Revista do Hospital
São Vicente de Paulo Ano 4 • Número 16 • Jun/Jul 2015
Alexandra Richter Atriz da TV Globo é a madrinha da Campanha de Higiene das Mãos 2015 do HSVP
Glaucoma Exame de fundo de olho pode diagnosticar a doença na fase inicial. Consulte seu oftalmologista!
Dor na coluna Não dê as costas para esse problema
Informativo bimestral do Hospital São Vicente de Paulo
Desafios que levam às conquistas Caro amigo, A recessão econômica tão propagada pela imprensa está cada vez mais presente no cotidiano das famílias brasileiras. Na gestão das empresas não é diferente. Como Diretores, nós nos vemos diante de grandes desafios para realizar um competente trabalho em meio a um cenário econômico que impõe gastos e sacrifícios cada vez maiores. A palavra grega krisis reporta à ação de “separar”, “distinguir” e “decidir”. Estar em crise é ser chamado a fazer escolhas, que vão gerar mudanças e transformações. Por isso, mais do que nunca, mantemos o nosso compromisso real com a Qualidade para crescer e vencer as atuais dificuldades. Nesse caminho, o HSVP se afiliou, em abril, à Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), uma renomada entidade cuja função é fomentar o desenvolvimento do mercado brasileiro de saúde. Sem abrir mão da nossa “vocação para cuidar”, estamos conseguindo ampliar as ações que colaboram para a humanização dos nossos serviços. Essa iniciativa foi reconhecida e premiada durante a maior feira hospitalar das Américas, realizada, em maio, em São Paulo. Nas próximas páginas, você vai conferir outras matérias que também refletem nossa preocupação com a assistência qualificada. O destaque é a capa desta edição, que traz a atriz Alexandra Richter como madrinha da nossa grande campanha de higiene das mãos, direcionada a colaboradores, pacientes e familiares. Seguimos em frente, na certeza de que a Excelência é uma meta viva, que precisa ser valorizada, desejada e perseguida cada dia. Boa leitura! Ir. Marinete Tibério – Diretora Executiva do HSVP
SUMÁRIO Personalidade – Edson Rogatti, presidente da CMB A saúde como protagonista Artigo – Remoção de mamas e ovários Glaucoma Campanha de Higienização das Mãos Dor na coluna Cirurgia da mão Entrevista – Edson Braga Lameu, gastroenterologista Serviço – Espaço para lazer e descanso Aconteceu
EXPEDIENTE 3 4, 5 6,7 8,9 10,11 12, 13 14, 15 16,17 18 19
Hospital São Vicente de Paulo - Rua Dr. Satamini 333 Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - Tel.: 21 2563-2121. FUNDADO EM 1930 pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Diretoria Médica: Marcio Neves (CRM: RJ-577755). Conselho Administrativo: Ir. Marinete Tibério, Ir. Josefa Coissi, Ir. Emanuele Gonçalves de Alcântara e Ir. Ercília de Jesus Bendine. Conselho Editorial: Ir. Marinete Tibério – Diretora Executiva; Ir. Josefa Coissi – Diretora de Enfermagem; Ir. Ercília de Jesus Bendine – Diretora de Relacionamento com o Paciente; Marcio Neves – Diretor Médico; Gabriela Claro – Gerente de Hospitalidade; Olga Oliveira – Gerente de Suprimentos; Vanderlei Timbó – Coordenador de Qualidade. Edição: Simone Beja. TEXTOS: Donato de Almeida, Simone Beja e Thiago Ribeiro. Projeto gráfico e DIAGRAMAÇÃO: SB Comunicação. APOIO EDITORIAL: Wilson Agostinho e Thiago Ribeiro. Impressão: Arte Criação.
Edson Rogatti
Presidente da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB)
CMB investe em parcerias para recuperação financeira
O
Brasil conta com mais de 2 mil hospitais sem fins lucrativos, incluindo as Santas Casas, que atendem principalmente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, a defasagem da tabela de valores do SUS, os cortes nos orçamentos (que estão em torno de 30% e não permitem que os gestores consigam honrar seus compromissos), a falta de investimentos dos governos e as irregularidades administrativas são apontadas pela Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB) como as causas para o constante prejuízo do setor. Edson Rogatti, que é presidente da CMB e diretor-presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp), conversou com a Revista do HSVP sobre a atual situação vivida pelas entidades no país e apresentou os principais projetos que tramitam no Congresso Nacional. Revista do HSVP: Em 2015, a dívida das Santas Casas chegava a R$ 15 bilhões. Atualmente, estima-se que esse número seja superior. Nesse sentido, o que vem sendo feito pela CMB e pelas Federações para reverter o cenário adverso? Edson Rogatti: Hoje, as dívidas giram em torno de R$ 17 bilhões. Nos últimos meses, estivemos reunidos com os ministros da Saúde, Arthur Chioro, e da Casa Civil, Aloízio Mercadante, para tratar de alternativas que possam contribuir para recuperação das Santas Casas. Um projeto de linha de crédito já está em andamento na Caixa Econômica Federal e no BNDES. Esses empréstimos proporcionariam juros menores e prazos mais longos, com carência de até 6 meses para início do pagamento. A implantação dessa medida daria fôlego para os hospitais começarem um processo de recuperação financeira.
Revista do HSVP: Como está a relação das Santas Casas entre os parlamentares? ER: Nossa orientação é que as federações invistam no relacionamento com os parlamentares, seja na esfera federal quanto na estadual. Em abril, por exemplo, a Federação do Paraná (Femipa) realizou um encontro com a bancada de seu estado para apresentar o quadro do setor filantrópico, seus benefícios e o impacto dos projetos de lei que estão tramitando no Congresso. Em junho, vamos articular um movimento nacional para esclarecer à população os valores de cada procedimento feito nos hospitais e qual o percentual repassado pelo governo. Queremos mostrar que nosso objetivo é atender cada vez mais pacientes, com qualidade e sem fila de cirurgia, mas, para isso, precisamos contar com o apoio do governo. Revista do HSVP: Como você avalia a situação das Santas Casas no país? ER: Recentemente, fizemos um levantamento entre as Santas Casas do estado de São Paulo, que apontou que 91 – das 422 unidades – estão sob intervenção ou próximas de encerrarem suas atividades. A situação é de crise e difícil para nossos hospitais. Acredito que o reajuste na tabela de repasse do SUS ou a parceria com a Caixa/ BNDES sejam o melhor caminho. Nosso objetivo para o próximo ano é que mais recursos sejam incluídos no orçamento e direcionados às Santas Casas, principalmente para os procedimentos de média e alta complexidades. Há mais de dez anos, a tabela não é reajustada e, quanto mais se atende o SUS, maior é o prejuízo dos hospitais.
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A Saúde como protagonista
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apresentação de temas de saúde pública no teatro, no cinema e na TV valorizou-se e ganhou espaço em diversas tramas. Em 2015, Holywood premiou com o Oscar de melhor ator (Eddie Kedmayne) e de melhor atriz (Julianne Moore) os intérpretes de personagens que vivenciavam enfermidades como o Alzheimer (no filme Para Sempre Alice) e a esclerose lateral amiotrófica (no filme A Teoria de Tudo). Assim como no cinema, muitas séries e telenovelas têm mostrado cada vez mais assuntos relacionados a doenças graves, de grande incidência, ou o cotidiano de pacientes e suas dificuldades. Utilizar a mídia de entretenimento para a promoção da saúde e a prevenção de doenças é uma ferramenta valiosa do ponto de vista educativo, em razão da abrangência e da penetração desses canais. No entanto, dada a complexidade dos temas médicos, não raras vezes, são inseridas nas tramas informações erradas e comportamentos prejudiciais à população. Afinal, até que ponto abordar a saúde na arte é benéfico para o público? Para o coordenador do Centro Cirúrgico do HSVP, Dr. Péricles Romero, tratar questões de saúde em novelas e filmes é positivo quando gera conhecimento e fomenta discussões, mas tem seu grau de risco. “Em muitos casos, principalmente na televisão brasileira, a forma de falar de um assunto de Dr. Péricles Romero saúde serve ao enredo – e não ao entendimento da doença, o que resulta em informação distorcida e sem fundamento técnico, causando uma falha de interpretação do público”, analisa. Na opinião da coordenadora do ambulatório do HSVP, Dra. Claudia Nastari, a televisão e o cinema podem ajudar a sociedade promovendo informações educativas sobre saúde, mas também podem ser Dra. Claudia Nastari
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prejudiciais quando abordam os temas de forma sensacionalista. “Falar sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis em uma novela é fantástico. Funciona muito bem e ajuda a população. Por outro lado, esses meios podem passar mensagens incorretas e, assim, criar algumas inverdades ou mitos, principalmente em relação às doenças e suas limitações. Da mesma forma, se uma história é ambientada em um hospital e mostras situações que denigrem os profissionais ou a instituição, isso é muito negativo, pois o público entende isso como sendo uma prática comum em todos os hospitais”, observa.
Cena do filme A Teoria de Tudo
Ficção versus realidade Um dos filmes mais comentados de 2014 foi A Teoria de Tudo, que conta a história do físico inglês Stephen Hawking, um cientista que convive há mais de 50 anos com a esclerose lateral amiotrófica – doença neurológica degenerativa que causa atrofia e endurecimento dos músculos. O cotidiano de quem sofre da enfermidade e alguns aspectos dela foram retratados nessa
obra, sendo um dos mais recentes exemplos de dramaturgia inspirada em questões de saúde. Mas quem sofre de um drama semelhante na vida real nem sempre enxerga seu dia a dia representado na tela. O médico Lourival Loureiro, clínico geral do HSVP desde 1982, convive há mais de 20 anos com a esclerose múltipla, doença que atinge o sistema nervoso e provoca dificuldades motoras e sensitivas. Ele comenta que já se indignou com histórias encenadas na TV de personagens com esclerose e que são mostradas de forma incorreta. “Há alguns anos, eu assisti a uma minissérie em que o protagonista descobria que tinha esclerose múltipla e passou a ter pensamentos de suicídio. Toda a abordagem da trama foi feita de forma muito dramática e negativa para quem sofre da doença.
Cena do filme Para Sempre Alice
Eu fiquei revoltado, pois quem tem esclerose não precisa pensar em morrer, mas, sim, em se adaptar e tocar a vida pra frente da melhor forma possível. Eu, por exemplo, sou médico há mais de 30 anos e continuo exercendo a minha profissão ativamente”, disse. Segundo o Dr. Lourival, de forma geral, também existem boas representações sobre saúde feitas na TV e no cinema, mas sempre ressaltando
Utilizar a mídia de entretenimento para a promoção da saúde e a prevenção de doenças é uma ferramenta valiosa do ponto de vista educativo
Dr. Lourival Loureiro
que é preciso ter uma boa pesquisa técnica. “Acho muito válido quando a abordagem é feita no sentido de conscientizar ou esclarecer determinada questão. É muito comum o paciente nos questionar no consultório sobre coisas que viu na TV ou em algum filme. Por isso, tudo que se mostra ou sobre o qual se fala nesses meios precisa ter, pelo menos, a consultoria de um médico ou de um especialista”, conclui.
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Remoção de mamas e ovários na prevenção do câncer: O caso da atriz Angelina Jolie Dr. Décio Lerner Formado em Medicina desde 1988 pela Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, Décio Lerner é médico oncologista, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Faz parte do Corpo Clínico do HSVP há mais de 20 anos. Chefia o Departamento de Oncologia do Hospital Federal de Ipanema e também atua no Centro de Transplante de Medula Óssea do INCA.
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á dois anos, a atriz americana Angelina Quem realmente deveria Jolie foi submetida à retirada das duas fazer o teste? mamas preventivamente, com o objetivo de evitar o câncer de mama, procedimento co- Embora não existam critérios uniformes, a reconhecido como mastectomia bilateral. Recente- mendação pode ser definida da seguinte maneimente, ela também foi submetida à retirada dos ra, considerando parentes com câncer de mama ovários e das trompas, com a intenção de evitar o e/ou ovário: câncer de ovário. • Dois parentes de primeiro grau (mãe, filha ou Jolie tem uma forte história familiar para irmã) , uma das quais com menos de 50 anos; câncer de mama e de ovário. A mãe dela morreu • Três ou mais parentes de primeiro ou segundo de câncer de ovário aos 49 anos, a avó também graus (tia, prima ou avó) diagnosticadas com morreu da mesma doença e a tia faleceu em decâncer independentemente da idade; corrência de câncer de mama. • Parente de primeiro grau O risco de uma mulher ser com câncer de mama biA retirada acometida pelo câncer de mama lateral; preventiva das é de cerca de 12%. Somente 10% dos cânceres de mama são • Câncer de mama em hoduas mamas é causados por uma alteração em mem, em algum parente; sempre um assunto um gene conhecido como BRCA, • Combinação de dois ou de grande debate. mas as mulheres que são portamais parentes de primeiro doras dessa alteração no gene ou segundo graus com cântêm um risco de quase 90% de desenvolver câncer de ovário; cer de mama e de cerca de 50% de desenvolver • Mulheres judias de ascendência asquecâncer de ovário. nazi (judeus do Leste da Europa) com qualEsse é o caso da atriz Angelina Jolie. Devido à quer parente de primeiro grau ou dois história familiar de câncer de mama e de ovário, parentes de segundo grau no mesmo lado ela se submeteu a um teste genético para saber se da família, diagnosticadas com câncer de era portadora dessa alteração no gene BRCA e o mama ou ovário. teste foi positivo. Ao decidir fazer a triagem e obter a informação correta sobre o risco de desenvolver a doença e quão alto eles seriam, ela pôde tomar a decisão de fazer as cirurgias preventivas.
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A retirada preventiva das duas mamas é sempre um assunto de grande debate. Conforme depoimento da própria atriz, uma vez que soube claramente dos riscos que corria, decidiu ser
proativa e minimizar os riscos de desenvolver a doença o máximo que pudesse. No caso da retirada das mamas, o risco caiu de 87% para 5%. Já no caso da cirurgia de retirada de trompas e ovários, reduziu o risco de desenvolver o câncer de ovário em cerca de 80% a 90%. Apesar disso, o risco não é eliminado totalmente porque as mesmas células que causam o câncer de ovário podem ser encontradas na cavidade peritonial, membrana que recobre a parede abdominal e os órgãos abdominais. Tais células podem dar origem ao câncer primário de peritônio, conhecidas como “primas” do câncer de ovário, e não podem ser retiradas cirurgicamente.
Haveria outra opção menos drástica? No caso das cirurgias das mamas, para mulheres com essa mutação, há a possibilidade do uso de alguns medicamentos e acompanhamento rigoroso. Mas mesmo os melhores exames radiológicos não previnem o câncer, apenas podem diagnosticá-lo numa fase inicial. No caso do ovário, exames frequentes com ultrassom e a dosagem sanguínea do marcador tumoral CA 125 nunca se mostraram realmente eficazes. Uma alternativa à retirada dos ovários é o uso de anticoncepcionais orais, que pode reduzir a chance de desenvolver câncer de ovário em 50%, ou seja, com a presença da mutação genética, mais a história familiar, esse risco é de 50%; com a pílula pode ser reduzido para 25%.
Em relação à cirurgia de retirada de trompas e ovários, embora seja uma cirurgia mais simples, seus efeitos são mais severos. A mulher, se ainda não entrou na menopausa, é colocada numa menopausa forçada, que pode levar a enfraquecimento dos ossos, alteração de humor, libido e maior risco de problemas cardiovasculares. Por isso, deve fazer uma reposição hormonal em baixas doses. No caso da atriz Angelina Jolie, com base na alteração genética e na história familiar, a decisão foi a mais adequada.
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Glaucoma Até 2020, 80 milhões de pessoas no mundo sofrerão da doença, diz estudo
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egundo pesquisa científica, publicada no British Journal of Ophthalmology, em 5 anos haverá 80 milhões de pessoas no mundo portadoras de glaucoma, doença crônica em que o principal fator de risco é o aumento da pressão intraocular, segunda maior causa de cegueira, perdendo apenas para a catarata. No Brasil, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, os números também não animam: cerca de um milhão de brasileiros sofrem da doença e 2% da população desconhecem que são portadores. O glaucoma de ângulo aberto é o mais comum e está presente em 80% dos casos. Isso significa um enorme desafio para o Sistema de Saúde, pois esse tipo de glaucoma é assintomático no estágio inicial e seu diagnóstico necessita de exames especializados. Responsável pelo setor de Glaucoma do HSVP, a médica Luisa Aguiar explica que, na maioria dos casos, a progressão do glaucoma é muito lenta e a perda da visão periférica só é percebida pelo
paciente nos estágios mais avançados da doença. “Como as pessoas não consultam regularmente o oftalmologista, descobrem o glaucoma quase por acaso. Quando os sinais do problema começam a se manifestar, já existe uma perda grave da visão. Por isso, quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o resultado do tratamento”, afirma. A comerciária Beatriz Buono, de 56 anos, descobriu o glaucoma quando, ao fazer o exame de vista, o oftalmologista pediu também o exame de campo visual. “Tive muita sorte, pois a doença estava começando e quase não afetou a minha visão. Desde então, faço tratamento com colírio e exames a cada seis meses”, conta. O caso de Beatriz não é a regra. Cerca de 80% dos casos de glaucoma se manifestam em adultos acima dos 40 anos, sendo mais frequente entre os idosos. Apesar de o problema poder atingir qualquer pessoa, os portadores de diabetes, hipertensos, míopes ou aqueles que tenham histórico familiar da doença estão entre os mais propensos a desenvolver o problema. “Esse grupo, em especial, não deve abrir mão de consultas anuais para aferição da pressão intraocular”, alerta a médica.
Colírios versus cirurgia O glaucoma é uma doença crônica que ainda não tem cura e não é possível recuperar o campo de visão perdido. O tratamento busca basicamente diminuir a pressão intraocular e impedir a progressão da doença. Para os diferentes tipos de glaucoma, existem tratamentos específicos, desde os colírios – que protegem o nervo óptico e impedem que a visão do paciente seja afetada – até as cirurgias. De acordo com a Sociedade Brasileira de Glaucoma, aproximadamente 10% dos pacientes portadores de glaucoma primário de ângulo aberto são encaminhados para cirurgia. Nesse campo, novas técnicas e procedimentos são
Dra. Luisa Aguiar
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Danos ao
pesquisados e divulgados constantemente, nervo óptico embora a cirurgia mais realizada seja a trabeculectomia. Para a Dra. Luisa, o procedimento cirúrgico só é indicado nos casos mais avançados da doença, que não respondem bem aos remédios e colírios. O Centro de Oftalmologia do HSVP está equipado com todos os recursos tecnológicos para diagnóstico e tratamento cirúrgico do glaucoma. “Temos modernos equipamentos para o acompanhamento e a investigação do glaucoma, incluindo o retinógrafo, que é a fotografia do fundo de olho, e o paquímetro, que nos ajuda a interpretar o valor da pressão intraocular. Além disso, nossos médicos têm anos de experiência em avaliar os problemas e tratá-los adequadamente”, informa a especialista.
Pressão anormal no interior do olho
26 de maio – Dia Nacional de Combate ao Glaucoma No Brasil e no mundo são realizadas cada vez mais campanhas de conscientização sobre o glaucoma, alertando a população para a gravidade dessa doença, que continua desconhecida por muitos. Em 2000, foi criada a Associação
Grupos de Risco para o Glaucoma »» Hereditariedade: casos de familiares portadores de glaucoma; »» Indivíduos com mais de 40 anos de idade: o risco de glaucoma aumenta com a idade; »» Raça negra: os indivíduos da raça negra tendem a desenvolver o glaucoma numa idade inferior à média e a probabilidade de ser afetada é quatro vezes maior em relação à raça branca; »» Altos míopes: indivíduos míopes que usam lentes acima de seis graus; »» Diabéticos e hipertensos; »» Pacientes que tiveram trauma ocular ou doenças intraoculares. Fonte: Associação Brasileira dos Amigos, Familiares e Portadores de Glaucoma.
Brasileira dos Portadores de Glaucoma, seus Amigos e Familiares (Abrag) com o propósito de difundir informações sobre o glaucoma e oferecer apoio e educação aos pacientes, ajudando, assim, a dar continuidade ao tratamento. “A informação é um fator fundamental. Quando a pessoa tem consciência de que existe uma doença silenciosa, ela se torna um agente questionador e pode questionar o oftalmologista sobre como está sua pressão ocular, como está o seu fundo de olho, e isso é fundamental para o diagnóstico precoce”, finaliza a Dra. Luisa.
Visitas ao oftalmologista É importante visitar o oftalmologista, pelo menos, uma vez ao ano para medir a pressão ocular. Além disso, os que possuem fatores de risco, como hipertensão, diabetes e glaucoma na família, devem fazer avaliações de seis em seis meses para verificação da curva diária de pressão, da paquimetria e do campo visual. Até os 40 anos, a pessoa deve passar por um exame completo de visão de três em três anos. Entre 40 anos e 65 anos, esse período diminui para dois anos. Após os 65 anos, os exames devem ser anuais.
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Alexandra Richter apoia a Campanha de Higienização das Mãos
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e acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as infecções hospitalares respondem por mais de 100 mil mortes no Brasil todos os anos, atingindo cerca de 14% dos pacientes internados. Uma das formas mais eficazes de prevenção do problema é a correta higiene das mãos nos diversos momentos em que o paciente será tocado. Mesmo sendo um simples gesto, a resistência de profissionais e da população em adotá-lo faz com que represente um desafio não só nos hospitais como na vida cotidiana. Anualmente, desde 2008, o HSVP promove treinamentos técnicos e campanhas educativas para seus profissionais. Em 2015, a ação terá como “madrinha” uma atriz da TV Globo, Alexandra Richter, que recebeu o convite com muito entusiasmo. “Sempre achei essa causa importante. Lavar as mãos é algo tão simples de que as pessoas acabam se esquecendo. Acho incrível que precisemos de campanhas para lembrar isso. Tomara que todos sigam o exemplo e se torne um hábito”, comentou. Com o tema Seja um Astro da Saúde: Higienize Suas Mãos, a campanha do HSVP em 2015 vai envolver todos os setores do hospital em uma competição, na qual os profissionais vão demonstrar a prática da higienização das mãos através de vídeos, pinturas, desenhos, esquetes teatrais, músicas e dança. A campanha terá duração de quatro meses e, no final, os melhores trabalhos serão premiados. Infectologista do HSVP, a Dra. Isabella Albuquerque explica que a sensibilização para a higienização das mãos deve ser constante. “As infecções relacionadas à assistência em saúde são o evento adverso mais freqüente nos hospitais e a principal forma de prevenção é a higiene das mãos. Com essa ação, que é relativamente simples e barata, evitamos essas complicações e contribuímos para a redução da disseminação de micro-organismos resistentes aos antimicrobianos, outro problema gravíssimo, tido como questão de saúde pública mundial”, explica.
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Ainda segundo a especialista, hoje há bactérias resistentes à maioria dos antimicrobianos disponíveis no mercado e o esforço deve ser constante para minimizar a ocorrência de infecções. “É um dever de cada profissional de saúde assumir o ato de higienizar as mãos como etapa fundamental na assistência aos pacientes, tão importante como fazer diagnósticos precisos e instituir tratamentos de ponta”, defende. Paula Bacco, enfermeira do Serviço de Higienização e Controle de Infecção Hospitalar (SHCIH), ressalta que as ações para melhorar a prática de higiene de mãos não são restritas à campanha anual, fazendo parte de um conjunto de iniciativas que envolvem os diferentes públicos do hospital. “Realizamos treinamentos sistemáticos com ênfase na técnica adequada para higiene de mãos, alertando para os cinco principais momentos de higiene das mãos: antes do contato com o paciente; imediatamente antes de procedimentos assépticos; após contato com material orgânico; após contato com o paciente; após tocar áreas próximas ao paciente. Esses treinamentos são oferecidos para cada novo colaborador e reforçados ao longo do ano em todos os setores. Também monitoramos a adesão à prática de higiene de mãos nos setores assistenciais”, explica. A Dra. Isabella Albuquerque e a enfermeira Paula Bacco participaram do evento de lançamento da campanha de higienização das mãos 2015
EQUIPE DO BEM A Campanha de Higienização das Mãos em 2015 apresenta uma novidade: colaboradores dos mais diversos setores do hospital vão compor um grupo, denominado Equipe do Bem. Essa comissão terá a função de sensibilizar, disseminar e monitorar a prática da higienização das mãos, educando e conscientizando os profissionais, os pacientes e seus familiares.
ELA É A NOSSA MADRINHA Por que você decidiu apoiar essa campanha? Eu sempre gosto de apoiar campanhas que beneficiem a população. É muito importante o artista usar a imagem dele para isso. Achei interessante o convite porque eu estava justamente reforçando a importância de lavar as mãos na minha casa, com a minha família. Tenho uma filha adolescente, que já chega da escola teclando o celular, e eu peço sempre para ela lavar as mãos antes de fazer qualquer coisa. Desde pequena, minha mãe me falava o quanto é importante estar com as mãos sempre limpas.
Você é uma pessoa atualizada com as questões de saúde? Sou muito e também me cuido bem, sou bastante disciplinada. Mantenho meus exames em dia, vou ao médico com frequência. Eu não fumo, não bebo, não como carne vermelha. Eu tento aderir a uma alimentação mais orgânica – sem ser radical – equilibrada. Como muitas frutas, verduras e legumes. Eu tento manter uma vida saudável através da disciplina. E também sempre oriento a minha filha em relação a isso.
Você acha que a participação de artistas, em campanhas como essa, influencia a opinião ou o comportamento do público? Acho que sim, com certeza. O público gosta de ver o que o artista veste, como pensa, qual maquiagem usa. Então, se eles querem saber sobre esses detalhes, é claro que, se eu estiver participando de uma campanha extremamente benéfica, como essa do Hospital São Vicente de Paulo, vão conseguir enxergar ainda mais a importância desse tema.
Quais são os seus projetos para os próximos meses? Agora em maio, começo a trabalhar na próxima novela do horário nobre da TV Globo, chamada Favela Chique, de autoria de João Emanuel Carneiro e com direção de Amora Mautner. Eu irei atuar em um núcleo cômico. Tenho também um projeto em teatro e estou captando recursos para rodar o filme A História de Nós Dois, que atualmente é uma peça teatral.
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Dor na Coluna Não dê as costas para esse problema
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ndré Luiz Malmmann começou a sentir dor discos intervertebrais responsáveis pela flexibina região lombar, até que um dia ela ficou lidade da coluna e o amortecimento dos imfortíssima, estendendo-se até o pé direito. pactos”, explica. Profissional de informática, André precisou ficar Em abril, André Luiz se submeteu a uma miafastado do trabalho por uma semana. A combi- crodissectomia para hérnia de disco, realizada no nação de má postura e de falta de atividades físi- HSVP. Seguiu à risca as recomendações do póscas regulares pode ter sobrecarregado a coluna, -operatório, que incluíam 15 dias de fisioterapia. provocando uma extrusão de disco na coluna Depois disso, vida normal, livre da dor. Segundo lombar. André é mais um a engrossar a estatística o Dr. Flávio Garcia, todo paciente operado de da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que patologia degenerativa da coluna ou de hérnia 80% dos adultos sofrerão, pelo menos, uma crise de disco, desde que não seja um caso complexo, de dor aguda nas costas levanta-se no dia seguinte e durante a vida. No caso da recebe alta hospitalar em hérnia de disco, segundo o dois ou três dias. “Somente se a dor não IBGE, são mais de 5,4 miAs partes móveis da comelhorar, é que partimos luna – cervical e lombar – lhões de brasileiros atingidos. A doença é a segunda são as que mais sofrem. para um procedimento maior causa de afastamento Não só por causa da idade, cirúrgico, mesmo que do trabalho, sendo superamas o estilo de vida, a obeminimamente invasivo” da apenas pelas doenças sidade, as posturas erradas do coração. no dia a dia e os traumas Dr. Flávio Assad Garcia Mas por que essa prerepetidos, mesmo microvalência tão grande? Para traumas, ao longo do temo neurocirurgião e chefe po vão afetando essa estrudo serviço de neurocirurgia do HSVP, Dr. Flávio tura. Para indicar o tratamento, esclarece o Assad Garcia, o primeiro médico, o primeiro passo é conversar com o pamotivo é o envelhecimento ciente, saber exatamente o tipo e as caracterísda população. Segundo ticas da dor; o segundo passo é realizar um exaele, é praticamente uni- me clínico detalhado e o terceiro é analisar os versal que, após os 65 exames complementares, especialmente a ressoanos, todos tenham algum nância magnética. Só a partir daí, é possível defiproblema em razão do nir qual o melhor caminho a seguir. envelhecimento da coluna. Nos casos mais simples de dor nas colunas “As causas são muitas, lombar e cervical, o tratamento inicial é conservamas, em grande dor: repouso, medicamento e fisioterapia por um parte, decorrem período prolongado, geralmente alguns meses. do desgaste dos “Somente se a dor não melhorar, é que partimos para um procedimento cirúrgico, mesmo que minimamente invasivo”, explica o especialista, que é professor e membro titular da Sociedade BrasiDr. Flávio leira de Neurocirurgia. Ele adverte, ainda, que há Assad Garcia
exceções: “Um paciente com quadro de dor, perda da função neurológica, de sensibilidade, de força muscular, com alterações e lesão definidas, não tem que ficar esperando por todas essas etapas até ser submetido a uma cirurgia”, comenta.
Para cada paciente, uma cirurgia diferente De acordo com o Dr. Flávio, existem várias técnicas cirúrgicas, mas a escolha tem que ser individualizada. “As cirurgias clássicas incluem cirurgias abertas de porte médio ou microcirurgias para hérnia de disco. Existem também as cirurgias maiores, em que se colocam próteses e enxerto ósseo para estabilizar a coluna. Além desses métodos clássicos, há os procedimentos minimamente invasivos ou percutâneos, que utilizam uma agulha grossa em determinado ponto da coluna para fazer a abordagem necessária. Geralmente, esses métodos percutâneos dão alívio temporário, durante alguns meses, mas, se o paciente entrar em um programa bem estabelecido de recuperação, pode obter um resultado bastante duradouro”, garante. Com quase 40 anos de experiência, o Dr. Flávio Garcia chefia o Serviço de Neurocirurgia do HSVP, que conta com outros experientes cirurgiões especialistas. “Nosso serviço está preparado para o tratamento das mais complexas doenças da coluna vertebral e dispomos de todos os recursos tecnológicos para a realização de cirurgias de vários portes.”
QUANDO PROCURAR UM ESPECIALISTA Muitos especialistas afirmam que grande parte das dores na coluna podem ser tratadas sem a necessidade de cirurgia. No entanto, o Dr. Flávio recomenda aos pacientes que qualquer dor forte seja avaliada por um médico. “No caso da hérnia de disco, o principal sintoma é a dor aguda que se irradia por toda a região lombar ou pelo ciático. Nas situações mais graves, há rigidez de movimento e até paralisia de alguma parte dos membros inferiores. Por razões como essas, uma consulta precoce promove a eficácia das medidas preventivas e evita problemas mais sérios no futuro”, explica.
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Cirurgia da mão Técnicas modernas ajudam o tratamento das lesões
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e acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mais de 74 mil casos de afastamento no trabalho foram registrados no Brasil, em 2014, por traumatismo de cotovelo, antebraço, mãos e punho. Esse elevado índice retrata a atual situação vivida pelo homem moderno, que sobrecarrega as mãos e demais membros superiores para desenvolver diversas atividades em casa ou no trabalho. Comparada à engrenagem de um relógio – por contar com mais de 30 articulações interligadas –, a mão está sujeita a todo tipo de traumatismo e doença. Entre as complicações mais comuns estão lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT), representadas por doenças como dedo em gatilho, síndrome do túnel do carpo e cisto sinovial do punho, artroses e artrites reumatoides. Geralmente, elas estão associadas ao diabetes, ao hipotireoidismo e à menopausa. O reforço muscular é fundamental para a prevenção das doenças. “A mão está para o paciente como a perna está para um jogador de futebol. Se a pessoa não mantiver a musculatura tonificada, desenvolvendo atividade física regular, não terá o tônus necessário para executar os movimentos, o que poderá resultar em uma inflamação”, alerta André Teixeira, cirurgião da mão, que no HSVP realiza cerca de 30 intervenções cirúrgicas/ mês em conjunto com uma equipe formada por mais três especialistas.
Dr. André Teixeira
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Os novos materiais, métodos de diagnóstico avançados e técnicas cirúrgicas adequadas permitem aos cirurgiões do HSVP o tratamento das lesões em tendões, artroses das pequenas articulações e fraturas do punho, da mão e dos dedos. “Com diagnóstico clínico e exames complementares (raio-X, ultrassonografia e ressonância), é possível determinar a gravidade de lesões ou doenças e apontar o melhor tratamento. Em alguns casos, a cirurgia da mão é o procedimento mais indicado”, avalia Teixeira. Segundo ele, que também é membro das Sociedades Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e Cirurgia da Mão, o tempo de recuperação está associado ao tipo de lesão, à idade e ao período em que o paciente conviveu com a doença. “Se o paciente encontra-se com uma doença há mais de um ano, certamente ele precisará de mais tempo para reabilitar-se. Além disso, precisamos levar em conta o fator individual, principalmente relacionado à idade. Quanto mais idoso, mais lenta será a recuperação”, explica. Para o médico, os recentes avanços em cirurgia da mão envolvem, principalmente, a fixação óssea, com materiais menos agressivos ao corpo e com menor irritação dos tecidos. “No HSVP, contamos com tecnologia atualizada, mesa de mão moderna e materiais específicos para cirurgia desse segmento. Estamos plenamente preparados para esse tipo de atendimento”, conclui o especialista, que atua há 15 anos na área.
COMO PREVENIR NO TRABALHO 1. Promova rápidas pausas entre as atividades que exijam repetitividade excessiva; 2. Durante as pausas, realize alongamentos nas partes que estiverem executando a tarefa; 3. Fique atento à postura, incluindo adequações no trabalho, levando em consideração as características da sua atividade; 4. Não faça força nem pressão exagerada, de forma repetitiva ou frequente em sua atividade; 5. LER e DORT são problemas que possuem solução, principalmente nos primeiros estágios. Por isso, deve-se procurar ajuda rapidamente.
PRINCIPAIS DOENÇAS DA MÃO, SINTOMAS E MANEIRAS DE TRATAR Dedo em gatilho
Síndrome do Túnel do Carpo
Cisto sinovial
É uma inflamação que ocorre no tendão responsável por dobrar o dedo, gerando compressão deste e estalidos (salteios) ao movimento. • Sintomas: dores nos dedos e na palma da mão; inchaço e endurecimento do dedo, que, quando esticado, apresenta um estalo – doloroso – semelhante a um gatilho. • Tratamento: anti-inflamatórios, fisioterapia, infiltração e eventual intervenção cirúrgica.
O aparecimento está ligado à compressão do nervo mediano, que passa pelo punho e inerva a palma da mão, ocasionando uma sensação de agulhas e formigamento nos dedos polegar, indicador e médio.
É um tipo de nódulo, parecido com uma pequena bola, que aparece junto a uma articulação, composto por líquido sinovial.
• Sintomas: formigamento; inchaço nos dedos ou na mão; e dificuldade para segurar objetos com força e para diferenciar calor do frio. • Tratamento: além de um procedimento cirúrgico, pode incluir a utilização de munhequeira, remédios anti-inflamatórios ou fisioterapia.
• Sintomas: aumento do volume local. Alguns casos apresentam quadro doloroso, com diminuição da força e do movimento. • Tratamento: anti-inflamatórios, fisioterapia, infiltração e eventual intervenção cirúrgica. Depende do tamanho e dos sintomas.
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Edson Braga Lameu Ele é a história viva da Nutrição Clínica no Brasil
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e tivéssemos que publicar 1/4 do currículo do médico Edson Braga Lameu, precisaríamos de duas edições completas desta revista, tamanha é a riqueza de seus 39 anos de profissão. Com 63 anos, o gastroenterologista, especialista em terapia intensiva, foi um dos primeiros nutrólogos brasileiros a receber o título da Associação Brasileira de Nutrologia em 1996. Professor do Departamento de Clínica Médica, no Hospital Universitário da UFRJ desde 1981 e chefe do Serviço de Nutrição Enteral e Parenteral do HSVP desde 1993, Edson Lameu é autor do livro Nutrição Clínica, considerado pela comunidade médica o mais importante e completo sobre o tema, escrito no Brasil. De 1985 a 2006, o especialista acumulou dezenas de prêmios concedidos pelas mais renomadas entidades médicas brasileiras. Nos últimos anos, sua produção científica foi intensa, chegando a mais de 25 trabalhos publicados. Com simplicidade e muita simpatia, o Dr. Edson relatou na entrevista a seguir um pouco de sua trajetória, que se confunde com o surgimento da própria nutrição clínica no Brasil. “Posso dizer que presenciei e participei dos primórdios da nutrição enteral
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e parenteral no Brasil e, até hoje, convivo e aprendo com a maioria dos profissionais que são a verdadeira história dessa prática médica, intensamente presente no nosso dia a dia.” Revista do HSVP: No passado, qual era o cenário da nutrição clínica no Brasil? Edson Braga Lameu: No início da década de 1970, quem se aventurava pela seara do suporte nutricional contava com pouco apoio do setor farmacêutico, que demorou a despertar para essa vertente. Definitivamente não havia planejamento racional das necessidades calórico-proteicas e vitamínico-minerais dos pacientes. Simplesmente se despejava no liquidificador aquilo que deveria ser a dieta oral e o resultado disso era introduzido por sondas no paciente e, portanto, sujeito a graves complicações. Somente a partir da década de 80, houve uma palpável reação dos laboratórios comerciais, que passaram a atender às solicitações dos profissionais e a lançar formulações cada vez mais eficientes e ajustadas às exigências clínicas. Revista do HSVP: A nutrição clínica é determinante para a recuperação do paciente?
Gastroenterologista EBL: Com certeza. Como dizia Hipócrates: “Que tua comida seja o teu remédio.” Não é fisiológico, por exemplo, que o doente que está na UTI deva receber grandes doses de comida. No entanto, um paciente que faz jejum e não tem nenhum trauma clínico ou cirúrgico pode morrer em dois meses. Ou seja, para o paciente a dieta é um remédio. Apesar de poucos médicos e hospitais reconhecerem seu valor, a nutrição clínica é uma arma de terapia para reduzir infecções e até a permanência no CTI. A apatia e a queda do metabolismo fazem parte de um quadro de desnutrição. É preciso avalizar o doente de forma individual para saber qual a terapêutica nutricional mais adequada. Revista do HSVP: Você é um profissional de grande vulto. De onde veio a ideia de ser médico? EBL: Não me lembro (risos). Minha mãe dizia que tinha um sonho de ter um filho médico e um engenheiro. Minha irmã é engenheira e eu médico, mas eu não sei se é isso não.... Na verdade, eu só entendi o que era a carreira médica a partir do terceiro ano de Medicina, quando fiz estágio na Santa Casa. Eu estava na enfermaria, tinha uns 20 anos, e vi entrar o professor Clementino Fraga. Na mesma hora, pensei: quero ser um médico igualzinho a esse. Fora o porte e a elegância, ele transmitia aquilo que todo paciente procura em um médico: a paz, o olhar tranquilizador, a paciência, os gestos muito educados. Revista do HSVP: E a sua história aqui no HSVP? Como aconteceu? EBL: Uma colega médica que era residente no Fundão me pediu para avaliar um paciente dela que estava internado no CTI do HSVP. Após a avaliação, recebi o convite para trabalhar na equipe e atender a todos os pacientes da casa. Passei por uma entrevista com a Ir. Mathilde e fui aprovado. E, desde 1989, venho todo santo dia, de segunda a segunda, ver os doentes no CTI. Gosto sempre de contar essa história porque o HSVP foi o primeiro hospital a criar um Serviço de Nutrição Parenteral e Enteral. Isso não existe em nenhum lugar no Brasil. Existem apenas comissões, grupos, equipes multidisciplinares em terapia nutricional e a Ir. Mathilde, que era uma pessoa fantástica, criou aqui um serviço de excelente padrão.
Gosto muito de ser um detetive, de estudar o caso clínico. Isso me fascina!
O médico que faz o suporte nutricional precisa de uma coisa fundamental: bons médicos ao seu lado. E isso é o que mais eu encontro aqui. Revista do HSVP: O que o impulsiona dentro dessa profissão? EBL: O que mais gosto é de analisar, examinar os doentes. Gosto muito de ser um detetive, de estudar o caso clínico. Isso me fascina! Tenho a essência de um pesquisador: trato o doente no dia a dia, mas com esse foco de analisar profundamente o que ele tem e no que posso melhorar a sua qualidade de vida. Revista do HSVP: No âmbito da produção científica, no que você está trabalhando atualmente? EBL: Desde 2000, trabalho em uma linha de pesquisa de avaliação nutricional baseada no método da antropometria (medida ou mensuração do corpo). Então, meço a espessura do músculo que fica entre os dedos indicador e polegar. Meu sonho é ver esse músculo como um indicador usado por todo o mundo. Mas, como cada vez mais as pesquisas em nutrição estão voltadas para o desenvolvimento de medicamentos do que para clínica, não sei se conseguirei.
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Colaboradores do HSVP ganham espaço para lazer e descanso
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m lugar aconchegante, climatizado, com sofás confortáveis, televisão e jogos. Esse é o Espaço de Convivência do Hospital São Vicente de Paulo, inaugurado recentemente pela instituição. O local é fruto do investimento da Direção Executiva do hospital no bem-estar dos seus colaboradores. Ou seja, uma tendência das empresas modernas, que atualmente perceberam que cultivar e respeitar os funcionários tem grandes benefícios, aumentando a produtividade e estimulando o interesse do trabalhador. Um bom exemplo disso são as grandes empresas de tecnologia, como Google e Microsoft, que apostam no relaxamento de seus funcionários dentro do ambiente de trabalho como fator propulsor da criatividade e da objetividade por melhores resultados. Na visão da diretora executiva do HSVP, Irmã Marinete Tibério, a criação do novo espaço
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contempla um antigo desejo dos colaboradores e dela própria, que, desde 2009, procurava um local adequado para fazer a obra. “Queremos cuidar bem do colaborador, para que cuidem cada vez melhor dos nossos pacientes”, afirma. Letícia Medeiros, auxiliar de Serviços Gerais, aprovou a novidade. “Agradeço muito ao hospital ter pensado no nosso conforto. Agora eu e meus colegas temos um lugar agradável e seguro para descansar”, disse. Para a enfermeira Bethania Maria de Freitas, o Espaço de Convivência é uma grande conquista dos colaboradores. “Hoje nós temos um lugar onde podemos ver televisão e relaxar um pouco depois da refeição”, comemora. Já para o técnico de segurança do trabalho, José Ferreira Amorim, o grande atrativo do local são os jogos. “A gente aproveita para se distrair e interagir jogando com os colegas de trabalho. Depois dessa pausa, a gente volta do almoço até mais animado e revigorado”, observou. O Espaço de Convivência HSVP possui 160 m² de área útil, composto por dois grandes salões: um específico para repouso, com sofás e TVs; e outro para lazer, com sinuca, mesa de cartas e pingue-pongue.
Gestão do HSVP está entre as 100 mais influentes da Saúde
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revista Healthcare Management apresentou, durante a Feira Hospitalar, a lista com Realizada de 19 a 22 os “100 Mais Influentes da Saúde”. Distride maio, em São Paulo, buída em categorias que abrangem toda a caa feira Hospitalar é deia produtiva da Saúde no país, a premiação considerada o maior homenageia os profissionais que mais se destaevento da área de caram no último ano, por sua contribuição Saude das Américas, para a liderança, inovação e o aprimoramento reunindo mais de 1.250 do Setor de Saúde Brasileiro. A Diretora Exeexpositores nacionais cutiva do HSVP, Ir. Marinete Tibério, foi eleita e internacionais. na categoria Projetos de Humanização. “A conIr. Marinete conferiu quista deste prêmio reforça o nosso lema que de perto as inovações é a Vocação para Cuidar. Primamos pela da indústria mundial qualidade das nossas ações, tendo semde saúde e os lançapre em vista a segurança do paciente e mentos em Tecnologia a assertividade no atendimento, desde e Serviços que poderão a recepção até o desfecho assistenser incorporados ao cial”, celebra a Diretora. cotidiano do hospital O reconhecimento é resultado, nos próximos anos. principalmente, dos projetos desenvolvidos pelo hospital, com destaque para a conquista do Selo de Ir. Marinete Tibério com o Prêmio Qualidade pela Joint Commission Inter“100 Mais Influentes da Saúde” national (JCI), que garante maior segurança ao paciente; a inauguração do novo CTI, dentro dos padrões de excelência e sala de acolhimento para familiares dos pacientes; a criação do Espaço do Colaborador – local voltado para o descanso dos profissionais do HSVP; além da Pastoral da Saúde, que oferece assistência espiritual aos pacientes que assim o desejarem. De acordo com Ir. Marinete, outras ações também reafirmam os avanços do HSVP. “Um dos grandes movimentos realizados nos últimos anos foi a melhoria da governança clínica. Elevamos continuamente os padrões de atendimento, o que representa uma meta diáIr. Marinete e Ir. Emanuele visitaram o estande da BBraun, onde estiveram reunidas ria para nossas equipes”. com diretores e representantes da empresa.
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Desde cedo aprendemos a importância de
cuidar do próximo. às nossas equipes de Enfermagem e Assistência Social
Nosso agradecimento
24 horas, 365 dias do ano!