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Rações: em busca do FCA ideal
from Seafood Brasil #47
As taxas de conversão alimentar das principais espécies de peixe produzidas no País ainda são relativamente altas (de 1,6 a 2,2) quando comparadas, por exemplo, com o salmão-do-Atlântico (1,3), que já atingiu um patamar tecnológico elevado, como apontam os pesquisadores da Embrapa. “Além do desenvolvimento de linhagens melhoradas e de manejos produtivos mais eficientes, a redução desse importante índice produtivo depende de melhorias na formulação das rações e de práticas de manejo alimentar atualmente empregadas.”
O Instituto de Pesca (IP) tem avançado em ações no campo da nutrição de peixes, com testes em laboratório e em cultivos comerciais de ingredientes como farelo de algodão, farelo de girassol, farelo de amendoim, resíduo seco de destilaria, e outros, além do uso de aditivos melhoradores de desempenho para maximizar o aproveitamento de nutrientes (prebióticos, enzimas digestíveis, minerais orgânicos, aditivos nutracêuticos, fitobióticos, óleos essenciais, extratos de leveduras, ácidos orgânicos), aditivos microbiológicos (bactérias probióticas e leveduras) e aditivos tecnológicos (sílicas, emulsificantes e aglutinantes).
A identificação de fontes proteicas promissoras, como coprodutos agrícolas e até mesmo farinha de insetos, ganha corpo. De tão prometedoras, estas fontes são objeto de um projeto de pesquisa do IP. “O recente processo de aumento das taxas de inflação nas principais economias globais tem trazido cenário de volatilidade para matérias primas, demandando grande flexibilidade do setor de nutrição animal. Como destaque, mencionamos o projeto de ‘Avaliação do desempenho de tilápias alimentadas com rações suplementadas com insetos comestíveis e subprodutos do agronegócio de frango e suínos, desenvolvido no Instituto de Pesca no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em São José do Rio Preto e no Núcleo de Pesquisa de Campos de Jordão”, revela os pesquisadores.
Os profissionais avaliam que o setor de nutrição apresentou nos últimos anos contínuos desenvolvimentos de tecnologias e equipamentos que otimizam a eficiência e qualidade das rações, especificamente nos processos de mistura, moagem, extrusão, peletização, aplicação de aditivos em sistemas a vácuo, menor aquecimento nos processos de secagem, entre outros. Uma das empresas que se destacou neste processo foi a Raguife, do grupo Ambar Amaral.
Para o gerente de operações da Raguife, Vinicius Alves de Lima, as fases jovens vêm sofrendo maior pressão do meio, com um número maior de enfermidades de alto impacto zootécnico e econômico que em outras fases. “Pensando nisso, a Raguife se posicionou no mercado com a linha Pro Start, que contempla uma nutrição de ponta, formulada com ingredientes de alta digestibilidade, mas também com a inclusão de aditivos nutricionais focados em sanidade, que permitem aos animais maior resistência frente aos desafios ocorridos durante esta fase.” Uma das parceiras nesta linha é a própria Alliplus, também citada aqui nesta edição do Suplemento.
Já para as fases de engorda, a Raguife tem um leque de opções para diferentes sistemas e espécies, com particularidades como enzimas para melhor aproveitamento dos ingredientes vegetais e menor excreta para o meio ambiente, assim como o uso de probióticos e ingredientes preventivos que ajude na modulação da flora intestinal, tudo para uma maior obtenção de resultados zootécnicos e sanitários. Como destaque, ele cita a
G30, segunda geração de um produto desenvolvido com foco em aumento de rendimento de filé, pois contempla produtos destinados à saúde intestinal associados à ingredientes de maior digestibilidade e uma suplementação de aminoácidos.
Cortando os antibióticos
O uso indiscriminado de antibióticos como estratégia de prevenção de doenças tem mostrado resultados exatamente opostos no Brasil, como indica o gerente de produtos aquícolas da ADM no Brasil, Eduardo Urbinati. “Muitos produtores hoje usam o antibiótico como um preventivo prémanejo e pré-vacinação, mas sabemos que essa não é a forma correta. Afinal, assim se aumenta de forma efetiva a resistência bacteriana.”
No entanto, cresce a conscientização sobre os malefícios desta prática. Um dos clientes da ADM, segundo conta Urbinati, relatou que precisava reduzir o uso de antibióticos e pediu uma alternativa à empresa. “Nós criamos um produto chamado Immunity +, um blend com nove aditivos em que cada um vai ter uma função para proteger o peixe de cada cada situação de desafio”, explica. A ração foi lançada no ano passado em escala comercial.
Urbinati alerta para o fato de que os blends precisam ser testados em conjunto, como foi feito no caso da nova linha. “Os aditivos precisam ter sinergismo entre eles. Muitas vezes, quando um aditivo não é estudado junto a outro, ele pode inibir uma função do outro. Neste caso, fizemos um estudo em cima de cada aditivo e vimos que eles tinham sinergia.” Ele esclarece que o produto é de uso estratégico. “Não é para uso contínuo. O produtor vai utilizar antes do manejo pré-vacinação.”
O incremento da tecnologia na nutrição é fundamental no caso de empresas como a ADM, que em janeiro de 2022, inaugurou um Laboratório de Inovação em Aquicultura no Centro de Tecnologia de Nutrição Animal da empresa, nos Estados Unidos. Para Urbinati, os maiores desenvolvimentos tecnológicos da área serão justamente no uso da ração como instrumento de prevenção de doenças. “Com a intensificação da aquicultura, vem aumentando o número de doenças e a adição de aditivos, de imunomoduladores, de diversos tipos de aditivos alimentares é a melhor resposta tecnológica a isso”, analisa o executivo. Sem mais detalhes, Urbinati antecipa que a empresa terá novidades para 2023, tanto para peixes quanto para camarões, principalmente em função da parceria estreita das operações da Socil, Presence e Bernaqua - marcas da ADM - com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Global da ADM, na França.
Empresas citadas nesta seção:
Vinicius Alves (17) 3631-4347 sac.raguife@grupoambaramaral.com.br
ADM (Socil, Presence e Bernaqua)
Eduardo Urbinati
0800-7041241 contato@socil.com.br