Revista HSVP - Edição 11

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Revista do Hospital

São Vicente de Paulo Ano 3 • Número 11 • Set/Out 2013

CENTRO CIRÚRGICO

Reforma e novos equipamentos garantem mais conforto e segurança ARTRODESE Cirurgia de coluna ajuda a recuperar a qualidade de vida

EXAMES OFTALMOLÓGICOS Eles podem revelar doenças em diversas partes do corpo

INFECÇÃO URINÁRIA Conheça as causas mais comuns e as dicas para prevenir o problema

Péricles Romero, coordenador médico do Centro Cirúrgico

Informativo bimestral do Hospital São Vicente de Paulo


EM DIA COM A TECNOLOGIA E O CUIDADO AO PACIENTE “Crescer é ficar maior; evoluir é ficar melhor”: a frase de um autor desconhecido resume com simplicidade a filosofia do Hospital São Vicente de Paulo. É inegável que crescemos muito desde a fundação, em 1930. Mas a melhor constatação é que evoluímos na mesma medida. Seguindo nossa vocação religiosa, o mais importante pilar dessa evolução sempre foi o cuidado humanizado ao paciente, exercitado por meio do treinamento e da valorização constante de nossas equipes profissionais. Quem trabalha no HSVP sabe que o atendimento fraterno está em primeiro lugar. Da mesma forma, no mundo de hoje, com avanços tecnológicos surgindo a cada dia, a assistência médica não pode parar no tempo. Até porque, nessa área, estão em jogo a vida e a qualidade de vida das pessoas. É também sob essa ótica que o HSVP sustenta seu processo evolutivo: investindo cada vez mais na aquisição de tecnologia moderna e na capacitação dos profissionais para seu manuseio. A matéria de capa desta edição mostra claramente essa preocupação. Nosso Centro Cirúrgico acaba de passar por mais uma reforma estrutural, contando com equipamentos médicos de última geração, que contribuem para uma prática de excelência e mais segura para nossos pacientes. Nas próximas páginas, você vai conhecer um pouco da história do nosso mais antigo radiologista, o médico Luiz Alberto Moreira Souza, que acompanhou, ao longo de sua carreira, boa parte da evolução da radiologia no Brasil. A revista traz, ainda, matérias sobre os problemas de saúde que podem ser identificados por meio de exames de vista; dicas para reconhecer e tratar a infecção urinária; e os detalhes da artrodese, uma cirurgia de coluna que, se bem indicada, pode trazer de volta a qualidade de vida às pessoas que sofrem com dores e perda de movimentos. Além disso, você vai descobrir que, além de meigos e, muitas vezes, fofinhos, os bichos de estimação podem ajudar a melhorar a saúde de seus donos, conforme apontam recentes estudos científicos. Desejo a todos uma boa leitura! Ir. Marinete Tibério – CEO do HSVP

SUMÁRIO Personalidade - Márcia Rosa, presidente do Cremerj

É preciso ver bem de perto Esperança para as dores de coluna Infecção urinária merece cuidados Capa: Centro Cirúrgico reformado e atualizado Hospital recebe simbolos e relíquias da JMJ Entrevista: uma bela imagem de vida profissional Bichos fazem bem à saúde Aconteceu: em outubro, o HSVP é rosa Qualidade: nocaute na contaminação hospitalar

EXPEDIENTE 3 4,5 6,7 8,9 10,11 12,13 14,15 16,17 18 19

HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO - Rua Dr. Satamini, 333 Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - Tel.: 21 2563-2121. FUNDADO EM 1930 pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. DIRETORIA MÉDICA: Eliane Castelo Branco (CRM: 52 28752-5). CONSELHO ADMINISTRATIVO: Ir. Marinete Tiberio, Ir. Custódia Gomes de Queiroz, Ir. Maria das Dores da Silva e Ir. Ercília de Jesus Bendine. CONSELHO EDITORIAL: Irmã Custódia Gomes de Queiroz Diretora de Enfermagem; Irmã Ercília de Jesus Bendine - Diretora da Qualidade; Eliane Castelo Branco - Diretora Médica; Irmã Marinete Tibério - CEO do HSVP; Martha Lima - Gerente de Hospitalidade; Olga Oliveira - Gerente de Suprimentos; Vanderlei Timbó - Coordenador de Qualidade. EDIÇÃO: Simone Beja. TEXTOS: Cristiane Crelier. DIAGRAMAÇÃO: Jairo Alt e Maurício Santos. APOIO EDITORIAL: Wilson Agostinho e Ana Paula Gama. IMPRESSÃO: Arte Criação


Márcia Rosa, presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj)

“NÃO PODEMOS DEIXAR QUE A POPULAÇÃO VIRE COBAIA” Presidente do Cremerj critica programa que obriga estudantes a trabalharem no SUS e qualidade do ensino de medicina no país

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Medida Provisória 621, do Programa Mais Médicos, lançada recentemente pelo Governo Federal, provocou grande divergência e até separação entre as entidades representativas da classe médica e as instâncias governamentais. A presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Márcia Rosa Araujo, explica que a preocupação não é apenas com o futuro profissional dos médicos brasileiros, mas com a assistência para os cidadãos brasileiros como um todo. Em entrevista à Revista do Hospital São Vicente de Paulo, ela conta que a formação dos médicos no país, mesmo em instituições privadas, vem passando por graves problemas e que, antes de mexer no currículo, a educação médica precisa ser reavaliada em muitos outros aspectos.

Revista do HSVP: Por que o Cremerj e outras entidades de classe são contra a MP 621, que obriga os médicos a prestarem serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) antes de se formarem? Márcia Rosa: Existem muitos motivos, mas o principal deles é que o cidadão brasileiro não deve ser tratado como cobaia. Você não pode colocar um estudante de medicina para atender pacientes no interior, por exemplo, sem ter a orientação de um preceptor, de um médico experiente que o auxilie no atendimento. O estudante não pode atender sozinho a um paciente. Outro problema é a contratação de médicos estrangeiros sem que seus diplomas sejam revalidados no país. Quem é que garante que esse diploma no exterior é válido? O cidadão brasileiro é de segunda classe para ser atendido por estudantes e estrangeiros que nem sabemos se são médicos de verdade? Não podemos deixar que a população vire cobaia. Saímos de todas as comissões governamentais às quais as entidades tinham acesso não por represália, mas

para não correr o risco de referendar essa medida a respeito da qual ninguém foi consultado e com a qual não concordamos. Revista do HSVP: O ensino da Medicina no Brasil tem qualidade? Márcia Rosa: O ensino, no sentido curricular, é bom, mas as faculdades de Medicina vêm passando por um processo de degradação muito preocupante que pode comprometer o futuro da Medicina no país. Uma das principais universidades privadas do Rio, por exemplo, recebe pelo curso de Medicina R$ 4 mil de cada aluno por mês e, mesmo assim, não paga os professores, deixando os estudantes sem aula por longos períodos. O governo quer criar faculdades, mas primeiro precisa resolver o problema das graduações que já existem. O estudo é caro e a profissão nem sempre é rentável. Algumas especialidades médicas já estão começando a desaparecer do mercado e a tendência é piorar. Revista do HSVP: Como levar os médicos a se interessarem por trabalhar no interior? Márcia Rosa: Com um plano de carreira do Estado, com concurso público, e condições de trabalho. Os juízes, por exemplo, são estimulados a trabalhar no interior, pois isso, oferece a possibilidade de ascender na carreira. Já o médico que trabalha para o Estado nem sequer é contratado com direitos trabalhistas, não tem estabilidade, carteira assinada, nada. Isso sem falar no salário, que o inicial para um juiz é de cerca de R$ 10 mil, enquanto que o de um médico residente, que tem em suas mãos vidas humanas, em geral, não chega a 30% desse valor. Também não dá para atender um paciente sem as condições básicas, como uma equipe de saúde, um auxiliar de enfermagem, um aparelho de raios X e um laboratório para exames de sangue, pelo menos o hemograma. Hospital São Vicente de Paulo - pág. 3


É PRECISO VER BEM DE PERTO! Exames oftalmológicos previnem problemas de visão e podem identificar outros tipos de doença

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xames oftalmológicos regulares podem pre- podem ser identificadas por meio do exame de venir problemas de visão, evitando lesões, vista de rotina, que mede não só a acuidade visupor vezes irreversíveis, se não forem tratadas al como também a pressão ocular, além de deteclogo no início. Mais do que isso, esses exames tar eventuais alterações das pálpebras da conjuntipodem auxiliar também o diagnóstico de uma sé- va e da córnea. Esse procedimento permite avaliar rie de outras doenças de causas diversas. Mesmo as condições dos vasos e das artérias oculares, que assim, segundo pesquisa da Sociedade Brasileira sofrem alterações características de determinadas de Glaucoma (SBG), 36% dos brasileiros adultos doenças não necessariamente oftalmológicas. “Vale ressaltar que, com relação aos vasos nunca procuraram um oftalmologista e 18% só se sanguíneos , por exemplo, o único lugar do corpo consultaram apenas uma vez na vida. “Não raro, atendo pacientes que chegam ao onde é possível vê-los de fato é no olho. Então, consultório reclamando de alguma dificuldade de qualquer problema de saúde que a pessoa tenha visão e, ao examiná-los, verifico que estão com e que afete os vasos sanguíneos poderá ser obdiabetes. É até curioso porque, quando falo sobre servado por meio do exame de fundo de olho. Cada doença afeta os a doença, em geral, vasos de maneira difeesses pacientes se sur“O ÚNICO LUGAR DO CORPO rente. Por esse motivo, preendem com o diagONDE É POSSÍVEL VER OS VASOS em geral, é possível nóstico, dizendo que fui o primeiro médico a SANGUÍNEOS DE PERTO É O OLHO. saber de que doença se trata, o que facilita informá-los”, conta FláHIPERTENSÃO E DIABETES SÃO o encaminhamento do vio Rezende, oftalmoloALGUMAS DAS DOENÇAS QUE paciente à especialidagista do HSVP. PODEM SER IDENTIFICADAS NO de devida para o traO médico explica EXAME DE VISTA” tamento adequado”, que muitas doenças, inexplica Flávio Rezende. clusive as neurológicas, Entre as doenças não oculares mais comumente identificadas no consultório do oftalmologista estão hipertensão, diabetes, tumores, processos inflamatórios, problemas do sistema nervoso e algumas doenças autoimunes.

PELO MENOS, UMA CONSULTA POR ANO De acordo com o Dr. Flávio Rezende, as pessoas devem procurar o oftalmologista, pelo menos, uma vez por ano, principalmente as que têm mais de 40 anos. Conforme a idade avança, au-

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ela demora a identificar que há algo errado e só descobre quando se percebe enxergando como se tivesse olhando por dentro de um tubo. Ao atingir esse estágio, é provável que não se consiga mais reverter, apenas estacionar a evolução do quadro. Por isso, a necessidade de exames regulares”, alerta o oftalmologista, ressaltando que o fator de risco é maior quando a pessoa já tem casos de glaucoma na família.

70% MAIS CASOS DE LESÃO DE MÁCULA

Flávio Rezende, oftalmologista do HSVP

mentam os riscos de problemas oculares que podem comprometer a visão permanentemente. “O olho tem um músculo interno que relaxa para a visão à distância e contrai para a visão de perto. Com a idade, esse músculo vai perdendo sua capacidade de contração, motivo pelo qual, a partir dos 40 anos, mesmo quem nunca teve problemas de visão começa a apresentar o que chamamos de ‘vista cansada”. Assim, a maioria das pessoas, com algumas exceções, precisa de óculos para ler de perto a partir dessa faixa etária. O grau costuma aumentar a cada dois anos. Contudo, o envelhecimento do olho pode acarretar problemas mais sérios”, comenta o oftalmologista. Um desses problemas é o glaucoma, que atinge 5% da população mundial e, na África, ultrapassa os 10%. Quando o diagnóstico é feito no início, o tratamento pode ser eficaz, mas, se nada for feito, a pessoa vai perdendo a visão e, depois de certo tempo, o quadro torna-se irreversível. “O problema é que o glaucoma fica assintomático por muito tempo. Como a pessoa começa a perder a visão da periferia para o centro,

A longevidade é uma bênção, mas o envelhecimento da população faz crescer a incidência de alguns problemas de saúde que costumam aparecer com a idade. A lesão da mácula é um desses problemas. De acordo com o oftalmologista Flávio Rezende, nos últimos 30 anos, os casos de degeneração macular (DMRI) aumentaram em 70%. “As pessoas passaram a viver mais, o que é ótimo. No entanto, a idade avançada pode acarretar problemas de saúde próprios do processo de envelhecimento. A mácula é o ponto nobre do olho, responsável pela visão de detalhes. Nesse local, qualquer lesão, por menor que seja, já compromete a visão de forma crítica”, relata o médico. A boa notícia é que existe tratamento para conter a degeneração macular, porém sua eficácia depende de quão precoce é o diagnóstico. “Não é um tratamento cirúrgico. O que se faz é injetar medicamentos dentro do olho e complexos vitamínicos por via oral para estacionar o crescimento da degeneração, evitando que a pessoa fique completamente cega. É importante que o tratamento seja iniciado nos primeiros estágios da doença, evitando sua progressão”, conclui Flávio Rezende.

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ESPERANÇA PARA AS DORES DE COLUNA Estudos mostram melhora de 84% na qualidade de vida dos pacientes submetidos à artrodese Flávio Cavallari, ortopedista

Sempre fui uma pessoa muito ativa, adoro praticar exercícios. Mesmo com uma hérnia de disco, nunca deixei de frequentar a academia. Entretanto, há cerca de dois anos, levei um tombo e o acidente criou mais dificuldades para conviver com os meus problemas de coluna. Comecei a sentir dormência nos braços e nas pernas. Fiquei pesada, com dificuldades de locomoção, andava devagar e tinha dificuldades para manter minha rotina. Muitas vezes, procurei atendimento em emergências, onde era medicada e mandada para casa. O remédio melhorava a dor, mas não resolvia o problema.” O relato é da dona de casa Maria de Lourdes da Silva, de 57 anos, moradora da Baixada Fluminense, que só interrompeu seu ciclo de dor e de restrições quando passou por uma artrodese cervical, realizada pelo ortopedista Flávio Cavallari, do HSVP. “Retomei minha vida ativa muito rapidamente. No dia seguinte ao da cirurgia, eu já estava andando e me sentindo uma nova pessoa. Fiz primeiro a cirurgia da cervical e a minha qualidade de vida melhorou tanto que eu quis ter o mesmo benefício com a minha lombar, que me incomodava havia tempos”, conta Maria de Lourdes. A recuperação pós-operatória de uma artrodese vertebral, segundo Flávio Cavallari, em geral é bem rápida. “Existem várias etapas de recuperação que devem ser rigorosamente obe-

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decidas conforme a instrução do cirurgião. Por exemplo, nosso período de internação hospitalar varia de dois a quatro dias. Normalmente, o paciente leva de 15 a 30 dias para voltar a levar uma vida ativa normal”, esclarece. O médico ressalta que é comum, como no caso da Maria de Lourdes, que os pacientes que sofrem de problemas na coluna passem muito tempo sem um diagnóstico que permita o tratamento correto da doença. “Mas as indicações cirúrgicas dependem de várias condições. Não podemos generalizar, são individualizadas, estudadas caso a caso”, explica Flávio Cavallari, reforçando que “as indicações cirúrgicas são individualizadas e dependem de várias condições, estudadas caso a caso”. A cirurgia de artrodese vertebral pode ser feita por uma via anterior ou posterior à coluna, podendo utilizar implantes de próteses ortopédicas com enxerto ósseo obtido da própria coluna ou da bacia. Trata-se de uma técnica cirúrgica bem difundida entre os ortopedistas e os índices de avaliação de qualidade de vida mostram melhora de 84% na qualidade de vida dos pacientes operados. Flávio Cavallari explica que as indicações para esse tipo de cirurgia são muitas. “A artrodese é um recurso cirúrgico para tratamento de diversas patologias, como instabilida-


de de segmentos da coluna, fraturas e hérnia de disco cervical. São poucas as contraindicações e, em geral, apenas devido à etiologia, às causas da doença”, explica o ortopedista. “As principais indicações cirúrgicas das artrodeses são confirmadas pelo fato de ser um procedimento mais tradicional, realizado há 80 anos, e ser considerado padrão ouro para muitas patolo-

gias, com resultado satisfatório e permetindo solução definitiva para o problema, desde que bem indicado”, prossegue. Apesar de seguras, as artrodeses só devem ser feitas em hospitais equipados para cirurgias de alta complexidade, com centro cirúrgico, UTI, radiologia e suporte multidisciplinar, com equipe de enfermagem qualificada.

SISTEMA COSMIC: nova técnica corrige e fixa vértebras

em literatura científica especializada e apresentou trabalhos em congressos brasileiros e internacionais, mostrando nossa experiência e a eficácia do sistema Cosmic”, observa. Por se tratar de uma técnica menos agressiva, o Cosmic requer menor tempo de cirurgia, sem necessidade de enxerto ósseo, o que ajuda a preservar os micromovimentos intervertebrais. “Conseguimos menor desgaste dos discos intervertebrais adjacentes, diferentemente de quando usamos a artrodese, outra técnica de fixação de vértebras. Com o Cosmic, o paciente precisa de menos analgésicos e anti-inflamatórios; inicia a fisioterapia precocemente, recupera-se mais rapidamente e fica menos tempo internado. E volta a praticar exercícios físicos em seis semanas. Com a artrodese; ele só retorna em seis meses. É uma vantagem inquestionável”, afirma o especialista. As principais contraindicações ao uso do Cosmic são osteoporose, tumores, fraturas, deformidades e mais de três níveis de instabilidade na coluna. Nesses casos, indica-se a artrodese.

As cirurgias de coluna vertebral estão entre os procedimentos mais delicados em Medicina e que exigem equipes altamente qualificadas e treinadas. Para o melhor atendimento de seus pacientes, os médicos do HSVP têm à disposição um sistema menos agressivo para operações ortopédicas, que oferece maior segurança e permite rápida recuperação no pós-operatório. Utilizado desde 2004, o sistema Cosmic, um conjunto de próteses de fixação e estabilização da coluna vertebral, é indicado, principalmente, no tratamento de doenças dos discos intervertebrais, assim como das artroses das articulações interfacetárias. O sistema, desenvolvido na Áustria, é composto de parafusos, hastes, ganchos e bloqueadores de parafusos, explica o ortopedista Flávio Cavallari. “Os resultados são satisfatórios a curto e longo prazos. Tanto que nossa equipe de cirurgia de coluna vertebral publicou artigos

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INFECÇÃO URINÁRIA MERECE CUIDADOS

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infecção urinária gera grande desconforto. Por isso, ao primeiro sintoma, as pessoas costumam ir a uma Emergência, onde são imediatamente tratadas com antibiótico. Mas, segundo especialistas, dependendo da causa, essa solução pode não ser pertinente, principalmente nos casos em que a infecção é recorrente, em curto espaço de tempo. “Muitas infecções ou invasões bacterianas são combatidas pelo próprio organismo, sem que a pessoa chegue a apresentar sintomas. Nesse caso, não é preciso tratar. Mas quando os sintomas aparecem, a única forma de resolver é com antibióticos. O médico vai decidir o melhor tratamento, que eventualmente 1 poderá ser feito por comprimidos ministrados em dose única, por três ou por sete dias”, ressalta Renato Faria, urologista do HSVP. 5

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Veia cava inferior

Teresa Matuck, nefrologista do HSVP, explica ainda que, muitas vezes, uma baixa na imunidade também favorece o desenvolvimento da infecção de forma sintomática. Mas as razões que geram contaminação podem ser muito variadas. “A bactéria pode entrar pelo canal da uretra ou vir do sangue da própria pessoa. Além disso, problemas como pedras nos rins facilitam as infecções urinárias, assim como as infecções facilitam o surgimento dos cálculos renais. Nos homens, a contaminação direta é mais difícil, então sempre é preciso investigá-la. Nos idosos do sexo masculino, o problema é frequente por conta do aumento da próstata. Nas mulheres com mais idade, a flacidez da bexiga e a queda do períneo também 2 fazem aumentar as chances de desenvolver infecções”, ex3 plica Tereza Matuck. 4

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Aorta

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Ureter

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Bexiga

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Uretra

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Suprarrenal

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Artéria renal 8

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Veia renal

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RELAÇÃO SEXUAL É FATOR DE RISCO A chefe do departamento de Nefrologia do HSVP, Deise De Boni Monteiro de Carvalho, lembra que as relações sexuais também são um importante fator de risco para as infecções urinárias, mesmo quando se usa proteção. “A camisinha evita o contágio direto. Mas o fato é que as mulheres normalmente se contaminam por carreamento, ou seja, são bactérias que já estão no canal vaginal são empurradas e vão parar dentro da uretra. Por isso, é importante urinar após uma relação sexual, pois é uma forma de limpar a uretra”, aconselha a médica. O urologista Renato Faria acrescenta que às mulheres que tenham frequentes problemas de infecção urinária pós-relação sexual o médico pode prescrever doses profiláticas de antibióticos para serem administradas de forma preventiva. Já quando as infecções começam ainda na infância, a causa pode ser uma malformação do trato geniturinário. As mal-formações do trato gêniturinário podem ser relacionadas a problemas embriológicos e, muitas vezes, dificultam a drenagem da urina e, como consequência, favorecem o surgimento de infecção urinária. Esse tipo de problema pode ser diagnosticado por ultrassonografia e tomografia computadorizada, somadas a avaliações funcionais. Pessoas com histórico familiar de litíase, de infecções urinária na infância ou homens acima de 45 devem fazer visitas periódicas ao urologista. As infecções urinárias podem esconder ou sinalizar outras doenças e, apesar de normalmente terem resolução benigna, podem, em alguns casos, evoluir para complicações renais.

Mito ou verdade?

Quando se trata de problemas comuns como infecções urinárias, existe muita “sabedoria popular” dando conselhos por aí, mas será que esses mitos têm fundamento? O urologista Renato Faria e as nefrologistas Tereza Matuck e Deise De Boni Monteiro de Carvalho, do Hospital São Vicente de Paulo, esclarecem algumas dessas crenças populares: Calça apertada e roupa de banho – “As vestimentas apertadas ou roupa de banho úmidas não são causas diretas de infeção urinária. Porém, elas facilitam a candidíase, que é um problema ginecológico que, de fato, pode facilitar a infecção urinária”, explica Tereza Matuck. Absorventes e papel higiênico – “O absorvente interno pode gerar uma contaminação por carreamento, da mesma forma que a relação sexual. Já os absorventes perfumados são um problema porque eles alteram o PH da vagina, e isso pode abrir caminho para as infecções. Papel higiênico perfumado também não é recomendado”, alerta Deise De Boni. Assento sanitário – “Sentar-se em assento sanitário contaminado não provoca esse tipo de contaminação e infecção”, assinala Tereza Matuck. Vitamina C – “A vitamina C pode ser um fator benéfico para a prevenção. Ela deixa a urina um pouco mais ácida, o que ajuda a combater as bactérias”, esclarece Renato Faria. Beber muita água – “Beber água em quantidades suficientes ajuda no sentido de estar sempre bem hidratado e ter um bom volume de urina. Essa é uma das melhores formas de prevenção, mas não é preciso beber água em excesso. Dois litros por dia é o recomendado para a maioria das pessoas”, diz Renato Faria. Ducha higiênica e banho de assento – “Nenhum banho de assento tem eficácia comprovada para problemas de infecção urinária. Já a higienização no banheiro com a duchinha higiênica, em vez de benéfica, pode ser mais um fator de contaminação, já que a água poderá transportar as bactérias”, ressalta Renato Faria.

Renato Faria, urologista

Tereza Matuck, nefrologista

Deise De Boni, chefe da Nefrologia

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CENTRO CIRÚRGICO REFORMADO E ATUALIZADO Novos equipamentos médicos permitem fazer cirurgias de alta complexidade com mais conforto e segurança

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Centro Cirúrgico do HSVP acaba de passar por mais uma reforma e atualização de equipamentos médicos em três de suas oito salas. Foram feitos investimentos de quase R$ 1 milhão para dar mais segurança e conforto a médicos e pacientes. A atualização tecnológica sempre foi valorizada pela Direção do hospital. Por isso, as salas de cirurgia vem recebendo novos focos cirúrgicos com LED, que permitem melhor visibilidade; um ventilador pulmonar mais moderno; nova climatização; e endoscópios mais avançados, com novos recursos, entre outros. Além disso, o Centro de Oftalmologia receberá nos próximos meses três novos microscópios de última geração. “Temos excelentes médicos e nos preocupamos com que eles encontrem no

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Péricles Romero, coordenador médico do Centro Cirúrgico

hospital os recursos tecnológicos modernos, necessários para uma prática médica qualificada e segura. Com isso, o maior beneficiado é sempre o paciente”, afirma a diretora do HSVP, Irmã Marinete Tibério. O Centro Cirúrgico do HSVP realiza cerca de 400 procedimentos por mês, entre as cirurgias eletivas e as encaminhadas pelo setor de Emergência. Algumas das mais importantes aquisições recentes foram as mesas cirúrgicas radiotransparentes. De acordo com o cirurgião Péricles Romero, coordenador médico do Centro Cirúrgico do HSVP, com a chegada desses equipamentos, o Centro Avançado de Ortopedia fica ainda mais amplo, já que eles melhoram a capacidade para atender às atuais cirurgias ortopédicas mais complexas. “Esses modelos de mesas e acessórios dão maior mobilidade para realizar os procedimentos em qualquer especialidade, mas principalmente os ortopédicos, que às vezes demandam posições mais complicadas de realizar nas mesas tradicionais”, afirma o médico.


A compra e a troca de equipamentos é uma medida contínua no Centro Cirúrgico, “o qual o HSVP faz questão de manter sempre atualizado, com os melhores recursos disponíveis no mercado”, segundo o médico. Para Romero, no entanto, nem tudo que chega ao mercado é, de fato, melhor ou necessário. “As sugestões de aquisição são sempre avaliadas com muito critério. Nosso foco é adotar equipamentos que permitem, por exemplo, cirurgias menos invasivas e procedimentos com maior precisão”, explica, reforçando que os médicos do HSVP participam de congressos, cursos e conferências da área médica no Brasil e exterior a fim de se manterem sempre atualizados sobre novos procedimentos e recursos tecnológicos para cirurgias em suas áreas. A recente reformulação do Centro Cirúrgico teve também a consultoria da Deloitte, empresa

especializada em auditoria, consultoria, consultoria tributária, Corporate Finance e Outsourcing, que atua com o HSVP desde 2009 com o objetivo de maximizar o desempenho e aprimorar a gestão do hospital. Por meio de um estudo detalhado, foi verificada a necessidade de reforma estrutural e atualização de equipamentos como forma de atender ao planejamento estratégico do hospital. “Faz parte da estratégia do hospital manter sempre uma tecnologia de ponta e investir em equipamentos que aumentem a segurança. Quanto menos tempo o paciente passa no Centro Cirúrgico e quanto menos invasivo é o procedimento, menores são os riscos. O paciente fica menos tempo sob anestesia e se recupera mais facilmente”, ressalta Romeu Freitas, consultor da Deloitte.

SUÍTE DE LUXO Seguindo a tendência dos melhores hospitais do mundo, o HSVP passa a oferecer também acomodação e serviços diferenciados para quem gosta de luxo. A nova suíte de 44 metros quadrados oferece a possibilidade de abertura para quarto extra, com sala de estar para visitantes, TV LCD de 32” com canais de TV por assinatura, notebook,, internet wi-fi, cafeteira de expresso, frigobar, jogo de cama e de banho diferenciado e travesseiros especiais com espuma da Nasa, além de jornais e revistas. “A suíte é conversível. Pode ser tanto uma enorme suíte de luxo quanto pode ser dividida em dois quartos de padrão elevado. A ideia é que os clientes se sintam hospedados, e não internados. E a expectativa é que os clientes que buscam esse tipo de conforto tenham uma opção no Rio de Janeiro e não precisem ir até outro estado para buscar um serviço diferenciado”, comenta Martha Lima, chefe da Hotelaria. A suíte de luxo está sendo inaugurada este mês. Ela será disponibilizada para o público particular e também para alguns convênios de operadoras de saúde.

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Irmã Marinete se une aos peregrinos

Relíquia do Papa João Paulo II

HOSPITAL RECEBE SÍMBOLOS E RELÍQUIAS DA JMJ

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Santuário da Medalha Milagrosa recebeu, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a visita da relíquia de João Paulo II, Papa falecido e agora beato. A pequena igreja da Tijuca foi o único lugar na cidade onde o objeto ficou exposto para os fiéis. Passaram também pelo Santuário e pelo Hospital São Francisco de Paulo (HSVP) a Cruz Peregrina e o ícone de Maria, que foram recebidos em um grande evento aberto ao público com uma missa celebrada pelo arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, e pelo cardeal do Vaticano Stanislaw Rylko, nomeado pelo atual Papa Francisco e presidente do Pontifício Conselho para Leigos (PCL). Cerca de 3 mil pessoas

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Dom Orani e o cardeal Stanislaw Rylko

Símbolo da JMJ percorre instalação do HSVP

participaram das cerimônias no dia 7 de julho. Alguns pacientes, familiares e funcionários do HSVP cantaram junto com o Coral da Pastoral do Hospital e oraram junto aos símbolos expostos em uma sala. Após a celebração, os fiéis puderam tocar nos símbolos da JMJ e na relíquia do Papa, que, em seguida, foram levados em procissão colina acima até o hospital. O trajeto contou com a presença da banda de música do Corpo dos Fuzileiros Navais, que foi acompanhada por fiéis e irmãs da Associação São Vicente de Paulo. “É muito emocionante estar em uma igreja de Nossa Senhora das Graças e poder tocar a imagem de Nossa Senhora, que é tudo para mim, que é para quem eu entreguei minha filha quando ela estava para morrer. Minha fé é muito grande e participar desse caloroso momento, conseguir colocar a mão na relíquia do Santo Papa João Paulo, é uma bênção para a alma”, comentou a fiel Aracoeli Viana Barbosa, que participou de todas as cerimônias. A presidente do Hospital São Vicente de Paulo e coordenadora da Pastoral do Santuário irmã Marinete Tibério, explica que um dos motivos para a igreja ter sido o local escolhido no Rio para a exposição da relíquia para os fiéis é porque, em vida, João Paulo II foi muito devoto de Nossa Senhora das Graças. “A presença de todos esses símbolos abençoados e de todas essas pessoas de fé em nosso hospital é, para nós, uma grande fonte de graças e de energia divina”, ressaltou irmã Marinete. A relíquia do beatificado Papa João Paulo II esteve pela primeira vez no Brasil e só circula com a presença de um cardeal do Vaticano. É livro com um recipiente de prata que preserva lembranças sagradas do falecido pontífice: gotas de seu sangue e uma esfinge que pertencia a ele.

A CRUZ E A IMAGEM A Cruz Peregrina é uma estrutura de madeira de 3,8 metros que foi confiada aos jovens pelo Papa João Paulo II em abril de 1984 para que a carregassem “pelo mundo como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade” – o que vem sendo feito desde então, já tendo a cruz passado por todos os continentes do planeta. Entusiasmado, o Papa João Paulo II deu aos jovens, em 2003, mais um símbolo de fé, um sinal da presença materna de Maria, a Mãe de Deus, para acompanhar a peregrinação: uma cópia contemporânea de um antigo e sagrado ícone encontrado na primeira e maior basílica em homenagem a Maria, a Santa Maria Maior, que fica no Ocidente. Desde a primeira edição da jornada, os símbolos sagrados percorrem locais pontuais nas cidades-sede da JMJ, sendo transportados pelos próprios jovens.

Hospital São Vicente de Paulo - pág. 13 Ir. Maria Cristina D’Abruzzo


LUIZ ALBERTO MOREIRA SOUZA

UMA BELA IMAGEM DE VIDA PROFISSIONAL

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m 1969, ele chegou ao então pequeno Hospital São Vicente de Paulo para fazer sua residência médica. Estava no 6º ano da Faculdade Nacional de Medicina, a atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se formou no final de 1970. Na época, a Radiologia ainda era uma especialidade recente no mundo e contava com poucos recursos. Mas Luís Alberto Moreira Souza se encantou pela magia dos diagnósticos por imagem, executando as radiografias de tórax nos pacientes que eram internados no hospital. Seu primeiro diagnóstico radiológico marcante foi um pneumoperitônio em uma Irmã idosa que a levou à cirurgia de urgência e recuperação completa em poucos dias. Seu maior orgulho é ter colaborado, em mais de 40 anos de profissão, para a formação de dezenas de profissionais, muitos dos quais ainda trabalham em sua equipe. Dedicado à neurorradiologia, o médico, que já foi chefe da radiologia do Hospital São Vicente de Paulo e atualmente optou pela função de consultor do setor, teve a oportunidade de acompanhar toda a evolução da área de radiologia e crescer junto com a sua especialidade.

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Revista HSVP: Por que você escolheu essa profissão? Luiz Alberto Moreira – Eu nunca pensei em ser outra coisa além de médico. Apesar de meu pai ser advogado, ele tinha muitos amigos médicos que acabaram por me inspirar. A profissão de médico me encantava. Já a Radiologia foi um acaso, uma questão de oportunidade. Como o Hospital São Vicente, na época, era um hospital muito pequeno, fazíamos um pouco de tudo no período de residência. E o médico responsável pela Radiologia naquele tempo, o Dr. Ubirajara Martins, achou que eu levava jeito e que gostava de fazer os diagnósticos de raios-X. Ele me convidou a estagiar com ele na maior clínica de radiologia do Rio de Janeiro, onde me ensinou o ofício, começando minha especialização. Revista HSVP: Desde o início da sua carreira, muita coisa mudou na Radiologia. Como você acompanhou essas mudanças e como decidiu se dedicar à neurorradiologia? LAM – No início da década de 70, não havia os

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-- RADIOLOGISTA exames de imagem que existem hoje. Trabalhávamos, basicamente, com os raio X. O equipamento do HSVP era bem básico e nos limitava muito. Em 1971, eu vi um anúncio de venda de um aparelho do governo que tinha um seriógrafo e que nos permitiria fazer exames mais elaborados. Pedi às irmãs o aparelho e elas compraram. Comecei a ajudar o neurocirurgião, Dr. Joel Guelman, a realizar arteriografias cerebrais e isso foi despertando meu interesse pela neurorradiologia. Toda a minha formação em neurorradiologia foi feita com o Dr. Felício Jahara, pioneiro nessa especialidade no Rio de Janeiro. Em 1974, recebi uma bolsa (fellowship) para estudar na Baylor University, em Houston, nos Estados Unidos, o que foi muito importante na minha vida profissional, pois foi onde realmente me especializei em neurorradiologia. Voltei dos EUA com uma nova técnica, a da arteriografia por cateter – antes a arteriografia cerebral era feita por punção no pescoço –, e fomos pioneiros na utilização dessa técnica. Quando o novo Hospital São Vicente de Paulo foi inaugurado, com novos aparelhos, em 1980, éramos o hospital mais bem equipado e com melhores condições para a realização de arteriografia cerebral, cardíaca e periférica. Os exames se tornaram mais acurados e feitos por punção da artéria femoral, não sendo necessário anestesia geral. Revista HSVP: Que momentos mais marcaram a sua carreira? LAM – A inauguração do novo hospital, em 1980, sem dúvida, foi o fato mais marcante. Eu era um médico com poucos anos de formado e, mesmo assim, as irmãs confiaram em mim e na minha dedicação para chefiar o setor de Radiologia. E isso foi importante não só pela promoção na carreira, mas também porque eu pude participar de todas as decisões para a construção do meu setor, desde as plantas até os equipamentos que seriam comprados. Além disso, tive a chance de formar muitos médicos nessa área, muitos deles ainda trabalham comigo. Outros momentos importantes foram o surgimento da tomografia computadorizada e da ressonância magnética que revolucionaram a radiologia e o estudo do cérebro e da medula.

Revista HSVP: Como foi a chegada dessas novas tecnologias? Houve dificuldades de adaptação? LAM – É normal que haja dificuldades com métodos novos. Quando a ressonância magnética surgiu, foi uma grande revolução e todo mundo queria, mas não se dominava muito conhecimento a respeito do exame e ocorriam alguns erros desconcertantes. Certa vez, trouxeram de avião de Goiás uma criança de uns 7 anos, em uma grande operação de transferência de emergência, com um diagnóstico, que havia sido feito no local onde ela foi atendida e submetida à ressonância, de malformação na medula. Quando olhei o exame, vi que havia sido feita uma leitura equivocada, que a criança não tinha nada de grave: eram apenas artefatos gerados pelo fluxo do líquor. Esses erros fazem parte da chamada curva de aprendizagem e, quanto mais dominamos o método, menos erramos, mas sabemos que temos que conviver com esses fantasmas que, volta e meia, nos pegam desprevenidos. Revista HSVP: Existem diagnósticos mais difíceis de serem feitos? LAM – Não existe diagnóstico difícil. O que ocorre é que, apesar do que muita gente pensa, a imagem do exame nem sempre aponta para um diagnóstico apenas. Há muitas doenças que se apresentam da mesma forma na imagem de uma ressonância ou CT. É preciso ter conhecimento de todo o quadro clínico para fazer um diagnóstico mais assertivo. Essa é uma das coisas que fazem do Hospital São Vicente de Paulo um dos melhores lugares do Rio para trabalhar com diagnósticos por imagem. Pelo fato de ser um hospital de corpo clínico fechado, o contato mais próximo e frequente, com mais troca de informação, entre os radiologistas e os médicos do Corpo Clínico leva a um número de acertos maior. E aqui há um grande entrosamento entre os radiologistas e os médicos da casa, além de o hospital estar muito bem equipado.

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BICHOS FAZEM BEM À SAÚDE Estudos apontam que ter um animal de estimação pode reduzir fatores de risco para doenças cardíacas, entre outros benefícios Luiza Ruggeri Ramalho, psicóloga

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specialistas da American Heart Association, em artigo publicado em maio na revista Circulation, avaliaram uma série de estudos relevantes e concluíram que ter um bicho de estimação pode reduzir os fatores de risco para doenças cardíacas, como hipertensão, níveis elevados de colesterol no sangue e obesidade. Para os estudiosos, os cães são os que trazem maior benefício, porque as pessoas precisam levar o cachorro para passear. Um dos estudos analisados, que observou mais de 5 mil adultos, comprovou que os donos de cães fizeram mais exercícios do que aqueles que não possuem o animal. Além disso, pessoas que tinham cachorros se mostraram 54% mais propensas a atingir o nível recomendado de atividade física - pelo menos, 90 minutos de caminhada por semana. Animais também melhoram a qualidade de vida de pessoas que já possuem doenças do coração e podem ter um efeito positivo sobre as reações do organismo ao estresse, de acordo com o artigo científico. A psicóloga Luiza Ruggeri Ramalho, que faz o acom-

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panhamento de pacientes no Hospital São Vicente de Paulo, concorda que o animal pode gerar estímulos à mente e também levar a pessoa a se movimentar mais, já que demanda alguns cuidados. “Os idosos, por exemplo, podem se beneficiar de muitas formas. A primeira delas é o fator emocional, pois as pessoas que chegam a uma idade avançada já perderam muitos amigos e parentes queridos e o bicho pode oferecer uma complementação de afeto. Além disso, brincar com o animal ativa as funções cerebrais e gera hormônios que estimulam o prazer, o que traz uma série de benefícios ao corpo e à saúde mental”, ressalta a psicóloga. A jornalista e produtora de eventos Valéria Andrade, de 50 anos, moradora da Zona Sul do Rio, adotou um cachorro, há sete anos, para ajudar seu filho a lidar com a perda da avó. Ela conta que a família toda acabou se beneficiando da companhia do cão. “Maddox


entrou em minha vida num momento de grande vazio para meu filho, que havia perdido a avó querida e sofria com isso. Companheiro de todas as horas, o seu olhar nos traz paz, a sua presença alegra o ambiente e o seu carinho nos fortalece nos desafios diários que a vida nos apresenta. Algum tempo depois, eu tive um problema de saúde que me deixou na cama por dois meses e o Maddox não saía do meu lado. Sua cumplicidade era o bastante para me energizar e me fazer sorrir. Costumo dizer que ele foi 80% responsável pela minha recuperação. Em outra ocasião, o pai do meu filho precisou de uma cirurgia e ficou semanas no hospital. Quando saiu, só pensava em levar o cachorro para passear”, conta Valéria. Para ela, o cachorro também ajuda a sociabilidade, já que os donos de cachorro costumam trocar experiências. Já o comerciante Mário Antônio de Almeida Carriço, de 65 anos, atribui aos seus gatos até sua vitória contra o tabagismo. “Em 2005, tive um infarto e precisei colocar dois stents. Eu levo uma vida muito agitada e fumava muito, não conseguia parar. No entanto, pouco depois do meu infarto, encontrei na rua um gato, que decidi adotar e chamei de Apolo. A experiência foi tão boa que hoje em dia já tenho mais dois: o Rocky e o Cat. Eles me trazem uma tranquilidade muito grande. Quando chego em casa depois de um grande estresse, parece que eles sentem e se aproximam mais. Essa tranquilidade me ajudou a reduzir os cigarros e até consegui parar”, conta. Mas a psicóloga Luiza Ruggeri Ramalho lembra que não são só os cães e gatos que podem beneficiar seus donos. “O cão e o gato oferecem uma maior interação, levam a fazer mais exercícios, porém não é qualquer pessoa que vai se dar bem com esses bichos. O importante mesmo é que seja um animal que a pessoa tenha por gosto, por afeto. E um que ela possa cuidar. Pode ser uma tartaruga, um peixe, um passarinho. Esses animais, inclusive, podem ser muito bons para quem sofre de ansiedade”, destaca. Segundo a especialista, não há contraindicações para um bicho de estimação, desde que se possa cuidar dele. Se a pessoa não gosta mesmo de animais e deseja ocupar um vazio ou se ocupar de algo, a psicóloga recomenda qualquer rotina de atividade que seja prazerosa: pode ser até uma planta, “que pode trazer benefícios semelhantes se houver uma dedicação aos cuidados”.

Confira o que a ciência aponta Redução das alergias em crianças – Um pesquisador da Universidade de Wisconsin-Madison verificou que as chances de uma criança desenvolver alergias são 33% menores quando se tem um bicho de estimação em casa. De acordo com o estudo, a convivência ajuda a fortalecer o sistema imunológico. Outro estudo, realizado na Universidade de Virginia, mostrou que crianças que são criadas em contato com bichos têm menos tendência a desenvolver asma. Redução do estresse – Estudo da Universidade Estadual de Nova York, nos Estados Unidos, mostrou que os bichos de estimação ajudam o combate ao estresse. Após testar os níveis de tensão de pessoas em quatro situações – sozinhas, com seu parceiro, com seu animal e com seu parceiro e o animal –, verificaram que as pessoas que estavam só com seus animais eram mais tranquilas. Bom para o coração – Pesquisas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e do Instituto Nacional de Saúde (NIH), nos Estados Unidos, apontam que cuidar de um animal ajuda a reduzir a pressão sanguínea e os níveis de colesterol e triglicérides. Hipoglicemia – Pesquisadores da Universidade Belfast do Queens, na Irlanda, e da Universidade de Lincoln, na Inglaterra, descobriram que é possível treinar cachorros para ajudar seus donos a evitarem crises de hipoglicemia. De acordo com o estudo, os cães são capazes de detectar uma redução do índice glicêmico ao perceber sinais sutis do corpo, como a liberação de feromônios no suor. Valéria conta que seu cachorro, Maddox a ajudou a enfrentar problema de saúde

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EM OUTUBRO, O HSVP É ROSA

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tumor de mama é o mais comum entre as mulheres e é a segunda maior causa de morte por câncer em mulheres. Mas a doença também tem um alto índice de cura, que pode chegar a 90% se descoberta no início. Por isso, o Hospital São Vicente de Paulo realiza uma série de ações em prol da campanha do Outubro Rosa, movimento popular celebrado em todo o mundo neste mês, que tem por objetivo a prevenção e a conscientização para o câncer de mama. No dia 5 de outubro, será realizada uma palestra gratuita a respeito do câncer de mama pelo Serviço de Mastologia, destinada ao público feminino em geral e aberta a quem quiser participar. Haverá também a distribuição de folhetos informativos e laços cor-de-rosa, que são o símbolo da campanha. Nos últimos meses, o hospital vem realizando, gratuitamente, para 50 mulheres pré-cadastradas que não possuem plano de saúde, exa-

mes de mamografia e outros serviços de assistência médica para diagnóstico precoce de tumores mamários. E a expectativa é que o número de mulheres atendidas por essa iniciativa de responsabilidade social aumente a cada ano. O projeto tem a participação multidisciplinar dos Serviços de Radiologia, Patologia, Serviço Social, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Enfermagem. “Campanhas como o Outubro Rosa são muito importantes para a multiplicação de informações e redução das taxas de mortalidade por doenças que, como o câncer de mama, são altamente curáveis quando tratadas cedo. É importante lembrar às mulheres fazer o auto-exame e consultas regulares ao ginecologista, além de prover outras informações que facilitem a detecção precoce, para que o tratamento possa ser iniciado cedo, aumentando as chances de ser bem-sucedido”, destaca a mastologista Joyce Ribeiro, que coordena a campanha no HSVP juntamente com a mastologista Sandra Gioia. Quando a doença é descoberta em um estágio avançado, os índices de mortalidade são altos e o tratamento é complexo e oneroso. Por outro lado, quando o diagnóstico é feito cedo, em estágio em que o tumor ainda não ultrapassou dois centímetros de diâmetro, o tratamento pode ser feito com cirurgia conservadora, que possibilita, até, a preservação da mama.

PALESTRA GRATUITA Data: 5/10 | Horário: das 9h às 10h. Local: Centro de Convenções Irmã Mathilde, do HSVP.

II Simpósio de Câncer de Mama Com o tema Abordagem Multidisciplinar do Tratamento Conservador do Câncer de Mama Pós-quimioterapia, o Hospital São Vicente de Paulo realizou, em julho, seu II Simpósio de Câncer de Mama. Sob a coordenação das mastologistas Sandra Gioia e Joyce Ribeiro, o evento abordou temas importantes da oncologia da mama, incluindo tipos de incisão e preservação da fertilidade. Entre os palestrantes estavam a radiologista Viviane Aguilera, do Instituto Nacional de Câncer (INCA); o patologista Sérgio Romano, também do INCA; o especialista em reprodução humana Luiz Fernando Dale, da Clínica Dale; e o cirurgião plástico Marcelo Moreira, do HSVP.

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NOCAUTE NA CONTAMINAÇÃO HOSPITALAR

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s mãos são a principal via de transmissão de fungos, bactérias e outros microrganismos. Um estudo realizado por pesquisadores americanos na Universidade do Colorado, em 2008, revelou que, em média, a mão de uma pessoa carrega cerca de 150 tipos diferentes de bactéria. A maior parte desses microrganismos não causa mal à saúde, mas há muitos que podem causar doenças, algumas resistentes a antibióticos. Para evitar o risco de contaminação no ambiente hospitalar, o Hospital São Vicente de Paulo promove continuamente campanhas entre seus funcionários pela higienização constante e correta das mãos. Este ano, o tema da campanha foi O Desafio Está Lançado: HSVP x Infecção Hospitalar. Participe Desta Luta!”, inspirada no UFC ((Ultimate Fighting Championship). Championship O hospital ofereceu treinamento e promoveu uma divertida disputa entre as equipes a respeito de quem conseguia reduzir mais o índice de RLUs (“unidade de luz relativa”, medida usada para medir a contaminação microbiológica) após a lavagem e secagem das mãos.

“A higienização das mãos é prioridade na Organização Mundial da Saúde e é meta do programa de segurança do paciente da Anvisa. Mais do que um hábito, a prática tem que ser um reflexo – uma daquelas ações que você faz automaticamente sem nunca esquecer”, comenta a médica Isabella Albuquerque, coordenadora do Serviço de Higiene e Controle de Infecção Hospitalar (SHCIH). Foram semanas de treinamentos e medições com aparelhos especiais doados por uma empresa privada e 11 equipes multidisciplinares se classificaram para a final. A mobilização foi encerrada com uma cerimônia de premiação que teve a participação do lutador e três vezes campeão mundial de jiu-jítsu Gilbert Burns, o Durinho, que entregou o Troféu Cinturão. A equipe do plantão diurno do CTI, representada pelo Orlando Domingos, foi a vencedora, seguida pela outra equipe do plantão diurno do CTI, representada pela Ana Carla Souza, e equipe da hemodiálise, representada pela Dneffer Mattos. A higienização adequada das mãos remove até 99% dos microorganismos presentes. A enfermeira Paula Bacco, uma das responsáveis pelo projeto, lembra que a técnica de higiene das mãos deve contemplar toda a superfície das mãos, e no enxágue e secagem os movimentos devem ser unilaterais, dos punhos para as pontas dos dedos. “Observamos durante a campanha que existe a necessidade de treinamento periódico, pois, mesmo em pessoas que têm o hábito de lavar as mãos com frequência, identificamos muitas situações de recontaminação durante a lavagem e secagem das mãos”, ressalta Paula Bacco.

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