II Congresso Latino-Americano - WOSAAM 19 a 21 de outubro, em São Paulo
Autoridades apresentam os avanços da medicina para viver mais e melhor BRASIL Italo Rachid Carlos Alberto Werutsk Cicero Galli Coimbra Maria Aderuza Horst Jorge Jamili Priscila Machado EUA Abraham Morgentaler Samuel Yue Jorge Flechas BÉLGICA Thierry Hertoghe Stephane Resimont ÍNDIA Anoop Chaturvedi
ANO 1 – Nº 3
Parecer jurídico
Especialista apresentará fundamentação jurídica frente à prática da longevidade saudável
Hormônios bioidênticos
Estudos científicos comprovam a eficácia e segurança da modulação hormonal bioidêntica
Sumário Página 4 Boxe, um esporte cada vez mais feminino
Página 6 Somatopausa e o uso do GH Página 8 A personalidade de quem vive mais Página 11 Carnosina, importante aliado do
bem-estar
Página 12 Eco SPA Outeiro de Minas
Editorial
Página 14 Artigo – Predominância estrogênica
Caros amigos, O mês de outubro se aproxima e, com ele, o II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM), que será realizado em São Paulo, entre os dias 19 e 21. Paralelamente ao evento – que contará com palestrantes internacionais que figuram entre as principais autoridades no conhecimento da fisiologia humana –, serão realizados o VI Simpósio Internacional de Fisiologia Hormonal e Longevidade e o I Workshop de Nutrição Bioquímico – Fisiológica. Pelo grande interesse que vem despertando entre médicos de diversas especialidades, acredito que o congresso vá mostrar, uma vez mais, que o conceito de medicina preditiva e preventiva já está consolidado no Brasil, demonstrando que o país está definitivamente inserido nessa área. Com certeza, serão três dias de ricos debates e partilha de experiências e vivências entre oradores nacionais e internacionais e o público presente. Em razão da relevância do assunto, ele ganha destaque na revista Longevidade em Foco, que agora circula com 36 páginas.
Página 16 Evidências científicas da eficácia
Outro tema abordado nesta edição são os estudos científicos que comprovam a eficácia e segurança da modulação hormonal bioidêntica, além da superioridade clínica do tratamento, quando comparado à reposição hormonal com o uso de hormônios sintéticos convencionais. Estudos divulgados nas duas últimas décadas e que estão à disposição dos profissionais da área médica.
alimentação
Destaco ainda outra reportagem, de interesse científico, sobre o uso da vitamina D para tratamento da esclerose múltipla. Devido ao seu poder para combater a pressão alta, controlar o peso e afastar o risco de tumores, além de ser essencial para prevenir e tratar osteoporose, a vitamina D já se tornou um dos nutrientes da longevidade saudável. Mas, agora, é uma nova opção de terapia apresentada pelo neurologista e professor doutor Cícero Galli Coimbra, do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Outros assuntos completam a terceira edição da revista Longevidade em Foco, entre eles os benefícios das nozes para o coração, somatopausa e uso do GH. Boa leitura! Ítalo Rachid
dos hormônios bioidênticos
Página 18 II Congresso Latino-Americano da WOSAAM
Página 20 Abraham Morgentaler: Terapia com reposição de testosterona
Página 23 Anoop Chaturvedi: Antienvelhecimento do cérebro
Página 24 Carlos Alberto Werutsky: Erros na Página 26 Indústrias farmacêuticas dão prioridade aos testes in vitro Página 28 O uso da vitamina D para tratamento da esclerose múltipla
Página 30 Hortaliças podem ajudar a prevenção do diabetes
Página 31 Advanced, um mergulho na fisiologia humana e hormonal
Página 33 Nozes: ricas em polifenóis e amigas
do coração
Página 34 A importância da primeira consulta
Expediente
www.longevidadesaudavel.com.br Redação, Edição e Programação Visual: SB Comunicação (www.sbcomunicacao.com.br) I Jornalista Responsável: Simone Beja Publicação oficial do Grupo Longevidade Saudável: Av. José Moraes de Almeida, 777/QD2, Lote 1, Coaçu CEP: 61760-000, Eusébio – CE. Tels.: 0800 0011223 / (55) (85) 3246 2126 I Diretor Científico: Dr. Ítalo Rachid I Diretora de Marketing: Polliana Rachid I Diretora Administrativo-Financeira: Tatiana Mota I Diretor Comercial: Carlos Avellar. Impressão: Gráfica Cearense
Fitness
Boxe, um esporte cada vez mais feminino De luvas nas mãos e maquiagem no rosto, elas estão chegando. E estão dividindo com entusiasmo um reduto, até pouco tempo, essencialmente masculino: as aulas de boxe. Atraídas por uma modalidade esportiva que garante resultados estéticos animadores, uma sensível redução no estresse, sensação de bem-estar e aprimoramento cardiovascular, as mulheres são hoje um público importante para as academias de lutas em todo o país. De acordo com o personal trainer Júlio Fernandes, o boxe é um esporte altamente recomendável para a promoção do bem-estar e da longevidade, quando praticado de maneira coerente, respeitando-se os limites físicos de cada pessoa. Em relação à grande atração que o esporte tem exercido sobre as mulheres, a motivação se encontra nos benefícios nítidos que a prática desenvolve. “As mulheres, em geral, têm dificuldade em tonificar os membros superiores e o abdome, mas o boxe trabalha de maneira intensa esses grupos musculares, trazendo melhorias em força e agilidade. Por ser uma modalidade de extrema atividade aeróbica e grande quantidade de repetições de movimentos dos músculos do abdome, core, o boxe leva a uma queda no percentual de gordura corporal e à melhoria do tônus da musculatura abdominal”, explica Fernandes. Quem conheceu o boxe e dele não mais abriu mão foi a administradora de empresas e diretora de Marketing e Relacionamento do Grupo Longevidade Saudável, Polliana Rachid. Ela conta que procurou o esporte como uma atividade física complementar, para ajudar a reduzir o estresse, mas sem abrir mão da musculação. E conseguiu alcançar o objetivo que buscava. “Com o boxe, consigo descarregar a tensão do dia a dia, das muitas horas de trabalho, e, após
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os treinos, me sinto melhor, mais aliviada”, relata Polliana, que tem como personal trainer Júlio Fernandes.
Um murro no estresse Praticando boxe há dois anos e meio, Polliana percebeu diversos benefícios trazidos pelo esporte, entre os quais estão a tonificação dos músculos dos braços (bíceps, tríceps) e abdômen. “São quarenta minutos de exercícios de aquecimento que incluem flexões, abdominais e pular corda. O gasto calórico é intenso e o abdome permanece contraído durante o treino”, descreve. Mesmo os problemas respiratórios e as dores crônicas na coluna cervical não impediram Polliana de incluir o boxe entre as suas atividades. Os treinos auxiliaram a melhorar sua respiração, com o progresso de sua capacidade cardiovascular e por realizar os movimentos respiratórios de forma mais ampla. Além disso, houve a redução nas dores, pois os exercícios fortaleceram a musculatura que sustenta e dá equilíbrio à coluna, favorecendo também a reeducação postural. Tantos benefícios fizeram com que Polliana Rachid não abandonasse o boxe nem mesmo quando ao mudar de residência: a distância tornou inviável continuar na academia onde se iniciou no esporte. Atualmente, faz aulas duas vezes por semana, com professor particular, conciliando essa atividade com a musculação e treinos funcionais. Embora seja uma atividade de luta, as alunas podem optar por participar de competições ou praticar o boxe sem contato tão competitivo com as demais colegas, treinando os golpes no ar ou em objetos, como saco de treino e punching balls. Os treinos incluem muitas atividades aeróbicas, como
corridas e pular corda, bem como exercícios localizados, como flexões de braço e abdominais. No final do treinamento, a aluna pode queimar até 1000 kcal.
Endurecer sem perder a ternura A adesão das mulheres ao boxe tem sido muito grande e está desmistificando os antigos estereótipos de um esporte tido como essencialmente masculino e violento. “O boxe não é apenas um esporte de competição, mas também uma atividade de lazer, de fitness”, acrescenta Júlio Fernandes.
“Com o boxe, consigo descarregar a tensão do dia a dia, das muitas horas de trabalho, e, após os treinos, me sinto melhor, mais aliviada” Se houve tempo em que se achava que o boxe não combinava com a delicadeza das mulheres, esse preconceito ficou no passado. Praticar um esporte de luta não inibe a feminilidade das moças. Exemplo disso é Polliana, que não deixa a vaidade de fora na hora dos treinos. “Vou treinar maquiada e com as unhas pintadas”, diverte-se. Segundo Fernandes, para a obtenção de melhores resultados, o boxe pode ser praticado de três a cinco vezes por semana, e as moças não precisam deixar a malhação de lado para praticá-lo. “Pode ser exercitado como uma atividade complementar à musculação ou às aulas de spinning, de acordo com a rotina de treinos elaborada em um programa específico por um profissional de educação física competente”, ensina o personal. O boxe pode ser praticado por pessoas de qualquer idade. Conforme explica Fernandes, com a evolução da consciência corporal, podem-se dosar as intensidades dos exercícios de acordo com as possibilidades e necessidades da aluna. “Na academia, temos uma menina de oito anos iniciando-se no boxe e também temos senhores e senhoras de mais de 60 anos praticando-o com regularidade”, reforça o professor de educação física.
Das origens ao presente O boxe surgiu na Antiguidade, na região do continente africano, que, atualmente, corresponde à Etiópia. A modalidade foi disputada em uma Olimpíada pela primeira vez em 688 a.C. No entanto, tal como o conhecemos, o esporte foi reformado e teve suas regras claramente definidas na Inglaterra, em 1867, com a previsão de rounds de três minutos e o uso de luvas. As chamadas regras de Queensberry entraram em vigor em 1872.
Nos Jogos Olímpicos da Era Moderna, o boxe debutou na terceira edição, em St. Louis (Estados Unidos), em 1904, e desde então foi praticado em todas as edições posteriores, com exceção das Olimpíadas de 1912, em Estocolmo (Suécia). No entanto, apenas os homens competiam. A participação das mulheres no boxe olímpico ocorreu, pela primeira vez, nos Jogos de Londres, em julho último. E já na primeira vez em que elas participaram, uma mulher brasileira conseguiu uma medalha: a pugilista Adriana Araújo conquistou o bronze na categoria até 60 quilos (meio-médio ligeiro). Ela igualou o feito do atleta Servílio de Oliveira, nas Olimpíadas da Cidade do México (1968), até então a única conquista olímpica do Brasil no esporte. De quebra, foi a 100ª medalha conquistada por atletas brasileiros em Olimpíadas. Uma conquista auspiciosa para um esporte que vem progredindo muito no país e uma esperança para a próxima edição dos Jogos, em 2016, no Rio de Janeiro. Em nível internacional, há quatro organizações que respondem pelo esporte e mantêm competições próprias: a Associação Mundial de Boxe (AMB); o Conselho Mundial de Boxe (CMB); a Federação Internacional de Boxe (FIB), e a Organização Mundial de Boxe (OMB). No Brasil, há a Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe).
Para as mulheres que desejam competir como boxeadoras profissionais, as categorias (definidas pelo peso da atleta) são as seguintes: Mosca Ligeiro: Até 45 kg; Mosca: 48 kg; Galo: 51 kg; Pena: 54 kg; Leve: 57 kg; Meio-Médio-ligeiro: 60 kg; Meio-médio: 63,5 kg; Médio-ligeiro: 67 kg; Médio: 71 kg; Meio-pesado: 75 kg; Pesado: 81 kg; Super-Pesado: mais de 81 kg. Revista Longevidade em Foco | Pág 5
Somatopausa e o uso do GH Dr. Victor Sorrentino, especialista em cirurgia geral e em cirurgia plástica
Muito se tem discutido quanto à reposição do hormônio do crescimento, conhecido pela sua sigla em inglês, GH – de growth hormone, no homem adulto. Entretanto, diversos estudos já realizados comprovam que, entre o final da fase de crescimento e os 40 anos de idade, a produção desse hormônio permanece estável, passando a um decréscimo progressivo a partir dessa faixa etária. Produzido pela hipófise e convertido no fígado à sua forma ativa - a somatomedina C -, a deficiência do GH no homem adulto leva à somatopausa, nome em alusão à deficiência da somatomedina C no organismo. E esse declínio fisiológico do GH em razão da idade está diretamente associado aos muitos sintomas do envelhecimento, afetando a função física (menos força, flexibilidade e resistência cardiopulmonar), a função reprodutiva (redução na performance sexual e libido), imunológica (maior susceptibilidade a doenças, como infecções virais e bacterianas, e também maior incidência de câncer) e a composição corporal (perda de massa magra e aumento da gordura corporal). Outros resultados relacionados à queda do GH com o passar dos anos são o surgimento de rugas e cabelos grisalhos, além de sintomas bem mais graves, como doenças cardiovasculares, osteoporose, depressão e insônia. A boa notícia em relação ao hormônio do crescimento humano é que sua reposição em adultos pode ir além de deter alguns dos efeitos do envelhecimento: pode também adiar o envelhecimento biológico e até reverter uma série de sintomas associados ao avançar da idade. “Existem inúmeros estudos científicos, cujos resultados podemos observar na prática clínica diária, que mostram que, enquanto outros hormônios – que têm a produção diminuída com a idade, como o estrogênio, a progesterona, a testosterona, a melatonina e o DHEA – podem ser repostos para deter alguns dos efeitos do envelhecimento, o GH pode trazer benefícios ainda maiores. Sua reposição em adultos apresenta uma melhora substancial na qualidade de vida do paciente”, comenta Victor Sorrentino (CRM-RS 28.606), médico com especialização em cirurgia geral e plástica e membro da American Academy of Anti-Aging Medicine. Pág 6 | Revista Longevidade em Foco
De fato, estudos científicos surgidos a partir da década de 90 reforçam os resultados positivos da reposição hormonal em adultos. Pesquisa publicada em 1990, no New England of Medicine, envolveu indivíduos com mais que 60 anos que receberam, durante seis meses, doses subcutâneas diárias da substância. No final do período, além de muito mais disposição física, os pacientes apresentavam também aumento de 12% na massa muscular e redução de 9% na massa gordurosa. A sequência de estudos realizados a partir deste primeiro ratificou os achados iniciais, reforçando as teses apresentadas.
“Inúmeros estudos científicos mostram que, enquanto outros hormônios que têm a produção diminuída com a idade podem ser repostos para deter alguns efeitos do envelhecimento, o GH vai além, proporcionando melhora substancial na vida do paciente” “O hormônio do crescimento é o mais abundante hormônio liberado pela hipófise. Sua produção ocorre em picos com maior intensidade à noite, durante a fase de movimentos rápidos dos olhos (REM), e, em picos menores, durante o jejum e após exercícios físicos, embora determinados exercícios físicos consigam trazer picos também importantes. É um dos chamados hormônios de antienvelhecimento ou de pró-longevidade, ao lado do estrógeno, da testosterona, da pregnenolona, da melatonina e do DHEA”, explica o Dr. Sorrentino. De acordo com o médico, o que diferencia o GH dos demais hormônios é que, enquanto os outros agem principalmente de forma preventiva, detendo o avanço do envelhecimento e trazendo benefícios fundamentais à saúde, o hormônio do crescimento age princi-
palmente revertendo alguns efeitos do envelhecimento e retardando o seu processo. “Por isso, costuma-se dizer que o hormônio do crescimento atua atrasando o relógio biológico”, informa. Pesquisas têm mostrado que o hormônio do Crescimento tem a capacidade de reverter algumas alterações do envelhecimento, como, fazer os cabelos voltarem a crescer com mais vigor (quando não há uma causa genética preponderante que possa ser identificada), revitalizar, diminuir rugas e flacidez da pele. “Por isso, em razão de seu potencial, o hormônio é um importante aliado na prática da cirurgia plástica”, comenta o médico, ressaltando que a substância também estimula à cicatrização. A reposição do GH também melhora outros parâmetros na vida do paciente. Estudos mostram redução do LDL colesterol (tido como ruim até pouco tempo atrás, quando se descobriu que, na realidade, existem alguns subtipos que são de fato benéficos) e aumento da presença do HDL colesterol (colesterol “bom”) no organismo, além de corrigir a osteo-
porose, promover a melhora dos ligamentos e articulações, do sono, do humor e da memória. Vale lembrar que a possibilidade de o GH deflagrar o aparecimento de câncer, ou, ainda, de favorecer o aumento na velocidade de tumores preexistentes, foi cogitada, mas nunca foi documentada ou comprovada, figurando, nos meios científicos, apenas como remota possibilidade. Por outro lado, sabe-se que, em doses fisiológicas, o que ocorre é provavelmente o contrário. Trabalhos científicos já demonstraram que o GH tem relação com a boa performance das células NK (do inglês Natural Killer). Conhecidas desde a década de 70, as NK têm capacidade de matar células tumorais e infectadas por vírus sem sensibilização prévia. O Dr. Sorrentino lembra que, sozinha, a terapia de modulação hormonal não é suficiente para proporcionar uma longevidade mais saudável. Fatores externos, como dieta alimentar balanceada, exercícios físicos e outras escolhas de estilo de vida também são importantes. “É essencial que a pessoa incorpore uma rotina regular de exercícios físicos e um regime nutricional equilibrado e bem orientado”, conclui.
O uso de GH em adultos e seus efeitos benéficos para o organismo Importantes estudos têm demonstrado que o IGF-1 pode ser uma ferramenta efetiva no diagnóstico para o acompanhamento da produção adulta de GH. Esse marcador bioquímico tem níveis sanguíneos esperados que variam conforme a faixa etária para cada indivíduo, mas está absolutamente comprovado que aqueles que apresentam níveis elevados gozam de numerosos benefícios para sua saúde. Pesquisas relacionam o uso do GH a vários benefícios: para o cérebro (melhora do humor e cognição); carótidas (inibe formação de placas); pulmões (melhora a função pulmonar); contorno corporal (melhora a composição de massa magra em relação à massa gorda, diminuindo gordura); exercícios físicos (aumenta a capacidade aeróbica); além de melhora do sistema imune e ter efeito rejuvenescedor da pele. Da mesma forma, indivíduos com níveis baixos de IGF-1 e condições como doença cardíaca crônica e/ou isquêmica, síndrome metabólica, com aumento de gordura visceral, diabetes tiipo 2 e aterosclerose têm um aumento de sua mortalidade, em comparação aos mesmos quando têm níveis elevados de IGF-1. Estudos demonstraram que a obesidade endêmica no mundo moderno e que tem sua prevalência aumentada também em nosso país, ano após ano, é agravada e cursa praticamente sempre com níveis baixos de produção do GH associada a um estado de hipoleptinemia (diminuição funcional do hormônio da saciedade). Outros estudos demonstraram ainda que a administração de GH em pacientes HIV positivos reduz o acúmulo de gordura abdominal e visceral, provoca uma diminuição de triglicerídeos e melhora a função diastólica; demonstraram-se também os benefícios cognitivos importantes em indivíduos com demência. Revista Longevidade em Foco | Pág 7
A personalidade de quem vive mais Dr. Jorge Jamili, especialista em Gerontologia e Endocrinologia
Que prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém todos nós sabemos, e nisso o adágio não se engana. E, ter uma personalidade cuidadosa, agindo com prudência e consciência, é mais importante ainda do que parece. É uma das características fundamentais de quem deseja ter longevidade. A maior parte das pesquisas sobre o tema concentra esforços nos benefícios proporcionados pela alimentação saudável, pela prática de exercícios ou mesmo pelas taxas hormonais de cada pessoa. Um estudo detalhado sobre a influência da personalidade individual em relação à saúde, e quão longa será a vida da pessoa, exige um grande esforço de coleta de dados e um generoso decurso de tempo para produzi-los e analisá-los. Esse esforço foi realizado, nos Estados Unidos, pelo psicólogo Lewis Terman. Em 1921, ele selecionou 1.528 ótimos estudantes de 11 anos de idade para uma pesquisa de longa duração acerca dos predicativos sociais da liderança intelectual. Terman faleceu em 1956, mas seus colegas continuaram a pesquisa, que incluía questionamentos periódicos aos indivíduos selecionados – perguntas como: quanto se exercitavam, como eram seus casamentos, quão satisfatórios eram seus empregos. Esse colossal acervo de informações não ficou sem uso. Em 2009, o professor Howard Friedman e a pesquisadora Leslie Martin, da Universidade da Califórnia em Riverside, publicaram o livro The Longevity Project (o Projeto Longevidade), no qual apresentam algumas conclusões baseadas nas (até então) oito décadas de pesquisas, desenvolvidas por Terman e seus sucessores. Entre elas, a de que pessoas prudentes tendem a viver mais, pois cuidam melhor da saúde, evitam riscos e desenvolvem relacionamentos mais saudáveis. Pessoas conscientes tomam decisões que protegem sua saúde, envolvendo-se menos com atividades prejudiciais, como fumar, beber em excesso, usar drogas ou dirigir muito rápido. Elas costumam ter níveis maiores de serotonina no organismo e fazem amizades melhores, casamentos mais felizes e trabalham em ambientes menos estressantes. Pág 8 | Revista Longevidade em Foco
Estresse nem sempre é um vilão No entanto, a pesquisa também contraria certos pressupostos do senso comum, como o de a preocupação fazer mal à saúde. Os dados analisados por Friedman e Martin indicam que, em muitos aspectos, a preocupação é saudável, sobretudo para homens, guardando uma íntima conexão com conquistas profissionais, as quais são comuns às pessoas (no universo da pesquisa) que tiveram (ou ainda têm) uma vida longa. Esforçar-se para atingir metas, estabelecer novos desafios após atingi-las e assim permanecer produtivo seria, exatamente, a tendência daqueles que vivem muito. Desafios, mesmo os estressantes, são também um elo com a longevidade. De acordo com os pesquisadores, os longevos não fogem ao trabalho duro, mas o oposto parece mais verdadeiro. Isso não significa, contudo, que as pessoas devam se submeter a demandas de trabalho que estejam além de suas possibilidades, ou que tenham de suportar ambientes ruins e péssimas relações com os colegas de trabalho.
“É necessário compreender que o estresse é inevitável e um estímulo necessário, até certa intensidade. Sua persistência além dos limites, que são graduados de forma individual, deixa de ser estímulo e torna-se um agente agressor” De acordo com Jorge Jamili (Cremerj 5268330-2), especialista em gerontologia e endocrinologia, “é necessário compreender que o estresse é inevitável e um estímulo necessário, até certa intensidade. Sua persistência além dos limites, que são graduados de
forma individual, deixa de ser estímulo e torna-se um agente agressor”, avalia. O Dr. Jamili pondera ainda que algumas pessoas têm personalidade e natureza predispostas ao desequilíbrio emocional. Muitas vezes, não é possível evitar os fatores externos promotores de estresse, ansiedade, depressão, irritabilidade, angústia etc. No entanto, podemos fortalecer os mecanismos de defesa emocionais por meio de técnicas de relaxamento e meditação”, explica.
Controlando as emoções Segundo o Dr. Jamili, há algumas orientações práticas muito eficazes para a administração do controle emocional. A saber: alimentação equilibrada; manter distância do tabagismo, café (após as 17h) e das bebidas alcoólicas; equilíbrio entre atividade física (sobretudo as mais prazerosas, como esportes) e descanso; buscar um relacionamento harmonioso em casa e no trabalho, procurando dividir bem o tempo entre o trabalho e o lazer com a família; praticar atividades altruístas em benefício de menos favorecidos; ter um sono de boa qualidade, em um ambiente o mais isento possível de ruídos, luminosidade e energia eletromagnética de aparelhos eletrônicos. “Chás calmantes acompanhando um bom livro são ótimos para iniciar uma boa noite de sono”, ensina o médico. O geriatra recomenda também uma dieta com o
mínimo possível de açúcar, pois esse elemento e os carboidratos simples, como doces e bolos, produzem níveis elevados de insulina no sangue, favorecendo a ansiedade e depressão. Além disso, o médico orienta a prática regular de atividades que relaxem a mente, como meditação, ioga, pilates, dança, relaxamento físico, taichi-chuan, natação e massagem, além do uso de medicamentos fitoterápicos, pois não causam dependência química nem efeitos colaterais. Outra atividade que, segundo o Dr. Jamili, tem poderoso efeito neutralizante das emoções negativas é a meditação, que deve ser realizada regularmente, pela manhã e à noite, da seguinte forma: sentar-se em posição confortável, mas com a coluna ereta (ou deitado); imaginar-se em um jardim com uma natureza exuberante; imaginar um riacho de águas cristalinas levando em seu fluxo as tensões físicas e mentais, sentindo o corpo e a mente leves e sem tensões; observar a energia do verde da vegetação à volta e associar com a ideia de revitalização, sentindo o corpo e a mente repletos de vigor; observar a energia do azul do céu e associar com paz e equilíbrio, sentindo-se em perfeita harmonia física e mental; e sentir a energia dourada do sol envolvendo em todas as direções e associar com a ideia de alegria e bem-estar, equilíbrio e segurança inabaláveis. Observar a respiração, imaginando-se inspirando e expirando essa luz.
Relaxamento: um santo remédio Além das orientações, o Dr. Jamili ensina, ainda, um conjunto de técnicas de relaxamento e meditação. No relaxamento autoinduzido, a pessoa deve se deitar de costas sobre a superfície, em ambiente com menos ruído e luminosidade possível – ou, se preferir, pode utilizar música suave e relaxante – e respirar profundamente, observando a respiração e o abdome distender e relaxar, durante alguns minutos. Em seguida, deve-se mentalizar um segmento corporal e contraí-lo, relaxando em seguida, repetindo cada seguimento por duas vezes, trabalhando em sequência: pés, panturrilhas, coxas, nádegas, abdome, mãos/antebraços, braços/ombros/peitorais, finalizando com a face e, em seguida, com todo o corpo simultaneamente. Usando a técnica de relaxamento autógeno, a pessoa deve repetir mentalmente, o mais pausadamente possível, procurando sentir o peso do membro, obedecendo à sequência: meu braço direito está pesado, pesado, pesado, pesado e eu estou calma(o), tranquila(o), bem à vontade, por duas vezes; meu braço esquerdo está pesado, pesado, pesado, pesado e eu estou calma(o), tranquila(o), bem à vontade (2x); repetindo esse procedimento para a perna direita (está pesada, pesada...), perna esquerda (está pesada, pesada...) e finalizando: todo meu corpo (está pesado, pesado...). Revista Longevidade em Foco | Pág 9
Carnosina, importante aliado do bem-estar Dr. Breno Faria, médico fisiologista
Quem quiser envelhecer de maneira saudável, com a musculatura forte e o coração funcionando plenamente, e ter uma vida longa, gozando de bem-estar físico, não precisa cortar a carne da sua alimentação. Pelo contrário, é justamente na ingestão de proteína, de origem animal, que se encontra uma das potentes substâncias de combate aos efeitos nocivos do envelhecimento: a carnosina. A carnosina é um dipeptídeo formado por uma combinação dos aminoácidos beta-alanina e L-histidina. É encontrada em alimentos ricos em proteínas, como frango, carne bovina, suína e peixes, mas em quantidades insuficientes para atender às necessidades de nosso organismo. No corpo humano, as células neurais e musculares (miócitos) são as que apresentam maior concentração dessa substância. De acordo com o médico fisiologista Breno Faria (CRMMG-50.513), diretor do Health Extension (instituto médico de performance e otimização fisiológica e metabólica) e secretário da regional de Minas Gerais do grupo Longevidade Saudável, a carnosina pode atenuar os processos aceleradores do envelhecimento humano. “A carnosina é um antioxidante de ocorrência natural. “Tem a capacidade de suprimir a formação de produtos finais do processo de glicação (AGEs) e espécies de oxigênio reativo, que são os responsáveis pela disfunção do metabolismo e pelo estresse oxidativo, que podem levar a condições degenerativas relacionadas à idade”, explica Faria. Além disso, exerce ainda um efeito tamponador de pH, ensina o fisiologista, “protegendo as membranas celulares dos músculos contra a oxidação sob as condições ácidas do esforço muscular, promovendo, consequentemente, bem estar fisiológico. A carnosina permite principalmente que o músculo do coração se contraia de forma mais eficiente, por meio da intensificação da resposta do cálcio nos miócitos cardíacos, além dos outros músculos do corpo humano em geral”, comenta. A glicação é um fenômeno biológico que ocorre quando uma molécula de açúcar, que está em excesso no organismo, adere a uma molécula de proteína, alterando sua estrutura e impedindo o desempenho eficiente de suas funções orgânicas. Segundo o Dr. Breno, a carnosina é o mais importante agente para a prevenção do estresse oxidativo e da glicação, juntamente com a benfotiamina, que é uma forma de vitamina B1, responsável pela redução e formação
de triosefosfatos, bem como pela diminuição dos seus efeitos, impedindo que a glicação promova danos aos nervos e vasos sanguíneos. O médico ressalta que, além dessas, são conhecidas poucas opções naturais efetivas no combate à glicação, fora do âmbito das substâncias farmacêuticas artificiais.
Antioxidante natural para a prática de esportes A carnosina é, particularmente, boa para quem pratica esportes que exijam força. “O aumento dos níveis de carnosina leva a uma série de melhorias fisiológicas no plano muscular, que possibilitam prolongar e aumentar o exercício. Um dos fatores que causam a fadiga é a acidose muscular, que pode ser neutralizada pela ação da carnosina, que inibe a acidificação causada pelo hidrogênio. Outro efeito importante da carnosina é atuar como antioxidante, favorecendo uma recuperação muscular mais rápida e menor aparecimento de lesões, principalmente em atletas de alta performance”, esclarece o fisiologista. A carnosina está disponível em dietas normais, com oferta razoável de carne, sobretudo bovina. Na avaliação de Faria, dietas que incluem restrição de carne podem ser extremamente perniciosas aos níveis de carnosina, levando assim a um envelhecimento pouco saudável, pois muitas vezes restringem ou mesmo suprimem a entrada dessa substância no organismo e ainda o saturam com carboidratos. “Excesso de carboidratos e falta de carnosina formam uma das piores equações alimentares que qualquer dieta, pretensamente saudável, pode apresentar”, explica. A suplementação de carnosina, contudo, é uma boa alternativa, diz o fisiologista, mesmo havendo alguns estudos demonstrando que a carnosina pode ser hidrolisada (digerida) no sistema digestório em beta-alanina e histidina – e não chegar na sua forma íntegra aos músculos. Uma opção seria a suplementação com uma das substâncias que formarão, posteriormente, a carnosina no organismo: a histidina e a beta-alanina. “A quantidade deve levar em consideração as particularidades de cada organismo. Estudos demonstram que a suplementação de carnosina ou seus precursores obteve resultados positivos sobre a diminuição de percepção de esforço em atividade de longa duração”, relata. Revista Longevidade em Foco | Pág 11
Turismo
Saúde e ecologia em um só lugar Em um momento histórico no qual a preocupação com a conservação do meio ambiente é maior do que nunca, e em que sustentabilidade se tornou uma meta nos mais diversos ramos de negócio, as atividades turísticas se voltam, mais e mais, à oferta de serviços que conciliam lazer, bem-estar e contato com a natureza. O spa ecológico, ou eco spa, reúne a programação mais habitual de atividades desestressantes, beleza e saúde, exercícios de reabilitação física e respiratória a céu aberto, caminhadas ecológicas, banhos de ervas e argilas, massagens com óleos essenciais, meditação e promoção de hábitos alimentares saudáveis, com o objetivo de resgatar os cinco sentidos e reposicionar o ser humano em relação à natureza. No Brasil, o estabelecimento pioneiro no serviço de spa ecológico foi o Eco Spa Outeiro de Minas, na cidade de Itabirito (MG), a 1.150 m de altitude, localizada no chamado Circuito do Ouro, próximo às cidades de Belo Horizonte e Ouro Preto. A programação que o Outeiro oferece aos seus hóspedes engloba alimentação saudável, relaxamento, beleza e cuidados com a saúde. Na programação, está um conjun-
to de tratamentos para diminuição de dores e inflamações das articulações, lombalgias, artrite, artrose, fibromialgia, tendinite, bursite, epicondilite, dor ciática e outros males.
O homem integrado à natureza Segundo Ana Lúcia Bovi, gerente do Eco Spa Outeiro de Minas, o local é ideal para quem deseja relaxar, desintoxicar o organismo, fazer exercícios físicos, emagrecer, desenvolver novos hábitos alimentares e também se divertir e melhorar a autoestima. “Trabalhamos com o conceito do ser humano integrado à natureza, o homem como parte da biosfera. Nas grandes cidades, perdem-se a atenção e o cuidado com o paladar, com o olfato. Por isso, trabalhamos com a integração dos cinco sentidos”, explica. Nem só com relaxamento e boa alimentação se alcança o desejado bem-estar. Para que o exercício físico constante se torne um hábito saudável, adquirido conscientemente pelo indivíduo, de acordo com seu livre-arbítrio, e não uma obrigação socialmente imposta, os spas oferecem aos seus hóspedes uma ampla
Embora a abertura de spas pareça um fenômeno relativamente recente, sua origem remonta ao Império Romano e à descoberta do bem-estar proporcionado por fontes de água termais. Daí o termo derivar das abreviações da expressão latina sanitas per aquam (ou ainda salute per aqua), ou seja, a saúde que vem da água. Seguindo a conceituação estabelecida pela Associação Internacional dos Spas (ISPA), é uma forma de descansar enquanto se aproveita para melhorar a saúde e a estética, conservando e desenvolvendo o corpo e a mente por meio de atividades físicas e recreativas.
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gama de opções de atividades físicas. Ana Lúcia destaca o alongamento, para desenvolver a flexibilidade, melhorar a postura geral e recuperar a musculatura; a hidroginástica, que reduz o risco de lesões e permite a reabilitação de pessoas com restrições ao exercício de sobrecarga vertical, como lombalgias, artrose ou reumatismo; a ginástica localizada, para melhoria do tônus muscular; e as caminhadas ecológicas, que desenvolvem o sistema cardiovascular, aproveitando a prazerosa contemplação da natureza da região. Há ainda opções de atividade de relaxamento pouco acessíveis no dia a dia estressante das grandes cidades como a argilaterapia, para desintoxicação da pele; a floralterapia, que busca anular as causas do desequilíbrio interior do organismo; e a fitoterapia: a indicação de chás, sucos e alimentos à base de ervas medicinais brasileiras.
Educando o paladar Apesar de os spas, de maneira geral, enfatizarem a necessidade de uma alimentação saudável, no Outeiro de Minas não há controle de calorias. Em caso de dieta alimentar, o hóspede recebe orientação específica; caso contrário pode servir-se à vontade. Essa aparente contradição se desfaz com a explicação de Ana Lúcia: “Para que a sensação de bem-estar obtida durante a estada não seja passageira, é importante que o cliente saia do spa com novos hábitos. Fornecer o prato pronto não despertaria a sensibilidade. São necessárias a escolha, a decisão, para que haja a quebra de paradigma e o benefício de uma nova mentalidade seja contínuo.” As refeições são feitas com vista para as montanhas, à base de carnes magras e hortifrutigranjeiros produzidos na própria região, sem adição de agrotóxicos, incentivando o seu desfrutar moderado, sem pressa. O objetivo – esclarece Ana Lúcia – “é fazer com que o hóspede desperte o gosto por preparar seu alimento e, assim, promover uma ‘indança’, ou seja uma mudança interna, duradoura no seu padrão de comportamento”. Essa prática, cada vez mais difundida em hotéis, spas e restaurantes mundo afora, segue o movimento internacional Slow Food – uma antítese do fast-food tão disseminado nas lanchonetes das grandes cidades – o
qual aplica o conceito de ecogastronomia. Esse modelo, criado na década de 1980, visa à conjugação do prazer do paladar com a consciência e responsabilidade social. Ao mesmo tempo favorecendo a sensibilidade do gosto e a luta pela preservação e sustentabilidade no manejo da biodiversidade, com incentivo à culinária típica regional e à defesa do meio ambiente. O movimento Slow Food conta com mais de 100.000 associados. Fora os cuidados com alimentação do hóspede, os spas oferecem ampla gama de serviços de lazer, fitness e terapias antiestresse. No caso específico do Outeiro de Minas, as opções incluem tratamentos corporais (vinhoterapia; banho de cristais e ouro; hidratação com leite de cabra; banho de chocolate; massagem modeladora; bandagens; banho de lua; banho de argila); faciais (máscaras faciais diversas; massagem linfoenergética; lifting para defesa da juventude); capilares (hidratação; máscara de argila).
Serviço: SPA Outeiro de Minas
(31) 8458-7329 / (31) 9951-6894 http://www.outeirodeminas.com.br
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Artigo
Predominância estrogênica e risco de câncer Prof. Dr. Marcelo Alexandre de Matos, PhD em Ciências da Saúde, Ginecologia e Climatério Toda doença vem de um desequilíbrio metabólico. Quando o desequilíbrio metabólico subjacente é corrigido, a doença vai embora. Se essa correção não persistir, a doença voltará. O câncer não é diferente: é causado por um desequilíbrio metabólico subjacente que transforma células normais em células malignas. 0 início do câncer de próstata, mamas e útero é, principalmente, devido ao predomínio estrogênico associado a estilo de vida e fatores ambientais (agentes tóxicos que facilitam a oxidação do estrogênio). Em homens, o estrogênio sobe gradualmente com a idade, enquanto caem a testosterona e a progesterona, tendo, como consequência, a predominância estrogênica masculina. Esses níveis de estrogênio aumentam ainda mais no envelhecimento de homens com sobrepeso, pois a enzima aromatase, presente nas células adiposas, transformam os níveis já diminuídos da testosterona e androstenediona em estrógenos, incrementando o malefício do predomínio estrogênico masculino e estimulando, por exemplo, o crescimento da próstata. Concluindo: quanto mais obeso for o indivíduo, provavelmente, mais elevados serão seus níveis de estradiol. Investigadores do Instituto Nacional do Câncer (EUA) descobriram que homens com maior resistência à insulina têm um risco aumentado de câncer prostático comparado a homens com melhor sensibilidade à insulina. Como a resistência à insulina parece conduzir ao predomínio do estrogênio, pode ser suposta a associação entre resistência à insulina, predominância estrogênica e câncer da próstata. Mesmo que um homem tenha níveis de testosterona normais, se os níveis de estradiol forem elevados,
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poderá apresentar um quadro clínico de predomínio do estrogênio, como ganho de peso, crescimento mamário, ansiedade, irritabilidade, intolerância, problemas de vesícula, e o crescimento da próstata. As mesmas situações que causam o câncer de mama causam o câncer de próstata. É altamente improvável que a testosterona seja o causador do câncer prostático. Seus níveis mais elevados são encontrados na adolescência, período em que ninguém adquire câncer de próstata. De modo inverso, o risco desse câncer no homem aumenta quando os níveis de testosterona e de progesterona caem e os de estradiol sobem. Esse predomínio estrogênico traz ainda riscos cardiovasculares agregados, como infarto miocárdico e derrame cerebral, em ambos os sexos. A testosterona é um antagonista direto do estradiol. As mulheres desenvolvem as mamas porque o efeito do estradiol nelas é mais forte que o efeito da testosterona. Os homens também produzem estradiol, mas, durante a maior parte da vida (adolescência até a fase adulta), há maior produção de testosterona, o suficiente para bloquear o desenvolvimento das glândulas mamárias e outros efeitos indesejáveis consequentes a um domínio estrogênico. O estradiol e a progesterona são hormônios projetados para trabalhar juntos, equilibrando mutuamente propriedades antagônicas para produzir um ótimo benefício hormonal em homens e mulheres. A progesterona, assim como a testosterona, é hormônio necessário para prevenir os efeitos indesejáveis do estradiol não antagonizado. O estradiol, sem oposição, pode ser letal.
hormônio bioidêntico Evidências de sua eficácia terapêutica e superioridade clínica Estudos científicos divulgados nas últimas duas décadas comprovam a eficácia e segurança da modulação hormonal bioidêntica, além da superioridade clínica do tratamento, quando comparado à reposição hormonal com o uso de hormônios sintéticos convencionais. E quem é da área médica sabe que esses estudos estão à disposição, bastando acessar a base corrente de dados. Ainda assim, a prática da modulação hormonal bioidêntica tem enfrentado ferrenhos opositores. Para o médico e diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, Ítalo Rachid (Cremesp 114612), parte dessa oposição é reflexo da “resistência ao desconhecido”. Ele critica o fato de o médico passar a maior parte de seu tempo estudando doenças e aprender pouco sobre a fisiologia. “A fisiologia é vista em um, no máximo, em dois semestres, e no início do curso, quando o aluno ainda não está preparado para absorver tantas informações. A fisiologia hormonal é praticamente ignorada e, por sua relevância, deveria ser estudada durante todo o curso e na residência médica”, afirma. O Dr. Rachid explica que o termo bioidêntico refere-se a uma substância cuja estrutura molecular é exatamente idêntica à dos equivalentes produzidos pelo nosso próprio organismo e rebate a informação de o hormônio bioidêntico ser igual ao hormônio usado na terapia de reposição, proposta pela medicina convencional. “As informações técnico-científicas estão baseadas em evidências, devidamente fundamentadas e referenciadas cientificamente”, diz o médico e cita como exemplo o estudo publicado, em 2005, no International Journal of Cancer, envolvendo 54 mil mulheres. A autora da pesquisa, a médica e pesquisadora Agnès Fournier, do Institut Gustave Roussy, da França, e sua equipe acompanharam o grupo de mulheres que recebiam estrogênio bioidêntico e uma versão sintética do hormônio, a progestina. A pesquisa mostrou a existência de aumento de risco de câncer de mama de 40% entre as mulheres que estavam tomando o hormônio sintético convencional, | Revista Longevidade em Foco
enquanto foi percebida redução de 10% de risco da neoplasia entre as mulheres que estavam recebendo o hormônio bioidêntico. Dois anos depois, em 2007, um seguimento desse estudo, envolvendo mais de 80 mil mulheres, foi publicado na Breast Cancer Research and Treatment, revista científica focada no tratamento e na pesquisa de câncer de mama. Mais uma vez, ficou constatado que mulheres que estavam recebendo estrogênio e progesterona bioidênticos não apresentavam aumento do risco de cancro da mama, enquanto as que receberam hormônio sintético convencional apresentaram um aumento do risco de câncer de mama de 69%. Novas extensões desse estudo têm sido realizadas e estão chegando à mesma conclusão. Algumas pesquisas sugerem, inclusive, que, a longo prazo, o hormônio bioidêntico pode ser uma proteção contra o câncer. A medicina avança rapidamente e o Dr. Rachid explica que o médico deve estar bem informado sobre todos os aspectos da fisiologia hormonal e atualizações científicas, para que possa realmente oferecer ao paciente a terapia clínica mais recomendada. Já pesquisa publicada no 2002 Women’s Health Initiative (WHI) – Iniciativa de Saúde da Mulher, em tradução livre - revelou os riscos associados à abordagem adotada pela terapia de reposição hormonal por não permitir o atendimento à necessidade específica de cada mulher, no que se refere aos hormônios femininos, o que os médicos americanos chamam de one-size-fits-all. Os autores do estudo chegaram à conclusão de que não faz sentido que todas as mulheres precisem do mesmo tratamento, quando se trata de algo tão delicado e pessoal, como hormônios. E defenderam a modulação hormonal, bioidêntica, que personaliza as doses de acordo com as necessidades individuais do paciente. O WHI foi criado nos Estados Unidos, por meio do National Institute Health (NIH), em 1991, com o objetivo de conceber e financiar pesquisas e estudos randomizados controlados sobre doenças que atingem as mulheres, como câncer, osteoporose e males coronarianos. “Além da questão da reposição hormonal, é preciso ver como está a ação do hormônio dentro do núcleo das células do paciente. Não podemos nos esquecer que os hormônios agem como mensageiros enviados pelas glândulas para controlar as funções celulares, para que se mantenham vivas e se comuniquem adequadamente
Dr. Ítalo Rachid, médico e diretor científico do Grupo Longevidade Saudável
entre si. É preciso saber como estão funcionando os receptores. Caso contrário, não adianta o paciente receber o hormônio, porque ele não vai chegar dentro da célula e fazer seu papel”, afirma Rachid. Entre tantos estudos que compõem a base científica que comprova que os hormônios bioidênticos são efetivamente melhores para atender as necessidades do organismo, quatro comprovaram – e todos foram publicados em veículos técnico-científicos de alta relevância – que as mulheres que faziam uso da modulação hormonal bioidêntica apresentavam, em muito menor quantidade, alguns dos sintomas relacionados à menopausa e pós-menopausa. No caso da depressão, por exemplo, 60% tinham menos o sintoma, em comparação às mulheres que usavam hormônios sintéticos. No caso da ansiedade, o percentual foi o mesmo. Já no caso de sangramentos ocasionais, apenas 40% apresentavam o sintoma, contra 60% entre mulheres que faziam reposição hormonal convencional. A melhora cognitiva foi percebida em 40% das mulheres que faziam a terapia com hormônios bioidênticos. Estudos importantes mostram também que, durante o período de produção abundante de hormônios estrógeno e progesterona no organismo da mulher, a incidência de câncer de mama é inferior a 1%. Somente a partir dos 50 anos, o risco alcança o percentual de 1%. No fim da primeira década pós-menopausa, portanto aos 60 anos, a incidência aumenta para 2% - o que representa um aumento substancial de 100%. Por volta dos 70 anos, a incidência aumenta 200% se comparada àquela dos 50 anos e atinge 3%. Na terceira década, ao alcançar 80 anos, o risco terá aumentado para 4%, e aos 90 anos terá atingido 5%. Esse é o chamado “lifetime risk”. Pode-se, portanto, dizer que é na segunda fase da vida da mulher, quando os hormônios deixam de ser gerados nos ovários e surge um período de carência hormonal, que o câncer se apresenta. A reposição dos hormônios vai depender não só do
grau de deficiência percebido no exame laboratorial, como também da resposta clínica da paciente. “O tratamento deve ser ajustado de acordo com a avaliação clínica que fazemos do paciente, que deve ser analisado em todos os seus aspectos. A questão da reposição hormonal não pode ser avaliada apenas pelo exame laboratorial, pois é preciso olhar para a ação do hormônio dentro do núcleo da célula, já que se a produção de hormônio cai, a atividade do receptor também cai. É preciso acompanhar a taxa metabólica”, lembra Rachid.
Direito de escolha do paciente O médico lembra que o objetivo da medicina deveria ser trabalhar na prevenção, apostando na fisiologia, e que a definição de saúde pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é extremamente abrangente: Saúde não é apenas ausência de doenças, mas também o completo bem-estar físico e mental. “É importante que as pessoas estejam informadas para decidirem se querem ou não fazer reposição hormonal e que tenham respeitado seu direito de escolha também à modulação hormonal bioidêntica. Isso é um processo ético e responsável: informar à paciente, para que ela faça conscientemente sua escolha”, afirma o médico. “O paciente deve buscar informações de qualidade e profissionais atualizados, para fazer a opção”, diz o médico, ressaltando que, até a presente data, não foi apresentado um único estudo ou paciente que tenha desenvolvido câncer por usar hormônios bioidênticos. Para ele, como mostram diversos estudos já feitos, a falta de hormônios ou a reposição com hormônios sintéticos convencionais é que podem causar o risco de câncer. O Dr. Rachid antecipa que existe uma pesquisa sendo feita no Brasil, envolvendo pacientes que fazem terapia hormonal bioidêntica, que já mostra evolução clínica positiva desses pacientes, sem ligação alguma entre o uso da terapia e qualquer tipo de cancro ou outra comorbidade. Revista Longevidade em Foco | Pág 17
Congresso
II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine - WOSAAM
Viver mais e melhor
Congresso médico reúne estudiosos da fisiologia humana do Brasil e do exterior Desde a descoberta do DNA, em 1953, por Watson e Crick, a medicina tem se esforçado continuamente para desvendar os segredos da hereditariedade, da etiologia das doenças e da variabilidade das respostas do organismo aos tratamentos, entre tantos outros fatores que podem fazer o ser humano viver mais e melhor. Pelo segundo ano consecutivo, o Grupo Longevidade Saudável traz para o Brasil um evento que reúne autoridades nacionais e internacionais com reconhecida atuação no campo da fisiologia humana. Totalmente voltados para médicos, o II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM), o VI Simpósio Internacional de Fisiologia Hormonal e Longevidade e o I Workshop de Nutrição Bioquímico-Fisiológica acontecem em São Paulo, de 19 a 21 de outubro. “Assim como na primeira edição do evento, no ano passado, o Congresso da WOSAAM servirá de plataforma para troca de experiências entre médicos de diversos países que atuam com base no conhecimento científico que dá sustentação à medicina preditiva e preventiva. Nosso objetivo principal é proporcionar aos profissionais de Saúde do Brasil e de outros países da América Latina a oportunidade de conhecer um pouco mais os avanços da medicina preventiva e sua contribuição para uma longevidade saudável”, comenta o médico e diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, Ítalo Rachid (Cremesp 114612). O programa científico do evento foi elaborado para abranger áreas multidisciplinares e complementares damedicina, como cardiologia, ginecologia, urologia, neurologia, oncologia, medicina estética, biologia molecular, genética, biotecnologia, e nutrição. Na rica programação, encontram-se alguns destaques como o novo estudo comprovando que a testosterona não é perigosa para o câncer de próstata, a ser apresentado pelo urologista norte-americano Abraham Morgentaler. Considerado um dos maiores especialistas na área da saúde sexual masculina, ele promete apresentar também evidências de Pág 18 | Revista Longevidade em Foco
que a terapia de testosterona é importante para muitos outros aspectos da saúde do homem, além de seu bem-estar sexual. No primeiro dia do Congresso, o médico e cientista belga Thierry Hertogue, presidente da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) e da International Hormone Society (IHS) fará um seminário em que serão abordados alguns dos principais problemas de saúde que atingem homens e mulheres, e que podem ser evitados e/ou revertidos com o uso da terapia de modulação hormonal. A abertura está marcada para as 9h, do dia 19, quando dr. Hertogue tratará do tema Andrologia: Terapia hormonal - Soluções para problemas masculinos. “Teremos um seminário sobre a terapia hormonal como única forma de tratar ou diminuir problemas como hipotrofia da próstata, tamanho dos órgãos genitais, desempenho esportivo, calvície, infertilidade, entre outros”, adianta o médico, que é autor dos livros A Solução Hormonal, DHEA: o Hormônio de uma vida melhor, e Mantenha-se Jovem, além do guia médico The Hormone Handbook.
Envelhecimento cromossômico e global Já no sábado pela manhã será a vez de o médico brasileiro Cícero Galli Coimbra, neurologista e professor do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), fazer sua palestra. Ele apresentará sua linha de pesquisa sobre
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a vitamina D no tratamento de pacientes com o diagnóstico de esclerose múltipla. Ainda no sábado, o médico Stephane Resimont apresentará seus estudos sobre envelhecimento cromossômico e sua reversão com ativador de telemorase 65, epitalon e estrogênios. No domingo, um dos palestrantes será o médico norte-americano Samuel Yue. Anestesiologista, membro da American Society of Anesthesiologists (EUA) e da International Association for the Study of Pain, Dr. Yue é reconhecido em todo o mundo por seu trabalho com relaxina no tratamento da fibromialgia e doenças de pele. Neste mesmo dia, outro anestesiologista, o médico, Anoop Chatuverdi, presidente da Sociedade de Medicina Antienvelhecinento da India, apresentará os avanços da terapia hormonal na reversão da obesidade e do desgaste dos músculos. Entre as autoridades brasileiras com presença confirmada está o nutrólogo e doutor em Clínica Médica pela USP, Carlos Alberto Werutsky. O professor do curso latu senso de Nutrologia da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) abordará os erros alimentares mais frequentes, que podem levar ao dano celular e consequente envelhecimento. A programação completa pode ser consultada no site: www.regencieventos.com.br
JURISTA ANALISA PARECER DO CFM SOBRE PRÁTICA DA MEDICINA DA LONGEVIDADE O II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) contará também com importante palestra do advogado Valter Adriano Fernandes Carretas (OAB-PR 25735). Com 12 anos de atuação, o jurista é especializado em direito na área da Saúde Pública, tendo neste período obtido importantes conquistas em termos de legislação sanitária e farmacêutica. Ele fará a palestra Fundamentação Jurídica frente à Prática do Anti-Aging no Brasil, em que abordará parecer jurídico em relação ao relatório do Conselho Federal de Medicina (CFM). “O parecer fere a Constituição, em mais de um artigo. Um deles o 5º, que determina que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. E resoluções do CFM não têm poder de Lei”, esclarece o advogado. Em sua palestra, que acontece no sábado, dia 20/10, entre 17h e 18h30, Carretas vai expor ainda que a terapia de modulação hormonal não pode ser considerada ilegal, desde que o médico se responsabilize pelo seu ato, informando ao paciente sobre seu tratamento e obtenha seu consentimento em relação a se submeter àquela terapêutica. “Isso ocorre por conta do direito constitucional do livre exercício profissional e a criativa humana, bem como em função do princípio da legalidade”, explica o jurista, que salienta que não existe qualquer proibição ou restrição à prescrição de hormônios quando destinados a modulação hormonal. E, mesmo que no futuro venha a existir tal proibição, ela estará sujeita a ação judicial cabível.
I Workshop de Nutrição Quem for ao II Congresso Latino-Americano da WOSAAM terá a oportunidade de assistir, ainda, palestras sobre temas como nutrição, fisiologia hormonal, conceitos e práticas gastronômicas. A programação é do I Workshop de Nutrição Bioquímico-Fisiológica, que acontece no sábado, dia 20, entre 8h e 18h30. O workshop será coordenado pela biotecnóloga e nutricionista Priscila Machado e abordará aspectos importantes de um novo conceito de saúde, que se refere à área da fisiologia hormonal humana, além de condutas nutricionais aplicadas à bioquímica e à regulação hormonal. Da programação constam ainda temas como: orquestra hormonal; o stress cotidiano e suas implicações fisiológicas; a importância de alimentos vivos; dieta mediterrânea e proteína; nutrigenômica (mecanismo de ação dos nutrientes); esporte e longevidade. Uma das palestrantes do evento é a consultora Científica do Centro de Genomas®Aderuza Horst, graduada em Nutrição pela Universidade Estadual do Centro-Oeste, e com doutorado e pós-doutorado em Ciência dos Alimentos, pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, falará sobre Genômica Nutricional. Revista Longevidade em Foco | Pág 19
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Dr. Abraham Morgentaler, professor adjunto clínico da Harvard Medical School
Terapia com reposição de testosterona
Abraham Morgentaler é mestre e doutor em urologia e especializado em saúde sexual e reprodutiva. Formado em 1982 pela Escola de Medicina de Harvard, fez residência em Brigham e no Hospital da Mulher. Hoje, é professor adjunto clínico da Harvard Medical School e diretor do Men’s Health Boston, um dos primeiros centros médicos dos EUA especializados no tratamento de problemas sexuais masculinos. Morgentaler é autor de diversos livros, entre eles Testosterone for Life, obra que é o resultado de 30 anos de pesquisas. O especialista será um dos palestrantes do II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM), que ocorre, em São Paulo, de 19 a 21 de outubro. Em entrevista exclusiva à revista Longevidade em Foco, o Prof. Morgentaler falou sobre seus estudos; os obstáculos enfrentados pela terapia da reposição hormonal na classe médica em diversos países; e sobre novas evidências dos benefícios dessa terapia. Ele também adiantou um pouco do que abordará em sua conferência, que acorrerá na tarde do sábado, dia 20 de outubro. Longevidade em Foco: atualmente, não existe um consenso com relação, por exemplo, a quando recomendar a reposição de testosterona, até porque muitos homens de meia idade e com baixos níveis desse hormônio são assintomáticos; enquanto outros, com níveis superiores a 300 ng /dl, apresentam sintomas como baixa libido, perda de energia e entusiasmo pela vida. Para muitos especialistas, o declínio dos níveis do hormônio ainda é visto como uma consequência natural do avanço da idade. Se já existem tantos estudos científicos e ensaios clínicos, por que tantos especialistas resistem em adotar a reposição de testosterona ou são contra essa prática? Dr. Abraham Morgentaler – Existem vários desafios para que a terapia de testosterona possa conseguir a aceitação generalizada dentro da comunidade médica. As três mais importantes são as seguintes: 1- A testosterona tem estado disponível por mais de 70 anos, e cada médico já tem sua crença sobre isso, e é difícil alterar crenças que já foram estabelecidas. 2- A testosterona tem muitos efeitos, alguns dos Pág 20 | Revista Longevidade em Foco
quais são difíceis de avaliar em estudos, como a sensação de bem-estar. Isso torna mais difícil avaliar em estudo seu resultado, em comparação com o lançamento de um medicamento com uma ação muito específica, como o Viagra, para disfunção erétil. 3- Existe um largo preconceito contra determinados hormônios masculinos (testosterona) e femininos (estrogênio). Isso pode estar relacionado aos seus benefícios sexuais, o que deixa alguns médicos desconfortáveis. Apesar dessas razões, há uma crescente aceitação global da terapia de testosterona em homens. Longevidade em Foco: Ao longo de mais de 30 anos de experiência, o senhor vem estudando e trabalhando na questão da importância da reposição da testosterona, tendo, até, publicado vários livros sobre o assunto. Qual é a abordagem que o senhor utiliza para diagnóstico do paciente, antes do início do tratamento? O diagnóstico é feito com base nos sintomas e também no resultado positivo do exame de sangue. O exame de sangue mais utilizado é chamado de testosterona total. No
Cenário atual em todo o mundo é de mudança de paradigmas entanto, isso nem sempre é confiável, e eu, muitas vezes, uso o teste chamado “testosterona livre”, para diagnosticar se a testosterona total está normal. Testosterona livre representa a porção biologicamente ativa da testosterona. Longevidade em Foco: Podemos dizer que, hoje, milhões de homens ainda sofrem, com algum tipo de disfunção sexual, por apresentarem baixos níveis de testosterona. O senhor acredita que, a curto ou médio prazos, essa terapia de reposição de testosterona deixará de ser vista como tabu, como ocorre atualmente? Já vemos um crescimento rápido no número de receitas prescritas por médicos em muitos países ao redor do mundo. Eu acredito que, nos próximos 10 anos, a terapia de testosterona será um tratamento padrão e amplamente aceito. Os médicos olharão para trás, refletirão e se perguntarão por que o hormônio não foi usado em maior escala no passado. Longevidade em Foco: Hoje, os benefícios da terapia com hormônio masculino têm sido bem documentados, com fartos depoimentos, de médicos e pacientes, sobre melhora da libido e do humor; fim da disfunção erétil; ganho de massa corporal magra, entre outros benefícios. Então, como se explica o fato de continuarem a surgir estudos, associando esse tipo de tratamento no homem de meia idade ao câncer de próstata? A evidência agora é muito clara. Não há nenhuma relação entre os níveis mais elevados de testosterona eo câncer de próstata. O medo original que a testosterona causou, a respeito do câncer de próstata, foi baseado em estudos feitos há mais de 40 anos e mal interpretados. Em 2011, meus colegas e eu publicamos um estudo no qual foram tratados homens com testosterona por um período médio de dois anos e meio, apesar de terem câncer
de próstata não tratado (que estavam sob observação). Todos os homens tiveram biópsias de acompanhamento da próstata. Nenhum dos homens desenvolveu progressão de seu câncer. O PSA não aumentou. E mais da metade (54%) da biópsia não apresentou câncer. Em outro estudo, com mais de 3.000 homens com biópsias da próstata, publicado este ano no European Urology, não foi encontrada nenhuma associação entre os níveis de testosterona e o risco de câncer de próstata.
Longevidade em Foco: Estudos mostram que o cancro da próstata é, em grande parte, androgeno-dependente. E, por isso, muitos especialistas dizem que o aumento do nível de testosterona em homens com hipogonadismo gera o risco de câncer. O senhor concorda com isso? É verdade que o cancro da próstata é androgeno-dependente, mas apenas em concentrações muito baixas. A testosterona, ou o seu di-hidrotestosterona (DHT) - hormônio produzido a partir da testosterona-, liga-se ao receptor de androgênios na célula e depois passa para o núcleo como uma unidade. Entretanto, há apenas cópias limitadas do receptor de androgênio em cada célula, e ligação máxima aos andrógenos ocorre a uma concentração muito baixa, a cerca de 200-250 ng/dl. Acima desse nível, não parece haver nenhum efeito sobre o cancro da próstata. Longevidade em Foco: Além de ser um tratamento eficaz para a diminuição da libido e disfunção erétil em muitos homens que têm baixos níveis de testosterona, que outros problemas também podem melhorar com a terapia de reposição de testosterona? Humor, densidade óssea, massa gorda, massa muscular/força, resistência e fadiga. Revista Longevidade em Foco | Pág 21
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Longevidade em Foco: É comum urologistas observarem um aumento súbito da enzima PSA ou mesmo mudanças no exame de toque retal em seus pacientes. Existe uma causa conhecida para essas mudanças? Existe sempre alguma variação no PSA em homens, quer estejam ou não recebendo testosterona. Nós relatamos em um artigo, no Encontro Mundial de Medicina Sexual, em Chicago, que o aumento médio do PSA em homens que receberam testosterona por seis meses era mínimo. A linha de base aumentou com o tratamento de PSA de 0,9 ng/ml para 1,0 ng/ml. Um terço dos homens realmente apresentou uma diminuição no PSA com testosterona. Aumentos súbitos de PSA devem ser tratados da mesma forma como se o homem não tomasse testosterona. Longevidade em Foco: Quais avanços para a saúde dos homens e da medicina para idosos o senhor colocaria como tendo ocorrido nos últimos anos? O avanço mais importante para os homens é o benefício crescente do uso da terapia com testosterona para problemas da saúde em geral, como controle do açúcar no sangue, obesidade e redução na síndrome metabólica. Longevidade em Foco: Entre os homens na faixa etária entre 45 e 55 anos, a prevalência de baixos níveis de testosterona é de, pelo menos, 20-30%. Como um homem nessa idade pode saber se está com baixos níveis de testosterona? Homens com sintomas de redução da libido ou de ereções, ou aumento da fadiga, ou depressão sem explicação devem procurar um médico, para fazer um exame de sangue e avaliar os níveis de testosterona. Longevidade em Foco: A testosterona é considerada mais do que um hormônio sexual masculino, por ter uma contribuição importante para o funcionamento do Pág 22 | Revista Longevidade em Foco
metabolismo do organismo, por estimular e manter, por exemplo, o crescimento muscular e ósseo. Homens que não sabem que estão com níveis baixos podem estar sujeitos a doenças como osteoporose ou osteopenia, por exemplo, com o avançar da idade? Quais outras doenças a reposição de testosterona pode prevenir? Existem evidências de que a testosterona ajuda a manter o controle do açúcar no sangue (diabetes), a síndrome metabólica (fator de risco para doenças cardiovasculares) e obesidade.
Longevidade em Foco: Quais são, em sua opinião, os principais obstáculos enfrentados por especialistas, que, como o senhor, trabalham com uma medicina preventiva e recomendam a terapia de reposição da testosterona?
Os principais obstáculos são a ignorância da literatura sobre a testosterona e a manutenção de velhas crenças de que o uso da testosterona ou é arriscado ou não é benéfico. Longevidade em Foco: No caso do Brasil, especificamente, como o senhor vê os desafios enfrentados pelos médicos que trabalham com a prática da reposição hormonal para implementação desse modelo de medicina no país? Eu vejo os mesmos problemas em todos os países. Longevidade em Foco: Que temas o senhor apresentará no II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine – WOSAAM? Pretendo falar sobre a nova e excitante evidência mostrando que a terapia de testosterona é importante para muitos aspectos da saúde do homem, além de seu bem-estar sexual. E vou apresentar provas convincentes de que a testosterona não é perigosa para o câncer de próstata. De fato, a evidência mais recente é que os baixos níveis de testosterona é que representam um risco para o câncer de próstata, particularmente formas agressivas de câncer de próstata. Há novos dados que mostram que ter um nível normal de testosterona permite aos homens viver mais tempo, em relação àqueles que têm baixos níveis de testosterona. Longevidade em Foco: Qual sua perspectiva e expectativa em relação à realização desse congresso e seus reflexos na área da medicina da longevidade? Eu espero que os participantes do evento recebam e apreciem os muitos avanços na medicina, que poderão ajudá-los e a seus pacientes a viverem mais felizes e saudáveis.
Medicine - WOSAAM
Antienvelhecimento do cérebro Considerado uma autoridade em antienvelhecimento, perda de peso e medicina de gerenciamento da idade, o médico e pesquisador indiano Anoop Chaturvedi também figura entre os palestrantes internacionais do II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM). Em entrevista à Longevidade em Foco, o anestesiologista e presidente da Sociedade Indiana de Medicina Antienvelhecimento (Amaar) fala de seu estudo - pioneiro na Índia - sobre hormônios no tratamento de doenças associadas ao envelhecimento. Longevidade em Foco: Qual tema você vai abordar no evento deste ano? Dr. Anoop Chaturvedi – Este ano, minha palestra será focada no tema “o antienvelhecimento do cérebro”. A maioria das pessoas procura as academias de ginástica para cuidar da saúde física, mas a saúde do cérebro é ignorada. Você pode ser forte como Hércules, mas, se o cérebro não funciona da forma que é preciso, haverá reflexos graves em seu estado de saúde geral. Eu discutirei como podemos modular os hormônios/neurotransmissores do cérebro e lidar com o ADHD (déficit de atenção), com a fome, o vício, o sono, a memória e o sexo. Esse tema proposto faz parte de alguma pesquisa em andamento ou já indexada? A medicina antienvelhecimento tem estado presente na Índia por séculos. Agora, apenas a forma de apresentá-la está mudando, a partir de propostas de uma alimentação mais saudável, um sono mais tranquilo e do uso de produtos naturais para melhorar a qualidade de vida. O Ayurveda, a moderna medicina antienvelhecimento, sempre esteve lá, e agora está apenas mudando seu discurso e associando-se. Como tem sido a evolução financeira da medicina Anti-aging em seu país? A Índia é um imenso país e a população é sua força principal. O nível de educação é muito alto e, ao mesmo tempo, a atenção com a saúde tem aumentado drasticamente. Com a entrada de empresas multinacionais no país, mais e mais recursos têm sido destinados ao bem-estar e à saúde. Quantos médicos praticam modulação hormonal na Índia hoje?
Quase todos os profissionais de medicina fazem terapia de reposição hormonal, de insulina a pílulas anticoncepcionais. Mas há mais consciência agora, e muitos estão mudando para uma abordagem mais personalizada, para atender as necessidades dos pacientes. E o uso de hormônios bioidênticos está aumentando. Há uma mudança de formas pré-moldadas de medicamentos, para modulação individualizada de hormônios. Existe o reconhecimento da medicina antienvelhecimento como uma especialidade médica na Índia? A medicina de bem-estar e a medicina antienvelhecimento são usadas indistintamente. É a população que decide se quer ir a um médico convencional ou a um médico que trabalha com antienvelhecimento. Nenhuma universidade confere licenciatura em medicina antienvelhecimento, salvo uma nos EUA e outra na Malásia. Nós estamos trabalhando para desenvolver um programa similar na Índia para mestre em medicina antienvelhecimento. Mas todos que praticam a medicina antienvelhecimento são médicos e são licenciados para praticar medicina. Eventualmente, eles adicionam mais essa especialização, adequando sua prática para o antienvelhecimento e bem-estar. Eles adquirem conhecimento indo a conferências e seminários, iguais àqueles realizados pelo Grupo Longevidade Saudável, do Brasil. Então, sim, a prática é reconhecida pelos pacientes e eles preferem um médico convencional com conhecimento em antienvelhecimento. É possível comparar o desenvolvimento da medicina antienvelhecimento no Brasil e na Índia? Nesse ponto, eu diria que a consciência do bem-estar e do Antienvelhecimento está se espalhando rápido no Brasil, principalmente nos últimos cinco anos. A população indiana é grande, mas a mudança ocorre mais lentamente. O Brasil tem uma consciência muito alta e raramente você vai ver as pessoas ficando doentes, em comparação com outras partes do mundo. E a principal razão é a paixão pelo exercício e pelo fitness no Brasil. Não será surpresa se um dia o Brasil for capaz de eliminar doenças preventivas com atividade física.
Anoop Chaturvedi, presidente da Sociedade Indiana de Medicina Antienvelhecimento
Congresso
II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging
Congresso
II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine - WOSAAM
Na saúde e na doença, o papel dos nutrientes Carlos Alberto Werutsky, nutrólogo
A importância do equilíbrio entre o consumo de alimentos que fornecem combustível para o organismo (consumo energético) e a atividade física (gasto energético) para a saúde não é algo novo. Hipócrates já reconhecia isso, assim como dizia que os obesos morriam mais cedo. E, à medida que a ciência e a medicina evoluem, mais evidências surgem sobre o papel positivo da alimentação para uma longevidade mais saudável. Entre os palestrantes brasileiros que estarão no II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) está o médico nutrólogo Carlos Alberto Werutsky (CRM-RS 7404), que falará sobre o papel dos nutrientes encontrados nos alimentos e em substâncias usadas no dia a dia, como sal e açúcar, para a saúde e a doença. O Dr. Werutsky é diretor da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e professor do Curso Latu Sensu em Nutrologia da entidade; diretor da Clínica Dr. Werutsky de Controle do Peso; e doutor em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP). Fundada em 1973, a Abran é uma entidade médico-científica dedicada ao estudo de nutrientes dos alimentos que são decisivos para prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças como as cardiovasculares, diabetes melito, certos tipos de cânceres, hipertensão e obesidade. Em sua palestra, o especialista destacará os erros alimentares frequentemente cometidos pelas pessoas, os quais podem trazer danos ao organismo. Entre esses erros estão os excessos no consumo de açúcar simples (doces e refrigerantes, por exemplo) de sal; de gorduras e calorias. “O excesso de sal na dieta alimentar pode, por exemplo, desencadear a hipertensão arterial, enquanto o excesso de açúcar e gordura podem levar à obesidade e ao diabetes”, explica o médico. Ele lembra, ainda, que as nutropatias são doenças inflamatórias crônicas que contribuem para a produção excessiva de radicais livres, que vão progressivamente danificando as células e acelerando o envelhecimento. Pág 24 | Revista Longevidade em Foco
A nutrologia é a especialidade médica que estuda, pesquisa e avalia os nutrientes encontrados nos alimentos e em outras substâncias consumidas na dieta alimentar e no nosso organismo, tanto com vistas à manutenção e recuperação da saúde como também na causa de comorbidades. A especialidade envolve a fisiopatologia, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento das doenças nutrológicas. Tem estreita relação com a oferta adequada de nutrientes ao organismo, assumindo um papel importante na redução de risco de doenças crônicas não-transmissíveis, que figuram entre as principais causas de morte nos dias de hoje. “Não é preciso privar-se do que gosta. No que diz respeito à dieta, o segredo está em fazer substituições ao escolher o que colocar no prato”, lembra o nutrólogo.
Paciente precisa ser orientado O Dr. Werutsky defende que é fundamental o médico conversar com seu paciente sobre as substâncias benéficas e maléficas presentes nos alimentos, de modo a orientá-lo para que possa fazer escolhas alimentares para viver mais e melhor. Vários estudos têm comprovado que pessoas com uma idade cronológica mais avançada podem manter-se fisiológica e mentalmente ativas e vigorosas, como alguém cronologicamente mais jovem, adotando um estilo de alimentação que previne doenças relacionadas à idade. Entre os estudos ratificando que a obesidade está fortemente associada a um risco maior de doenças, está o National Health and Nutrition Examination Study III (NHANES III), que envolveu mais de 16 mil participantes. Os pesquisadores conseguiram mostrar que a obesidade foi associada a um aumento da prevalência de diabetes tipo 2 (DM2), doença da vesícula biliar, doença arterial coronariana (DAC), hipertensão arterial sistêmica (HAS), osteoartrose (OA) e dislipidemia. Outras duas pesquisas, a Survey of Health, Aging and Retirement in Europe (SHARE) e a Swedish Obese Study (SOS), apontaram uma forte associação entre a obesidade e a incapacidade funcional, com consequente redução da expectativa de vida.
Agende-se Revista Longevidade em Foco | Pรกg 25
Indústrias farmacêuticas dão prioridade aos testes in vitro Pesquisa do Instituto Euromonitor mostra que o Brasil é um dos países onde mais se consomem cosméticos e produtos de uso pessoal. No ano passado, por exemplo, a indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos faturou cerca de R$ 87 bilhões. O valor é 18,9% maior que o obtido em 2010. Com uma fatia de 10,1% do mercado global, o Brasil está atrás apenas de Estados Unidos e Japão. E, apesar dos cuidados tomados pelas indústrias, alguns cosméticos podem apresentar reações adversas aos usuários. Isso explica a importância dos ensaios biológicos para avaliação de segurança que precede a colocação do produto no mercado. Historicamente, esses ensaios eram realizados quase que exclusivamente in vitro, com uso de animais. No entanto, hoje, o mercado conta com importantes centros de pesquisa in vitro para realização de tais testes, que servem para avaliar riscos dos tipos irritativo, alergênico e sistêmico. Uma destas empresas é a In Vitro Cells Pesquisa Toxicológica S.A., com sede na Fundação Biominas, em Belo Horizonte. A instituição tem como fundadores professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), nas áreas de Toxicologia e Bioquímica. Além de atender às empresas de cosméticos, a In Vitro Cells realiza também testes in vitro para indústria farmacêutica, oferecendo ao setor de biotecnologia soluções de qualidade e segurança para a matéria prima usada na formulação dos produtos. “Os testes são realizados seguindo as normas do European Centre for the Validations
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of Alternative Methods (ECVAM), com garantia e confiabilidade”, explica Carlos Alberto Tagliati, sócio-diretor da empresa e pós-doutorado em toxicologia. Segundo o especialista, as indústrias farmacêuticas têm dado prioridade aos testes in vitro, principalmente, devido à eficiência, ao baixo custo e à abordagem ética do procedimento. Tagliati conta que a empresa detém uma tecnologia inovadora, cuja base é a transdução de sinais que permite a identificação precoce e com maior sensibilidade aos efeitos tóxicos de cosméticos e medicamentos. A In Vitro Cells no segmento de cosméticos realiza testes para avaliar irritação ocular (RBC, BCOP e HET-CAM), irritação dérmica (Corrosividade e Skin Teste), toxidade (Gel de Agarose) e Citotoxidade (Vermelho Neutro e MTT), entre outros. Com relação ao segmento de fármacos, Tagliati, que é professor de Toxicologia da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Ferais (UFMG), comenta que o uso de testes in vitro representa uma importante redução de custo dentro do processo de obtenção de um novo medicamento. O especialista ressalta ainda que, no setor industrial, além da questão da segurança, em que é avaliado o potencial tóxico de produtos por meio de testes de hepatoxicidade, nefrotoxicidade, cardiotoxicidade e neurotoxicidade, os testes são também realizados com o objetivo de avaliar a eficácia dos mesmos. Para este segmento, a In Vitro Cells realiza testes de absorção com células como a Caco 2, além do estresse oxidativo. “Nossa tecnologia permite a realização de outros tes-
tes mais refinados, ainda não disponíveis no mercado”, conta a também sócia da empresa, professora de Bioquímica do Instituto de Ciência Biológica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Miriam Chaves Schultz. De acordo com ela, a tecnologia consiste no processo de análise mais precisa de alterações na transdução de sinal em vias metabólicas celulares, que permite uma análise mais precisa e precoce das alterações metabólicas geradas por fármacos, cosméticos suplementos alimentares, entre outros. Além das áreas de cosméticos, fármacos e saúde humana, a empresa também realiza testes in vitro para defensivos agrícolas, seguindo normas internacionais. Já na área de saúde humana, a empresa realiza estudos de perfil metabólico para avaliar o estresse oxidativo gerado pelo consumo de suplementos-protéicos (ProteinOX) e vitaminas (VitaminOX); avaliação da idade biológioca em relação a cronológica (AgebiOX); e avaliação precoce de doenças relacionadas ao envelhecimento. Outro exame é feito com o ZincOX, que estuda o estresse oxidativo enzimático, permitindo a avaliação segura do metabolismo celular.
Estudos para Inflamograma A In Vitro Cells agora se prepara para um novo empreendimento, na verdade a criação de um braço da empresa, que vai atuar de forma especializada na área do es-
tudo de biomarcadores inflamatórios, ou Inflamograma, como explica Miriam Schultz. O objetivo é oferecer marcadores precoces, para fazer a detecção de algumas doenças específicas, como as coronarianas, por exemplo, ainda na fase subclínica, ou seja, antes que apareçam sinais ou sintomas delas. Sabe-se que a inflamação crônica, com menor ou maior intensidade, está presente em vários estágios de diferentes doenças crônicas, como as doenças cardiovasculares, além da obesidade, diabetes, e reumatismo, entre outras. Sabe-se também que o processo inflamatório é o elo entre a síndrome metabólica e as doenças cardiovasculares. E é justamente para medir o grau da inflamação subclínica que são usados biomarcadores inflamatórios como o Inflamograma que a In Vitro Cells vai passar a oferecer. Muitos estudos demonstram a importância dos marcadores inflamatórios como preditores de doença cardiovascular. Outros ainda demonstram que os marcadores inflamatórios também podem ser usados como indicadores de declínio funcional do paciente, independentemente da presença de doença cardiovascular. “Com esse novo serviço, será possível identificar a doença no início do seu processo, o que vai facilitar o trabalho do médico e ajudar na eficácia do tratamento, beneficiando assim o paciente”, comenta Mirian. E afirma ainda que a iniciativa dará continuidade à busca pela excelência, sempre com foco em resultado-s confiáveis, por meio de processos preestabelecidos internacionalmente.
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O uso da vitamina D para tratamento da esclerose múltipla Cícero Coimbra, especialista em Neurologia
Que a vitamina D é de grande importância para o organismo todos nós já sabemos. Devido ao seu poder para combater a pressão alta, controlar o peso e afastar o risco de tumores, além de ser essencial para prevenir e tratar osteoporose, por estimular a absorção de cálcio, a vitamina D já se tornou um dos nutrientes da longevidade saudável. Mas ela também vem sendo usada – e com sucesso – para tratar pacientes com o diagnóstico de esclerose múltipla, doença autoimune e degenerativa. A proposta da terapia é do neurologista e professor doutor Cícero Galli Coimbra (Cremesp 55714), do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). De acordo com ele, mais de 800 portadores da doença estão recebendo doses do composto. “Os efeitos positivos da vitamina D no tratamento de doenças autoimunes, incluindo a esclerose múltipla, são inegáveis. Mas as doses de suplementação devem ser definidas individualmente, levando em consideração diversos fatores. Portanto, o tratamento deve ser realizado sempre sob supervisão médica, com o devido acompanhamento laboratorial”, alerta Coimbra, que ressalta que, hoje, vários especialistas já trabalham com essa terapia. O médico criou, em 2011, com pacientes, a ONG Instituto de Autoimunidade, cujos objetivos principais são difundir as bases científicas do atendimento e viabilizar, mediante futuro apoio de órgãos públicos e entidades privadas, o atendimento médico gratuito aos portadores de baixa renda. Coimbra lembra que os pacientes tratados com a suplementação de vitamina D apresentam um nível normal de qualidade de vida, mantendo-se livres das agressões do sistema imunológico, podendo ser considerados ex-portadores da doença. A vitamina D, ou colecalciferol, é, na realidade, considerada um pré-hormônio no meio científico, pois é transformada em diversas células no hormônio calcitriol, capaz de modificar 229 funções biológicas no organismo. “O tratamento, por via oral, desde que em doses fisiologicamente realistas, próximas daquelas obtidas pela exposição solar abundante, tem baixo custo e alta efetividade; mostra-se capaz de manter os pacientes sem os prejuízos físicos, psíquicos e sociais relacionados às doenças autoimunes, além de promover a regressão potencialmente completa de sequelas recentemente adquiridas, o bem-estar e a auPág 28 | Revista Longevidade em Foco
toconfiança do paciente”, comenta o médico. Coimbra enfatiza que não se trata de um tratamento alternativo, mas de reconstituir o mecanismo desenvolvido pela própria natureza, com o objetivo de evitar a agressão autoimunitária contra o próprio organismo. Segundo ele, cerca de 70% dos portadores de esclerose múltipla apresentam níveis muito baixos de vitamina D e, muito provavelmente por isso, apresentam mais surtos neurológicos. Em seu entender, essa estatística deveria servir para orientar os médicos a prescreverem a substância. O especialista também aconselha aos pacientes a exposição pelo menos 10 minutos por dia, à luz solar, para ajudar o organismo a obter a vitamina. A vitamina D é produzida pelo próprio organismo, com o auxilio da luz solar. Quando a pessoa se expõe ao sol, os raios ultravioleta são absorvidos e atuam com o colesterol, transformando-o num precursor da vitamina D, que atua como um hormônio que mantém as concentrações de cálcio e fósforo no sangue, por meio do aumento ou da diminuição da absorção desses minerais no intestino delgado. A substância viabiliza a deposição de cálcio nos ossos. Também é muito importante para crianças, gestantes e mães que amamentam, por favorecer o crescimento e permitir a fixação de cálcio, evitando a ocorrência de problemas comportamentais e psiquiátricos graves, como o autismo. Coimbra explica que hoje já se sabe cientificamente que a deficiência de vitamina D está associada à possível ocorrência e gravidade de virtualmente todas as doenças ou manifestações autoimunitárias, incluindo, além da esclerose múltipla, a neurite óptica, a doença de Devic e a doença de Guillain-Barré, entre outras. Também estão associadas à deficiência da vitamina outras doenças, como câncer, hipertensão, diabete da maturidade e infertilidade, entre outras. “Existem hoje inúmeras fontes científicas que evidenciam a necessidade ética de não permitir que pessoas, portadoras ou não dessas doenças ou distúrbios, sejam mantidas com deficiência de vitamina D. Isso porque milhares de pessoas jovens, portadoras de esclerose múltipla, ficam cegas e paraplégicas apenas por falta de uma substância que poderia ser administrada sob a forma de gotas, em uma única dose diária, o que lhes devolveria a perspectiva certa de uma vida normal”, resume.
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Hortaliças podem ajudar a prevenção do diabetes O consumo regular de hortaliças (verduras e legumes) e frutas faz bem à saúde e é indispensável à promoção de uma vida com maior longevidade. Pesquisas recentes reforçam a convicção do quanto esses alimentos são importantes também no combate a doenças específicas, como é o caso do diabetes. Essa foi a conclusão de um estudo realizado, na Grã-Bretanha, por pesquisadores da Universidade de Cambridge, que examinaram a incidência do diabetes de tipo 2 (DM2) em 3.704 pessoas, ao longo de 11 anos. No período do estudo, os pesquisadores registraram 653 novos casos de DM2. Esse tipo de diabetes – também chamado de diabetes não insulinodependente ou diabetes do adulto – corresponde a 90% dos casos da doença e ocorre geralmente em pessoas obesas com mais de 40 anos de idade, ainda que a sua incidência entre os jovens esteja aumentando por conta do sedentarismo e de maus hábitos alimentares. Após as devidas análises estatísticas, os pesquisadores britânicos observaram que os indivíduos que consumiram maior quantidade de hortaliças e maior variedade de frutas apresentaram risco 21% menor de desenvolvimento de DM2, quando comparados aos indivíduos que consumiram menores quantidades e variedades desses vegetais. De acordo com a nutricionista e biotecnóloga Priscila Machado (CRN 2003100174), as hortaliças contêm uma série de minerais que são muito importantes para uma vida saudável, como: selênio, vanádio, cromo e cobalto. “Eles servem como ferramentas ao organismo para lidar com doenças, com oxidação, com processos degenerativos”, explica. Outra pesquisa, conduzida pela médica Anne-Helen Harding, do Addenbrooke´s Hospital, da Universidade de Cambridge, concluiu que a redução no risco de desenvolvimento Pág 30 | Revista Longevidade em Foco
do diabetes pelo consumo de frutas, verduras e legumes poderia ser explicada pela diminuição (ou prevenção) da obesidade e pela ingestão de minerais e antioxidantes, como a vitamina C. Segundo Priscila, o consumo de substâncias inoxidantes e o combate ao sobrepeso como forma de prevenir o diabetes estão associados. “A ingestão de uma maior variedade de minerais proporciona uma melhor resposta metabólica, o que, por sua vez, também é eficaz no combate ao sobrepeso”, esclarece.
Quanto mais natural, melhor De acordo com a nutricionista, quanto mais natural o alimento e seu modo de preparo, melhor o seu aproveitamento pelo organismo. “Quanto mais processado, cozido, liquefeito, mais ele libera glicose. Uma cenoura crua, por exemplo, libera menos glicose e possui mais nutrientes como o betacaroteno, do que se fosse cozida em água”, ensina Priscila. A nutricionista explica que simplesmente impor restrições alimentares ao paciente e oferecer pouca variedade de opções de alimentos não é viável para o dia a dia. “Estudos mostram que quanto maior a mobilidade, maior a adesão do paciente à dieta. Na vida moderna, as pessoas trabalham muito, dedicam-se a poucas atividades e não adianta só receitar refeições com quinoa, linhaça etc. e a pessoa não encontrar os ingredientes no supermercado e não saber como preparar os alimentos. Ela vai se sentir desestimulada”, comenta. Na sua avaliação, o ideal é que a alimentação englobe todos os nutrientes: proteínas, carboidratos, lipídios e minerais, com ampla variedade de hortaliças e frutas, compondo um cardápio bem colorido. “Para quem se lembra da tabela periódica das aulas de química, deve-se ter todos os elementos da tabela. Longevidade tem a ver com equilíbrio, com aproveitar os diferentes alimentos moderadamente”, reforça. Para a nutricionista, a grande causa da má alimentação é não ter o conhecimento do que é mais benéfico à saúde.
ADVANCED PHYSIOLOGY COURSE: Mergulho na fisiologia humana e hormonal A expectativa de vida na Roma antiga (400 a.C.) girava em torno de 19 anos. Já na Idade Média (entre os séculos XV e XVI) subiu para 33 anos. Mais recentemente, na década de 30, era de 50 anos. Hoje, no Brasil, segundo pesquisa divulgada em junho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida alcançou 73,4 anos. Por outro lado, além da questão da longevidade, vivemos em uma época fascinante, marcada por significativos avanços nas áreas de biotecnologia e ciência. Na década de 1950, pesquisadores descobriram os radicais livres, moléculas que provocam o envelhecimento das células. Em 2007, cientistas de San Diego, nos Estados Unidos, identificaram um gene ligado ao envelhecimento, o PHA-4, que reduz a capacidade da insulina de promover o ingresso de glicose nas células. Menos glicose significa mais tempo de vida, diz o estudo. Só na última década os cientistas compreenderam que os genes sozinhos podem afetar significativamente o envelhecimento, antes visto como um incontrolável processo de decadência. Diante de todas essas informações, percebe-se cada vez mais a necessidade de conhecimento técnico-científico por parte dos médicos na área da Fisiologia Humana e pontualmente na Fisiologia Hormonal, uma verdadeira “orquestra” que precisa ser melhor compreendida e “regida”. Só existe uma maneira viável de conjugar qualidade e quantidade de vida: pensar numa nova maneira de fazer Medicina, que atue preventivamente e que entenda saúde como algo muito mais amplo do que simplesmente “não adoecer” ou tratar doenças em curso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Foi pensando nisso que o Grupo Longevidade Saudável criou o Advanced Physiology Course (APC), elaborado para oferecer aos participantes um conhecimento avançado sobre a fisiologia humana. Com carga horária de 100 horas, a primeira edição do curso ocorreu entre os dias 22 e 29 de setembro, no Hotel Vila Galé Cumbuco, na Praia do Cumbuco, em Fortaleza (CE).
“Trata-se de um curso diferenciado, especial e único. Ele reúne propostas inovadoras e oferece um conhecimento avançado em fisiologia humana e hormonal, voltado não só para os profissionais médicos que concluíram o curso introdutório, que buscam se aprofundar no assunto, mas também aos médicos pós-graduados ou que estejam cursando a pós-graduação. No caso destes últimos, tiveram a oportunidade de aprender mais sobre temas como Fisiologia do Iodo, Fisiologia do Trato Gastro, Intestinal, Medicina Ortomolecular, HCG, Nutrogenômica e Nutrigenética, entre outros”, explica o diretor comercial do Grupo Longevidade Saudável, Carlos Avellar. O curso foi cuidadosamente planejado e seu lançamento, neste momento, coroa os 10 anos de trabalho do grupo. Nesse período, o Programa de Educação Médica Continuada formou mais de 1,8 mil médicos. “Durante um ano, realizamos pesquisas com esses profissionais para desenvolver um curso totalmente focado e diferente”, explica Avellar. Na programação, foram abordados e aprofundados os novos parâmetros da longevidade humana, a epidemiologia do envelhecimento mundial, a fisiologia do eixo Hipotalâmico–Hipofisário-Gonadal, as pausas hormonais, os hormônios bioidênticos e a fisiologia do trato gastrointestinal. O corpo docente reuniu profissionais que são referências no Brasil, entre os quais o médico e diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, Ítalo Rachid (Cremesp 114612); o médico Artur Lemos (Cremerj 229806), presidente da Associação Médica Brasileira de Oxidologia (Ambo) - regional RJ; o médico Jorge Jamili (Cremerj 52683302), especialista em gerontologia e endocrinologia; e a nutricionista Maria Aderuza Horst (CRN 33989), com doutorado e pós-doutorado em Biologia Química pela Unifesp. Revista Longevidade em Foco | Pág 31
Nutrição
Nozes: ricas em polifenóis e amigas do coração Dr. Artur Lemos, cardiologista e ortomolecular
Cozidas ou cruas. Não importa, as nozes trazem grandes benefícios para a saúde cardiovascular. A constatação foi feita em estudo recentemente divulgado por pesquisadores da University of Scranton, na Pensilvânia. Além de demonstrarem uma grande quantidade de polifenóis, classe de compostos bioativos, os pesquisadores também mostraram, por meio de análises laboratoriais, que os antioxidantes das castanhas são efetivos para a saúde do coração. As pesquisas foram publicadas no Jornal Food & Function. De acordo com o estudo, esses compostos reduzem o risco de doenças coronarianas porque diminuem os níveis de colesterol, melhoram o fluxo sanguíneo e reduzem a inflamação relacionada à doença cardiovascular. E mais: as nozes não apenas têm mais polifenóis, como também possuem aqueles mais potentes. Para o cardiologista e ortomolecular Artur Lemos (Cremerj 229806), presidente da Regional RJ da Associação Médica Brasileira de Oxidologia (Ambo), o estudo dos pesquisadores norte-americanos vem reforçar o que muitos especialistas já sabiam: as castanhas fornecem nutrientes e antioxidantes que trazem benefícios significativos para a saúde. “Já em 1990, identificou-se o benefício que o uso moderado de vinho pode trazer para as doenças do coração, devido ao polifenol conhecido com resveratrol, presente nas uvas e no vinho”, lembra Lemos. De acordo com o médico – que tem três livros publicados, entre os quais Radicais Livres nas Doenças Cardiovasculares –, os polifenóis ajudam a combater não só doenças cardiovasculares, mas também o câncer. Isso porque todos os compostos antioxidantes têm a propriedade de prevenir a formação de tumores. E a substância auxilia também o combate à oxidação do LDL, o colesterol ruim, o que, por sua vez, ajuda a impedir a obstrução das artérias. “O colesterol, por ser composto de uma parte de gordura, é facilmente oxidável, e essa forma oxidada é que é responsável pela formação das placas de gordura. O colesterol não oxidado não forma placa de gordura. Assim, mais importante que os níveis de colesterol no sangue é a quantidade de colesterol oxidado”, explica. O termo polifenóis ou compostos fenólicos refere-se a um amplo e numeroso grupo de moléculas encontradas em hortaliças; frutas; cereais; chás; café; sementes oleaginosas; ervas aromáticas e especia-
rias. Em todo o mundo, a comunidade científica vem realizando pesquisas envolvendo os polifenóis, classe de compostos bioativos. E não é para menos. Os efeitos biológicos são numerosos: sequestro de espécies radicalares de oxigênio (radicais livres, moléculas responsáveis pelo envelhecimento das células e que são produzidas como resultado de reações químicas do organismo); modulação da atividade de algumas enzimas, como a AMP-kinase, que desempenha um papel no equilíbrio da energia celular; e inibição da proliferação celular. Estudos têm mostrado ainda que os polifenóis apresentam potencial como agente antibiótico, antialergênico e anti-inflamatório. No caso dos ácidos fenólicos, eles são encontrados em frutas com caroço, como pêssego, ameixa e nectarina. Recente estudo realizado na Universidade Texas A&M, nos EUA, envolvendo essas frutas, foi apresentado à Sociedade Americana de Química, na Filadélfia. De acordo com a pesquisa, elas contêm compostos bioativos capazes de combater a síndrome metabólica - doença que altera as taxas de glicose, triglicérides, o colesterol, a pressão e o peso. As principais substâncias encontradas foram antocianinas e ácido clorogênico, derivados de quercetina e catequinas, que atuam em células dos tecidos conjuntivo, vascular e gorduroso, controlando diferentes expressões de genes e proteínas. “Outra vantagem dos alimentos ricos em polifenóis é que eles reduzem as ondas de calor, ou fogachos, que geralmente acompanham a menopausa. Nesse caso, o polifenol mais conhecido é a isoflavona de soja”, explica o Dr. Artur.
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Carreira
A importância da primeira consulta A primeira impressão é a que fica.Você nunca tem uma segunda chance de gerar uma boa primeira impressão.
* Por: Roberto Caproni Os serviços da saúde são intangíveis, isto é, são imateriais e abstratos. Dessa forma, o cliente somente consegue avaliar os seus serviços através dos resultados obtidos após o tratamento, na maioria das vezes, muito tempo depois da consulta inicial. Como o cliente faz a avaliação da sua competência técnica antes da consulta inicial? Através de fatores subjetivos que tangibilizam os seus serviços, como a sua apresentação física, a apresentação física da sua equipe, a apresentação do espaço físico do seu consultório ou clínica, dos preços adotados por você e da sua comunicação.
Para tangibilizar os seus serviços de forma positiva, agregando valor à percepção do cliente, fique atento: 1) A sua apresentação física e também a apresentação física da sua equipe, isto é, tenha um cuidado especial com as suas roupas, sapatos, cabelos, barba e bigode, se for o caso. O ideal é que tenha um espelho no seu consultório ou clínica que permita a você se ver de corpo inteiro, por frente e por trás. Faça um exame minucioso da sua aparência antes de se apresentar a um cliente. Peça que sua equipe faça o mesmo; 2) A sua forma de se comunicar com os clientes e com o seus auxiliares na frente dos clientes. Usar gírias, piadas e um vocabulário inadequado e excessivamente informal contará pontos contra você. Espera-se de um profissional da saúde uma postura mais conservadora nesse sentido; 3) A apresentação do espaço físico do seu consultório ou clínica deve ser perfeita. Ele deve ser rigorosamente limpo e organizado. Espaços desorganizados desagregam valor na percepção do cliente. Cuidado com pinturas mal cuidadas nas paredes, fios aparecendo, mau cheiro e equipamentos mal conservados; Pág 34 | Revista Longevidade em Foco
4) Aos preços adotados. Preços muito baixos para um determinado público-alvo podem passar a percepção de serviços de baixa qualidade. O preço deve estar ajustado para a realidade do público-alvo que você atende para gerar a percepção correta na qualidade dos seus serviços; 5) Ao material de comunicação. A qualidade dos seus serviços é também avaliada em razão da papelaria que utiliza, isso é, do cartão de visita, receituário, envelope e papel de carta.
Na área da saúde, tem sucesso aquele que inspira Credibilidade. Credibilidade quer dizer respeito mútuo mais confiança. A confiança depende da transparência e da coerência. Coerência existe quando o cliente, através daquilo que percebe, tira conclusões subjetivas dos seus serviços intangíveis, que estão fora da sua capacidade de percepção. Para ter sucesso profissional, é necessário que você seja bom na técnica. É necessário mas não é suficiente. É fundamental que você seja bom também na percepção gerada no cliente. Assim, é tarefa de um prestador de serviços administrar a evidência para tornar tangível o intangível. Isto é, colocar evidências físicas em suas ofertas abstratas. Afinal, é a primeira impressão que fica e você nunca tem uma segunda chance de gerar uma boa primeira impressão.
(*) Roberto Caproni é graduado em Administração de Empresas e Odontologia. Pós-graduado em Marketing e Psicologia. Especialista em franquias pela Franchising University. A reprodução dos textos de autoria de Roberto Caproni e colaboradores é permitida desde que, citados, o autor e o endereço eletrônico www.grupocaproni.com