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OTORRINO

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PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

O QUE FAZER QUANDO SENTIMOS DOR DE GARGANTA? SERÁ QUE DEVEMOS AUTOMEDICAR-NOS OU, PELO CONTRÁRIO, CONSULTAR DE IMEDIATO O MÉDICO? Dores de garganta

AUTOMEDICAÇÃO OU MÉDICO?

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APROXIMA-SE A ÉPOCA DE INVERNO e a queixa mais frequente quando ficamos doentes é a dor de garganta. Define-se como uma sensação desagradável, desde a simples ardência ou comichão até à dificuldade e dor em engolir. Esta é, sem dúvida, a mais frequente, porque interfere na deglutição.

A garganta representa a zona da boca que é comum ao aparelho digestivo e respiratório. As amígdalas, a faringe, a laringe, a glote e a úvula são os principais elementos envolvidos na origem dos sintomas. Qualquer alteração em cada um deles pode ser decisiva para a queixa de que estamos a falar.

As principais causas e as mais frequentes são as infeções, mas outras, como traumatismos locais ou alergias, são possíveis. Todos os grupos etários são atingidos, embora as crianças sejam, indiscutivelmente, as mais afetadas.

CAUSA MAIS FREQUENTE

As infeções são a causa mais frequente da dor de garganta e também a mais preocupante. Por um lado, podem necessitar de tratamento médico; por outro, o contágio é um problema de saúde pública e uma responsabilidade de cada um para evitar a transmissão da doença. Todos nós já sentimos nos nossos filhos uma maior vulnerabilidade à doença desde que começam a frequentar os infantários e as escolas.

Embora tratando-se de uma patologia benigna, a dor de garganta não deve ser descurada, evitando-se assim complicações francamente graves

A infeção apresenta-se com vários sintomas e sinais, mas a febre é o principal sinal de alerta. Congestão nasal, catarro, rouquidão, tosse, expetoração, rinorreia (pingo do nariz) e, algumas vezes, em situações mais graves, dificuldade em respirar – dispneia –, são queixas frequentes e importantes para o diagnóstico e tratamento desta doença.

ANTIBIÓTICOS: SIM OU NÃO?

O que fazer quando sentimos dor de garganta? Será que devemos automedicar-nos ou, pelo contrário, consultar de imediato o médico? A possível causa, assim como a presença de alguns sinais ou sintomas, são importantes para tomarmos uma decisão.

A febre, como já foi referido, é um sinal de infeção, mas não significa a obrigatoriedade de tratamento com antibióticos. Na maioria das situações, os agentes infecciosos envolvidos são vírus, infeções limitadas no tempo, em média, três a quatro dias. Estas não são tratadas com antibióticos, medicamentos antibacterianos específicos para o tratamento de infeções onde os agentes presentes são bactérias com sensibilidade muito variada aos antibióticos.

Os antipiréticos, analgésicos e antiinflamatórios e anti-histamínicos, medicamentos de venda livre e, por isso, sem necessidade de prescrição médica, são vulgarmente utilizados com sucesso no tratamento destas viroses, ultrapassando com facilidade os sintomas presentes.

Nestes casos, a prevenção pode ter um papel decisivo, como é o caso da vacinação para a gripe. Esta, não obstante ser uma doença alargada a vários aparelhos e sistemas, atinge mais frequentemente o sistema respiratório e, concretamente, a garganta.

CONSELHO MÉDICO

Mas será isto suficiente para nos deixar descansados? Como poderemos saber se temos ou não necessidade de outro tipo de terapêutica?

De facto, só o médico nos poderá responder a estas questões. No entanto, isto não significa que o procuremos precocemente, porque no início da doença sinais importantes para o diagnóstico podem ainda não estar presentes, dado que o período de incubação, apesar de variável para cada doença infecciosa, é no mínimo de 24 a 48 horas. Assim, parece sensato, sem prejuízo nem atraso no tratamento, que neste intervalo possam ser utilizados medicamentos apenas para alívio dos sintomas. Destes, devem ser escolhidos fármacos apenas com um princípio ativo dirigido aos sintomas incómodos, e não conjuntos de várias substâncias reunidas num único medicamento, que para além de poderem ser desnecessárias, aumentam a probabilidade de reações adversas, como intolerância digestiva ou alergias, casos que são bastante frequentes.

BONS HÁBITOS PARA PREVENIR as dores de garganta

As medidas práticas que se seguem são consideradas meios eficazes de prevenir os problemas de garganta:

4BEBER LÍQUIDOS ABUNDANTES. A

água, as infusões e os sumos naturais, por exemplo, mantêm a humidade das fossas nasais e suavizam a zona.

4MANTER UM NÍVEL ADEQUADO DE

HUMIDADE. Utilize humidificadores para prevenir a secura da mucosa.

Para combater o efeito dos aquecedores, coloque um recipiente de cerâmica com água em cima dos radiadores. Os sprays nasais de solução salina também são úteis.

4EVITAR O TABACO. Fumar é o maior

irritante para a garganta.

4USAR CACHECOL. Evita-se que o ar frio

ao entrar pela boca arrefeça o pescoço.

4INGERIR VERDURAS E FRUTAS RICAS

EM VITAMINA C E BETACAROTENO.

Estes dois antioxidantes ajudam a estimular as defesas do organismo.

4NÃO SE EXPOR A CORRENTES DE AR

e a mudanças bruscas de temperatura.

4PREVENIR O CONTÁGIO. Lave as mãos

com frequência e use talheres e copo próprios, bem como lenços descartáveis. No contexto da atual pandemia, reforce as medidas e use máscara nas situações já amplamente divulgadas.

Passado esse tempo e sem evidência de melhoria, devemos procurar o médico para nos ajudar a resolver o problema. As amigdalites, faringites, laringites e até otites (estas pela irradiação da dor do ouvido para a garganta), são as situações mais comuns. Aqui, os antibióticos prescritos são essenciais para a cura. Esta decisão é muito importante e deve ser criteriosamente tomada, para que a eficácia seja máxima e as possíveis resistências reduzidas ao mínimo.

RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS

De facto, o problema da resistência das bactérias é cada vez mais uma realidade que não podemos ignorar e resulta da má utilização dos antibióticos, sobretudo quando usados por doentes sem conselho médico, em situações que não o justificavam, ou quando receitados, mas tomados incorretamente.

É importante perceber que os horários determinados para as tomas, bem como a duração do tratamento, são fundamentais para uma boa resposta à terapêutica. O papel do médico na explicação da receita é muito importante, evitando o abandono antes do tempo, situação frequente quando o doente acha que está curado e que não precisa de tomar mais medicamentos.

Por sua vez, a resposta inicial ao antibiótico, bem como os possíveis efeitos colaterais, têm de ficar muito bem esclarecidos, para evitar ansiedades desnecessárias que, quase sempre, levam o doente a consultar de novo o médico antes de um período de tempo considerado minimamente razoável para se começar a sentir melhor.

Podem ocorrer complicações, mas também estas devem ser referidas na consulta, para que o doente fique alertado e não seja surpreendido.

EVITAR COMPLICAÇÕES GRAVES

Cumpridas, de uma forma geral, todas estas indicações, é com uma grande probabilidade de sucesso que ultrapassaremos todos os problemas relacionados com a dor de garganta. Embora tratando-se de uma patologia benigna, não deve ser descurada, pois temos exemplos do tempo dos nossos avós, em que doenças cardíacas e reumáticas eram complicações de amigdalites não tratadas. Felizmente que, nos tempos modernos, a facilidade de recurso ao médico e aos tratamentos eliminou quase por completo todas essas histórias.

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