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É nome ou apelido?
Estamos no mapa
Contos: Uma questão de fé e A cidade que desapareceu do mapa.
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Em quase todos os contos, os personagens são apresentados por seus apelidos. Alguns curiosos, como o protagonista Nego Padre de Uma questão de fé. No entanto, nos chama atenção que os moradores também apelidaram o local onde moravam. Vimos no conto A cidade que desapareceu do mapa a nomeação da Vila que foi ignorada por seus moradores. Vamos pedir para os estudantes pesquisarem apelidos de familiares e bairros, vamos pensar o motivo que os nomeou dessa forma, tanto as pessoas quanto os locais que são conhecidos de formas diferentes do nome original. A Vila de Racha Placa não existe mais no mapa, vamos pensar na cidade de hoje e construir um mapa diferente, com o território afetivo ao qual pertencemos.
Vamos lá!
1) Peça para os estudantes lerem os seguintes trechos em voz alta:
Página 31: “O moço era de ter muita fé, devoto do Divino Pai
Eterno e de Nossa Senhora Aparecida, que era a padroeira da Vila Racha Placa, povoado que existiu, mas não existe mais.
O tal moço batizado como Valdivino era conhecido em todo canto como Nego Padre, mas era padre, não. Ele e uns colegas trabalhavam na igreja lendo o Evangelho e falando sobre Jesus, então o povo dizia: ‘Olha ali o Nego Padre’.”
Página 49: “Entre os primeiros moradores de Racha Placa estavam seu Américo, Zé Goiano, Jeremias, seu Nego Padre, seu Ivanir e Divino Rosca. Este último tinha esse nome porque era experiente em fazer canga de madeira para carro de boi. Fazia o encaixe certinho do pescoço do animal e usava a madeira da árvore que por lá chamam de rosquinha.”
Página 52: “Eles se reuniram, um disse: Amercolândia, outro sugeriu Bom Jardim, mas nenhum desses nomes agradou. Foi quando ocorreu de homenagearem um funcionário da Vale de nome Mozart, que os ajudava. Concordaram na escolha de Mozartinópolis. Acontece que o nome terminou por ficar registrado só no papel, porque, na hora mesmo do batismo, um colono já anunciou: ‘Aqui não é Mozart, é o Racha Placa!’. Um dia, os colonos se surpreenderam com uma placa de muitos metros fincada onde todos passavam. Devia de ser grande para todo mundo ler sem dificuldade o escrito: ‘Proibido roçar, caçar e pescar’. O povo não gostou de ser cerceado em suas práticas. Uns homens juntaram, derrubaram e cortaram a placa todinha, de pedacinho em pedacinho. Foi daí que veio o nome de Racha Placa.”
2) Peça para os estudantes se apresentarem: eles são conhecidos também por outro nome? Procurem no livro outros personagens com apelidos, muitos acompanham a justificativa para o uso. Inclusive, nas últimas páginas, na parte de apresentação dos entrevistados, vários incluem o apelido pelos quais são conhecidos na região.
3) Em seguida, peça para que se lembrem de familiares que utilizam apelidos no lugar do nome. Se não souberem as justificativas, peça para que perguntem às suas famílias o motivo do chamamento.
4) Peça para que procurem, no entorno da escola, nas ruas onde vivem e no bairro, locais que são chamados não pelo nome oficial, mas por apelido. Podem ser lojas de serviços e comércio também.
5) Comparem as listas para ver se existem nomes repetidos e façam ilustrações que possam representar figurativamente tanto o nome das pessoas quanto o dos locais.
6) Em um papel grande, uma cartolina ou no papel quarenta quilos, desenhe uma representação do município de Canaã dos Carajás, posicione a escola no mapa. Recorte as ilustrações dos nomes e as posicione no mapa de acordo com a região onde as pessoas vivem ou a localização dos estabelecimentos. Não precisa ser uma representação fiel, o mural nos dará uma visibilidade geral
ATIVIDADE 4
O início de tudo
Contos: Um boi na sala de aula, Por um punhado de terra e A cidade que desapareceu do mapa.
Professor(a), converse com os estudantes sobre o significado da palavra mudança. Leve um dicionário ou procure pela internet.
1- Ação ou efeito de mudar; muda, mudamento. 2- Ação ou efeito de fazer passar ou transportar alguém ou alguma coisa de um lugar para outro. 3- Os móveis e todos os outros objetos que são transferidos de uma moradia para outra. 4- REG (SC) Família ou pessoa que se muda. 5- Variação das coisas de um estado para outro. 6- Modificação ou alteração de sentimentos, ideias ou atitudes. 7- Alteração ou variação climática decorrente das estações do ano ou das condições meteorológicas.
8- Substituição de alguém ou de algo por outro.
fonte: https://michaelis.uol.com.br
O dicionário pode dar vários significados, mas quem passa por mudanças é quem sente seus efeitos. Vindos de diversas partes do país, os colonos trouxeram poucos pertences e muita esperança de dias melhores.
O livro Histórias da minha terra se faz a partir de memórias de pessoas que se mudaram e vivenciaram muitas mudanças. Vamos pedir que os estudantes procurem as histórias de seus familiares, quais mudanças enfrentaram para constituírem o que hoje são suas casas, seus trabalhos e suas famílias em Canaã dos Carajás.
Vamos lá!
1) Peça para os estudantes lerem os seguintes trechos em voz alta:
Página 32: “Na boleia do caminhão, iam só o motorista e o filho, mas na traseira, amontoados como dava, estavam os pertences de seis famílias. Parecia muita coisa para o espaço reduzido, mas o moço dizia que tinha lugar até para levar uma casa. Pelejaram, coube o que havia. Por cima de tudo, foi o colchão de casal, era ortopédico, e Severa não queria largar para trás.”
Página 13: “Aparecida dava aulas em uma classe multisseriada: na mesma sala ficavam alunos de anos escolares diferentes e de idades variadas. Isso foi no tempo em que não havia muitos professores na cidade e não se podia organizar as turmas como se deve. A mesa feita a facão era alta e não atendia às crianças menores. Nos dois únicos bancos de tábuas sentavam-se até dez alunos. A lousa era só um pedaço, porque tinha chovido e estragado o restante.”
Página 52: “No começo, chamavam ali só de Serra Norte, mas, conforme o povoado foi prosperando – as casas, já de tijolos, uma escola com professor, merendeira e boletim, campo de futebol, postinho de saúde, umas poucas ruas de terra e igrejinha –, os moradores entenderam que já era hora de batizar com nome de cidade.”
2) Nestes trechos, visualizamos a viagem de uma família, as dificuldades iniciais de quem acabara de chegar e, também, as transformações, frutos do trabalho e das conquistas dos primeiros moradores da região.
3) Peça para a turma ler atentamente os perfis de cada entrevistado, de onde vieram, seus trabalhos, a trajetória de cada um.
4) Vamos fazer entrevistas e criar biografias. Peça aos estudantes para conversarem com os familiares mais velhos, investigando suas origens e como era a região no momento de sua chegada. As perguntas a seguir podem ajudar no relato do entrevistado:
• Quando chegou a Canaã dos Carajás?
• Como foi a mudança, o percurso até aqui?
• Veio sozinho ou com família?
• Como era a cidade? O que mudou de lá pra cá?
• Qual o seu trabalho na época? Continuou no mesmo ofício?
• Como era a sua primeira casa?
• Estão ainda no mesmo local?
• Quantas pessoas fazem parte de sua família hoje?
• Qual seu maior feito ou orgulho nesse percurso?
5) Peça aos estudantes para montar fichas dos seus entrevistados com nome, foto e dados recolhidos nas entrevistas. Faça uma exposição em um corredor ou outro espaço da escola e convide os demais estudantes para compartilharem os resultados. As famílias também podem fazer parte desse momento.
6) Outra ideia é ir para o mundo virtual. Que tal criar uma página da turma em uma rede social e compartilhar a pesquisa? Não se esqueçam de marcar o perfil da Sapoti Projetos Culturais, editora do livro, com o @sapotiprojetosculturais.
Encontros com a malhada
Contos: A roça e o rio, No mato com cachorro e Cachorro grande em noite de lua cheia.
Não tem jeito. Conforme as pessoas vão abrindo cidades no meio da floresta, que é morada dos bichos, encontros inesperados tendem a acontecer. Muitos são os relatos de moradores que encontraram com a onça, o maior felino brasileiro que vive nas regiões da Amazônia, do Pantanal, do Cerrado e da Mata Atlântica. No livro, temos encontros variados, daqueles colaborativos, os inventados pelo medo e até os inesperadamente desencontrados. Após a leitura, vamos recriar as cenas em teatro de sombras com o uso de recursos sonoros.
Vamos lá!
1) Peça para os estudantes lerem os seguintes trechos em voz alta:
Página 11: “A malhada era grande. Daniel, vendo aquela arrumação, disse: ‘Menino, vou tirar um pedaço dessa anta pra gente comer’. Daniel e Rio Grande ficaram lá aguardando a bicha se satisfazer. Também apetecia aos dois carne de caça, e um naco da anta no churrasco ia cair bem. Quando a onça ficou de bucho cheio e se embrenhou pela mata, os dois correram para buscar o quarto do bicho que a pintada tinha largado para trás, antes que outros animais brigassem pelo quinhão deles. Valeu esperar, nesta tarde, além dos legumes e do feijão, tiveram carne no prato e também se fartaram.”
Página 17: “David, que sem falsa modéstia, se dizia um tanto mais destemido, se aproximou levando uma espingardinha muito sem-vergonha. Deu uns primeiros tiros, errou e pediu para buscarem na casa outros cartuchos. Aí o Áureo, que era o mais fortão, mas também o mais medroso, perguntou, de longe, que bicho era. ‘É anta!’, respondeu o David, mas o amigo entendeu que era onça.”
Página 29: “Novamente ela pensa: ‘Meu Deus, o que é isso? Que cachorro grande’. Ainda bem que Deus deu o pensamento de que era um cachorro, porque, se tivesse imaginado que era onça, ela tinha era corrido, gritado e feito movimento brusco.”
“Quando foi no dia seguinte Maria contou a história para o vizinho. E ele: ‘Irmã, você teve sorte. Você quase foi comida por uma onça!’. Nessa chegou à mente de Maria das Chagas tudinho. E ela foi ficar com medo da onça depois que a bicha já tinha se ido embora.”
2) Divida a turma em grupos, os estudantes vão se organizar: enquanto uns se dedicam à produção dos objetos, outros vão compor a sonoridade das cenas.
3) Para as sombras: peça para listarem os personagens do conto e desenharem silhuetas para cada um. O ideal é pensar características que mudem os recortes como chapéu, um pode ser mais alto, outro, mais gordinho. Sombras com recortes vazados feitos com estilete ficam bem bonitas, e os detalhes ajudam a passar uma impressão melhor dos desenhos. Peça para manusearem com cuidado para ninguém se machucar. Os cenários, como árvores, casas e demais elementos, também deverão ser cortados.
Prenda os recortes em palitos de churrasco, levando em conta como será a entrada de cada um, colando pelo lado, se a manipulação acontecer pela lateral, ou por cima, se a entrada das peças for encaixando pelo topo da caixa cênica.
4) Para a sonorização: peça para que levem materiais reciclados para a sala: garrafas, latas, isopor, plástico. Se pensarmos bem, tudo faz um som! É só testar e ver com o que se parece. No cinema, muito do que escutamos é incluído depois das filmagens, com a sonoplastia que insere sons de abrir portas, passos apressados, chuva, vento. Pedaços de plástico amassado, caixas com um punhado de areia, até batuques pelo corpo.
Incentive os estudantes para que experimentem materiais para compor a ambientação e a sonoridade das cenas.
5) A caixa cênica: pode ser uma única para todas as apresentações. Pegue uma caixa de papelão grande, recorte o fundo, deixando uma aba lateral, e cole um pedaço de papel-manteiga. Use as laterais da caixa como apoio para deixá-la em pé. Você precisará de uma fonte de luz no fundo para iluminar o teatro, que pode ser uma lanterna ou luminária de mesa.
6) Com tudo pronto, faça um ensaio para combinar a narração, a entrada das silhuetas e a sonorização e, em seguida, realize as apresentações. Os estudantes podem filmar com os celulares para também conseguir ver o resultado final de suas produções originais.
Real ou imaginário?
Contos: O bicho que anda nas matas e Fusquinha da alegria
Lendas e mitos cercam o imaginário dos brasileiros, não só das crianças na hora de dormir, mas também de adultos, pessoas que moram mais perto da mata. São histórias de seres encantados que às vezes fazem o bem, outras não, que podem defender a natureza ou pregar peças nos moradores da região. Tem gente que jura que já viu, outros que não acreditam e aqueles que morrem de medo. Vamos nos lembrar de alguns personagens que fazem parte da oralidade da região de Canaã dos Carajás.
Vamos lá!
1) Peça para os estudantes lerem os seguintes trechos em voz alta:
Página 37: “Tinha sempre causo de onça, anta e cobra, e muita era a curiosidade pelo ‘capelobo’, criatura que só tinha no Pará. O povo dizia que era um bicho virado de indígena velho, do tamanho de uma anta, só que mais veloz. O focinho comprido assim como o do tamanduá, danado de peludo e bebedor de sangue. Soltava poderosos rugidos e deixava um rastro redondo, como fundo de garrafa – era uma criatura medonha.”
Página 46: “Estrada de terra, vento e poeira, uma combinação perfeita: chegava todo mundo com os cabelos vermelhos, parecendo curupira. Às vezes, o carro quebrava na estrada e o povo aproveitava para entrar nas matas para colher o ouriço da castanha-do-pará.”
2) Pergunte aos estudantes quais histórias já ouviram, contadas pela família e ou amigos que moram no município. Quais outros seres fantásticos “existem” além do capelobo?
3) Essa investigação pode se estender para casa. Peça que os jovens conversem com os integrantes mais velhos da família ou vizinhos moradores da rua e do bairro. Qual o nome, seus costumes, é um ser que faz o bem?
4) Depois de descobrir outros mitos, vamos organizar um álbum do folclore local, organizando desenhos, detalhando a personalidade desses seres imaginários e histórias ouvidas pelos estudantes
Mandando mensagens
Contos: Um anjo na TelePará e A cidade que desapareceu do mapa
Os estudantes de hoje já nasceram cercados pela tecnologia: celulares, computadores e internet. É difícil até imaginar profissões de antigamente e a ausência dessas “novidades” tão comuns atualmente.
Na década de 1990, os celulares chegaram nos grandes centros do Brasil, mas, em regiões mais afastadas, ainda eram as telefonistas que realizavam as ligações. Como vimos no conto Um anjo na TelePará, a funcionária tinha que conhecer todos os moradores, e fazia parte de sua rotina anotar recados e atender a chamados de emergência às altas horas da noite.
Já no conto A cidade que desapareceu do mapa, outra estranheza pode ser criada: com a falta de notícias, sem aparelhos de televisão, muito menos computadores, os moradores dependiam dos programas de rádio para acompanhar as notícias de outros lugares ou do restante do país.
Vamos conversar sobre essas diferenças e refletir como mandamos mensagens atualmente. Trocamos as longas e esporádicas cartas recheadas de detalhes por mensagens instantâneas, muitas vezes com pouco significado.
Vamos lá!
1) Peça para os estudantes lerem os seguintes trechos em voz alta:
Página 42: “Jocênia, que conhecia bem as letras e os números, foi contratada, junto com acolega Sandra, para o cargo de telefonista. Na época, ninguém por ali sonhava em ter telefone em casa, e só mais tarde instalaram, além do posto, outras linhas nas fazendas Umuarama e Pouso do Sol. O mais comum, na ocasião, era que os moradores recebessem novidades por carta e, de emergência, viajassem para uma cidade vizinha para ligar. ”
Página 51: “Para saber notícias do resto do Brasil, só pelo rádio de pilha. Nunca teve energia em Racha Placa: alumiavam a escuridão lamparina, lanterna ou vela. Pegava só o sinal da Rádio Nacional, de Brasília. O programa ‘Você de lá, eu de cá’ ia ao ar à noite, com muita música sertaneja e recados que os ouvintes enviavam para todo o país. Em dia de jogo de futebol, reuniam muitos em torno do aparelho. Pilha era artigo de luxo que os colonos compravam em Xinguara.”
2) Vamos conversar sobre o tema Memórias virtuais.
Pergunte como os estudantes se comunicam hoje em dia: redes sociais, whatsapp, youTube. São tantas ferramentas online… O que os estudantes compartilham nessas plataformas?
Fotos, vídeos e pouco texto. Provavelmente, foram essas as conclusões obtidas na primeira reflexão.
3) Vamos propor a escrita de cartas! Os estudantes vão escrever à mão acontecimentos do seu dia a dia e escolher um amigo para enviar um envelope por correio. Peça para que troquem endereço com CEP e postem as cartas, anotando o dia do envio. O conteúdo deve ser surpresa (sem spoiler!). As cartas podem ter fotos impressas, ingressos de cinema, folhas de árvores recolhidas no caminho ou uma borrifada de perfume. Antigamente, as cartas eram especiais, um momento esperado entre amigos que trocavam novidades e também confidências.
4) Ao receber as cartas, vamos conferir quanto tempo levou para serem entregues nas residências. Reúna a turma e converse sobre a experiência, o longo processo de enviar e receber notícias, e um “gostinho” de como era ser adolescente na década de 1990.