Revista do Hospital
São Vicente de Paulo Ano 2 • Número 6 • Abr/2012
CENTRO DE OFTALMOLOGIA “30 anos de experiência e alta tecnologia com a segurança de um grande hospital”
LÚPUS
Com disciplina é possível controlar a doença
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
Essencial para o sucesso do tratamento
Informativo bimestral do Hospital São Vicente de Paulo
Em constante evolução Uma instituição focada não apenas no que acontece em seu interior, mas voltada também para o cenário da Saúde do Brasil e, especialmente, do Rio de Janeiro. O Hospital São Vicente de Paulo está em constante evolução e vive um momento de mudanças, que vão desde a expansão de seu parque tecnológico e reformas estruturais até a reavaliação dos serviços que refletem sua Vocação Médica. A partir deste mês, alguns desses serviços serão reestruturados dentro do conceito de Centros Avançados. O primeiro deles é o Centro de Oftalmologia, que completa 30 anos de atividades, sob a coordenação do especialista Flávio Rezende, um grande expoente em sua especialidade. Da mesma forma, o serviço de Ortopedia também será incrementado para ampliar a sua capacidade de atendimento. Em seguida, outros centros virão, incluindo Cardiologia, Fisioterapia, Endoscopia entre outros. São ações inteiramente inseridas nos rígidos padrões de qualidade do nosso hospital, que acaba de ter renovado, por mais três anos, o seu certificado de reacreditação internacional. Dentro dessa visão, de oferecer cuidado amplo e seguro, iniciamos uma parceria pioneira com o hospital da Irmandade da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, na Tijuca, encaminhando para esta instituição os pacientes que chegam a nossa Emergência, com indicação de internação, que não podem ser atendidos, em função da ocupação máxima de nossos leitos. É um programa de longo prazo, que será avaliado criteriosamente, mas que começa com boas perspectivas, principalmente porque ambos os hospitais têm cunho não-econômico e possuem em comum a vocação para o cuidado, baseado nos princípios cristãos do amor ao próximo, respeito, transparência, ética, compromisso e honestidade. Além desses temas, ao longo das próximas páginas, você confere ainda uma entrevista com o presidente da Confederação Nacional de Saúde, o médico José Carlos Abrahão, matérias sobre a síndrome do coração partido, lúpus e radiologia. Desejo a todos uma proveitosa leitura. Irmã Marinete Tibério – Diretora Executiva
SUMÁRIO Lúpus Personalidade - Dr. José Carlos Abraão HSVP é reacreditado Parceria com o Hospital São Francisco Oftalmologia será destaque em 2012 Radiologia de primeiro mundo Entrevista - Dr. Carlos Alves de Sá Sindrome do Coração Partido Nova Lei da Filantropia Notas
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EXPEDIENTE 4 5 6,7 8,9 10,11 12,13 14,15 16,17 18 19
Hospital São Vicente de Paulo - Rua Dr. Satamini, 333 - Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - Tel.: 21 2563-2121 • FUNDADO EM 1930 pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo • Diretoria Médica: Eliane Castelo Branco (CRM: 52 28752-5) • Conselho Administrativo: Ir. Marinete Tiberio, Ir. Custódia Gomes de Queiroz, Ir. Maria das Dores da Silva e Ir. Ercília de Jesus Bendine • Conselho Editorial: Irmã Custódia Gomes de Queiroz - Diretora de Enfermagem; Irmã Ercília de Jesus Bendine - Diretora da Qualidade; Irmã Josefa Lima Coordenadora da Pastoral da Saúde; Irmã Marinete Tibério - CEO do HSVP; Martha Lima - Gerente de Hospitalidade; Olga Oliveira - Gerente de Suprimentos Edição: Simone Beja • TEXTOS: Alexandre Coelho, Andrea Mazilão, Igor Waltz e Maria Cristina Miguez •DIAGRAMAÇÃO: Eduardo Samaruga, Jairo Alt e Sumaya Cavalcanti • APOIO EDITORIAL: Claudia Bluvol e Wilson Agostinho • Impressão: Arte Criação
lidade de vida e autonomia, mesmo com o avançar da idade. Data: dia 26 Horário: das 9h às 12h
II Jornada de Oftalmologia do HSVP
O Hospital São Vicente de Paulo conta com profissionais que são referências em suas especialidades e se empenha em promover a troca de conhecimentos com seus diferentes públicos. Por isso, intensificou a programação de eventos para 2012. Todas as atividades acontecem no auditório do Centro de Convenções Irmã Mathilde, no HSVP, e têm entrada franca. Confira o calendário do primeiro semestre do ano.
Maio
Semana da Enfermagem 2012
O evento é realizado anualmente em comemoração ao Dia do Enfermeiro (12 de maio). Neste ano, a inscrição para participar do evento consistirá na doação de 1 kg de alimento não perecível. Os alimentos serão repassados às instituições da Associação São Vicente de Paulo. Data: dias 14 e 15 Horário: das 14h às 17h Público-alvo: enfermeiros e estudantes da área de saúde
“Os males causados pelo cigarro”
Em comemoração ao Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio), a pneumologista Christina Pinho reforça, em palestra aberta ao público, os prejuízos causados pelo cigarro e dá dicas para enfrentar a dependência. Data: dia 31 Horário: das 15h às 16h Aberto a todos os públicos
Junho
Envelhecimento Ativo: como alcançar?
Nesta palestra, promovida pelos Serviços de Geriatria e Oftalmologia do HSVP, o público encontrará dicas preciosas para manter a saúde em dia e garantir qua-
O Centro de Oftalmologia do HSVP, coordenado pelo especialista Flávio Rezende, completa 30 anos de atividades e vai reunir os grandes nomes da Oftalmologia carioca para uma intensa programação que inclui palestras e mesa redonda. Data: dia 26 Horário: das 14h às 18h Público: profissionais da área de saúde
Julho
1º Simpósio de Câncer de Mama do HSVP
Os principais avanços na detecção e nos procedimentos cirúrgicos relacionados com o combate ao câncer de mama serão os temas centrais deste evento, promovido pelos serviços de Mastologia e Cirurgia Plástica do HSVP, sob coordenação dos médicos Joyce Christina Ribeiro de Souza e Mário Sérgio Lomba Galvão, respectivamente. Público-alvo: profissionais da área de saúde
Setembro
Como evitar quedas em idosos?
As quedas nas pessoas idosas são comuns e aumentam progressivamente, representando um problema de saúde pública. Nesta palestra, aberta a todos os públicos, o Serviço de Fisioterapia do HSVP preparou orientações sob medida, que vão desde a segurança dentro de casa até a prática de exercícios para fortalecer a musculatura. Data: dia 25 Horário: das 9h às 12h
Semana do Risco HSVP
Diante da ocorrência de eventos adversos na assistência, é sempre necessário aprimorar continuamente os processos de trabalho com foco na segurança do paciente. Este evento reúne uma equipe multidisciplinar do setor de Coordenação de Risco do HSVP para exposição de casos, debate e troca de experiências bem sucedidas. Público-alvo: profissionais da área de saúde
Se você deseja participar destes eventos ou obter mais informações, entre em contato. Telefone: 2563-2147 – E-mail: comunicacao@hsvp.org.br
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O diagnóstico é de lúpus, e agora?
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m mal multifatorial e, até pouco tempo atrás, desconhecido da maioria das pessoas. O lúpus é uma condição autoimune que leva o organismo a produzir anticorpos contra ele mesmo, num processo autodestrutivo. Atinge cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 2 milhões apenas no Brasil. Está ligado à predisposição genética, que pode ser acionada por fatores externos como radiação solar e agentes infecciosos. Os hormônios também estão associados à doença, o que justifica a maior incidência nas mulheres em idade fértil. Esse grupo apresenta dez vezes mais chances de desenvolver o quadro. “A multiplicidade de sintomas faz com que o lúpus, em estágio inicial, seja de difícil diagnóstico,” comenta a coordenadora do Serviço de Reumatologia do Hospital São Vicente de Paulo [RJ], Amanda Marques. A médica explica que os sinais variam de febres a complicações renais graves, que podem levar o paciente à falência do órgão. Para quem recebeu um diagnóstico recente, a médica esclarece que o lúpus é incurável, como toda doença crônica, mas não impede que seu portador viva por muitos anos, desde que siga as recomendações de seu médico.
O caso de Astrid Fontenelle Apesar de raro, o lúpus vem ganhando destaque na mídia. Em junho passado a cantora Lady Gaga declarou ser portadora da doença. Meses depois, a cantora Tony Braxton e o produtor Nick Cannon, marido da cantora Mariah Carey, falaram publica-
mente sobre as complicações e as limitações que a doença vem trazendo às suas vidas. Em janeiro desse ano, a jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle surpreendeu seus fãs ao declarar, via Twitter, que tinha recebido o diagnóstico da doença. Astrid, que desde então vem conciliando o tratamento com as gravações do programa Chegadas e Partidas, do canal GNT, declarou no microblog que teve complicações renais graves. Religiosa, a apresentadora sempre agradece o apoio e as orações constantemente enviados pelos fãs na rede social e dá um belo exemplo de disciplina:“não é fácil ver a vida mudar do dia para a noite, ainda mais quando se tem um filho de apenas 3 anos. Mas vou tratar o lúpus no capricho, vencendo cada batalha.”
“vou tratar o lúpus no capricho, vencendo cada batalha” O tratamento é variado e depende da forma em que a doença se manifesta em cada pessoa, podendo ser administrados analgésicos e antiinflamatórios. Os pacientes devem evitar o uso de álcool, cigarros e anticoncepcionais com estrogênio, além de adotar boas medidas de higiene e de relaxamento. “A palavra chave para esse novo paciente é adaptação,” pondera. Uso diário do filtro solar, atividade física regular e alimentação balanceada são bons aliados no controle da doença, uma vez que contribuem para o reequilíbrio do sistema imunológico.
fotos: divulgação
A gestão da Saúde como foco principal Programas brasileiros são referência no mundo inteiro
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residente da Confederação Nacional de Saúde (CNS) e ex-presidente da Federação Internacional de Hospitais (IHF), que comandou entre 2009 e 2011, José Carlos Abrahão é gestor de Saúde por excelência. Sua atuação nos dois anos em que esteve à frente do organismo internacional permitiu que ele acumulasse conhecimento para aplicar no Brasil e, ao mesmo tempo, mostrasse ao mundo os avanços do país nesta área. Em entrevista à Revista do Hospital São Vicente de Paulo, ele fala de sua experiência como gestor e antecipa os próximos projetos das duas entidades da qual faz parte. Revista HSVP: Quais são os principais projetos da Confederação Nacional de Saúde e da Federação Internacional de Hospitais para 2012? José Carlos Abrahão: A CNS manterá a postura em defesa do setor e do relacionamento com o Congresso, os ministérios da Saúde, do Trabalho e da Fazenda, a Agência Nacional de Saúde Suplementar, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e as demais instituições representativas da área de Saúde. Irá também trabalhar em temas importantes, como o acompanhamento legislativo, o interrelacionamento setorial e uma maior qualificação dos profissionais, intensificada nas federações e sindicatos, para que possam prestar um serviço melhor e mais seguro. Na IHF, vamos estreitar a relação com os países, a Organização Mundial da Saúde, o Banco Mundial e outras instituições de destaque, além de trabalhar pela realização do nosso próximo congresso, que será em Oslo, Noruega, em 2013. E vamos discutir a importância da tecnologia para melhorar o acesso à saúde de alta qualidade.
JCA: Ao longo dos anos, o Brasil vem desenvolvendo um trabalho de destaque na Saúde, que tem atraído a atenção de todo o mundo. Nosso sistema atende a mais de 190 milhões de cidadãos sem excluir ninguém. Além disso, temos programas que são referência, como o do tratamento da aids, o antitabagista, o de vacinação e o de transplantes. Sem contar o papel fundamental que as parcerias público-privadas têm tido para o aprimoramento da Saúde. Minha indicação, em 2009, mostrou que os países gostariam de conhecer melhor o setor de Saúde brasileiro e seus profissionais. Foi um privilégio receber esse reconhecimento e ter a chance de ampliar nosso conhecimento e o relacionamento com outras nações. Revista HSVP: O que ainda precisa melhorar na gestão da Saúde no Brasil? JCA: Os processos de gestão na área de Saúde encontram-se em plena evolução e aperfeiçoamento. Os princípios de governança corporativa são fundamentais; os investimentos em sustentabilidade podem resultar na melhora da qualidade dos estabelecimentos e da prestação dos serviços. Também é importante continuar a investir nas parcerias público-privadas, que têm tido papel fundamental para o aprimoramento da atenção à saúde. A interação entre governo e iniciativa privada tem produzido uma gestão profissionalizada e participativa. Essas parcerias são fundamentais para uma administração moderna que, com certeza, irá proporcionar melhores resultados para a nossa população.
Revista HSVP: O que representou para o Brasil a sua indicação à presidência da IHF, em 2009?
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Qualidade atestada Hospital recebe reacreditação pela JCI, maior instituição acreditadora em saúde do mundo
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adoção de medidas simples, como o treinamento constante da equipe, a identificação correta do paciente, um dos prerrequisitos para a sua segurança, e o estímulo à higienização eficiente das mãos pode garantir mais qualidade na assistência e minimizar os riscos dentro do ambiente hospitalar. Essas são algumas das ações defendidas pela Joint Commission International (JCI), um dos principais órgãos mundiais que atestam a qualidade e a segurança no atendimento de saúde. Mais de 450 instituições em todo o mundo já conquistaram a acreditação da JCI, e o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) acaba de se reafirmar nesse grupo. Em fevereiro, o hospital recebeu sua reacreditação internacional, em reconhecimento a suas práticas, de acordo com os mais rígidos padrões de qualidade do mundo.
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A primeira acreditação com a metodologia JCI do HSVP havia sido conquistada em 2008. Para manter seu Selo de Ouro da JCI, o hospital precisou investir diretamente cerca de R$ 250 mil na contratação de consultores e auditores externos, sem contar a readequação de processos, treinamentos e atualização de tecnologia em equipamentos e nas instalações. Para a Irmã Marinete Tibério, diretora executiva do HSVP, o principal ganho do hospital é o reconhecimento de seu atendimento de excelência, com o foco voltado para a melhoria contínua da qualidade e segurança. “A acreditação internacional garante que incorporemos em nossas políticas e processos os padrões internacionais de saúde”, observa a gestora. “Sempre buscamos um atendimento de qualidade dentro de nossa instituição, com auditorias internas e avaliações periódicas de nossos indicadores e processos. A acreditação, que é um processo de avaliação externo, veio somar a nossos esforços nesse sentido”. O processo de acreditação consiste na avaliação dos processos assistenciais e gerenciais do hospital, com base em padrões predefinidos. Em setembro do ano passado, o HSVP recebeu a visita dos avaliadores da JCI
e do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), instituição representante a JCI no Brasil, que inspecionaram todos os setores do hospital, assim como seus processos e resultados. De acordo com Ana Tereza Miranda (à direta), coordenadora de acreditação do CBA, manter a acreditação pode ser um desafio tão grande quanto conquistá-la pela primeira vez. “A lógica da acreditação é manter a melhoria constante. Durante a visita de reacreditação, os avaliadores observam se a instituição está em um nível significativamente melhor em relação à acreditação anterior, e não no mesmo patamar”, explica. “Além disso, a cada três anos é lançado um novo Manual de Padrões do CBA/JCI, com critérios ainda mais rígidos, refletindo os avanços no conhecimento e nas tecnologias da área”.
Melhor relação com o paciente Para essa conquista, o HSVP desenvolveu novas políticas e protocolos assistenciais, garantindo uma melhoria no uso dos recursos e nos serviços prestados. Vanderlei Timbó, coordenador de Qualidade do HSVP, lembra que o hospital implementou, entre seus gestores e sua equipe multiprofissional, a cultura de monitoramento dos processos e do acompanhamento da efetividade de diretrizes e a superação da ideia de segmentação dos processos assistenciais. “A reacreditação traz significativos impactos no atendimento, pois reforça o comprometimento da instituição com políticas e práticas responsáveis e seguras junto a pacientes e profissionais”, avalia. A diretora-médica do hospital, Eliane Castelo Branco, concorda. Segundo ela, a implementação dos novos processos e protocolos agilizou o atendimento e melhorou os resultados. Além
disso, estabeleceu regras mais claras para a assistência. “Um exemplo foi a adoção do Termo de Consentimento Informado, que todos os pacientes passaram a ler e assinar antes de qualquer procedimento. Esse documento tornou a relação médico-paciente mais sólida e confiante”, destaca. “O HSVP sempre contou com uma política de respeito ao direito de informação, mas a acreditação trouxe um reforço, tornando-a absoluta e imprescindível”. Vanderlei Timbó (à esquerda) lembra ainda que a segurança das instalações e a qualificação dos profissionais de saúde do HSVP foram alguns dos pontos mais positivos na avaliação dos acreditadores. “Contar com uma equipe qualificada e bem treinada é mais um elemento que agrega segurança ao serviço prestado”, analisa o coordenador. Já Eliane Castelo Branco lembra que a acreditação requer um envolvimento grande desses profissionais. “Em princípio, houve certa resistência por parte da equipe, mas logo ela entendeu que estávamos apenas sistematizando o que já fazíamos, e aprimorando os processos para garantir a segurança dos pacientes. A adesão foi fácil e houve muita colaboração”, recorda.
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HOSPITAL SÃO FRANCISCO Parceria em prol dos pacientes do HSVP
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uem dá entrada em uma Emergência e recebe indicação de internação, sabe que terá de enfrentar alguns desafios até conseguir um leito. A última Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária do IBGE mostrou que todas as regiões brasileiras vêm apresentando diminuição considerável de leitos para internação em hospitais privados. Só o município do Rio de Janeiro perdeu 829 leitos em hospitais particulares, entre 2002 e 2009. A Emergência Geral do HSVP realiza mensalmente cerca de 5 mil atendimentos. Desses, um grande número tem indicação de internação. Como a capacidade máxima do HSVP é de 117 leitos, muitos pacientes precisam ser encaminhados a outros hospitais do Rio de Janeiro. Buscando alternativas para essa complicada situação, o HSVP firmou em abril um acordo com o Hospital São Francisco da Penitência, também na Tijuca, para o encaminhamento desses pacientes. “O perfil do HSVP está mais focado em cirurgias de alta complexidade, por isso, temos uma capacidade limitada de internações. Por outro lado, o Hospital São Francisco está sob a nova administração da Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus e tem bastante ociosidade, principalmente nos seus leitos de internação. Então, consideramos a parceria viável e apropria-
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da”, explica Ir. Marinete Tibério, CEO do HSVP. Para Ir. Marinete, a designação religiosa das duas instituições também contou positivamente para viabilizar o acordo. “Ambos os hospitais são filantrópicos e de filosofia Católica, o que nos aproxima muito em termos de missão e valores. Temos em comum a vocação para o cuidado, sempre com qualidade e baseado nos princípios cristãos de amor ao próximo, respeito, transparência, ética, compromisso e honestidade”, define. Presidente da Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus, entidade especializada na administração de empreendimentos da área da Saúde e obras assistenciais, Frei Francisco Belotti está a frente da superintendência do Hospital São Francisco. Em sua opinião, no segmento de Saúde, qualquer hospital que deseje se firmar precisa fazer parcerias. “Não conheço qualquer instituição hospitalar que reúna todos os recursos técnicos e especialidades e que tenha capacidade ilimitada de atendimento. Nesse sentido, a parceria com o HSVP está sendo fundamental para nós. Porque temos muitos leitos de internação e, ao mesmo tempo, o HSVP tem a sua capacidade máxima constantemente alcançada. Então, podemos ser uma alternativa de qualidade para os pacientes que não conseguirem vagas”, afirma.
O renascimento de um tradicional hospital O Hospital da Ordem Terceira da Penitência, hoje Hospital São Francisco, teve seu prédio principal inaugurado em 1933 e, de lá para cá, passou por fases de grande projeção e também algumas crises. Há cerca de um ano, precisamente em 29 de março de 2011, a Associação assumiu sua administração. “Nesse primeiro ano de trabalho, investimos em pessoas, com ampliação da equipe médica e capacitação de profissionais; estamos substituindo gradativamente alguns equipamentos médicos, renovando nosso parque tecnológico; e cuidando da hotelaria, com a reforma do prédio, sua infraestrutura, portaria e recepção. É um trabalho dinâmico, que começou e não tem data para acabar”, afirma Frei Francisco Belotti, relembrando de algumas dificuldades vencidas neste percurso. “Quando chegamos, a situação estava difícil: Emergência fechada, Internação totalmente ociosa e equipes profissionais insatisfeitas. Com trabalho e fé, conseguimos modificar esse quadro. Em abril de 2011, a Emergência realizou 210 atendimentos. Em 2012, somente no mês de janeiro, já registramos mais de 1.200 atendimentos”, comemora.
A parceria com o HSVP na prática Hoje, o Hospital São Francisco está com suas principais especialidades e serviços em fun-
cionamento. Colaborador importante na retomada dos serviços, Frei Paulo Batista é membro da Associação e participa ativamente do cotidiano do hospital. De acordo com ele, os pacientes encaminhados pelo HSVP receberão tratamento especializado. “Na Emergência há uma sala especial e também destinamos o nono andar do nosso prédio principal exclusivamente para esses clientes. São 16 quartos, recentemente reformados, com frigobrar, TV e ar condicionado. Sabemos que os pacientes do HSVP são fiéis e têm uma bela história com o hospital. Por isso, estamos trabalhando para oferecer um atendimento médico com padrão de qualidade compatível”, explica Frei Paulo. As equipes médicas dos dois hospitais já estiveram reunidas e poderão, durante todo o período de internação, trocar informações sobre o estado de saúde dos pacientes encaminhados. Para o Diretor Médico do Hospital São Francisco, Horácio Carvalho, esse contato traz mais conforto ao paciente. “Sempre que houver necessidade, as informações sobre seu histórico de saúde poderão ser passadas por telefone, via relatório médico ou mesmo online. São ações adotadas à medida que a parceria estiver acontecendo”, explica o médico. Diretora Médica do HSVP, Eliane Castelo Branco visitou o Hospital São Francisco e conheceu suas instalações, alguns diretores e médicos. Apesar de bem impressionada, destacou que a avaliação sobre a qualidade de atendimento médico virá com o tempo, fruto da opinião dos próprios clientes que forem transferidos para lá. “Essa parceria está apenas começando, mas acredito que futuramente poderemos trabalhar juntos. Talvez até alguns especialistas do HSVP possam também atender no Hospital São Francisco. Em relação a protocolos clínicos próprios do HSVP, poderemos trocar informações que serão úteis para os dois hospitais, mas sempre respeitando as características técnicas de cada um”, prevê a médica, que tem sua opinião reforçada pela Direção do HSVP. “Trata-se de uma parceria que passará por um período de maturação, onde serão necessárias avaliações constantes, mas que estamos torcendo para dar certo”, conclui Ir. Marinete.
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Setor de Oftalmologia é um dos focos do HSVP para 2012
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o que tudo indica, 2012 será especial para o Centro de Oftalmologia do HSVP. Além de comemorar 30 anos de atividade, o setor foi identificado como um dos serviços estratégicos para o hospital, em estudo realizado pela consultoria Deloitte. Com isso, novas medidas técnicas e operacionais serão adotadas para tornar ainda melhor uma unidade que sempre foi boa. A Oftalmologia do HSVP sempre desfrutou de excelente conceito, considerando seu corpo clínico e sua estrutura de aparelhagem. Em 2008, foi remanejada do complexo hospitalar para um prédio independente, com maior conforto para pacientes e estrutura para a realização de exames e cirurgias. “Temos tudo para estar entre os melhores serviços de Oftalmologia do Rio de Janeiro: profissionais competentes, com extensa formação nos melhores centros de oftalmologia do mundo; espaço físico construído especificamente para abrigar uma clínica de oftalmologia; e tecnologia de ponta”, destaca Ir. Marinete Tibério, CEO do HSVP.
Cirurgia de Catarata A Oftalmologia do HSVP tem como sua maior referência o chefe do setor, o médico Flávio Rezende, especialista em cirurgia de catarata com implante de lente intraocular, reconhecido em
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todo o Brasil como um dos pioneiros no uso da técnica. Sua equipe de trabalho é composta por 10 oftalmologistas. De acordo com o especilista, a evolução tecnológica - que trouxe por exemplo a técnica de facoemulsificação - contribuiu para simplificar e tornar mais segura a cirurgia de catarata. “No entanto, a experiência da equipe médica é indispensável para um resultado final bem sucedido”, explica o médico. Na avaliação de Flávio Rezende, a cirurgia de catarata passou por um processo de banalização muito grande, apesar de ser complexa, envolver treinamento específico e alta tecnologia. “Mesmo sendo um procedimento frequente, trata-se de assunto da maior importância, pois destina-se à recuperação de um dos principais sentidos do ser humano: a visão”, avalia o médico, que presidiu durante anos a Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Outro aspecto do Centro de Oftalmologia é o suporte que recebe dos demais serviços de saúde do Hospital. “Principalmente pacientes idosos ou portadores de doenças que requerem maior cuidado têm o benefício adicional de estarem realizando sua cirurgia dentro de um hospital geral, bem equipado e com acesso às mais diferentes especialidades médicas. Isso representa ainda mais segurança, caso haja qualquer intercorrência”, comenta a especialista Renata Rezende.
Equipamentos Modernos Atualmente, o Centro de Oftalmologia recebe pacientes do HSVP e também encaminhados por outros hospitais e clínicas do Rio de Janeiro. Isso, na opinião de Renata Rezende, denota que o serviço conseguiu construir uma identidade propria ao longo dos anos. De fato, além da boa formação da equipe médica e do suporte hospitalar, o Centro de Oftalmologia está tecnicamente aparelhado para a realização de diversas cirurgias e exames. Entre outros equipamentos de alta tecnologia, conta não só com o facoemulsificador modelo Infinity - mais moderno contra a catarata - como também com o vitreófago Millenium, para cirurgias vitreo-retinianas. Em um mesmo local, o paciente pode realizar os principais procedimentos oftalmológicos, incluindo as cirurgias de glaucoma, descolamento de retina, vitrectomia e até mesmo, de transplante de córnea, procedimento para o qual recebeu credenciamento especial.
Valores éticos que fazem a diferença A seriedade na condução dos tratamentos, buscando sempre os melhores resultados, bem como a preocupação com a segurança e o bem estar do paciente, despertam reconhecimento e respeito de médicos de vários convênios e pla-
nos de saúde, que, mesmo sem conhecerem os oftalmologistas do HSVP, encaminham seus pacientes para tratamentos na Unidade. “Muitas clínicas oftalmológicas trabalham com a pressão de ter que fazer o maior número possível de exames. E os convênios sabem que o HSVP não é assim. É uma questão de honestidade, de ética... Nossos pacientes não fazem aqui todos os exames existentes, mas exclusivamente aqueles que realmente precisam ser feitos”, destaca Flávio Rezende.
Evento Científico Para comemorar os 30 anos de atividade, Flávio Rezende e equipe preparam uma jornada científica, prevista para o final de junho. O evento reunirá, no auditório do Centro de Convenções Irmã Mathilde, importantes nomes da Oftalmologia para apresentação de casos clínicos e atualização em novas ligadas à especialidade. “O evento acontecerá em uma data próxima à realização do XVII Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Isso será um ponto positivo, pois profissionais de todo o Brasil já estarão no Rio de Janeiro e terão mais facilidade em comparecer”, explica o médico. O evento destina-se exclusivamente a oftalmologistas e as inscrições são gratuitas. Informações pelo telefone: (21) 2563-2147.
Campanha Publicitária Para tornar ainda mais conhecidos os diferenciais do Centro de Oftalmologia, o hospital contratou uma campanha publicitária que começou a vigorar em abril. Além de busdoor e grandes painéis, colocados na Tijuca e na estação do Metrô. As ações incluem o patrocínio de programas de saúde e a divulgação diária de dicas sobre saúde ocular, preparadas por Flavio Rezende e sua equipe, para as rádios CBN (90,5 FM ) e Sulamérica Paradiso (95,7 FM). EXAMES • Tomografia de Córnea (ORBSCAN) • Ultrassonografia e Biometria Ocular • Retinografia Simples e Fluorescente • Mapeamento da Retina • Paquimetria Ultrassônica • Laserterapia • Campo Visual Manual e Computadorizado CIRURGIAS • Catarata com Implante de Lente Intraocular • Glaucoma • Descolamento de Retina e Vitrectomia • Transplante de Córnea Marcação de Consulta: Tel.: 2563-1107
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Diagnóstico rápido e seguro é fundamental para o sucesso do tratamento
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uando o paciente recebe do médico a prescrição de exames de imagem, algumas questões logo vêm à mente: onde fazê-los? O local escolhido dispõe de equipamentos modernos? Em quanto tempo sairá o resultado para que possa retornar à consulta médica? Praticidade e segurança são palavras-chave em um serviço de diagnóstico por imagem. Afinal, um diagnóstico tecnicamente bem feito e realizado precocemente é determinante para o sucesso do tratamento e, em muitos casos, pode até salvar a vida do paciente. Formado atualmente por nove radiologistas e 26 tecnólogos, o Serviço de Radiologia do HSVP oferece um extenso leque de exames de imagem que vão da tomografia computadorizada multislice a ultrassonografia, incluindo densitometria óssea, mamografia digital e ressonância magnética. “Esta oferta mais ampla possibilita ao paciente realizar, em um mesmo local, todos os procedimentos necessários ao seu completo diagnóstico, economizando um tempo precioso em favor da sua saúde”, explica Denise Kneippe, gerente de Diagnóstico e Tratamento (SADT).
Mamografia Digital Em janeiro deste ano, um mamógrafo digital de campo total passou a fazer parte do parque tecnológico do hospital. Trata-se da mais moderna técnica de identificação de pequenas lesões mamárias. O aparelho consegue, por exemplo, detectar um pequeno nódulo, mesmo quando ele ainda não é palpável em um exame médico clínico ou através do autoexame. Toda essa precisão
Hospital São Vicente de Paulo - pág. 12 A técnica em radiologia, Jussara Maria Kineippe, opera o mamógrafo digital
representa uma poderosa arma contra o câncer de mama que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), responde por 22% dos novos casos de câncer que surgem a cada ano no Brasil. De acordo com a médica radiologista do HSVP, Rosângela Oliveira Guerreiro, o aparelho é capaz de fazer a leitura da espessura da mama comprimida e emitir a menor dose de radiação que garanta a otimização da imagem. “Além disso, o sistema digital elimina totalmente a necessidade de filme, transmitindo a imagem em até 10 segundos para o monitor do operador e, posteriormente ao exame, disponibilizando-a no sistema PACS (Picture Archiving and Communication System)”, explica a especialista. A tecnologia digital representa hoje o maior avanço em radiologia, fornecendo aos médicos recursos para imagens cada vez mais perfeitas, detalhadas e em tempo real. Instalado há 6 anos no Serviço de Radiologia do HSVP - em caráter pioneiro no Rio de Janeiro - o sistema PACS funciona também como uma central digital que reúne arquivos de exames e laudos anteriores do paciente. “Isso possibilita aos médicos análises comparativas em exames futuros”, avalia a médica radiologista.
Desintometria Óssea Outro exame bastante procurado no HSVP, especialmente por pacientes na menopausa, é a densitometria óssea que, feita anualmente, representa a primeira medida para combater a osteoporose. O exame permite identificar se está ocorrendo perda óssea e em que intensidade. “É um procedimento simples, rápido e confortável. Avaliamos as regiões mais suscetíveis a fraturas na terceira idade que, em ordem de
frequência, são as vértebras da região lombar, o colo do fêmur (coxa) e o rádio (antibraço)”, explica a médica radiologista Margaret Jordan.
Ressonância Magnética Para a médica radiologista Andrea Ginelli, nos últimos anos a ressonância magnética tem se mostrado o melhor método de avaliação de doenças pélvicas, sendo útil também no estudo de câncer do reto, bexiga e próstata. “Nosso equipamento é de alta performance e permite uma detalhada análise do sistema músculo-esquelético, assim como da medula óssea, sendo fundamental no diagnóstico de lesões traumáticas”, afirma. Para avaliar pacientes com doença oclusiva carotídea, malformações artério-venosas e aneurismas cerebrais, a técnica mais indicada é a angiografia por ressonância magnética. “O método permite o diagnóstico precoce das lesões isquêmicas cerebrais agudas, avalia a extensão e localização anatômica da lesão e direciona o tratamento específico, melhorando o prognóstico”, explica Andrea.
de imagens e reduzir o tempo de exame. Seus diferenciais são a captura de imagens com espessuras submilimétricas e as reconstruções em alta definição. “A técnica não é invasiva e vem substituindo a angiografia convencional na avaliação de doenças vasculares, como por exemplo, embolia pulmonar, aneurismas, dissecções e obstruções arteriais. As diversas reconstruções de imagem aumentam a detecção de pequenos nódulos pulmonares, demonstrando com precisão doenças de vias aéreas e outras alterações”, afirma Andrea Ginelli. De acordo com a especialista, a utilização da TC é indiscutivelmente importante como suporte à Emergência. “Principalmente nos casos de traumatismo craniano e facial, no diagnóstico diferencial de abdome agudo e na avaliação de fraturas complexas”, conclui. Junto ao tomógrafo computadorizado, a médica radiologista Margarete Jordan
Tomografia Computadorizada Multi-Slice A Tomografia Computadorizada (TC) Multi-Slice de 64 canais é outro exemplo de alta tecnologia disponível no Serviço de Radiologia. Ela permite aumentar a velocidade de aquisição
Novidades: ultrassom móvel e exames de core biópsia Em 2011, o Hospital São Vicente de Paulo adquiriu o ultrassom móvel Vivid I, que atualmente está em sua sétima versão. O aparelho tem sido útil em diversos setores do hospital, como a Pediatria, o Neo-Natal e a Cardiologia, realizando em média, 15 exames por dia, apesar de ter capacidade para mais. “O aparelho é portátil, do tamanho de um laptop, e pode ser transportado mais facilmente. Ele traz facilidades aos pacientes, que não precisam ser deslocados de seu leito para fazer o exame, e aos médicos, que ganham conforto e agilidade no deslocamento”, comemora a gerente de Diagnóstico e Tratamento do HSVP, Denise Kineippe.
A instituição também está em processo de aquisição de um equipamento para a realização de core biópsias, procedimentos complementares aos exames fornecidos pelo mamógrafo digital. Trata-se de uma pistola, com uma agulha especial, que é introduzida na mama da paciente e colhe o tecido do nódulo, que é diretamente encaminhado para biópsia. “Com a imagem digital, é muito mais fácil ver o nódulo e, havendo qualquer suspeita, é possível pinçá-lo. Este método é muito mais prático, uma vez que o paciente não precisa ir para o centro cirúrgico. No próprio procedimento o material já é colhido”, detalha Denise.
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Carlos Alves de Quatro décadas dedicadas à excelência profissional
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ais de 40 anos dedicados à Anestesiologia, a maior parte deles dentro do HSVP. Apesar da longa trajetória, com mais de 15 mil procedimentos no currículo ao longo da carreira, o médico Carlos Alves de Sá ainda está muito longe de pendurar as chuteiras. O anestesiologista garante que ainda mantém uma rotina puxada de trabalho, atendendo três pacientes por dia, em média, e avisa que não pretende parar tão cedo. Nessa entrevista à Revista do HSVP, o especialista recorda sua trajetória e conta as dificuldades pelas quais passa quem opta por uma carreira nessa área. Ex-presidente da Sociedade
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Brasileira de Anestesiologia do Rio de Janeiro (SBA/RJ) e um dos fundadores da Sociedade de Terapia Intensiva do Estado do Rio (Sotierj), o médico defende uma formação rigorosa para os anestesiologistas, considerando indispensáveis para a segurança do paciente. “A SBA mantém centros de treinamento em todo o Brasil para a formação de profissionais na área. Além disso, todos os anos são realizados concursos muito criteriosos, com grau de exigência elevado, para conferir aos profissionais o título superior de anestesiologista. Apesar dessa prova não ser uma exigência, é uma forma de nivelarmos nossos profissionais por cima”, justifica.
Sá - Anestesiologista Revista HSVP: Que habilidades um estudante de medicina precisa ter para se desenvolver nessa área? Carlos Alves de Sá: A profissão de anestesiologista exige muito do profissional. Ele é como um bombeiro: é quem precisa manter a calma em situações mais dramáticas. Também é necessário ter um amor enorme pela profissão, sentindo-se realizado em minimizar a dor do outro. Isso exige muito estudo e conhecimento em diversas áreas, como cardiologia e clínica médica, é preciso conhecer como reage o organismo desde o recém-nascido até o mais idoso. Apesar disso, o anestesiologista é encarado muitas vezes como um auxiliar de cirurgia. Seu nome só surge quando algo dá errado. Eu brinco dizendo que somos uma figura embaixo do tapete: só aparecemos quando alguém tropeça. Revista HSVP: O senhor participou da formação de um grande número de anestesiologistas. A carreira acadêmica sempre o atraiu? CAS: Eu sempre gostei muito de dar aulas. Nos anos 60, dei aulas na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e na Universidade de Volta Redonda, onde fiquei até me aposentar, no ano passado. Sou orgulhoso de participar da formação de um grande número de profissionais tão essenciais à realização de cirurgias. Revista HSVP: Por que o senhor optou pela anestesiologia? CAS: Na verdade, quando eu era mais novo, meu grande sonho era ser químico. Eu era fascinado por explosivos e cheguei a montar um pequeno laboratório no porão de casa, onde realizei minhas primeiras experiências. Lembro que minha mãe ficou muito assustada e me pediu, de maneira muito diplomática, que eu me formasse em outra área, e sugeriu medicina. Eu prestei o concurso apenas para fazer a vontade dela, sem acreditar muito, mas, para minha surpresa, acabei passando para a Faculdade Nacional de Medicina, onde me formei em 1957. Depois de formado, fui trabalhar em Passa Quatro (MG), onde fiquei até 1960, quando senti uma grande vontade de voltar para o Rio. Nessa época, a Aeronáutica abriu um concurso para anestesiologista, com apenas uma vaga. Até então não havia cadeira na área, e eu tive que estudar por
conta própria. E passei. Tudo isso ocorreu ao acaso, mas eu tive muita sorte e teria feito tudo de novo. Revista HSVP: Em sua trajetória profissional, nesses 40 anos, o senhor teria feito algo diferente? CAS: Com certeza. Se pudesse voltar atrás, não teria deixado a Aeronáutica. Trabalhei lá durante seis anos, em Guaratinguetá (SP), cheguei ao posto de capitão e tive a oportunidade de atuar também nas áreas de oftalmologia e otorrinolaringologia. Larguei tudo para ser chefe da clínica médica do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado da Guanabara (antigo Iaseg, atual Iaserj). Foi uma experiência ruim, muito desgastante, pois, além de assumir a chefia, eu era responsável pelo centro de treinamento do próprio Iaseg e ainda era professor do curso de Medicina da PUC-Rio. Permaneci lá durante três anos, depois fiquei à frente do CTI do Hospital Carlos Chagas, onde foi muito difícil, pela falta de recursos e equipamentos, e também acabei abandonando. Tive uma rápida e extraordinária passagem pelo Hospital Maternidade Carmela Dutra, até chegar ao Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), em abril de 1973, ao qual dediquei grande parte da minha vida. Revista HSVP: O que representa o HSVP na sua carreira? CAS: Tenho um carinho enorme por essa instituição. Eu me lembro do primeiro caso em que atuei, quando anestesiei uma criança pequena, que sofria de hemorragia grave e precisava passar por uma cirurgia de emergência. Naquela época, o HSVP ainda era um hospital pequeno. Assisti à construção do hospital, capitaneada pela Irmã Mathilde. Tenho o maior orgulho de ter sido o diretor na época do lançamento da pedra fundamental, em 1977. Aqui eu me tornei plenamente realizado e pretendo continuar trabalhando aqui até morrer.
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Síndrome de Takotsubo
Uma doença cardíaca curiosa Dr. Pericles Vasconcellos (CRM 5235697-6) Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina de Valença, tem título de especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, é cardiologista e coordenador das Unidades de Internação do Hospital São Vicente de Paulo.
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té pouco tempo atrás, a maioria dos estudos clínicos sobre doenças isquêmicas do coração incluíam, relativamente, poucas mulheres, devido à ocorrência predominante de doenças arteriais coronarianas prematuras em homens. Mais recentemente, trabalhos científicos têm investigado a possibilidade de que a doença cardíaca na mulher possa ser diferente, no que diz respeito aos modos de apresentação e à resposta particular às formas de tratamento. Entretanto, somente há pouco mais de 20 anos observou-se que uma entidade que se apresenta como uma síndrome coronariana aguda ocorre quase exclusivamente em mulheres. Descrita inicialmente no Japão, a Síndrome do Coração Partido, Acinesia Apical Transitória, ou Síndrome de Takotsubo, é uma entidade clínica já diagnosticada em vários centros cardiológicos desde a sua descrição (inclusive no Hospital São Vicente de Paulo). Ela tem algumas características curiosas. Seu nome se origina de uma armadilha usada no Japão para caçar polvos. Este é o formato que o ventrículo esquerdo do coração assume, durante sua contração, em exames de imagem cardíaca realizados na fase aguda da doença. Sua ocorrência predominante se dá em mulheres na fase pós-menopausa, depois dos 50 anos, sendo rara em mulheres abaixo desta idade ou em homens. Esse dado sugere que possa haver uma contribuição da falta de estrogênios para a ocorrência da patologia.
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O quadro clínico clássico em tudo se assemelha ao infarto agudo do miocárdio, com sintomas como dor no peito de forte intensidade e alterações no eletrocardiograma compatíveis com este diagnóstico. Nesta situação, o médico que atende o paciente não tem como fazer a distinção entre as duas doenças, que, de fato, participam do mesmo processo isquêmico, mas que divergem em sua evolução e no prognóstico. Os exames laboratoriais, geralmente, mostram uma elevação das enzimas cardíacas, que, entretanto, não é pronunciada. O diagnóstico acaba se fazendo pela observação de imagens características do ventrículo cardíaco e pela percepção de lesões mínimas ou ausentes nas artérias coronárias, diferindo do que ocorre no infarto agudo do miocárdio. Esse estudo é realizado na sala de hemodinâmica, para onde esses pacientes são, invariavelmente, encaminhados, em hospitais mais especializados. Na história clínica, observa-se uma situação de estresse agudo, seja ele físico ou emocional, precedendo à manifestação da doença. Registra-se, nesses casos, a ocorrência de morte ou doença grave de familiares, amigos ou animais de estimação; más notícias (doença grave ou divórcio de filhos); discussão acirrada; a necessidade de falar em público; envolvimento em procedimentos jurídicos; perdas financeiras (negócios, jogos de azar); acidente de automóvel; ou mesmo uma festa-surpresa; entre outras situações. Também pode ser registrado pre-
viamente o estresse físico, como em situações envolvendo cirurgias não cardíacas, diversas doenças graves, doenças endócrinas ou dor intensa (como em casos de cólica renal, fraturas etc.). A contribuição de catecolaminas – hormônios liberados pelo organismo nessas situações que, comprovadamente, encontram-se aumentados na fase aguda da doença – corrobora com a gênese desta patologia. Elas atuam na ponta do coração, impedindo sua contração. O tratamento desses pacientes, após o diagnóstico, direciona-se para medidas farmacológicas e, raramente, mecânicas, de suporte hemodinâmico em função do quadro ou de complicações apresentadas. É necessária a internação em centro de tratamento intensivo, para o monitoramento cardíaco contínuo e a pronta atuação que se fizer necessária por parte da equipe multidisciplinar. Complicações comuns à fase aguda do infarto, incluindo edema pulmonar agudo, formação de coágulos dentro do coração e consequente embolia, além de arritmias graves e de choque, embora raras, podem ocorrer e levar à morte do paciente, na fase evolutiva da doença. Felizmente, o desenvolvimento clínico da doença e o prognóstico, na grande maioria dos pacientes, são excelentes. Em geral, o quadro clínico e a recuperação da contração do músculo cardíaco são relativamente rápidos (levam cerca de 48 horas), e a completa normalidade ocorre com aproximadamente três meses de evolução.
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HSVP se adequa à Nova lei da filantropia
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ecentemente, o Hospital São Vicente de a uma demanda vinda do Serviço Social do próPaulo (HSVP) se viu obrigado a suspender, prio hospital. Com a nova legislação, todos os temporariamente, o atendimento aos pa- pacientes na condição de gratuidade serão encientes mais carentes. A suspensão de serviços caminhados por uma central de regulação de vacomo consulta ambulatorial, exames laborato- gas do município, e o hospital não poderá mais riais, internação e procedimentos de alta comple- atender à sua demanda espontânea. xidade foi necessária para que o HSVP pudesse “Os hospitais filantrópicos também terão que se adequar à nova legislação que regula a filan- trabalhar com metas de produção estabelecidas tropia no país. no convênio e comprovar o cumprimento dessas O conjunto de normas que servem de dire- metas. Tudo será regido pelo Plano Operativo trizes para a área inclui a Lei 12.101, de 2009; Anual, feito em conjunto com o município, no Lei 12.453, de julho de 2011; Decreto 7.237, de qual serão avaliadas as metas estabelecidas no julho de 2010 (que regulacontrato”, esclarece a diretomenta a Lei 12.101); Decreto pacientes na condição ra do hospital. de gratuidade serão 7.300, de setembro de 2010 Outra mudança é que, (que altera leis e decretos ancom a nova legislação, os encaminhados por teriores); Portaria 3.355, de pedidos de certificação, que uma central de novembro de 2010; e Portaria até então eram solicitados ao regulação de vagas 1.970, de agosto de 2011; Conselho Nacional de Asas duas últimas do Ministério da Saúde. Tal le- sistência Social (CNAS), agora passam a ficar a gislação dispõe sobre a certificação de entidades cargo do Ministério da Saúde. Para entender a beneficentes de assistência social (filantrópicas), importância das alterações na lei, basta lemincluindo as da área de Saúde, caso do HSVP. brar que, segundo estimativas do Governo Segundo a Ir. Marinete Tibério, CEO do hospi- Federal, os hospitais filantrópicos respontal, entre 1998 e 2009, as entidades filantrópicas dem por cerca de 50% dos atendimentos eram regidas pelo Decreto 2.536, de 6 de abril da rede pública de saúde do país. de 1998, que facultava às instituições de saúde Além do atendimento a pacientes com terem convênio com o Sistema Único de Saúde poucos recursos financeiros, o HSVP de(SUS) – 60% do seu atendimento – ou fazerem senvolve outras ações filantrópicas, atendimentos gratuitos no percentual de 20% de como as palestras mensais gratuitas sua receita bruta, sendo esta última a opção do ministradas por profissionais da área HSVP desde o seu surgimento. de saúde sobre a prevenção de do“A legislação atual determina que para ser enças. considerada beneficente e fazer jus à certificação, É importante ressaltar que, com a instituição de Saúde terá que fazer um contrato as novas regras, o hospital só podecom o gestor local do SUS, no caso a Secretaria rá atender pacientes da cidade do Rio de Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Nós já Janeiro, encaminhados pela Central de Reestamos em negociação com a Secretaria para gulação do Município. “Continuaremos celebrar este convênio”, adianta Ir. Marinete. atendendo aos mais pobres através Irmã Marinete ressalta que antes o hospital re- desta parceria com a Prefeitura”, alizava os atendimentos gratuitamente atendendo avisa Ir. Marinete.
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HSVP realiza cirurgia cardíaca pioneira O Hospital São Vicente de Paulo acaba de entrar para o pequeno grupo de instituições no Rio de Janeiro que realizam o procedimento de oclusão percutânea da auriculeta esquerda. Em fevereiro, o HSVP tornou-se a terceira instituição do estado do Rio de Janeiro a realizar o procedimento, que consiste no fechamento de uma região do coração, conhecida como auriculeta Este procedimento visa minimizar os riscos de formação de coágulos em pacientes com fibrilação atrial, um tipo comum de arritmia que acomete 10% da população com mais de 80 anos. De acordo com o responsável pelo Serviço de Arritmias Cardíacas do HSVP Dr. Cláudio Munhoz pacientes portadores de fibrilação atrial tem risco maior de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), principalmente quando há associação a outras doenças como diabetes e hipertensão arterial. A prevenção do AVC habitualmente é feita com o uso crônico de anticoagulantes orais. Embora eficazes estes medicamentos aumentam as chances de hemorragias, especialmente em pacientes idosos, suscetíveis a quedas ou aqueles pacientes que já fazem uso de outras medicações que afetam a coagulação como AAS e clopidogrel. “Em cerca de 20% dos casos, os paciente não se adaptam à medicação, sendo a oclusão de auriculeta o procedimento indicado”. O Dr. Claudio Munhoz, que realizou o procedimento, trouxe experiência adquirida na Alemanha, onde a técnica já é usada rotineiramente. Ele afirma que a intervenção reduz as chances da ocorrência de AVCs em pacientes de alto risco devolvendo a independência aos pacientes. O procedimento consiste na punção da veia femoral com introdução de uma pequena prótese definitiva, conhecida como oclusor, que bloqueia o fluxo sanguíneo para a auriculeta. Segundo Cláudio Munhoz, não há necessidade de suturas e o paciente pode voltar para casa no dia seguinte.
Especialista do HSVP apresenta case raro em congresso internacional de ecocardiografia O Hospital São Vicente de Paulo, representado pela cardiologista Thereza Gil, apresentou um caso raro de recanalização tardia da oclusão de artéria no último Congresso Mundial de Ecocardiografia [XVII World Congress of Echocardiography and Allied Techniques], realizado em março passado na cidade de São Paulo. Oclusão de artéria é um fenômeno que causa a obstrução da corrente sanguínea. O quadro está associado a pessoas com fatores de risco para doenças cardiovasculares como fumantes, obesos, hipertensos, diabéticos e sedentários acima de 40 anos. A recanalização da oclusão é o fenômeno de reconstrução – parcial ou total – da passagem do fluxo sanguíneo. Quando a recanalização espontânea ocorre, costuma ser em poucos dias após o acidente. O estudo apresentado no Congresso Mundial de Ecocardiografia analisou o quadro clínico de uma paciente de 66 anos que chegou à emergência do Hospital São Vicente de Paulo com sinais de desfalecimento e perda de equilíbrio e coordenação. Apesar de não apresentar histórico de diabetes, hipertensão ou doenças cardíacas, o quadro era oclusão da artéria carótida interna. “O caso dessa paciente chamou a atenção da equipe porque em poucos meses seu organismo recanalizou a região afetada pela isquemia”, explica Thereza Gil. A recanalização tardia espontânea é um processo raro, não existindo estudos conclusivos sobre o seu aparecimento, sobretudo em pacientes fora do perfil de risco para doenças cardiovasculares.
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