Prefeitura do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS apresentam
BRINCANTES
C539
Chindler, Daniela. Brincantes – Ô, abre a roda / Daniela Chindler; com a colaboração de Flávia Rocha; ilustrado por Cíntia Faria – Rio de Janeiro: Sapoti, 2018. 84 p.: il. ; 23 cm.
ISBN 978-85-94449-02-3
1. Canções infantis. 2. Literatura infantojuvenil. I. Rocha, Flávia. II. Faria, Cíntia. III. Título. CDD B869.8 CDU 82-93(81)
realização
marketing cultural
Histórias Daniela Chindler Textos Almanaque Flavia Rocha
produção
Pesquisa Folclórica Joaquim de Paula Revisão Sol Mendonça Projeto Gráfico Gabriel Victal
apoio
patrocínio
Ilustrações Cintia Faria
Marketing Cultural Jacqueline Menaei MaisArte Marketing Cultural Coordenação Geral Daniela Chindler e Fernanda Galvão Sapoti Projetos Culturais Produção Graziela Domingues Graviola Produções Assistente de Produção Marjory Rocha
Prefeitura do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS apresentam
BRINCANTES
projeto de: Daniela Chindler, Flávia Rocha, Joaquim de Paula, Cíntia Faria e Gabriel Victal 1
QUANDO A QUANDO O NOITE CHEGA...........................5 DIA AMANHECE................. 25 Lenda da noite...............................6
A casa do coelho...................... 26
CANTIGAS DE NINAR......................................... 12
OS PRIMEIROS JOGOS.................................................. 30
Lua, luar.............................................. 14
Caranguejo não é peixe................... 32
Boi da cara preta............................. 15
Dona Aranha..................................... 33
Xô, Papão............................................ 16
Foi na loja do Mestre André....... 34
Bicho Curututu.................................... 18
Rolinha voou, voou........................... 36
tutú Marambá.................................. 19 Vagalume, lume, lume..................... 20 Dorme, dorme, meu anjinho......... 21 Dorme, neném.................................... 22
Ô, bicho Caxinguelê............................ 37 Dedo mindinho................................... 38
QUANDO EU QUANDO O ENTREI NA RODA.......... 41 AMOR ACONTECE........... 59 O beija-florzinho...................... 42
A sapa casada.............................. 60
CANTIGAS QUE FAZEM GIRAR................................ 46
CANTIGAS DE BEM-QUERER................................ 64
A canoa virou..................................... 48
Eu sou uma florista......................... 67
Bela pastora...................................... 51
Eu queria ser balaio......................... 68
Ciranda, cirandinha......................... 52
Oh! Que noite tão bonita................... 71
O peão entrou na roda................... 53
Ao passar da barca........................ 72
Nesta bonita sala............................. 54
Sianinha diz que tem....................... 75
Clareia, luar....................................... 57
Os olhos da Marianita.................. 76 Você gosta de mim, oh, Maria ... 77
4
QUANDO A NOITE CHEGA 5
Lenda da noite Contam os índios da Amazônia que, no começo dos tempos, não havia a noite. Era sempre dia, e a noite dormia no fundo das águas, estendida como uma larga e escura sombra vigiada pela Cobra-Grande. Houve, então, uma grande festa, que uniu um jovem guerreiro a uma bela índia. Ela tinha olhos profundos e negros, como as doces jabuticabas, e ele, um largo sorriso de dentes tão brancos como a carne do coco. Após a cerimônia, a índia pediu uma coberta de sombra para se deitar. O guerreiro sugeriu-lhe deitar-se sob a copa de uma gigantesca sumaúma, onde a luz do dia não incomodaria seus olhos. Mas não era tão simples o que a índia desejava. — A sombra que as árvores desenham me parece um escuro pingado, que fica no chão plantado, às raízes amarrado. Eu quero uma sombra maior do que a gigantesca sumaúma, uma sombra maior
6
do que todas as árvores, uma sombra do tamanho do céu. Eu quero uma sombra diferente, tão escura como o cabelo da gente. Eu quero a noite. Onde é possível dormir de olhos abertos! O guerreiro ficou confuso. Se essa sombra era tão grande que podia cobrir o céu, onde ela estava que jamais fora vista? A índia pediu que o guerreiro chamasse três valentes e astutos índios, porque caberia a eles realizar a façanha de trazer a noite.
Os três índios chegaram pintados com a tinta vermelha do urucum e a índia lhes ensinou o caminho. — No lugar onde as águas do rio são marrons, ninguém pode ver o fundo. No lugar onde as águas do rio são assim tão escuras, dorme escondida a Cobra-Grande. Seu corpo é comprido, comprido; talvez seja ele do tamanho do próprio rio. — Então como ela cabe no rio? – interrompeu o índio mais curioso. — Ela dorme enrolada – respondeu a índia, e seguiu com sua explicação. – A Cobra-Grande guardou, desde o início do mundo, a noite, e nunca deixou que ela escapasse. Se quiser, a Cobra-Grande conhece nossa língua, e dizem que mastiga bem as palavras antes de dizêlas. Em sua cabeça cabem segredos e armadilhas. Nunca a desobedeçam. Os três índios construíram uma canoa com madeira de jequitibá, árvore de tronco grosso, próprio para talhar; e sem perda de tempo remaram rio acima, até as escuras
águas do Rio Negro, ao encontro da Cobra-Grande. Para acordá-la, jogaram um punhado de frutinhas de guaraná na água. E mais um bocado de frutinhas e mais outro, até que as águas ficaram mexidas, e ao lado do barco emergiu a cabeça da cobra. Antes que o susto levasse a coragem, o índio mais valente anunciou: — Como se boia o corpo no rio, uma índia quer se deitar no leito da noite e dormir agasalhada por essa escuridão. — Ah, vocês querem a noite, não é? Mas eu não vou dá-la assim tão fácil. Sou desconfiada, ou melhor, precavida. Preciso testá-los para saber se são guerreiros astutos e capazes de transportar essa preciosidade. Vou lhes propor três adivinhas, e somente se acertarem as respostas receberão a noite.
7
Os índios aceitaram o desafio e, imediatamente, a Cobra-Grande atacou:
— Conheço bem a fruta, gorducha, morre arrebentada. Ela é a gostosa jabuticaba!
Pensem rápido e digam o nome / — do que tem dente, mas não come / tem barba, mas não é homem. / Quem não souber, é banguelo / ele tem roupa verde e corpo amarelo.
A Cobra-Grande esticou a linguinha, como as serpentes fazem quando vão atacar suas presas, e fez aquele “Sssss, Sssss, Sssss”. Os índios acharam que ela estava concordando com a resposta. Porém, antes que eles pudessem ficar contentes por já terem acertado duas, a cobra atacou com a terceira adivinha:
Os olhinhos da cobra piscavam, as pernas dos índios tremiam. Foi quando o índio mais velho pareceu ter uma ideia: — Tem roupa verde quer dizer tem casca verde, e dentro é amarelo. Verde e amarelo podia ser bananeira ou tucumã, mas esses não têm dente... Já sei, resolvi a adivinhação, é o milho: casca verde e espiga amarela; a barba é a palha e os dentes são os grãos! A cobra fechou os olhinhos e preparou o segundo bote. – É redondica, redondoca, a gente põe na boca e faz tac! Essa foi a vez do índio mais jovem responder. Ele se lembrou dos olhos pretinhos da índia e disse:
8
— Mãe nascida debaixo da terra, / quando ralada, faz farinha / que não dá beijo, mas beiju. / Formato de disco e branquinha, / para comer quentinha na oca, / ela é a… — Essa é simples! – os três índios responderam em coro: — Para comer quentinha na oca, ela é a tapioca! O índio mais velho cobrou: — Nós respondemos as suas perguntas e agora nos dê o que viemos buscar.
A Cobra-Grande afundou nas águas. Alguns minutos se passaram até que ela voltasse à superfície trazendo-lhes um caroço de tucumã, e então anunciou: — Tomem cuidado para que o caroço não se quebre. Caso ele se abra, aquilo que há em seu interior se perderá, assim como vocês. Ditas essas últimas palavras, a Cobra-Grande mergulhou e não voltou mais à tona. Era, então, hora de voltar para casa. Descer o rio era fácil, a correnteza levava a canoa, que seguia quase que sozinha, como quem conhece o
caminho; e os índios iam distraídos quando começaram a ouvir estranhos ruídos. Eram os ruídos que fazem os animais noturnos e as rãs que cantam à noite. Mas os índios ainda não conheciam esses bichos, nem esses sons. — Essa barulhada vem daqui de dentro – disse um deles, apontando para a noz de tucumã. – Que cri, cri, cri danado. Essa noite grita mais do que dez curumins. — A noite está falando – retrucou o outro – Ela fala úuuu, úuuu, cri, cri, bric, bric, bric.
9
— Acho que essa noite está apertada aí dentro, por isso ela grita tanto – concluiu o terceiro. – Tá pedindo para sair. O que a noite queria, ninguém sabe. Mas o que os três índios queriam era fácil de entender: eles tinham sido picados pela curiosidade. Eles precisavam ver o que guardava o caroço. O índio mais velho, o mais prudente, se lembrou das palavras da Cobra-Grande: “se o caroço de tucumã fosse aberto, tudo o que está dentro dele se perderia, assim como eles”. Era melhor obedecerem à cobra. Acontece que a curiosidade é pior do que qualquer inimigo. Depois que ela pica os homens, só faz ir crescendo, até o ponto de confundir as certezas e esconder o medo. — Um furinho é o bastante para um olho dar uma espiadinha – disse o mais novo. — Assim, soltamos a curiosidade que nos aperta o peito e continuamos com a noite presa. – Mas... quando quebraram um pedacinho do caroço, quebraram sua promessa, e o caroço de tucumã se abriu em duas partes.
10
No mesmo instante, por toda a mata se ouviu a voz da Cobra-Grande: — Um segredo, ao ser descoberto, deixa de ser segredo. Quem queria ver um pedacinho da noite, vai conhecer toda a sua grandeza. A noite escapou, com suas rãs, grilos, onças, vagalumes, antas e morcegos. Úuuu, úuuu, cri, cri, cri... Aos poucos, o sol ia sendo encoberto e a escuridão avançava por sobre as copas das árvores, até chegar à aldeia onde uma índia poderia, enfim, realizar seu desejo. Ela e toda a sua aldeia, assim, dormiriam sua primeira noite. No dia seguinte, os homens, os velhos, as mulheres e os curumins ainda dormiam quando a índia e o guerreiro rolaram preguiçosamente na rede. Ele, acordando do melhor sono que já tivera, perguntou: — Por que a Cobra-Grande guardava a noite escondida no fundo do rio?
— A Cobra-Grande tinha medo de que as coisas na escuridão se perdessem e nunca mais fossem encontradas – respondeu a índia. – E para que isso não aconteça, é preciso separar a noite do dia. A índia enrolou à volta dos dedos uma mecha preta do seu cabelo, e criou o pássaro que anuncia o dia, o cujubim. De branco pintou-lhe a cabeça com argila, e o papo, de vermelho, com a massa de urucum.
Depois, tomando outra mecha escura, criou a coruja, que anuncia que a noite está próxima. E, assim, noite e dia foram separados, e a tribo festejou. Mas e os três índios que desobedeceram a Cobra-Grande? A partir da primeira noite, e em todas as noites subsequentes, quando o céu escurece, eles se transformam em macacos e saem pela mata, só voltando à forma humana ao raiar do dia.
11
CANTIGAS DE NINAR 12
13
Lua, luar, Lua, luar Pega essa criança Pra você criar Quando ela crescer Você torna me dar
Olhai pro céu A noite é escura, mas brilhante! E sempre chamou atenção do homem. Na África contam sobre Ananse, o velho com o poder maravilhoso de fazer teias como as aranhas, e a maior delas o levou até o céu. Índios brasileiros dizem que estrelas são olhos de curumins que, arteiros, subiram aos céus. Mas nossos olhos não enxergam tão distante... Em 1609, o físico e astrônomo Galileo Galilei conseguiu criar o primeiro telescópio, bastante poderoso para avistar as crateras e montanhas da Lua, aumentando a curiosidade de viajar para lá. Longos foram os 360 anos depois da descoberta de Galileo, até que a missão Apollo 11 conseguisse aterrissar pela primeira vez na Lua! Em julho de1969, olhos de telespectadores no mundo todo acompanharam, sem piscar, os passos leves e saltitantes daqueles sortudos astronautas.
14
Conversa pra boi dormir Várias cidades brasileiras têm festejos com a figura do Boi, na região nordeste, na região norte, na região sul. São festas que chegaram com a cultura que os portugueses trouxeram para o Brasil e aqui se misturaram com as tradições indígena e africana. O Bumba-meu-boi é uma das festas mais conhecidas, com música animada e figurinos detalhados e brilhantes, tocadores e brincantes vão contando a história do vaqueiro que cortou a língua do boi mais querido do fazendeiro e deu de jantar para sua mulher grávida, pois dizem que se a mulher não comer o que deseja na hora da gravidez, a criança nasce com a cara daquela comida. Imagine! Você nascer com uma cara de boi?
Boi, boi, boi
Boi da cara preta Pega essa criança Que tem medo de careta Boi, boi, boi Boi da cara branca Pega essa criança Que tem medo de carranca
15
Fora da Arca Deus lançou um dilúvio sobre a Terra e salvou apenas os animais em um barco, um casal de cada bicho. Há quem acredite que alguns não chegaram a tempo e ficaram de fora da arca. Deve ter acontecido isso com os papões e outros seres que habitam o imaginário, mas que nunca foram vistos de verdade: sereias, sacis pererês, curupiras. Mas o dilúvio não impediu os monstros do mar, afinal eles já nadavam! Na época das grandes navegações, os homens viajavam em barcos movidos a vento, e ao remo dos braços fortes dos marinheiros, e rumo ao desconhecido, existiam lendas de terríveis monstros marinhos. Até os mapas que indicavam as rotas de viagem continham desenhos de criaturas mirabolantes. O tempo passou e os monstros ganharam nomes, tenho certeza que você já viu: baleias enormes, tubarões assustadores e polvos gigantes!
Xô, Papão De cima do telhado Deixa essa criança Dormir sono sossegado Desce, gatinho De cima do muro Deixa a criança Dormir sono bem seguro
16
17
Bicho Curututu De trás do murundu Pega esse menino Que ele está com calundu
Na nossa língua tem? Gente de várias partes do mundo esteve no nosso país, cada povo foi deixando um pouco da sua cultura: comidas, canções, palavras. Algumas palavras que começam com “al” vieram dos árabes, como alfazema, alfaiate, algodão... Novas palavras chegavam nomeando o que não existia antes, por exemplo,“abajour”, a luminária francesa, muito chic, que servia para “quebrar a luz”, deixando o ambiente mais aconchegante. Fazem parte do nosso dia a dia palavras africanas que ganharam pequenas modificações, como cafuné, banguela, dengo. Com essa cantiga, mamães negras embalavam seus filhos ou o filho dos patrões, com voz calma e relaxante, dando um aviso bem sério: atrás daquele morro, murundu, tem um bicho que pega menino de calundu, ou melhor, a criança irritada e com mau comportamento na hora de dormir.
18
Eu nasci há bem mais que 10 mil anos! Era moda, lá nos anos de 1800, pesquisadores europeus, os chamados naturalistas, desembarcarem em terras brasileiras para entender um pouco desse tão vasto e desconhecido mundo, em busca da natureza exótica e intocada que não existia mais na Europa. Em 1835, o pesquisador dinamarquês Peter Lund ficou tão maravilhado com o Brasil, que se mudou para um lugarejo na região da Serra do Cipó chamado Lagoa Santa, ele queria estudar as grutas, plantas e os animais brasileiros. Lund fez várias descobertas, incluindo um crânio muito antigo, de cerca de 11.500 anos, que seria um dos primeiros moradores do Brasil, quer dizer, de uma moradora, depois descobriram que o crânio pertenceu a uma mulher e a chamaram de Luzia. Outro achado foram ossadas de animais extintos, como o enorme Megatério, era uma espécie de bicho-preguiça gigante com 2,5 metros de altura, que rondava o cerrado brasileiro, eu acho que era mesmo um antepassado do Tutú Marambá!
tutú Marambá Não venha mais cá Que o pai da criança Te manda matar
19
Formas na escuridão Quando tudo está escuro, algumas luzes sempre entram pela janela e fazem sombras assustadoras! Nossa imaginação pode pensar que um casaco no cabideiro é um monstro de longos tentáculos ou a porta entreaberta do guarda-roupa, uma porta para um mundo cheinho de monstrengos. Mas tem um jeito de tornar as sombras divertidas: fazendo você mesmo as sombras na parede! Você pode usar a lanterna do celular, direcionar para uma parede lisa e fazer formas com as suas mãos. A hora da história vai ficar bem mais emocionante, se você brincar com as sombras. Você também pode usar seus brinquedos ou recortar papéis em silhuetas de bichos, estrelas ou planetas.
Vagalume, lume, lume De alumiar Vagalume, lume, lume De alumiar Seu pai tá cá Sua mãe tá lá Tocando viola Pra nós cochilar
20
Dorme, dorme, meu anjinho Já é noite, papai já veio Teu maninho também dorme Embalado no meu seio Dorme, dorme, meu filhinho As aves já estão dormindo As galinhas, no poleiro E os patinhos, no seu ninho
21
Dorme, neném Que a cuca vem pegar Papai está na roça E mamãe vai trabalhar Dorme, nenenzinho Que na casa do vovô Tem bicho pegadô De menino choradô Dorme, meu filhinho Sua mãe tem que fazer Roupa pra lavar E costura pra coser Os anjos de carroça Vêm ninar neném Papai já foi pra roça E mamãe saiu também
22
Não esquente a sua cuca, que tal um pedaço de cuca de coco? Em Portugal, coca e coco eram sinônimos de cabeça, quando os portugueses viram o fruto de um coqueiro pela primeira vez, chamaram logo de coco. Lá, coca é o nome popular da abóbora e um jeito de dar medo nas crianças: com uma abóbora vazia, cortavam os lugares da boca e dos olhos, colocando uma luz acesa dentro, deixando em algum local, à noitinha, para amedrontar crianças. Chamavam coca essa abóbora iluminada e tétrica, presente também no famoso Halloween. Em algumas festas religiosas da Espanha, a Cuca aparecia como um dragão, mas logo derrotada por São Jorge. Em Angola, cuco ou cuca é como se chamam avô e avó, passa a ideia de velhice. Aqui no Brasil, aconteceu uma mistura de tudo, às vezes tem forma de jacaré ou velho corcunda que leva as criancinhas pirracentas. Mas Cuca também é um bolo delicioso, receita alemã muito popular na Região Sul, digo isso para você não se preocupar muito com a Cuca, mas escovar logo os dentes, pular na cama e não fazer birra na hora de dormir.
23
QUANDO O DIA AMANHECE
25
A casa do coelho Era um coelho que tinha acabado de construir uma casa. Casa boa, de tijolos e argamassa. O coelho estava feliz da vida e decidiu comemorar com uma bela salada de couve, brócolis, beterraba e cenoura. Coelhos adoraram roer folhas de couve e brócolis fresquinhas. Pois bem, nosso amigo saiu de casa, fechou a porta e foi colher suas hortaliças e raízes na horta do quintal.
Ao voltar para casa, o coelho pegou a chave e, ao colocá-la na fechadura da porta, ouviu uma voz que vinha de dentro de casa e cantava assim: Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, não quero mais sair Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, ninguém me tira daqui! O pelo do coelho se arrepiou todo, suas patinhas começaram a tremer e ele saiu correndo, achando que tinha assombração na sua casa. Correu, correu, correu.
26
Aí, encontrou o boi, que estava, calmamente, pastando seu capim. — Múuu! – mugiu o boi e, depois, perguntou:
O boi era grande, mas se tremeu todo, o coelho se tremeu todo, e os dois saíram correndo. Correram um bocado até que encontraram um porco que estava comendo uma maçã.
O coelho, ofegante, respondeu: — Na minha casa tem assombração.
— Oinc, oinc! – grunhiu o porco – Caros amigos, aonde vocês vão assim, tão acelerados, nesse dia ensolarado? – perguntou o porco. Coelho parou para respirar e, ofegante, respondeu:
— Múuu, múuu, múuu! – riu o boi.
— Na minha casa tem assombração!
— Mas que besteira, amigo coelho, assombrações não existem. Eu, com os meus chifres, resolvo essa questão. Vamos lá! – E foram; na frente, o boi e atrás, o coelho carregando um maço de cenouras (o resto da salada tinha ficado pelo caminho). Quando chegaram à porta da casa do coelho, o boi preparou sua chifrada, o coelho pôs a chave na fechadura e, lá de dentro, veio aquela voz que cantava assim:
— Oinc, oinc, onic! – gargalhou o porquinho – Isso é uma bobeira, amigos, assombrações não existem. Eu, com minha força, resolvo essa questão. Vamos lá! – E foram; na frente, o porco, depois, o boi e, atrás, o coelho, carregando seu maço de cenouras. Quando chegaram à porta da casa do coelho, o porco estufou o peito, o coelho pôs a chave na fechadura e, lá de dentro, veio aquela voz que cantava assim:
Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, não quero mais sair Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, ninguém me tira daqui!
Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, não quero mais sair Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, ninguém me tira daqui!
— Bom dia, seu coelho, onde o senhor vai assim tão apressado, tá fugindo de quê?
27
O porco era forte, mas se tremeu todo. O boi se tremia como vara verde e o coelho, nem se fala! Saíram, então, os três desembestados pela estrada. Dali a pouco, encontraram um cachorro se coçando. — Au, au! – latiu o cachorro – Onde esse trio vai tão esbaforido? O coelho explicou mais uma vez: — Na minha casa tem assombração. — Au, au, au! – riu o cachorro – Isso é um despropósito, companheiros, assombrações não existem. Eu, com meus dentes, resolvo essa questão. Vamos lá! – E foram; na frente, o cachorro (carregando suas pulgas), depois, o porco, atrás, o boi e, por último, o coelho, carregando seu maço de cenouras. Quando chegaram à porta da casa do coelho, o cachorro arreganhou a mandíbula e mostrou os dentes, o coelho pôs a chave na fechadura e, lá de dentro, veio aquela voz que cantava assim: Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, não quero mais sair Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, ninguém me tira daqui!
28
O cachorro podia ser bravo, mas se tremeu todo. As pulgas pularam para a grama, o porco grunhiu e o boi e o coelho, vocês já sabem. Saíram, então, os quatro desabalados pela estrada. Corre que corre, toparam com um cavalo trotando pela estrada. — Iihhh, iihhh! – relinchou o cavalo – Onde vão tão açodados? O coelho, exausto, explicou pela quarta vez: — Na minha casa tem assombração! — Iihhh, iihhh, iihhh! – riu o cavalo. — Mas que asneira, caros colegas, assombrações não existem. Eu, com meu coice, resolvo essa questão. Vamos lá! – E foram; na frente, o cavalo, depois, o cachorro, depois, o porco, atrás, o boi e, por último, o coelho, carregando seu maço de cenouras. Quando chegaram à porta da casa do coelho, o cavalo preparou seu coice, o coelho pôs a chave na fechadura e, lá de dentro, veio aquela voz que cantava assim:
Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, não quero mais sair Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, ninguém me tira daqui!
Quando chegaram à porta da casa do coelho, o galo ficou atento, o coelho pôs a chave na fechadura e, lá de dentro, veio aquela voz que cantava assim:
O cavalo podia ter um coice forte, mas, ao ouvir a voz, recolheu a pata e se tremeu todo. O cão, o porco, o boi e o coelho, vocês já sabem. Saíram, então, os cinco chispados pela estrada. Corre que corre, toparam com um galo em uma cerca.
Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, não quero mais sair Cri, cri, cri, estou na minha casa Cri, cri, cri, ninguém me tira daqui!
— Cocoricó! – cocoricou o galo – Onde vão dessa forma, esbaforidos? O coelho, com a língua de fora, explicou pela quinta vez:
E aí o galo se tremeu todo? Que nada, o galo era destemido, ele tirou a chave da fechadura e investigou o que tinha na casa do coelho. E o que era? Um pequeno grilo que cricrilava alto. Aliviado, o coelho convidou todos os amigos para comer sua deliciosa salada e beber suco de cenoura, inclusive o grilo.
— Na minha casa tem assombração! — Có, có, ró, có, có! – riu o galo – Que palermice, todos sabem que assombrações não existem. Eu, com minha bicada, resolvo essa questão. Vamos lá! – E foram; na frente, o galo, depois, o cavalo, seguido pelo cachorro, porco, boi e, no fim da fila, o coelho, carregando seu maço de cenouras.
29
OS PRIMEIROS JOGOS 30
31
Caranguejo não é peixe Caranguejo peixe é Caranguejo só é peixe Na vazante da maré
Tem caranguejo no céu e no mangue! As estrelas são tantas que, se olharmos bem, podemos traçar linhas e, com elas, desenhos. São as constelações, que foram utilizadas como guias para medir a passagem do tempo, auxiliar na plantação e na colheita, além de apontar rumos para navios. Uma delas, a de câncer - cujo nome vem do latim e significa caranguejo, faz parte do Zodíaco, uma faixa de observação do céu, determinada pelos antigos gregos. As constelações podem ser vistas no mesmo período do ano, e, assim, começaram a associar uma constelação ao nascimento das pessoas e, daí, surgiram os signos. Mas e o bichinho? Uma espécie comum no Brasil é o caranguejo-uçá, seu alimento são as folhas secas que caem das árvores, que ele junta tudo, se farta de tanto comer e... faz cocô, claro, mas super-rico em nutrientes. Quando a maré sobe, entra nos buraquinhos das tocas, se mistura e cria uma lama, que enriquece o solo e faz as árvores crescerem fortes. Uau, tem jardineiro do manguezal!
32
Aranha arranha a rã ou a rã arranha aranha? Mais antiga do que esse trava-língua é a história da primeira aranha. Os gregos acreditavam que uma mulher, chamada Aracne, por desafiar Atenas, a deusa da sabedoria, foi transformada em aranha, condenada a fabricar fio e teia até o final dos tempos. A ciência comprova que existem aranhas há mais de 380 milhões de anos. Os insetos surgiram muito, mas muito antes dos dinossauros. Recentemente, os pesquisadores descobriram que as benditas nos escutam! As aranhas possuem um senso apurado de audição; apesar de não terem orelhas com os tímpanos típicos da maioria dos animais com audição de longa distância, elas reagiram aos sons em menos de cinco metros de distância! Sai pra lá, Dona Aranha!
Dona Aranha Subiu pela parede Veio a chuva forte E a derrubou A chuva foi embora O sol já vem surgindo E a Dona Aranha Na parede vai subindo
33
Foi na loja
do Mestre André Que eu comprei meu pianinho Plim, plim, plim, meu pianinho Há, há, há, he, he, he Foi na loja do Mestre André
Foi na loja do Mestre André Que eu comprei o meu tambor Tum, tum, tum, o meu tambor Plim, plim, plim, meu pianinho Há, há, há, he, he, he Foi na loja do Mestre André
34
Origem da orquestra A antiga palavra grega orkhéstra, por incrível que pareça, significa “lugar para dançar”. Na Grécia, durante o século V a.C., os espetáculos eram encenados em teatros ao ar livre e o espaço na frente da área principal de representação chamava-se orquestra. Ali ficavam o coro, que cantava e dançava, e os instrumentistas. Passou um tempão, no século XVII, as primeiras óperas começaram a ser executadas na Itália, e como as peças escolhidas geralmente eram dramas gregos, a mesma palavra nomeava o local dos músicos, entre o palco e o público. Depois, a palavra orquestra ficou relacionada apenas ao grupo de músicos. Quando tem muita gente fazendo a mesma coisa, existe a chance de não dar certo, não é? Assim, surgiu o maestro, que muitas vezes era o compositor da ópera, para garantir que cada instrumento tocasse a sua parte da obra no mesmo tempo, ritmo e com a intensidade e sensibilidade indicadas pelo autor.
Foi na loja do Mestre André Que eu comprei minha corneta Ta, ta, ta, minha corneta Tum, tum, tum, o meu tambor Plim, plim, plim, meu pianinho Há, há, há, he, he, he Foi na loja do Mestre André
35
Rolinha voou, voou Caiu no laço, se embaraçou Ai, me dá um abraço Que eu desembaraço A sua rolinha Que caiu no laço
Brincadeira de índio Criança que mora na tribo é igual a criança da cidade, adora brincar. A diferença é que o brinquedo não vem do shopping, mas da floresta. A brincadeira começa na hora de fazer o brinquedo, passear na mata, achar os materiais, pedras, folhas, gravetos e, depois, construir! A peteca, por exemplo, é feita com penas de aves ou palha de milho, amarradas com uma base de folhas ou couro de animal. Eu acho que a rolinha se embaraçou, pois nunca brincou de cama de gato: uma brincadeira de crianças da tribo, feita com um fio longo. Os Kalapalo, que vivem no Parque Indígena do Xingu, usam palha de buriti, e vão trançando figuras, entrelaçadas pelos dedos habilidosos. Que tal você tentar? Esse jogo pode ser brincado sozinho ou com duas pessoas, que vão movendo os fios e trocando de mãos, criando figuras como estrela, rede, casa, pé de galinha, peixe, balão, morcego, entre outras.
36
Arte de sobreviver Foram 300 anos de escravidão no Brasil e essa canção que parecia brincadeira, na verdade, era uma tática de fuga e de envio de mensagens codificadas. Quando um escravizado fugia do cativeiro, os outros negros tentavam ajudá-lo. Eles se juntavam em uma grande roda cantando e dançando. As ações sugeridas pela brincadeira eram informações para o fugitivo, representado pelo bicho caxinguelê, sobre a desconfiança do feitor, a onça. A capoeira também surgiu assim, disfarçando com canto e dança. Movimentos ágeis e golpes, muitas vezes, os salvavam na hora da fuga.
Ô, bicho Caxinguelê O que é que você vai fazer Trepa num galho de pau Que a onça quer te comer Trepa bem depressa Que eu não posso te valer
37
Dedo mindinho Seu vizinho Maior de todos Fura bolo Cata piolho Este diz que está com fome Este diz não ter o quê Este diz que vai furtar Este diz que não vai lá Este diz que Deus dará Cadê o toucinho que estava aqui? Rato comeu Cadê o rato? Fugindo do gato Cadê o gato? Fugindo do cachorro
38
Cadê o cachorro? Fugindo do dono Cadê o dono? Procurando o boi Cadê o boi? Pastando no mato Cadê o mato? Tá pegando fogo Cadê o fogo? A água apagou Cadê a água? Tá correndo por aqui, por aqui, por aqui....
Aquaman tem digital? A brincadeira nomeia nossos dedos, mas você sabe como surgiram os dedos humanos? Um estudo afirma que vieram dos peixes! Cientistas norte-americanos descobriram que as nadadeiras de peixes e as nossas mãos foram geradas com uma receita bem parecida.A diferença está nos genes que guiam o crescimento dos membros, conforme a espécie. Nos peixes, as células se tornam nadadeiras, e nos humanos, mãos. E cada dedo da mão tem sua marca: linhas formam um desenho na pele, único em cada pessoa, essa é a digital. Por isso, os documentos de identidade contêm foto, assinatura e um carimbo da digital.Vamos brincar de detetive? Aponte um lápis em cima de uma folha de papel, deixando cair bastante grafite; esfregue o dedo indicador no pozinho, depois pressione-o sobre uma folha limpa. É isso aí, caro detetive! Esta é a sua marca individual, que nenhuma outra pessoa, em todo o mundo, tem igual!
39
40
QUANDO EU ENTREI NA RODA 41
O beija-florzinho Diz-se que era um homem que tinha uma filha apalavrada para se casar. No dia do casório, foi todo mundo para a igreja: noiva, noivo, padrinhos, familiares e convidados, ficando só em casa as empregadas que estavam preparando o almoço do festejo. Chegando pelas tantas a faltar água para botar nas panelas, a cozinheira pediu que a ajudante fosse ao poço: — Menina, olhe que a água está acabando, vai lá ligeiro buscar.
42
A moça catou um pote e correu. Chegando à fonte, viu um beija-florzinho pousado em um galho de pau se acabando de cantar. Era um sambinha tão gostoso que a moça se esqueceu de tudo nesse mundo, pôs o pote de lado e começou a dançar, não se lembrando mais do serviço e da água que tinha ido apanhar. E, lá na casa, a cozinheira esperando com as panelas no fogo. O tempo passando e toca a esperar. Até que a cozinheira chamou outra ajudante:
— Maria, vai lá na fonte buscar sua colega que não volta nunca e aproveita e enche esse balde. Mas vai num pé e volta no outro. Maria colheu um balde e foi ver o que a parceira estava aprontando. Assim que aquela foi avistando essa, cantou:
Maria, esquecida do almoço, largou o balde e caiu também no samba do beija-florzinho. As duas dançavam que era uma beleza. E, lá na casa, a cozinheira esperando com as panelas no fogo.
Parceira de minh’alma Venha ver zizi cantar Parceira de minh’alma Venha ver zizi cantar Quindaí! Quindaí! Quindaí! Quindá!
43
Nisso, a mãe da noiva voltou da igreja e, vendo que o almoço não estava pronto, bronqueou foi muito e mandou a filha mais nova resolver a questão: — Jacinta, minha filha, vai sem tardança trazer essas moças e aproveita e enche essa moringa. E Jacinta foi. Chegando ao poço, encontrou as duas empregadas se requebrando a valer e, quando estas viram a sinhá, cantaram:
Sinhazinha de minh’alma Venha ver zizi cantar Sinhazinha de minh’alma Venha ver zizi cantar Quindaí! Quindaí! Quindaí! Quindá! Jacinta entrou na roda, que só mesmo vendo.E,lá na casa,a cozinheira esperando com as panelas no fogo: a comida queima não queima. Nisso, a noiva foi conferir como estavam os preparativos e quem disse que tinha almoço? — Pois vou eu mesma buscar essa água – disse a moça deixando o buquê de flores na bancada da cozinha e agarrando dois baldes. Mas, chegando à fonte, mal lhe pôs os olhos em cima, a caçula cantou: Maninha de minh’alma Venha ver zizi cantar Maninha de minh’alma Venha ver zizi cantar Quindaí! Quindaí! Quindaí! Quindá!
44
A noiva apreciou tanto daquele sambinha que nem pensou mais no noivo e saiu gingando. E, lá na casa, a cozinheira esperando com as panelas no fogo: os convidados chegam não chegam. Nessa altura da história, foi a mãe da noiva que decidiu ir ver o que tinha acontecido, enrolou-se em um xale e tomou uma reta para o poço. Mas não precisou nem chegar lá para ouvir o samba gostoso do beija-florzinho e já ir remexendo desse jeito, até embaixo. Quando as filhas a viram, cantaram: Mãezinha de minh’alma Venha ver zizi cantar Mãezinha de minh’alma Venha ver zizi cantar Quindaí! Quindaí! Quindaí! Quindá! A senhora dançou de se arruinar. Dançou foi muito. E aí que o baile ao redor do poço se animou. O passarinho se acabando de cantar e as mulheres se acabando de sambar. Ah, mas quem não gostou nada da comida não estar pronta foi o pai da noiva, que desceu à fonte furioso. A esposa o avistou ao longe e cantou:
Marido de minh’alma Venha ver zizi cantar Marido de minh’alma Venha ver zizi cantar Quindaí! Quindaí! Quindaí! Quindá! E ele? O pai da noiva não dançou. Não dançou nem um pouquinho. Ele arrumou foi um salseiro, uma confusão e quebrou o encanto do beija-florzinho, que bateu asas e voou. Carregando baldes, pote e moringa, voltaram todos e o almoço foi preparado e dizem que estava tudo muito bom. Entrou pelo bico do pato saiu pelo pé do pinto quem quiser que conte cinco. Quem o disse está aqui O que já lá vai, lá vai; Sapatinho de manteiga Escorrega, mas não cai. 45
CANTIGAS QUE FAZEM GIRAR 46
47
A canoa virou Vou deixar ela virar Foi por causa da Joáo Que não soube remar Ai se eu fosse um peixinho E soubesse nadar Eu tirava a Joáo Lá do fundo do mar Siri pra cá, Siri pra lá Joáo é velho E não vai casar
Em boca fechada não entra mosca Siris são crustáceos marinhos que vivem enterrados na areia, têm uma boca muito pequena e não emitem nenhum tipo de som. Por isso, quando queremos pedir a alguém para não sair espalhando uma história, pedimos que faça boca-de-siri. Se a pessoa se comportar como esses animais, dificilmente um segredo cairá em ouvidos errados.
48
49
50
Caiu na dança Na carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal, ilustrou o encontro com índios que “andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem”, um português não aguentou e caiu na dança! Convidou o gaiteiro para tocar e “meteu-se com eles a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita”. Nas paredes das cavernas, as pinturas rupestres, expressão artística mais antiga da humanidade, já mostravam rituais de dança. Na cultura iorubá, os movimentos da dança também representam os deuses: Xangô dança como se tivesse raios pelas mãos; Iansã, com os braços abertos, espana os ventos e promove as tempestades; Ogum dança como se lutasse com seu facão; Oxóssi dança caçando. Alguns índios brasileiros, os Kubeo em particular, encenam rituais elaborados de luto em que dançarinos, com máscaras pintadas e feitas de casca de árvore, se tornam peixes, animais e outros seres da floresta para dar boas-vindas à alma do morto no mundo dos espíritos.
Lá em cima daquela montanha Avistei uma bela pastora Que queria entrar na roda Que queria vir brincar
Bela pastora entrai na roda Para ensinar como é que se dança Uma volta, meia volta Abraçai quem mais amar
51
Ciranda, cirandinha Vamos todos cirandar Vamos dar a meia volta Volta e meia vamos dar O anel que tu me destes Era vidro e se quebrou O amor que tu me tinhas Era pouco e se acabou.
Ô abre a roda! “Ciranda” é a brincadeira de criança, um costume que veio lá de Portugal. A palavra vem do espanhol zaranda, instrumento para peneirar farinha, muitas vezes redondo. E o anel de casamento? O dedo anelar tem esse nome justamente por isso! Em Roma, acreditavam que havia uma veia que passava pelo quarto dedo que ligava ao coração e nele deveria ser colocada a aliança, outro nome do anel que significa pacto, um compromisso entre duas partes.
52
O peão entrou na roda, oh, peão (bis) Roda, peão Bambeia, peão (bis) Sapateia no tijolo, oh, peão (bis) Roda, peão Bambeia, peão (bis)
O brinquedo e o destemido Você já brincou com um pião? Crianças de tempos e lugares distantes já conheciam. Um vaso grego pintado há mais de 2.500 anos mostra duas pessoas observando a dança de um grande pião de madeira. O pião também está presente no dia a dia das crianças da tribo, os índios Panará constroem com a semente do tucumã (como na história que você acabou de ler, onde ficava guardada a noite) uma fruta de uma palmeira típica da Região Amazônica ou com uma pequena cabaça. Peão escrito com “e” também gira, mas em cima do boi! Rodeios no sul e centro-oeste do Brasil reúnem boiadeiros corajosos que dominam o bicho bravo de grandes chifres.
53
Nesta bonita sala Que aqui venho dançar Entrai na roda Fazei a reverência Abraçai quem vos agradar Faz-se a roda, faz-se a roda Abraçai quem vos agradar
54
Moça, segura a barra da saia, o moço com chapéu na mão Muitas cantigas falam da reverência, ou da mesura, uma saudação respeitosa. Um dicionário antigo explica: ao “mesurar-se alguém, inclinando-nos diante de alguém, damos a entender que nossa pessoa é menor do que a sua”. Na cerimônia “Beija-mão”, os súditos se enfileiravam para cumprimentar o rei, usando o precioso contato para pedir favores. No Rio de Janeiro, as residências do rei eram distantes do centro, dificultando muito a vida de quem não tinha charretes ou cavalos, o trajeto podia levar muitas horas. Vendo nisso uma oportunidade de ouro, o sargento-mor da Guarda Real e barbeiro do rei solicitou à Sua Majestade o privilégio de fornecer carruagens entre o centro da cidade e os palácios. No decreto, o rei afirma que é para comodidade das pessoas que querem “ter a honra de beijar a minha augusta e real mão”, criando assim a primeira linha de transporte de passageiros do Brasil.
55
Ciranda no céu A cantiga “Clareia, Luar” é uma brincadeira de roda que acontecia dentro dos salões: formam-se duas rodas, a de dentro com meninas e a de fora, com meninos, girando sempre no sentido anti-horário. Entre cada estrofe, o refrão é repetido e, sempre que isso acontece, muda-se o sentido do giro. E se os dois grandes círculos, um dentro do outro, estiverem lá no céu? Um eclipse acontece quando um corpo celeste entra na sombra de outro. Assim, quando a Lua entra na sombra da Terra, o eclipse é lunar. Quando a Terra é atingida pela sombra da Lua, o fenômeno é chamado de eclipse solar. Povos antigos temiam catástrofes anunciadas por fenômenos naturais. Os índios Aikanã acreditam que quem ficar fora da sua casa durante um eclipse pode ser atacado por espíritos da floresta.
56
Clareia, luar, Clareia bem, Clareia este salão, Que as morenas vêm A pombinha quando voa Bate com as asas no chão Meu benzinho quando dorme Põe a mão no coração Coração que a dois ama, Nele eu não boto fé Não quero amor partido Pois o meu inteiro é
57
58
QUANDO O AMOR ACONTECE 59
A sapa casada Não muito tempo atrás, em um lugar próximo daqui, viveu um viúvo e seus três filhos. Um dia, o mais velho, que já não era nenhum rapazola, disse ao pai: — Meu pai, já sou moço feito, quero pegar a estrada e procurar meu destino. O pai, então, perguntou: — Pois bem, meu filho, mas o que queres: a minha bênção e uns trocados ou um saquinho de dinheiro? O moço, sem pensar duas vezes, respondeu: — Um saquinho de dinheiro. Dinheiro atrai dinheiro. Hei de voltar rico! E assim, sem bênção, partiu o primogênito pela estrada. Conta-se que ele trabalhou aqui e acolá, andou por muitas terras e passou por contrariedades. Custou até que o rapaz encontrasse um trabalho que lhe garantisse o ganha-pão, e com uma moça por quem se afeiçoou, ele se casou.
60
Ficaram dois irmãos, mas não por muito tempo. Decorrido pouco mais de um ano, o filho do meio também foi procurar o pai. — Meu pai, seguindo os passos do meu irmão mais velho, sinto que já é hora de ir embora. Já não uso calças curtas, sou um homem feito e parto à procura do meu destino. Assim, como da primeira vez, o viúvo perguntou: — Pois bem, meu filho, mas o que queres: a minha bênção e uns trocados ou um saquinho de dinheiro? O filho do meio, também sem nem piscar, respondeu: — Um saquinho de dinheiro. Dinheiro e sorte vão me bastar.
Mais um que foi sem a bênção do pai e também passou desventuras antes de fazer sua vida e com uma moça se casar. Ficou só o caçula, mas não por muito tempo. Um dia chegou a hora desse filho, da mesma forma, ir ter com o pai: — Meu pai, sinto deixá-lo sozinho, mas é tempo de seguir meu rumo e ganhar minha vida. Assim, como das outras vezes, o viúvo perguntou: — Pois bem, meu filho, mas o que queres: a minha bênção e uns trocados ou um saquinho de dinheiro? O caçula não teve dúvidas em responder: — Escolho sua bênção e uns trocados.
61
Recebendo o que havia pedido, o jovem ganhou mundo e foi em busca de seu destino, um destino que lhe guardava surpresas que nem ele nem vocês poderiam ter imaginado. E a primeira surpresa estava logo ali, à beira de um lago, onde parou para descansar depois de alguns dias de caminhada. Uma doce canção chegou aos seus ouvidos e, maravilhado, ele disse que se casaria com a dona daquela voz, fosse ela quem fosse. E só então ele olhou para uma pedra e viu ali a sapa que cantava. Se o rapaz não era tão atento, a sapa, sim e, como havia ouvido muito bem as palavras do jovem, cobrou que este cumprisse sua promessa. E foi desta forma que o filho mais jovem do velho viúvo se viu, de uma hora para outra, casado com uma sapa. Pois bem, o tempo passou e chegou a data que os três irmãos tinham combinado de visitar o pai. Era uma tradição que, estando casados, levassem presentes feitos pelas suas esposas. O caçula estava aflito, sem ter o que oferecer de lembrança.
62
A sapa, ao conhecer o problema do marido, lhe pediu linhas e algodão. O rapaz, incrédulo, entregou à esposa o que esta havia encomendado. A sapa nadou o dia inteiro na lagoa, formando um redemoinho e muita espuma, mas quando foi no dia seguinte trouxe na beirada lenços com bordados tão delicados como nunca se tinha visto, e o moço partiu feliz para a casa do pai. Foi alegre o reencontro dos três irmãos, e o presente mais bonito foi o levado pelo caçula. Os irmãos mais velhos ficaram com inveja, mas nada disseram. No fim do dia, despediram-se todos e combinaram de se reverem em breve, desta vez trazendo as esposas. Na data marcada, a sapa pulou para fora da lagoa com um bando de sapos e sapinhos. O moço seguiu a cavalo e ela, por não conseguir se equilibrar na sela de um cavalo, seguiu num carro de boi com seus parentes. O moço ia cabisbaixo. Chegando a casa do pai, todos se puseram a caçoar do casal. O viúvo ficou triste ao conhecer a esposa do caçula, porém não se esqueceu de agradecer os lindos lenços bordados que a nora havia lhe enviado.
Na hora do jantar, o rapaz foi cortês e levou a sapa na palma da mão, e a sentou a seu lado na mesa. As cunhadas não conseguiam conter as risadas, mas a sapa não se aborrecia. O rapaz, respeitoso, ajudou a esposa, servindo-lhe pequenas colheradas de sopa, que ela sorvia avidamente. Junto com a sopa, a sapa fisgava pedacinhos de pão com sua língua comprida, espalhando farelo pela mesa. E então, assim de repente, os farelos de pão que a sapa havia derrubado se transformaram em pequenas flores do campo, e a sapa se desencantou numa formosa princesa. E o filho caçula ficou muito feliz. Trim, trim, a história está no fim.
63
CANTIGAS DE BEM-QUERER
64
65
Paga-me um tostão Quantas flores valem um coração? Um tostão seria o equivalente ao tataravô da nossa moeda de um real. Antes de existir o dinheiro, as pessoas viviam da troca. Olhem que curioso, o sal era a forma de pagamento dos serviços exercidos por um soldado do Império Romano. A primeira moeda do mundo foi cunhada entre os anos 561 e 650 a.C., numa cidade chamada Lídia, onde atualmente é a Turquia e que, pasmem, era quadrada! Na Grécia, uma das moedas tinha a gravação do desenho de uma tartaruga que, em latim, se chamava Testudo. Em Roma, as moedas vinham com desenhos das cabeças de seus imperadores, conhecidas pelo nome de Testa ou Testoens. Foi, então, que El-Rei D. Manoel de Portugal resolveu criar a sua moeda, chamou-a de tostão, e as de ouro valiam cem réis.
66
Eu sou uma florista, flores estou vendendo Venha cá, menina, que flores estou querendo Se quiseres flores, paga-me um tostão Quero, quero flores, mas não tenho um tostão Eu não acredito, mostre a sua mão Para oferecer, eu só tenho meu coração Passa, malcriado, passa já pra casa Eu não passo, não, eu fico aqui pra chatear Cara de panela, cara de leitão Olha o nariz dela, mais parece um lampião Ora, seu safado, cara de melado Olha a cara dela, mais parece um boi molhado Chega de maldades, me dá sua mão Vamos fazer as pazes, me dá sua mão Foi de brincadeira, mas não foi de coração
67
Eu queria ser balaio Balaio eu queria ser Para andar dependurado Na cintura de você Balaio, meu bem Balaio, Sinhá Balaio do coração Moça que não tem Balaio, Sinhá Bota a costura no chão Eu queria ser balaio Na colheita do algodão Balaio ficou pequeno Não quero balaio, não
68
Prenda minha Balaio é um cesto de palha trançada, que as mulheres carregam como utensílios de trabalho. Balaio é, também, uma dança típica do Rio Grande do Sul, com roda e sapateado. Na tradição gaúcha, geralmente, é só o homem que sapateia com suas botas e esporas, seu traje completo tem que ter chapéu, lenço e bombacha, uma calça bem larga, apertada nos tornozelos. Na dança, as prendas, como são chamadas as moças, vestem saias bem rodadas, seguram seus cestos, movimentando-os. Uma das músicas mais conhecidas entre os gaúchos é uma canção de despedida que diz: “Noite escura, noite escura, prenda minha. Toda noite me atentou. Quando foi de madrugada, prenda minha. Foi-se embora e me deixou”.
69
70
Oh! Que noite tão bonita Oh! Que céu tão estrelado Eu queria ver agora O meu lindo namorado Sete e sete são quatorze Com mais sete, vinte e um Tenho sete namorados Mas não caso com nenhum Meu benzinho não é este Nem aquele que lá vem Meu benzinho está de branco Não confunda com ninguém
Mensagem rimada A terceira estrofe desta cantiga é uma quadra popular: quatro versos com sete sílabas para dar ritmo, completando a musicalidade com rimas, geralmente, no final do segundo e do quarto versos. Tente cantar esta música usando outras quadrinhas, depois, crie uma só para si e declame-a para alguém. Em cima daquela serra Tem um velho relojoeiro Quando vê moça bonita Faz relógio sem ponteiro!
Duas horas vão passadas Sem que te veja passar Que coisa mal combinada Que são amor e ________!
71
Ao passar da barca Me disse o barqueiro Menina bonita, NĂŁo gasta dinheiro Sei que sou bonita Mas tenho dinheiro Eu entro na barca E pago ao barqueiro Saudades dobradas Saudades sofridas Eu vou colher flores As mais bem nascidas E quero a Maria Por ser a mais bela Pra ser o jasmim Do meu jardim
72
Barquinho de papel E se você tivesse um barco que navegasse sozinho? Faça uma dobradura de papel em formato de barquinho, coloque-o para boiar em uma bacia com água, espere um pouco até que fique paradinho, pingue na parte detrás do barco umas gotinhas de detergente de lavar louça, veja só o que acontece! Uauuu, o barco desliza sozinho! Isso acontece porque as moléculas de água são fortemente atraídas umas pelas outras, mas quando pingamos o detergente, a atração entre elas fica bem mais fraca, o que gera uma força de dentro para fora, do detergente para a água, fazendo o barquinho se locomover.
73
Uma barata mentirosa Essa cantiga é da época em que o Brasil era colônia de Portugal. É uma música que mostra as fofocas da Corte. Naquela época, as senhoras eram chamadas sinhás, logo, suas filhas seriam sinhazinhas. Nessa canção, a sinhá Aninha virou mesmo Sianinha e as “más-línguas” duvidam de suas posses! Sem dúvida, você já ouviu essa música de outro jeito: com uma barata como personagem principal! Bicho capaz de deixar qualquer um desnorteado, as baratas são consideradas os insetos mais rápidos que existem, podendo percorrer o equivalente a 50 vezes o comprimento de seu corpo em um segundo. Elas mantêm a alta velocidade mesmo quando sobem pelas paredes do banheiro de sua casa. Elas são muito mais antigas do que os dinossauros e estão presentes em todos os cantinhos escurinhos do planeta.
Sianinha diz que tem Roupas de cetim e chitão É mentira, ela não tem Nem dinheiro pro sabão
Sianinha diz que tem Mile flores no jardim É mentira, lá não tem Nem matinho de capim
Tcha, tcha, tchara Tcha, tcha, tchara Nem dinheiro pro sabão Tcha, tcha, tchara Tcha, tcha, tchara Nem dinheiro pro sabão
Tcha, tcha, tchara Tcha, tcha, tchara Nem matinho de capim Tcha, tcha, tchara Tcha, tcha, tchara Nem matinho de capim Sianinha diz que tem Cem moedas de vintém É mentira, ela não tem Nem esmolas de ninguém Tcha, tcha, tchara Tcha, tcha, tchara Nem esmolas de ninguém Tcha, tcha, tchara Tcha, tcha, tchara Nem esmolas de ninguém 75
Os olhos dos piratas! Dizem que os piratas usavam um tapa-olho para adaptar a visão rapidamente ao mudar de um ambiente mais claro para um mais escuro, ao se movimentar da proa ensolarada para a cabine escura, era só abrir o tapa-olho e enxergar melhor. Vamos testar? Feche as cortinas do seu quarto, deixe uma frestinha, feche a porta e vá para outro cômodo. Tampe um dos seus olhos, em um lugar iluminado, por pelo menos um minuto. Depois, entre no seu quarto e feche a porta. Você consegue enxergar bem com o olho que estava aberto? Agora, tire a mão da frente do olho que estava tampado e feche o outro.Você enxerga melhor com este? Sim? Arrrrr! Você é um pirata!
Os olhos da Marianita São verdes cor de limão Aí sim, Marianita, aí sim Aí sim, Marianita, oh, não As tranças da Marianita Negras cor de carvão Aí sim, Marianita, aí sim Aí sim, Marianita, oh, não Os lábios da Marianita São doces ao coração Aí sim, Marianita, aí sim Aí sim, Marianita, oh, não 76
Brincando até com as palavras Essa cantiga tem uma repetição no final de cada verso e, no folclore, existem vários jogos para brincar com as palavras.Trava-línguas são frases com sons parecidos, e são tão enroladas que parece que elas vão dar um nó na língua. E aí, vamos testar? Sabia que a mãe do sabiá não sabia que o sabiá sabia assobiar?
A pia perto do pinto, o pinto perto da pia, quanto mais a pia pinga, mais o pinto pia.
Você gosta de mim, oh, Maria Eu também de você, oh, Maria Vou pedir pro seu pai, oh, Maria Pra casar com você, oh, Maria Se ele disser sim, oh, Maria Tratarei dos papéis, oh, Maria Se ele disse não, oh, Maria Morrerei de paixão, oh, Maria
77
Eu botei meu pĂŠ no estribo, meu cavalo estremeceu. Adeus, meninos que ficam, quem vai embora sou eu!
78
Este livro trouxe cantos e contos recolhidos da oralidade, na sabedoria do povo, transmitida nas palavras de pais para filhos, de uma geração para a outra. Preservando a tradição, não por ser antiga, mas por ser um conhecimento sobre a vida e o mundo. Se uma história deve ser sempre contada, as cantigas não podem parar de fazer rodar, por isso, incluímos nas páginas seguintes, partituras (o jeito que se escreve uma música) de algumas canções para você não esquecer e, quem sabe, aprender a tocar!
O tempo perguntou pro tempo: quanto tempo o tempo tem? O tempo respondeu pro tempo: que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo tem!
79
CANTIGAS DE NINAR Lua, luar, Lua, luar
Vagalume, lume, lume
80
OS PRIMEIROS JOGOS Ô, bicho Caxinguelê
Rolinha voou, voou
81
CANTIGAS QUE FAZEM GIRAR Clareia, luar
Nesta bonita sala
82
CANTIGAS DE BEM QUERER O barqueiro
Sianinha
83
E como diz aquele ditado:
“Quem conta um conto, aumenta um ponto!”, compartilhe as vivências que trouxemos para você com quem está ao seu lado! Um abraço dos autores, deixando nossa despedida:
O conto acabou, o vento levou. Todo mal se foi, sรณ o bem ficou!
PROJETO BRINCANTES DO BRASIL Aqui estão quatro histórias, cantigas e pequenos textos curiosos em formato de almanaque. Abra o livro e aproveite!
Histórias Daniela Chindler Textos Almanaque Flavia Rocha Pesquisa Folclórica Joaquim de Paula Revisão Sol Mendonça
Papagaio louro, do bico dourado, leva este livro, meu louro, para todo lado!
realização
produção
apoio
ISBN 978-85-94449-02-3
patrocínio
marketing cultural
Projeto Gráfico Gabriel Victal Ilustrações Cintia Faria
Marketing Cultural Jacqueline Menaei – MaisArte Marketing Cultural Coordenação Geral Daniela Chindler e Fernanda Galvão Sapoti Projetos Culturais Produção Graziela Domingues – Graviola Produções Assistente de Produção Marjory Rocha