A roça e o rio Daniel botou uma roça quando chegou na VP-13, estrada que passa por Vila Bom Jesus. Tirou o mato, foi tratando de roçar com foice e plantou melancia, maxixe, abóbora, feijão e milho. O milho deu bom de espiga. Um milhão bonito que só vendo. Logo vendeu uns cinco sacos para um cabra conhecido, que ia fazer pamonha para vender em uma festinha da igreja. Era também muita abóbora, quando olhava assim era tudo vermelhinho de abóbora Ali próximo estava o Garimpo do Sossego. Foi lá que ele conheceu o amigo Rio Grande, que não tinha esse nome à
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toa! Era forte como o rio que banhava a roça, o rio Arara. Volta e meia, Rio Grande levava uma abóbora e um feijão para si. Quando o Garimpo do Sossego teve fim, o compadre deixou a vida de garimpeiro, se juntou na empreitada e veio roçar a terra mais Daniel. Infelizmente, nem sempre a sorte agraciava aquele roçado. Teve a ocasião em que o céu ficou cor de chumbo e choveu foi muito. Toró d´água. O rio ficou tão grande que inundou a roça, ficou tão grande como o amigo Rio Grande. A água cobriu o milho todinho, ficaram só as pontinhas dos pendões de fora. E as abóboras ficaram todas a riba d’água. Mas os dois não desanimavam e plantavam de novo.
Quando não estavam colhendo, Daniel mais Rio Grande iam caçar e pescar. Numa ocasião avistaram uma onça devorando uma anta na beira do rio. A malhada era grande. Daniel vendo aquela arrumação disse: “Menino, vou tirar um pedaço dessa anta pra gente comer”. Daniel e Rio Grande ficaram lá aguardando a bicha se satisfazer. Também apetecia aos dois carne de caça e um
naco da anta no churrasco ia cair bem. Quando a onça ficou de bucho cheio e se embrenhou pela mata, os dois correram para buscar o quarto do bicho que a pintada tinha largado para trás, antes que outros animais brigassem pelo quinhão deles. Valeu esperar, nessa tarde, além dos legumes e do feijão, tiveram carne no prato e também se fartaram.
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