Prefácio
SEM DEIXAR NINGUÉM PARA TRÁS Por MARA GABRILLI Em todo o mundo, mais de um bilhão de pessoas possuem alguma deficiência. Falamos de 15% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que se movimentam, ouvem, enxergam ou processam de forma diferente. A maioria, infelizmente, vivendo em situação de vulnerabilidade, privadas, muitas vezes, de acessar o mais básico. Embora o direito internacional - no que tange os direitos humanos - tenha evoluído paulatinamente desde o fim da Segunda Guerra Mundial, as pessoas com deficiência ainda não colheram os mesmos benefícios de outras minorias historicamente subrepresentadas. Vistas por muito tempo somente como beneficiárias de programas de assistência social, as pessoas com deficiência vêm se mobilizando há décadas, especialmente desde 1981 - quando a Organização das Nações Unidas declarou como o Ano Internacional da Pessoa com Deficiência -, para serem reconhecidas pelo direito internacional como detentoras de direitos sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades. Como resultado da atuação das pessoas com deficiência e de movimentos de defesa e promoção dos direitos à liberdade e à igualdade deste grupo, adentramos o século 21 com a aprovação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Nesta conquista histórica, o Brasil teve importante e significativa participação por meio da missão brasileira e da atuação da nossa coordenadora nacional da pessoa com deficiência à época, a Izabel Maior. Em 2006, a ONU já estava discutindo há quatro anos o texto da Convenção e eu fui participar da oitava e última reunião do Comitê Ad Hoc criado para incluir a participação da sociedade civil na elaboração deste tratado internacional, o primeiro tratado de
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