementes, insetos, aves e artefatos coletados eram expostos nos palácios para que os reis e toda a corte pudessem admirar o resultado das expedições e, desta forma, avaliar as contribuições para a Ciência. Foi só com a abertura dos museus que os acervos puderam ser vistos por todos. O colecionismo é um costume que vem de muito tempo, e as aventuras de Mindlin em busca de livros raros se parecem com as de outros apaixonados por coleções. Quem já fez um álbum de figurinhas sabe disso. Quando quase todas as páginas estão completas, depois de abrir inúmeros saquinhos com figurinhas repetidas, as raridades começam a ser cada vez mais cobiçadas.
Cleidson Lima do Mato Grosso começou uma coleção de videogames. A coleção cresceu tanto que virou o Museu do Videogame Itinerante, que não tem sede fixa, mas visita todos os estados do Brasil. http://www.museudovideogame.org/
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Proposta de leitura Quem conhece a lenda da Matrioska, a tradicional boneca russa? Conte para os alunos! Era uma vez um carpinteiro russo que ganhava a vida talhando belos objetos de madeira: instrumentos musicais, brinquedos. Todas as semanas, ele enfrentava o frio do bosque para buscar madeira para construir novos objetos. Certa manhã ao sair para recolher a madeira, ele encontrou o campo todo coberto de neve. A nevasca que caiu durante a noite transformou tudo num grande tapete branco. Toda a madeira que ele encontrava no caminho estava úmida e só lhe servia para fazer fogo. Cansado, ele decidiu voltar para sua casa e tentar a sorte no dia seguinte. Quando estava voltando viu um tronco de madeira grande e maravilhoso, o mais belo que ele já tinha visto em sua vida. Rápido como um raio ele pegou o tronco e voltou para sua casa. Vários dias se passaram até ele decidir o que talhar. Finalmente, teve a ideia de fazer uma boneca e ela ficou tão bonita que o carpinteiro não teve coragem de vendê-la e a chamou de Matrioska. Cada manhã, ao se levantar, o carpinteiro dava bom dia à sua companheira. Até que ,um dia, ela respondeu: “Bom dia, Serguei”. O homem ficou espantado, mas alegrou-se porque agora teria alguém com quem conversar. E o tempo passou. Um dia, o carpinteiro percebeu que Matrioska estava triste e perguntou-lhe o que estava acontecendo. Ela respondeu que via que todo mundo tinha um filho e ela também desejava ser mãe. O carpinteiro explicou que teria que abrir sua barriga e isso poderia doer um pouco. Matrioska retrucou: “Na vida, as coisas importantes requerem um pequeno sacrifício”. E sem pensar duas vezes, o carpinteiro 23
talhou uma boneca um pouco menor que chamou de Trioska e a guardou na barriga da mãe. E a Matrioska já não se sentia mais sozinha. Mas Trioska também sentiu vontade de ter filhos e talhou uma terceira boneca, um pouco menor do que a segunda e a batizou de Oska. E aí o que aconteceu? Isso mesmo, Oska também quis ter um filho. O carpinteiro, após pensar, talhou um boneco, bem pequeno e com bigode, que batizou de Ka. O colocou em frente ao espelho e disse: “Você é um homem, não pode ter filhos!” Então o carpinteiro colocou Ka dentro de Oska, Oska dentro de Trioska e Trioska dentro de Matrioska. E assim surgiu a boneca mais famosa da Rússia.
Existem muitos livros dentro do Livro “Bibliotecas do Mundo” e muitas histórias dentro das histórias. No capítulo “Biblioteca do Mindlin”, o narrador é, inclusive, um livro.
Depois de conhecer as sete bibliotecas, é hora de visitar a biblioteca da escola!
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Texto Daniela Chindler
Atividades Camila Oliveira Daniela Ejzykowicz
Produção Graziela Domingues | Graviola Produções
Assistência de produção Marjory Rocha
Projeto gráfico Giulia Buratta
Ilustrações Capa e páginas 4, 5, 10 e 11: Mariana Massarani Páginas 1, 3, 18, 20 e 21: Elma Página 6: Andrés Sandoval Páginas 15, 16 e 17: Bruna Assis Brasil Página 24: Mario Bag
Revisão Caroline Linhares
Realização
Apoio
Patrocínio