Alimentação e genética Estudo mostra que dieta da mãe influencia DNA dos filhos
Vida mais longa e saudável 8º Congresso Brasileiro de Fisiologia Hormonal e Longevidade, nos dias 10 e 11 de outubro, abordará os avanços da medicina preventiva
Alexandre Kalache Ex-diretor de programas de envelhecimento da OMS fala sobre o panorama do envelhecimento no Brasil
Dieta anti-inflamatória ANO 2 – Nº 6 – 2014
Cientista americano Barry Sears defende o uso dos alimentos no combate às doenças que mais matam no mundo
EDITORIAL Caros amigos, Diversos estudos científicos realizados ao longo dos últimos anos já haviam mostrado que fatores ambientais, como estresse, alimentação, obesidade, sedentarismo e fumo, podem influenciar a capacidade de concepção, mesmo no caso de casais sem problemas de fertilidade. Ou seja: o bem-estar e a alimentação estão relacionados com a reprodução humana. No entanto, um estudo inédito, de pesquisadores do Grupo Internacional de Nutrição MRC do Reino Unido e da unidade da MRC na Gâmbia, na África Ocidental, mostrou que a alimentação da mãe antes da concepção também pode afetar as funções genéticas de seus filhos. A pesquisa, publicada no periódico inglês Nature Communications, demonstrou pela primeira vez que a dieta adotada pela mãe antes da gravidez pode, na verdade, afetar permanentemente muitos aspectos da saúde da criança, ao longo da vida. Ou seja: o tipo de alimentação tem um efeito significativo sobre as propriedades do DNA dos filhos. Diante da importância do achado, abrimos espaço na revista Longevidade em Foco para falar do assunto, abordando ainda outras questões da equação alimentação e fertilidade, como a importância dos alimentos com substâncias antioxidantes na dieta, pois eles são essenciais para combater os radicais livres, o que ajuda a preservar a fertilidade. Outro tema de relevância nesta edição, que circula com 64 páginas, é a realização do VIII Congresso Brasileiro de Fisiologia Hormonal e Longevidade, um dos maiores eventos multidisciplinares de atualização na área médica, que vai reunir alguns dos principais nomes do cenário nacional formado por especialistas que trabalham com ciência da longevidade e fisiologia humana. Paralelamente ao congresso, que ocorre nos dias 10 e 11 de outubro próximo, em São Paulo, teremos o I Encontro de Qualidade de Vida da Sociedade Brasileira de Estudos da Fisiologia (Sobraf) e o III Workshop de Nutrição Bioquímico Fisiológica. Nossa expectativa é reunir em torno de 650 profissionais da área da Saúde, incluindo médicos e nutricionistas. Entre os demais assuntos abordados nas próximas páginas estão: a importância da autoestima e da felicidade no combate ao declínio físico no envelhecimento; o benefício antioxidante da vitamina E, que pode retardar o declínio funcional de pacientes com Alzheimer nas fases leve e moderada; e como a alimentação balanceada pode evitar o processo de inflamação subclínica, que leva ao surgimento das doenças crônicas. Boa leitura! Ítalo Rachid
sumário 4 Benefícios da vitamina D para o coração 6 Consumo do chá verde ajuda a controlar a glicose 8 Uvas para a beleza e a saúde 10 Probióticos ajudam mulheres a perder peso 14 Conheça os cuidados na prática do SUP 16 Brasil vive revolução da longevidade 18 Copacabana, no Rio, beleza e longevidade 20 Para relaxar e recarregar a energia 22 Valor certo, preço certo, cliente certo 25 Vitamina E retarda progressão do Alzheimer 26 Beterraba contra doenças crônicas 28 Idoso feliz vive melhor 30 Alimentação da mulher e a genética da prole 32 Benefícios do whey protein 35 Sexualidade na idade madura e vida saudável
VIII Congresso Brasileiro de Fisiologia Hormonal e Longevidade
36 Pílula que reduz a fome 39 Curso de Fisiologia da Longevidade Humana 40 Dicas de leitura 41 Alimentação no combate à inflamação subclínica 42 Ensino à distância 44 Glúten e doenças autoimunes 46 OMS subestima casos de osteoporose 48 Pilates e seus muitos benefícios 50 O mundo de olho na vida do brasileiro 54 Chocolate amargo e a saúde vascular 56 Estresse e a exaustão das suprarrenais 58 Pacientes com Parkinson combatem doença com boxe Meio ambiente e a saúde Cérebro, neurônios e memória
EXPEDIENTE
59 60 62
www.longevidadesaudavel.com.br
Produção: SB Comunicação (www.sbcomunicacao.com.br) I Jornalista Responsável: Simone Beja I Editora: Silvana Caminiti I Diagramação: Maurício Santos | Publicação oficial do Grupo Longevidade Saudável: Av. José Moraes de Almeida, 783, Coaçu CEP: 61760-000, Eusébio – CE. Tels.: 0800 0011223 / (55) (85) 3246 2126 I Diretor Científico: Dr. Ítalo Rachid I Diretora de Marketing: Polliana Rachid I Diretor Comercial: Carlos Avellar. Impressão: Gráfica Cearense I Contato Comercial e Assinaturas: Christianne Estrela, christianneestrela@longevidadesaudavel.com.br, (85) 9988-0839 | Relacionamento com o cliente e Marketing: Polliana Rachid, pollianarachid@longevidadesaudavel.com.br, (85) 9670-4344 o conteúdo dos anunciantes é de inteira responsabilidade dos mesmos.
Sem medo ou vergonha de ser feliz
No campo científico, pesquisas de diferentes e renomadas instituições também confirmam que as pessoas
4 | Revista Longevidade em Foco
da terceira idade estão fazendo mais sexo. Pesquisa do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, revelou que entre 50% e 60% das mulheres brasileiras com mais de 60 anos mantêm uma vida sexual ativa. Outra pesquisa nessa linha foi feita pela American University, em Washington, nos Estados Unidos. O trabalho revelou que o sexo só melhora ao longo da vida. Segundo Iris Krasnow, professora de Jornalismo e Estudos Femininos da universidade, das 150 mulheres entrevistadas, com idades entre 20 e 90 anos, aquelas acima dos 70 anos disseram estar desfrutando o melhor da atividade sexual de suas vidas justamente nessa fase tardia. As conclusões do estudo estão no livro lançado em fevereiro último Sex After...: Women Share How Intimacy Changes as Life Changes (Sexo depois...: Mulheres compartilham como a intimidade muda com as mudanças da vida, em tradução livre). Íris Krasnow, que, além de professora, é autora de vários livros e especialista em relacionamentos e crescimento pessoal, abordou o assunto sob diferentes ângulos, indagando às participantes sobre a
Fotos Chico Batata
E
Esqueça aquela imagem de que avós se dedicam apenas às tarefas domésticas ou cozinhar e cuidar dos netos. Hoje, homens e mulheres com mais de 60 anos malham, vão ao cinema, saem para bater papo e dançar e têm uma vida sexual ativa. É isso mesmo. A sexualidade na vida madura deixou de ser motivo de constrangimento ou vergonha, fatores que antes dificultavam a busca de informação e a superação de obstáculos para ter uma vida sexual ativa por parte do público da terceira idade. Hoje, vemos o tema sendo abordado de forma divertida e honesta em livros, exposição fotográfica e filmes. O documentário “A Dança da Vida”, dirigido por Juan Zapata, por exemplo, permite olhar sem preconceitos e tabus sociais a retomada da vida sexual do idoso. No filme, a produção aborda o amor e o sexo a partir de entrevistas realizadas com um público eclético com idades entre 40 e 90 anos. E filmes como “E se Vivêssemos Todos Juntos” e “Um Divã para Dois”, mostram igualmente que o sexo na idade madura pode, sim, ser prazeroso.
Exposição fotográfica destaca sensualidade Iucanãs Toriba – Laços de Felicidade, na língua tupi-guarani: esse foi o nome dado à mostra fotográfica que percorreu diversos espaços em Manaus, no ano passado. O fotógrafo amazonense Chico Batata registrou o lado sensual de 18 casais, com idades entre 55 e 85 anos. As fotos foram produzidas em lugares como quartos, banheiras e barcos no meio do rio. O projeto foi organizado pelo Centro de Convivência do Idoso da Aparecida, unidade mantida pelo governo do Amazonas, no bairro Aparecida, na zona central de Manaus. Todos os casais fotografados são usuários do serviço.
atividade sexual em diferentes fases da vida: depois da faculdade, da maternidade, da menopausa e da viuvez. E descobriu que as mulheres mais velhas eram mais aventureiras e mais confiantes na sua sexualidade, em relação às mais jovens, que estão em fase de “envolvimento” ou namoro.
Mais longevos e saudáveis A autora lembra que houve um crescimento na expectativa de vida da população em diversos países, o que trouxe consigo também o aumento da atividade sexual entre os idosos. Segundo ela, a longevidade veio com melhores remédios, mais vigor, mais exercícios, melhor dieta e saúde – o que resulta numa população de terceira idade mais sexual e saudável do que antes. Entre os casais já aposentados, cujos filhos cresceram e já saíram de casa, segundo Krasnow, ter mais tempo para estar com o parceiro também contribui para a melhoria da qualidade do sexo, pois esses indivíduos estão mais ativos e conectados com o mundo exterior, por meio de dispositivos modernos e redes de comunicação.
Chico Batata atua há mais 20 anos na profissão de fotógrafo e já trabalhou em diversos jornais impressos, até mesmo fazendo coberturas jornalísticas para veículos como o The New York Times, retratando a seca no Amazonas no ano de 2001. O profissional explica que passou um mês trabalhando na produção das fotos para a exposição. “Primeiro, fizemos um trabalho didático, em que a partir das respostas a questionário com perguntas pessoais, pudemos identificar de que forma seria cada fotografia de cada casal. Pela reação deles, percebi que tinham uma vida sexual ativa e tratavam do tema com bom humor”, conta. Segundo o fotógrafo, as fotos foram feitas em diferentes municípios do Amazonas (Manacapuru, Novo Airão e Iranduba) com o objetivo de retratar a forma de amar de cada lugar. Mas essa não foi a primeira vez que Chico Batata trabalhou com pessoas mais velhas. Em 2012, ele fotografou mulheres da terceira idade em poses sensuais, também a convite do Centro de Convivência. E o resultado também foi positivo. “A exposição recebeu o nome Tamoios Porangas e as fotos eram de mulheres acima de 60 anos em poses sensuais”, conta o fotógrafo, que ressalta que foi justamente o sucesso da exposição anterior que levou à produção da mostra Laços de Felicidade, em 2013.
E a redescoberta do prazer proporciona ganhos fora da cama. Até a aparência recebe novos cuidados. “Uma vida sexual ativa e de qualidade traz benefícios como a autoconfiança, autoestima e qualidade de vida. Além disso, o sexo na terceira idade diminui a chance de depressão, melhora a vida conjugal e fomenta as atividades sociais como momentos de lazer e trabalho, além do autocontrole e saúde mental”, afirma o urologista Márcio de Carvalho (CRM PR-12020), membro do Centro de Informações e Estudo da Sexualidade Humana de Maringá (Ciesma), no Paraná.
Revista Longevidade em Foco |
5
Vitamina D: o coração também agradece Estudo da American College of Cardiology, nos EUA, mostrou que a aterosclerose está associada à falta do nutriente no organismo
Q
Que a vitamina D é de grande importância para o organismo todos já sabem. Devido ao seu poder para combater a pressão alta, controlar o peso e afastar o risco de tumores, além de ser essencial para prevenir e tratar osteoporose, por estimular a absorção de cálcio, necessário para o crescimento normal dos ossos, a vitamina D já se tornou um dos nutrientes da longevidade saudável. E recentes estudos têm demonstrado que a substância está também ligada à saúde do coração. Um trabalho recente realizado pela American College of Cardiology, nos Estados Unidos, associou a aterosclerose (estreitamento e enrijecimento das artérias coronarianas, devido ao acúmulo de gordura em suas paredes) à falta da vitamina no organismo. Os pesquisadores avaliaram 1.484 pacientes e constataram que 32% deles tinham baixos níveis de vitamina D e sofriam com a doença coronariana. Nesse caso, o nível considerado baixo foi de 20 nanogramas por mililitro (ng/ml), sendo que a taxa recomendada é entre 35 e 55 ng/ml. Ainda segundo os cientistas, a carência da vitamina também foi notada em 70,4% dos pacientes submetidos à angiografia coronariana, exame de imagem usado para analisar a fluidez do sangue através das artérias do coração.
6 | Revista Longevidade em Foco
Um estudo anterior apresentado em evento da American Heart Association, nos Estados Unidos, mostrou que adultos saudáveis, a partir dos 50 anos e com níveis baixos da vitamina no organismo, apresentavam maior probabilidade de serem portadores de doenças do coração. Para a pesquisa, os cientistas analisaram 27.686 pessoas e os níveis de vitamina D foram medidos durante exames de rotina. O resultado do trabalho mostrou que, menos de dois anos depois, aqueles pacientes com baixos níveis de vitamina D tiveram 77% mais
probabilidades de morrer durante o período e 45% mais probabilidade de desenvolver doença coronariana do que aqueles com níveis normais.
Processos metabólicos vitais Além desses dois estudos, muitas outras pesquisas também avaliaram o papel da vitamina em processos metabólicos vitais, relacionando sua insuficiência a várias doenças, como depressão, esquizofrenia, infecções, doenças respiratórias, pressão alta, diabetes tipo 2, cânceres
(mama, cólon, próstata e pâncreas) e fraqueza muscular. “Começando pela vida fetal, sabemos hoje que a deficiência intrauterina de vitamina D encontra-se diretamente relacionada à doença hipertensiva específica da gravidez (pré-eclâmpsia), ao trabalho de parto prolongado, ao aumento da incidência de cesáreas e a futuros distúrbios respiratórios na criança, como asma, alergias e infecções recorrentes. Durante a infância, a deficiência de vitamina D está diretamente relacionada a incapacidade de atingimento da altura geneticamente programada, baixa densidade mineral óssea e aumento dos riscos de fratura na idade adulta. Ainda nessa fase da vida, a deficiência do nutriente constitui-se em um claro fator de risco para o diabetes tipo 1, esclerose múltipla, artrite reumatoide e doença de Crohn”, explica o diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, o médico Ítalo Rachid (Cremesp 114612). Na fase adulta, lembra o Dr. Rachid, a deficiência de vitamina D também está relacionada com a incidência de outras patologias, como a osteopenia, o infarto e o AVC. “O lado obscuro de todos esses achados e evidências é que milhões de pessoas em todo o planeta estão adoecendo e morrendo neste momento simplesmente porque não ingerem ou suplementam as quantidades ótimas diárias de vitamina D”, ressalta o especialista. O cardiologista Jorge Elias Neto (Cremesp 25742), da Universidade de Campinas (Unicamp), lembra que a função da vitamina D no organismo é determinante para a adequada absorção do cálcio, além de ainda agir no sistema imunológico, com as funções de proteger os órgãos e impedir a perda de massa muscular. Segundo o especialista, o armazenamento de gordura na parte interna da artéria
Deficiência de vitamina D também está relacionada com a incidência de outras doenças, como a osteopenia, o infarto e o AVC contribui para que o coração receba menos sangue e oxigênio.
químicas conhecidas como fatores de crescimento.
“Essa gordura consiste no acúmulo de colesterol, cálcio e outras substâncias no sangue, o que é prejudicial”, diz o cardiologista. E o Dr. Rachid completa: “Esse fenômeno ocorre devido à inflamação crônica subclínica endotelial, o que leva à oxidação das partículas de colesterol e à sua consequente deposição nas artérias. Tudo isso significa que o infarto agudo do miocárdio não é uma doença de colesterol, e sim uma doença inflamatória. O papel da vitamina D em todo esse processo é inibir a atividade inflamatória, exatamente através da proteção cardiovascular”, define Rachid, lembrando que a suplementação de vitamina D deve ser feita com orientação médica.
No entanto, o novo estudo é o primeiro a propor que a simples prática de exercícios tem um efeito similar. A descoberta sugere que prejuízos causados por doenças do coração poderiam ser recuperados, pelo menos em parte, com 30 minutos por dia de corrida ou ciclismo.
Exercícios físicos induzem produção de células-tronco no coração Se a falta de vitamina D pode estar associada a doenças cardíacas, por outro lado, a prática de exercícios regulares e intensos podem fazer com que células-tronco do coração que estavam adormecidas voltem à vida, o que levaria ao desenvolvimento de novos músculos no órgão. É o que mostrou pesquisa da Universidade John Moores, de Liverpool, na Inglaterra, publicada no periódico European Heart Journal. Os cientistas já sabiam que a produção de células-tronco poderia ser estimulada a partir de injeções de substâncias
Na fase inicial, a pesquisa observou camundongos saudáveis que foram impostos a uma rotina de duas semanas de exercícios físicos. A prática resultou na recuperação de mais de 60% de células-tronco cardíacas que, antes adormecidas, voltaram à ativa. Cientistas já tinham observado o aumento do coração seguido pelo treinamento aeróbico, mas pensava-se que isso ocorria pelo alargamento das células musculares cardíacas já existentes, conhecidas como cardiomiócitos (cuja perda pode levar à insuficiência cardíaca). Mas o estudo mostrou que os camundongos também tiveram 7% de aumento do número dos cardiomiócitos. “Todos já sabem dos benefícios do exercício para manter o coração saudável. O que essa pesquisa sugere é a regeneração do coração”, explica o cardiologista Jorge Elias Neto. O especialista lembra que pacientes que participam de um programa normal de reabilitação cardíaca já fazem exercícios, mas a proposta do novo estudo é que a atividade física se torne mais intensa. “Mas, para isso, é preciso descobrir o fator de crescimento chave envolvido nesse processo descoberto pelo estudo”, diz.
Revista Longevidade em Foco |
7
Consumo de chá verde ajuda a controlar a glicose
U
Um aliado milenar da saúde: assim, pode ser descrito o chá verde. Diversos estudos científicos já mostraram que a bebida pode proteger o organismo de várias doenças, como o Alzheimer e o câncer. O segredo dos benefícios está nas substâncias que previnem o envelhecimento precoce das células do corpo. E resultados de uma metanálise descritos em um artigo publicado no periódico The American Journal of Clinical Nutrition mostraram que o consumo do chá verde promove também importantes benefícios metabólicos para pacientes com diabetes tipo 2. De acordo com o trabalho, o consumo de chá verde ajuda a manutenção do controle de glicose sanguínea entre indivíduos com risco de síndrome metabólica, pois reduz os níveis de glicose sanguínea de jejum e de hemoglobina A1c, um marcador de controle de glicose de longo prazo. O trabalho foi realizado por uma equipe de pesquisadores do Chongqing Medical Nutrition Research Center, da China. Eles fizeram uma busca em diversas bases de dados bibliográficas (PubMed, Embase e Cochrane Library), com o objetivo de selecionar estudos clínicos randomizados que avaliaram os efeitos do chá verde e/ou extrato de chá verde no controle da glicemia e sensibilidade à insulina. Foram selecionados 17 protocolos, que incluíram um total de 1.133 participantes para a análise. Os cientistas levaram em conta critérios como características, desenho e duração do estudo; tipo de dieta e outras informações sobre os voluntários, como idade e estado de saúde, assim como mudanças na glicemia e parâmetros de sensibilidade à insulina. O período de consumo do chá verde, em cápsulas ou bebida, entre os participantes, variou de duas semanas a seis meses. E os voluntários tiveram os níveis de glicose e de insulina medidos em jejum, antes e depois do tratamento. Entre os 17 estudos selecionados pelos pesquisadores chineses, dez foram realizados com pacientes que consumiram o chá verde em cápsulas e os demais com a bebida
8 | Revista Longevidade em Foco
feita com folhas. O período avaliado de consumo do chá verde, em cápsulas ou bebida, variou de duas semanas a seis meses. No final, os pesquisadores afirmaram que os participantes que consumiam cerca de quatro xícaras de chá/dia tiveram um risco menor (em 20%) de desenvolver diabetes tipo 2, em comparação com aqueles que consumiam menos ou nenhuma quantidade da bebida.
Bebida é rica em polifenóis Segundo a nutróloga Maria Fernanda de Castro (CRM-SP 59300), professora da Universidade de Campinas (Unicamp), a metanálise comprova os grandes benefícios da bebida, rica em substâncias que também previnem o envelhecimento precoce das células. “O chá verde contém catequina, um fitonutriente da família dos polifenóis, substância que é antioxidante; flavonoide que tem ação vascular; cafeína, que ajuda a melhorar a parte cognitiva e cardíaca, além de vitaminas B, C e K”, conta a especialista. De acordo com a nutróloga, o chá verde é obtido a partir de uma planta chamada Camellia sinensis, que contém mais de 200 compostos, sendo os mais conhecidos e abundantes os polifenóis. “Os polifenóis do chá verde podem desempenhar efeitos benéficos em várias condições clínicas, sendo que as mais estudadas e caracterizadas estão relacionadas ao câncer, ao sobrepeso e à obesidade e doenças cardiovasculares”, diz a especialista, que ressalta ainda que a bebida é indicada para dietas de emagrecimento, pois acelera o metabolismo.
10 | Revista Longevidade em Foco
beleza
Os benefícios da uva para a saúde e a beleza Fruta é rica em polifenóis, compostos bioativos, com poder antioxidante, que são importantes aliados do coração
A
As ações benéficas do vinho para a saúde são conhecidas desde a década de 90, quando os franceses descobriram que o consumo moderado da bebida pode ajudar a prevenir doenças do coração, devido à presença nas uvas de polifenóis, classe de compostos bioativos com poder antioxidante e anti-inflamatório. Para se ter uma ideia, mais de 10 tipos de flavonoide são encontrados no vinho, entre eles o resveratrol. A substância está presente principalmente no vinho tinto e ajuda a evitar a oxidação das células do organismo, reduzir a formação de placas de gordura nas veias, dilatar os vasos e melhorar a circulação. Além disso, o resveratrol, encontrado nas sementes e na casca das uvas, auxilia a absorção de vitamina C pelo organismo. Segundo o cardiologista gaúcho Jairo Monson de Souza Filho (CRM RS-11922), que há mais de 15
anos estuda o tema relacionado a vinho e saúde, 60% dos polifenóis encontrados na uva vêm da semente e outros 33% da casca, da polpa, do pedicelo e da madeira. O especialista lembra que a ingestão da bebida por quem não tem nenhuma contraindicação ao uso de bebidas alcoólicas pode diminuir entre 40% e 60% as doenças e mortes por causas cardiocirculatórias. “As pessoas que bebem vinho, regular e moderadamente, acompanhando as refeições, têm de 20% a 45% a mais de expectativa de vida. Também envelhecem com melhor qualidade, melhor nível de memória, menos incontinência e doenças crônicas”, afirma. Souza Filho explica que o consumo da bebida também torna 20% menor a probabilidade de desenvolver qualquer tipo de câncer e, para alguns tipos de tumor, a proteção ainda é maior. Como exemplo, ele cita o câncer de ovário, de próstata e de intestino. “As pessoas que bebem vinho regularmente, moderadamente, nas refeições, também envelhecem com melhor qualidade de vida. Quero dizer com melhor nível de comunicação e memória e com menos incontinência urinária e doenças crônicas”,
comenta o cardiologista, que ressalta que as mulheres também ficam protegidas contra o desenvolvimento de osteoporose.
Espaço garantido no mundo dos cosméticos Mas, se a uva presente no vinho faz bem para a saúde, faz também para a beleza da pele do rosto e do corpo. Já há algum tempo a indústria de cosméticos descobriu os enormes benefícios dos polifenóis. Uma das empresas que apostam nos benefícios da fruta para a beleza é a marca francesa Caudalie, que no último ano abriu duas lojas no Brasil, uma no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. A grife é proprietária da premiada e tradicional vinícola Châteu Smith Haute Latiffe, localizada em Bordeaux, na França. Para se ter uma ideia, a vinícola surgiu no século 14 e conta com uma área de plantio de uvas de 67 hectares. Ali, são produzidas uvas das variedades Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc (vermelhas) e Sauvignon Blanc, Sémillon e Sauvignon Gris (variedades brancas).
Revista Longevidade em Foco |
11
E a Caudalie vem apostando intensamente nas substâncias contidas nas cascas e sementes das uvas para a produção de itens voltados para os cuidados da pele do rosto e do corpo, além de cabelos. Na linha de produtos para firmeza da pele, por exemplo, um dos carros-chefes são as cápsulas de resveratrol, que a marca patenteou e batizou de Vinexpert. Outros dois produtos da marca são a Grape Water, espécie de água termal, que hidrata a pele 127% mais que a água comum, e o esfoliante Crushed Cabernet, que deixa a pele do corpo mais macia. Outro produto da marca bastante procurado pelo público é o óleo de uva, feito com sementes de uvas. Em seu site, a empresa explica que, nos vinhedos, as sementes são geralmente jogadas fora; por isso, a Caudalie refina as sementes, para obter a substância ativa encontrada no óleo. Para produzir um litro desse óleo, são necessários 50 quilos de sementes. Com alta concentração de ômega 6 e vitamina E, o produto nutre e repara a pele.
Pesquisas constantes A empresária Mathilde Thomas, proprietária da grife, que esteve no Brasil, no ano passado, para a inauguração da primeira loja em solo carioca (no Village Mall, shopping na Barra da Tijuca), conta que há mais de 15 anos vem pesquisando para descobrir os benefícios da vinha e extrair os ingredientes ativos das uvas para
12 | Revista Longevidade em Foco
os cosméticos. Ela explica ainda que conta com equipe própria de formuladores e também colabora com o professor e farmacêutico Joseph Vercauteren, especialista em polifenol. Graças a esse trabalho, hoje a Caudalie conta em seu portfólio com produtos que incorporam moléculas inovadoras e patenteadas. Segundo a empresa, todos os produtos são de fórmula “aberta”, ou seja, continuam sendo melhorados permanentemente, para integrar os últimos avanços científicos e garantir a máxima eficácia. Dentro dessa proposta de trabalho inovador e tecnologia sustentável, outros produtos da marca que chamam a atenção são os da linha Premier Cru, um para o rosto e outro para os olhos. Eles agem ao mesmo tempo como antimanchas, antirugas e firmador, reunindo polifenóis extraídos da casca e das sementes da uva, viniferina e resveratrol, todos componentes devidamente patenteados pela marca. Outros três produtos da marca muito conhecidos são o Eau Démaquillante (que deixa a pele mais luminosa e lisa, pois tem funções terapêuticas); o Eau de Raisin Bio (semelhante à água termal, feito com uvas, camomila e sálvia, que refrescam, hidratam e relaxam a pele); e o Sérum Fermeté (um semi-serum que reestrutura a pele para dar firmeza e elasticidade). Além de cosméticos, a Caudalie aposta também em produtos como a vela Fleur de Vigne, que tem a
missão de trazer um pouco do clima do spa para dentro de casa. Sua fragrância se inspira em uma flor que floresce apenas por alguns dias, em junho, e anuncia a colheita da uva 110 dias depois.
SPA do vinho Para quem preferir um tratamento mais amplo com produtos da marca, uma opção é se hospedar no Hotel & Spa do Vinho Caudalie, localizado em Bento Gonçalves, no Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha. O estabelecimento é o primeiro franqueado na América Latina da marca Les Sources de Caudalie Spa, cuja sede também fica em Bordeaux, juntamente com a produção de vinhos e cosméticos. O spa oferece uma gama completa de tratamentos exclusivos e patenteados pela grife francesa, que combinam as virtudes da água mineral, e oligoelementos extraídos de mais de 540 metros de profundidade, com as mais recentes descobertas científicas sobre os benefícios da videira e suas uvas. Vale ressaltar que os parâmetros usados para definir os tratamentos oferecidos foram obtidos por meio de pesquisas desenvolvidas na Universidade de Bordeaux.
Revista Longevidade em Foco |
13
Probióticos ajudam mulheres a perder peso Pesquisa feita por cientistas canadenses mostrou que mulheres que consumiram pílulas com o componente perderam duas vezes mais peso
P
Perder peso não é uma tarefa fácil para muitos. Mas não ter os quilos perdidos de volta pode ser uma meta ainda mais difícil de ser atingida. A boa notícia em relação à manutenção do peso chega por meio de um estudo publicado no British Journal of Nutrition (Jornal Britânico de Nutrição), que sugere que a ingestão de probióticos pode contribuir para que mulheres consigam alcançar essa meta. Vale lembrar que diversos estudos anteriores já haviam constatado que a flora intestinal de indivíduos obesos é diferente da flora intestinal de pessoas magras. Por isso, os pesquisadores da Universidade de Laval, em Quebec, no Canadá, decidiram avaliar se o consumo de probióticos – micro-organismos vivos que produzem efeitos benéficos na flora intestinal – poderia ajudar a repor o equilíbrio da microbiota intestinal e, assim, induzir a manutenção de um peso saudável. O estudo contou com a participação de 125 voluntários, entre homens e mulheres, com problemas de obesidade. Inicialmente, eles foram submetidos a uma dieta nutricional, pelo período
14 | Revista Longevidade em Foco
de três meses, para perda de peso. Na segunda etapa, que teve o mesmo prazo, eles deveriam manter o peso recém-adquirido. No desenvolvimento de toda a pesquisa, ou seja, durante os seis meses, metade dos voluntários recebeu diariamente duas pílulas de probióticos da família Lactobacilus rhamnosus, enquanto a outra metade recebeu pílulas de placebo. No fim da primeira etapa da pesquisa, os pesquisadores constataram uma redução média de 4,5 quilos nas mulheres que haviam ingerido os probióticos. Naquelas que receberam o placebo, a perda foi menor: 2,6 quilos. No período de manutenção, o peso das mulheres do grupo placebo se manteve estável, mas o grupo das que tomaram probióticos continuou a perder peso - ao todo, a média de emagrecimento foi de 5,2 quilos por pessoa. A pesquisa mostrou que as mulheres que consumiram probióticos perderam duas vezes mais peso, durante todo o estudo. Os pesquisadores também observaram nesse grupo que houve uma queda no hormônio leptina, responsável por regular o apetite, bem como uma concentração inferior das bactérias intestinais relacionadas com a obesidade.
Efeito somente em mulheres Outro achado importante do estudo: os homens que participaram da pesquisa e receberam probióticos não apresentaram diferença na perda de peso, em relação aos homens do outro grupo, que recebeu placebo. O endocrinologista canadense Angelo Tremblay, um dos autores da pesquisa, explica o motivo. “Não sabemos por que os probióticos não têm nenhum efeito sobre os homens. Pode ser uma questão de dosagem ou porque o período do estudo tenha sido curto”, explica o especialista. A hipótese levantada pelo endocrinologista canadense é que os probióticos atuam na alteração da permeabilidade intestinal, ao impedir que determinadas moléculas pró-inflamatórias passem para a corrente sanguínea. Assim, eles podem ajudar a prevenir a reação em cadeia ocorrida no organismo, que leva à intolerância à glicose, à obesidade e ao diabetes tipo 2. O especialista lembra que o estudo utilizou apenas a cepa de Lactobacillus rhamnosus, mas é possível que outros probióticos encontrados em produtos lácteos tenham efeito similar. Ele ressalta, porém, que essas bactérias tendem a beneficiar mais pessoas que mantêm uma alimentação saudável, com baixo teor de gordura e ingestão de fibras adequada. Tremblay é professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Universidade de Laval, em Quebec, no Canadá, e mantém um centro de pesquisas sobre a genética da obesidade, que inclui estudos sobre os riscos ambientais e o balanço energético envolvido na doença. O especialista atua na área desde 1977. Em seus estudos, Tremblay pôde documentar os marcadores genéticos e ambientais capazes de predizer o risco de obesidade e a hierarquia de importância desses fatores. Ele comprovou que curta duração do sono, baixa ingestão de cálcio, falta de atividade física vigorosa, baixa ingestão de vitaminas, dieta rica em gordura e alto consumo de álcool são importantes fatores ambientais, em termos de previsibilidade de excesso de peso. Vale lembrar que os probióticos são micro-organismos vivos que, ingeridos, atuam sobre o equilíbrio bacteriano intestinal, controlando os quadros de diarreia, além ajudar a reduzir o risco de câncer.
Homens que receberam probióticos não apresentaram diferença na perda de peso durante estudo Ao serem ingeridos, eles vão para o intestino e se integram à flora já existente, sem se fixarem, mas auxiliando o trabalho de absorção de nutrientes como cálcio, ferro e vitaminas do complexo B, além de facilitar a digestão da lactose. Os leites fermentados e os iorgutes estão entre as principais fontes de probióticos.
Flora intestinal e obesidade Nosso organismo é composto de aproximadamente 100 trilhões de bactérias, dos quais cerca de 400 espécies diferentes vivem de certa forma harmonicamente na microbiota intestinal, um vasto ecossistema que é indispensável à saúde, como explica a microbióloga Regina Domingues, professora do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “A microbiota protege as mucosas, estimula o sistema imunológico e auxilia a degradação da comida”, lembra a especialista. Outra função da flora bacteriana é estocar energia nas células. E, segundo alguns pesquisadores, entre eles o norte-americano Jeffrey Gordon, que é professor de biologia molecular e farmacologia na Universidade de Washington, em Saint Louis, um simples desequilíbrio entre as populações de algumas bactérias intestinais pode causar a obesidade. “A absorção de nutrientes pelo organismo varia de acordo com a microbiota. Ela é um determinante da quantidade de calorias que armazenamos”, diz. O especialista publicou, na revista inglesa Nature, um trabalho abordando essa diferença. Ele e sua equipe compararam as fezes de 12 voluntários obesos com as de outros cinco participantes magros. O estudo mostrou que os obesos apresentavam cerca de 20% mais bactérias firmicutes do que os voluntários em boa forma. Assim como tinham 90% menos bacteroidetes em relação aos esguios. Para confirmar se havia mesmo algum elo entre as taxas encontradas e o excesso de peso, os voluntários obesos foram então submetidos a uma dieta com baixos níveis de gordura e carboidratos. Com o regime, eles perderam em torno de 25% da massa corpórea e as taxas de bactérias mudaram: as firmicutes diminuíram e as bacteroidetes aumentaram.
Revista Longevidade em Foco |
15
Stand up paddle ganha novos adeptos em todo o Brasil
T
fotos: Alex Araújo, arquivo pessoal
Todos os anos surgem novos esportes para tornear o corpo de forma mais divertida, que fuja dos tradicionais treinos das academias. O Stand up padle (ou SUP), esporte que consiste em remar em pé em cima de uma prancha, no mar ou em lagoas, começou, há anos, a ser praticado por surfistas mais experientes, popularizou-se e está conquistando cada vez mais adeptos em todo o país. As pranchas usadas são semelhantes às de surfe, porém maiores (entre 9 e 10 pés ) e mais largas, para permitir que o praticante fique em pé e reme, com remos que podem ser feitos de fibra de carbono ou alumínio. Além de queimar cerca de 350 calorias e tonificar a musculatura dos membros inferiores e superiores, por ser uma atividade praticada na água e ao ar livre, provoca uma sensação de bem-estar maior em relação aos exercícios tradicionais. Todo esse burburinho em torno dos benefícios do Stand up padle fez com que surgissem diversas formas de prática do esporte. E o Brasil se encantou aos poucos com o SUP, que atualmente conta com a Associação Brasileira de Stand Up Paddle (ABSUP) e vários campeonatos que ocorrem anualmente em diferentes pontos do país. Hoje, é possível encontrar, em diversas praias, barracas que alugam o equipamento necessário para a prática da atividade. Entretanto, o que muitos não sabem é que a atividade pode ter impactos negativos para a saúde, principalmente para pessoas que não costumam praticar
16 | Revista Longevidade em Foco
outros tipos de atividade física. Por ser um exercício que exige muito da musculatura dos braços e dos ombros, além da forçar as pernas e os joelhos, é recomendado que o praticante já possua uma boa resistência aeróbica, para evitar possíveis lesões. Segundo o ortopedista e especialista em cirurgia de joelho Marcello Serrão (CRM 557540-RJ), diretor do Centro Ortopédico OrtoPlus, no Rio de Janeiro, e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e da Brasileira de Cirurgia do Joelho, a grande queixa em relação ao Stand up padle tem sido as dores nessa parte do corpo, principalmente na frente, o que dificulta que a pessoa possa agachar-se e usar escadas. “Essa queixa é muito comum devido à postura do praticante sobre a prancha, de semiflexão dos joelhos, que é importante para a manutenção do equilíbrio e também para facilitar a remada. Muitas vezes, o praticante pode desenvolver também condromalacia patelar, que reflete o acometimento da cartilagem da patela. O maior número de queixas vem das mulheres, pois elas são mais suscetíveis a esse tipo de patologia”, explica o ortopedista. Para evitar que algo mais grave aconteça na prática do SUP, o especialista orienta a fazer exercícios complementares para fortalecer a musculatura da coxa, quadril e glúteos, além, é claro, de um bom alongamento, antes da prática. Se, mesmo com esses cuidados, as dores persistirem, deve-se procurar um ortopedista para melhor avaliação. “Mesmo que a possibilidade de uma lesão grave dos joelhos na prática do SUP seja pequena, os praticantes não devem conviver com
tipo de atividade que se deseja praticar. Pode parecer que não, mas o tamanho errado do remo, por exemplo, diminui a agilidade na hora de fazer o SUP e prejudica o desempenho.
dores, pois isso sinaliza que algo está errado. O ideal nesses casos é buscar auxílio médico, evitando-se assim o agravamento de lesões”, aconselha o ortopedista.
Diferentes modalidades do esporte Prova de que o SUP conquistou uma grande quantidade de adeptos é o surgimento de diferentes modalidades do esporte, como Wave, Race, Sprint, River SUP (Sprint/ Slalon), Long Distance (Downwind/Maratona), SUP Fish, SUP Polo e Freestyle. A modalidade Wave tem como objetivo fundir as habilidades e possibilidades de desempenho dos surfes clássico e moderno com o uso do remo. Assim, o praticante desce as ondas em pé na prancha com o auxílio do remo. Pelo seu grau de dificuldade, esse tipo de SUP é geralmente praticado por esportistas profissionais. E existem diversas competições nacionais e internacionais da modalidade. Já o SUP Race tem como objetivo creditar como vencedor o atleta com o maior potencial de rendimento da prancha com o remo. Na competição, vence aquele que fizer o percurso estabelecido para prova em menor tempo. A modalidade é uma das categorias do SUP remada, que pode ser praticada em lagoas, rios e mares com águas calmas. Antes de comprar uma prancha e um remo para fazer qualquer uma das modalidades do SUP, é preciso fazer uma aula com um instrutor, para descobrir qual o melhor equipamento para o
O atleta Alex Araújo, que pratica o Stand up paddle há sete anos e foi vice-campeão brasileiro de SUP Race em 2011, e recordista brasileiro e sul-americano em remada a distancia em águas abertas e abrigadas, lembra que, antes de se aventurar no mundo do SUP, é preciso buscar ajuda de um profissional, pois ele pode passar todas as informações para a prática do esporte. “Como todo esporte aquático, saber nadar é muito importante. E também é preciso usar os equipamentos de segurança, como colete salva-vidas e leash, a cordinha que prende o surfista à sua prancha. Esses itens de segurança são obrigatórios para a prática do SUP”, explica. A escolha da prancha é a principal dica para quem está começando. Para escolher, é preciso orientação de um técnico. A prancha vai depender do peso do praticante, pois, para flutuar, depende do corpo. Também é preciso levar em consideração sua construção, pois algumas são mais indicadas para essa ou aquela modalidade. Outra dica importante: por se tratar de um esporte que trabalha as partes inferior e superior do corpo, é sempre bom fazer um alongamento antes de praticar, para não se machucar. “O SUP é um esporte completo, pois trabalha praticamente todos os músculos do corpo, sem exceção. Recomendo sempre que se faça um aquecimento antes da prática, pois grupos musculares como ombro e lombar são bem exigidos”, orienta o atleta. Escolher corretamente o remo também é fundamental. Segundo Alex Araújo, remar com um remo que não seja ideal é altamente prejudicial à saúde do remador iniciante. “A orientação de um profissional é muito importante, pois o remo tem algumas variáveis, como altura e tamanho da pá, e isso faz muita diferença, principalmente na performance do praticante”, lembra.
Para praticar o SUP, é preciso usar equipamentos de segurança, como colete salva-vidas e leash, a cordinha que prende o surfista a sua prancha Revista Longevidade em Foco |
17
Panorama do envelhecimento no país Com a atual expectativa de vida de mais de 75 anos e a taxa de fecundidade, o Brasil será, em 30 anos, um país tão envelhecido quanto o Japão é hoje
O
O Brasil está vivendo a revolução da longevidade. Hoje, 12% da população é formada por idosos: o número de pessoas acima dos 60 anos chega a 23 milhões. Em 2050, a proporção de pessoas mais velhas em relação ao total da população brasileira será de 30%. O país terá 64 milhões de idosos. Dois fatores contribuem para essa revolução, que trará impacto para toda a sociedade: os brasileiros estão vivendo mais – na década de 70, a esperança de vida era de 53,5 anos e hoje ultrapassa os 75 – e a taxa de fecundidade, que era de 5,8 nos anos 70, caiu para 1,8, na atualidade. Seguindo por esse caminho, o Brasil será, dentro de 30 anos, um país tão envelhecido quanto o Japão é hoje. Se, por um lado, temos o privilégio do aumento da longevidade, por outro, precisamos nos preparar, pensar em políticas viáveis e sustentáveis para garantir a qualidade de vida dos idosos, para que esses anos a mais de vida sejam vividos em condições de capacidade funcional e saúde. Segundo o médico e presidente do Centro Internacional de Longevidade do Brasil, Alexandre Kalache, com os avanços ocorridos nos últimos anos, a Medicina hoje consegue estender a vida, tratando doenças que antes matavam as pessoas acima dos
18 | Revista Longevidade em Foco
60 anos, como as doenças coronarianas. Mas, em contrapartida, os idosos de hoje sofrem com doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, que incapacitam e tiram a qualidade de vida. “As pessoas sobrevivem, mas têm problemas de saúde, o que leva a uma população fragilizada”, comenta. Para Kalache, que foi diretor dos programas de envelhecimento da OMS e ainda atua como consultor do órgão, já foi previsto tudo o que era possível prever, tratar o que pode ser tratado, mas agora é hora de pensar no cuidado do idoso nesses anos a mais. O Centro Internacional de Longevidade do Brasil foi criado há cerca de dois anos e é membro da Aliança Global de Centros Internacionais de Longevidade, consórcio internacional que tem sua sede nos Estados Unidos e conta com organizações similares à do Brasil em outros 13 países. O objetivo do Centro Internacional é propor ideias e orientação para a criação de políticas, com base em pesquisas e na prática internacional, para promover o envelhecimento ativo da população. Para tanto, há troca de conheciAlexandre Kalache, médico e presidente do Centro Internacional de Longevidade do Brasil
mento e de recomendações de políticas baseadas em evidências, mobilização social e articulação internacional. “Nossa proposta é criar todo um desenho para construir uma sociedade diferente da que temos hoje, criar a cultura do cuidado. Pensar nos grandes temas, o que é possível propor para prepararmos as cidades e a sociedade para conviver com o idoso”, diz Kalache.
Dentro desse trabalho, o Centro Internacional do Brasil realizou, no ano passado, dois fóruns internacionais, que tiveram como resultado principal a elaboração da Declaração de Desenvolvimento da Cultura do Cuidado em resposta à Revolução Longevidade. O documento destaca a necessidade de cuidados centrados na pessoa. De acordo com Kalache, entre as ações sugeridas está o maior envolvimento de todos os profissionais de saúde no cuidado com o idoso. “O médico de família, o médico do posto de saúde, o enfermeiro, todos os profissionais devem estar melhor preparados para lidar com esse público. Não estou falando em ter mais geriatras, estou falando que não importa a especialidade médica, o profissional tem que ser treinado para cuidar do idoso. O geriatra é importante nesse sentido porque pode passar esse treinamento”, exemplifica.
Transporte Amigo do Idoso Uma prova de que a proposta do Centro Internacional do Idoso é bem abrangente é o projeto TAI – Transporte Amigo do Idoso. Segundo Kalache, a ideia do nome veio da música Taí, de Noel Rosa, e tem como alvo sensibilizar os donos de empresas de ônibus que fazem o transporte público. Para que os veículos passem a ter pisos mais baixos, a fim de facilitar a entrada e descida dos idosos, e também para que incentivem seus motoristas a estar mais atentos à necessidade do idoso, que leva mais tempo para chegar até o banco e sentar-se, por exemplo. Outra medida contemplada nesse grande projeto é incentivar o homem a participar mais do cuidado com o idoso. “O trabalho de cuidar sempre coube à mulher, dentro de casa.
País vive revolução da longevidade e precisa criar políticas públicas para atender a sociedade futura, que terá uma significativa parcela de idosos
Mas a sociedade mudou e hoje essa mulher trabalha fora; não apenas cuida da casa e da família como era antigamente. Então, ela precisa da ajuda do homem para cuidar do familiar idoso”, comenta o especialista. Kalache lembra que, por conta de as famílias estarem ficando menores, já que os casais estão tendo menos filhos, aquelas famílias que têm recursos contratam acompanhantes para cuidar dos idosos. E, segundo ele, esse serviço muitas vezes é oferecido por pessoas com pouco preparo, que fizeram apenas um curso de poucas horas. “Queremos olhar para esses cursos de cuidadores, ver como estão preparando e qualificando essas pessoas para o serviço”, diz o especialista. Ele ressalta ainda que outras áreas que devem estar envolvidas nesse trabalho de criação da cultura do cuidado são a do urbanismo (profissionais pensando em vias que facilitem a locomoção do idoso) e a da cultura. ‘Não adianta só cobrar meia-entrada, tem que haver eventos específicos para as pessoas dessa faixa etária”, exemplifica.
Acumular capitais Para quem hoje está na faixa entre 30 e 40 anos, que, daqui mais 30, fará parte da população de idosos, Kalache diz que o ideal é que acumulem quatro tipos de capital, para
chegar com qualidade de vida à velhice e aproveitar os anos a mais. O primeiro recurso é o financeiro. Para não depender da aposentadoria pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), invista em um plano de previdência privada. O segundo capital é o conhecimento. Recicle seus conhecimentos e habilidades profissionais, para poder continuar trabalhando, caso tenha chegado aos 60 ou mais em boas condições. O terceiro item é saúde. Para chegar à velhice com boa saúde, pratique atividades físicas, tenha uma alimentação balanceada, evite o sedentarismo, o fumo e a bebida, e faça check-ups periódicos. Assim, se surgir uma doença, você poderá tratá-la no início. O último capital é o social. “Ter uma rede de amigos e manter-se próximo da família é importante, porque você terá pessoas perto mais tarde”, orienta Kalache. E o médico faz questão de lembrar que o adulto jovem de hoje fará parte dessa futura geração de idosos. Por isso, é importante que esse adulto jovem se pergunte hoje: que tipo de serviço público eu espero encontrar quando estiver com 60 anos ou mais? É a partir dessa resposta que cada um deve se engajar na criação de uma cultura de cuidado dentro da nossa sociedade. Essa é a visão de uma sociedade amiga do idoso, na qual todos podem participar plenamente do envelhecimento ativo.
Revista Longevidade em Foco |
19
Copacabana: beleza e longevidade Bairro da Zona Sul carioca é o que conta com maior concentração de idosos em todo o Brasil
Q
Quem não se lembra da letra do samba-canção “Copacabana, princesinha do mar, pela manhã tu és a vida a cantar”? A música em homenagem ao charmoso bairro da Zona Sul carioca, composta em 1947 por João de Barro, ou Braguinha, um dos maiores compositores da música brasileira, e Alberto Ribeiro, lembra o clima inspirador e a beleza do bairro com maior concentração de idosos em todo o Brasil. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 146.392 moradores de Copacabana, 43.431 têm mais de 61 anos. De cada dez pessoas que vivem no bairro, três têm mais de 61 anos, índice semelhante ao do Japão e o dobro do restante do Brasil. Copacabana é a capital brasileira dos cabelos brancos. E os idosos ali demonstram otimismo e disposição. É possível
20 | Revista Longevidade em Foco
vê-los, a qualquer hora do dia, passeando ou se exercitando no calçadão da Avenida Atlântica, na orla. Para alguns moradores, a boa acolhida e a beleza geográfica que une mar e montanha, o que é raro numa metrópole, ajudam a explicar por que o bairro concentra tanta gente da terceira idade. Já outros dizem que o motivo é a proximidade dos filhos, dos serviços de saúde e de outras facilidades que o bairro oferece no dia a dia. E como esses idosos já criaram seus filhos, podem morar em apartamentos menores, de manutenção mais prática e barata, como os muitos encontrados em Copacabana. Levantamento feito pela Prefeitura do Rio de Janeiro mostra que a maioria dos idosos que residem no bairro está lá há cerca de uma década. E muitos nem pensam na ideia de se mudar dali.
Esse foi um dos motivos que levou o governo municipal a criar no bairro o projeto Academia da Terceira Idade (ATI), administrado pela Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida. O projeto começou em 2009, na Praça Serzedelo Correia, onde foram montados diversos aparelhos para treino de força e exercício aeróbico. Os idosos são acompanhados por fisioterapeutas e, além da manutenção e melhora da autonomia funcional, as atividades ajudam a prevenir quedas e a formação de redes sociais entre os participantes.
OMS usou bairro para projeto piloto E a grande concentração de longevos no bairro, considerado um dos mais badalados da capital fluminense, chama a atenção de estudiosos internacionais e leva à criação de espaços voltados para esse grupo que não para de crescer. Copacabana foi escolhida, em 2005, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para sediar o projeto piloto da ação Cidades Amigas das Pessoas Idosas. No bairro, foram realizadas pesquisas em busca de soluções para melhorar a qualidade de vida dos idosos nas grandes cidades de todo o mundo. Durante o estudo, moradores mais velhos apontaram os principais aspectos positivos e os obstáculos que eles encontravam onde viviam. O resultado deu origem a um protocolo internacional, cujo objetivo é incentivar os gestores municipais
a se manterem atentos para as demandas que o envelhecimento implica, tornando suas cidades mais adequadas e mais responsivas às necessidades dos idosos. Outro dado importante é que Copacabana também reúne os idosos mais satisfeitos, quando o tema é saúde. Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que 49,8% dos fluminenses que já passaram dos 65 anos dizem gozar de boa ou muito boa saúde. A cidade de São Paulo ficou em segundo lugar, com 47,37% e a média nacional encontrada foi de 40,8%. Para os pesquisadores, uma das explicações para a boa colocação no ranking é o poder aquisitivo: os idosos fluminenses apresentam a segunda maior renda do país. Vale lembrar que isso ocorre porque o Rio de Janeiro foi a capital federal, até 1960, e conta com muitos moradores que são funcionários públicos aposentados.
De cada dez pessoas que moram em Copacabana, três têm mais de 61 anos de idade
Revista Longevidade em Foco |
21
TURISMO
Para relaxar e recarregar as energias Entre os serviços oferecidos pelo resort está o Espaço do Corpo, totalmente dedicado a atender quem deseja cuidar do bem-estar físico e mental
U
Um empreendimento completamente integrado à natureza, com um visual exuberante, charme e conforto na região Norte do Paraná. O Aguativa Golf Resort, localizado na cidade de Cornélio Procópio, oferece ao hóspede o equilíbrio perfeito entre simplicidade e sofisticação, o que confere ao empreendimento estilo próprio e peculiar. No resort, fica o melhor parque aquático do Sul do Brasil, segundo escolha da revista Veja – O Melhor do Brasil. Mas as atrações vão bem além. No local, todos os caminhos conduzem a momentos de pura alegria, bem-estar, tratamentos estéticos, sossego e tranquilidade.
22 | Revista Longevidade em Foco
O Aguativa ocupa uma área com mais de 1,5 milhão de metros quadrados, com rio, lagos, montanhas, vegetação nativa abundante e fontes de água mineral aquecidas, que abastecem o empreendimento. O clima ameno é outra vantagem. Embora esteja localizado no Sul, a influência do Trópico de Capricórnio afasta da região as temperaturas mais baixas, comuns nessa parte do país. Assim, o resort de campo pode ser considerado uma atração perfeita para qualquer época do ano. Um dos destaques do empreendimento é o Espaço do Corpo. Totalmente dedicada a atender quem
deseja cuidar do bem-estar físico e mental, a área dispõe, entre outros itens, de uma sala de ginástica com equipamentos modernos, com personal trainer para quem deseja se exercitar com orientação personalizada. O espaço conta ainda com saunas (seca e úmida), hidromassagem e serviços de massagens terapêuticas e estéticas, como shiatsu, pedras quentes, reflexologia e drenagem linfática. Para quem gosta de relaxar em contato com a natureza, as opções vão das caminhadas ecológicas à experiência de interagir com aves silvestres, como sabiá, sanhaço, saracura, pica-pau, bem-te-vi, alma-de-gato, coruja e tesourinha, entre outras.
Caminho dos sentidos O resort também conta com um Jardim Japonês e o Caminho dos Sentidos. No primeiro, pequenas árvores típicas com formas influenciadas pela cultura oriental e uma pequena ponte de madeira que cruza um lago habitado por carpas são um convite à meditação. Já o Caminho dos Sentidos foi criado a partir de estudos da reflexologia e aromaterapia. O terreno é coberto com materiais naturais, como casca de pinus, folhas, areia e pedras, entre outros. Além disso, conta com diferentes espécies de plantas aromáticas e medicinais. Sua travessia é uma experiência fascinante que estimula os sentidos e trabalha os pontos energéticos dos pés, trazendo uma sensação agradável de bem-estar. Para usufruir melhor dos benefícios de trilhar o Caminho dos Sentidos, o visitante é convidado a tirar os sapatos, inspirar e expirar profundamente, sentir tudo o que o ambiente lhe proporciona. Esse contato interage com os órgãos vitais do corpo, e o objetivo é promover o resgate da sensibilidade e estimular os sentidos. O Aguativa dispõe de 170 acomodações, entre apartamentos e chalés, divididos em sete “vilas” – Lírios, Azaleias, Jasmins, Antúrios, Palmeiras, Orquídeas e Bromélias. Há também chalés adaptados para portadores de necessidades especiais. Em meio a uma paisagem montanhosa, no ponto mais alto do empreendimento, fica a área gastronômica do resort. O amplo Restaurante Panorâmico tem estrutura circular e as paredes de vidro permitem ao hóspede uma bela vista da região. Com pratos das culinárias brasileira e internacional, o restaurante oferece doces caseiros e compotas preparadas ali
mesmo. A grande demanda pelos produtos caseiros levou o resort a criar, há cinco anos, a fábrica de doces Aguativa Sabores. O restaurante também prepara pratos especiais, para atender hóspedes que têm dieta especial, por causa de problemas como intolerância à lactose e ao glúten, diabetes, hipertensão etc.
Recreação e lazer Atração preferida da maioria dos hóspedes, o complexo aquático conta com 11 piscinas, sendo três para a prática de biribol, com 1 metro e 20 de profundidade; uma infantil
coberta e outra externa com duchas de escorregador; duas piscinas com turbilhões e um toboágua com três pistas com mais de 17 metros de altura e 72 metros de extensão. Tem ainda cascata e splash bar, além de áreas de convivência, prainha, solarium e ilha. Todo o complexo tem iluminação decorativa para uso noturno e é abastecido com água de fonte mineral. A ampla infraestrutura de lazer do Aguativa favorece também a prática de esportes ao ar livre, como golfe, tênis em quadra de saibro, futebol, cooper, arco e flecha, e pesca esportiva, entre outros. Já os adeptos de
Revista Longevidade em Foco |
23
De forma sistemática, também são realizadas no Aguativa coleta seletiva e reciclagem, além de orientação para a redução da geração de lixo e economia de água. Outra boa prática é a compostagem. Grama, folhas e gravetos retirados do resort são armazenados em caixas, cujo modelo foi trazido da Alemanha. A produção supre toda a necessidade de adubação do empreendimento.
Campo de Golfe esportes de aventura contam com opções como arborismo, tirolesa, parede de escalada e trekking. Monitores acompanham os aventureiros e a segurança é reforçada por profissionais treinados.
Meio ambiente Outro ponto que se destaca no empreendimento são as ações desenvolvidas para a preservação do meio ambiente. O trabalho é coordenado
e acompanhado por uma equipe técnica, e a recomposição da mata ciliar é uma das práticas que sobressaem. Já foram plantadas na área 2 mil mudas de 20 diferentes espécies nativas, como embaúba, cedro-rosa, canafístula, ipês e figueiras, entre outras. Além do bem-sucedido plantio de vegetação nativa, há um trabalho de conscientização para conservar essa região, envolvendo funcionários do resort, visitantes e pescadores.
No Caminho dos Sentidos, visitante é levado a sentir tudo o que o ambiente lhe proporciona
24 | Revista Longevidade em Foco
Inaugurado em 2005 e situado em meio a um extenso e belíssimo cenário natural, o campo de golfe é uma atração à parte no Aguativa. Filiado à Federação Paranaense de Golfe – FPrG e à Confederação Brasileira de Golfe – CBG, oferece ótimo nível técnico, ocupa uma área de 300 mil metros quadrados e sedia torneios. O campo do Aguativa tem par 70 para 18 buracos, sendo pares 3 com média de 130 jardas, pares 4 com média de 320 jardas e pares 5 com média de 500 jardas dos tees masculinos. Os tees femininos têm de 20 a 30 jardas a menos. Para jogadores que gostam de desafio, o campo oferece surpresas, como bancas e lagos posicionados em pontos estratégicos, que podem ser atingidos por tacadas mais longas.
artigo
Valor certo, preço certo, cliente certo Como tornar o preço irrelevante para os clientes e aumentar o número de tratamentos aceitos em seu consultório ou clínica
Q
Quanto vale um copo de água para quem está com muita sede, depois de passar um dia inteiro no trabalho sem beber uma única gota d’água? E para quem acabou de tomar banho, está descansado, e com a sede saciada? O valor da água será bem diferente para as duas pessoas. A primeira pessoa, desesperada que está, aceitaria pagar um preço bem elevado por um copo d’água. Já a segunda pessoa, provavelmente, nem se interessaria em pagar um único centavo. Conforme Warren Buffett, constantemente citado na lista das pessoas mais ricas do mundo, valor é o que o você leva. Preço é o que você paga. Como esses conceitos de valor e preço podem nos ajudar em nossos consultórios e clínicas?
(*) Por Dr. Roberto Caproni
Existem clientes que querem preços baixos e existem clientes que querem e podem pagar por alto valor agregado. Clientes que buscam preços baixos são compradores de commodities, isto é, de serviços básicos sem valor agregado. Para atender a um ou ao outro tipo de cliente, você precisará de estratégia, isto é, de diretrizes e ações coerentes que levem aos resultados desejados. Como oferecer serviços básicos, sem valor agregado e com preços baixos, gera baixas margens de lucro, você precisará trabalhar com alto volume de clientes para ser viável no mercado. Nesse caso, precisará ter uma equipe grande, saber delegar as funções certas para as pessoas certas, ter uma marca e ser altamente eficiente em controle de resultados. Ter preços baixos não é errado. Errado é baixar os preços.
1 – Se em cada dez consultas iniciais, você fecha de um a três tratamentos, o valor percebido pelo cliente é menor que o preço. Serviço que não tem valor para o cliente torna-se caro.
Se você oferece serviços com alto valor agregado, poderá ter preços elevados com altas margens de lucro. Assim, poderá trabalhar com menor volume de clientes e com uma equipe pequena. Não precisará de marca nem de sistemas de controles acirrados.
2 – Se em cada dez consultas iniciais você fecha dez tratamentos, o valor percebido pelo cliente é muito maior que o preço. Serviço de alto valor agregado para o cliente torna-se barato.
Ter preços baixos com elevado valor agregado ou ter preços altos, sem valor agregado que justifique esses preços, é suicídio no mercado.
Nos dois casos, você estará perdendo muito dinheiro. No primeiro, devido à ociosidade do seu consultório ou clínica. Aqui, você tem baixa qualidade de vida devido à falta constante de dinheiro. No segundo caso, você tem fila de espera e o cliente pagaria mais pelos seus serviços. Aqui, você tem baixa qualidade de vida por falta de tempo. Você se tornou um escravo do seu trabalho. É sempre bom lembrar que a indigestão mata mais que a fome.
Em todas as áreas da vida, sempre serão reconhecidos aqueles profissionais que conseguem evidenciar e agregar o valor certo para os clientes certos. Como fazer isso? Utilize o protocolo de gestão e mercado para consultórios e clínicas. O protocolo é uma técnica, isto é, um passo a passo, que permitirá a você agregar o valor certo para os clientes certos, dobrando o lucro do seu consultório ou clínica. Conheça o protocolo no quadro a seguir.
E qual seria a posição ideal? Ajustar a oferta com a demanda, oferecendo o valor certo para o cliente certo. Oferta quer dizer o número de horários que você disponibiliza para atendimentos em seus consultório ou clínica. Demanda quer dizer o número de clientes que procura pelos seus serviços. No equilíbrio entre a oferta e a demanda, não existe ociosidade nem fila de espera e o valor percebido pelo cliente deve ser um pouco maior que o preço. Somente assim, você vai otimizar o seu resultado financeiro, qualidade de vida e prestígio social.
No protocolo, é fundamental que todas as variáveis estejam alinhadas e integradas de forma harmônica e focadas no cliente. Lembre-se ainda de que, quando você determina o P1, estará também, mesmo sem saber, predeterminando todos os outros passos, isto é, P2, P3, P4 e P5 e também o tipo de cliente que precisa conquistar no mercado para ter sucesso no seu consultório ou clínica. Estudar com profundidade esse protocolo, assim como as diversas possibilidades de interação entre as suas variáveis, é a proposta do MBA compacto de gestão e mercado do Grupo Caproni.
(*) Dr. Roberto Caproni É graduado em Odontologia e em Administração de Empresas. Pós-graduado em Marketing e Psicologia. Especialista em franquias pela Franchising University. A reprodução de textos de autoria de Roberto Caproni e colaboradores em jornais, revistas, boletins informativos, sites, fax, e-mail e outros veículos de divulgação é PERMITIDA desde que citado o autor e o endereço eletrônico www.grupocaproni.com
Revista Longevidade em Foco |
25
Vitamina E retarda progressão do Alzheimer Pesquisa americana confirma o benefício antioxidante do nutriente em pacientes nas fases leve e moderada da doença
U
Um estudo inédito, publicado recentemente no periódico JAMA (Journal of the American Medical Association), da Associação Médica Americana, comprovou a segurança e o benefício antioxidante da vitamina E para pacientes nas fases leve e moderada do Alzheimer. No trabalho, os cientistas demonstraram que o uso de uma dose alta de vitamina E, durante um período de mais de dois anos, retardou o declínio funcional de pessoas com a doença, em cerca de seis meses. Vale ressaltar que o benefício da vitamina E, encontrada nas nozes, por exemplo, para pacientes no estágio avançado do Alzheimer já é amplamente reconhecido pela classe médica. Denominado Effect of Vitamin E and Memantine on Functional Decline in Alzheimer Disease (Efeito da Vitamina E e Memantina no Declínio Funcional na Doença de Alzheimer, na tradução livre), mostrou que pacientes que receberam a vitamina apresentaram uma taxa anual de declínio reduzida em 19%. Eles perderam com menor rapidez a capacidade de realizar atividades diárias, como vestir roupas e se alimentar, por exemplo, em relação àqueles que tomaram placebo. Os pesquisadores também
26 | Revista Longevidade em Foco
puderam constatar que os pacientes que receberam a suplementação precisaram de duas horas a menos da ajuda de seus acompanhantes a cada dia. O estudo foi conduzido pelo Dr. Maurice Dysken, professor de psiquiatria da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, sendo a maior e mais longa pesquisa do tipo já realizada. Embora a ingestão da vitamina não tenha atrasado a deterioração cognitiva ou de memória, o fato de proteger, ao menos temporariamente, a capacidade funcional, algo que os pacientes consideram especialmente valioso, a descoberta de que a Vitamina E ajuda a retardar a progressão da doença representa um grande avanço, que traz esperanças para médicos e pacientes. “O estudo é importante porque demonstra que a vitamina E pode contribuir para tornar mais lenta a progressão da incapacidade na doença de Alzheimer”, explica o neurologista Paulo Henrique Bertolucci (CRM SP40309). O especialista, que é diretor do Núcleo de Envelhecimento Cerebral da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lembra ainda que é importante ressaltar que a pesquisa mostrou que é seguro para esses pacientes a administração de altas doses de vitamina E.
Nesse estudo, os pacientes receberam 2.000 UI por dia de vitamina E. Mas, anteriormente, muitos médicos haviam parado de recomendar a vitamina para pacientes com Alzheimer, em razão da publicação, em 2005, de uma análise que sugeria que as altas doses poderiam aumentar o risco de morte em pessoas com diversas doenças, entre elas o Alzheimer. A pesquisa envolveu 613 pessoas, a maioria homens, moradores nos EUA, que já tomavam medicação contra o Alzheimer. Aqueles que receberam a vitamina E também receberam memantina, medicamento utilizado como uma nova opção terapêutica no tratamento sintomático da patologia, nos estágios moderado e grave. O uso do medicamento junto com a vitamina, na opinião do neurologista da Unifesp, permitiu outro importante achado. “A memantina é um tratamento importante para o Alzheimer, que tem demonstrado efeitos positivos no atraso da progressão da doença, no que diz respeito à função cognitiva”, ressalta o médico.
Pacientes que receberam a vitamina durante a pesquisa tiveram significativa queda na taxa anual de declínio funcional
e afeta a capacidade de aprendizado, atenção, orientação, compreensão e linguagem. O paciente fica cada vez mais dependente da ajuda dos outros, até mesmo para rotinas básicas, como a higiene pessoal e a alimentação.
Pesquisas
A doença no mundo
Durante anos e anos de pesquisa, os cientistas puderam descobrir que a acetilcolina é um neurotransmissor que tem papel importante tanto no Sistema Nervoso Central (SNC) – constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal, no qual estão envolvidas a memória e a aprendizagem – como no Sistema Nervoso Periférico (SNP), do qual fazem parte o sistema nervoso somático e o sistema nervoso autônomo. A acetilcolina está diretamente relacionada com a doença de Alzheimer, porém não é a única substância.
Estima-se que o mal de Alzheimer atinge cerca de 35 milhões de idosos em todo o mundo e é hoje uma das doenças mais pesquisadas por cientistas de diferentes países. Enquanto dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que deve dobrar o número de diagnósticos positivos dentro de 20 anos, os pesquisadores ainda não conseguiram definir a origem exata do problema.
Segundo os cientistas, existe aproximadamente uma centena de outros neurotransmissores que também podem estar intimamente envolvidos na etiologia da enfermidade. Um deles é o glutamato, cujo excesso é altamente tóxico para os neurônios. Sabe-se que o excesso de glutamato promove a entrada maciça de cálcio no interior do neurônio, levando-o à morte.
A doença crônica atinge, principalmente, a população idosa. Trata-se de uma forma de demência que afeta a memória, as funções cognitivas e a capacidade de realização de tarefas dos seus portadores. Vale lembrar que o Alzheimer se caracteriza pela perda de neurônios colinérgicos, o que reduz o número de conexões cerebrais.
Assim, se esse excesso for controlado e bloqueado automaticamente, os neurônios serão preservados. A memantina, medicamento usado na pesquisa publicada no JAMA, age exatamente assim, impedindo que o excesso de glutamato atue sobre a molécula receptora do glutamato do neurônio adjacente, evitando a entrada excessiva de cálcio, o que levaria à morte neuronal.
O pesquisador norte-americano Maurice Dysken, que é professor de psiquiatria, lembra, no entanto, que o novo estudo não significa que doses altas de vitamina E devam ser usadas por qualquer um com demência ou por pessoas querendo evitá-la. O benefício foi constatado só em pessoas com mal de Alzheimer leve ou moderado.
O mal provoca o declínio das funções intelectuais, reduzindo as capacidades de trabalho e de relação social, além de interferir no comportamento e na personalidade do paciente. No início, a pessoa perde a memória mais recente, porém consegue se lembrar com precisão de acontecimentos de anos passados. Com a evolução do quadro, o Alzheimer causa grande impacto no cotidiano da pessoa
A perda da função cerebral pode afetar a memória, o raciocínio, a linguagem, o juízo e o comportamento. No entanto, é possível retardar essa degeneração dos neurônios com a adoção de hábitos saudáveis, como dormir bem, praticar atividades físicas e ter cuidados especiais com a alimentação.
Revista Longevidade em Foco |
27
Beterraba ajuda a aumentar produção de óxido nítrico no organismo
O
O óxido nítrico (NO, do inglês nitric oxide) é uma das menores e mais versáteis moléculas encontradas no corpo humano. Sua importância pode ser observada mesmo antes do nascimento, pois está envolvida no controle da circulação placentária e na regulação das contrações uterinas durante o trabalho de parto. Esse gás, produzido pelos vasos
sanguíneos do corpo, está envolvido no mecanismo que controla a memória tardia e no sistema cardiovascular. Na verdade, o NO desempenha um papel fundamental na regulação de diversas funções biológicas vitais. E a baixa produção no organismo pode ser a resposta para o aumento da incidência de algumas das doenças crônicas, como já demonstraram vários estudos. O problema é que, com o passar do tempo, a produção da molécula de gás no corpo decai, principalmente depois dos 40 anos de idade, quando a produção reduz rapidamente. Todavia, a boa notícia é que incorporar certos alimentos, como a beterraba e a couve, na dieta pode ajudar a aumentar a produção do óxido nítrico no organismo. Vale lembrar
28 | Revista Longevidade em Foco
que uma dieta rica em frutas e vegetais está associada a menor pressão arterial e a redução do risco de eventos cardiovasculares. Estudo de pesquisadores ingleses, publicado recentemente, no periódico Hypertension, da American Heart Association, mostrou que a ingestão de suco de beterraba, rico em nitrito/nitrato, pode reduzir a pressão arterial sistólica e diastólica, em média, em 10 milímetros de mercúrio (mmHg), mesmo depois que os níveis de nitrato contidos no suco e ingeridos voltam ao normal no sangue. Segundo os cientistas, comandados pelo professor doutor Andrew Webb, os efeitos mais acentuados ocorreram entre três e seis horas após a ingestão do suco, mas ainda havia redução até 24 horas depois.
Webb, que é professor de Farmacologia Clínica Cardiovascular da King´s College London, diz que a ingestão do suco de beterraba também impediu a disfunção endotelial após reperfusão por isquemia (sem alterar a dilatação da artéria pré-isquemia). “O nitrato na dieta pode reduzir os riscos cardiovasculares. Por ser um procedimento de baixo custo e natural, é uma grande vantagem frente à abordagem terapêutica com o uso de vários medicamentos”, explica no artigo publicado. Vale ressaltar que os cientistas demonstraram que a diminuição da pressão sanguínea ocorreu devido à formação química de nitritos a partir dos nitratos presentes no suco, que são convertidos na saliva em nitritos, por meio de bactérias presentes na língua. O período de tempo de maior redução da pressão está correlacionado com a presença e níveis mais elevados de nitritos na circulação.
Causas da queda da produção de NO Segundo Jorge Flechas, pesquisador e médico de Porto Rico, a redução da produção de NO pelo organismo pode ser resultado da genética ou de fatores ambientais, como o uso excessivo de antibióticos, o uso de antissépticos bucais, de anti-inflamatórios e outros medicamentos.
Também contribuem para a queda a falta de atividades físicas, a má alimentação e o uso do tratamento de hemodiálise (terapia para filtragem do sangue em pacientes com insuficiência renal). “A descoberta do óxido nítrico e sua importância para o organismo foi um importante avanço na medicina moderna. Várias doenças crônicas são influenciadas pela falta de NO, entre elas diabetes, pressão alta, doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais. Felizmente, já existem novas terapias farmacológicas modernas que, de forma segura e eficaz, ajudam a restaurar a produção de NO. É por isso que é necessário ter em conta as funções da molécula em pacientes em tratamento de outras doenças,
Anuncie na revista Longevidade em Foco e divulgue sua marca para profissionais da saúde de todo o Brasil Contato:
robsonsantos@longevidadesaudavel.com.br
Doenças cardíacas e outras, como o diabetes e a pressão alta, são influenciadas pela falta de NO para que novas terapias possam ser desenvolvidas. Entender a homeostase em cada paciente e como os tratamentos e procedimentos afetam o processo biológico devem resultar num melhor atendimento, com melhores resultados clínicos”, explica o Dr. Flechas.
Vida mais longa
V
Você sabia que a autoestima e a felicidade podem servir de armas no combate ao declínio físico no envelhecimento? Pois foi o que mostrou pesquisa publicada recentemente no periódico científico da Associação Médica Canadense. Segundo o trabalho, feito por cientistas da University College London (UCL), de Londres, pessoas mais velhas e mais felizes conseguem desacelerar os sintomas do envelhecimento em comparação com aqueles mais insatisfeitos com a vida. Durante o estudo, que durou oito anos, foram avaliados o bem-estar físico e mental de 3,2 mil idosos, entre homens e mulheres que vivem na Inglaterra, com idade acima de 60 anos. Os voluntários foram divididos em três diferentes grupos de faixa etária: de 60 a 69 anos, de 70 a 79 anos; e mais de 80 anos. O estudo avaliou a satisfação de vida dos participantes com a ajuda de quatro perguntas: “eu gosto das coisas que eu faço?”, “eu gosto de estar na companhia de outras pessoas?”, “quando faço uma retrospectiva da minha vida, tenho sensação de felicidade?” e “me sinto cheio de energia nos dias de hoje?”. As entrevistas individuais
ajudaram a determinar possíveis prejuízos físicos registrados pelos idosos em atividades diárias comuns, como o ato de levantar-se da cama, vestir-se ou tomar banho sozinhos. Os pesquisadores também aferiram a velocidade do andar dos participantes. O resultado mostrou que pessoas mais velhas com mais autoestima estão propensas a desenvolver menos deficiências nas atividades básicas diárias, além de não registrar declínios na velocidade de caminhada. De acordo com os pesquisadores, os idosos com mais qualidade de vida eram aqueles com maior nível socioeconômico e educacional ou eram casados. Já os idosos que participaram do estudo e tinham baixa satisfação com a vida tiveram doenças cardíacas, diabetes, artrite ou depressão. “Nossos resultados fornecem evidências de que o gozo pela vida é relevante para ter informações sobre o futuro da mobilidade e deficiência de pessoas idosas. Os esforços para melhorar o bem-estar de idosos pode beneficiar a sociedade e os sistemas de saúde”, explica o professor doutor Andrew Steptoe, um dos autores do estudo.
Isolamento e aumento da mortalidade O Dr. Steptoe é psicólogo e diretor do Instituto de Epidemiologia e Saúde da Faculdade de Ciências da Saúde da População da UCL, além de diretor do Curso do Mestrado de Psicologia da Universidade. Um outro estudo realizado por ele e outros cientistas, em 2012, já havia demonstrado que tanto o isolamento social quanto a solidão estão associados com o aumento da mortalidade. Nesse trabalho, os pesquisadores avaliaram o isolamento social em termos de contato com a família e amigos e participação em organizações sociais, em 6,5 mil pessoas, entre homens e mulheres, com idade mínima de 52 anos. Durante o trabalho, também foi monitorada a taxa de mortalidade entre os participantes, por todas as causas.
30 | Revista Longevidade em Foco
Outra importante pesquisa ligando o bem-estar emocional e a longevidade conduzida pelo Dr. Steptoe foi publicada em 2011. Segundo o trabalho, as pessoas mais velhas que se sentiam felizes, animadas e contentes em um dia normal apresentaram 35% menos probabilidade de morrer. O estudo durou cinco anos e envolveu 3,8 mil pessoas, entre homens e mulheres, com idades entre 52 e 79 anos. E os pesquisadores também levaram em conta fatores como problemas crônicos de saúde, depressão e segurança financeira dos participantes. “Esperávamos que pudéssemos ver uma ligação entre a forma como as pessoas se sentiam felizes ao longo do dia e a probabilidade de morte futura, mas ficamos impressionados com o resultado do estudo”, diz o Dr. Steptoe. Estudos anteriores sobre felicidade e longevidade contaram em parte com a capacidade dos participantes em recordar como se sentiram durante um determinado período de tempo no passado. Como nem sempre essas lembranças são precisas, nesse estudo o médico inglês e seus colegas pediram aos participantes para registrar seus níveis de felicidade, ansiedade e outras emoções em quatro momentos específicos ao longo de um único dia. E depois separaram os voluntários em três grupos de acordo com quão felizes e positivos se sentiam (muito, médio e pouco). Cinco anos depois, 7% das pessoas no grupo menos feliz haviam morrido, contra apenas 4% no grupo mais feliz e 5% no grupo do meio. Quando os pesquisadores cruzaram a informação com dados como idade, depressão, doenças crônicas, comportamento (como a atividade física e o consumo de álcool) e fatores socioeconômicos, eles descobriram que as pessoas do grupo mais feliz e mediamente feliz eram, respectivamente, 35% e 20% menos propensos a ter morrido, em relação àqueles não felizes. O geriatra Jorge Jamili (Cremerj 5268330-2) lembra que saúde não é apenas não estar doente. É estar bem em tudo que envolve o físico e a mente. Ele destaca que um sorriso, uma brincadeira, uma boa diversão e tudo que
faça a pessoa se sentir bem, feliz e satisfeita são ingredientes necessários para uma vida saudável. “Apesar das muitas teorias dos processos de envelhecimento, o único consenso é que todas interagem entre si de forma complexa, contribuindo no processo de envelhecimento, e que a prevenção das doenças, através de um estilo de vida saudável, aliado aos avanços da medicina, é o protagonista no aumento da expectativa de vida da humanidade”, comenta o especialista. Segundo ele, é essencial lembrarmos que o melhor entendimento dos processos de envelhecimento e a criação dos recursos para uma longevidade saudável estão vinculados à sustentabilidade do equilíbrio do meio ambiente, para garantir às futuras gerações as condições de existência em nosso frágil ecossistema.
Como a emoção influencia a saúde Como a emoção influencia a saúde? A resposta para esta pergunta surgiu em uma pesquisa da Universidade da Carolina do Norte (EUA), publicada no ano passado. Segundo os pesquisadores, liderados pela psicóloga Bethany Kok, do Instituto Max Planck para Ciências do Cérebro e da Cognição, as emoções positivas levam a melhores conexões sociais, que, por sua vez, melhoram a saúde física, o que aumenta a sensação de felicidade. Para comprovar que essa “corrente da felicidade” atua diretamente no corpo, os pesquisadores mediram a atividade do nervo vago dos 65 participantes do estudo. Esse nervo craniano tem a função de transmitir informações sobre o funcionamento do corpo para o cérebro e coordenar as respostas reflexas dos órgãos, como batimentos cardíacos, respiração e contrações musculares. A atividade basal (com a pessoa em repouso) do nervo vago de cada participante foi medida no início e no final do estudo, que durou 61 dias. Nesse período, metade dos participantes frequentaram uma sessão por semana de meditação da compaixão, técnica que busca o desenvolvimento de sentimentos de amor e boa vontade para consigo mesmo e com os outros (incluindo desafetos). Durante a pesquisa, os participantes preencheram relatórios sobre a intensidade das emoções sentidas cada dia, incluindo 20 emoções, de amor e serenidade a desprezo e ódio, e deram notas para as suas interações sociais conforme a intimidade e a conexão que sentiram ao se relacionarem com outras pessoas.
Revista Longevidade em Foco |
31
32 | Revista Longevidade em Foco
CAPA
Dieta da mãe determina genética dos filhos Estudo mostra que nutrição da mulher no momento da concepção pode mudar como os genes dos filhos serão interpretados a longo prazo
D
Diversos estudos científicos já comprovaram que fatores ambientais, como estresse, alimentação, obesidade, sedentarismo e fumo, podem influenciar a capacidade de concepção, mesmo no caso de casais sem problemas de fertilidade. Mas um estudo recente mostrou que a alimentação da mãe antes da concepção também pode afetar as funções genéticas de seus filhos. A pesquisa, publicada no periódico inglês Nature Communications, demonstrou pela primeira vez que a dieta adotada pela mãe antes da gravidez pode, na verdade, afetar permanentemente muitos aspectos da saúde da criança, ao longo da vida. Ou seja: o tipo de alimentação tem um efeito significativo sobre as propriedades do DNA dos filhos. O trabalho foi feito por pesquisadores do Grupo Internacional de Nutrição MRC, do Reino Unido, e da unidade da MRC na Gâmbia, na África Ocidental. Eles contaram com a participação de 2 mil mulheres de uma zona rural do país africano, onde a população depende de alimentos de cultivo próprio. Esse local tem também um clima marcadamente sazonal, o que impõe uma grande diferença
de padrões alimentares, entre as estações de chuva e de seca. Do total das participantes, os investigadores selecionaram 84 mulheres grávidas que tinham concebido no pico da estação chuvosa e outras 84 que tinham engravidado no pico da estação seca. Os cientistas mediram a concentração de nutrientes no sangue das participantes e posteriormente analisaram amostras do sangue e do folículo dos cabelos dos bebês, quando eles já tinham entre dois e oito meses de idade. Foi então que descobriram que a dieta da mãe antes da concepção teve efeitos significativos nas propriedades do DNA dos filhos. Os cientistas explicaram no artigo que, apesar de os genes serem herdados diretamente dos pais, a forma como esses genes são expressos é controlada por modificações epigenéticas no DNA. Uma dessas modificações envolve a marcação de regiões genéticas com compostos químicos chamados grupos metilo, que silenciam os genes. A adição desses compostos químicos depende de nutrientes essenciais, como o ácido fólico, vitaminas B2, B6 e B12, colina e metionina. O estudo apurou que os bebês
concebidos durante a estação das chuvas apresentaram, consistentemente, taxas mais elevadas de grupos metilo nos seis genes estudados, tendo estes sido associados a diferentes níveis de nutrientes no sangue da mãe.
Deficiência de nutrientes afeta metilação “O nosso estudo sugere que a metilação pode ser afetada por uma deficiência em nutrientes, conduzindo consequentemente ao desenvolvimento de doenças. O nosso objetivo final é definir uma dieta adequada para as mulheres que querem engravidar, que seja capaz de impedir a ocorrência de anomalias no processo de metilação”, disse no artigo o professor doutor Andrew Prentice, um dos autores do estudo. Prentice é bioquímico com doutorado em Nutrição pela Darwin College, de Cambridge, na Inglaterra. O cientista conduz pesquisas sobre a programação precoce da função imune, as interações gene-nutriente (especialmente em relação ao ferro e às doenças infecciosas),
Revista Longevidade em Foco |
33
nutrição reprodutiva e as consequências da transição nutricional nos países em desenvolvimento. O cientista, que em 2011 recebeu o prêmio internacional EV McCollum, outorgado pela Sociedade Americana de Nutrição, lembra que os médicos já prescrevem o ácido fólico no período da pré-concepção, para impedir o desenvolvimento de anomalias congênitas, mas os novos achados sugerem a necessidade do consumo de um coquetel de nutrientes, seja por meio da dieta ou de suplementos. Experimentos anteriores, feitos com animais, já haviam mostrado que as influências ambientais antes da concepção podem levar a mudanças epigenéticas que afetam os filhos. Um estudo realizado em 2003 mostrou que a dieta de um rato fêmea pode mudar a cor da pelagem da prole, modificando permanentemente a
Alimentos que possuem função antioxidante são essenciais para combater os radicais livres e preservar a fertilidade metilação 1 no DNA. Todavia, até esta última pesquisa, não se sabia se esses efeitos também poderiam ocorrer em humanos. A nutricionista clínica funcional Aline Monteiro Labes (CRN 2000 100 386-5), da NutriPrime, no Rio de Janeiro, explica que os resultados mostram pela primeira vez que a nutrição e o bem-estar da mãe no momento da concepção podem mudar como os genes dos filhos serão interpretados a longo prazo.
Licopeno aumenta fertilidade masculina Se a alimentação da mulher é importante, para o homem não é diferente. O licopeno, substância antioxidante capaz de neutralizar a ação oxidante produzida pelos radicais livres no organismo, pode aumentar a fertilidade dos homens. Essa foi a surpreendente constatação apontada por um novo estudo publicado pela Clínica Cleveland de Medicina Reprodutiva, em Ohio, nos EUA. A pesquisa mostra que o licopeno, encontrado no tomate, na melancia e na goiaba, entre outros, pode aumentar a contagem de esperma em até 70%. O trabalho é fruto de uma revisão de 12 estudos anteriores. Todos eles mostraram que, além de aumentar a produção, a substância permite mais velocidade e reduz o número de espermatozoides anormais. Segundo os pesquisadores, a avaliação apontou que, de modo geral, todos os estudos indicaram que o licopeno beneficiou os órgãos reprodutores
34 | Revista Longevidade em Foco
masculinos. Para fortalecer a tese, a clínica já começou um ensaio com suplementos formados pela substância para homens com infertilidade inexplicada. Os resultados serão anunciados nos próximos anos. “Os alimentos que têm função antioxidante são essenciais para combater os radicais livres e preservar a fertilidade. A dieta humana vem mudando drasticamente ao longo dos anos. Com a troca de alimentos naturais pelos processados e com a adoção de novos hábitos alimentares baseados em alimentos de baixo valor nutritivo, muitos dos micronutrientes são perdidos, gerando deficiências nutricionais. Entretanto, os micronutrientes são de fundamental importância para a sinalização hormonal, e sua carência coloca o organismo num estado de desequilibrio funcional”, comenta Aline. Ela lembra ainda que o ideal é que o casal inicie um programa nutricional antes da concepção, pois a saúde do futuro bebê depende de um óvulo e um espermatozóide saudáveis. “Quanto mais equilibrado o organismo, melhor será a gestação”, diz. Ainda de acordo com a especialista, que é professora de um curso de pós-graduação de Nutrição Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a adoção de uma alimentação saudável melhora a relação dos hormônios no corpo, o que favorece o casal que deseja engravidar. “O acúmulo de toxinas no organismo, provenientes de ingestão de agrotóxicos, fumo e poluição, por exemplo, altera todo o funcionamento do sistema hormonal”, explica.
artigo
Benefícios do whey protein
N
Nos últimos anos, diversas pesquisas vêm demonstrando as qualidades nutricionais das proteínas solúveis do soro do leite, também conhecidas como whey protein. Evidências recentes sustentam a teoria de que as proteínas do leite, incluindo as proteínas do soro, além de seu alto valor biológico, possuem peptídeos bioativos, que atuam como agentes antimicrobianos, anti-hipertensivos, reguladores da função imune, assim como fatores de crescimento. Com esses estudos, temos evidenciado muitos benefícios no manejo do envelhecimento dos seres humanos, e não apenas entre os praticantes de atividade física que buscam a hipertrofia muscular, a redução da gordura corporal e o desempenho físico.
Quais os componentes encontrados no Whey Protein? Beta-lactoglobulina: o mais abundante componente do whey protein. Corresponde a 50 a 55% do produto. A substância liga-se a vitaminas solúveis em gordura, tornando-as mais disponíveis para o corpo. A beta-lactoglobulina provém de uma excelente fonte de aminoácidos, essenciais de cadeia ramificada. Esses aminoácidos ajudam a prevenir a perda de massa muscular e a reduzir o consumo de glicogênio durante o exercício. Eles podem ser necessários
Dr. Breno Faria Médico fisiologista
em alguns indivíduos com disfunções hepáticas, como a cirrose. Alfa-lactoalbumina: substância primária encontrada no leite materno, é o segundo componente mais abundante no whey protein. Corresponde a aproximadamente 20 a 25%. Alta concentração de triptofano, um aminoácido essencial com potentes benefícios, incluindo a regulação do sono e melhora do humor em estados de estresse. Excelente fonte de aminoácidos essenciais e aminoácidos essenciais de cadeia ramificada. Esse é o único componente no whey protein capaz de se ligar ao cálcio. Imunoglobulina: corresponde a aproximadamente 10 a 15% do whey protein. Promove o fortalecimento da imunidade, principalmente em crianças. Componente predominantemente encontrado no colostro, o primeiro leite materno, rico em anticorpos e células brancas, que protegem a criança contra a maioria das bactérias e vírus. Albumina bovina: corresponde a aproximadamente 5 a 10% do whey protein. Uma macroproteína com um alto perfil de aminoácidos essenciais. Possui propriedades de se ligar às gorduras. Glicomacropeptídeo (GMP): ajuda a controlar e a inibir a formação de placas e cáries dentárias. GMP não
contém o aminoácido fenilalanina, causador de um grave efeito colateral em indivíduos com fenilcetonúria (PKU), doença caracterizada pela inabilidade de usar esse aminoácido. Lactoferrina: corresponde a aproximadamente 1 a 2% do whey protein. Inibe o crescimento de bactérias (incluindo algumas patogênicas) e fungos, ambos devido à sua capacidade de se ligar ao ferro. O ferro é um nutriente essencial, frequentemente requerido para o crescimento bacteriano. A USDA (Departamento da Agricultura dos Estados Unidos) aprovou recentemente o uso da lactoferrina em carnes para inibir o crescimento de bactérias patogênicas como a E. Coli e a Salmonela. A substância promove o crescimento benéfico de bactérias, como as Bífidas. Ajuda crianças a restabelecer as condições microbianas do intestino e regula a absorção de ferro e sua biodisponibilidade. Pode auxiliar a reduzir processos inflamatórios. E é um antioxidante que naturalmente aparece nas secreções, como lágrimas, sangue, leite materno, saliva e mucos. Lactoperoxidase: corresponde a aproximadamente 0,5% do whey protein. Inibe o fornecimento de ferro, dependendo da bactéria. Lisoenzimas: corresponde a menos de 0,1% do whey protein. Contém grandes propriedades imunes.
Revista Longevidade em Foco |
35
Para uma vida longa e saudável Congresso médico trará como destaques novidades científicas e práticas acerca da detecção precoce do processo inflamatório crônico subclínico e simpósio sobre uso terapêutico da vitamina D
M
Médicos de todo o país estarão reunidos na cidade de São Paulo, em outubro, participando do VIII Congresso Brasileiro de Fisiologia Hormonal e Longevidade. Já consolidado como um dos maiores eventos multidisciplinares de atualização na área da medicina preventiva, o congresso contará com alguns dos principais nomes do cenário nacional formado por especialistas que trabalham com a ciência da longevidade e fisiologia humana. O megaevento, composto pelo III Workshop de Nutrição Bioquímica Fisiológica e I Encontro de Qualidade de Vida da Sociedade Brasileira de Estudos da Fisiologia (SOBRAF), será
realizado em parceria com o Grupo Longevidade Saudável, entidade de educação médica continuada, que formou mais de 2,5 mil médicos, em 12 anos. O encontro ocorre nos dias 10 e 11 de outubro de 2014, no Amcham Business Center, na Câmara Americana de Comércio (Amcham), na Rua da Paz, 1.431 – Chácara Santo Antônio, Zona Sul da capital paulista. O público esperado é de cerca de 650 participantes, entre médicos, nutricionistas e outros profissionais da saúde. De acordo com o diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, o médico Ítalo Rachid (Cremesp 114612), uma das áreas de
destaque do evento será o Inflammaging, condição que se caracteriza pela suprarregulação da resposta inflamatória que ocorre com a idade. “O termo recentemente definido para expressar a inflamação crônica subclínica define com absoluta clareza que as doenças do envelhecimento humano, que vão da artrite ao infarto, do diabetes à hipertensão, da depressão à demência de Alzheimer e ao câncer, não são doenças da idade ou da genética. São doenças inflamatórias. E o que estamos buscando na atualidade é avaliar a intensidade, velocidade e agressividade desse processo inflamatório crônico e silencioso, que evolui de modo totalmente assintomático”, explica o médico. A boa notícia, segundo o Dr. Rachid, é que esse processo já pode ser detectado de forma precoce, por meio da análise de um conjunto de marcadores sanguíneos, denominados genericamente de Inflamograma. “Avaliar o inflamograma, juntamente com a análise do perfil hormonal, constitui medida de enorme peso no contexto da detecção precoce de patologias e da avaliação de riscos potenciais para as doenças”, comenta. Segundo o médico, todos esses novos conhecimentos e suas implicações vão compor uma das áreas de destaque do congresso.
36 | Revista Longevidade em Foco
Simpósio sobre Vitamina D Outro ponto alto do Congresso será o Simpósio Multidisciplinar sobre o uso de vitamina D para prevenção e tratamento de doenças crônico-degenerativas, ministrado pelo neurologista e professor doutor Cícero Galli Coimbra, do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pelo médico Walter Feldman. O simpósio sobre vitamina D será realizado no dia 11, sábado, das 8h às 12h30. “Ao longo da última década, finalmente, o meio científico reconheceu que a deficiência de vitamina D tornou-se uma pandemia. E o principal motivo é a completa falta de percepção de que existe uma quantidade ínfima de vitamina D presente na natureza e nos alimentos, insuficiente, portanto, para o atendimento das múltiplas e complexas demandas metabólicas do organismo. Por outro lado, agravando ainda mais a situação, o diagnóstico laboratorial de deficiência da vitamina usa limites de referências que estão abaixo dos níveis circulantes requeridos para atingir a excelência metabólica”, explica o Dr. Rachid, ao ressaltar a importância do simpósio. A palestra de abertura do VIII Congresso Brasileiro de Fisiologia Hormonal e Longevidade caberá ao Dr. Rachid, às 8h do dia 10. Ele vai falar sobre indicações terapêuticas para modulação dos hormônios vasopressina, aldosterona, PTH, calcitonina e o hormônio estimulador de melanócitos. Outro palestrante do evento será o ginecologista e obstetra José Bento de Souza (Cremesp 43.469), especialista em medicina reprodutiva. Ele fará sua palestra no dia 10, às 15h, abordando o tema dos benefícios da modulação hormonal isomolecular
aLguns dos paLestrantes com presença conFirmada
Dr. Sang Cha Ginecologista
Dr. José Bento Ginecologista
na menopausa. Já o professor doutor Sang Choon Cha (Cremesp 44.962), ginecologista e obstetra, com especialização em reprodução humana e medicina fetal, fará palestra sobre o uso da modulação hormonal isomolecular como fator potenciador dos resultados em reprodução humana. Autor do livro Magnésio – O Que Ele Pode Fazer Por Você?, o médico Arnoldo Velloso fará palestra sobre
Dr. Cícero Galli Neurologista
Dr. Walter Feldman Clínico geral
Dr. Renato Leça Oftalmologista
os riscos da falta do magnésio em pessoas da meia idade. As inscrições para o VIII Congresso Brasileiro de Fisiologia Hormonal e Longevidade já estão abertas, e, como o número de vagas é limitado, os interessados devem se antecipar e garantir sua inscrição no site do LS (www.longevidadesaudavel.com.br), inclusive com o pagamento parcelado.
Vendas de estandes já começaram Faltando alguns meses para a realização do VIII Congresso Brasileiro de Fisiologia Hormonal e Longevidade, boa parte das áreas destinadas aos estandes já foi comercializada. Confirmaram a participação as seguintes empresas: Formédica, Medicare, Ottoboni, Lab Lemos, Roval, Essentia, Virtual Works, Neofarma, Zeusan, Farma Import e Tecbook. O valor do estande é R$ 1 mil por metro quadrado e o pagamento pode ser feito à vista ou parcelado, com a última parcela vencendo no mês de setembro. A expectativa dos organizadores é contar com, no mínimo, 30 empresas expositoras. “Esta é uma ótima oportunidade de promoção e de negócios para empresas voltadas para a área médica e longevidade saudável. Principalmente em razão do I Encontro Brasileiro de Longevidade e Qualidade de Vida da Sobraf, que ocorrerá paralelamente ao congresso. Teremos um dia completamente voltado para mais de 100 participantes leigos. Portanto, é uma grande oportunidade de as empresas se aproximarem do consumidor final”, comenta a diretora de Marketing e Relacionamento do Grupo LS, Polliana Rachid. Empresas interessadas em participar do evento podem entrar em contato com a secretaria executiva do congresso pelo e-mail congresso@longevidadesaudavel.com.br. Mais informações também podem ser obtidas no site do LS (www.longevidadesaudavel.com.br).
Revista Longevidade em Foco |
37
Sobraf levará especialistas para falarem com público leigo A Sociedade Brasileira de Estudos da Fisiologia (SOBRAF) vai realizar, paralelamente ao VIII Congresso Brasileiro de Fisiologia Hormonal e Longevidade, um evento inédito: o I Encontro de Qualidade de Vida. Treze especialistas de áreas distintas, incluindo médicos e nutricionistas, vão falar diretamente com o público leigo. “Vamos levar para potenciais usuários desse modelo de saúde os principais temas abordados pelos palestrantes durante o congresso. A programação do encontro foi planejada de forma a apresentar e discutir a nossa proposta de medicina preventiva com a sociedade brasileira, usando uma linguagem tangível, descomplicada e objetiva. Com isso, as pessoas poderão fazer o correto valor de juízo acerca dos princípios
que dão base e sustentação a esse movimento no Brasil e sua importância para a vida humana. E poderão optar livremente pelo modelo de saúde que desejam para as suas vidas”, explica o diretor científico do grupo LS e presidente da SOBRAF, o médico Ítalo Rachid. O I Encontro de Qualidade de Vida ocorrerá no dia 11, das 8h às 19h30, e a expectativa é reunir mais de 100 pessoas. Entre os especialistas convidados para interagir com o público estão o próprio Dr. Rachid, a nutricionista Priscila Machado, o ginecologista e obstetra José Bento, o cardiologista Lair Ribeiro, o oftalmologista Renato Leça, a ginecologista Margarita Ubaldo, o geriatra Jorge Jamili e o neurologista Cícero Galli Coimbra, entre outros.
III Workshop de Nutrição Bioquímico-Fisiológico Outro evento que vai ocorrer paralelamente ao VIII Congresso Brasileiro de Fisiologia Hormonal e Longevidade é o III Workshop de Nutrição Bioquímico-Fisiológico. O foco do evento este ano será o Equilíbrio Nutricional na Visão de uma Longevidade mais Saudável. E a palestra de abertura caberá à especialista Priscila Machado, mestra em Nutrição Bioquímica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em Nutrição e Esporte pela Associação Brasileira de Nutrição. Ela vai falar sobre estratégias nutricionais para a promoção de uma longevidade mais saudável. Já Gabriel de Carvalho, nutricionista com especialização em Nutrição Clínica Funcional, vai expor a avaliação
38 | Revista Longevidade em Foco
bioquímica e exames: o perfil bioquímico para a longevidade. O evento contará ainda com uma palestra do endocrinologista Idílio Miragaia Dias, sobre bioquímica fisiológica do HCG; da nutricionista Sandra Matta, sobre o uso da dieta do HCG; e do médico Ítalo Rachid, sobre o GH e o IGF-1 (responsáveis por promover grande parte do anabolismo do corpo). Após as palestras, entre as 16h30 e as 18h, haverá uma mesa-redonda para debater questões ligadas à multidisciplinaridade no atendimento, por exemplo, ao paciente com dificuldade para manter o peso, o que envolve o médico, nutricionista e fisiologista (que vai definir o programa de exercícios físicos).
Descoberta pode levar à criação de pílula que reduz a fome
A
A descoberta da atuação de uma molécula que é liberada no intestino durante a digestão das fibras presentes em frutas, legumes e verduras no hipotálamo do cérebro, responsável pela regulação da fome e do gasto de energia, pode abrir caminho para o desenvolvimento de novas terapêuticas contra a obesidade. O anúncio foi feito por cientistas do Imperial College, de Londres, na Inglaterra. A pesquisa, recentemente publicada na revista científica Nature, sugere que a obesidade se tornou uma epidemia em todo o mundo porque temos substituído a dieta saudável do passado por alimentos processados, que não reagem com a microbiota intestinal para produzir a referida molécula, denominada acetato. Assim, o cérebro não recebe um sinal dizendo-lhe para parar de comer. Vale lembrar que a microbiota intestinal, também conhecida como flora intestinal, é o grupo de bactérias que vivem no intestino, que tem como uma de suas principais funções auxiliar o processo de digestão dos alimentos. Os cientistas conseguiram rastrear o acetato de cólon com exames de imagens feitos em camundongos, com o uso do marcador 11C-etilo e um aparelho de PET-CT, equipamento que une os recursos diagnósticos da Medicina Nuclear e da Radiologia, sobrepondo as imagens metabólicas às imagens anatômicas e produzindo um terceiro tipo de imagem.
Dessa forma, puderam constatar que o acetato de cólon atravessa a barreira sangue-cérebro e é recolhido pelo cérebro. “Nossa pesquisa mostra que a liberação do acetato no intestino é importante para entender como as fibras reduzem o apetite. E isso pode ajudar a comunidade médica a combater a ingestão excessiva de alimentos”, afirmou o professor doutor Gary Frost, um dos autores do estudo, ao jornal britânico The Daily Telegraph. O cientista explica que a principal conclusão da pesquisa é alertar sobre a necessidade de ingerir mais frutas, verduras e legumes, mas não descarta a possibilidade de criação de drogas para ajudar quem faz dieta. “O maior desafio é desenvolver uma droga que possa liberar a quantidade de acetato necessária para controlar a saciedade de uma forma que seja aceitável e segura para os humanos”, acrescentou o pesquisador ao jornal inglês.
Pesquisa No estudo, os pesquisadores analisaram os efeitos da fibra chamada inulina, um tipo de fibra dietética solúvel, encontrada em alimentos como chicória, cebola, alho, alho-poró, brócolis e beterraba, e que também é adicionada em barras de cereais. Os cientistas acrescentaram a fibra, que não é quebrada no trato digestivo, o que significa que tem apenas um pequeno impacto do açúcar no
sangue, além de ter baixa caloria, a uma dieta rica em gordura. As cobaias submetidas à alimentação com a fibra comeram menos e ganharam menos peso, em relação ao grupo que ingeriu uma dieta igualmente rica em gordura, porém sem inulina. Além de maior saciedade entre os animais que receberam a fibra na dieta, os pesquisadores também descobriram que o acetato se acumula no hipotálamo e ali passa a desencadear uma série de reações químicas que afetam neurônios, reduzindo a fome. Durante o estudo, os cientistas também injetaram o acetato diretamente na corrente sanguínea, no intestino e no cérebro. E também, nesse caso, observaram a redução do apetite e da ativação neuronal do hipotálamo.
Revista Longevidade em Foco |
39
agende-se
Curso de Fisiologia da Longevidade Humana
O
O Curso de Ciências da Longevidade Humana e Fisiologia Hormonal Aplicada é um dos mais importantes eventos do calendário do Grupo Longevidade Saudável. Com grande procura por parte de médicos de todo o Brasil, o curso é considerado introdutório à proposta de medicina preditiva do LS, e a próxima edição ocorre entre os dias 28 de outubro e 2 de novembro de 2014, em São Paulo, no Hotel Golden Tulip, no Bairro Jardins, na Zona Sul da capital paulista. Essa será a 72ª turma a ser formada, desde que o curso foi criado, em 2002. De lá para cá, mais de 2,6 mil médicos já se formaram. As aulas são ministradas pelo Dr. Ítalo Rachid (Cremesp 114612), ginecologista e diretor científico do Grupo Longevidade Saudável.
“O curso possui sólido conteúdo teórico-prático e cumpre com o objetivo do Grupo Longevidade Saudável de oferecer ao participante o conhecimento e a prática adquirida ao longo de duas décadas de pesquisas e estudos em importantes instituições, de renome internacional, pelos especialistas que trazemos como palestrantes”, explica Polliana.
O conteúdo apresentado é fundamentado na fisiologia do envelhecimento hormonal e no modelo das pausas hormonais em homens e mulheres, tendo como base o conhecimento científico e evidências clínicas comprovadas nos mais importantes centros de pesquisa avançada no mundo.
Vale ressaltar que o curso permite ao médico aplicar os novos conhecimentos adquiridos na sua prática diária de forma imediata, o que faz do conteúdo uma poderosa ferramenta geradora de resultados clínicos incomparáveis. “Ao participar do curso, o médico torna-se um profissional completamente diferenciado”, resume Polliana.
A diretora de Marketing e Relacionamento do Grupo LS, Polliana Rachid, lembra que um dos motivos do interesse de médicos de todo o país pelo evento é a demanda constante hoje existente por mais conhecimento, informações e atualização profissional. Na 71ª edição do curso, em abril, 71 médicos participaram do evento.
O curso conta com carga horária de 80 horas/aulas e as inscrições já estão abertas. Entre os temas abordados no curso estão Longevidade Humana: Novos Paradigmas; A Visão de uma Nova Medicina; Introdução à Modulação Hormonal; Hormônios Homólogos Humanos; Fisiologia do Envelhecimento Hormonal; Eletropausa; Melatopausa; Adrenopausa; Insulina e Síndrome Metabólica; Tireopausa; Síndrome da Fadiga Adrenal e Fisiologia da Vitamina D, entre outros. Para participar do curso, é preciso ser médico, com CRM ativo.
Os interessados podem obter outras informações enviando e-mail para contato@longevidadesaudavel.com.br ou pelo telefone (85) 3246-2126.
40 | Revista Longevidade em Foco
SEU LIVRO
Dicas de leitura Todos sabemos dos grandes benefícios que a leitura de um bom livro pode proporcionar. Além de ser um dos exercícios mais eficientes e baratos para estimular a memória e a atenção, a leitura permite ampliar horizontes, por meio da obtenção de novos conhecimentos. E quem lê é capaz de adotar estilos de vida mais saudáveis, gerir melhor doenças crônicas e compreender a mensagem do médico durante uma consulta, por exemplo. Por tudo isso, a revista Longevidade em Foco criou a seção Seu Livro. Aqui, daremos dicas de publicações que falam de saúde, bem-estar, qualidade de vida e outros temas relacionados a uma longevidade saudável. Boa leitura!
Vitamina D – Como um Tratamento Tão Simples Pode Reverter Doenças Tão Importantes. Com mais de 30 anos de pesquisa sobre a vitamina D, o professor doutor Michael Holick mostra neste livro por que a exposição controlada ao sol, uma dieta com alimentos ricos em vitamina D e exercícios físicos melhoram a qualidade de vida e ajudam a prevenir muitas doenças. O tratamento proposto pelo autor pode ser seguido por todos, desde pessoas saudáveis que buscam a prevenção de doenças crônicas até os que precisam se recuperar de algum problema de saúde. Vença o Diabetes – O livro apresenta o primeiro programa clinicamente testado para prevenir ou controlar o diabetes. Os autores, o médico David Nathan e a nutricionista Linda Delahanty, diretor e nutricionista-chefe do Centro de Diabetes do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, mostram como, com pequenas mudanças relativamente simples no estilo de vida, é possível reduzir radicalmente as chances de desenvolver diabetes e, até mesmo, controlar de forma eficaz a doença já instalada. Em O poder do Tao, o escritor Lou Marinoff, autor do celebrado Mais Platão, menos Prozac, mostra como o taoísmo, a filosofia milenar chinesa, pode atuar como um poderoso remédio para os desafios do estresse e da ansiedade que acompanham a vida em nosso mundo imprevisível e em constante mudança.
O Projeto Longevidade – Em 1921, o psicólogo americano Lewis Terman começou a acompanhar o cotidiano de 1.500 crianças, observando e tomando nota de seus hábitos e comportamento. Esse trabalho continuou após a sua morte e se estendeu por oito décadas, culminando no mais extenso estudo já feito sobre saúde e vida longa. Os especialistas Howard S. Friedman e Leslie R. Martin utilizaram os dados colhidos pela pesquisa, investigaram caso a caso e mapearam as particularidades de cada entrevistado. Essa é a origem do Projeto Longevidade, que aponta quais possíveis hábitos e comportamentos conduzem a uma vida longa.
Após décadas de experiência clínica com as mais avançadas pesquisas, os doutores George Pratt e Peter Lambrou desenvolveram um programa revolucionário para redescobrir sua felicidade inata capaz de curar as emoções nocivas, criando melhorias profundas e duradouras em sua existência. O trabalho resultou neste livro: O Código Secreto para a Felicidade.
O livro Gurus da Gastronomia apresenta o perfil de vinte dos mais notáveis e influentes protagonistas da indústria culinária de todos os tempos. Entre os célebres personagens do livro estão chefes de cozinha, escritores e críticos de gastronomia, empresários, médicos e até uma rainha.
Revista Longevidade em Foco |
41
Alimentação correta no combate à inflamação Bioquímico americano explica como dieta alimentar pode equilibrar os hormônios e controlar processo metabólico que leva às doenças crônicas
S
Se a sua alimentação não é das mais equilibradas, vale a pena repensar o que anda compondo seu prato. Uma alimentação desbalanceada e inadequada, com base em alimentos gordurosos, ou que contêm conservantes e agrotóxicos, ou ainda refinados (como farinha branca e açúcar), por exemplo, pode levar à inflamação celular. Ela é uma das principais responsáveis pelo ganho de peso, aceleração do desenvolvimento de doenças crônicas e do envelhecimento, além da diminuição do desempenho físico e mental. Um dos cientistas que têm pesquisado como a alimentação balanceada pode evitar a inflamação é o bioquímico americano Barry Sears. Ex-cientista da Universidade de Boston e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ele criou a dieta hormonal Zone Diet. De acordo com o Dr. Sears, os alimentos são como medicamentos que, corretamente administrados, equilibram os hormônios e controlam o processo inflamatório responsável pelas doenças que mais matam no mundo. O cientista esteve no Brasil há poucos meses para falar sobre o tema e, segundo ele, uma alimentação adequada pode combater doenças como a obesidade, o Alzheimer e o diabetes. “A maioria das doenças crônicas é decorrência da inflamação e muito dessa inflamação vem da dieta. Com uma dieta anti-inflamatória, como a Zone Diet, é possível reduzir a probabilidade de desenvolvimento dessas doenças, e a melhor forma de gerenciá-las, caso ocorram”, explica o especialista. Um dos compromissos do bioquímico no país foi na Universidade de São Paulo (USP), onde falou sobre sua nutrição anti-inflamatória para um público formado por PhDs em imunologia. Com cerca de 40 anos de pesquisa bioquímica em lipídios e eicosanóides (moléculas derivadas de ácidos graxos da família do ômega 3 e ômega 6) e 13 patentes de medicamentos, o cientista diz que, com sua dieta, é possível não só levar uma vida mais saudável,
42 | Revista Longevidade em Foco
como também driblar nosso DNA, alterando a expressão de genes. “O poder da Zone Diet encontra-se em sua capacidade para alterar a expressão de genes inflamatórios, a fim de manter a inflamação numa zona do organismo em que não é demasiado elevada, mas também não é muito baixa”, comenta o cientista. O Dr. Sears explica que a dieta hormonal The Zone já possui uma extensa lista de estudos clínicos, realizados em diferentes países, ao longo dos últimos 25 anos, comprovando sua eficácia em manter os hormônios em uma zona de equilíbrio, por meio da correta combinação dos tipos e quantidades de proteínas, carboidratos e ácidos graxos consumidos. Trata-se de um conceito simples, que, com um pouco de organização e dedicação, permite ao paciente manter sua saúde otimizada, facilitando o emagrecimento e o desempenho esportivo, além de melhorar a qualidade do sono e aumentar a disposição física e mental.
Dr. Barry Sears
Carboidratos, proteínas e gorduras saudáveis O cardápio proposto pela dieta é composto por 40% de carboidratos, 30% de proteínas e 30% de gorduras saudáveis (ácidos graxos). Nessas proporções, a proteína e a gordura fazem com que os carboidratos demorem mais para virar açúcar e o corpo estoque gordura. A dieta também prevê a substituição de alimentos calóricos por outros que prolonguem a sensação de saciedade. Isso ajuda a controlar a produção de insulina no corpo e queimar gordura de forma mais eficiente. Para controlar a produção de insulina, a dieta propõe a substituição de alimentos com alto índice glicêmico (IG) – indicador usado para medir a velocidade com que o carboidrato é digerido e transformado em açúcar no sangue – por outros de baixo IG, como massas com farinha branca por outras com farinha integral, e batata frita por batata assada ou cozida, por exemplo. “A Zone Diet é também uma dieta com restrição de calorimetria, de modo que os valores absolutos de proteína não são maiores do que o que está sendo atualmente consumido pelos americanos, mas dividida ao longo do dia. A quantidade de calorias consumidas na dieta varia entre cerca de 1.200 para mulheres e 1.500 aproximadamente para homens. Essas taxas de calorias e quantidades absolutas de calorias são as mesmas recomendadas pelo Centro de Pesquisa de Diabetes Joslin, da Faculdade de Medicina de Harvard, para o tratamento de obesidade e diabetes tipo 2”, diz o Dr. Sears. Vale lembrar que alimentos com alto IG fazem o corpo produzir quantidades maiores de insulina, hormônio que é responsável por retirar as moléculas de açúcar da circulação e jogá-las para dentro das células, onde são transformadas em energia. Consequentemente, a insulina em excesso faz com que o corpo produza mais gordura, porque o excedente de açúcar transforma-se em triglicérides, uma gordura que é prejudicial à saúde. No caso das proteínas, o recomendado é dar preferência às carnes magras naturais, com baixo teor de gordura, como peixes e frango. Com relação aos carboidratos, o indicado é o consumo principalmente de frutas e legumes
Cardápio é composto por 40% de carboidratos, 30% de proteínas e 30% de gorduras saudáveis
Pirâmide Alimentar
Grãos e Amidos Gordura Monoinsaturada Proteína de Baixa Gordura Frutas Vegetais
de baixo IG e ricos em polifenóis, como abacate, ameixa vermelha, cereja, morango e pêssego, entre outras frutas; e abobrinha, acelga, agrião, aipo, alface, alho, almeirão, aspargo, berinjela, brócolis e broto de bambu, entre outros legumes. O segredo é equilibrar esses ingredientes para obter as respostas hormonais apropriadas em cada refeição. E quanto menos pão branco, arroz branco, macarrão branco e batatas brancas colocar no prato, melhor, pois menos inflamação celular será criada.
Exemplos do que comer Em seu site (www.zonediet.com), o Dr. Sears explica, de forma prática e simples, que em cada refeição o prato deve ser dividido em três partes iguais. E em um terço do prato será colocada alguma proteína com pouca gordura (como frango, peixe ou outra fonte de proteína, como queijo ou produtos de soja). E nos outros dois terços serão colocados os carboidratos. Por fim, ele orienta a adicionar uma pequena quantidade de gordura, que pode ser óleo de oliva, nozes ou guacamole, por exemplo. A fórmula proposta pela dieta é fazer o prato combinando os três grupos de alimentos e comer em intervalos de cinco horas, além da ingestão de doses de óleo de peixe com ômega 3. De acordo com o especialista, este último tem como função potencializar os hormônios anti-inflamatórios, além de ser importante para a função cerebral. Com o equilíbrio de proteínas, carboidratos e ácidos graxos na alimentação, é possível controlar a produção da insulina, do glucagon (hormônio que diz ao corpo para liberar carboidratos armazenados, estabilizando os níveis de açúcar no sangue) e dos eicosanóides (moléculas produzidas pelas células a partir dos ácidos graxos, as quais têm como função regular a inflamação e o funcionamento do nosso sistema de imunidade).
Revista Longevidade em Foco |
43
Academia Longevidade Saudável passa a oferecer cursos intensivos on-line
D
Dentro de sua proposta de disseminar e produzir conhecimento baseado em estudos científicos e evidências clínicas comprovadas, a Academia Longevidade Saudável passou recentemente a oferecer mais uma ferramenta de capacitação para médicos e outros profissionais da área de saúde: cursos EAD (ensino à distância). Reconhecida no mercado como referência em Ciência da Longevidade e Educação Médica Continuada, a Academia LS pretende com o curso intensivo on-line ampliar o leque de opções oferecidas aos profissionais interessados em ter acesso a farto conteúdo em termos de conhecimento técnico-científico atualizado. Importante ressaltar que, ao longo de mais de 10 anos de trabalho, o Grupo Longevidade Saudável já formou cerca de 2,6 mil médicos de diferentes estados do país, de 32 especialidades diferentes, que atendem cerca de 600 mil pacientes. O primeiro curso intensivo on-line teve como tema o uso da vitamina D na prevenção e no tratamento das doenças crônico-degenerativas. Com carga horária de quatro horas/ aula, o curso foi ministrado pelo médico e diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, Ítalo Rachid (Cremesp 114612), no último dia 7 de junho, tendo como alunos médicos e outros profissionais da área da saúde de várias partes do país. Além do conteúdo científico apresentado, a nova ferramenta de ensino também permite aos participantes a discussão clínica prática sobre como prevenir e tratar doenças causadas pela deficiência do nutriente no organismo. Assim, os participantes podem interagir com o professor Dr. Rachid, para esclarecer possíveis dúvidas. Outro tema abordado pelo curso intensivo on-line é Fundamentos de Ciências da Longevidade Humana e Fisiologia Hormonal Aplicada. Com carga horária de 6 horas/aulas, o conteúdo é dividido em 12 módulos. O curso tem como proposta servir de introdução ao conceito de fisiologia hormonal e medicina preventiva como ferramenta promotora de um envelhecimento mais saudável. Assim, o participante terá o conhecimento necessário para participar dos cursos presenciais oferecidos pela Academia Longevidade Saudável. Vale lembrar que o uso da ferramenta EAD tornou-se uma tendência mundial, em termos de disseminação de conhecimento teórico e prático de cunho científico. Prova é que atualmente instituições de renome, dentro e fora do país,
44 | Revista Longevidade em Foco
utilizam recursos de tecnologia de EAD. “A Academia LS está sempre atenta ao seu compromisso com a qualidade, com a verdade, a fundamentação científica e a fidelidade das informações passadas em seus cursos. E com a ferramenta EAD não é diferente. Hoje já contamos com mais de dez cursos nessa modalidade”, lembra o diretor comercial do Grupo Longevidade Saudável, Carlos Avellar. Ele adianta que outros cursos com a nova metodologia serão realizados, e os temas a serem abordados estão em sintonia com o modelo de Medicina defendido pelo LS: uma Medicina multidisciplinar, focada na prevenção e em que a prática clínica é soberana. “Nossa proposta é oferecer cursos com conteúdo teórico e prático de qualidade, levando assim, de forma rápida e no conforto da casa ou consultório do profissional inscrito, uma gama de informações estrategicamente preparadas, para que os participantes possam expandir seu conhecimento e entendimento clínico, apresentando, inclusive, pontos efetivamente aplicáveis na rotina clínica diária”, explica Avellar. O diretor ressalta ainda que os temas dos cursos EAD estão ligados à Fisiologia – base do conhecimento científico repassado nos cursos presenciais oferecidos pela Academia LS. Entre os próximos temas a serem abordados nos cursos à distância estão ainda a Fisiopatologia da Inflamação, Metabologia da Obesidade e Fisiologia do Trato Gastrointestinal. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 0800-0011223 ou pelo e-mail ead@longevidadesaudavel.com.br.
artigo
Glúten e doenças autoimunes Dra. Denise Carreiro Formada em Nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo-USP em 1982. Especialização em Nutrição Clínica. Pós-Graduação em Nutrição Clínica Funcional.
A
Autoimunidade: uma falha dos mecanismos normais de autotolerância resulta em reações contra as células e tecidos do próprio organismo; as doenças causadas por autoimunidade são denominadas doenças autoimunes. A autoimunidade resulta de uma falha ou interrupção dos mecanismos normalmente responsáveis para manter a autotolerância em linfócitos B, linfócitos T ou ambas. As doenças autoimunes são caracterizadas por danos nos tecidos e perda de função, devido a uma resposta imunológica que é dirigida contra órgãos específicos. As doenças autoimunes estão entre os problemas clínicos e científicos mais desafiadores em imunologia. Os atuais conhecimentos dos mecanismos patogênicos continuam incompletos e, por isso, as teorias e hipóteses continuam a exceder os fatos em números. Novos avanços técnicos e os conhecimentos cada vez melhores de autotolerância levarão, espera-se, a respostas mais claras e mais definitivas para os atuais enigmas da autoimunidade. A maioria das doenças autoimunes é poligênica, e os indivíduos afetados herdam múltiplos polimorfismos genéticos que contribuem para a suscetibilidade a essas doenças. Alguns desses polimorfismos são associados a diversas doenças autoimunes, sugerindo que os genes causadores influenciam mecanismos gerais da imunorregulação e autotolerância. As ligações mecanísticas entre genes de suscetibilidade e a falha da autotolerância ainda não foram totalmente estabelecidas e é um importante foco de estudo da autoimunidade. Alterações anatômicas nos tecidos, como inflamação (possivelmente secundária a infecções ou reações locais a macromoléculas proteicas), lesão isquêmica ou trauma, podem levar à exposição de antígenos próprios que normalmente ficam ocultos do sistema imunológico. Os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento de autoimunidade são: a suscetibilidade genética e os desencadeantes ambientais, como disbiose intestinal, infecções (virais, bacterianas e fúngicas), alteração da permeabilidade intestinal, a presença de um ou mais antígenos, carências nutricionais, em especial as de vitaminas A e D, determinantes na expressão das células tolerogênicas, entre outros fatores.
46 | Revista Longevidade em Foco
As reações autoimunes iniciadas contra um antígeno próprio podem lesar tecidos, resultando na liberação e alteração de outros antígenos teciduais, ativação de linfócitos específicos para esses outros antígenos e exacerbação da doença. Esse fenômeno á chamado de “propagação de epítopo” e pode explicar por que, uma vez desenvolvida, uma doença auto-imune tende a ser crônica e, muitas vezes progressiva, principalmente quando não se detecta o gatilho inicial e não resgata a tolerância imunológica dentro dos fatores possíveis de serem otimizados. As doenças autoimunes podem ser órgão-específicas (p.ex., tireoidite ou diabetes tipo I) ou sistêmicas (p.ex., lúpus eritematoso sistêmico). A capacidade de o sistema imune modular o processo, ou seja, reagir na hora e intensidade certa, ao mesmo tempo em que consegue evitar a disseminação de um processo inflamatório, é que garante as nossas defesas sem desencadear processos alérgicos e/ou autoimunes. Quem forma e faz funcionar o sistema imunológico são os nutrientes e a microbiota intestinal. Quando existe uma disbiose e carências nutricionais e/ou energéticas, o sistema imune será desequilibrado e a consequência pode ser a estimulação desse sistema, ou sua supressão (imunossupressão), ambas trazendo sérios prejuízos ao nosso organismo. Portanto, a palavra chave é: modulação, ou seja, equilíbrio.
Desequilíbrios nutricionais Vários fatores contribuem atualmente para que haja um alto consumo de produtos que contém glúten. Considerando que tanto por formação de histamina, quanto por formação de opioides, é comum o glúten gerar vícios alimentares. Além disso, na maior parte das vezes, essa proteína é consumida em detrimento, ou “no lugar” de alimentos saudáveis e ricos em vitaminas, minerais, fitoquímicos e fibras, levando a sérios desequilíbrios nutricionais e aumento de processos inflamatórios, causados por esses erros de comportamento alimentar. O glúten é uma proteína de difícil digestão para qualquer pessoa. O seu consumo frequente – e na maior parte das vezes em alta quantidade – pode facilmente causar uma
quebra da tolerância imunológica e, a partir daí, as reações contra o glúten, assim como a outros alérgenos e toxinas, dependerá basicamente da predisposição genética e do equilíbrio nutricional. Frações proteicas da gliadina podem estimular a produção da zonulina, uma proteína que pode destruir as junções apertadas entre as células do intestino (TJ) e alterar a permeabilidade intestinal. Existe um rápido crescimento de doenças que estão sendo reconhecidas como relacionadas a alterações na permeabilidade intestinal, com quebra da competência das tight junctions (TJ). Estas compreendem as doenças autoimunes, incluindo esclerose múltipla, diabetes melitus tipo I e artrite reumatoide, entre outras, em que as TJs intestinais permitem a passagem de antígenos do lúmen intestinal para a lâmina própria, desafiando o sistema imunológico para a produção de uma resposta imunitária que pode ter como alvo um órgão ou tecido em indivíduos geneticamente predispostos. As alterações das TJs também estão envolvidas no desenvolvimento de câncer, infecções e alergias. Zonulina é o único modulador fisiológico de junções apertadas intercelulares (TJ) descrito até agora e está envolvida no tráfico de macromoléculas e, portanto, na tolerância e no equilíbrio da resposta imune. Portanto, quando a via da zonulina é desregulada em indivíduos geneticamente predispostos, podem ocorrer várias respostas imunológicas (hipersensibilidades), inclusive doenças autoimunes. Esse novo paradigma subverte as teorias tradicionais subjacentes ao desenvolvimento dessas doenças e sugere que esses processos podem ser contidos, ou evitados, se a interação entre genes e causas ambientais for impedida, restabelecendo a função de barreira intestinal zonulina-dependente. Recentemente, ambos os modelos animais e evidência clínica apoiam esse novo paradigma e fornecem a justificativa para abordagens inovadoras para prevenir e tratar doenças autoimunes. A via da zonulina está atualmente sendo explorada para desenvolver as aplicações de diagnósticos e terapêuticas pertinentes a uma variedade de doenças imunomediadas. Como visto, o paradigma clássico da patogênese inflamatória envolvendo composição genética específica e exposição a gatilhos ambientais foi recentemente desafiado pela adição de um terceiro elemento, a perda da função de barreira intestinal. A predisposição genética, a falta de comunicação entre a imunidade inata e adaptativa, a exposição a causas ambientais, a perda da função de barreira intestinal secundária à ativação da via da zonulina por causas ambientais, macromoléculas proteicas ou mudanças na microbiota intestinal, todos parecem ser ingredientes-chave e somatórios envolvidos na patogênese de inflamação, alergias, autoimunidade e câncer. Essa nova teoria sugere que, uma vez que o processo patológico é ativado, ele não é autoperpetuado. Ao contrário, pode ser modulado, ou mesmo revertido, impedindo a interação contínua entre os genes e os gatilhos ambientais,
principalmente conhecendo como a disfunção das TJ zonulina dependente permite tais interações. Sabe-se que, entre as doenças autoimunes conhecidas, a única de que efetivamente se conhece o gatilho é a doença celíaca. Também já é comprovado que a retirada do glúten resgata as funções e evita todos os problemas e agravamentos que poderiam acontecer na manutenção do consumo do glúten. Muitos pesquisadores em todo o mundo já relacionam várias doenças autoimunes também ao consumo do glúten, diretamente ou indiretamente através da desregulação da via da zonulina, expondo o organismo à absorção de macromoléculas proteicas, inclusive os peptídeos da gliadina, assim como a antígenos de micro-organismos, LPS e outros xenobióticos. Essas alterações causadas pela gliadina e seus peptídeos também causam má absorção de micronutrientes, induzindo a alterações da formação e ação das células de defesa, além do desequilíbrio da microbiota saudável do intestino, determinante na formação e ação das células tolerogênicas e na expressão de FoxP3 que, entre outras ações, previnem a formação de autoanticorpos. Para a expressão do FoxP3, a microbiota saudável é determinante. Portanto, os fatores que predispõem a uma doença autoimune predispõem a outras. A predisposição genética e os fatores ambientais é que vão direcionar qual o tipo de resposta imunológica e quais os órgãos de choque irão sofrer a consequência dos desequilíbrios existentes. Restabelecendo a integridade da mucosa intestinal, a microbiota saudável adequada e o equilíbrio do estado nutricional, existe uma grande possibilidade de evitar ou reverter a expressão dos genes. Tanto as prolaminas (em especial as gliadinas, secalinas e hordeinas), como as gluteninas têm um elevado conteúdo de prolina e glutamina, que são resistentes à completa proteólise pelas enzimas gástricas, pancreáticas e da borda em escova (no intestino), e essa resistência à proteólise ocorre em todos os seres humanos, embora possa ser maior em indivíduos com DC ativa. Nas últimas quatro décadas, inúmeros trabalhos têm revelado que o glúten pode estar implicado em outras doenças autoimunes. De fato, foi constatado que pacientes com DC têm um risco aumentado para outras doenças autoimunes. Além disso, há alguns trabalhos que implicam diretamente o glúten (ou algumas das suas frações proteicas, como as gliadinas) na artrite reumatoide, síndrome de Sjögren, esclerose múltipla, psoríase, nefropatia IgA e DT1. Um possível mecanismo é o mimetismo molecular, embora não possamos ignorar o fato de as prolaminas aumentarem a permeabilidade intestinal estar implicado na etiologia de diversas doenças autoimunes. Considerando os fatos apresentados, é importante pensar que, na presença da doença celíaca, é sempre bom pesquisar outras doenças autoimunes, lembrando que o inverso é verdadeiro, ou seja, na presença de qualquer doença autoimune, é importante pesquisar doença celíaca.
Revista Longevidade em Foco |
47
OMS subestima
casos de osteoporose
Segundo estudo, ferramenta de avaliação de risco de fratura por fragilidade criada pela Organização não condiz com riscos desse tipo de lesão
A
A Organização Mundial da Saúde (OMS) subestima o risco de fraturas ósseas, principalmente na população com menos de 65 anos e entre pacientes que foram tratados por um único osso quebrado. A revelação consta de um estudo publicado, no último mês de maio, no periódico científico Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, da Sociedade Americana de Endocrinologia. O cientista Gilles Boire, um dos autores do trabalho, diz que a ferramenta de avaliação de risco de fratura (FRAX, da sigla em inglês) tem sua utilidade por trazer informações importantes, mas não deve ser usada como padrão único e definitivo para determinar se um paciente deve ou não ser tratado para a osteoporose ou fragilidade ósea. De acordo com o pesquisador, que é professor da Universidade de Sherbrooke, em Quebec, no Canadá, o teste não consegue identificar todos os pacientes que se beneficiariam de tratamento para prevenir fraturas futuras. A ferramenta foi desenvolvida pela OMS e fica disponível na internet (www.shef.ac.uk/FRAX) para uso de médicos e demais profissionais de
48 | Revista Longevidade em Foco
saúde. O sistema permite, a partir da associação de sete fatores de risco para fratura e os resultados da densidade óssea do colo do fêmur, determinar a probabilidade de adultos entre 40 e 90 anos quebrarem um osso. No caso da ausência da densitometria óssea, o sistema permite efetuar o cálculo usando o Índice de Massa Corpórea (IMC) do paciente. Segundo o médico Antonio Teixeira de Freitas (CRM/PR 1228), especialista em reumatologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ferramenta baseia-se em modelos de pacientes individuais que integram os riscos associados a fatores de risco clínicos, bem como a densidade mineral óssea (DMO) no colo do fêmur. “Trata-se de um instrumento capaz de estimar, para cada paciente individualmente, a probabilidade do risco absoluto de fratura do colo de fêmur ou de qualquer outra fratura por
osteoporose nos próximos dez anos. Ele avalia as chances de um indivíduo quebrar um osso em uma pequena queda, ou seja, a fratura por fragilidade”, explica o especialista, que ressalta que esse tipo de fratura pode reduzir a mobilidade e a autonomia do paciente, além de aumentar o risco de morte. “A ferramenta FRAX ajuda o médico a identificar casos de osteoporose que não podem ser facilmente diagnosticados por meio de testes de densidade mineral óssea. Isso é importante, pois mais da metade das fraturas por fragilidade ocorrem em pessoas que não atendem aos padrões de densidade mineral óssea”, comenta Freitas. No entanto, o estudo realizado pelos pesquisadores canadenses alerta que a calculadora de risco é propensa a
subestimar a probabilidade de futuros ossos quebrados em pacientes jovens, que já tiveram uma ocorrência de fratura por fragilidade. Durante o estudo, os cientistas usaram a ferramenta para avaliar o risco de novas fraturas em 1.399 pacientes, que foram identificados com uma fratura por fragilidade no período compreendido entre junho de 2007 e maio de 2012. O resultado da pesquisa mostrou que, em mais da metade dos pacientes tratados para uma fratura por fragilidade, a pontuação no FRAX não atingiu o limiar para o tratamento preventivo. Antes da fratura por fragilidade, apenas 42,7% destes pacientes foram considerados de alto risco, de acordo com a ferramenta. Mesmo depois de sofrer uma fratura, 24% dos pacientes permaneceram classificados como de baixo risco e quase 20% foram considerados de risco moderado. Durante o período de quatro anos em que foram acompanhados, mais de um terço dos pacientes que tiveram fraturas recorrentes não foram classificados como de alto risco sob o cálculo da ferramenta.
“A identificação individual de pacientes de alto risco para fraturas permitiria uma prevenção mais oportuna e orientada. Os médicos devem sempre considerar se o tratamento da osteoporose beneficiaria um paciente com uma fratura por fragilidade, independentemente da sua pontuação no FRAX”, finalizam os autores do estudo.
Brasil vive epidemia Enquanto os pesquisadores canadenses alertam para o fato de a ferramenta FRAX não identificar todos os pacientes, no Brasil, números do Ministério da Saúde (MS) mostram que o País vive uma verdadeira epidemia das chamadas fraturas de fragilidade, associadas à osteoporose e outras doenças ósseas. De acordo com as estatísticas, 30% dos idosos vão cair, pelo menos, uma vez por ano. E em 5% desses casos, haverá uma fratura de fragilidade, mais comum no fêmur, vértebra e punhos. Para os médicos, a fratura de fêmur é a que mais preocupa, uma vez que o índice de mortalidade associado a ela é elevado, chega a 20% em até um ano. “A pior das fraturas é a de fêmur, que exige cirurgia e internação hospitalar, com elevada taxa de mortalidade, porque muitas vezes, principalmente no caso dos mais idosos, o paciente acaba desenvolvendo outros problemas, como pneumonia e outras infecções”, explica o ortopedista e traumatologista Marcos Britto da Silva (Cremerj 52.53862-0). Segundo o Ministério, nos últimos cinco anos, o número de fraturas de fragili-
dade em idosos aumentou quase 30%. Em 2008, foram 67.664 casos, contra 85.939 no ano passado.
Prevenção a refraturas Para tentar reduzir esses números, a Fundação Internacional de Osteoporose (IOF, na sigla em inglês) lançou, no ano passado, no Rio de Janeiro a campanha mundial Capture the Fracture, que inicialmente envolveu hospitais públicos do estado do Rio, mas agora já vem sendo levada para unidades hospitalares de diferentes pontos do país. O objetivo é identificar as pessoas que já tiveram fratura por osteoporose e fazer seu acompanhamento, para evitar novas fraturas. A campanha teve como modelo o Programa de Prevenção a Refraturas (PrevRefrat), desenvolvido no Hospital Federal de Ipanema, que hoje é considerado referência no mundo entre os serviços de excelência que adotam o parâmetro. O serviço conta com exames de imagem e laboratório, nutricionistas, fornecimento de medicação, reabilitação física e uma equipe especializada e multidisciplinar. Além do atendimento aos pacientes encaminhados por outros hospitais, o Hospital Federal de Ipanema também realiza a capacitação de médicos de várias partes do país, por meio do Curso de Prevenção Secundária de Fraturas. O último evento ocorreu em abril, no Rio de Janeiro, com a presença de 30 médicos. O acompanhamento após a alta hospitalar inclui a orientação ao paciente, para que pratique atividade física e mantenha bom hábito alimentar. O PrevRefrat do Hospital Federal de Ipanema acompanhou recentemente 77 pacientes em tratamento. Do total, 74 conseguiram evitar novas fraturas.
Revista Longevidade em Foco |
49
fitness
Corpo e mente fortes com o pilates Atividade ganha cada vez mais adeptos em todo o País, graças aos numerosos benefícios trazidos pelos exercícios do método criado pelo alemão Joseph Pilates
N
No segmento do fitness, principalmente na época que antecede o verão, surgem anualmente novas modalidades com as promessas de melhorar o condicionamento físico e acelerar a perda de peso. E muitas delas, com a mesma velocidade com que surgem, desaparecem após alguns meses. Mas alguns métodos ficam de vez, e alguns até tornam-se coadjuvantes no tratamento médico de diferentes doenças. É o caso do pilates, que hoje é indicado por médicos e ganha espaço dentro dos hospitais para auxiliar a recuperação de males como dor, câncer e doenças neurológicas. O método foi criado pelo alemão Joseph Pilates durante a I Guerra Mundial. Anos após o fim da guerra, ele migrou para Nova York, nos Estados Unidos, onde abriu um estúdio e passou a ministrar aulas chamadas inicialmente de “contrologia”. Sua ideia era incentivar a mente a melhor controlar os músculos do corpo. A metodologia, que era baseada no controle da respiração e no alinhamento da coluna, por meio do fortalecimento de músculos profundos do tronco e abdômen, rapidamente caiu no gosto dos bailarinos, que o usavam como complemento ao treino.
50 | Revista Longevidade em Foco
Mas foi só a partir da década de 90 que o pilates se popularizou, atraindo milhares de adeptos em todo o mundo, tornando-se uma revolução dentro do fitness nos últimos anos. Só nos Estados Unidos, estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas o pratiquem. No Brasil, não há dados precisos, mas o crescimento pode ser observado pela grande quantidade de estúdios especializados e de academias que oferecem a prática. “O pilates é hoje um dos métodos de condicionamento físico que mais ganham adeptos no Brasil e no mundo. Motivos para escolher a modalidade não faltam: a atividade melhora o desempenho em corridas, combate dores e auxilia a prevenção de fraturas osteoporóticas, entre outros benefícios”, explica a fisioterapeuta carioca Elizabeth Chagas, especializada na técnica do pilates. Ela conta que o objetivo da atividade é tonificar a musculatura corporal, fazer o realinhamento postural e o alongamento.
“Pilates criou uma técnica que trabalha a saúde como um todo. O corpo de quem pratica torna-se mais forte, flexível e resistente. Na parte mental, os exercícios melhoram a concentração e a memória. E o trabalho com a respiração também ajuda o controle das emoções”, comenta a especialista. Elizabeth explica que a técnica reúne esforço físico ao mesmo tempo em que trabalha a postura; por isso, algumas pessoas a usam como exercício físico, enquanto outras usam como um complemento da fisioterapia. “Na verdade, o pilates é uma combinação das duas coisas”, diz. De acordo com a fisioterapeuta, muitos ortopedistas, por exemplo, recomendam o método para quem está com problemas no joelho, por causa da diminuição da cartilagem. Nesses casos, o instrutor vai trabalhar com exercícios direcionados individualmente, conforme a necessidade de quem está executando. “Os exercícios conseguem diminuir a dor e melhorar as articulações, em razão do alongamento e fortalecimento dos músculos, diminuindo o contato entre os ossos. Nesses casos, a atividade é feita usando aparelhos específicos, como a bola bobath e o bosu, um acessório que tem a aparência de uma bola cortada ao meio”, conta a especialista, que ressalta que o pilates ajuda a reeducação postural, fazendo com que a pessoa ande ereta, o que diminui a pressão e o sobrepeso nos joelhos.
De dentro para fora Os exercícios nas aulas de pilates são suaves, não aeróbicos, mas fornecem tônus e fortalecem os músculos de dentro pra fora. A metodologia parte do conceito de “centro de força”, termo criado por Pilates, que define a região central do corpo humano. “A técnica trabalha os músculos da
coluna, do quadril, das coxas e do entorno do abdome, que são os flexores e extensores da coluna e do quadril e estão na musculatura profunda da pelve. De acordo com os princípios preconizados por Pilates, fortalecer essa região é a melhor maneira de garantir uma boa sustentação para o corpo humano”, explica a fisioterapeuta. De acordo com a especialista, o método fortalece os músculos fracos e alonga os que estão mais curtos,
além de aumentar a mobilidade das articulações. Durante as aulas, movimentos fluentes são feitos sem pressa e com muito controle para evitar o estresse. O alinhamento postural enquanto os exercícios são feitos é importante, pois ajuda a melhora da postura global do indivíduo. “A aula contempla uma ordem específica de exercícios que obedecem a um ritmo respiratório e exige concentração. Com isso, ao longo do curso,
Revista Longevidade em Foco |
51
Método fortalece os músculos fracos e alonga os que estão mais curtos, além de aumentar a mobilidade das articulações os praticantes adquirem um poder maior de controle sobre o corpo, o que possibilita lidar melhor com situações de estresse, ansiedade e nervosismo. Além disso, é possível melhorar a respiração. A pessoa com estresse ou ansiedade constante interrompe a respiração normal, gerando um bloqueio no músculo do diafragma. Como o Pilates trabalha a musculatura respiratória, ele é capaz de ensinar novamente essas pessoas a respirar, o que é feito pela associação dos exercícios, num tempo preciso de inspiração e expiração”, diz Elizabeth.
52 | Revista Longevidade em Foco
Diante dos benefícios da técnica, diversos estudos científicos foram realizados por pesquisadores de diferentes instituições, em todo o mundo. Alguns trabalhos demonstram, por exemplo, que a técnica pode ser eficaz para a redução da dor lombar, da dor no joelho e da fibromialgia, dor crônica sem origem aparente, que é mais comum entre as mulheres e é sentida em vários pontos do corpo. “Diversas pesquisas dão respaldo científico para o uso da técnica para casos de fibromialgia. No Brasil, o reconhecimento da importância do método também
pode ser medido por sua incorporação pela fisioterapia”, explica Elizabeth, que ressalta que o uso do pilates como recurso terapêutico está previsto em resolução da Sociedade Brasileira de Fisioterapia.
O pilates no fitness Nas academias, o pilates também é procurado por quem quer modelar o corpo. As vantagens da prática são músculos mais firmes e bem desenhados, mais força e flexibilidade, além de melhorar a definição da área abdominal. E a boa notícia é que os resultados aparecem pouco depois das primeiras aulas. Para quem quer perder peso, a dica é associar a técnica com um exercício aeróbico, tanto para o gasto calórico quanto para o trabalho cardiovascular. Assim, como o pilates promove um corpo mais tonificado, modelado e alongado, auxilia o emagrecimento. O ideal é associar a prática com caminhada ou esteira. Para quem quer perder peso, vale lembrar ainda que o pilates facilita a drenagem linfática e a eliminação das toxinas.
O Brasil no centro das atenções Estilo de vida do brasileiro serve de exemplo sobre como viver bem, segundo publicação americana
J
Já há algum tempo que o “Gigante” acordou. E o mundo tem estado de olho nele. Não só em razão dos eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016. Apesar das dificuldades históricas e dos percalços, o Brasil vem construindo seu desenvolvimento, tanto em infraestrutura como em relação ao reconhecimento externo. O Huffington Post, por exemplo, uma das mais prestigiadas publicações da internet, presente em 10 países (entre eles Reino Unido, França, Japão e Canadá), noticiou recentemente em sua primeira página: “O que o
54 | Revista Longevidade em Foco
Brasil pode ensinar ao mundo sobre viver bem”. A publicação, que em 2012 recebeu o Pulitzer – um dos maiores prêmios do jornalismo norte-americano –, mostra o jeito de ser e de viver do brasileiro, os hábitos alimentares, a prática de atividades físicas, a alegria contagiante, a hospitalidade e também sua capacidade de adotar estratégias alternativas para driblar situações difíceis. Essa publicação lembra que o Brasil ocupa um lugar encantado na imaginação do público, graças à sua beleza natural, à diversificação e à riqueza da arte e da cultura, além do calor com que os brasileiros recebem os visitantes estrangeiros. E constata que a alegria do brasileiro afeta a cultura e a política, em igual medida.
Esse dado pode ser comprovado pelo resultado da pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que mostra que o brasileiro é o campeão do otimismo dentro do BRICS (grupo de países emergentes que engloba, além do Brasil, Rússia, China e África do Sul). Numa escala de 0 a 10, a nota média dada pelo brasileiro à sua expectativa de satisfação para com a vida em 2015 é de 8,6. A maior nota encontrada nos 156 países pesquisados. A média mundial é 6,7. Ou seja: apesar das lutas com a enorme desigualdade social e as circunstâncias econômicas, o brasileiro se diz feliz. A mesma pesquisa mostrou ainda que as mulheres brasileiras são as mais felizes do mundo.
Atividades físicas Outro dado importante ressaltado pelo Huffington Post: o hábito de praticar atividades físicas – por meio de exercícios ou esportes coletivos, o futebol, por exemplo –, seja em academias, seja em espaços públicos, como praças e praias. Na verdade, a indústria de fitness com ênfase na qualidade de vida é um dos segmentos econômicos que mais crescem na indústria esportiva nacional. E esse aumento já levou o Brasil à segunda colocação mundial em quantidade de estabelecimentos, perdendo apenas para os Estados Unidos. A questão da importância dos laços familiares para os brasileiros também não escapou à observação atenta dos jornalistas americanos, que percorreram várias cidades do país para preparar a reportagem. A publicação lembra que, na sociedade contemporânea, as famílias estão cada vez menores e mais dispersas, devido às forças progressistas, como o aumento da urbanização e o crescimento do número de mulheres integrando a força de trabalho, mas aqui ainda há um forte sentimento de unidade familiar e de conexão social.
Aliás, a vida social ativa é um dos mais altos indicadores de longevidade e felicidade na vida, como já demonstraram diversos estudos científicos, de diferentes instituições, como a Escola de Medicina de Harvard, que fez um estudo, durante 75 anos, a respeito do tema. “Esses pontos observados, a questão da atividade física, do otimismo e da vida social ativa, estão sempre no centro do trabalho de cientistas que pesquisam como viver mais e melhor. Então, neste sentido, a reportagem apresentada pela publicação americana mostrou realmente o que o Brasil pode ensinar ao mundo sobre ser feliz e viver bem”, comenta o clínico geral Ivan dos Santos Barros (Cremerj 21869-4).
Brasil tem a segunda maior indústria de fitness voltada para qualidade de vida em todo o mundo
Revista Longevidade em Foco |
55
Chocolate amargo e saúde vascular Estudos mostram que ação anti-inflamatória de substâncias encontradas no alimento favorece a saúde do coração
U
Uma boa notícia para os amantes do chocolate: uma pesquisa publicada na revista Faseb, da Federation of the American Societies for Experimental Biology (Federação da Sociedade Americana de Experimentos Biológicos), mostra que a ingestão de chocolate escuro, que tem teor de cacau mais elevado, pode realmente melhorar a saúde vascular. De acordo com o estudo, o chocolate amargo ajuda a restaurar a flexibilidade das artérias e ainda evita que as células brancas grudem nas paredes dos vasos sanguíneos. O trabalho foi conduzido por cientistas da Universidade de Wageningen, na Holanda. Os pesquisadores analisaram 44 homens de meia idade com excesso de peso ao longo de dois períodos de quatro semanas, enquanto eles consumiram 70 gramas de chocolate por dia. Parte dos participantes recebeu chocolate amargo comum, enquanto os demais consumiram um chocolate escuro especialmente produzido com alto teor de flavonoides, compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. A substância é encontrada em vários tipos de alimentos, entre eles o chocolate amargo. Ao adicionar mais flavonoides, os pesquisadores puderam testar se esse aumento da substância traria benefícios extras para a saúde vascular, o que não foi comprovado.
56 | Revista Longevidade em Foco
Antes e depois do período de consumo do alimento, os pesquisadores realizaram uma série de medições de indicadores importantes à saúde vascular. Durante o estudo, os participantes foram aconselhados a se abster de alimentos calóricos, para evitar ganho de peso. Os especialistas constataram que todos os participantes apresentavam maior flexibilidade das artérias e melhor fluxo sanguíneo. Pesquisa similar foi apresentada por cientistas da Universidade Estadual de Louisiana, nos Estados Unidos, no 247º Encontro da Sociedade Americana de Química, realizado em março na cidade de Dallas. O trabalho destaca que o cacau contém polifenóis e antioxidantes, como as catequinas e epicatequinas, assim como fibras, que são escassamente digeridas no estômago, mas que são absorvidos ao passar ao cólon. Durante o estudo, os pesquisadores descobriram que a fibra é fermentada e os polifenóis são metabolizados, transformando-se em moléculas menores, mais fáceis de absorver e com ação anti-inflamatória. “Existem seis tipos de chocolate e o mais saudável é o amargo, que tem de 60% a 85% de cacau e menor quantidade de gordura. E o alimento realmente melhora a saúde de quem consome”, confirma o nutrólogo Marcus dos Santos Oliveira (Cremerj 606980).
Proteção para o cérebro Um outro estudo publicado na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, apontou que comer uma quantidade moderada de chocolate ao leite por semana pode melhorar a saúde cardiovascular e prevenir o Acidente Vascular Encefálico (AVE) em homens e mulheres. O estudo envolveu mais de 35 mil homens com idades entre 49 e 75 anos. E os pesquisadores concluíram que consumir um terço de uma xícara de chocolate, o equivalente a cerca de 63 gramas, por semana, reduz o risco da doença em 17%. Segundo a autora da pesquisa, a cientista Susanna Larsson, da Divisão Nutricional Epidemiológica, do Instituto Karolinska, na Suécia, o efeito positivo ocorre em razão dos flavonoides, que ajudam a prevenir coágulos sanguíneos e a reduzir a pressão arterial.
Estresse crônico pode levar à fadiga adrenal
O
O cansaço que não passa, mesmo após algumas horas de sono a mais, tornou-se motivo de queixa em muitos consultórios médicos. E em muitos casos o problema não é a falta de sono, mas, sim, a exaustão adrenal. E de onde vem essa exaustão? Do estresse crônico. Segundo o endocrinologista e professor Armando de Carvalho (Cremerj 34945-6), quando intenso e prolongado, o estresse sobrecarrega diversos órgãos e sistemas do corpo, como o nervoso, o imunológico, os vasos sanguíneos, o coração e as glândulas suprarrenais. “A fadiga adrenal é um distúrbio que, geralmente, manifesta-se após períodos prolongados de estresse físico ou mental. E as glândulas se tornam exauridas em consequência das constantes exigências que o organismo sofre quando se encontra sobrecarregado e estressado”, explica o especialista, que é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). De acordo com o médico, as glândulas suprarrenais, localizadas em cima dos rins, são responsáveis por sintetizar hormônios importantes no processo metabólico, como a aldosterona e o cortisol, além de alguns hormônios sexuais, como a testosterona, a adrenalina e a noradrenalina. E seu comprometimento não só diminui os níveis de energia, mas também aumenta o acúmulo de gordura abdominal, prejudica a imunidade e a capacidade de concentração, além de aumentar a irritabilidade da pessoa.
58 | Revista Longevidade em Foco
“As maiores queixas são o cansaço e a falta de vitalidade. Mas também surgem outros sintomas, como crises alérgicas, fraqueza muscular, prisão de ventre, diarreia, queda da pressão arterial ao se levantar, infecções e gripes frequentes, ganho de peso e dificuldade em emagrecer, insônia, baixa libido, tonturas e apatia, entre outros”, cita o médico. O endocrinologista explica que a doença vem se tornando comum entre jovens, adultos e idosos, mas é subdiagnosticada. Segundo ele, um dos motivos pelos quais o problema atinge pessoas de diferentes idades é a pressão a que todos estamos submetidos no dia a dia, na escola, no trabalho, na convivência social e familiar. “Na vida moderna, convivemos diariamente com situações que levam ao estresse. Além disso, há a questão do estilo de vida. O tabagismo e a cafeína também contribuem para a exaustão adrenal”, comenta.
Segundo o especialista, quando num estágio avançado, a exaustão suprarrenal dificulta a execução das atividades mais simples do dia a dia, impedindo, até, que as pessoas continuem produtivas sob o ponto de vista social e econômico. Outro fator que leva à exaustão das suprarrenais é a hipoglicemia, diminuição do nível de glicose no sangue. Com a queda da glicose, o corpo força as glândulas a segregarem os hormônios de estresse, como a adrenalina, para contrabalançar as alterações nos níveis de insulina. Com a recorrência da hipoglicemia, as suprarrenais perdem a capacidade de responder ao estresse através da secreção de adrenalina.
Tratamento Segundo o Dr. Carvalho, a fadiga adrenal pode ser tratada com reposição hormonal, mas a alimentação exerce papel fundamental para controlar os sintomas. O ideal é restringir o consumo de alimentos refinados, como pão, arroz e massas brancas; os laticínios; café e outras bebidas estimulantes; e o açúcar. Já os alimentos que devem ser consumidos são aqueles ricos em ômega 3 (salmão, linhaça, chia); frutas e vegetais com alto teor de vitamina C (laranja, caju, acerola); fontes de zinco (semente de abóbora) e vitaminas do complexo B. “E é importante fracionar as refeições, não passar muito tempo em jejum. Quando ficamos muito tempo sem comer, as adrenais funcionam mais e mais. Ao mesmo tempo, todas as funções de renovação e recuperação do organismo ficam paralisadas”, orienta.
Boxe para combater o Parkinson
P
Pacientes com mal de Parkinson nos Estados Unidos estão lutando contra a doença no ringue de boxe. E o objetivo é claro: a doença é o adversário e deve ser jogado contra o corner - canto em inglês e que no boxe refere-se a cada um dos quatro cantos do ringue. O método terapêutico, que vem sendo usado em uma rede de academias que tem 15 unidades no país e uma na Austrália, oferece aulas para pacientes na Califórnia. E, pelo visto, os resultados têm sido bastante positivos. Quem acessa o site do programa Rock Steady Boxe na internet (www.rocksteadyboxing.org) ou o perfil do projeto no Facebook (https:// www.facebook.com/rocksteadyboxing?fref=ts) pode ver emocionantes testemunhos de pacientes que participam do programa e contam como estão se sentido melhores. O programa pioneiro surgiu em 2006 e foi criado por Newman, que na época tinha 40 anos e foi diagnosticado com a doença. Ao perceber a melhora da sua saúde física e agilidade, graças à atividade, Newman decidiu dar início ao projeto. Os exercícios do programa variam em propósito e forma, mas compartilham uma característica comum: são rigorosos e têm como objetivo ampliar a capacidade do participante. As aulas são estruturadas em quatro níveis diferentes e procuram atender as peculiaridades de cada paciente. A divisão desses níveis é baseada de acordo com o grau de instalação da doença no indivíduo e sua capacidade na execução de atividade física. E durante os treinos, não há contato direto entre os lutadores: os exercícios são feitos apenas com a ajuda de um instrutor. Os participantes do nível 1 apresentam sintomas leves, porém não incapacitantes. O foco é basicamente melhorar o condicionamento físico, trabalhar o desequilíbrio postural e manter o corpo saudável. Já no nível 2, o objetivo é manter o nível da capacidade de execução de atividade física, incentivar a respiração profunda e melhorar a precisão dos movimentos. Os participantes apresentam sintomas mínimos de incapacitação e necessitam de pouca assistência para as atividades diárias.
Na fase seguinte, o paciente desenvolve melhor seu grau de autoeficácia e autoconfiança. São treinadas também técnicas de respiração profunda, terapia de voz e combate ao comprometimento cognitivo. Os pacientes nesse nível apresentam queda significativa dos movimentos corporais, comprometimento precoce de equilíbrio para caminhar ou manter-se em pé e disfunções generalizadas que vão de moderada a grave. O último nível, o 4, busca trabalhar a flexibilidade, o nível de estresse, de equilíbrio, de autoconhecimento e melhorar o desempenho da marcha. São pacientes que apresentam sintomas graves, rigidez e bradicinesia. São capazes de caminhar, porém de forma limitada, e apresentam deficiências cognitivas. Nas classes do programa Rock Steady, os exercícios são adaptados de treinos de boxe, para obter agilidade, velocidade, resistência muscular, precisão, coordenação olho-mão e o trabalho com os pés. Outro fator Importante: o treinamento do boxe procura sempre trabalhar os movimentos do corpo, combatendo a rigidez muscular – que é um dos principais sintomas do mal de Parkinson. O neurologista Oscar Bacelar (CRM 52.68543-7), especialista em doenças degenerativas, lembra que os sintomas iniciais do mal de Parkinson costumam ser tremor, rigidez, lentidão dos movimentos e instabilidade postural. Por outro lado, diversas pesquisas mostram que portadores de doenças crônicas necessitam participar de algum tipo de atividade que possibilite o aumento da qualidade de vida.
Revista Longevidade em Foco |
59
Contato com a natureza faz bem para a saúde
“E
“Eu quero uma casa no campo, onde eu possa compor muitos rocks rurais e tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais”. O trecho da música Casa no Campo, de autoria de Zé Rodrix e Tavito e imortalizada pela voz de Elis Regina, é um exemplo da vontade comum entre muitas pessoas de viver mais perto da natureza. Além de ser fonte de tranquilidade, o verde pode fazer mais pela saúde, como já mostraram diversos estudos científicos. Um trabalho apresentado recentemente por cientistas ingleses mostra que pessoas que moram perto de espaços verdes têm uma saúde melhor do que aquelas que residem em áreas totalmente urbanas. E, segundo os pesquisadores, os benefícios do contato regular com o verde são de longo prazo. O estudo foi realizado por cientistas da Universidade de Exeter Medical School, no Reino Unido, e publicado na revista Environmental Science & Technology. Durante cinco anos, os pesquisadores acompanharam mais de mil pessoas, divididas em dois grupos: aquelas que se mudaram para áreas urbanas com espaços verdes e as demais que se mudaram para locais sem áreas arborizadas. Os dados sobre a saúde mental dos participantes foram registrados por meio de um questionário geral de saúde, no qual foi examinado o diagnóstico
60 | Revista Longevidade em Foco
de doenças mentais, como depressão e ansiedade, bem como o estado de humor e sentimentos. No final, os pesquisadores descobriram que a ida para áreas mais verdes resultou em uma melhora imediata na saúde mental dos participantes. E a melhora foi mantida por, pelo menos, três anos depois que as pessoas trocaram de endereço, ou seja, voltaram a viver em locais com menos verde. Vale lembrar que esse foi o primeiro trabalho que analisou os benefícios de longo prazo. Uma outra pesquisa sobre o verde e a saúde foi realizada pela equipe do Departamento de Saúde Ambiental e da Unidade de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde e Bem-Estar da Finlândia e publicada recentemente no Journal of Environmental. Nesse caso, os cientistas trabalharam com um grupo de 77 participantes, que eram levados diariamente, após o horário de trabalho, para três espaços com paisagens diferentes na cidade de Helsinque. As áreas visitadas foram o centro da cidade, um parque urbano e uma floresta urbana.
Os pesquisadores perceberam mudanças positivas quando os participantes iam aos locais em que tinham mais contato com a natureza. Nesse caso, o foco do trabalho foi mostrar que mesmo um período de tempo pequeno por dia passado próximo às áreas verdes pode fazer bem para o humor das pessoas.
Corrida ao ar livre Outro importante estudo sobre o tema foi realizado por pesquisadores escoceses das universidades de Glasgow e Saint Andrews, ambas na Escócia. Os cientistas descobriram que morar perto de áreas verdes pode reduzir o risco de derrames cerebrais e de problemas no coração. O motivo: as pessoas se sentem mais encorajadas a praticar exercícios. E não é só isso. De acordo com os cientistas escoceses, correr ao ar livre traz mais benefícios para a saúde do que correr em uma esteira na academia. Em entrevista ao jornal inglês Telegraph, o líder do estudo, o professor doutor Richard Mitchell, da Universidade de Glasgow, disse que a equipe de investigação se surpreendeu com os resultados do trabalho. “Detectamos em torno de 50% de melhoria na saúde mental das pessoas que eram fisicamente ativas no ambiente natural, em comparação com aquelas que nunca treinavam no exterior”, explica. Segundo o cientista, os participantes do estudo apresentavam problemas relacionados à vida agitada, como estresse, depressão leve, fadiga e insônia leve.
Doenças respiratórias Outro grande benefício de morar próximo de áreas verdes, ou pelo menos em ruas arborizadas, é a saúde do trato respiratório. É o que mostrou um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. De acordo com o trabalho, que foi publicado na revista científica Journal of Epidemiology and Community Health (Jornal de Epidemiologia e Saúde Comunitária), crianças entre quatro e cinco anos de idade que crescem em uma
rua arborizada têm menos 24% de chance de desenvolver asma. Para chegar a essa conclusão, eles estudaram o planejamento urbano (que inclui os projetos de arborização com a contagem das árvores nas ruas) e compararam com os casos de asma e as internações hospitalares por problemas respiratórios à densidade de árvores nas ruas e bairros. Segundo os cientistas, as árvores nas ruas aumentam a qualidade do ar e estimulam as crianças a brincarem ao ar livre, desenvolvendo o sistema de defesa do organismo. “O que esses estudos fizeram foi comprovar cientificamente o que já sabíamos: estar em contato com a natureza traz enormes benefícios à saúde. Importante lembrar que não é uma questão de espaços verdes distantes dos centros urbanos; frequentar o parque perto de casa também rende benefícios à mente e ao corpo”, diz o clínico geral Daniel Lopes Marques (CRM SP-43752), professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele ressalta que ficar mais perto do meio ambiente faz com que a pessoa se sinta mais motivada a praticar esportes, e esse é o primeiro passo para que se tenha mais qualidade de vida.
Menos obesidade entre crianças Outra pesquisa interessante sobre o tema foi conduzida por especialistas da Indiana University School of Medicine, nos Estados Unidos. O resultado mostrou que crianças que vivem em áreas com mais verde têm menor probabilidade de se tornarem obesas. O estudo foi publicado no American Journal of Preventive Medicine, e envolveu crianças de 3 a 18 anos que viviam na mesma residência havia, pelo menos, dois anos consecutivos. Os cientistas chegaram à conclusão
Pessoas que se mudaram para áreas mais verdes tiveram uma melhora imediata na saúde mental
que, quanto mais verde nos arredores da casa, menor o Índice de Massa Corporal (IMC) ao longo do tempo, um efeito que era independente de fatores como idade, raça e gênero. Segundo a equipe de investigação, retardando o aumento do IMC, seria então possível diminuir o risco de obesidade infantil de longo prazo. Uma criança obesa tem mais chances de se tornar um adulto obeso, e obesidade, é claro, está ligada a uma série de condições perigosas para a saúde, incluindo diabetes, hipertensão, apneia do sono e asma. Para os cientistas, o motivo seria o fato de que ter mais verde à sua volta incentiva as crianças à vida ao ar livre, andar mais, correr e brincar. Além do mais, um ambiente mais verde é menos poluído, mais frio durante os meses quentes e também tem uma aparência mais atraente.
Revista Longevidade em Foco |
61
O cérebro, os neurônios e a memória
G
Graças ao trabalho de cientistas de diferentes partes do mundo, a Neurociência tem obtido importante avanço nos últimos anos em sua tarefa de desvendar os mecanismos do cérebro para criar e reter a memória. Boa parte desses trabalhos tem como objetivo ajudar a entender como as lembranças de longa duração se formam e por que a memória se perde em casos de doenças como o Alzheimer, o que poderia beneficiar o surgimento de novos tratamentos. Entre os estudos mais recentes nesse campo está uma pesquisa desenvolvida na Escola de Medicina Albert Einstein, da Universidade Yeshiva, em Nova York (EUA), que mostrou como o cérebro registra as memórias. Os cientistas conseguiram capturar imagens inéditas do mecanismo, usando marcadores fluorescentes para identificar, nos neurônios de ratos, as moléculas essenciais para criação das memórias. A partir daí, foi possível observar, em tempo real, a “viagem” dessas moléculas no cérebro dos animais. Durante o trabalho, os pesquisadores marcaram todas as moléculas de RNA mensageiro (RNAm), que codificam a proteína beta-actina, uma proteína estrutural essencial encontrada em grandes quantidades nos neurônios e considerada chave no processo de memorização. Na pesquisa,
62 | Revista Longevidade em Foco
descrita em dois artigos publicados na revista Science, os cientistas estimularam neurônios do hipocampo de ratos e depois assistiram à formação das moléculas fluorescentes nos núcleos de neurônios e à viagem delas dentro dos dendritos, ramificações dos neurônios. Outra pesquisa recente, feita no Canadá, relaciona a produção de novas células cerebrais à perda de memórias da infância. De acordo com o trabalho, igualmente publicado no periódico Science, os novos neurônios produzidos pelo cérebro ao longo da vida substituem os antigos, fazendo desaparecer as memórias mais remotas. O trabalho mostrou que a neurogênese, a formação de novos neurônios no hipocampo – região do cérebro que desempenha um papel essencial no processo da memória –, desacelera-se conforme envelhecemos, por isso os adultos são mais capazes de manter memórias de longo prazo. Para descobrir o impacto do processo de geração de novos neurônios no arquivamento de memórias, os pesquisadores estudaram camundongos jovens e mais velhos. Nas cobaias adultas, os pesquisadores descobriram que o aumento na produção de novos neurônios era suficiente para fazer com que elas esquecessem memórias anteriores ao processo.
Neurônios que controlam a memória Outro trabalho, este desenvolvido por meio de parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade de Uppsala, na Suécia, identificou um grupo de neurônios que tem como papel controlar a entrada e a saída de memórias no cérebro. A pesquisa, publicada na revista Nature Neuroscience, mostrou que as células chamadas OLM, localizadas no hipocampo, quando são desativadas, ajudam a absorver uma sensação, como de um cheiro ou uma imagem, por exemplo, e transformá-la em memória. Ao serem ativadas, elas priorizam os sinais provenientes do próprio hipocampo em vez de estímulos sensoriais, atuando para ajudar a lembrar algo. Segundo o neurocientista Richardson Leão, da UFRN, um dos autores do trabalho, esse foi o primeiro estudo a mostrar que um único grupo de células é capaz de controlar tanto a formação quanto a evocação de memórias. “Para pacientes com mal de Alzheimer, a descoberta é importante, pois pode ajudar a criação de novos tratamentos”, justifica o neurologista Renato Gama (CRM RJ-607301) .