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Camarão: como localizar patógenos em grande escala
from Seafood Brasil #47
“Aevolução tecnológica na carcinicultura não é trivial”, dispara Roseli Pimentel, gerente operacional da unidade de pós-larvas da Potiporã. Ela se refere à dificuldade de transpor ou adaptar tecnologias de outras atividades já consolidadas tecnicamente como avicultura, suinocultura, bovinocultura ou mesmo da piscicultura. “Os camarões são muito diferentes dos outros animais cultivados. Não existem medicamentos ou vacinas para auxiliar no controle dos patógenos e não existe um sistema de produção bem definido. Isso se traduz em um grande desafio para atingir a eficiência na produção.”
O investimento em tecnologia precisa ser feito simultaneamente à produção, o que exige parcerias com universidades e empresas de tecnologia. No caso da Potiporã, isso tem se traduzido em estratégias tecnológicas inéditas dentro da carcinicultura. Uma delas é a identificação de patógenos por meio de técnica molecular em grande escala, que já tratamos em edições anteriores. O laboratório em Touros (RN) detecta patógenos em camarões por PCR. Assim, “todos os camarões candidatos a serem reprodutores são analisados individualmente, e os que apresentam patógenos, são descartados.”
Pimentel qualifica este processo como de “limpeza” do plantel, com milhares de animais analisados por mês, cujo custo seria financeiramente inviável sem a tecnologia empregada. Como benefício, a empresa obteve o controle da carga de patógenos nas larvas produzidas, o que se reverte em maior sobrevivência ao final dos ciclos de produção. “Hoje, dentro do segmento pecuário, não conhecemos outro segmento que opere com PCR nessa escala, até mesmo porque nos outros setores é possível vacinar os animais e prevenir as doenças.”
Outra tecnologia que a Potiporã adota é o teste de paternidade aplicado ao melhoramento genético. Com isso, a determinação de paternidade nos camarões pode ser realizada com a mesma eficiência observada nos testes de paternidade para humanos. “Esse teste genético, tecnicamente chamado de genotipagem, é aplicado em milhares de animais, e permite selecionar as famílias que apresentam melhor desempenho em campo e maior resistência a doenças. Hoje, com a implementação da genotipagem, é possível formar famílias de alta performance, definindo os melhores cruzamentos e combinações genéticas.”
Outra novidade recente foi o investimento em um sequenciador de DNA de nova geração para realização de análises metagenômicas. Por meio desta tecnologia, é possível detectar todos os microrganismos existentes em uma amostra por meio de uma única análise. Antes desta tecnologia, a detecção desses microrganismos se dava de forma isolada, havendo a necessidade de que o organismo fosse cultivável. “A metagenômica introduz uma nova era da microbiologia aplicada à carcinicultura. A Potiporã é pioneira em explorar o conhecimento sobre as comunidades microbianas para melhorar os sistemas de produção”, ressalta Pimentel. “Através da implementação desta tecnologia, foi possível, por exemplo, controlar a microbiota existente nas pós-larvas produzidas, reduzindo a proporção de bactérias que causam problemas no cultivo.”
As inovações persistem, com um projeto em parceria com a Genaptus - que tem a própria Roseli como sócia - com financiamento da FINEP para desenvolver um sistema em que todas as variáveis de cultivo, genética e sanidade serão analisadas conjuntamente por intermédio da inteligência artificial. “Isso possibilitará escolhas mais assertivas, melhores performances produtivas e indicando novos caminhos para as melhorias no manejo.” Desta forma, a Potiporã segue firme na busca de eficiência na tríade “genética, sanidade e manejo”, para aumentar a lucratividade e performance na carcinicultura.