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ATIVIDADE DE PREPARAÇÃO

Metáforas visuais

Professor(a), antes de iniciar nosso percurso, é interessante informar aos estudantes que não é só o escritor que conta a história do livro. A ilustração e o projeto gráfico caminham junto do texto para criar narrativas, personagens e cenários, nos permitindo adentrar no universo da obra. Imagine como seria o livro se os textos não estivessem ilustrados.

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O ilustrador Camilo Martins, além das cores, paisagens e expressões culturais presentes nos contos, também utiliza metáforas visuais que nos dão dicas do que aconteceu na história.

Um exemplo está no conto Dourado e doce em que o ilustrador traz a dualidade entre a cor do mel e a do ouro. Notem o desenho das mãos apertando o favo de mel, ele remete ao movimento de extração de uma pepita de ouro, e as duas atividades estão presentes na trajetória do entrevistado Luiz Pereira Rodrigues.

Também no conto Cachorro grande em noite de lua cheia, que narra o momento em que a protagonista se depara com uma onça, a ilustração mostra a silhueta de um animal em uma noite estrelada, mas, ao prestarmos atenção no céu, veremos que algumas estrelas têm o formato das manchas do pelo da onça.

Ou seja, as metáforas visuais são um recurso para fazer com que os próprios elementos que compõem a imagem tragam as ideias presentes no texto. Antes de ler o texto do livro com os estudantes, experimente fazer uma leitura das imagens com a turma e veja quantas informações sobre o enredo é possível descobrir. Depois, experimente criar metáforas visuais com os estudantes a partir da realidade em que vivem.

Vamos lá!

1) Selecione uma ilustração do livro. Pergunte o que está acontecendo nas imagens e incentive as diversas interpretações.

2) Tente identificar com os estudantes alguns recursos usados pelo ilustrador em relação a cor, forma, textura, traço e tema. Você pode fazer perguntas como: existe diferença na paleta de cores entre os contos que se passam de dia e as histórias que se passam à noite?

3) Destaque as metáforas visuais nas ilustrações, ou seja, aponte onde algum elemento aparece fazendo alusão a outros elementos da história.

4) Proponha ao grupo criar novas ilustrações para os contos, usando outras metáforas visuais de acordo com suas vivências diárias e os locais onde vivem.

5) Reserve um tempo para que os alunos compartilhem as imagens produzidas entre si e analisem as escolhas uns dos outros, identificando os recursos utilizados. A análise das imagens produzidas pode levantar temas diversos, como urbanização, tradição e meio ambiente, e pode inspirar atividades interdisciplinares para aprofundar as histórias do livro em sala.

Atividade 1

Contando histórias

Conto: O fantasma da estrada

Como o nome já revela, esse é um conto que pode dar uma pontinha de medo. A “noite ventosa” esconde um vulto branco que assustou todos e deu um “refugo” no cavalo, que disparou em velocidade. Nós, leitores, nos armamos de coragem, junto com o protagonista para um final que reserva uma surpresa no texto, que traz uma mistura de alívio e humor.

Este livro está organizado em contos. Vamos conversar com os estudantes, sobre a estrutura do conto e sobre as palavras escolhidas para contar as histórias. Em seguida, vamos pedir para que cada um conte uma memória e, em seguida, a escreva em forma de conto, incluindo gírias atuais.

Vamos lá!

1) Apresente alguns contos populares, Câmara Cascudo e Silvio Romero, grandes folcloristas brasileiros escolheram esse formato para mostrar as tradições do nosso povo. Mesmo que não tenham trazidos relatos, mantiveram, muitas vezes, as vozes das pessoas que ouviram para recolher os contos registrados.

Manter o “sotaque”, trazendo regionalismos da fala, faz com que o leitor se sinta dentro da história, como se estivesse ouvindo também aquela pessoa que contou a história.

2) Geralmente, os contos são textos curtos e estruturados em apresentação com descrições do cenário, tempo, personagens, depois o desenvolvimento que mostra o “problema” ou a situação “clímax” do ocorrido e o fechamento, que conta como o personagem principal resolveu ou encerrou o caso.

3) Peça para que os estudantes se lembrem de algo que aconteceu, pode ter sido na infância, ou uma memória atual, o importante é pensar a organização do texto e, para isso, vamos sugerir algumas perguntas que podem guiar a redação dos contos.Vamos relacionar as lembranças com locais da cidade. De acordo com a estrutura base sugerida, vamos às perguntas:

• Quando aconteceu?

• Onde aconteceu?

• Quem estava lá?

• Como eram as características daquelas pessoas? Podem ser físicas ou emocionais, o que for mais relevante para o desenrolar da narrativa.

• Qual foi o problema encontrado? Como os personagens lidaram com o ocorrido? Detalhe suas reações.

• Elabore o fechamento do texto, procurando alinhar a uma sensação. Procure palavras que passem o sentimento vivido pelos personagens no momento em que vivenciaram o fato descrito.

4) Procure no livro exemplos de fala local, palavras que não estão no dicionário, mas que têm seu significado conhecido pelos moradores. Peça que os estudantes façam uma lista e conversem em casa, procurando com seus familiares sinônimos ou sentidos para as palavras encontradas no livro. Essa pesquisa vai ser fundamental para que os estudantes reconheçam sua própria linguagem. Quais são as gírias que caíram em desuso, quais ainda são faladas e quais as que foram incorporadas e inventadas pela geração atual?

5) Depois dos textos prontos, vamos compartilhar!

• Podemos ler em sala, dividindo as experiências vividas não só nas histórias, mas, também, de como se deu a organização e a redação de cada conto.

• A turma pode juntar os textos em um livro com ilustrações para abertura de cada conto e depois compartilhar com os outros estudantes da escola.

• Uma sugestão é a turma realizar apresentações para as séries mais novas, já que essa troca é motivadora para ambas as partes: para os pequenos, é um incentivo acompanhar as conquistas e a trajetória dos estudantes mais velhos, e para os maiores, é um desafio que traz uma experiência única de apresentar sua produção textual, dando vida com sua voz, seu corpo e sua intenção, trazidos no papel de contador de histórias.

ATIVIDADE 2

Nossas tradições

Contos: O fantasma da estrada, A roça e o rio, Dourado e doce e Poço de desejos, lagoa dos milagres.

Nos contos do livro, vemos relatos de quem chegou e teve que trabalhar com a terra, a economia girava em torno das culturas de arroz, milho, feijão e da cadeia do leite e do gado de corte. Depois da descoberta de jazidas minerais de cobre, níquel e ferro no município, Canaã dos Carajás começou a receber trabalhadores para a implantação de minas e usinas de beneficiamento e processamento do minério.

Cada lugar conta suas histórias também por suas receitas e costumes religiosos. Cada família tem seus hábitos, mas quando se juntam com os dos vizinhos, do bairro, da cidade, viram saberes tradicionais daquele povo.

Plantar e colher foi ação dos pioneiros, que chegavam nessa terra e dependiam do próprio esforço para ter comida em cima da mesa. Vamos ler os contos e depois conversar com a turma sobre o que colocamos na mesa atualmente, e em quais momentos, e sobre o que é preparado para as festividades comemoradas na cidade. Vamos criar um livro de receitas, indicando os familiares responsáveis pelas comidas e as datas em que as famílias se reúnem para degustar essas iguarias recolhidas pela turma.

Vamos lá!

1) Peça para os estudantes lerem os seguintes trechos em voz alta:

Página 8: “Tinham ido comprar açúcar, fumo, macarrão e alguns legumes, que não cultivavam na horta de casa. Levavam queijo, requeijão e doce de mamão para vender.”

Página 10: “Daniel botou uma roça quando chegou na VP-13, estrada que passa por Vila Bom Jesus. Tirou o mato, foi tratando de roçar com foice e plantou melancia, maxixe, abóbora, feijão e milho. O milho deu bom de espiga. Um milhão bonito que só vendo. Logo vendeu uns cinco sacos para um cabra conhecido, que ia fazer pamonha para vender em uma festinha da igreja. Era também muita abóbora, quando olhava assim, era tudo vermelhinho de abóbora.”

2) No conto Dourado e doce, o protagonista fala do mel na sobremesa e o costume da família de fazer vela com cera de abelhas, que deixava um cheiro agradável em casa. Já a família de Poço de desejos, lagoa dos milagres, tomava café com beiju. Em ambos os contos, existem descrições de dar água na boca!

Página 21: “Voltaram os dois para casa. Zé Baliza ia pegar ferramentas e contar as boas novas para a esposa.

Ao chegarem, a mãe tinha tirado leite e tinha cheiro de café recém-passado. A mesa estava posta e as irmãs comiam beiju. A notícia trouxe só felicidade.”

Página 23: “Como bom nordestino, seu Benedito seguia a tradição: mel não podia faltar. Muito menos na Semana Santa. Na mesa, o costume era servir galinha, ovo, carne de porco ou bode. Peixe era raro, dificilmente se pegava uma trairinha num córrego. Junto com a proteína, completavam o prato arroz e feijão, um feijão com abóbora, bem temperado com manteiga de leite, aquela manteiga da nata da coalhada.”

3) Peça para que os estudantes se lembrem das festividades comemoradas na cidade: podem ser festas religiosas ou datas comemorativas do município. Quais as comidas especiais? E quais as comidas de todo dia que também se fazem especiais por serem receitas de família?

4) Os estudantes vão conversar com seus familiares para pegar o passo a passo das receitas, incluindo os dados a seguir:

• Nome da receita;

• Data em que a preparam;

• Qual a pessoa que cozinhava;

• Quem relembrou a receita;

• Ingredientes;

• Modo de preparo.

5) Com os resultados em mãos, vamos criar um livro de receitas da turma, que pode ter fotos dos pratos, das mesas arrumadas ou ilustrações feitas pelos estudantes. Sugerimos que o livro circule entre as famílias dos estudantes, para que todos conheçam e partilhem as receitas tradicionais da região.

ATIVIDADE 3

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