Revista TopGesto – Edição 03

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991282451/2011-DR/SC

NK

gestão segura em saúde

Próteses biônicas Os obstáculos e as pesquisas na área

Motivação

As técnicas universais que incentivam trabalhadores

Franchising

O porquê das poucas franquias no mercado da saúde

“O bom médico e o bom gestor têm em comum o dever para com o próximo” Roberto Luiz d’Avila, presidente do Conselho Federal de Medicina, fala sobre o fortalecimento da área médica no Brasil.

NEGÓCIOS   •  GESTÃO   •  TECNOLOGIA   •  ESPECIALIZAÇÃO   •  LAZER editora publish edição 3 NOVEMBRO 2011 R$ 12,90




Editorial Chegamos à terceira edição da nossa revista

em saúde no Brasil. Esta edição traz ao leitor

TopGesto. A cada novo número, procuramos

o regulamento do concurso, que vai premiar

dar um formato mais focado em nossas edi-

o(s) escolhido(s) por uma comissão julgadora,

torias, voltando matérias para

dentre aqueles que tiveram seus casos publi-

o nosso público-alvo, gestores

cados no decorrer do ano, com R$ 20.000,00

de clínicas e hospitais, médicos,

em dinheiro, quando da edição da Feira Hos-

dentistas, fisioterapeutas, fono-

pitalar em São Paulo. Outras informações so-

audiólogos, psicólogos, enfer-

bre o concurso GestoTop podem ser obtidas

meiros e todos os outros que

no nosso portal www.topgesto.com.br.

atuam na área de saúde em favor do ser humano.

Valéria Negromonte Beduschi Presidente da TopGesto

Outras novidades magníficas ocorreram no portal www.topgesto.com.br. Dentre elas,

A receptividade das edições

podemos destacar a entrada na web do “Blog

anteriores só fez aumentar a

do Nemetz”, no qual nosso diretor geral Car-

responsabilidade e o compro-

los Nemetz passou a publicar artigos e co-

misso com nossos leitores. Fo-

mentários sobre o mundo da saúde. Já no

ram dezenas de manifestações

seu primeiro mês de veiculação, o “Blog do

de agrado e de boas-vindas para

Nemetz” passou a ser a página mais visita-

nossa revista TopGesto, reme-

da do nosso portal. Vale frisar também, que

tidas através de vários meios

ingressamos com o pé direito no Facebook e

de comunicação. Somos gratos

Twitter, e já somamos mais do que dois mil

por esse imenso apoio e por ma-

amigos e seguidores nas redes sociais. Adi-

nifestações, que só vêm a con-

cione você também nossa página ao seu rol

firmar que estamos no caminho certo, pre-

de amigos e siga-­nos no Twitter, pois diaria-

enchendo, com inovação e qualidade, uma

mente lançamos notícias e novidades nessas

lacuna editorial então existente no Brasil.

ferramentas.

Em busca de melhoria contínua, lançamos,

Também é com grande alegria que infor-

nesta edição da revista TopGesto, novas edito-

mamos aos nossos leitores que estamos pro-

rias. A primeira delas é a Saúde S.A., que vai

gramando, se possível já para o primeiro se-

trazer aos leitores um apanhado do mundo

mestre de 2012, um curso de Gestão de Riscos

dos negócios que envolve a área de saúde no

em Serviços de Saúde, que a princípio deverá

Brasil e no mundo. Essa coluna é assinada por

ocorrer em convênio com uma das mais des-

Lenita Neves Gonçalves, experiente e bem ti-

tacadas escolas de negócios do mundo, na ci-

tulada administradora na área de saúde.

dade de Curitiba/PR.

Além disso, lançamos o concurso Gesto-

Ainda em relação aos projetos que iremos

Top, que a cada edição da revista TopGesto

consolidar em 2012, lançaremos na web a TV

vai destacar pessoas, produtos ou serviços

TopGesto/Saúde, fortalecendo nosso compro-

que contribuíram para a melhoria da gestão

misso com a informação e gestão em saúde.


PRESIDENTE VALÉRIA NEGROMONTE BEDUSCHI CONSELHO EDITORIAL EDUARDO PETIT Publicitário

Cartas dos Leitores Acompanho a revista desde a pri-

eu retornarei a esses lugares e irei

meira edição e fiquei contente com

procurar ambos os centros de refe-

a alteração na periodicidade. Agora

rência. Parabéns pela seleção!

poderemos acompanhar as princi-

Mário Mafra — São Paulo, SP

FRANKLIN L. BLOEDORN CEO Hospital e Maternidade Brasil SA e Surveyor na Joint Commission International LEONARDO AGUIAR Médico Cirurgião Plástico LUIZ CARDOZO Executivo de mídia LUIZ CARLOS NEMETZ Advogado especialista em direito médico e da saúde MORTON SCHEINBERG Médico no Hospital Israelita Albert Einstein

pais discussões e assuntos sobre gestão em saúde. Falta no mercado uma

Como dentista, sempre consumi

revista como esta, e recebê-la a cada

publicações voltadas para a área

dois meses será ótimo.

da saúde e, apesar de abordarem

Abraço fraterno.

assuntos interessantes para todos

João Felipe Soares — Curitiba, PR

os profissionais do setor, notei que as publicações de saúde dão uma

Não conhecia a Dr. Waleska Santos

preferência às pautas relacionadas

e fiquei impressionado com a gui-

aos médicos e acabam esquecendo

nada que ela deu em sua carreira.

das outras categorias da saúde —

É um exemplo e incentivo para as

como a minha. Na última edição,

pessoas que estão insatisfeitas com

acompanhei a história do odontó-

o seu trabalho acharem um novo

logo Eduardo Caputo e a matéria

rumo. Bom trabalho, e espero que

interessantíssima sobre especializa-

a terceira edição mantenha a qua-

ções na odontologia da repórter Vê-

lidade e traga assuntos tão interes-

ronica Lemus. Gostei de ver que na

santes para os profissionais da área

TopGesto a nossa profissão também

da saúde quanto as duas anteriores.

é valorizada através das pautas,

Parabéns pela iniciativa!

abordagens e entrevistas, assim co-

Juliana Coanni — Porto Alegre, RS

mo todas as outras do setor devem ser. Abraço!

Sou médico em São Paulo e adoro

Roberto Duarte — Niterói, RJ

viagens, tanto profissionais quanto a lazer. A ideia da revista de mistu-

Estou encantada com o conteúdo da

rar destinos com dicas de hospitais

revista TopGesto. É o tipo de mate-

é interessantíssima e vai facilitar as

rial que faltava no mercado. Para-

escolhas pelos roteiros para muitos

béns! Sucesso a toda a equipe.

profissionais. Já fui a Buenos Aires

Fabíola Longo Kreutzfeld — men-

e a Amsterdã, e com certeza, nas

sagem enviada através do Face-

próximas oportunidades que tiver

book da TopGesto

Envie-nos comentários, sugestões e críticas para o email: revista@topgesto.com.br

DIRETOR GERAL JÁDER MELILO ASSISTENTE EXECUTIVA LUANA FERRAZ DIRETOR ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO WILIAN ZANATTA DIRETORA DE OPERAÇÕES THAÍS RIGHETTO DIRETOR DE CRIAÇÃO DANIEL PONTBRIAND DIRETOR COMERCIAL TADEU SABINO EDITORA GERENTE EXECUTIVA THAÍS ALMEIDA EDITORA-CHEFE FERNANDA FRIEDRICH ANALISTA DE CONTEÚDO LUIZA ZECCER DESIGNERS LETÍCIA EITERER SAULO DEBONI VALERIA GONZAGA REPÓRTERES FERNANDA FRIEDRICH JOÃO GUSTAVO MUNHOZ MARÍLIA MARASCIULO TOMÁS PETERSEN VERÔNICA LEMUS REVISÃO DANIELA CUCOLICCHIO IMPRESSÃO GRÁFICA COAN TIRAGEM 5.000 EXEMPLARES AUDITORIA ADVISER


Índice

Novembro/Dezembro 2011

A partir desta edição separamos o conteúdo da revista TopGesto em seis seções representadas por cores distintas: Especial, Negócios, Gestão, Tecnologia, Especialização e Lazer. Nelas, você encontrará reportagens, notícias e pontos de vista sobre o sobre o setor de gestão em saúde. Com a divisão ficou mais fácil para você localizar as matérias sobre o assunto que procura, podendo ir diretamente ao que mais o interessa. A TopGesto deseja a você uma ótima leitura!

Especial

Negócios

Gestão

Entrevista com Roberto Luiz d’Avila

Sol e ar fresco

O mundo das franquias

O presidente do CFM fala em entrevista exclusiva. Página 30

A importância da iluminação e da circulação de ar na construção. página 08

Empresas de saúde aos poucos aderem à tendência mundial. PÁGINA 22

12 Opinião: Em foco: medicina moderna

18 Bem-estar: A arte de motivar

“Respeitem os pacientes em sua dignidade e autonomia. Além disso, busquem refúgio na ética e terão pela frente um caminho longo, árduo, mas extremamente promissor.”

Foto de capa: Eduardo Tayer Produção: Luiza Zeccer

14 Opinião: O que eles pensam sobre pilates? 16 Franklin Bloedorn: Para onde estamos indo e para onde deveríamos ir!

24 Economia: Panorama dos planos de saúde 26 Newton Quadros: A criatividade da interpretação humana 36 Saúde S.A.: Notas sobre o mundo da gestão em saúde


Tecnologia

Especialização

Lazer

Homem biônico

Células-tronco

A joia do Caribe

As pesquisas, os preços e os beneficiados com as próteses biônicas. PÁGINA 40

Pesquisas brasileiras indicam o uso revolucionário na odontologia. página 58

Paisagens magníficas e um hospital surpreendente marcam Cartagena. página 70

38 D o mundo para o Brasil: Gestão em tempo real

60 A valiação: Em busca da administração ideal

74 H obby: Entre consultas e melodias

44 Tecnologia: Investindo alto em um sonho

66 TopGesto: Conhecendo o programa TopGesto

78 Top Leitura: Para ler e aprender

46 Hi-tech: Medicina em evolução

68 Agenda de eventos

50 Inovação: As novidades do setor de enfermagem 54 A line Dalmarco: Registro de enfermagem e suas implicações legais

80 GestoTop: Uma ação do bem 82 Aconteceu: O início de uma trajetória Top


Fotos: Shutterstock

8

MED Design

Sol e ar fresco A iluminação e a circulação de ar em ambientes hospitalares podem parecer, a princípio, meros sistemas funcionais. Mas esses sistemas estão muito mais ligados à saúde e ao bem-estar do que se imagina / por Verônica Lemus

“A luz é o que dá vida para o espaço, o ser humano compreende os volumes, cheios e vazios através da luz e da sombra”. É assim que o arquiteto Gustavo Pinto começa a explicar a importância de uma iluminação correta, seja em um ambiente hospitalar ou não. A falta de planejamento ou instalações inadequadas podem produzir efeitos negativos que acabam afetando o ser humano tanto biológica como psicologicamente. Fadiga, redução da produtividade, estresse do sistema visual e alteração do ciclo circadiano — que corresponde ao período de aproximadamente 24 horas em


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Com a necessidade atual de redução de consumo energético, a luz natural deve ser aproveitada, além de ser benéfica para os pacientes, dandolhes a noção de temporalidade.

que são regulados todos os demais

ve ser indireta e de pouca inten-

ciclos do corpo humano e que so-

sidade nas circulações, já nos pos-

fre influência da luz solar — são

tos de trabalho deve ser utilizada

os principais efeitos nocivos que

a iluminação direta. Segundo Ma-

um planejamento incorreto da luz

rilice, no caso de deslocamento à

pode provocar. “Todo ambiente

noite, o staff — a equipe que tra-

precisa ter definidas suas funções

balha no hospital — não deve cau-

e necessidades técnicas antes de

sar desconforto aos pacientes. Por

Todo ambiente precisa ter definidas suas funções e necessidades técnicas antes de definirmos o tipo de iluminação a ser utilizado. A distribuição da iluminação deve ocorrer de forma flexível para que possamos criar vários cenários.

definirmos o tipo de iluminação a

isso, as luminárias devem ter bai-

ser utilizado”, explica Gustavo. “A

xa iluminância e serem colocadas

anamnese e é fundamental para

distribuição da iluminação deve

próximas do nível do piso, pois o

qualquer diagnóstico ou mesmo

ocorrer de forma flexível para que

chão deve estar iluminado para

para o acompanhamento do pa-

que os deslocamentos noturnos se

ciente quando internado”, explica.

possamos criar vários cenários.” Nas salas de cirurgia, por exem-

tornem mais seguros.

Por isso, para a iluminação geral, a lâmpada deve fornecer um bom

plo, o campo visual cirúrgico do

Nos quartos, próximo à cabe-

médico está restrito à cor verme-

ceira dos leitos, são necessárias

Índice de Reprodução de Cores

lha, que possui uma intensidade

luminárias que permitam dife-

(IRC), que seja o mais próximo da

estressante. Além disso, tal cam-

rentes níveis de luz e alteração

luz solar, reprodução considerada

po se encontra sob fonte de altís-

do campo de iluminação. “Se o

“verdadeira” por muitos. Mas deve-

sima iluminância e, segundo Gus-

médico for examinar o paciente,

-se ter cuidado com lâmpadas que

tavo, uma luz direta, dependendo

a luz deverá ser mais intensa do

tenham bom IRC e cuja iluminân-

da sua localização, pode ofuscar

que no caso de um enfermeiro

cia é muito intensa. “Sob o facho

ou interferir na precisão de um

prestar um auxílio, como alcançar

dessas lâmpadas, as pessoas sentem-se em uma vitrine.”

procedimento. “Também é preci-

água, por exemplo”, explica Mari-

so que os ambientes de acesso à

lice. Além disso, o ciclo circadiano

Não são apenas as luzes artifi-

sala de cirurgia possuam 50% da

deve ser preservado sempre que

ciais que podem ser adaptadas e

iluminância do campo cirúrgico e,

possível. “A luz intensa pode des-

planejadas. “A luz natural é sem-

gradativamente, a intensidade da

pertar o ciclo que se tem durante

pre necessária e torna os proje-

o dia, preparando o organismo pa-

tos mais sustentáveis. Existem di-

olho se adapte aos poucos e não

ra as atividades diurnas e tirar o

versos ambientes onde podemos

sofra com uma luz tão intensa”,

sono dos pacientes à noite, impe-

utilizá-la, desde que localizada a

explica Marilice Costi, arquiteta,

dindo a recuperação ou exigindo

abertura para coleta dessa luz de

arte-terapeuta e editora-chefe da

maior consumo de medicação.”

luz deve ser reduzida para que o

forma adequada”, esclarece Gusta-

Outro fator que também se de-

vo. “Devemos posicionar os sheds

Ou seja, para cada ambien-

ve levar em conta no momento de

— estrutura utilizada, principal-

te, existe uma luz adequada. Nas

planejar a iluminação é a fidelida-

mente, em coberturas de constru-

revista O Cuidador.

Unidades de Terapia Intensiva

de da cor. Segundo Marilice, em

ções para facilitar a iluminação e

(UTIs), local de muito trabalho e

qualquer superfície a cor resultan-

ventilação de fábricas — para o

situações de emergência, a reco-

te sempre se dará em função da

Sul, onde não temos a incidência

mendação é luz dirigida com mui-

cor produzida pela lâmpada com a

direta do sol nos ambientes. Corre-

ta intensidade e bem distribuída.

cor refletida pelo ambiente. “A cor

dores, recepção, refeitórios, lavan-

Durante a noite, a iluminação de-

da pele do paciente faz parte da

deria, almoxarifado, consultórios


10

Em qualquer superfície, a cor resultante sempre será em função da cor produzida pela lâmpada com a cor refletida pelo ambiente. A fidelidade da cor é importante para a anamnese.

e outros espaços podem ser bene-

Nos quartos, luminárias que permitem diferentes iluminâncias e alteração no campo de iluminação podem auxiliar pacientes e a realização de exames médicos.

mar.” Isso acontece, muitas vezes,

humano. Se já somos vulneráveis

ficiados por esse recurso natural”,

porque as lâmpadas recomenda-

a eles quando estamos saudáveis,

completa o arquiteto.

das não foram encontradas no

em um situação hospitalar, a expo-

mercado ou por haver interesse

sição e propensão a eles aumentam.

Estudos comprovam que a luz solar pode contribuir para a recu-

na redução do consumo de luz.

Os sistemas de circulação de

peração do paciente. “O período

Dessa forma, acaba-se por substi-

ar utilizados em ambientes hospi-

de internação é reduzido quando

tuir lâmpadas incandescentes por

talares são planejados de acordo

o paciente tem noção de tempora-

fluorescentes compactas em lu-

com a norma NBR 7256 da Agên-

lidade, quando pode observar as

minárias que não foram projeta-

cia Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Segundo essa norma, as

mudanças da luz durante o dia ao

das para este tipo, resultando em

ter acesso à vista para o ambiente

ofuscamento e não aproveitamen-

instalações de tratamento de ar

externo”, conta Marilice. Por isso,

to da lâmpada. “Vemos muito isto:

devem controlar as condições ter-

novos projetos de UTIs têm pen-

reduz-se o consumo mas perde-se

moigrométricas — relação entre

sado no aproveitamento da luz

na qualidade de iluminação”, con-

temperatura e umidade —, grau

natural, planejando janelas com

ta Marilice.

de pureza, renovação e movimen-

Circulação de ar

vação do ar a operação de capta-

persianas que permitem o controle da iluminação solar.

tação de ar. “Entende-se por reno-

Sobre os cuidados de manu-

Nosso ar é composto por oxigênio,

ção de uma determinada taxa de

tenção com a iluminação, Mari-

nitrogênio e outros gases e partí-

ar do meio exterior que é mistu-

lice explica que se deve sempre

culas emitidos tanto pela natureza

rada à circulação de ar pelos sis-

respeitar as funções e o ambiente

como por processos industriais e

temas de climatização”, explica o

no qual será feita a reposição de

combustão de motores. Mas não

engenheiro César Augusto de San-

lâmpadas ou qualquer outro tipo

é apenas isso que circula no ar

ti, 1º vice-presidente da Associa-

de reparo. “Um dos problemas

que respiramos: bactérias, vírus,

ção Sul Brasileira de Refrigeração,

que se observa com frequência é

fungos e outros germes também

Ar Condicionado, Aquecimento e

a substituição de lâmpadas. Reato-

fazem parte dele. Como sabemos,

Ventilação (ASBRAV).

res e lâmpadas devem ser compa-

esses micro-organismos podem

Segundo César, a ausência des-

tíveis, caso contrário podem quei-

causar doenças e alergias no ser

sa renovação em um sistema de


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As instalações de tratamento de ar devem controlar as condições termoigrométricas — relação entre temperatura e umidade —, grau de pureza do ar e renovação e movimentação de ar. Aumento da taxa de CO2 pode causar sonolência, perda de rendimento no trabalho, aumento da probabilidade de contração de doenças respiratórias, entre outros.

climatização ou ventilação, princi-

senta temperatura e umidade re-

que realizam, os profissionais da saúde convivem com riscos até

palmente em ambientes confina-

lativa compatíveis com o conforto

dos, provoca um aumento da taxa

humano. “A temperatura é o fator

mais elevados de contaminação

de CO2, resultando em sonolência,

mais sensível para as pessoas”, ex-

do que os pacientes, e devem estar

perda de rendimento no trabalho,

plica o arquiteto Marcos Barbedo.

sempre atentos às boas práticas

aumento de probabilidade de con-

Segundo Marcos, o confor-

de assepsia. “Por exemplo, temos

tração de doenças respiratórias,

to e a segurança biológica são as

os farmacêuticos que manipulam

entre outras manifestações que

principais funções dos sistemas

materiais tóxicos, como os utiliza-

atingem o ser humano. “A concen-

de circulação e condicionamento

dos na quimioterapia. Eles devem ser protegidos para não correr o

tração de contaminantes nesses

do ar em hospitais, situação mais

ambientes fechados pode chegar

fácil de visualizar quando pensa-

risco de inalar ou entrar em con-

a ser dez vezes maior do que a

mos nos pacientes. “A maioria dos

tato com esses materiais. Por is-

concentração no meio exterior (ar

pacientes encontra-se com imu-

so, os sistemas de ventilação e

livre) se o ar não for devidamente

nodeficiência, seja devido a doen-

circulação de ar no ambiente de

tratado e renovado.”

ças infecciosas ou em processo de

trabalho desses funcionários são

Em estabelecimentos de saúde,

recuperação cirúrgica”, conta Cé-

planejados para proporcionar se-

que exigem alto nível de assepsia,

sar. “Por isso, esses pacientes têm

gurança durante a atividade”, ex-

devem-se redobrar os cuidados

maior probabilidade de contami-

plica o arquiteto Marcos.

com todas as etapas do tratamen-

nação, tanto superficial — pelo

Sobre os cuidados com a ma-

to de ar — climatização, ventila-

contato —, como pelo ar”. Assim,

nutenção mecânica dos equipa-

ção e filtragem —, para que não

uma boa recuperação do pacien-

mentos de tratamento do ar, tanto

haja proliferação nem cultura dos

te depende do ambiente, que deve

o arquiteto Marcos como o enge-

elementos nocivos. De acordo com

estar o mais limpo possível e em

nheiro César concordam: é neces-

De Santi, um ar de má qualidade é

condições confortáveis de tempe-

sário manter um cuidado constan-

aquele que, além de possuir um

ratura, umidade e limpeza do ar.

te com a limpeza dos sistemas e a

grau de sujidade elevado, carre-

A equipe médica também é vul-

troca dos filtros de ar, que devem

gado de vírus, bactérias, germes

nerável aos efeitos de um ar mal

ser sempre realizadas por uma

e outros particulados, não apre-

ventilado. Por conta do trabalho

equipe capacitada. •


12

opinião

Em foco: medicina moderna Considerada como tendência, a cirurgia minimamente invasiva — tema da editoria especialidades da saúde da edição anterior — divide opiniões de médicos brasileiros / POR TOMÁS M. PETERSEN

Dr. Miguel Prestes Nácul Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Videocirurgia (SOBRACIL) e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Minimamente Invasiva do Hospital Moinhos de Vento

“A videocirurgia é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo que permite o monitoramento da operação em tela de vídeo e a realização de intervenções cirúrgicas a partir de vísceras ocas ou por pequenas incisões de acesso a cavidades e espaços corpóreos. A exploração da cavidade abdominal se define como videolaparoscopia. Além de evitar as grandes e dolorosas incisões de acesso da cirurgia convencional, a laparoscopia permite a realização da operação com o mínimo de trauma parietal, ao mesmo tempo em que evita exposição, resfriamento, dissecção, manipulação e afastamento forçado dos tecidos e órgãos abdominais. Como resultado disso a dor pós-operatória e as complicações de ferimentos se reduzem e a recuperação é acelerada. Os resultados estéticos também são melhorados. Entre as dificuldades relacionadas com o cirurgião, incluem-se a coordenação de olhos e mãos e a distân-

Foto: Shutterstock

cia da manipulação cirúrgica, perda da manipulação manual direta e da sensação tátil, e a imagem bidimensional dos sistemas de câmeras atuais. Lesões causadas por eletrocirurgia são um perigo potencial especial.”


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Dr. Raynold Santos Monteiro São Paulo, São Paulo

Dr. Luiz Henrique Coelho Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Chefe da equipe de cirurgia cardíaca do Hospital Beneficência

Diretor da Seccional Metropolitana I da SBACV/RJ

Portuguesa de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de

e médico especialista em Angiologia/Cirurgia

Cirurgia Cardiovascular, formado pela Universidade Federal do Pará

Vascular e Endovascular

“A cirurgia cardíaca minimamente invasiva (CCMI), com

“Prevendo que as incisões de pele poderiam um dia ser

pequenas incisões, videoassistida ou robótica teve ini-

abolidas e a maioria das doenças vasculares tratadas à

cio no Brasil na década de 80.

distância com uso de cateteres, Charles Dotter criou em

Em nosso grupo, começamos com a CCMI em julho

1964 os primeiros conceitos do que chamamos hoje de

de 1996, com técnicas de mini-incisões (minitoracoto-

cirurgia vascular minimamente invasiva ou, simples-

mia e miniesternotomia), e desde então estamos em

mente, cirurgia endovascular.

contínuo aprimoramento tecnológico: atualmente faze-

A partir de 1990, quando o argentino Parodi fez a pri-

mos implante de valvas cardíacas e correções de aneu-

meira correção de um aneurisma de aorta abdominal,

rismas e dissecções da artéria aorta com mini-incisões

usando apenas duas incisões de 4 cm na virilha, pratica-

na virilha do paciente. A CCMI pode ser realizada em

mente toda cirurgia vascular chamada de convencional

pacientes com cardiopatias congênitas, arritmias car-

(ou aberta) passou a ter uma alternativa equivalente,

díacas, valvopatias cardíacas e cirurgias de coronárias

usando-se apenas cateteres, fios-guias e endopróteses

(ponte de safena).

através de um pequeno orifício de agulha na pele. Como

A evolução tecnológica da medicina é uma constante.

vantagens, as novas técnicas, em geral, trazem recupe-

Estamos diante do futuro que proporciona aos pacien-

ração e retorno às atividades mais precoces, menor per-

tes cardiopatas um menor risco cirúrgico, um melhor

da sanguínea, redução do tempo de internação, menor

resultado pós-operatório, melhor qualidade de vida e

estresse cirúrgico, baixo consumo de analgésicos, dimi-

recuperação dos pacientes junto a seus familiares.”

nuição do tempo operatório, e muitas podem ser realizadas sob anestesia local, entretanto seus custos ainda são elevados e algumas intervenções ainda precisam

Dr. Jorge Ruttkay Pereira

mostrar sua superioridade sobre as já consagradas.”

Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Gestor do Serviço de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Sistema de Saúde Mãe de Deus e Especialista em Cirurgia Geral pelo Conselho Federal de Medicina

Dr. Isaac Walker Vitória, Espírito Santo

Especialista em cirurgia do aparelho digestivo, formado

“A expressão cirurgia minimamente invasiva normal-

pela Universidade Federal de Goiás e membro da

mente está relacionada às cirurgias endoscópicas (la-

International Liver Transplantation Society

paroscópicas, no meu caso). Essas cirurgias, realizadas através de incisões muito pequenas, costumam ser com-

“A cirurgia geral e a do aparelho digestivo estão cami-

paradas favoravelmente às cirurgias ditas convencio-

nhando a passos largos para a cirurgia minimamente

nais ou abertas, realizadas através de amplas incisões.

invasiva, contrariando um pensamento do passado:

O que se deve ter em mente, no entanto, é que a invasi-

grandes cirurgiões, grandes incisões. Atualmente conse-

vidade de procedimentos cirúrgicos não depende única

guimos realizar grande parte dos procedimentos cirúr-

e exclusivamente do tamanho das incisões. Quando se

gicos através de mínimas incisões e até mesmo orifícios

considera, por exemplo, a realização de uma cirurgia

naturais como a cicatriz umbilical, vagina, reto, etc. En-

de redução de estômago para obesidade, a magnitu-

tretanto, deve-se ter uma equipe com treinamento em

de da invasão da cavidade abdominal é basicamente a

cirurgia laparoscópica avançada e equipamento ade-

mesma, seja a cirurgia aberta ou videolaparoscópica. A

quado. Essas técnicas são chamadas de NOTES (Natural

grande diferença, vantajosa para a técnica laparoscópi-

Orifice Transluminal Surgery) e SINGLE PORT ou SILS

ca, é o tamanho do acesso (incisão).”

(Single Incision Laparoscopic Surgery).”


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opinião

O que eles pensam sobre pilates? A TopGesto foi atrás de pessoas que opinaram sobre a efetividade do pilates / POR TOMÁS M. PETERSEN

Débora Dias Rio Grande, Rio Grande do Sul

Marcela Meyer Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Dentista, 47 anos

Estudante, 20 anos

Faço pilates há quatro anos e acho muito bom: ajuda na

Fiz pilates por dois anos, parei um, e no começo deste

postura, na tonicidade muscular, se faz muito alonga-

ano voltei. Eu procurei fazer pilates porque tenho pro-

mento – o que é ótimo. Como a minha postura no traba-

blemas nos joelhos e nas costas, e meu médico disse pa-

lho é muito ruim, pois sou dentista, tinha muitas dores

ra eu fazer fisioterapia ou pilates. Melhorou muito meu

nas costas e nos ombros, que foram amenizadas depois

alongamento, além de ajudar na tonicidade muscular,

que comecei a fazer pilates.

então nem preciso fazer musculação. Trabalha também o equilíbrio e a respiração!

Rosane Kohn Joinville, Santa Catarina

Empresária, 40 anos

Olga Pfeifer Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Empresária, 46 anos

Resolvi fazer pilates porque várias mulheres famosas e bonitas (Luisa Brunet, Deborah Secco, por exemplo) fa-

Comecei a fazer pilates há quase dois anos, por reco-

ziam, e eu achava o corpo delas muito bonito e fui me

mendação de amigos. Precisava fazer exercícios, pois

interessando. Gostei do que pesquisei sobre o assunto e

estava levando uma vida sedentária. A experiência tem

resolvi fazer uma aula experimental. Estou fazendo há 1

sido a melhor possível! É um maravilhoso exercício pa-

ano e 4 meses. Já troquei de orientadores algumas vezes,

ra a musculatura, exige concentração e coordenação da

mas todos trabalham da forma como eu gosto, e sempre

respiração com os movimentos. Adoro a paz do estú-

que posso, aplico bastante força nos movimentos, e cada

dio de pilates que frequento, é um ambiente totalmen-

orientador trabalha de acordo com as preferências e li-

te oposto ao das academias tradicionais, que possuem

mites do aluno. Faço duas vezes por semana, se pudesse

muita gente, muito tumulto, barulho e grande circula-

faria três. Gosto porque trabalha o equilíbrio, alonga-

ção de energias diferentes. Depois que comecei a prá-

mento e postura corporal, e tonifica a musculatura. Me

tica do pilates aumentei minha concentração, diminuí

apaixonei pelo pilates e não penso em abandonar, prin-

minha ansiedade e fortifiquei a musculatura de todo o

cipalmente porque não é tão parado como a ioga, e eu

corpo, sem sacrifícios. Tudo de uma forma muito agra-

precisava de uma atividade física mais centrada.

dável, saudável e dentro dos meus limites.


15

Aracaju, Sergipe

Maria Adriana Blacutt Timbó, Santa Catarina

Estudante, 20 anos

Do lar, 47 anos

Pratiquei pilates por um ano, em 2007, e voltei agora em

Conheci o pilates através de revistas e da televisão e co-

julho. Ajudou bastante a aliviar as dores que eu sentia

mecei praticar em março deste ano. Faço duas vezes por

na coluna e problemas de postura. Também desenvol-

semana e já percebi que melhorou o alongamento e mi-

vi tônus muscular, ganhei resistência física. Eu tinha a

nha postura. Ao contrário de outras atividades, como a

musculatura muito encurtada, e o alongamento no pila-

musculação, o pilates é uma prática tranquila, que não

tes me ajudou muito, até cresci alguns centímetros!

cansa, recomendo que outras pessoas experimentem.

Com equipamento ou sem equipamento, o pilates conquistou seu espaço em academias brasileiras.

Foto: Shutterstock

Carolina Franco


16

ARTIGO / franklin Bloedorn

Para onde estamos indo e para onde deveríamos ir! De 28 a 30 de setembro, tivemos o 1º Congresso Nacional de Hospitais Privados, onde diversos e relevantes temas foram abordados, como a sustentabilidade na saúde — visão dos hospitais privados, o processo de qualificação das operadoras e sua repercussão no sistema privado de assistência à saúde, recursos humanos — valores e a montagem de times de trabalho, economia e finanças — hospitais privados e seu perfil de necessidades de recursos, quais as diversas modalidades de operações financeiras de mercado aplicadas ao negócio saúde e outros temas igualmente relevantes.


17

POR Franklin Lindolf Bloedorn CEO Hospital e Maternidade Brasil SA e Surveyor na Joint Commission International

Ficou claro que as incertezas sobre o volume de recursos a serem alocados na saúde, sejam estes oriundos da esfera pública ou privada, são uma incógnita em todo o globo. Foi esta conclusão que palestrantes do Brasil, da Europa e dos Estados Unidos puderam partilhar. Ocorre que o modelo de remuneração vigente não agrada a quem presta o serviço, seja pelos baixos valores recebidos ou pelo excesso de burocracia a ser providenciada em cada internação ou proce-

Visando aprimorar o processo de prestação e pagamento dos serviços, chega ao mercado o processo de qualificação das operadoras, que apesar do nome, envolverá também os hospitais e clínicas.

dimento, e muitas vezes pelo alto risco a ser assumido quando da prestação de determinado serviço.

vidade na forma de prover esse novo conhecimento

Do lado do tomador do serviço, a queixa obviamen-

às diversas categorias, como médicos, enfermeiros,

te é pelos altos valores pagos e pelos baixos índices

fisioterapeutas, e profissionais que atuam na assis-

e/ou indicadores qualitativos disponibilizados após

tência e na administração.

a conclusão dos mesmos.

Como o tema gestão dos recursos financeiros

Visando aprimorar esse processo de prestação

torna-se cada vez mais relevante, a discussão sobre

e pagamento dos serviços, chega ao mercado o pro-

as modalidades de operações financeiras aplicáveis

cesso de qualificação das operadoras, que apesar do

ao mercado de saúde traz esclarecimentos sobre a

nome, envolverá também os hospitais e clínicas que

busca de parceiros poder ser uma alternativa muito

prestam os serviços a estes contratantes, exigindo de

interessante. Obviamente que, para tanto, a viabili-

todos uma reavaliação do conceito de prestação de

zação econômica e financeira da operação deverá

serviços e escopo de serviços disponibilizados, pois o

ser analisada minuciosamente pelo possível parcei-

foco é a qualificação dos prestadores, e a possibilida-

ro investidor, e como foi citado, vários jovens, nor-

de de comparabilidade de resultados de instituições

malmente abaixo de 30 anos de idade, passarão a

e possivelmente das equipes assistenciais.

lhe exigir esclarecimentos mensais sobre seus resul-

Para tanto, a atuação das áreas de recursos hu-

tados e seus projetos.

manos das instituições deverá redefinir seu modus

Dessa forma, cabe uma reflexão clara sobre para

operandi, pois qualificar e atualizar constantemente

onde estamos conduzindo o nosso negócio e para on-

as diversas categorias profissionais passará a ser um

de deveríamos estar conduzindo o mesmo. Os temas

desafio cada vez mais presente. Os novos desafios e

elencados acima nos servirão de fonte de reflexão so-

a velocidade das mudanças exigirão extrema criati-

bre as ações que teremos de tomar imediatamente.•


18

BEM-ESTAR

Imagem: Shutterstock

A arte de motivar

A criação de técnicas universais para motivar trabalhadores é um quebra-cabeça que está longe de ser resolvido, mas as causas e consequências são assuntos conhecidos — ­ e preocupam muitos estudiosos e empregadores / por MARÍLIA MARASCIULO


19

Pense neste problema: você está em uma sala com somente uma mesa, uma vela, uma caixa cheia de tachinhas e outra de fósforos. Seu desafio é prender a vela na parede de maneira que a cera não pingue na mesa. Algumas pessoas podem pensar em pregar a vela com as tachinhas. Não funciona. Outras podem tentar derreter a lateral da vela com o fósforo e grudá-la na parede. Também não adianta. A solução para o “Problema da Vela”, um famoso teste criado em 1945 pelo psicólogo Karl Dunker e usado em diversos estudos comportamentais, é aparentemente simples: você deve pregar a caixa de tachinhas na parede, utilizando-a como suporte para a vela.

Em 1962, Sam Glucksberg, professor de psicologia da

lógicas e sociais do empregado. Na década de 50, o

Universidade de Princeton, utilizou o “Problema da

psicólogo social Douglas McGregor desenvolveu as

Vela” para testar a forma mais antiga de motivação:

Teorias X e Y, no Modelo dos Recursos Humanos, e

a de recompensas. Separou os participantes em dois

uma se opõe a outra: segundo a Teoria X, as pessoas

grupos: no primeiro, quem finalizasse o problema re-

têm antipatia extrema ao trabalho e só produzirão se

ceberia dinheiro; no segundo, nada era oferecido e era

forem motivadas com bons salários e boas condições

anotado o tempo que cada um levou. Para a surpresa

psicológicas e sociais; a Teoria Y afirma que, pelo con-

do próprio Glucksberg, o grupo que não receberia ne-

trário, os trabalhadores estão sempre prontos para

nhuma recompensa resolveu o problema, em média,

desempenharem suas funções, mas a indústria não

três minutos e meio mais rápido que o outro. Na segun-

consegue absorver esse potencial.

da parte da pesquisa, o incentivo continuava o mesmo, mas desta vez os grupos recebiam as tachinhas já fora

Raiz do problema

da caixa. Dessa forma, o grupo que receberia dinhei-

Para Carlos Buzetto, administrador especializado

ro foi muito mais rápido que o concorrente.

em gestão de pessoas e consultor de empresas como

Glucksberg concluiu que, quando as tachinhas es-

Nokia e Yamaha, embora a ausência de perspectivas,

tavam fora da caixa, a resposta era mais óbvia e o di-

de reconhecimento e de recompensas sejam fatores

nheiro se tornava um poderoso agente motivacional.

comuns para a desmotivação, o principal é a falta de

No entanto, a solução para o problema original reque-

identificação, tanto com a empresa quanto com a pro-

ria criatividade e foco, que, segundo o psicólogo, ficam

fissão em si. “Pessoas identificadas com o seu traba-

seriamente comprometidos pelo sistema tradicional

lho, com seu líder, com a empresa, possuem valores

de recompensas. Hoje, quase cinco décadas depois, o

compatíveis com os destes e acabam ficando sintoni-

teste serve também para outra conclusão: não existem

zadas, de forma que tudo mais aparece em decorrên-

técnicas ou fórmulas prontas quando o assunto é mo-

cia. Não há necessidade de se estabelecer qualquer

tivação. Elas variam com a época e o tipo de trabalho.

mecanismo intencional de motivação, ela ocorre de

Basta observar o histórico das principais teorias

forma espontânea.”

relacionadas à motivação de funcionários, que surgi-

A psicóloga Maria Chalfin, do Núcleo de Estudos

ram oficialmente com Frederick Taylor, pai da admi-

do Trabalho e Constituição do Sujeito (NETCOS) da

nistração científica, no início do século XX. Ele criou

Universidade Federal de Santa Catarina, comparti-

o modelo tradicional, com incentivos salariais que

lha, em parte do pensamento de Buzetto. Ela acredita

objetivavam maior produção. Em 1927, o sociólogo

que vivemos em uma sociedade em que o indivíduo

Elton Mayo, da Universidade de Harvard, desenvol-

não é mais o dono do seu próprio trabalho, execu-

veu o Modelo das Relações Humanas no Trabalho,

tando funções muitas vezes desgastantes e repetiti-

que se opunha aos conceitos do taylorismo e defen-

vas, sem nenhum propósito que motive a ação. Mas

dia que a produção dependia das condições psico-

Chalfin é mais radical quando o assunto é motivação:


20

Ao identificar um funcionário sem motivação: Deve-se ter uma conversa franca e direta; dizer aquilo que se tem observado; perguntar se está acontecendo algo que impeça melhor desempenho e comportamento.

Dependendo da resposta:

ela afirma que, atualmente, o pró-

É através da comunicação que o problema pode

prio termo está ultrapassado. No

ser resolvido: ao se identificar um funcionário sem

mercado atual, a incerteza em re-

motivação, de acordo com Buzetto, deve-se ter uma

lação à existência de empregos e a

conversa franca e direta, dizer aquilo que se tem ob-

falta de perspectiva para o futuro

servado e perguntar se está acontecendo algo que

dominam a cabeça daqueles que

impeça melhor desempenho e comportamento. De-

disputam uma vaga, que acabam

pendendo da resposta, deve-se verificar o que pode e

trabalhando por obrigação. “Co-

o que não pode ser atendido e cobrar o desempenho

mo vou motivar uma pessoa que

e comportamento corretos. “A falta de motivação não

passa o dia atendendo telefones?

pode ser usada como desculpa para baixo desempe-

Existem métodos para deixar a

nho ou negligência. Uma vez explicitada e as coisas

atividade menos cansativa, menos

acordadas, a empresa deve fazer a parte dela, o líder

estressante, mas é muito difícil

a dele e o funcionário idem”.

tornar aquilo prazeroso”.

Verificar o que pode e o que não pode ser atendido; cobrar o desempenho e comportamento corretos.

Sem desculpas: A falta de motivação não pode ser usada como desculpa para baixo desempenho ou negligência. Uma vez explicitada e as coisas acordadas, a empresa deve fazer a parte dela, o líder a dele e o funcionário idem.

Sem algo que motive a ação, o

Motivação 3.0

resultado parece óbvio: o indiví-

O teste realizado pelo psicólogo Sam Glucksberg mos-

duo para. O desempenho, a ino-

trou que o modelo de recompensas só é efetivo quan-

vação, o comprometimento pio-

do as atividades exigem mais dedicação mecânica

ram. E não é só o trabalhador que

que criativa. Quando Taylor, Mayo e McGregor desen-

sofre, a empresa também acaba

volveram suas teorias, a maior parte dos empregos se

tendo prejuízos. Pessoas com fal-

enquadrava nessa linha. No entanto, na era da infor-

ta de motivação, segundo Buzetto,

mática, da competição e inovação, são as funções que

costumam se atrasar e faltar mais,

exigem raciocínio lógico e capacidade de criação que

comprometem a imagem da insti-

ganham destaque, e manter este tipo de funcionário

tuição, não se prontificam, fazem

engajado com técnicas do século passado é não só um

as tarefas sem esmero e podem

desafio, mas uma improbabilidade.

até causar a perda de clientes.

Foi pensando nisso que o analista de carreiras

Mas é importante não confun-

Daniel Pink, um dos principais pensadores de mana-

dir isso com desânimo ou tristeza

gement da atualidade, propôs um novo modelo, em

passageira. “É normal cada um de

seu livro “Drive: The Surprising Truth About What

nós se sentir frustrado ou chate-

Motivates Us”, traduzido para o português como Mo-

ado com algo na empresa vez ou

tivação 3.0, lançado em 2009. Ao contrário do que

outra. Com qualquer tipo de relacionamento isso

definiram Taylor, Mayo e McGregor, Pink se baseou

acontece. A falta de motivação, para ser caracteri-

na motivação intrínseca, que deve vir de dentro do

zada como tal, é um fenômeno persistente no tem-

sujeito, e não por intermédio de outras pessoas ou do

po. Por isso, a comunicação constante (entre empre-

ambiente – como recompensas financeiras ou psico-

gador e empregado) é um bom modo de prevenção”,

lógicas. Nesse novo sistema, o dinheiro tem um papel

explica Buzetto.

secundário – as empresas devem pagar seus empregados o suficiente para que eles parem de pensar no salário e se concentrem na

As empresas devem pagar seus empregados o suficiente para que eles parem de pensar no salário e se concentrem na tarefa.

tarefa – e os pilares passam a ser autonomia, propósito e aprimoramento. Segundo Pink, as pessoas têm necessidade de estar no comando de suas vidas, e com o trabalho não é diferente. Elas precisam de autonomia para controlar os “quatro Ts”: tarefa (o que fazer),


21

técnica (como fazer), tempo (quando fazer) e time (ou equipe, com quem fazer). Pode parecer loucura, mas já existem instituições que aplicam o método em empregos que não exigem comprometimento presencial: nos Estados Unidos, a estratégia Results Only Work Enviro-

Pessoas com falta de motivação costumam se atrasar e faltar mais, comprometem a imagem da instituição, não se prontificam, e fazem as tarefas sem esmero.

ment (ROWE/Trabalho por resultados), segundo a qual “cada pessoa é livre para fazer o que quiser, quando quiser, desde que o

te aquilo que está fazendo, por que está fazendo, per-

trabalho seja feito”, vem sendo aderida por grandes

ceber o impacto de sua performance nos resultados e

marcas, como a GAP, de roupas. Mas o sistema exige

se inserir na empresa, desempenhando suas funções

dedicação, não serve para funções que não possam

com capricho e prazer.

ser exercidas em horários não convencionais e pode aumentar a competição entre os funcionários.

Por último, o aprimoramento está relacionado ao propósito: é o desejo de se tornar cada vez melhor em

O fator que pode se enquadrar melhor a mais ti-

algo importante para você e estar constantemente

pos de profissões é o propósito. Como no velho ditado

aprendendo. De acordo com o autor, as empresas po-

“quem gosta do que faz, faz melhor”, para Pink o ideal

dem incentivar isso quando definem objetivos atingí-

é que se trabalhe com um objetivo maior, com a sen-

veis, mas que proporcionam desafios, o que torna a

sação de que aquilo é importante. Por isso, a comuni-

tarefa mais estimulante e menos tediosa. As ideias de

cação entre empregador e empregado, como defende

Pink são resumidas em sua frase final: “Fazer algo que importa, fazê-lo muito bem e fazê-lo com vistas a um

assim o trabalhador pode compreender perfeitamen-

objetivo maior”. O sonho de todos nós. •

Foto: Divulgação/GAP

o administrador Carlos Buzetto, é fundamental. Só

Na GAP, os funcionários ganham autonomia para trabalharem no horário que preferirem, com uma importante condição: que o trabalho seja feito corretamente e no prazo determinado.


22

negócios

Empresas de saúde possuem pouca participação no mercado de franquias. A procura por serviços de estética e aumento do consumo ajudam o crescimento, mas o alto investimento para se montar uma empresa desse porte inibe a prática

Foto: Shutterstock

Como expandir o seu negócio presário, que passa a vender mais,

Franquias de saúde

quanto para a abertura de novos

Nas diversas áreas do franchising,

empreendimentos. “O surgimen-

a saúde se enquadra juntamente

to das microfranquias (franquias

com o setor de beleza e produtos

cujo investimento inicial não pas-

naturais. Em 2010, o faturamen-

sa de R$ 50 mil) é o reflexo dessa

to nesse tipo de franquia cresceu

nova realidade do mercado”, ex-

20%, representando o quinto lu-

plica Camargo.

gar no ranking dos segmentos.

Os dados da ABF de 2010 mos-

O primeiro colocado foi o de ali-

traram resultados além do espera-

mentação, com 39,9% (devido à

do: o segmento cresceu 20,4% em

alta dos preços dos alimentos, re-

O crescimento econômico, as fa-

relação ao ano anterior, superan-

passada ao consumidor), seguido

cilidades de obtenção de crédito

do a expectativa, que era de 14% a

pelos setores de Acessórios Pesso-

e o aumento do poder de compra

19%. O faturamento registrado de

ais e Calçados (29,9%), Vestuário

no Brasil refletem diretamente no

todos os setores de franquias foi de

(29,0%), Móveis, Decoração e Pre-

mercado de franquias. Segundo o

R$ 75,987 bilhões. De acordo ainda

sentes (27,4%).

diretor executivo da Associação

com o relatório anual, foram cria-

O crescimento menor em re-

Brasileira de Franchising (ABF) Ri-

dos 57 mil postos de trabalho, tota-

lação aos outros setores não sig-

cardo Camargo, esse momento da

lizando mais de 777 mil empregos

nifica que há algo de errado com

economia é bom tanto para o em-

dentro do segmento das franquias.

as franquias de saúde. Trata-se

do franchising / POR TOMÁS m. PETERSEN


23

de um mercado com participação pe-

franquia como o método mais vantajoso:

terras. No francês antigo, a palavra franc

quena: possui 101 marcas associadas à

no modelo de filial, os lucros geralmente

significava transferência de um direito,

ABF, o que representa 5,4%. Na quanti-

são maiores, mas como é o empresário

outorga de um privilégio, concessão exclu-

dade de unidades de redes, o número é

quem controla todas as unidades, gasta-

siva. Na prática, a igreja concedia aos reis

maior: 6529 lojas que correspondem a

-se muito dinheiro e energia. Já nas fran-

o direto de cobrar impostos em seu nome,

7,6% do total. “Esse é outro reflexo do

quias, ganha-se menos pelo uso da mar-

pagando um percentual do total arrecada-

crescimento da classe C, que passou a

ca, mas a descentralização favorece uma

do. Feudalismos a parte, isso é semelhante

utilizar produtos de beleza com mais

maior expansão da empresa.

ao que ocorre no atual modelo: o franque-

frequência”, comenta Camargo.

A vantagem também está para o em-

ador cede ao franqueado os direitos de uso

No balanço das franquias de saúde,

preendedor que deseja começar um ne-

os centros de estética são os que possuem

gócio. O retorno do investimento pode ser

O surgimento do franchising empre-

maior quantidade, com 23 empresas. De-

mais rápido quando se abre uma fran-

sarial ocorre na segunda metade do sé-

pois vêm as clínicas de odontologia com

quia do que quando se cria uma marca

culo XIX, com a Singer, fabricante de

17, as farmácias com 12, e por ultimo os

nova. Moraes explica que, além do gasto

máquinas de costura, que viu nesse mo-

consultórios e laboratórios. Camargo ex-

em construção da marca em propaganda,

delo uma solução para os problemas de

plica que a dificuldade de se montar uma

produção e equipamentos, por exemplo, o

distribuição e cobertura dos produtos e

da marca, cobrando uma taxa por isso.

franquia desse último tipo é o alto custo dos equipamentos. É por isso que, na maioria das vezes, vale mais a pena para o investidor criar a sua própria marca e expandi-la em filiais.

As franquias de saúde Consultórios e laboratórios

Centros de estética

3

Administrando Segundo o professor Mário Moraes, do

Divisão do número

23

Centro de Ciências da Administração e

de franquias de saúde dentro da área de Beleza, Saúde e Produtos Naturais.

12

Socioeconômicas da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), o melhor

A contagem foi feita em cima dos dados de

momento para uma empresa começar a ser uma franqueadora não depende do tempo de sua existência. São dois os fatores principais para o sucesso da fran-

Farmácias

mercado da Associação

17

Brasileira de Franchising. Clínicas de odontologia

quia: uma marca consolidada e/ou um modo de produção e serviços próprio. “É preciso customizar um método que posicione a empresa no mercado,

empresário precisa se garantir com a con-

passou a conceder licenças para o uso da

de forma exclusiva”, explica Moraes. O

corrência. Enquanto isso, nas franquias, o

marca e das técnicas de venda e geren-

passo seguinte é patentear esse método.

trabalho de divulgação geralmente é con-

ciamento. Mais tarde, aderiram ao sis-

Com isso, dependerá da maturidade e do

trolado pelo detentor do modelo de negó-

tema a General Motors, criando as pri-

planejamento do empresário para ex-

cio, e em algumas até os equipamentos

meiras concessionárias, e a Coca-Cola,

pandir o seu negócio. Com o investimen-

são fornecidos — esses custos ficam inclu-

que cedia franquias a empresários in-

to certo em desenvolver um modo de

ídos na taxa paga ao concessor.

teressados em engarrafar e distribuir o produto. Todavia, a consolidação do

produção, em pouco tempo o empreen-

História do franchising

franchising se deu com o fim da Segun-

Além do franchising, há a opção de

A origem do termo franchising remete à

da Guerra Mundial, quando o alto de-

expandir a empresa na forma de filiais.

Idade Média. Naquela época, a nobreza e

semprego levou muitos ex-combatentes

Moraes mostra as diferenças e julga a

o clero dividiam os direitos de posse das

a se tornarem empreendedores. •

dedor pode tornar-se um franqueador.


24

Economia

Panorama dos planos de saúde Com a popularização dos planos de assistência médica, as reclamações de muitos médicos pelos valores baixos repassados por consulta permanecem / por Tomás M. Petersen

Em julho de 2011, a Agência Nacional de Saúde Su-

Atualmente, os planos de saúde cobrem 24,4% da po-

plementar contabilizou 46,6 milhões de beneficiários

pulação brasileira. A maior parte se concentra nas regi-

de planos de assistência médica. O gráfico de cresci-

ões mais desenvolvidas: Sul, com 23,6%, e Sudeste, com

mento do setor é ascendente: esse número aumentou

37,8%. No Centro-Oeste, a taxa de cobertura é de 16,7%,

em 3,3 milhões em relação à mesma época do ano

enquanto no Norte e no Nordeste, aproxima-se de 11%.

passado. Outro indicador que mostra o aquecimento

Por faixa etária, a maior parte dos beneficiários é

do mercado de planos de saúde é a relação entre o re-

constituída de adultos, de 20 a 29 anos. Visualizando

gistro e o cancelamento de operadoras. Apesar de, no

em um gráfico de pirâmide etária, a base (infância) é

segundo trimestre deste ano o saldo ter sido negati-

larga, engorda na fase adulta e começa a ficar mais

vo, o resultado dos seis meses é de 32 novos registros

fina a partir da faixa dos 30 a 39 anos. A população

contra 31 cancelamentos.

idosa é a que menos possui convênios de assistência

Economicamente, as operadoras também estão em crescimento. A receita anual até o segundo trimestre foi de R$ 38 bilhões, 13,9% a mais que o mesmo

Apesar do preço elevado dos convênios para idosos, são eles os que menos realizam consultas médicas.

médica. Essa característica segue o padrão da população brasileira registrado no Censo 2000 do IBGE. A causa do percentual que corresponde aos idosos

período de 2010. Ao mesmo

ser baixo é o preço dos planos de saúde, que tende a

tempo em que as despesas

aumentar conforme a idade do paciente. Na média, os

assistenciais aumentaram na

planos mais baratos, para crianças de até nove anos,

mesma proporção, o saldo é

chegam a custar R$ 100 por mês. Para os idosos, os con-

positivo em R$ 7 bilhões. Os

vênios mais básicos chegam a custar mais de R$ 2 mil.

problemas do sistema públi-

Isso se justifica porque a terceira idade é um grupo de

co de saúde (filas, hospitais

risco, pois necessitam de cuidados de saúde mais custo-

lotados e sem leitos suficien-

sos, ou seja, representam mais gastos para as operado-

tes para atender as deman-

ras, estes compensados no preço do convênio.

das) somados com o aumen-

A contradição é que os idosos são os que menos

to do poder de consumo dos

realizam consultas médicas. Na Pesquisa Nacional

brasileiros fazem com que mais gente opte por pagar

por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2003, realizada

pela assistência médica.

pelo IBGE, foi incluído um suplemento sobre o acesso

Para as empresas, as maiores despesas assisten-

e utilização de serviços de saúde. No estudo, feito em

ciais são as internações, que custaram em 2010 quase

parceria com o Ministério da Saúde, os dados mostra-

R$ 23 bilhões. Somados os exames e consultas foram

ram que o total de consultas médicas realizadas na-

gastos R$ 22 bilhões. Terapias, atendimentos ambula-

quele ano por pessoas de 65 anos ou mais foi de 11,6

toriais e demais despesas representam a menor parte:

milhões, bem abaixo dos 57 milhões contabilizados

juntas chegam a pouco mais de R$ 10 bilhões de reais.

da faixa de 20 a 39 anos.


25

Números do setor

46,6

11,6

R$ 38

de brasileiros têm plano

de consultas realizadas

receita do setor até

milhões

de saúde, isso corresponde a

milhões

bilhões

por quem tem mais

o segundo trimestre

de 65 anos de idade

57,0 milhões

24,4%

de consultas realizadas por pessoas na faixa

da população brasileira

de 20 a 39 anos

R$ 100

planos de saúde para crianças

R$ 2 mil

planos de saúde para idosos

R$ 55 bilhões gastos em 2010 R$ 23 bilhões

R$ 22 bilhões

R$ 10 bilhões

internações hospitalares

exames e consultas

ambulatoriais e demais despesas

total de gastos com

total de gastos com

gastos em terapias, atendimentos

Conflito A maior objeção aos planos de saúde vem dos médicos.

to das operadoras permanece alto (a receita em 2010

A principal reclamação é o valor repassado por consulta.

foi de R$ 72,7 bilhões). Enquanto isso, em alguns casos,

Nos últimos 12 anos, os reajustes dos planos somaram

paga-se ao médico R$ 10 por consulta de clínica geral. O

150%, enquanto os honorários médicos não atingiram

resultado é uma sobrecarga de pacientes para os profis-

50% de aumento. Com o mercado de planos de saúde

sionais, que acabam atendendo em um tempo menor do

crescendo mais de 10% ao ano – a cada 12 meses são

que o necessário. O problema sobra então para o pacien-

quatro milhões de novos usuários no país – o faturamen-

te que não recebe o tratamento ideal. •


26

ARTIGO / newton quadros

A criatividade da interpretação humana A Resolução Normativa Nº 241 de três de dezembro de 2010, editada pela Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar, conforme artigo primeiro, estabelece que as operadoras de planos de assistência à saúde deverão ajustar os instrumentos jurídicos firmados com os prestadores de serviços de saúde que apresentem como parte integrante dos seus serviços de atenção à saúde a utilização de medicamentos de usos restritos a hospitais e clínicas.

honra e dignidade, o médico necessita ter boas condições de trabalho e ser remunerado de forma justa. VIII — O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições

Apesar de esclarecedora, verifi-

gos 196, 197 e 199.

que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho.

camos que algumas operadoras

A tutela dos direitos funda-

de planos de saúde ainda buscam

mentais, dentre eles à saúde

uma interpretação, no mínimo, es-

plena, integral, digna, ampla, é

O Código de Ética Médica é

tranha desta resolução normativa.

garantia evolutiva inerente ao de-

cristalino ao afiançar que a liber-

Constatamos que foi apresen-

senvolvimento completo do ser

dade médica na execução do tra-

humano em sociedade.

balho é irrenunciável. Compete ao

tada para alguns hospitais uma lista de medicamentos que deveria

Nesse contexto, a força norma-

médico, e somente a ele, examinar

servir de base para uso e remune-

tiva da Constituição e a eficácia

o paciente, proceder ao diagnós-

ração, estabelecida de forma uni-

horizontal dos direitos humanos

tico e prescrever a medicação ou

lateral e em profundo desrespeito

ultrapassaram a seara de direito

terapia que entender melhor ao

às condições básicas adotadas no

público, consolidando seus funda-

restabelecimento daquele.

relacionamento comercial entre

mentos também nas relações en-

as partes. A lista inclui também o

tre particulares.

Os hospitais primam pela plena liberdade de clínica médica e

uso fracionado de medicamentos.

Diante da imposição de práti-

não se coaduna com qualquer tipo

Inicialmente é importante o

ca deveras duvidosa ao corpo mé-

de imposição de terceiros ao livre

esclarecimento sobre a previsão

dico dos hospitais, não é demais

exercício da medicina.

constitucional do direito social à

destacar também os ditames a se-

saúde. A Carta Magna prevê o di-

rem observados no Código de Éti-

X — O trabalho do médico não po-

reito à saúde, dentre um dos direi-

ca Médica, são eles:

de ser explorado por terceiros com objetivos de lucro, finalidade políti-

tos sociais elencados no artigo 6º, sendo este inerente à plena reali-

Capítulo I

zação digna do ser humano, supe-

Princípios Fundamentais

dâneo específico também dos arti-

III — Para exercer a Medicina com

ca ou religiosa. XIX — O médico se responsabilizará, em caráter pessoal e nunca


27

POR NEWTON QUADROS Newton Quadros é administrador de empresas e diretor da Federação de Hospitais do Estado de Santa Catarina e da Associação de Hospitais do Estado de Santa Catarina

presumido, pelos seus atos profissio-

mais de um paciente pode resul-

selho Federal de Medicina, com

nais, resultantes de relação particu-

tar em dano e risco de agravamen-

vista a denunciar tais condutas e

lar de confiança e executados com

to à saúde do enfermo.

registrar em ato formal os riscos

diligência, competência e prudência.

Percebe-se, pela leitura das

aos pacientes.

resoluções do Conselho Federal

A remuneração dos medica-

Capítulo III

de Medicina e pelos artigos cor-

mentos de uso restrito a hospitais

Responsabilidade Profissional

relacionados do Código de Ética

e clínicas deve observar o dispos-

Art. 20. Permitir que interesses pe-

Médica, a eleição da liberdade no

to na Resolução Normativa nº 241,

cuniários, políticos, religiosos ou

exercício da medicina como valor

de três de dezembro de 2010.

de quaisquer outras ordens, do seu

fundamental. O médico, na busca

Assim, deve ser resultado da

empregador ou superior hierárqui-

irrestrita da eficiência no diagnós-

negociação entre as partes, espe-

co ou do financiador público ou pri-

tico e tratamento do paciente, não

lho da realidade de mercado, que

vado da assistência à saúde interfi-

pode ser influenciado por interes-

utiliza largamente o BRASÍNDICE

ram na escolha dos melhores meios

ses econômicos e deve agir sem

como orientador na negociação

de prevenção, diagnóstico ou trata-

qualquer vício de consentimento.

da referida taxa administrativa. A

mento disponíveis e cientificamente

A imposição de lista fechada

imposição de outra metodologia,

reconhecidos no interesse da saúde

de medicamentos e a reutilização

como a indicação dos medicamen-

do paciente ou da sociedade.

de medicação, além de se consti-

tos pelo SAL, resulta na menor

tuírem práticas danosas para os

remuneração dos medicamentos

Capítulo V

hospitais, são atos de desrespeito

do mercado, o que põe em dúvi-

Relação com

ao direito do médico de prescre-

da a qualidade dos produtos, e até

Pacientes e Familiares

ver qual a medicação adequada,

eventuais danos aos pacientes.

É vedado ao médico:

conforme sua decisão e em bene-

Art. 32. Deixar de usar todos os

fício dos pacientes.

Ainda como alternativa, a remuneração

dos

medicamentos

meios disponíveis de diagnóstico e

Compelir o médico a prescre-

pode ser efetuada tendo como

tratamento, cientificamente reco-

ver somente os medicamentos

referência o Preço Fábrica (PF),

nhecidos e a seu alcance, em favor

previstos em listas determinadas

registrado na Agência Nacional

do paciente.

pelas operadoras de planos de

de Vigilância Sanitária – ANVISA,

saúde e impor reutilização de me-

acrescido da remuneração pelos

É indubitável que a imposição

dicação são infrações sérias que

serviços descritos no Inciso II, do

de lista fechada de medicamentos

devem ser levadas ao Conselho

art. 1º, da Resolução Normativa nº

e reutilização de medicações em

Regional de Medicina e até ao Con-

241 da ANS. Convém exortar que


28

ARTIGO / newton quadros

O uso exclusivo dos medicamentos inseridos na tabela criada pela operadora de plano de saúde, com foco no menor custo possível, restringe a liberdade clínica do médico.

nais, geram uma situação de de-

Art. 35. O descumprimento das

sequilíbrio na relação econômica,

disposições contidas nesta resolu-

sendo a parte prejudicada deten-

ção constitui infração sanitária,

tora do direito de questionar em

nos termos da Lei nº 6.437, de 20

juízo e pleitear a revisão do con-

de agosto de 1977, sem prejuízo da

trato, por se tratar de ato danoso a

responsabilidade civil, administra-

sua sobrevivência financeira e em

tiva e penal cabíveis.

desarmonia com as boas práticas a forma de remuneração desses

das relações comerciais.

Pela leitura da Resolução, o

serviços deverá ser acordada pre-

Ademais, o uso exclusivo dos

fracionamento de medicamentos

viamente entre as operadoras de

medicamentos inseridos na tabela

é destinado à elaboração de doses

planos de saúde e os prestadores

criada pela operadora de plano de

unitárias, ou seja, de uso individu-

de serviços de saúde.

saúde, com foco no menor custo

al, o que não se confunde com a

A remuneração dos medica-

possível, restringe a liberdade clí-

reutilização da mesma medicação

mentos também pode ser efetu-

nica do médico, que se vê compe-

em mais de um paciente. Essa úl-

ada tendo como referência uma

lido a apenas receitar aqueles me-

tima prática é totalmente proibida

Lista de Preços, negociada entre

dicamentos previstos na mesma.

pela Agência Nacional de Vigilân-

as partes, na forma de uma padro-

Nessa linha de intelecção, tam-

cia Sanitária, pelo alto risco de

nização de medicamentos com a

bém importa registrar a opção

contaminação. Compete ao hos-

participação ativa do Corpo Médi-

exercida por algumas operadoras

pital obter provas, preferencial-

co, no qual o valor final contemple

de planos de saúde para que os

mente escritas, da imposição da

a remuneração dos custos dos me-

hospitais fracionem os medica-

operadora de plano de saúde em

dicamentos e a remuneração pe-

mentos a serem ministrados nos

reutilizar medicação coletivamen-

los serviços descritos no Inciso II,

seus associados atendidos. A esse

te, e notificá-la junto à ANVISA,

do art. 1º, da Resolução Normativa

respeito, destaca-se a Resolução da

sob pena de corresponsabilidade.

nº 241 da ANS.

Diretoria Colegiada — RDC n° 80,

Portanto, cabe às federações

de 11 de maio de 2006 — ANVISA:

e associações que congregam as

Outrossim, a negociação pode

empresas prestadoras de serviços

se pautar apenas nos medicamentos de uso restritos a hospitais e

Art. 34. As restrições desta resolu-

de saúde orientar adequadamen-

clínicas, não sendo objeto neces-

ção não se aplicam:

te os seus associados para que não

sário de negociação com a opera-

I — aos estabelecimentos de

caiam em armadilhas impostas por

dora de saúde para os demais me-

atendimento privativo de unidade

algumas operadoras de planos de

dicamentos com margem Preço

hospitalar ou de qualquer outra

saúde, cuja única finalidade é con-

Máximo ao Consumidor — PMC.

equivalente de assistência médica,

quistar o lucro ao menor custo pos-

No que tange ao direito econô-

desde que os medicamentos fracio-

sível, tornando o usuário o grande

mico, urge sinalizar que algumas

nados se destinem à elaboração de

perdedor, que em nome do menor

operadoras de planos de saúde,

doses unitárias para uso exclusivo

custo pode ser submetido a práti-

através de sua força e pela impo-

de pacientes internados ou em aten-

cas inseguras, a condições de riscos

sição de cláusulas desproporcio-

dimento de urgência ou emergência

à sua saúde e até à sua vida. •


DIREITO MÉDICO E DA SAÚDE

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31

ESPECIAL — Roberto Luiz d’Avila

Ética em primeiro lugar À frente do Conselho Federal de Medicina, Roberto Luiz d’Avila fala sobre o compromisso com a profissão, a prevenção na saúde e a importância da gestão médica / por Fernanda Friedrich

Em 1957, foi criado no Brasil o Conselho Federal de Medicina, conhecido pela sigla CFM. A iniciativa partiu de um grupo que defendia a sua existência para realizar um registro profissional dos médicos e aplicar sanções do Código de Ética aos procedimentos praticados. Ao longo dos anos, o Conselho exerce um papel político, atuando na defesa da saúde da população, na adoção de políticas de saúde e, é claro, na defesa dos interesses da sociedade ao exigir condições de trabalho, a justa remuneração e a boa prática médica. Em 2009, o cardiologista Roberto Luiz d’Avila, nascido no Rio de Janeiro e recentemente agraciado com o título

Fotos: Assessoria/CFM

de cidadão catarinense, assumiu a presidência da instituição. Prometendo zelar pela ética e pela valorização da medicina, além de uma melhor formação dos novos médicos, d’Avila foi eleito e assumiu o desafio. Formado pela


32

ESPECIAL — Roberto Luiz d’Avila

Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1976, nunca deixou a formação acadêmica de lado. É doutorando em bioética pela Universidade do Porto, em Portugal, e mestre em neurociência pela Universidade Federal de Santa Catarina, onde lecionou por anos no departamento de ciências morfológicas. Radicado no sul do Brasil, o carioca foi três vezes presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina e corregedor do CFM de 1999 a 2006 antes de assumir o posto de presidente da instituição. Antes de ficar à frente do Conselho, ainda foi responsável por comissões que revisaram o Código de Ética Médica, as Terminalidades da Vida e de Informática em Saúde e fez parte da Comissão Nacional em Defesa do Ato Médico, uma das mais significativas bandeiras que defende. Atualmente ocupa a vice-presidência da Confederação Médica da América Latina e Caribe e membro do Conselho de Ética da WMA — World Medical Association. D’Avila defende piamente que o diagnóstico e o tratamento de doenças são funções exclusivas dos médicos. Para o cardiologista, sem isso, a essência da profissão se perde para os que a exercem e para os que são tratados pela mesma. Diante de temas polêmicos como a Regulamentação da Medicina, o presidente do CFM sempre mostra uma postura clara e firme, destacando-se como uma liderança no campo da saúde brasileira. Convidado para ser a nossa terceira capa da revista TopGesto, Roberto Luiz d’Avila aceitou o convite e respondeu alguns questionamentos sobre a sua gestão e seu ponto de vista sobre a saúde no Brasil. TopGesto: Presidindo o CFM, o que o senhor considera como tendências na áreas da medicina e gestão da saúde? Roberto Luiz d’Avila — Na minha opinião, assistimos hoje ao fortalecimento da incorporação de tecnologia no âmbito da prática médica. Em parte, isso se deve à forma como os gestores (da rede pública ou privada) enxergam a possibilidade de oferecer aos pacientes


33

O hospital ou clínica que se espelhar nas regras expostas [no Código de Ética Médica], desenvolvidas ao longo de dois anos de trabalho, terá condições plenas de oferecer atendimento de qualidade aos pacientes e de respeitar os médicos na sua lida diária. acesso a bons diagnósticos e tratamentos eficientes.

pios e diretrizes que constam do Código de Ética Mé-

Contudo, apesar de acreditar que a evolução de má-

dica. O atual Código é uma carta aberta à sociedade e

quinas e equipamentos deve ser sempre acompanha-

ao profissional que defende o comportamento ético

da, entendo que este não deve ser o foco principal da

sob todos os aspectos no exercício da medicina. O hos-

medicina. Na verdade, é preciso resgatar e valorizar

pital ou clínica que se espelhar nas regras expostas,

a relação entre o médico e o paciente. É nessa cum-

desenvolvidas ao longo de dois anos de trabalho, terá

plicidade estabelecida nos consultórios e nos hospi-

condições plenas de oferecer atendimento de quali-

tais que se criam reais condições para o bom atendi-

dade aos pacientes e de respeitar os médicos na sua

mento. O homem ou a mulher quando procuram um

lida diária. Para ser referência, um estabelecimento

médico buscam respostas e devem encontrar também

de saúde deve focar no essencial: o respeito ao ser hu-

um profissional que se porte com ética, respeito e real

mano. Isso deve acontecer na relação entre o médico

preocupação para com o próximo.

e o paciente; deve também estar presente no reconhecimento do papel e da importância dos profissionais.

TG: Hoje o senhor representa os profissionais da

Não podemos olhar as pessoas como se fossem ape-

sua área. Quando se formou médico estimava esta

nas números ou peças de uma engrenagem que po-

posição de destaque?

dem ser substituídas. Quem se porta dessa forma, cer-

RLA — Nunca me preocupei com postos ou funções.

tamente, não conseguirá ser um bom exemplo.

Aqueles que ocupei ao longo de minha trajetória resultaram da confiança que meus colegas, muitos de-

TG: Qual a importância de uma boa gestão para a

les meus mestres, depositaram em mim. Em verdade,

carreira de um médico?

o que sempre almejei foi servir de forma adequada

RLA — Vamos olhar do ponto de vista dos médicos

aos meus pacientes e à sociedade, lutando para que

que prestam serviços, ou seja, mantêm vínculos com

tivessem acesso à saúde e ao bem-estar.

instituições públicas ou privadas sem cargo de chefia ou comando. Neste caso, o convívio com um bom

TG: Como acredita ser uma forma viável de fazer

gestor é chave para que o médico acredite no proje-

com que um médico, uma clínica ou um hospital

to com o qual está envolvido e dê o seu melhor. O

vire uma referência para os outros?

médico é um profissional liberal, que presta serviços

RLA — Orientando sua atuação com base nos princí-

a hospitais privados, planos de saúde e ao Estado.


34

ESPECIAL — Roberto Luiz d’Avila

Ele tem a responsabilidade de diagnosticar, tratar e

tórico essas práticas adequadas incorporadas ao seu

acompanhar a luta dos pacientes contra a doença e

cotidiano, certamente, será mais fácil tratar qualquer

em busca do bem-estar. No entanto, ele precisa de

problema que, porventura, seja identificado.

condições para exercer sua missão. Os gestores – sejam públicos ou privados – são aqueles que devem

TG: Como o senhor acredita que o profissional de

proporcionar aos médicos a infraestrutura, o supor-

saúde deve se portar para que o seu trabalho seja

te de pessoal e a valorização para que atinjam seus

de sucesso? Há alguma fórmula para isso?

objetivos e o paciente alcance a cura. Nesse sentido,

RLA — Não há fórmulas de sucesso. Contudo, há al-

o médico e o gestor são parceiros, sendo que a ex-

gumas etapas que considero fundamentais. A pri-

celência do trabalho de um sempre terá repercussão

meira é orientar sua carreira em função de um pla-

na atuação do outro. Por isso, preocupamo-nos tan-

nejamento inicial, que poderá ser ajustado à medida

to com o comportamento ético dos médicos, quan-

que as dificuldades ou obstáculos se imponham. Sem

to com o aperfeiçoamento dos processos de gestão.

dúvida, é mais fácil atingir uma meta, um sonho, se

Quanto à gestão de sua própria carreira, o médico

sabemos desde o princípio aonde queremos chegar.

deve seguir os princípios fundamentais da medicina,

O segundo, e ainda mais im-

sempre priorizando o ser humano.

portante, é ter em mente que nenhum projeto pode suplan-

TG: Pelos casos que já deve ter acompanhado du-

tar os compromissos éticos as-

rante sua carreira, a utilização de métodos pre-

sumidos com a profissão, com

ventivos na medicina tem dado resultado?

os colegas de trabalho, com a

RLA — Muito do êxito que o Brasil tem alcançado no

sociedade e com o paciente.

campo da saúde vem da adoção de métodos de me-

Essa é a bússola que orientará

dicina preventiva em larga escala. As campanhas

cada passo dessa caminhada.

de vacinação e as que fazem o combate ao HIV e à

Além disso, o segredo do suces-

dengue nada mais são que exercícios de prevenção.

so está na adequada relação

Quando assistimos à queda dos indicadores de doen-

médico-paciente, com respeito

ças infectocontagiosas, podemos entender como re-

à autonomia das pessoas e na

sultados dessas ações. No caso das doenças crônicas,

disponibilidade em esclarecer

como os problemas cardíacos e mesmo a obesidade,

e orientar os pacientes.

são as medidas preventivas que podem impedir o avanço de alguns quadros clínicos e garantir o bem-

TG: Para o senhor, quais as se-

estar do paciente. Sem dúvida, em saúde, a adoção

melhanças e as diferenças en-

de métodos preventivos e a promoção da saúde, por

tre um médico e um gestor?

meio de estímulo aos hábitos saudáveis e à mudança

RLA — Acredito que o bom

de comportamentos, têm impacto positivo no com-

médico e o bom gestor têm em

bate à doença e na busca do bem-estar. A realização

comum o compromisso com o

de exames periódicos, a prática de atividade física e

próximo, com o bem-estar do

uma alimentação correta são recomendadas a qual-

cidadão e da sociedade. São

quer indivíduo. Claro, cada caso merece um olhar es-

profissionais que trabalham,

pecífico, um diagnóstico feito pelo médico. Mas, se ao

possuem seus projetos pessoais

chegar ao consultório, o paciente já tiver em seu his-

e contribuem com o país, mas,


35

sobretudo, entendem que, além disso, têm papel social importante. Essa consciência faz a diferença. TG: Qual a importância da atualização profissional para o mercado da medicina? RLA — Nunca a humanidade avançou tanto em tão pouco tempo. Todos os dias recebemos notícias de descobertas científicas, do desenvolvimento de equipamentos e da entrada no mercado de novos medicamentos. Com a internet, as distâncias foram reduzidas a zero. Enfim, num contexto como este, o médico, assim como qualquer profissional, deve estar atento ao que acontece ao seu redor. Mais que isso: não apenas deve monitorar a evolução, mas deve buscar incorporá-la. Resistir a isso é nadar contra a corrente. TG: Quais são os desafios da sua gestão e do Conselho Federal de Medicina? RLA — Tenho duas metas de gestão, pelas quais trabalho diariamente, sempre com o apoio dos outros conselheiros e diretores do CFM. A primeira delas é a defesa da ética profissional no exercício da medicina. Queremos um ambiente médico que se oriente pelo que é justo e correto. As exceções não devem contaminar a regra. A segunda é a valorização dos médicos, que esperam ser reconhecidos pelo trabalho que realizam e pelo que representam. TG: Se pudesse dar um conselho para os profissionais da saúde, e para os gestores que acompanham a revista TopGesto, alcançarem o sucesso em suas áreas, qual seria? RLA — Sejam honestos consigo mesmos e com a sociedade. Respeitem os pacientes em sua dignidade e autonomia. Além disso, busquem refúgio na ética e terão pela frente um caminho longo, árduo, mas extremamente promissor. •

Roberto Luiz d’Avila é defensor do Ato Médico, projeto que define quais são as atividades privativas dos médicos e quais podem ser realizadas por outros profissionais da saúde.


36

ARTIGO / saúde s.a.

Saúde S.A.

nópolis, recém inaugurou uma ampliação da sua estrutura no

Boas-vindas. Nesta terceira edição da revista TopGesto, passaremos a dar pequenas notas do mundo econômico que envolve, direta ou indiretamente, o setor de saúde no Brasil e no mundo. Esta será uma editoria fixa. Matérias podem ser remetidas para o nosso e-mail. Boa leitura!

início de 2011. Até então operando como Hospital Dia, o Baía Sul construiu um novo e moderno complexo hospitalar, que pode ser equiparado às melhores estruturas do mundo, e passa a funcionar como Hospital Geral, atendendo uma demanda reprimida em todo o sul do Brasil. Os in-

Inovações na Karsten S.A.

do a gerente de produção da linha

vestimentos, praticamente todos

A tradicional empresa do ramo de

institucional, Rosana Steinert, o

custeados pela iniciativa privada,

cama, mesa e banho Karsten S.A.

objetivo é que este segmento, em

permitiram ao Hospital um plus

com 129 anos de atividades e que

dois anos, represente 10% do fatu-

na prestação de serviços clínicos

em 2010 faturou R$ 430 milhões,

ramento da empresa.

e cirúrgicos, contando com um sistema de hotelaria, que oferece

recentemente profissionalizou a

modernas estruturas de atendi-

e conceituado no ramo têxtil, des-

Mercado de fusões e aquisições aquecido na área da saúde

de o ano passado vem conduzindo

O mercado de M&A na área da

mais de 300 médicos.

mudanças significativas no mix de

saúde está aquecido no Brasil.

produtos da companhia. Entre es-

Com destaque, duas grandes ope-

sas mudanças está a aquisição da

rações realizadas nos últimos me-

Trussard, que visa atingir o seg-

ses, a aquisição pelo Grupo Amil

Cresce o número de pós-graduações em gestão de saúde

mento AA dos consumidores, tan-

do Hospital Nove de Julho em São

O setor de saúde vem crescendo

to no Brasil como, de forma espe-

Paulo e a do Hospital São Luiz,

e sofrendo melhorias constantes

cial, na América Latina.

sua gestão. O atual presidente, Alvin Rauh, profissional experiente

mento aos pacientes, heliponto, lounge e um corpo clínico com

também de São Paulo, pela rede

em todo o País. Atualmente, exis-

Além das linhas tradicionais

D’Dor. O segmento deve receber

tem mais de 70 Cursos de Pós-

da Companhia, que levam a marca

um maior implemento no decor-

-Graduação em Gestão Hospitalar

Karsten, a empresa desenvolveu a

rer deste e dos próximos anos,

e Gestão de Saúde. Algumas das

linha Casa In, voltada ao segmen-

com a realização de novas fusões e

melhores faculdades do Brasil

to consumidor das classes B e C.

aquisições no setor hospitalar e de

despertaram para esse segmento

Outra

laboratórios de análises clínicas.

e passaram a oferecer formação

modificação

importante,

foi a implantação de uma linha

profissional na área de gestão.

Hospital Baía Sul amplia suas instalações

Destaque para a Fundação Dom

segmentos de hotelaria, hospitais e clínicas de alto padrão. Segun-

O Hospital Baía Sul, de Floria-

semestre de 2009, criou o Núcleo

institucional, voltada a atender os

Cabral — FDC, que, no segundo


37

POR Lenita Neves GonçalveS Administradora especializada no setor de saúde e diretora executiva da TopGesto. lenita@topgesto.com.br

de Gestão em Saúde a partir da

programas abertos e de progra-

balho, tanto em setores já consoli-

percepção de um maior interes-

mas customizados), a FDC subiu

dados da economia, quanto em se-

se por conhecimento em gestão

uma posição em relação a 2010, fi-

tores em desenvolvimento e novos

pelos profissionais e instituições

cando no 5º lugar, após HEC Paris,

setores também.

de saúde e de uma provocação

Harvard, Iese e IMD.

do Instituto de Ensino e Pesqui-

O aumento de oportunidades tende a ser maior nos setores dire-

Oportunidades de mercado

tamente atrelados ao desenvolvi-

IEP. As motivações da criação do Núcleo de Saúde da FDC foram a

Nos próximos cinco anos, GE, Sie-

tacamos aqueles ligados à saúde:

percepção do grande potencial pa-

mens e IBM pretendem investir

• Gestor de turismo, com foco no

ra o desenvolvimento do conheci-

1,6 bilhões de dólares em unida-

mento em gestão no setor da saú-

des de pesquisa e desenvolvimen-

de, tanto público, quanto privado;

to no Brasil.

sa Hospital Sírio-Libanês — HSL/

mento do País, dentre os quais des-

turismo médico no Brasil. • Especialistas em serviços para idosos.

a crescente complexidade do setor

Para área da saúde, destaca-se o

• Bioengenharia, procedimentos

que exige aprimoramento da ca-

planejamento da GE, que já iniciou

médicos aliados às técnicas de

deia de organizações que o cons-

a construção da sua estrutura no

manipulação de tecidos.

tituem; e a necessidade de investi-

Rio de Janeiro e pretende contratar

• Engenharia hospitalar, para de-

mentos na competência em gestão

400 profissionais altamente qualifi-

finir os equipamentos e investi-

deste setor. A Fundação Dom Ca-

cados como engenheiros, cientistas

mentos certos para atender as

bral, baseada em Minas Gerais,

e pós-doutorados para trabalha-

necessidades e estratégias das em-

foi considerada a 3ª melhor escola

rem em pesquisas que envolvem,

presas e profissionais da saúde.

de negócios do mundo em cursos

dentre outras áreas, a da saúde.

• Executivo de sustentabilidade,

customizados — feitos sob me-

(fonte: Você S/A, outubro/2011, re-

para garantir a adoção de boas

dida para os clientes —, pelo jor-

portagem Os Novos Centros de Ino-

práticas de governança corpora-

nal britânico Financial Times em

vação, por Luiz de França)

tiva e responsabilidade socioam-

2011, saltando cinco posições em

biental das empresas da saúde. (fonte: Você S/A, outubro/2011, re-

atrás apenas da americana Duke

Oportunidades profissionais

e da francesa HEC Paris e passan-

Nos próximos 20 a 30 anos, o Bra-

por Camila Mendonça)

do à frente de nomes conhecidos

sil deve passar por uma fase deno-

como a Harvard Business School

minada de “bônus demográfico”,

Novo produto da ARIWA

e a espanhola Esade. É a primei-

na qual o somatório da população

A ARIWA, empresa de Balneário

ra vez que uma escola de negócios

ativa é maior do que o somatório

Camboriú/SC, lançou um novo pro-

da América Latina ocupa uma po-

de crianças e idosos que não apre-

duto: um recipiente indevassável

sição tão alta no ranking. Na lista

sentam capacidade produtiva. Is-

para a água mineral sem gás, com

geral das melhores instituições

so quer dizer que a tendência é

grande utilidade para hospitais, clí-

de educação executiva do mundo

que haja um aumento expressivo

nicas e entidades de saúde. As em-

(uma combinação dos rankings de

de vagas e oportunidades de tra-

balagens são de 5, 10 e 20 litros. •

relação ao ano passado, ficando

portagem Profissões do Futuro,


38

DO MUNDO PARA O BRASIL

Gestão em tempo real O Brasil passou a contar com o i.s.h.med, sistema de informação hospitalar que auxilia nos processos de gestão da saúde, desde a administração até a sala de cirurgia / por Marília Marasciulo

Em 2011, o Brasil se tornou um dos 16

mil processos, e as informações da em-

países do mundo que contam com o

presa são administradas em tempo real.

i.s.h.med, sistema de informação hos-

O módulo basis do i.s.h.med, por exem-

pitalar baseado no software de gestão

plo, plataforma central para tratamen-

empresarial SAP ERP, líder de mercado

tos, permite que médicos e enfermeiros

e que abrange tarefas administrativas,

controlem e supervisionem o paciente

financeiras e logísticas de uma empre-

com mais precisão: todos os documen-

hospital com tanta frequência. Com um

sa. Criado pela T-Systems — empresa do

tos em papel são digitalizados e armaze-

aparelho que faz essas medições e trans-

grupo Deutsche Telekom, que desenvol-

nados no sistema, além de serem incor-

mite os dados via web, eles podem ser

ve e gerencia soluções inovadoras em

porados imagens, vídeos, gráficos, que

monitorados pelo médico, que terá tam-

tecnologia da informação e comunica-

melhoram a comunicação entre profis-

bém o prontuário disponível a poucos

ção (ICT) -, o i.s.h.med já é utilizado em

sionais e tornam o diagnóstico mais rá-

cliques, e só iriam até ele quando hou-

cerca de 260 hospitais da Áustria, Fran-

pido e eficiente.

vesse necessidade de consulta.

Com a digitalização, um novo mode-

De acordo com o Head of Portfolio

O i.s.h.med é dividido em módulos,

lo de atendimento também se torna pos-

Managment da T-Systems Luiz Carlos

que correspondem a diferentes áreas da

sível. Em casos de pacientes idosos, ou

Hirayama, o i.s.h.med garante uma ges-

gestão: da triagem à administração, da

que necessitem de cuidados regulares,

tão integrada e completa do hospital. Ele

consulta à sala de cirurgia. Cada um des-

como controle da pressão e do índice de

afirma que o sistema não é caro, desde

ses módulos é responsável por mais de

glicose, eles não precisariam mais ir ao

que o hospital tenha um volume médio

ça, Suíça, África do Sul, entre outros.


39

O i.s.h.med permite a supervisão médica do paciente e proporciona diagnósticos mais eficientes.

bel”, por causa de seu sistema ultrapassado que não comportava as atividades crescentes e o volume de informações, é hoje completamente integrado. No case sobre o Sourasky, preparado pela Siemens — uma das detentoras dos direitos do i.s.h.med —, o diretor geral do centro, Gabriel Barbash, afirma que os dados clínicos e administrativos agora disponíveis são extremamente importantes para a competitividade. Outro benefício citado pelos profissionais do centro é a possibilidade de comunicação através do sistema: eles dizem que trocam informações sobre pacientes, evitando erros, além de realizarem a rotina diária de uma maneira mais inteligente e eficiente. Resultados financeiros po-

Foto: ShutterStock

sitivos também são citados. Segundo o

Sourasky Medical Center Pertencente ao Ministério da Saúde de Israel, o Sourasky Medical Center de Tel Aviv possui mais de 150 mil m² em quatro hospitais. Desde 2003, utiliza a tecnologia da T-Systems de gestão, o i.s.h.med. Os resultados foram excelentes: tanto a comunicação interna quanto os números financeiros do hospital melhoraram. A direção está, inclusive, ampliando o sistema com novas aplicações.

médico responsável pela gestão do Hospital, Ronni Gamzu, sem a função que permite visualizar a situação de diferentes departamentos, o sucesso do centro seria impossível.

de 300 leitos, e é ideal para hospitais que

Os resultados impressionaram tanto

queiram ser pioneiros em tecnologia e

a equipe, que o Sourasky está amplian-

na gestão hospitalar, com alto grau de

do o sistema e adicionando mais módu-

complexidade e competitividade.

los a ele, com novas aplicações. “Quando nós adicionarmos novos módulos do

Case de sucesso

i.s.h.med, a disponibilidade de dados

Um dos maiores centros médicos de Is-

clínicos vai aumentar. Nós poderemos

rael, o Tel Aviv Sourasky Medical Center,

analisar os dados tanto da perspectiva

que pertence ao Ministério da Saúde,

financeira quanto da qualitativa [...] O

tem mais de 150 mil m² e reúne quatro

maior benefício é que a disponibilidade,

hospitais, utiliza o i.s.h.med desde 2003.

as avaliações da qualidade e da eficiên-

Como resultado, o centro, que na década

cia do Hospital serão muito, muito mais

de 90 era considerado uma “torre de ba-

fáceis”, afirma Barbash. •


40

ortopedia

As próteses brasileiras A revista TopGesto traçou um panorama do serviço de próteses no País e concluiu que o crescimento da área no Brasil é imprescindível / por MARÍLIA MARASCIULO

Falar de serviços de próteses no Brasil não é uma ta-

te regulamentada. Além de definir quem é o profis-

refa fácil. Primeiro porque há poucas empresas que

sional, o projeto exige formação específica e atualiza-

as produzem, e a maioria são pequenos negócios,

ção permanente, estabelecendo algumas atribuições,

passados de pai para filho, que importam tecnolo-

tais como: auxiliar na prescrição da prótese e da ór-

gias dos Estados Unidos ou da Europa. A Associação

tese, na avaliação inicial do paciente e interpretação

Brasileira de Ortopedia Técnica (Abotec), apesar de

da prescrição, na tomada de medidas e moldes para a

possuir 310 associados, estima que existam cerca de

confecção e no acompanhamento posterior da evolu-

700 protesistas no País. Um número insignificante, se

ção do paciente. O PL já foi aprovado pela Comissão

considerarmos que só no norte e nordeste do Brasil

de Seguridade Social e Família (CSSF) e, no momento,

há mais de um milhão de pessoas a espera por uma

tramita na Comissão do Trabalho, de Administração

prótese — dado divulgado por um relatório feito pelo

e Serviço Público (CTASP).

SUS em 2008. Mas, de acordo com o presidente da Abotec, Joaquim Cunha, essas são algumas das conse-

Ensino regulamentado

quências do principal problema do setor: a profissão

Outro objetivo da Abotec é a criação de uma Escola

ainda não é regulamentada no Brasil. Ele explica que,

Brasileira de Ortopedia Técnica. O primeiro e único

por consequência disso, só quem já possui o negócio

curso técnico reconhecido pelo MEC é o da Associa-

na família costuma seguir na área.

ção Pestalozzi, de Niterói, que existe desde 2004, mas

Estabelecer uma regulamentação para os traba-

só formou uma turma até hoje. Para o presidente da

lhadores da área é uma das metas estabelecidas pela

Abotec, a baixa procura é um reflexo da falta de re-

Abotec. Um passo importante foi dado em 2002, quan-

gulamentação da profissão. Sem uma faculdade, as

do a resolução n° 192 da Anvisa definiu normas, res-

atualizações e capacitações de protesistas são feitas

ponsabilidades e obrigações das empresas prestadoras

em cursos realizados pela própria Abotec, com te-

de ortopedia técnica. A partir de então, a Abotec ficou

mas que vão desde palmilhas especiais a sistemas de

responsável pelo fornecimento de um Atestado de Ca-

encaixe com válvulas de expulsão do ar em próteses

pacidade Técnica (ACT) a profissionais que cumprem

transfemurais. Também são realizados congressos

com algumas das exigências da resolução, entre elas

que reúnem os especialistas em discussões técnicas.

a necessidade de que eles

De acordo com o vice-pre-

possuam experiência míni-

sidente da associação, Pe-

nos cinco cursos de aprendizado/atualização nos últimos cinco anos. Contudo, somente com a aprovação do Projeto de Lei nº 5.635-A, de 2005, a profissão será devidamen-

A Abotec possui 310 associados e estima que existam cerca de 700 protesistas no País.

ter Kuhn, coordenador dos cursos, o Brasil está dentro dos padrões mundiais quando o assunto é tecnologia. Entre as empresas que se destacam no setor, de acordo com a Abotec, estão a Ortho Pauher, a Ortocom, a Össur e a Polior. •

Foto: Divulgação/Össur

ma de cinco anos na área e a participação em pelo me-


41

Össur Com o lema “vida sem limitações”, a empresa islandesa criada em 1971 é uma das líderes mundiais em sistemas não invasivos e de alta tecnologia na área de próteses, órteses e materiais terapêuticos. Inicialmente um negócio familiar, a Össur possui hoje cerca de 1600 funcionários em 14 países, e opera cinco setores de pesquisa e desenvolvimento em quatro países, que inclui parceria com universidades e instituições de pesquisa. Suas criações fizeram com que a companhia fosse reconhecida como “Pioneira em Tecnologia” pelo Fórum Econômico Mundial, em 2006. Os produtos mais conhecidos da Össur são o Flex-Foot®, o Iceross® e o Mauch®. O Flex-Foot® é um pé protético feito de fibra de carbono, material que garante resistência e flexibilidade à prótese e que possui características como calcanhar ativo e absorção de impacto. A linha de liners Iceross® foi desenvolvida por Össur Kristinsson, o criador da empresa e do produto que hoje também é desenvolvido pela Ortho Pauher no Brasil. O Mauch® é um joelho hidráulico de sete eixos permitindo ao usuário caminhar em diferentes velocidades, e, seguindo o lema da marca, é ideal para quem realiza atividades de nível moderado e alto, com grande impacto, como corridas e ciclismo. Contudo é a plataforma de tecnologia biônica da marca que merece destaque. A linha é uma fusão de inteligência artificial e fisiologia humana, que está transformando o mercado. Entre as inovações, está o Proprio Foot® — pé vencedor do prêmio de design Red Dot de 2011, que utiliza inteligência artificial para sentir e reagir adequadamente às mudanças de terreno — e o Total Knee Junior, o primeiro joelho hidráulico de sete eixos destinado especialmente para crianças. No Brasil, a Össur é representada por Jairo Blumenthal, dono das lojas Ortopedia Correto, de Porto Alegre.

Na foto, o atleta sul-africano Oscar Pistorius. Conhecido como “Blade Runner”, ele utiliza próteses finas feitas de carbono e é o primeiro atleta paraolímpico da história do esporte mundial a competir de maneira simultânea em igualdade com atletas não deficientes.


42

Ortho Pauher Fundada em 1995, é uma das únicas fornecedoras de componentes nacionais e possui sede industrial em Recife e filial em São Paulo. É especialista e pioneira na fabricação de produtos ortopédicos de silicone e gel polímero, materiais essenciais na fabricação dos encaixes das próteses, os liners de silicone. Para os profissionais da área, esta é considerada uma das melhores invenções dos últimos anos: o liner substituiu os cartuchos de borracha da década de 80 e os de e.v.a dos anos 90, possibilitando a criação de um sistema de encaixe por válvula de expulsão, através de um vácuo entre o liner e o apoio da prótese. Além disso, o material diminui o atrito da prótese com o corpo e dura mais do que a borracha ou a espuma, que tinham de ser trocadas em média a cada seis meses. A fabricação do liner no Brasil representa um avanço na área. Antes da produção nacional, ele era importado e chegava a custar R$ 3 mil. Os ajustes, quando necessários, eram difíceis de conseguir. Hoje, segundo o diretor da Ortho Pauher Henrique Queiroz, R$ 3 mil é o preço pago pelo SUS por uma prótese de alta tecnologia — o liner custa R$ 300. “Com isso a ortopedia técnica garante qualidade e bom preço a um número maior de pessoas, além de incluir aqueles que antes não tinham acesso a produtos importados”, afirma.

A Össur oferece o Mauch®, um joelho hidráulico que possui sete eixos. Ele permite ao usuário caminhar, correr e pedalar em diferentes velocidades, sendo ideal não apenas para o usuário comum como também para quem faz atividades de nível alto, com grande impacto.


43

Fundada na cidade de Duque de Caxias, a Polior existe há 25 anos. É, junto com a Ortho Pauher, a única empresa nacional que fabrica componentes ortopédicos. Além de distribuir para dentro do País, exporta para os principais países da América do Sul, A empresa islandesa Össur foi criada em 1971 e hoje é uma das líderes mundiais em sistemas não invasivos e de alta tecnologia. Seu slogan promete uma “vida sem limitações”.

além de Cuba, El Salvador, Israel e México. Entre os mais de cem produtos no catálogo, alguns são produzidos ou importados exclusivamente pela Polior, como a linha mioelétrica — por exemplo, próteses de mãos e braços — e as articulações pneumáticas, usadas nas próteses de joelhos.

Ortocom Com 32 anos de existência e cinco lojas no Rio Grande do Sul — três em Porto Alegre, uma em Passo Fundo e outra em Caxias do Sul —, a Ortocom segue o modelo comum na área, de empresa de médio porte com origem familiar. O destaque da marca, segundo Sergio Ribeiro, um dos fundadores e dono, é fornecer atendimento personalizado. Ele explica que fazer uma prótese ou uma órtese exige acompanhamento, já que o corpo do paciente sofre alterações, o que requer ajustes nos produtos. Por ser um negócio familiar, a fabricação e desenvolvimento de novos materiais fica a cargo de grandes empresas, como a Össur, a Polior e a Ortho Pauher. No entanto, Sergio diz que já houve casos de produtos criados pela Ortocom a partir de adaptações, como a órtese que possibilita a extensão e flexão do cotovelo. Ele relata o fato, que considera um clássico: “Nós precisávamos desenvolver, a pedido de um médico, uma órtese para o cotovelo operado de um paciente. Ele fazia fisioterapia, mas o que melhorava durante as sessões, piorava no tempo em que estava parado. Pensamos em uma órtese fixa, que pudesse ser modificada depois de cada sessão, e percebemos que isso seria inviável, pois teríamos que estar sempre junto com a fisioterapeuta. Precisávamos de algo que ela ou o paciente pudessem manipular. Foi quando vimos que estávamos sentados na solução do problema: o encosto do carro possui uma articulação que coloca o encosto do banco mais para frente ou para trás. Utilizando essa articulação, construímos o protótipo, que funcionou muito bem. Conseguimos convencer uma empresa a fazer uma peça menor, mais leve e com custo acessível, e hoje a articulação é um produto distribuído nacionalmente.”

Fotos: Divulgação/Össur

Polior


44

TECNOLOGIA

Investindo alto em um sonho Mesmo com as iniciativas de algumas universidades públicas, especialistas afirmam que as pesquisas na área de próteses biônicas ainda são escassas e beneficiam poucas pessoas devido aos seus altos preços / por TOMÁS M. PETERSEN

Uma pessoa sofre um acidente e perde o braço. Outra pessoa nasce sem uma das pernas. Em ambos os casos, a primeira alternativa que nos vem em mente é que no lugar do membro inexistente, uma prótese mecânica seja implantada, devolvendo ao paciente a totalidade  —  ou quase — dos seus movimentos. Há alguns anos, essa situação se popularizou entre nós através do cinema, principalmente nos filmes de ficção científica. Do famoso seriado de televisão estadunidense O homem de seis milhões de dólares às armas laser, carros voadores, robôs com inteligência humana e ciborgues, a tecnologia foi tornando-se mais comum aos nossos olhos, gerando uma expectativa das pessoas em relação a quando os apetrechos cinematográficos tornariam-se realidade. Os itens que antes faziam parte apenas de um mundo fictício, imaginado pelas mentes dos roteiristas de Hollywood, agora — ao menos na área da tecnologia médica — estão cada vez mais próximos do mundo real. No sudeste da Inglaterra, na cidade de Berkshire, Matthew James, 14 anos, nasceu sem a mão esquerda. Até agosto deste ano o menino usava uma prótese, descrita por ele como “uma garra”. Determinado, o ga-

cinco dedos individualmente e, com isso, realizar mais

roto, que é fã de Fórmula 1, resolveu enviar uma carta

tarefas, como abrir potes e carregar xícaras de chá.

para Ross Brown, chefe da equipe Mercedes GP soli-

A prótese biônica fabricada pela Touch Bionics

citando ajuda para adquirir uma mão biônica i-LIMB

funciona através de impulsos mioelétricos. Esses si-

Pulse, da empresa escocesa Touch Bionics. A prótese

nais são enviados pelo cérebro para os músculos a ca-

custava 30 mil libras no mercado. Como o sistema de

da vez que se deseja movimentar uma parte do corpo.

saúde britânico não oferece esse modelo e o dinheiro

Isso acontece instantaneamente. No caso de uma mão

que a família havia economizado não era suficiente

amputada, a prótese conecta-se com eletrodos no an-

para pagá-lo, Matthew não tinha muitas esperanças.

tebraço, que captam os impulsos elétricos produzidos

Contrariando o esperado, o pedido foi atendido. As

quando as fibras musculares se contraem. Os eletro-

duas organizações compartilharam tecnologias e fi-

dos transformam os diferentes estímulos dos múscu-

nanciaram a prótese nova e o treinamento de uso pa-

los em movimentos na prótese, como abrir e fechar a

ra James. Com ela, o garoto pode mover cada um dos

mão ou inclinar o punho, bem como a força da pegada.


45 “O único problema é que agora eu posso fazer mais tarefas, como lavar a louça”, diz Matthew James, que depois de enviar uma carta a Ross Brown, chefe de equipe da Mercedes GP de Fórmula 1, ganhou uma das próteses biônicas mais modernas.

em torno de 10% da população precisam de próteses. Desses, apenas uma parcela mínima possui condições para adquirir um exemplar de alta tecnologia. Apesar dessa restrição, há profissionais no Brasil capacitados a operar as próteses biônicas. A própria Abotec realiza cursos de especialização em seus congressos. No 2º Congresso Latino Americano de OrtoFotoS: Mercedes GP Petrona

pedia Técnica, realizado no Rio Grande do Norte, estiveram presentes mais de 500 especialistas do mundo todo e 32 palestrantes. Entre eles, Otto Block, responsável por trazer a mão biônica Michelangelo, e representantes da Touch Bionics. Para o presidente da Abotec, Joaquim Cunha, o principal fator para que as empresas brasileiras não A maioria das próteses biônicas possibilita ape-

invistam em pesquisa e desenvolvimento de próteses

nas o movimento de pinça; no caso da i-LIMB Pulse,

biônicas é o modelo de concessão do sistema público

os cinco dedos se mexem individualmente. Um soft-

de saúde. Para financiar próteses para a população,

ware, conectado por bluetooth à prótese, oferece uma

o governo realiza pregões eletrônicos, nos quais a ló-

variedade quase ilimitada de movimentos: além dos

gica é obter o menor preço, em detrimento de uma

pré-programados, há a possibilidade de configurar

melhor qualidade. No mundo inteiro, os sistemas pú-

novos tipos, de acordo com as necessidades indivi-

blicos são os principais clientes de próteses. Como o

duais. Esse modelo é feito com peças de alumínio e

governo não paga por próteses biônicas, o setor não

suporta até 90 quilos de peso.

se estimula para desenvolver as tecnologias. As pes-

O chefe do Grupo de Amputados da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Dr. André Pedrinelli, explica que a

O mercado de próteses de alta tecnologia no Brasil é restrito.

quisas são poucas porque essa área é restrita a clientes particulares. Dr. Pedrinelli concorda com o presidente da Abo-

principal limitação, não só das

tec: “Há poucas pesquisas em próteses biônicas nas

próteses biônicas, mas de qual-

universidades. Além de ser muito caro, é uma área

quer prótese, é a falta de sensi-

que beneficia poucas pessoas”. Por isso, os recursos

bilidade. Para ele, os desafios

são direcionados para desenvolver tratamentos pa-

para os próximos anos nas pes-

ra outros tipos de doenças mais preocupantes para a

quisas são dois: a miniaturiza-

população brasileira.

ção de componentes, que garan-

Apesar do quadro ser desfavorável, há iniciativas

tirá uma melhor mobilidade dos

nas universidades públicas na área de próteses de al-

membros; e o contato entre o

ta tecnologia. Na USP, o Laboratório de Biocibernéti-

músculo e o nervo por via de eletrodos, que possibi-

ca e Engenharia da Reabilitação realiza estudos dos

litariam mover as próteses através do cérebro, como

sinais mioelétricos e desenvolve modelos de próteses

um órgão normal. “Mas ainda vai demorar para que

para membros superiores, colunas e até visão artifi-

seja possível”, conclui Dr. Pedrinelli.

cial para cegos. O Departamento de Engenharia Elé-

Não há empresas brasileiras que produzem próte-

trica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

ses biônicas. Aqui, o mercado nessa área é restrito, ha-

possui um grupo de estudos em biônica, chefiado

vendo apenas representantes e importadores. Segundo

pelo professor Arlindo Montagnoli, que desenvolve

a Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (Abotec),

uma prótese de mão mioelétrica. •


46

hi-tech

Medicina em evolução Novos instrumentos e tecnologias voltados para a melhoria do tratamento médico / POR VERÔNICA LEMUS

Calçados Maxi Confort A Maxi Confort, marca do Grupo Pontal Calçados, apresenta lançamentos em calçados brancos criados especificamente para os profissionais da área de saúde. Atendendo às principais exigências do setor, os produtos possuem solado antiderrapante, cabedal em couro com o mínimo de costura, salto em materiais que reduzem a produção de ruído ao caminhar, palmilhas de conforto, amortecedores e forro interno em couro e Jersey, que garantem maior ventilação e transpiração. Fornecedor: www.pontalvirtual.com.br

De grande importância para o progresso do setor da saúde atual, o avanço tecnológico pode ser sentido a cada dia. A criação de novos equipamentos garante que a precisão e a qualidade do atendimento melhorem cada vez mais, assegurando que os procedimentos sejam progressivamente menos invasivos, com efeitos colaterais mais amenos e que resolvam a patologia de forma rápida e eficaz. Aqui, uma seleção de produtos que entraram no mercado recentemente e que garantem uma maior qualidade no atendimento e tratamento de pacientes.


47

Food Detective O kit de Food Detective é um teste rápido, qualitativo, usado para detecção de anticorpos IgG para 59 diferentes grupos de alimentos. É o primeiro teste rápido de intolerância alimentar que pode ser feito fora do laboratório. O paciente pode fazer o teste no consultório médico ou com o nutricionista e receber o resultado em 40 minutos. Atualmente, o resultado, através do procedimento tradicional, demora de 10 a 14 dias no Brasil. Food Detective é simples de usar, não requer equipamentos sofisticados e gera resultados de fácil interpretação. Fornecedor: www.biosys.com.br

Gertec Pesquisa Rápida É um dispositivo compacto que realiza pesquisas com sigilo e de maneira simples. Pode ser utilizado para conhecer a opinião de clientes, pacientes ou visitantes sobre atendimento, serviços, consultório, recepção, entre outros. É indicado também para questionários internos com funcionários para avaliações. A pesquisa é montada no computador e transferida para o terminal portátil através de USB, Ethernet ou WiFi. Os resultados são gerados no computador em minutos, com gráficos e tabelas. O dispositivo substitui a pesquisa de papel, economiza tempo e diminui possíveis erros de compilação de dados. Fornecedor: www.gertec.com.br

Curatec SilverCoat É um curativo a base de prata indicado para o tratamento de feridas de difícil cicatrização. O curativo é feito de tecido náilon e cada fio é coberto completamente com prata. O uso do metal é justificado por seu poder bactericida, e também pela contribuição para uma rápida cicatrização, reduz ainda o odor e tem fácil aplicação. O curativo de prata não adere ao ferimento e também impede que uma ferida limpa seja infectada. Pode ser recortado em qualquer direção e utilizado dos dois lados. É indicado para queimaduras, enxertos, úlceras por pressão, diabéticas e venosas. Fornecedor: www.curatec.com.br Fotos: Divulgação


48

Milli — Oxímetro de pulso O oxímetro conta com uma série de diferenciais que apenas o modelo oferece. A nova proposta da Hi Technologies tem foco na humanização em saúde. O produto monitora quatro sinais vitais: saturação do oxigênio (SPO2), pulso, índice de perfusão e índice de variabilidade de perfusão. Na parte do design, o oxímetro se destaca como um equipamento versátil. O dispositivo conta com uma interface otimizada com touchscreen, internet sem fio, webcam, integração com outros equipamentos e ainda dispõe de uma loja virtual de aplicativos, com customizações especiais para UTI, anestesiologia, ambulâncias e home care. Fornecedor: www.hitechnologies.com.br/milli3d

Topic A nova geração de sistemas de limpeza e desinfecção da Meiko alia as necessidades de higiene com um processo padronizado e confiável. Ideal para a limpeza e desinfecção de utensílios sanitários, tais como comadres e papagaios. Um dos grandes diferencias do sistema do Topic é o fato de ele ser totalmente automatizado. O produto da Meiko também não utiliza agentes químicos, já que em seu processo de desinfecção a ferramenta principal para a limpeza é o calor. Fornecedor: www.sigex.com.br

ProDiet O suplemento Energyzip é isento de lactose e glúten. O produto foi formulado para ser consumido por pessoas acima de 10 anos de idade (conforme Ingestão Dietética Recomendada). Ele apresenta uma fórmula hipercalórica, sendo indicado para pacientes com necessidades nutricionais elevadas, desnutrição, caquexia, SIDA, câncer e úlceras de decúbito. Formulado com 64% de maltodextrina e 36% de sacarose. Fornece 300 Kcal (tetra pak de 200ml). O suplemento faz parte da linha de produtos da Prodiet, desenvolvida para favorecer os tratamentos de nutrição clínica e obter sucesso na saúde dos pacientes. Nos sabores morango, baunilha e chocolate, vem pronto para o consumo. Fornecedor: www.prodietnutricao.com.br Fotos: Divulgação


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2010

2011


50

Fotos: StudioF Imagem

A feira Expo Enfermagem ocorreu entre os dias 4 e 7 de outubro em São Paulo e foi a primeira feira internacional de produtos, serviços e capacitação profissional para o setor.


51

inovaÇão

As novidades do setor de enfermagem A Expo Enfermagem, evento inédito no Brasil, reuniu médicos, profissionais de enfermagem e fornecedores para troca de informações e experiências / por João Gustavo Munhoz Entre os dias 4 e 7 de outubro, a Hospitalar Feiras e Congressos realizou, em São Paulo, a Expo Enfermagem — 1ª Feira Internacional de Produtos, Serviços e Capacitação Profissional para Enfermagem. Com o objetivo de promover integração entre enfermeiros e médicos, além de oferecer oportunidades de negócios para a indústria fornecedora do setor, a feira contou com cerca de 50 expositores. As empresas apresentaram seus novos produtos, serviços e equipamentos dedicados às atividades de médicos e enfermeiros e também puderam receber um retorno dos profissionais em relação às suas expectativas de melhora e da própria prática do dia a dia no atendimento de saúde. Além disso, o evento contou com um fórum de conteúdo científico, no qual experiências foram debatidas entre os profissionais da área. Para a presidente da Hospitalar Feiras e Congressos, Waleska Santos, a Expo Enfermagem pretendeu ser uma ponte entre os profissionais e a tecnologia disponível. “O mais importante é o conhecimento que foi disponibilizado, pois é fundamental que enfermeiros e médicos entendam cada vez mais como as novas tecnologias podem ser usadas a seu favor nos hospitais e clínicas”, diz. A TopGesto visitou a feira e lista cinco destaques da Expo Enfermagem. Confira:

Casa e Saúde Assistência Domiciliar A Casa e Saúde Assistência Domiciliar apresentou como sua atividade uma alternativa interessante às empresas prestadoras de serviço na área da saúde. A empresa, que presta serviços terceirizados de assistência domiciliar, possui grande capacidade de adaptação e adequação às normas internas de seus contratantes e otimização de recursos. Focada no tratamento e atendimento de home care, a empresa de cinco anos trabalha com equipes multidisciplinares de profissionais médicos e não médicos. Com parcerias nas duas pontas da cadeia de valores, a Casa e Saúde Assistência Domiciliar trabalha com mão de obra de colaboradores e atende a demanda de convênios de saúde.


52

representa meio grau Celsius

termômetro descartável MedTemp

(partindo de 35,5 e chegando a

é uma opção à utilização dos

40) e possui cinco cavidades, que

equipamentos de mercúrio.

representam décimos de grau. O

Com quase dez centímetros de

cristal líquido de cada cavidade

comprimento, o MedTemp é um

tem uma temperatura diferente de

filete fino de plástico flexível em

ponto de viragem e, portanto, são

forma de raquete, com pequenas

elas que indicam a temperatura.

cavidades estampadas em uma de

Para utilizar, basta colocar o

suas extremidades. As cavidades

termômetro por 3 minutos logo

possuem cristal líquido de

abaixo da axila ou por 1 minuto

diferentes concentrações e são

bem atrás da língua. Depois da

dispostas em cinco linhas e duas

aferição, o produto pode ser

colunas. Cada linha, de cada coluna,

descartado em lixo comum.

ThermoFlash memoriza os últimos 32 registros realizados, tem função de voz em três idiomas e também mede a temperatura do ambiente e de superfícies.

Fotos: Divulgação

Termômetro descartável Também importado pela CEIBRA, o

Sistema de Gestão de Riscos Clínicos (CRMS) O Sistema de Gestão de Riscos Clínicos (CRMS — Clinical Risk Management System) é uma solução holandesa para gestão de riscos clínicos em unidade de

Termômetro sem contato com o corpo O ThermoFlash é um termômetro que mede a temperatura do corpo sem contato físico. A aferição é feita por um flash infravermelho direcionado na têmpora da pessoa, e a temperatura é indicada em apenas 1 segundo. Além da rapidez e da higiene (como não há contato físico o equipamento previne infecções cruzadas), o ThermoFlash memoriza os últimos 32 registros realizados, tem função de voz em três idiomas e também mede a temperatura do ambiente e de superfícies. O equipamento é importado pela CEIBRA – Empresa de Importação e Exportação e, de acordo com a empresa, deve começar a ser comercializado para o consumidor final no ano que vem.

saúde. Composto por três fases (notificação e classificação de acidentes; análise retrospectiva e prospectiva; e melhoria da qualidade), o CRMS é um sistema completo de segurança do paciente, que inclui a notificação e análise de incidentes, os processos e procedimentos, a cultura, a formação dos profissionais a as ações de melhoria de gestão de risco. Representado no País pela NP Consulting, consultoria em estratégia, gestão e tecnologia especializada em saúde, serviços sociais, bioindústria e farmacêutica, o CRMS foi lançado na Expo Enfermagem e ainda não foi implantado no país. A expectativa da NP Consulting é que o sistema rode aqui pela primeira vez em novembro deste ano.


53

Escovas descartáveis para produtos canulados A empresa catarinense Adlin Plásticos, de Jaraguá do Sul, apresentou nove modelos de escovas descartáveis para limpeza de produtos canulados e instrumentos ou materiais médico-hospitalares que apresentam orifícios de difícil acesso. De acordo com a empresa, as escovas são uma alternativa às usuais lavadoras das Centrais de Material e Esterilização (CME) dos hospitais, que muitas vezes não conseguem esterilizar os equipamentos totalmente. Com a ferramenta, disponível nos comprimentos de 500, 750 e 1000 mm, e com cerdas de 20, 35 e 60 mm, a limpeza de produtos canulados se torna mais efetiva, reduzindo o risco de contaminações.

Expo Enfermagem 2012 2ª Feira Internacional de Produtos, Serviços e Capacitação Profissional para Enfermagem Data: 23 a 26 de outubro de 2012 Local: Palácio de Convenções do Anhembi (Rua Prof. Milton Rodrigues, s/n — ­­ São Paulo). Expositores: empresas de equipamentos médicos, produtos, serviços e tecnologias dedicadas ao setor de enfermagem, home health care, instituições de ensino, treinamento e gestão. Visitantes: enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, médicos, outros profissionais de saúde, industriais da cadeia da saúde, estudantes e estabelecimentos de ensino. Ingresso para a feira: Exclusivo para profissionais do setor. Ingresso mediante credenciamento antecipado ou no local do evento. Proibida a entrada de menores de 14 anos, mesmo acompanhados. Quem realiza: Expo Enfermagem é um evento organizado e promovido pela Hospitalar Feiras e Congressos. Mais informações sobre a Expo Enfermagem: Hospitalar Feiras e Congressos Fone: (11) 3897-6199 — Fax: (11) 3897-6191 E-mail: visitantes@hospitalar.com.br Fotos: StudioF Imagem


54

ARTIGO / ALINE DALMARCO

Registro de Enfermagem e suas Implicações Legais Muito se fala sobre a prevenção na área médica, acerca do prontuário médico e sua importância, tanto para garantir, mensurar e melhorar a qualidade assistencial, quanto como a prática é o mais importante instrumento de defesa dos médicos e instituições de saúde no caso de fiscalizações e/ou acusações de mau exercício profissional. Há muito investimento em edu-

da assistência e também enquanto

ser contornada e prevista assim

cação aos médicos para que a le-

instrumento de defesa.

como diversas outras, dentro de

tra dos registros nos prontuários

Os profissionais que integram

um projeto que visa a mudança

seja legível, assim como há maci-

a equipe de enfermagem, geral-

de cognitivo e comportamental de

ço investimento em softwares de

mente, possuem aderência maior

uma equipe complexa, como as da

gestão e treinamento dos profis-

às estratégias e planos de ação das

área da saúde.

sionais para poderem utilizá-lo da

instituições, podendo servir como

No início da implantação de

forma correta e adequada.

excelentes agentes de fiscalização

um novo processo, diversos con-

e execução das propostas e proto-

flitos surgirão. O sucesso da im-

colos estabelecidos.

plantação dependerá da previsibi-

O que frequentemente se pode observar também é a ausência de olhar e foco para a importância

Evidente que é de conhecimen-

lidade antecipada desses possíveis

dos registros realizados nos pron-

to dos profissionais inseridos na

atritos, com a descrição antecipa-

tuários pela equipe de enferma-

área da saúde que existe, muitas

da de soluções, persistência na es-

gem, bem como para o papel fun-

vezes, uma competição nada sau-

tratégia estabelecida, disciplina,

damental que estes profissionais

dável entre médicos e demais in-

paciência e tomada de decisões

têm na execução das estratégias

tegrantes da equipe multidiscipli-

corretivas rápidas

propostas pela instituição.

nar da saúde.

O resultado da integração, ain-

Os registros feitos pela equipe

Esse embate, porém, não deve

da que inicialmente forçada das

de enfermagem são tão importan-

ser encarado como um obstácu-

equipes, é o surgimento de uma

tes quanto o dos médicos, para

lo. Muitas vezes pode represen-

competição altamente positiva,

mensuração e gestão da qualidade

tar uma dificuldade, que deverá

com padronização das rotinas,


55

Por Aline Dalmarco Formada em direito pela FURB, pós-graduada em Responsabilidade Médica pela Universidade de Coimbra e em Direito Processual Civil Contemporâneo pela PUC/PR. É sócia responsável pelo departamento de direito médico e da saúde da Nemetz & Kuhnen Advocacia Empresarial e diretora técnica do TopGesto – Gestão Segura em Saúde. aline@nkadvocacia.com.br / aline@topgesto.com.br

aumento da qualidade, seguran-

tar anotações por turnos, iden-

contrar as etapas do processo que

ça, resolubilidade, eficiência e

tificação do profissional, evitar

permitiram a ocorrência do erro,

eficácia, gerando tranquilidade,

anotações subjetivas que per-

ou para melhorar as barreiras de

confiabilidade e transparência pa-

mitam diversas interpretações,

segurança de um quase erro.

ra todos os envolvidos, desde os

dentre outros);

Essa visão é importante, pois

integrantes da equipe multidisci-

• Informações devem ser claras,

estimula e compromete os profis-

plinar, médicos, direção da insti-

objetivas, frequentes, continua-

sionais para melhorarem a qua-

tuição, pacientes, familiares até a

das e completas;

lidade e a segurança dos atendi-

comunidade em geral.

• Uso de livro ocorrências por en-

mentos prestados.

fermaria destinado a registrar

A análise dessas situações com

A importância do prontuário

acontecimentos importantes e

foco na punição e responsabiliza-

muitas vezes não relativos a um

ção individual proporciona a per-

De forma pontuada, podemos des-

paciente;

petuação da situação de risco, que

tacar os seguintes itens: • Os registros e anotações de en-

• Aumento da liderança dos(as) enfermeiros(as);

pode acontecer com outros profissionais e distribui medo entre

• Correlação positiva entre os re-

a equipe, desestimulando notifi-

municação escrita de informa-

gistros e a qualidade do cuidado

cações voluntárias e análise dos

ções relativas ao atendimento

• Realização de auditorias inter-

reais motivos e causas dos erros,

fermagem são uma forma de co-

dos pacientes;

nas retrospectivas e operacio-

danos e falhas.

• Redigidos de forma adequada e

nais com intuito de analisar os

Exemplo desse processo é tra-

completa, podem destinar-se a di-

registros e discutir oportunida-

zido pela aviação. Todos sabemos

versos fins: pesquisas, auditorias,

des de melhora da qualidade do

que aviões caem e mesmo assim

processos judiciais, planejamen-

processo de enfermagem, bem

julgamos seguro embarcar rotinei-

to, gerenciamento, dentre outros;

como medidas para evitar riscos;

ramente nesse meio de transporte.

• As anotações da enfermagem

• Ferramenta de entrosamento e

Tal segurança foi percebida

consistem na mais importante

comprometimento entre equipe

após um maciço investimento em

prova da qualidade do processo

de enfermagem e corpo clínico

ações preventivas, dentre as quais checagens e estabelecimento de

de enfermagem; • Sistematizar e padronizar as

Por fim, destacamos a impor-

barreiras para evitar falhas hu-

anotações (esteticamente, uso

tância da adoção de um processo

de abreviaturas, forma de re-

de notificação de erros e quase er-

A saúde, embora trabalhe com

dação, conteúdo, horários, evi-

ros, com olhar sistêmico para en-

o fator álea, não só pode como deve

manas e mecânicas.


56

ARTIGO / aline dalmarco

e verbais, completas e fidedignas,

Os registros feitos pela equipe de enfermagem são tão importantes quanto o dos médicos, para mensuração e gestão da qualidade da assistência e também enquanto instrumento de defesa.

necessárias para assegurar a continuidade da assistência” (art. 41) “Registrar no prontuário e em outros documentos próprios da enfermagem informações referentes ao processo de cuidar da pessoa” (art. 68) “Estimular, promover e criar condições para o aperfeiçoamento técnico, científico e cultural dos pro-

seguir esse modelo, para que haja

gem, especialmente no tocante aos

fissionais da enfermagem sob a sua

aumento da qualidade e segurança

registros profissionais:

orientação e supervisão” (art. 69) “Incentivar e criar condições

e diminuição de desperdícios. “Registrar no prontuário do pa-

para registrar informações ineren-

Responsabilidade profissional

ciente as informações inerentes e

tes e indispensáveis ao processo de

indispensáveis ao processo de cui-

cuidar” (art. 71)

Outro ponto relevante a ser abor-

dar” (art. 25)

“Registrar as informações ine-

dado é a responsabilidade legal da

(É vedado) “Registrar informa-

rentes e indispensáveis ao processo

equipe de enfermagem, pouco co-

ções parciais e inverídicas sobre a

de cuidar de forma clara, objetiva e

nhecida e discutida.

assistência prestada” (art. 35)

completa” (art. 72)

Dentre as legislações que regu-

“Recusar-se a executar prescri-

“Manter segredo sobre fato sigi-

lamentam o exercício profissional

ção medicamentosa e terapêutica,

loso de que tenha conhecimento em

da enfermagem, destaca-se a Lei

onde não conste a assinatura e o

razão da sua atividade profissional,

7.498/86, o Decreto 94.406/87 e o

número do registro do profissio-

exceto casos previstos em lei, ordem

Código de Ética de Enfermagem,

nal, exceto situações de urgência

judicial, ou com o consentimento es-

disposto através da Resolução CO-

e emergência. Parágrafo Único: O

crito da pessoa envolvida ou seu re-

FEN nº 311/2007.

profissional de enfermagem pode-

presentante legal” (art. 82)

Dentre os dispositivos legais su-

rá recusar-se a executar prescri-

pramencionados, podem-se desta-

ção medicamentosa e terapêutica

Outro ponto de destaque tra-

car algumas obrigações dos profis-

em caso de identificação de erro ou

zido pelo Código de Ética de En-

sionais de enfermagem, contidas

ilegibilidade” (art. 37)

fermagem é a obrigação dos pro-

no Código de Ética de Enferma-

“Prestar informações, escritas

fissionais

da

enfermagem

em


57

garantir e participar do processo

gem do local onde ocorreu a infra-

de indenizar por danos morais,

de informação dos pacientes e fa-

ção ética e será avaliada através

estéticos, materiais, emergentes,

miliares, garantindo-lhes a auto-

de uma sindicância e/ou processo

pensões, alimentos, dentre outras.

nomia da vontade.

ético profissional.

Nessa hipótese, o profissional

Assim, resta evidenciada a

Já em relação à responsabilida-

de enfermagem poderá responder

responsabilidade dos profissio-

de criminal, cada conduta tipificada

pelos seus atos de forma isolada,

nais de enfermagem sobre seus

como crime possui uma penalidade

solidária ou regressiva.

registros e também sobre os seus

correspondente, dentre as quais po-

reflexos, além da já conhecida

de-se citar as mais recorrentes:

ma interpõe ação diretamente con-

responsabilidade sobre seus atos

• Infração ao dever de sigilo pro-

tra o profissional. Solidária, quan-

fissional (art. 154 do CP, pena:

do a vítima interpõe ação contra o

detenção de 3 meses a 1 ano);

profissional de enfermagem, contra

quer profissional da área da saú-

• Homicídio culposo (art. 121 do

instituição e demais profissionais

de, inclusive dos profissionais da

CP, pena: detenção ou reclusão

envolvidos na prestação dos servi-

de 1 a 3 anos);

ços. De forma regressiva, quando a

profissionais e sigilo profissional. A responsabilidade de qual-

enfermagem, poderá ocorrer no âmbito administrativo/ético, cível e criminal.

De forma isolada, quando a víti-

• Homicídio doloso (art. 121 do CP,

instituição ou profissional acionado

pena: reclusão de 6 a 30 anos);

pela vítima entra com ação contra

Na esfera ética, o profissional

• Lesões corporais (art. 129 do CP,

o profissional de enfermagem por

da enfermagem poderá ser pena-

pena: detenção ou reclusão de 6

acreditar ser este o verdadeiro res-

lizado das seguintes formas, de

meses a 8 anos);

ponsável pelo dano alegado.

acordo com o que é previsto pelo Código de Ética de Enfermagem: I – Advertência verbal

• Lesões corporais seguidas de

A responsabilidade dos profis-

morte (art. 129, § 3º do CP, pena:

sionais de enfermagem está cada

reclusão de 4 a 12 meses);

vez mais conhecida e aplicada. Dessa forma, esta categoria de

II – Multa Em algumas das hipóteses aci-

profissionais, muitas vezes deixa-

IV – Suspensão do exercício

ma indicadas, há previsão de au-

da à margem da equipe de saúde,

profissional

mento ou diminuição de pena, no

precisa ocupar seu espaço e sua

V – Cassação do direito ao

caso de configuração de determi-

importância, ciente de suas res-

exercício profissional

nadas situações previstas pela le-

ponsabilidades e obrigações, pois

gislação vigente.

tem muito para contribuir não só

III – Censura

A denúncia pode ser realiza-

A responsabilidade dos profis-

no cuidado assistencial, mas tam-

da por qualquer pessoa perante

sionais de enfermagem no âmbito

bém nas ações de qualidade e pre-

o Conselho Regional de Enferma-

civil, visa a configuração do dever

venção de riscos. •


58

odontologia

O novo papel das células-tronco Pesquisas brasileiras indicam que o uso de células-tronco para o desenvolvimento de tratamentos revolucionários também auxilia na odontologia / por VERÔNICA LEMUS

Muitas são as promessas e as expectativas da medici-

mes de dentes de porcos semeadas em arcabouços tri-

na na busca pela descoberta da cura de doenças co-

dimensionais e implantadas em ratos sem imunidade”,

mo a AIDS, o câncer, Mal de Parkinson e Alzheimer.

conta a pesquisadora Mônica. Como resultado, o casal

Felizmente, de tempos em tempos, podemos ler nos

observou a formação de estruturas dentárias organi-

jornais e revistas notícias de grandes descobertas ou

zadas e, nela, a possibilidade da geração de uma nova

até de pequenos resultados científicos, mas que re-

dentição, de forma a regenerar o dente por inteiro.

presentam avanços significativos.

Para que se entenda melhor os resultados da pes-

Um dos caminhos para chegar a essas tão sonhadas

quisa e, sobretudo, sua importância, é preciso antes

curas é a aplicação das chamadas células-tronco para

conhecer as diferenças entre os tipos de células-tron-

o desenvolvimento de tratamentos revolucionários. Es-

co usadas na pesquisa. De acordo com a natureza das

sas células têm a capacidade de se especializarem e ge-

células, elas podem ser adultas ou embrionárias. As

rarem diversos tipos de tecidos humanos, podendo che-

adultas são as que já se encontram diferenciadas e

gar à formação de órgãos

são capazes de reconstruir células do mesmo órgão

O objetivo é construir substitutos biológicos que regenerarão tecidos perdidos por trauma, dano ou doença.

completos. É através da en-

ou tecido do qual foram retiradas, ou seja, já estão

genharia tecidual, que se uti-

pré-programadas a formar o tecido que se pretende

liza dos princípios biológi-

construir. “Como nossa fonte de células [para os ex-

cos e os aplica às técnicas da

perimentos] é de origem dentária, os tecidos a serem

engenharia, que cientistas

construídos serão também de origem dentária”, ex-

têm chegado cada vez mais

plica a pesquisadora.

próximos das respostas. Não é somente na medi-

O emprego deste tipo de célula garante menos risco de mutações, que podem ocorrer quando são

cina que essas células tem

feitas grandes manipulações. Também tem menor

encontrado sua razão de ser. Na odontologia, pesqui-

chance de rejeição por serem células retiradas e apli-

sadores brasileiros, juntamente com outras institui-

cadas no mesmo indivíduo. “Logicamente será neces-

ções estrangeiras, vêm obtendo grandes resultados

sário validar por meio de testes biológicos qualquer

nas pesquisas de extração e uso de células-tronco pa-

amostra a ser utilizada no futuro para uma aplicação

ra criação de tecidos dentários. Tendo começado seus

clínica em seres humanos”, diz Mônica.

estudos na área da engenharia tecidual em 2001, foi a

Quanto às células-tronco embrionárias, elas só

partir de 2002 que as pesquisas começaram a ser di-

podem ser encontradas em embriões e cordão um-

fundidas no Brasil pelo casal de cirurgiões-dentistas

bilical de recém-nascidos e tem a capacidade de se

Mônica Talarico Duailibi e Silvio Eduardo Duailibi, da

especializarem e formarem qualquer tipo de célula

Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

existente no corpo humano, de acordo com o local

“A ideia surgiu a partir de estudos em modelos ani-

para o qual forem transplantadas. Podem ser clas-

mais, nos quais se implantou células coletadas de ger-

sificadas como toti, multi ou pluripotentes, já que


59

Os diferentes tipos de células-tronco

Células-tronco embrionárias São células do tipo pluripotente,

Células-tronco adultas

indiferenciadas, encontradas

São células indiferenciadas do

no embrião e que têm potencial

tipo multipotente, encontradas

para se transformarem em uma

em tecidos diferenciados, e que

variedade de tipos celulares

podem se renovar e diferenciar

especializados de qualquer

(com certa limitação) e produzir

órgão ou tecido do organismo.

o tipo de célula especializada do tecido do qual se origina. Imagem: Shutterstock

possuem alto poder de diferenciação. Diferente das

consegue determinar a forma do elemento dental por

adultas, as embrionárias não terão mesmo doador

meio de prototipagem rápida e, assim, definir qual

e receptor. Portanto, Mônica explica que, para qual-

o elemento dental que o indivíduo precisará regene-

quer terapia odontológica a ser realizada no futuro,

rar.” Isso significa que novas alternativas terapêuti-

será necessária a utilização de drogas imunossu-

cas para todas as especialidades da odontologia estão

pressoras, “o que tecnicamente se torna uma terapia

vindo por aí. “O objetivo é construir substitutos bio-

pouco convencional.” Ainda de acordo com a pesqui-

lógicos que regenerarão tecidos perdidos por trauma,

sadora, outro risco do emprego de células-tronco em-

dano ou doença, de forma completa e não mais atra-

brionárias é justamente seu grau de indiferenciação.

vés de materiais sintéticos”, conta Mônica Duailibi.

Sendo muito maior, acaba dificultando o controle bio-

“Um dos pontos mais relevantes da pesquisa é cons-

lógico e favorecendo o aparecimento de populações

truir dentes por inteiro, de forma exatamente igual

de células indesejáveis ou mutadas.

ao dente originalmente formado, técnica que chama-

Possíveis regenerações Depois dos primeiros resultados obtidos na implantação de células-tronco dentárias de porcos em ratos imunossuprimidos, o casal seguiu para a aplicação de implantes de células-tronco, desta vez de germes de dentes de ratos geneticamente idênticos, em ratos da mesma espécie, “o que equivale dizer que o receptor e o doador são os mesmos indivíduos”, diz Mônica. Com os resultados, publicados em periódicos, a equipe deu o próximo passo em direção a uma aplicação mais “pré-clínica” da tecnologia. “Ou seja, recolhemos células-tronco de germes de dentes humanos de descarte (terceiros molares) e expandimos estas células em laboratório, semeamos em arcabouços e implantamos em animais imunossuprimidos”, relata a cientista. Como consequência dos avanços dessas técnicas, poderá surgir uma tecnologia que permitirá a construção de um dente por inteiro capaz de ser implantado e de regenerar o elemento dental. “Atualmente, com a parceria do Centro de Tecnologia de Informação, pudemos desenvolver a forma pela qual a gente

mos de biomimetismo”, complementa. •

Pesquisa parceira A pesquisa liderada pelos cirurgiões-dentistas da Unifesp, Mônica e Silvio Duailibi conta com a parceria entre o Laboratório de Engenharia Tecidual do Centro de Terapia Celular e Molecular da universidade brasileira e a Divisão de Patologia Oral da Tufts University, coordenada pela professora Dr. Pamela C. Yelick. A equipe de parceiros é ainda composta pelo Prof. Joseph P. Vacanti do Massachusetts General Hospital and Harvard Medical School, maiores autoridades na área da engenharia tecidual mundial. O desenvolvimento da tecnologia é realizado tanto pela equipe brasileira quanto pela estadunidense, com financiamento nacional de agências científicas, como a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e internacional, com recursos do National Institute of Health (NIH). “Nossa parceria já rendeu, além de papers reconhecidos no cenário científico, uma patente de método cujos depositantes são as três instituições envolvidas, o que caracteriza uma transferência tecnológica para o Brasil”, compartilha.


Foto: Shutterstock

60


61

Avaliação

Em busca da administração ideal Sente falta de gestão no seu negócio? Saiba quais são algumas das melhores escolas do País que formam profissionais especializados e capacitados na área todos os anos / POR VERÔNICA LEMUS


62

De repente, você está formado. Faz especialização, abre uma clínica ou consultório médico, dedica-se rotineiramente ao atendimento dos pacientes, sempre querendo fazer o melhor. Mas, então, começa a perceber que algo está errado... Cada vez mais fica difícil manter o consultório, o atendimento clínico consome muito tempo e você ainda não consegue delegar tarefas. Além de tudo, aquele equipamento moderno comprado recentemente, que não foi pago ainda, acabou ficando encostado na parede pela sua aquisição não ter sido inteiramente planejada.

Quase todo profissional que decide comandar seu

Já a modalidade MBA é para quem tem experiên-

próprio consultório acaba se deparando com a falta

cia em cargos de liderança e gerenciamento ou para

de experiência em administração. Os anos investidos

empreendedores, ou seja, funções que exijam do pro-

em educação e especialização, focando sempre no de-

fissional a tomada de decisões. O MBA tem aplicabi-

senvolvimento de suas habilidades, restringem-se ao

lidade prática do aprendizado e seu direcionamento

conhecimento específico e não preenchem as neces-

para as áreas de gestão, marketing e empreendedo-

sidades que surgem neste momento.

rismo. Os cursos estão mais focados em áreas como

Pensando nisso, as escolas e instituições de ensino

administração e marketing, gestão, tecnologia da in-

de administração e gestão de negócios têm investido

formação e varejo. Por isso, eles sempre pedem como

na geração de novos cursos direcionados à área de ges-

pré-requisito certo período de experiência, que pode

tão em saúde, muitas vezes formando parcerias com

variar de três a cinco anos, dependendo da escola.

grandes hospitais do País na intenção de oferecer um curso o mais próximo da realidade do mercado atual.

Além disso, outro critério importante para se ter em mente no momento de escolher o tipo do curso

Para quem pensa em recorrer a um curso de ges-

é o investimento de tempo e o financeiro. Os cursos

tão, é preciso saber antes qual o formato mais indica-

de MBA costumam ser muito mais caros que os de

do para seu perfil e objetivos. Por ser uma formação

especialização – quase três vezes o valor. Para os re-

direcionada para profissionais interessados na práti-

cém-graduados, o recomendável é optar pela espe-

ca e não no desenvolvimento de pesquisas ou na do-

cialização, com a vantagem de também ter foco no

cência, a dica é buscar cursos de pós-graduação tipo

mercado. O MBA é indicado para quem deseja seguir

lato sensu, como a especialização e o MBA.

a carreira executiva, dizem especialistas, e mesmo

A especialização é recomendada para quem tem pouca ou nenhuma experiência em administração e

sendo muito mais caro, o aumento no salário pode compensar o investimento.

gestão, por exemplo, o profissional que já mantém sua própria clínica, mas que vem praticando a chamada

Os cursos

gestão caseira, em que a administração do consultó-

Tendo como base o Índice Geral de Cursos (IGC),

rio é praticada por ele mesmo ou por familiares. Um

elaborado pelo MEC, e a revista Você S/A, que ava-

dos riscos desse tipo de gestão pode ser a falta de pul-

liam as melhores escolas do País e na área de ges-

so firme e objetivo na tomada de decisões, geralmente

tão de negócio, selecionamos para você os cursos de

deixado de lado nos momentos mais críticos, fazendo

especialização e MBA em gestão da área de saúde

com que o profissional acabe agindo por impulso.

dessas instituições.


63

Easesp — FGV pequenos façam nosso curso, até

sempre atualizado, a cada cinco ou

presas de São Paulo da Fundação

porque talvez não seja mais do

seis anos são feitas reformulações

Getúlio Vargas oferece o Curso de

interesse deles continuar com um

no currículo. “Em 2010 revisamos

Especialização em Administração

escritório pequeno”, explica o co-

toda a parte do TCC, que passou a

Hospitalar e de Sistemas de Saúde

ordenador do curso, professor José

ser mais prática. A ideia foi incen-

(CEAHS), com o objetivo de formar

Ernesto Lima Gonçalves.

tivar os alunos a desenvolverem projetos que eles possam pôr em

administradores capacitados para

O CEAHS é uma parceria entre

gerenciar unidades hospitalares,

a FGV-EAESP e o Hospital das Clí-

prática, mesmo depois de formados, como uma forma de se inserir

serviços e sistemas de saúde públi-

nicas da Faculdade de Medicina

cos ou privados. “O nosso curso de

da Universidade de São Paulo. O

no mercado. Deixamos de lado os

forma geral é indicado para admi-

curso também conta com o apoio

TCCs apenas acadêmicos.”

nistração de hospitais e sistemas

do PROAHSA – Programa de Estu-

Para o coordenador, outro gran-

complexos de saúde. Nossos ex-

dos Avançados em Administração

de diferencial da escola é possuir

-alunos, de 20 anos atrás, são hoje

Hospitalar e de Sistemas de Saúde,

a Tríplice Coroa das Acreditações

diretores de hospitais, secretários

que desenvolve atividades de en-

Internacionais.

de saúde. Ou seja, nosso curso é

sino, treinamento, pesquisa, pu-

é como ter um ISO. O ISO avalia a

voltado para os grandes sistemas

blicações e assistência técnica na

qualidade e normatiza produtos e

de saúde. Mas nada impede que o

área de administração em saúde.

serviços. Mas não existe um ISO pa-

“Ter

acreditação

médico ou dentista ou outros pro-

Com quase 60 anos de existên-

ra a área do ensino, então quem tem

fissionais donos de consultórios

cia, a FGV demonstrou ser pionei-

o mesmo papel são as acreditadoras,

ra no ensino da administração ao

que têm a função de avaliar e garan-

criar, há 35 anos, o curso de Espe-

tir a qualidade dos cursos.” A Trí-

Foto: Divulgação/FGV

Com a Tríplice Coroa das acreditações internacionais, a FGV oferece uma qualidade de ensino certificada.

A Escola de Administração de Em-

cialização em Administração Hos-

plice Coroa é composta pelas acre-

pitalar. “O curso foi criado num

ditações das seguintes entidades:

momento em que ninguém fala-

European Foundation for Manage-

va de gestão em saúde, não havia

ment Development (EFMD – Equis),

uma abordagem técnica do assun-

The Association to Advance Collegiate Schools of Business (AACSB) e As-

to”, conta José Ernesto. Como forma de manter o curso

sociation of MBAs (AMBA).

Disciplinas mais comuns Separamos disciplinas de cursos na área para você conhecer melhor o currículo de algumas especializações.

CEAHS — FGV • Análise Exploratória de Dados

• Gestão em Saúde - Modelos e Visão Futura

• Ética e Direito em Saúde

• Matemática Financeira

• Planejamento Estratégico em Saúde

• Gestão de Operações das Linhas de

• Habilidades Computacionais

• Modelo Assistencial e Sistemas Comparados

• Epidemiologia e Estatística Vital

• Gestão de Pessoas em Serviços de Saúde

• Comunicação e Expressão

• Gestão Financeira e Orçamentária em

• Negociação • Relações Interpessoais e Equipes de Alta Performance • Contabilidade • Políticas Sociais e de Saúde

Serviços de Saúde • Marketing Social e de Serviços de Saúde

Cuidados Assistenciais • Gestão de Operações das Linhas de Apoio Clínico e Técnico • Gestão de Processos e de Operações das Linhas de Logística e Apoio Gerencial

• Economia em Saúde

• Gestão da Cadeia de Suprimentos

• Informações e Tecnologia da Informação

• Planejamento e Programação do Espaço

em Saúde

Físico em Saúde


64

Fundação Instituto Administração (FIA) cado para profissionais que atuam direta ou indiretamente em ativi-

da de ensino do país, o Instituto

dades operacionais ou de gerência

FIA — HAOC

de Educação e Ciências (IEC) do

na área da saúde, como médicos,

•  Planejamento e Gestão

Hospital Alemão Oswaldo Cruz

enfermeiros, nutricionistas, fisio-

Estratégica de Saúde

(HAOC), em parceria com a Funda-

terapeutas e outros profissionais

•  Contabilidade Aplicada

ção Instituto Administração (FIA),

da saúde que desejam gerir seu

está lançando este ano o primeiro

próprio negócio, assim como ges-

curso de especialização na área mé-

tores e administradores de servi-

dica e de gestão. “A parceria partiu

ços de saúde públicos ou privados

do interesse do nosso Instituto de

e administradores hospitalares.

a Organizações de Saúde •  Gestão de Custos em Organizações de Saúde •  Métodos Quantitativos Aplicados a Organizações de Saúde

Educação e Ciências em criar um

Ao longo do curso, o profissio-

curso de especialização na área

nal será capacitado para analisar

em Organizações de Saúde

da gestão em saúde no sentido de

a aplicabilidade técnica, científica

•  Gestão Financeira Aplicada

promover a qualificação dos profis-

e administrativa dos instrumen-

às Organizações de Saúde

sionais da própria instituição e do

tos na resolução de problemas;

• Gestão de Pessoas em Saúde

mercado nesta área”, conta o supe-

compreender o caráter sistemáti-

•  Aspectos Legais na Gestão

rintendente do IEC-HAOC, Prof. Dr.

co das relações presentes nas ins-

Jefferson Gomes Fernandes.

tituições, e na utilização de sub-

•  Marketing e Comunicação

de Saúde •  Cenários, Políticas, Sistemas

O MBA em Gestão de Organi-

sídios para planejar, organizar e

zações de Saúde tem o objetivo de

implementar uma gestão adequa-

• Gestão de Serviços em Saúde

desenvolver nos participantes as

da, moderna e eficaz. “Hoje, pelas

•  Gerenciamento de Projetos

competências essenciais para atu-

mudanças dos cenários e a ne-

ar como gestores de organizações

cessidade de profissionalismo na

de saúde, de forma crítica, com

gestão, o mercado da saúde exige

visão empresarial e competência

profissionais competentes, com a

técnica, nos diferentes cenários do

formação e experiência necessá-

sistema de saúde brasileiro. É indi-

e o Mercado em Saúde

em Organizações de Saúde •  Hotelaria Hospitalar e Hospitalidade em Organizações de Saúde •  Sistemas Integrados de TI

rias para que as organizações de

em Gestão de Saúde

saúde possam não só superar os

•  Sistemas de Qualidade

grandes desafios existentes, mas

e Acreditação em Saúde

também aproveitar as oportuni-

•  Desenvolvimento Humano

dades de uma área em constante transformação”, explica Jefferson. O diferencial do curso, segundo o superintendente, está na parceria

do Executivo •  Gestão de Operadoras em Organizações de Saúde •  Negociação nas Organizações

entre a FIA e o IEC – HAOC. “O fato

de Saúde e a Formação de Rede

de o HAOC ser uma instituição de

de Prestadores

excelência na área hospitalar, com acreditação internacional pela Joint Commission International, oportunizará aos alunos um aprendizado dentro de uma organização com essas características. A proposta Foto: Divulgação/FIA

Fruto da parceria Fia/HAOC, o curso é indicado aos profissionais ainda sem experiência em gestão de negócios.

Como exemplo de instituição brasileira que está de olho na deman-

pedagógica alinhada a um corpo docente experiente também é fator que contribui para uma diferenciação deste curso.”

•  Responsabilidade Social e Ética em Negócios de Saúde •  Gestão da Educação, Pesquisa e Avaliação de Tecnologias em Saúde •  Gestão da Promoção em Saúde e Gerenciamento de Riscos • Auditoria em Saúde


65

Insper — Ibmec / SP

Foto: Divulgação/Insper

Possibilidade de intercâmbio no exterior e parceria com o Hospital Albert Einstein são os diferenciais do curso do Insper.

MBA Executivo em Gestão de Saúde HIAE ­— Insper • Instrumentos de Gestão Empresarial

Como forma de assegurar a quali-

conclusão do programa (Projeto

dade do ensino, o Insper também

Aplicado), o curso deve ser com-

oferece um curso realizado em

pletado

parceria com hospital de renome.

18 meses. O programa apresenta

O programa de MBA Executivo em

estrutura modular composta por

Gestão de Saúde é oferecido pelo

Fundamentos de Negócios, Currí-

Insper juntamente com o Hospital

culo Fundamental Obrigatório e

Israelita Albert Einstein.

Monitorias, Seminários Temáticos

Voltado para profissionais gra-

em,

aproximadamente,

e Projeto Aplicado.

duados que já possuem experiên-

O programa oferece, ainda, a

cia no setor de saúde, o programa

possibilidade do aluno realizar ex-

é indicado para o desenvolvimen-

tensão internacional, por meio de

to ou aperfeiçoamento da visão

aulas em renomadas instituições

estratégica de negócios. O curso

parceiras do Insper. A experiência

aborda disciplinas direcionadas

permite colocar o participante em

para o desenvolvimento de habi-

contato com a realidade do setor de

lidades multifuncionais e para o

saúde em outros países, além de ge-

aprimoramento de conhecimen-

rar relevante networking.

tos adequados a esse segmento.

• Políticas de Saúde e Regulação • Métodos Quantitativos para Decisão •  Contabilidade Gerencial e Gestão de Custos em Saúde • Gestão Hospitalar • Liderança e Comportamento Organizacional •  Negociação Estratégica e Gerenciamento de Conflitos • Gestão de Marketing e Análise de Mercado •  Gerenciamento de Doenças e Economia da Saúde • Gestão Financeira • Gestão Estratégica de Recursos Humanos •  Produtividade nas Operações em Empresas de Saúde • Gestão Estratégica de Empresas •  Qualidade nas Operações em Empresas de Saúde • Epidemiologia e Gestão da Informação em Saúde

Como diferencial, o curso posnanças e o HIAE é responsável pe-

Baseado no método centrado

sui respaldo de alta qualidade

no aluno, o curso favorece a apli-

acadêmica de uma respeitada ins-

los conteúdos mais específicos do

cação prática dos conteúdos, con-

tituição de ensino e da reconhe-

setor de saúde. Além disso, o curso

tribuindo significativamente para

cida experiência de um dos mais

também possui duas acreditações

que os estudantes levem ao am-

tradicionais centros de saúde do

internacionais, uma da European

biente de trabalho soluções estra-

País. Dessa forma, o corpo docen-

Foundation for Management De-

tégicas elaboradas de acordo com

te do Insper fornece total suporte

velopment (EFMD) e outra da The

o contexto de cada setor. Com 600

aos alunos, no que diz respeito às

Association to Advance Collegiate

horas, além do trabalho final de

disciplinas de negócios, gestão e fi-

Schools of Business (AACSB). •


66

ARTIGO / topgesto

Conhecendo o Programa TopGesto Nesta terceira edição, damos continuidade à série de artigos que explicam “O que é o TopGesto?”. Aqui, esclarecemos dúvidas quanto ao propósito e ao funcionamento do programa. O destaque desta vez vai para o primeiro módulo sobre “Pessoas e Processos”. Nas próximas edições, daremos continuidade à editoria, abordando outros módulos do programa TopGesto – Gestão Segura em Saúde.

Módulo 1 – “Pessoas e Processos” O módulo 1 do Programa TopGesto trata das pessoas e dos processos e é fundamental, pois está na base da estrutura empresarial. As equipes de profissionais e os processos operacionais têm contato direto com o público final, sendo então os responsáveis, através de suas ações no ambiente de trabalho, pela imagem da empresa perante o mercado. Ocorre que, muitas vezes, os profissionais não estão esclarecidos de suas responsabilidades e corresponsabilidades com relação aos seus atos no ambiente de trabalho. O TopGesto aplica o módulo “Pessoas e Processos” baseado na prevenção, que é um dos pilares que sustentam o método e os benefícios do TopGesto. A prevenção está diretamente ligada ao gerenciamento da qualidade, o “fazer certo da primeira vez!” Neste módulo, a operação está voltada para a conscientização e preparação dos profissionais envolvidos em todos os níveis da organização do serviço de saúde, quer seja ele uma clínica médica ou odontológica de pequeno porte, clínicas de médio e grande porte, hospitais-dia até um hospital geral. A aplicação deste módulo pela equipe TopGesto se dá em duas fases:

Fase diagnóstica Aqui há a realização de reuniões com as lideranças do serviço de saúde (lideranças médica, administrativa, financeira, de atendimento, enfermagem, etc., de-


67

POR valéria negromonte beduschi Gerente administrativa da Nemetz & Kuhnen, presidente da TopGesto. valeria@topgesto.com.br

pendendo do tamanho da estrutura da organização) a fim de mapear e conhecer de forma aprofundada e detalhada a logística e processos de atendimento aos

As equipes de profissionais e os processos operacionais têm contato direto com o público final, sendo então os responsáveis, através de suas ações no ambiente de trabalho, pela imagem da empresa perante o mercado.

clientes/pacientes, bem como as rotinas e os processos administrativos estabelecidos.

O foco principal do Programa TopGesto é a obtenção de benefícios. Para nós, é fundamental torná-los

Fase de prescrição e tratamento

totalmente aderentes aos objetivos estratégicos e cor-

I) Geral: Neste passo, há a realização de palestras

porativos da empresa, envolvendo processos, proce-

voltadas para toda a equipe do serviço de saúde, com

dimentos, modelos, estrutura organizacional, gestão

a finalidade de apresentar e conscientizá-la acerca

de riscos e custos.

dos conceitos de qualidade, excelência e segurança

O primeiro módulo do TopGesto “Pessoas e Pro-

como diferenciais de mercado. Sempre fundamenta-

cessos” tem como foco principal o treinamento das

do na missão e nos valores da empresa, bem como

equipes e a indicação de ferramentas de gestão de

na sua realidade e objetivos, abordando também o

risco e qualidade para a empresa com o objetivo

panorama legal/jurídico que envolve a prestação de

final de trazer segurança ao serviço de saúde e a

serviços de saúde.

todos os envolvidos na sua operação; clientes internos e externos.

II) Segmentada: Aqui é realizada a capacitação seg-

O resultado da aplicação deste módulo é a cria-

mentada para a equipe profissional com objetivo de

ção e adoção, por parte de toda equipe, do conceito

identificar os riscos de sua atuação, bem como mape-

de sinergia voltada à satisfação do cliente/paciente; e

ar mecanismos de prevenção desses riscos e seguran-

cliente/paciente feliz é cliente fiel!

ça dos clientes e prestadores de serviços, ferramen-

Em nossa próxima edição falaremos sobre mais um

tas de qualidade, visando agregar valor à prestação

dos sete módulos de aplicação do TopGesto. Aguardem! •

dos serviços e gerando essa percepção de qualidade aos clientes, sempre com base no conhecimento da realidade da prestação de serviços de saúde, considerando sua missão, valores, negócio e objetivos mercadológicos.

Solicite uma avaliação sem compromisso em nosso site ou entre em contato conosco pelo telefone (48) 3025-5100


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agenda ADMINISTRAÇÃO

agenda MEDICINA

VIII Congresso Virtual Brasileiro de Administração – CONVIBRA

Congresso Internacional e SAÚDE & PEP 2011

Os debates sobre os trabalhos ocorrem em salas virtuais com recursos de áudio e vídeo, possibilitando interatividade sem custos de locomoção e hospedagem, o que torna a participação de todos os pesquisadores brasileiros, independente do seu local de origem, possível e viável. Está dividido em 13 áreas temáticas e os participantes podem assistir às apresentações previamente disponibilizadas a qualquer momento.

Organizado pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), esta edição passa a integrar o Congresso de Informática em Saúde junto ao Congresso de Prontuário Eletrônico ao Paciente (PEP). O evento irá reunir prestadores de serviços de tecnologia da informação e de saúde, indústria, governo, academia e estudantes para discutir fundamentos, aplicações e políticas relacionadas a registros eletrônicos em saúde, especialmente os prontuários eletrônicos de pacientes.

Quando: 2 a 4 de dezembro Onde: São Paulo – SP (sede) Site: http://www.convibra.com.br Contato: adm.secretaria@convibra.com.br

Quando: 4 a 6 de dezembro Onde: Campinas – SP Site: http://www.sbis.org.br Contato: (11) 3791-3343 ou sbis@sbis.org.br

XIII Encontro Nacional Sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente – Engema

American Society of Tropical Medicine and Hygiene (ASTMH) 60th Annual Meeting 2011

O objetivo do Engema é o intercâmbio, a divulgação de práticas de gestão socioambiental e o estímulo à produção de novos conhecimentos e abordagens administrativas que contribuam com as estratégias de negócios, e, ao mesmo tempo, com o desenvolvimento sustentável.

O encontro anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene. No evento, apresentações de trabalhos e a presença de empresas globais, que buscam novas ideias e negócios.

Quando: 5 a 7 de dezembro Onde: São Paulo – SP Site: www.engema.org.br Contato: (11) 3799-7887

Gestão por Processos 2012 A quinta edição do summit segue o portfólio internacional. O evento foi desenvolvido exclusivamente para promover o debate entre líderes da alta gestão de empresas nacionais e internacionais sobre a importância de manterem-se engajados e comprometidos, alcançando excelentes resultados. Quando: 30 de janeiro a 2 de fevereiro de 2012 Onde: Chácara Santo Antônio – SP Site: http://www.gestaoporprocessosbrasil.com.br/ Contato: michelle.oliveira@iqpc.com Telefone: (11) 3164-5600

Quando: 4 a 8 de dezembro Onde: Filadélfia – EUA Site: http://www.astmh.org/Abstracts_and_Education1.htm Contato: +1-847-480-9592 ou http://www.astmh.org/Source/ ContactUs/

XXI Jornada Paulista de Reumatologia e XIX Encontro Rio-São Paulo de Reumatologia O evento será uma ótima oportunidade de discutir e trocar ideias com destacados professores do Brasil e de fora do País. O destaque será a presença da Dra. Jane Salmon, estudiosa do LES, e os cursos de Imagem e Imunologia darão ênfase à aplicabilidade prática, com grande utilidade em nossos consultórios. Quando: 8 a 10 de dezembro Onde: São Paulo – SP Site: http://www.reumatologiasp.com.br Contato: (11) 3287-6757 ou reumatologiasp@reumatologiasp.com.br


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agenda FARMÁCIA

III Congresso Brasileiro de Medicina de Emergência Com uma carga horária de 80 horas, o congresso também poderá ser acompanhado via internet. Participarão as mais renomadas instituições médicas do Brasil, além de profissionais e estudiosos. Quando: 14 a 17 de dezembro Onde: São Paulo – SP Site: http://www.cobraem.com.br Contato: (11) 3511-6182/6183 ou cobraem@cobraem.com.br

Jornadas Internacionais de Cirurgia 2012 Realizadas no Centro Hospitalar de Lisboa, vão contar com a presença de acadêmicos e profissionais da área, que discutirão temas em cinco módulos. Quando: 20 de janeiro de 2012 Onde: Lisboa – Portugal Site: http://www.jicchlc.org Contato: secretariado@jicchlc.org

agenda ODONTOLOGIA

30º Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo

VII Congreso de Farmacia Asistencial “Desafíos Actuales de la Farmacia Hospitalaria” Esta atividade científica, de grande importância, contará com a participação de professores nacionais e internacionais, especialistas em Assistência Farmacêutica. Será realizada também a primeira reunião da Coordenadoria Sul-Americana de Farmácia Hospitalar, que compreende os seguintes países: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Paraguai, Peru e Uruguai. Quando: 1º a 3 de dezembro Onde: Santiago – Chile Site: http://schfa.cl/?page_id=446 Contato: contacto@schfa.cl

World Influenza Congress Europe Como uma edição do mundialmente reconhecido World Vaccine Congress, o World Influenza Congress Europe (Congresso Mundial Europeu da Gripe) se posiciona como o maior e mais relevante evento desse setor na Europa. O Congresso Mundial Europeu da Gripe dispõe de 45 sessões sobre o tratamento e resposta à pandemia da gripe, participação de profissionais de todas as partes do mundo responsáveis por farmacêuticas e bio-tecnologia e especializados no campo da gripe. Quando: 6 a 8 de dezembro Onde: Viena – Áustria Site: http://www.terrapinn.com/2011/flu/index.stm Contato: +44 (0)20 7092 1000 ou enquiry.uk@terrapinn.com

Considerado o maior evento de odontologia da América Latina, além de apresentações de trabalhos científicos, o congresso contará também com uma grade de cursos e uma feira odontológica com a presença de expositores das maiores empresas nacionais e estrangeiras. Haverá também um espaço destinado às crianças. Quando: 28 a 31 de janeiro de 2012 Onde: São Paulo – SP Site: http://www.ciosp.com.br/ Contato: secretaria.decofe@apcdcentral.com.br

Anuncie aqui o seu evento. Entre em contato com revista@topgesto.com.br


Foto: Shutterstock

Cartagena, o paraĂ­so das ĂĄguas azuis que atraem os visitantes.


viagem

A inspiradora Cartagena “Me bastou dar um passo dentro da muralha para vê-la em toda sua grandeza à luz malva das seis da tarde, e não pude reprimir o sentimento de ter voltado a nascer” (Viver para contar, Gabriel García Marquez) / POR Marília Marasciulo Cartagena de Índias parece cenário de filmes. Com

la Miami. O horário ideal para o passeio é ao pôr do

suas casas coloniais coloridas, balcões cobertos por

sol, quando as cores do céu ganham tons que vão do

flores e trepadeiras e o mar do Caribe no horizonte,

rosa ao alaranjado e uma agradável brisa marítima

não é à toa que é chamada de "a joia do Caribe". É fá-

sopra para aliviar o calor tropical.

cil imaginar um romance no estilo de Zorro ou perse-

A muralha não foi o suficiente para os espanhóis

guições de piratas por suas ruelas de pedra, por onde,

protegerem este porto, por onde passavam o ouro e

ainda hoje, volta e meia passam charretes com con-

as esmeraldas que retiravam da América. Em 1536,

dutores vestidos a caráter — com cartola, camisa de

eles construíram o Castelo de San Felipe de Barajas,

linho guayabera e sapatos brancos. Seu centro histó-

a maior obra militar espanhola no Novo Mundo. São

rico foi tombado pela Unesco em 1984, e a cidade foi

15 mil metros quadrados de fortaleza, complementa-

imortalizada por Gabriel García Marquez: nela, o au-

dos por uma bateria de 63 canhões e uma rede sub-

tor vencedor de um prêmio Nobel de literatura come-

terrânea com quase dois quilômetros de extensão pa-

çou sua carreira como jornalista e ambientou diver-

ra a fuga de soldados.

sos romances, como "Do Amor e Outros Demônios."

As praças também dizem muito sobre a história

Uma boa maneira de entender a história de Car-

da cidade. A mais importante é a Plaza de los Co-

tagena é através de suas fortificações. Junto com a

ches, onde ficam a Puerta del Reloj e o Portal de los

construção da cidade, em 1533, foi erguida uma mu-

Dulces. Descrito por Gabriel García Marquez como

ralha de 11km de extensão para protegê-la dos ata-

Portal de los Escribanos, em "Amor nos Tempos do

ques constantes de corsários, como o famoso inglês

Cólera", tem nos doces um atrativo para moradores

Francis Drake. Hoje, 9km do muro ainda estão de pé,

e visitantes. Durante todo o dia e até tarde da noi-

e é possível caminhar em cima dele. É de lá que se

te, vendedores em barraquinhas oferecem todos os

tem uma das melhores vistas do mar, do centro histó-

tipos de quitutes. A Puerta del Reloj é a principal en-

rico e da parte nova da cidade, a baía de Bocagrande,

trada para o centro histórico: os arcos do portão, que

lotada por arranha-céus brancos com janelas azuis a

hoje são abertos para a passagem, já foram usados


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como capela, e em 1888 uma torre com um relógio foi adicionada. Um dos principais museus de Cartagena, o Palácio da Inquisição, fica na Praça Bolívar. O prédio do século XVII funciona como museu desde 1924 e reúne documentos, objetos, quadros e maquetes sobre a "caça às bruxas" feita pelo Tribunal do Santo Ofício em 1610. Não muito longe dali fica a Plaza de la Aduana, a maior e mais bonita de Cartagena, onde há opções de lojas, bares e restaurantes.

Onde gastar As opções para compras em Cartagena, ao contrário dos restaurantes, são limitadas, mas literalmente preciosas: a Colômbia é famosa mundialmente por suas esmeraldas, e em Cartagena ficam algumas das melhores lojas. Um exemplo é a Lucy Jewelry (Calle Santo Domingo), localizada em uma mansão do sécu-

Vista aérea Avenida Santander

lo XVII e que possui colares, pulseiras e anéis feitos a mão, unindo a tradição joalheira colombiana com novas tecnologias da estética moderna.

Para relaxar Embora a cidade seja banhada pelo mar do Caribe, as praias da cidade em Bocagrande deixam a desejar. O ideal é ir ao Parque Nacional Natural Corales del Rosario y San Bernardo, um conjunto de ilhas com mais de 50 espécies de corais e água cristalina que fica a 45km de Cartagena. Há saídas diárias em barcos, que levam duas horas para chegar, e lanchas, que levam uma hora. Uma das paradas é a Ilha de Barú, na Playa Blanca, onde é possível descer e passar o dia aproveitando o sol na areia ou na água Salas de espera consultórios

Água na boca Bares e restaurantes são o ponto forte da cidade. De gastronomia francesa à argentina, há inúmeras alternativas para satisfazer todos os tipos de gostos. O La Perla (Calle de Ayos, nº 4-42) é uma delas. Em um espaço moderno, o chef ousa criando pratos que misturam influências peruanas e mediterrâneas. Se o seu paladar pede algo mais clássico, mas sem perder a sofisticação, o 1621 é a escolha perfeita. O novo restaurante do hotel Sofitel Santa Clara (Calle del Torno nº 39-29) traz um cardápio com o melhor da culinária espanhola, complementado por uma carta com mais de 250 vinhos de todo o mundo. Se você não está hospedado no Sofitel, vale a pena aproveitar para conhecê-lo: construído onde antes era o convento de Santa Clara, o prédio manteve os pátios e arcadas da época, garantindo um luxo especial ao lugar. •

Suítes VIP


73

Hospital Vida Centro Profisional Em 2013, será inaugurado em Cartagena de Índias o Vida Centro Profesional, um complexo de saúde de última geração em frente à praia de Marbella. O início da construção está previsto para o final deste ano e o custo total da obra será de US$ 100 milhões. Com 45 mil metros quadrados, 13 andares, 64 quartos, sete suítes VIP e 178 consultórios, o edifício será inteligente, bioclimático e autossuficiente: as atividades serão controladas e monitoradas por sistemas especiais, como o Automation Software; o design permitirá melhor aproveitamento do sol e maior ventilação; e seus recursos energéticos serão o vento, o sol e a chuva. A estimativa da empresa responsável pelo projeto, a C&C Arquitectura e Ingeniería, de Santiago de Cali, é de que a economia de energia seja de 40% em relação aos hospitais comuns.

Fachada do Hospital

Além da clínica — que terá ala de emergência, laboratórios, unidade de tratamento para quimioterapia e UTI —, o complexo terá uma área de lazer, com SPA, academia e centro comercial. Essa é a principal diferença entre o Vida Centro Cartagena e o Vida Centro de Santiago de Cali, que já está em funcionamento. "Em Cartagena, os pacientes receberão o tratamento em um ambiente agradável e com alto nível de conforto, diferente da maioria dos hospitais", afirma Marcela Wilson, responsável pelo marketing.

Entidade Promotora de Saúde Na década de 90, o sistema de saúde da Colômbia passou por uma reforma que instituiu o pluralismo estruturado, separando as etapas de financiamento, asseguramento e prestação de serviços. Foi criado o Sistema General de Seguridad Social en Salud, com dois Planos Obrigatórios

Enfermaria

de Saúde (POS), um para o regime de seguro contributivo e outro, mais restrito, para o subsidiado. Com isso, o sistema passou a funcionar da seguinte forma: os empregadores ou o governo (no caso dos desempregados) fornecem um número de POS à pessoa. Esta deverá escolher uma Entidade Promotora de Saúde (EPS), que pode ser pública ou privada, e funciona como uma operadora, um intermediário entre o paciente e o hospital. No Brasil, os planos de saúde privados poderiam ser comparados às EPS. Nos primeiros dez anos depois da reforma, a cobertura assistencial aumentou, atendendo cerca de 90% da população. Mas, a partir de 2010, uma crise tomou conta do sistema colombiano, com denúncias de corrupção em EPS e problemas em questões administrativas e estruturais. Hospitalização Fotos: Divulgação


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Na hora de escolher entre a música e a medicina, a dúvida foi grande.

HOBBY

Entre consultas e melodias Apesar do amor de infância pela música, Stefano Rossi é mais um que optou pela medicina, mas não deixou a música sair da sua vida / PoR VERÔNICA LEMUS


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Apaixonado por música, Stefano Rossi come-

pensar! O tempo de espera das consultas se-

çou a tocar violão aos 13 anos de idade, tendo

ria interminável”.

como professor seu irmão Francesco, quem o

Viagens também costumam servir de

ensinou três acordes no instrumento. Depois

fonte criativa. Ilhabela — música que con-

de praticá-los repetidamente até criar bolhas

ta com um videoclipe disponível para exi-

nos dedos, compôs naquele mesmo dia, de

bição no Youtube — foi escrita depois de

maneira intuitiva, sua primeira música.

Stefano ter visitado e se encantado com a ci-

Foto: Arquivo Pessoal

Tudo indicava que aquele caminho era o

dade. Juréia, Portobelo e Itapema também

que levaria Stefano à realização profissional,

ajudaram o médico a compor. “Estou de-

mas como uma das surpresas em sua vida,

vendo uma para Floripa, cidade que adoro.”

ele seguiu um destino totalmente diferente.

Ainda que profissionalmente bem-suce-

Stefano é hoje Dr. Stefano Rossi, médico en-

dido na medicina, Stefano deseja promover

docrinologista, com 29 anos de profissão.

sua paixão pela música do status de hobby

A escolha da medicina veio de um inte-

à, talvez, uma carreira paralela. Em 1998,

resse maior que ainda garoto ele tinha pe-

gravou seu primeiro CD, Essencial, com dez

la ciência. Porém, Stefano confessa que, no

composições próprias e uma da autoria de

momento da decisão, a dúvida bateu e foi

seu irmão, “que é um excelente guitarrista

grande. Tão grande que até hoje ele conti-

e multi-instrumentista”, diz orgulhoso.

nua se dedicando ao que chama de seu “lado

Como músico amador, ele já sentiu na

b”. Apesar de o tempo destinado à medicina

pele a dificuldade que um iniciante da mú-

ser muito maior que o destinado à música,

sica tem para conseguir divulgar seu traba-

Stefano faz questão de encontrar um espaço

lho nos meios de comunicação. Felizmente,

na agenda para a prática do seu hobby. “Te-

a internet tem demonstrado ser uma pode-

nho uma banda e tocamos esporadicamente

rosa e democrática ferramenta, ajudando

em algum barzinho ou festival. Nas manhãs

Stefano a promover seu videoclipe. “Em

de domingo, gravamos nossas músicas num

três meses meu vídeo teve mais de 2400

pequeno estúdio”, conta empolgado.

acessos, inclusive em países como México,

O estilo musical de Stefano vai do pop

Leste Europeu, Rússia, Japão, etc.”

ao rock, de canções românticas à bossa no-

Com cerca de 240 músicas próprias, sen-

va. A inspiração para as composições vem

do 30 delas instrumentais, o Dr. Stefano

geralmente após algum tempo tocando vio-

Rossi pretende investir na carreira musical,

lão ou guitarra. O próximo passo para com-

mas como compositor: “Assim posso conci-

por as suas musicas é elaborar a letra ou o solo de uma composição instrumental, seja cantarolando ou assoviando. “Já fiz início de músicas no carro, batucando no painel, enquanto aguardava no farol vermelho. Fiz uma música inteira no carro, letra e música, na Av. Brasil [São Paulo], em dia de grande congestionamento”. Quando perguntado se o atendimento clínico também servia como fonte de inspiração, Stefano brinca: “Nem

“Fazer uma atividade física, de preferência prazerosa, é fundamental. Desenvolver um hobby ou um talento faz muito bem à mente, ao corpo e à alma”


76

liar com a medicina”. Seu próximo CD, intitulado Na trilha de um sonho, é totalmente instrumental e

Essencial

no momento está em processo de

Em 1998, Stefano, em parceria com

finalização. Ilhabela, do videoclipe,

o irmão Francesco, gravou o CD

é uma das canções que compõem

Essencial, com dez músicas autorais.

o álbum. “A música e jogar futebol

O próximo disco, todo instrumental,

são o meu ponto de equilíbrio e te-

já está quase pronto.

rapia contra todas as dificuldades da vida moderna. Eu acredito que tanto a música como a medicina me tornaram mais sensível, mais

Localizada no litoral paulista, Ilhabela encanta e serve de inspiração a qualquer um de seus visitantes.

na Santa Casa de São Paulo”, con-

tolerante, mais observador, mais

ta. O médico também realizou o

próximo ao paciente e a ouvir

sonho do consultório próprio, que

Em 25 de novembro deste ano,

melhor as suas queixas. Há tanto

lhe rendeu pacientes.

acontece na sede social da Associa-

tempo que lido com a medicina e

Stefano lamenta, entretanto,

ção Paulista de Medicina (APM) a

a música, que estão totalmente en-

que o papel do médico está mui-

décima segunda edição do Festival

trelaçadas”, desabafa.

to desvalorizado: “Nosso trabalho

do Médico Músico. Podem partici-

é artesanal, não uma produção

par do festival médicos e estudan-

Música e medicina

em série. É necessário tempo, de-

tes de medicina do Estado de São

Escolhida para ser sua paixão prin-

dicação e muito estudo.” Mesmo

Paulo, nas categorias intérprete,

cipal, a medicina também propor-

assim, ele sabe reconhecer o que

compositor, instrumentista e ban-

ciona à Stefano grandes momentos

sua profissão lhe trouxe de bom,

das. Os médicos se revezam no pal-

de alegria e emoção. “A medicina

principalmente quando se tra-

co e cada inscrito apresenta duas

me trouxe satisfações muito gran-

ta das grandes lições que apren-

músicas, num total de aproximada-

des, como o sonho da formatura, o

deu. “O contato com os pacientes

mente 25 apresentações. No reper-

período da residência e a especiali-

de todas as condições socioeco-

tório, vale todo o tipo de música.

zação em endocrinologia, tudo isso

nômicas, com diversas patologias

O Festival teve sua primeira edi-

foram um grande aprendizado

ção em 1999. Desde então, já aconte-

na minha vida. Gosto muito do

ceram cerca de 250 apresentações

consultório e pretendo continuar

musicais e foram executadas mais

a defender os meus clientes com

ou menos 500 músicas. Segundo

unhas e dentes.”

Iraci Contreiras, coordenadora do

Como maneira de atingir esse

Foto: Shutterstock

Festival do Médico Músico

Departamento Social da APM, a in-

objetivo e também de manter um

tenção do evento é promover o en-

bom padrão de atendimento, Ste-

contro dos profissionais e estudan-

fano chega a encarar jornadas diá-

tes que têm em comum a música e

rias de 12 a 14 horas, deixando para

a medicina, além de ser também

a família e o lazer poucos momen-

um momento de confraternização

tos disponíveis. “Felizmente, minha

com as famílias e com os pacientes,

família sempre me apoia. Tanto na

que também são convidados. Stefa-

música, quanto na medicina.”

no Rossi é participante assíduo do


77

Festival e relembra os primeiros

de abraços com barulhentos ta-

anos do evento. “Na primeira edi-

pas nas costas. Gritam os nomes e

ção existia um prêmio para os me-

curtem as músicas uns dos outros,

lhores classificados, o que causou

emprestam instrumentos, improvi-

um certo mal-estar na escolha, com

sam grupos e apresentações.”

participantes sentindo-se injustiça-

Para a coordenadora, o interes-

dos. Da segunda edição em diante,

se da Associação Paulista de Medi-

transformou-se numa mostra de

cina em realizar um evento como

músicas. Pena que ocorre apenas

esse vem do caráter da entidade,

uma vez ao ano”, lamenta.

que atua não somente nas áreas

Origem da mostra

do profissional, mas também tem

A ideia do Festival do Médico Mú-

preocupação com a responsabili-

sico começou no Piano’s Bar, nas

dade social, sociocultural e de la-

dependências da APM. Todas as

zer dos seus associados. “Atender

políticas, científicas e de defesa

sextas-feiras, os médicos se encon-

as expectativas da classe e reunir

travam para um happy hour, onde

em sua sede médicos associados

eram realizadas apresentações de

e convidados para uma atividade

músicos profissionais.

que proporciona união, alegria e o

Alguns médicos começaram

fortalecimento das relações entre a

Festival do Médico Músico 2011

a fazer participações — acompa-

entidade e seu cliente, certamente é

A próxima edição

nhando os músicos ou fazendo

importante”, explica Iraci. Para ela,

será realizada no dia 25

suas próprias apresentações. “Al-

a música interfere na qualidade de

de novembro, na sede

guns deles eram insistentemente

vida, na sensibilidade, na harmonia

da Associação Paulista

chamados para se apresentar da-

e no equilíbrio de quem a aprecia.

de Medicina, a partir das 20h. O evento é aberto

do seu alto nível musical”, conta

Stefano finaliza falando sobre

Iraci. “Observamos que havia um

a importância de ter uma ativida-

a todos os médicos

grande número de médicos (solos

de extra para descontrair, como o

e estudantes de medicina,

ou em bandas) que tinham a mú-

Festival do Médico Músico. “Nós

de todas as especialidades

sica como hobby.” E dessa manei-

somos seres humanos. Não so-

e gêneros musicais. Para

ra, a APM deu início ao Festival do

mos eternos, nem insubstituíveis.

a participação de bandas

Médico Músico.

Portanto, fazer uma atividade fí-

é necessário que um

O Festival é todo bancado pela

sica, de preferência prazerosa é

integrante seja médico

Associação e tem proporcionado

fundamental. E isso não é só para

ou estudante de medicina.

aos participantes momentos de

ser aplicado apenas aos pacientes.

Para participar, acesse

amizade e descontração, que desto-

Desenvolver um hobby ou uma

o site do Festival

am da rotina de uma agenda sobre-

potencialidade faz muito bem à

e preencha o cadastro

carregada e de atividades estres-

mente, ao corpo e à alma. Quan-

de inscrição. O endereço

santes. “Todos esperam ansiosos

to ao tempo... tenho uma música

é www.apm.org.br/

pela data”, diz Iraci. “Parece encon-

com este nome, que começa assim:

festivaldomedicomusico.

tro de turma de faculdade. Velhos

O tempo é um bem precioso, que

amigos que se encontram ao som

deixamos escorrer pelas mãos...” •


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TOP LEITURA

Para ler e aprender

TopGesto fez uma seleção especial para você que ama ler, mas não tem tempo para procurar um livro especial. Aqui você encontra dicas também de livros técnicos para facilitar a sua leitura específica / por Marília Marasciulo

Miséria e grandeza do amor de Benedita João Ubaldo Ribeiro Editora Nova Fronteira Neste livro indicado por Clotilde Garcia, nefrologista pediátrica, o escritor, membro da Academia Brasileira de Letras e vencedor do Prêmio Camões de 2008 — maior premiação para autores de língua portuguesa — narra a história de Deoquinha Jegue Ruço, uma versão nordestina de Don Juan, e sua esposa Benedita, que perdoa as aventuras amorosas do marido. A partir da morte do personagem central, na cama de uma de suas amantes, o autor reconstrói a trajetória do conquistador, mas é a figura de Benedita que motiva toda a trama. Editado em 2000, o livro foi o primeiro e-book lançado no Brasil. Clotilde Garcia: gaúcha, 57 anos, médica nefrologista pediátrica, professora de Nefrologia, Transplante e Doação de Órgãos na UFCSPA e responsável pela Nefrologia pediátrica e Transplante Renal na Santa Casa de Porto Alegre. Adora cinema, leitura e viagens.

Cruzamento Perigoso Ob Tavares Para a endocrinologista Luciana Tupy, esta obra é importante, pois faz um alerta sobre a AIDS entre adolescentes de uma comunidade do interior que se depara com o primeiro caso da doença.

Luciana Tupy: endocrinologista, formada pela Faculdade de Medicina de Sorocaba da Pontífica Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com residência em Clínica Médica também na PUC-SP e especialização em Endocrinologia e Metabologia no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Valter Duro Garcia: médico nefrologista, diretor da Unidade de Transplante de Rim e Pâncreas da Santa Casa de Porto Alegre, ex-presidente e atual membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e vice-presidente da Sociedad de Trasplante de America Latina y el Caribe (STALYC).

Chagall Jackie Wullschlager, Editora Globo A colunista de arte do Financial Times Jackie Wullschlager conta a trajetória do pintor russo Marc Chagall, um dos expoentes do modernismo europeu, desde o nascimento em Vitebsk — então Território do Assentamento, onde Catarina, a Grande, confinara os judeus de seu império — aos tempos no exílio e finalmente em Paris. “Indico este livro porque além ser uma biografia completa de um dos principais artistas do século XX, retrata a situação dos judeus na Rússia pós-czares e a vida em Paris no intervalo das guerras”, recomenda Valter.


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A saga no Prata Juvêncio Saldanha Lemos Suliani Letra&Vida Editora

Nelson G Meinhardt: cirurgião formado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente trabalha no Hospital Nossa Senhora da Conceição em Porto Alegre e é membro efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e International Federation of Surgery of Obesity (IFSO).

“O livro que recomendo é bem pesado: são mais de 800 páginas sobre as idas e vindas de espanhóis e portugueses aqui no Sul. Apesar do tamanho e da aparente aridez do assunto, é nossa história misturada com a dos castelhanos, contada desassombradamente. O autor é meu primo distante, e adquiri o livro na Feira do Livro em Porto Alegre há dois anos, na sessão de autógrafos, achando que seria uma bobagem militar (Juvêncio Saldanha Lemos é militar aposentado). Estava ali mais para cumprir meu dever de parente, prestigiando... Mas que nada! O livro é ótimo e deve ser lido bem devagar, três ou quatro páginas por vez, voltando quando necessário, para retomar o fio da história. Particularmente, achei mais interessante do que 1822, de Laurentino Gomes!” (1822 é um livro sobre a independência do Brasil, lançado no ano passado e que, desde então, permanece entre os mais vendidos do País e em Portugal).

Disciplina: O caminho da vitória Alan Schlup Sant’Anna Editora Cócegas Quando li pela primeira vez este livro que comprei numa panificadora, jamais imaginaria que fosse realmente mudar minha vida. Havia lido diversos temas de autoajuda, pois tenho o hábito de ler de tudo e muitos amigos me zombavam por isso. Mas deste eu gostei tanto que já o li e estudei pelo menos cinco vezes. O autor nos ensina que os quatro objetivos mais importantes na vida são o trabalho, saúde, amor e religião. Para podermos nos dedicar a isso, devemos mudar nosso comportamento, e isso é possível somente através da disciplina. Para isso, devemos evitar os sentimentos do medo, raiva, depressão e preguiça. Essa é a grande lição que Alan Sant’Anna nos ensina através de seus métodos e exemplos da vida real. Antonio Cury: cirurgião geral e oncologista, especializado em cirurgia minimamente invasiva.

Doidas e Santas Martha Medeiros L&PM Pocket

Fotos: Di

vulgação

Com cem crônicas sobre fatos do cotidiano, dos dramas e das delícias da vida adulta, Doidas e Santas é, segundo a dentista Rosamaria Verney, “um convite à reflexão de sentimentos diários da vida de nós mulheres com todas nossas contradições emocionais, hormonais e intelectuais sem deixar de serem bem humoradas. E essa visão faz com que nos vejamos como simples mulheres a busca de um entendimento sobre a vida. Esta leitura é imperdível.” Rosamaria Verney: carioca, 48 anos, cirurgiã dentista formada em Odontologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, atualmente atende em consultório em Florianópolis.


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GESTOTOP

Uma ação do bem Conheça o exemplar programa de voluntariado da Santa Casa da Misericórdia, em Porto Alegre / POR TOMÁS m. PETERSEN

do Hospital Santa Clara: “Lá tem muita gente do inte-

Todos os domingos, Eri de Oliveira Graffe acorda cedo

coringa: “Quando precisam e me chamam, eu vou”.

rior, que está sozinha. Eu converso com elas, ofereço ajuda, até escrevo cartas quando pedem”. E no Instituto da Mama, no Hospital Santa Rita (especializado em oncologia), Graffe diz que atua mais como um

pela manhã. Ele se arruma, sai de casa e atravessa a ci-

Esse contato com os enfermos é o diferencial do

dade de Porto Alegre, saindo da zona sul, no bairro Ca-

trabalho realizado na Santa Casa. Os voluntários

valhada, até o centro. Tudo para que às nove horas ele

atuam em atividades de apoio, lazer e educação,

esteja no Hospital da Criança Santo Antônio, para abrir

junto com pacientes adultos e da pediatria, que es-

a sala de recreação para as crianças enfermas brinca-

tão aguardando, passando por ou recuperando-se

rem. Eri de Oliveira Graffe dispõe de sua manhã de do-

de tratamentos.

mingo para ajudar crianças doentes. E ele não recebe

“São profissionais de diversas áreas, não necessa-

nada por isso, é um dos trabalhadores voluntários da

riamente da saúde. Há professores, advogados, em-

Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre.

presários”, diz Barbosa. Em algumas áreas, eles uti-

O programa de voluntários da Santa Casa foi ins-

lizam, inclusive, essas habilidades. Um exemplo é no

tituído em agosto de 2001, por ocasião do ano inter-

apoio pedagógico às crianças que estão afastadas da

nacional do voluntariado. A assistente social e co-

escola em função do tratamento. Os voluntários en-

ordenadora do programa

tram em contato com a escola e repassam os conteú-

Adriane Barbosa explica

dos que seriam perdidos.

O objetivo do programa é fazer as pessoas felizes, tanto os trabalhadores quanto os pacientes.

que, na história da institui-

Atualmente, são 219 voluntários. As mulheres são

ção, sempre houve traba-

a maioria — apenas 19 homens participam das ativi-

lhadores voluntários, mas

dades. A faixa etária predominante é dos 50 anos para

com a data promovida pe-

cima, que representa 80%. Para Adriane Barbosa, es-

la ONU, a direção aprovei-

ses números mostram a importância do voluntariado

tou para profissionalizar o

não só para os pacientes, mas para os trabalhadores:

programa. “A partir disso

“A partir de uma fase da vida, as pessoas começam

passamos a oferecer capacitação para as pessoas que

a perder seus amigos, familiares. Com o trabalho vo-

não são da área médica entrarem em contato direto

luntário, eles passam a fazer parte de um novo grupo,

com o paciente”, explica Barbosa.

ampliam e recuperam suas relações sociais”. A coor-

A aposentadoria de Graffe começou em 1981, mas ele continuou trabalhando como gerente de segurado-

denadora conta que já teve um casal de viúvos que se conheceu no grupo. Tempos depois se casaram.

ras por mais 20 anos, obtendo destaque no ramo: no

“O objetivo do programa é fazer as pessoas felizes,

Rio Grande do Sul, apenas três profissionais foram ho-

tanto os trabalhadores quanto os pacientes”, explica

menageados com notoriedade. Graffe é um deles. “Eu

Barbosa. Os voluntários são parte da equipe do Hos-

não gosto de ficar parado”, diz. Por isso, o aposentado

pital e têm a mesma importância que os médicos e

se matriculou num curso de voluntariado e, há cinco

funcionários. Para os pacientes, o resultado é a redu-

anos, passou a fazer parte da equipe da Santa Casa.

ção do período de internação. Já os voluntários, ido-

Com 78 anos de idade, ele dedica três dias da se-

sos na maioria, passam a conviver socialmente com o

mana para prestar solidariedade a quem precisa. Fo-

grupo, vão a jantares, viajam, vão ao cinema. “Parece

ra o Santo Antônio, ele também faz visitas aos doentes

que eles param de envelhecer”, finaliza Barbosa. •


Fachada da Santa Casa de Misericórdia em Porto Alegre

GestoTop A partir desta edição, a TopGesto e a revista TopGesto trouxeram ao público um editoria especial, denominada GestoTop. Ela destacará projetos e iniciativas na área de gestão em saúde, implantados visando a melhoria na qualidade de prestação de serviços ao paciente e aos seus familiares. No decorrer do mês de maio de cada ano, um grupo de jurados vai escolher o melhor GestoTop do Brasil. A premiação será no curso da Feira Hospitalar em São Paulo, com uma bonificação em dinheiro e um troféu representando a vitória do candidato. Vários profissionais de saúde, médicos, gestores de clínicas e hospitais, dentistas, farmacêuticos, bioquímicos, psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros, estudantes, pesquisadores e outros poderão se inscrever pelo site para divulgar cases que merecem o reconhecimento GestoTop. Confira abaixo o regulamento: Regulamento do Concurso GestoTop da revista TopGesto Art. 1o. Entidades (públicas ou privadas), assim compreendidas: clínicas, hospitais, universidades, laboratórios, ONGs, etc.; bem como profissionais da área de saúde (de qualquer especialidade ou profissão); bem como estudantes de cursos universitários e/ou técnicos, poderão participar do concurso GestoTop, desde que comprovem a condição de regularidade da entidade e/ou a condição de legalidade do exercício profissional ou acadêmica; bem como exercerem suas atividades no território brasileiro. Parágrafo Primeiro: Os trabalhos apresentados, para concorrerem ao GestoTop devem ter por escopo destacar projetos e iniciativas na área de gestão em saúde, devidamente implantados, visando a melhoria na qualidade de prestação de serviços de saúde, especialmente a redução de riscos de qualquer natureza, tendo por foco o paciente e/ou seus familiares. Esses riscos devem estar em sintonia com um ou mais dos módulos do TopGesto – Gestão Segura em Saúde, disponibilizados no programa contido no blog.

Parágrafo Segundo: A Comissão julgadora, poderá, a seu exclusivo critério, escolher casos não inscritos, que ao seu ver possam se constituir e se inserir como GestosTops. Art. 2º. Os interessados podem inscrever seu trabalho via disponibilização de material eletrônico em arquivo de Word acompanhado de eventuais gráficos e demonstrativos de resultados via planilhas Excel, o qual deverá conter obrigatoriamente : • O nome da entidade, com sua qualificação completa e o nome e qualificação completa do(s) responsável(eis) em caso de pessoas jurídicas públicas ou privadas, assim compreendido CNPJ, endereço, CEP para correspondência, endereço eletrônico, telefones de contato, etc. • O nome do(s) profissional(ais), com qualificação completa do(s) responsável(eis) em caso de pessoa(s) física(s), assim compreendido CPF/ MF, CI, CEP para correspondência, endereço eletrônico, telefones de contato, etc. • Ementa – Índice – Descrição e detalhamento do projeto – certidão de implantação e de eficácia emitida pela entidade onde o mesmo foi aplicado – certidão de profissional de saúde que ateste (outro documento que demonstre) sua eficácia, bibliografia, acompanhado de material fotográfico de alta resolução. • Os trabalhos patrocinados devem indicar, de forma clara e precisa, as fontes de financiamentos utilizadas e os valores correspondentes. • Os trabalhos devem vir acompanhados de declaração de autoria firmada pelos responsáveis, a qual terá efeitos civis contra terceiros. Art. 3º. Os trabalhos podem ser enviados uma única vez e concorrem à veiculação de edições mensais da revista TopGesto. Assim, o material de inscrição deve ser postado junto à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, até o dia 30 de cada mês anterior a duas edições da revista TopGesto, ou postados no e-mail de contato inserido no sítio eletrônico do TopGesto e da revista

TopGesto (www.topgesto.com.br). Art.4º. O Conselho Editorial, diretamente ou por interpostas entidades e pessoas, fará a seleção, segundo seu exclusivo critério e interesse, de um trabalho a ser editado por edição da revista TopGesto, ficando certo que não devolverá os trabalhos, sejam classificados ou não. Parágrafo Único: O Conselho Editorial reserva-se o direito de verificar, in loco, as informações prestadas pelos concorrentes, para aferição da sua veracidade. Art. 5º. Os trabalhos remetidos para o concurso estarão desde logo autorizados a serem veiculados na revista, renunciando os remetentes a quaisquer direitos decorrentes do uso de imagem, propriedade intelectual, direito autoral, ou marca, ou qualquer outro direito de natureza civil, comercial, fiscal, trabalhista, etc., ficando desde logo a revista TopGesto autorizada a veiculação dos trabalhos como matéria jornalística, sem quaisquer impedimentos ou óbices. Art. 6º. Na edição de maio de cada ano, junto da Feira Hospitalar realizada em São Paulo/SP (ou em outra data, local e oportunidade, a critério do TopGesto e da revista TopGesto), será anunciado o vencedor anual do prêmio GestoTop. Art. 7º. O prémio GestoTop vai agraciar seu(s) vencedor(es) com a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em dinheiro, mais troféu e menção honrosa aos finalistas, bem como com 5 assinaturas anuais da revista TopGesto. Parágrafo Único: A exclusivo critério do Conselho Editorial da Revista TopGesto, o prêmio pode ser concedido em mais de uma categoria, ou mesmo para mais de uma pessoa ou entidade numa determinada categoria, sendo os valores suprarreferidos então divididos proporcionalmente entre os vencedores, no caso de mais de um. Art. 8º. O TopGesto e a revista TopGesto não se responsabilizam por nenhum custo inerente ao projeto e/ou a premiação, sendo todas as despesas decorrentes de responsabilidade do(s) candidato(s). Art. 9º. Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Editorial, ou por terceiros indicados por estes.

Foto: Henrique de Borba

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ACONTECEU

O início de uma trajetória Top Lançamento da revista TopGesto e parcerias consolidam a qualidade e segurança em gestão de saúde / por redação topgesto O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o diretor geral do TopGesto Luiz Carlos Nemetz, no lançamento da revista em 2011.

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Newton Quadros e Lenita Neves Gonçalves fecham parceria em busca da excelência na gestão em saúde entre o Hospital Baía Sul e o TopGesto.

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Luiz Carlos Nemetz e Alexandre Padilha, no lançamento da TopGesto na Hospitalar 2011.

Equipe TopGesto e parceiros na feira Hospitalar 2011.

Fotos: Divulgação

Em busca de qualidade e segurança em seu serviço de saúde, a equipe médica do Instituto Jacques Perissat­—Curitiba, especialista em cirurgias minimamente invasivas, assina contrato com o TopGesto.

Roberto Luiz d’Avila, nossa capa da terceira edição, recebe a revista TopGesto de setembro das mãos de Luiz Carlos Nemetz.




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