Jornal da SETO Seara Espírita Três Oguns
Dezembro 2014
Feliz Natal na Luz de Pai Oxalá! Por Erica Camarotto
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stamos chegando ao final de mais um ano de trabalho e de conquistas. Para a SETO, 2014 foi um ano muito especial, com ampliação do nosso espaço e com a abertura dos cursos de Sacerdócio, Pedras na Umbanda, Teologia, além da criação de Grupos de Estudos específicos da nossa religião. Com nossas bases bem definidas tivemos a missão de ampliar um pouco nossos horizontes em busca de uma divulgação mais ampla da Umbanda, e essa missão foi abraçada por cada filho do Terreiro, que com responsabilidade e amor se dedicou ao máximo, o que resultou num ano de Casa cheia e de muita gente sendo ajudada.
Nesta Edição 1
Feliz Natal na Luz de Pai Oxalá
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Oxalá, nosso Divino Pai
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Obrigação Omulu / Obaluayê
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Umbanda e Psicologia: Evolução na Umbanda, individual ou coletiva?
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Umbanda e Sustentabilidade: Entrevista: Pai Claudio Ricomini
E é impossível fazer um apanhado do ano sem considerarmos o grande número de amigos e irmãos que vêm acompanhando desde o início a nossa jornada, além das novas e revigorantes amizades que fizemos com gente do bem, que têm abraçado a SETO como a sua própria casa. Que todos vocês sintam-se sempre como membros de nossa Família!
11 04 de dezembro: Dia de Iansã 12 Pontos cantados 13 Ervas na Umbanda
E dezembro é mês de comemorar com a família e com os amigos, pois é o mês do Natal. E como fica o Natal para nós umbandistas?
14 Sugestão de banhos 16 Calendário dezembro
Expediente: Erica Camarotto, Fabiana Matos, Michele Kreski e Rita Ramos
JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
A Umbanda é paz e amor. Só com base nisso já poderíamos justificar esta festividade em nossa vida. Mas não esqueçamos que o fato de sermos umbandistas não nos afasta dos valores cristãos. Muito pelo contrário. Considerando não só o sincretismo de Oxalá com Jesus, mas pensando em Cristo como um Oxalá intermediário, devemos todos seguir seus ensinamentos de amor ao próximo, caridade e fé. Isso é a base do trabalho na Umbanda.
Grande parte dos Terreiros tem no alto de seu Congar a imagem de Cristo de braços abertos, o que pra nós representa o Pai Oxalá, o maior dos Orixás, recebendo a todos e irradiando a fé a quem se sintonizar com esse sentido da vida. E com isso, mesmo os que não são da Umbanda conseguem se sentir acolhidos ao adentrar nossos Terreiros. Oxalá, na Umbanda, é o Orixá que magnetiza todos os sentimentos bons que nos conduzem ao caminho da religiosidade, além de magnetizar em nós a fé em todos os sentidos: a fé em Deus, a fé em nós mesmos, a fé em nossos irmãos, a fé na própria vida. Que aproveitemos o final deste ano, então, pra reavaliarmos quaisquer sentimentos e atitudes que possam nos afastar dos princípios da fé, do amor e do perdão irradiados por Pai Oxalá. E que tenhamos todos um 2015 maravilhoso sob a graça de Pai Olorum e a bênção de todos os Orixás.
Feliz Natal e Saravá a todos!
Saudações a Oxalá: Oxalá, Meu Pai! / Epa, Babá! Dia da semana: Domingo Cor: Branca Pedra: cristal de quartzo branco Instrumento: Opaxorô Erva: boldo Oferendas: coco verde, mel, flores brancas e velas brancas Campo de força: campo aberto
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Oxalá, nosso Divino Pai Oxalá é o orixá que rege o Trono Natural da Fé e seu campo de atuação preferencial é a religiosidade dos seres, aos quais ele envia o tempo todo suas vibrações estimuladoras de fé, geradoras de sentimentos de religiosidade. Os atributos de Oxalá são cristalinos, pois é por meio da essência cristalina que suas irradiações nos chegam, imantando-nos e despertando em nosso íntimo os virtuosos sentimentos de fé. “[...] A Fé é o atributo principal do nosso amado Pai Oxalá. A Fé não se ensina, ela é buscada ou fortalecida no íntimo de cada um. Não é o fanatismo e não é apenas um sentimento; é um estado mental consciente e racional; é o reconhecimento do ser como criatura divina; é o elo do ser com o Divino Criador. Nosso amado Pai Oxalá é, em si mesmo, essa qualidade Divina da Fé. A Fé, na Umbanda, é um estado de espírito, pelo qual são realizadas as sessões de atendimento às pessoas necessitadas de auxílio espiritual e de orientação religiosa e doutrinária. É sinônimo de trabalho em prol do próximo. A Fé é a consciência das faculdades que trazemos adormecidas em nosso íntimo, que precisam germinar e crescer. Ela é a principal via evolutiva, pela qual trazemos o Céu para a Terra, se, precisar aguardar a morte do corpo físico, para chegarmos até Deus. Temos Ele vivo, vibrante, atuante e gratificante em nós mesmos. A Fé se fundamenta em três pilares essenciais, que fortalecem o ser para que tenha bom êxito naquilo que quer, precisa ou pelo qual luta: crença, confiança e certeza. Na Fé não existem dúvidas; ou se crê ou não se crê. A crença é de foro íntimo de quem a tem e, se a temos ela assegura o bom êxito dos nossos empreendimentos, Se confiamos e Deus, positivamente e com otimismo, atraímos as forças criadoras do Universo [...]”. (extraído do livro Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista).
Oxalá Por Rita Ramos
Meu Pai Oxalá, ampara-me nos momentos difíceis, irradia o sentido da fé sobre mim, cristaliza minha alma, purifica meus sentidos. Meu Pai Oxalá, socorra-me nos momentos de dor, valha-me de sua benevolência divina e joga sobre mim teu manto sagrado. Meu Pai Oxalá, orienta meus pensamentos, livrando-me dos devaneios da vida terrena. Meu Pai Oxalá, que eu ande junto a ti e mesmo que em algum momento me sinta só, que eu tenha certeza que tu estás ao meu lado. Meu Pai Oxalá, aflora em mim a calma e a paciência e não me deixe esmorecer nas dificuldades do caminho. Meu Pai Oxalá, desvenda-me os mistérios benditos de tua coroa e que eu possa ser humilde o suficiente para entender teus desígnios sagrados. Meu Pai Oxalá, tu que és luz, tu que és o principio da criação, olha por mim, espírito em evolução para que eu tenha a confiança necessária ao dar meus passos nesta longa estrada. E por fim, que eu ande em linha reta, na certeza de que sou parte de tua criação, que eu jamais duvide de tua magnitude divina e sabedoria eterna. Saravá Oxalá. Epa Bàbá!
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Obrigação a Omulu / Obaluayê
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o dia 08 de novembro os alunos da turma de Sacerdócio da SETO deram suas obrigações a Omulu/ Obaluayê. Apesar do nome “obrigação”, na Umbanda este termo refere-se a um ritual devocional que tem como propósito abrir e/ou ampliar a conectividade do iniciando com o Orixá.
Omulu e Obaluayê são, na verdade, dois aspectos distintos de uma mesma divindade. Enquanto Obaluayê representa o aspecto universal do Trono da Evolução, ou seja, a irradiação constante da energia evolutiva, aquela necessária para nos deixar aptos a subir os degraus de nossa espiritualidade, Omulu representa o polo cósmico do Trono da Geração. Ele é quem paralisa o que estiver atrapalhando a nossa caminhada. Na SETO temos uma afinidade indescritível com esses Orixás. Enquanto muitos temem os trabalhos com os senhores do Cemitério e das Almas, nós nos aconchegamos em seus braços, pois temos a consciência de que eles são os grandes amparadores do espírito humano. Se estarão presentes no momento do nosso desencarne, então nada mais lógico do que nutrirmos respeito, amor e afinidade por quem certamente abrirá um dia seus braços a nós e descortinará toda uma realidade que temos hoje ainda adormecida em nossa alma, mas que no momento da nossa passagem nos será (novamente) revelada. Lidar com tais energias, portanto, pra nós é uma honra. E com todo esse sentimento na alma, a obrigação a Omulu / Obaluayê foi extremamente especial. Que esse poder divino tenha se instaurado no mental de cada um dos filhos em obrigação, e que tenha sido um efetivo passo em direção às suas caminhadas evolutivas. Saravá Omulu! Atotô, Obaluayê!!! Confira os vídeos no no nosso canal do YouTube: Abertura: https://www.youtube.com/watch?v=2ZHk2k3DNgg Saudação ao Exú Guardião da SETO, Sr. Tata Caveira, https://www.youtube.com/watch?v=o7cJhb5yv-I.
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Vejam algumas fotos da obrigação a Omulu / Obaluayê da SETO Tatiana Vieira
Alexandre Campello
Ana Bueno
Maria Ap. Santos
Thais Pacheco
Luciana Palomares
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Luiza Afonso
Gilda Maria
Elaine Ramos
Irailde Humberto
Michele Kreski
Rita Ramos
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Fabiana Matos
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Umbanda e Psicologia Evolução na Umbanda: Individual ou Coletiva? Por Luis Fernando Farcetta Psicólogo
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a época em que estava trabalhando em um equipamento da Assistência Social e atendia pessoas que residiam em locais de alta vulnerabilidade social, percebi que diariamente as pessoas que buscavam esse serviço traziam em seu discurso trechos bíblicos ou mencionavam suas religiões quando relatavam suas vidas ou dificuldades. Esse era um assunto recorrente que eu e os demais profissionais do serviço debatíamos (assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, gerente, orientadores Socioeducativos). Nos perguntávamos: Qual a relação da religião com as dificuldades que passamos em nossas vidas? Estariam essas pessoas aceitando apenas as suas dificuldades como uma vontade Divina? Uma curiosidade é que tínhamos opiniões diversas, mas percebíamos que a religião em alguns casos imobilizava os sujeitos, aceitando as suas condições. Entretanto todos nós tínhamos alguma religião, éramos budistas, kardecistas, evangélicos, umbandistas, católicos, batistas, entre outras e tínhamos dificuldade de pensar na relação delas com as desigualdades sociais. Percebi também que na periferia que trabalhava várias pessoas haviam sido diagnosticadas com depressão e muitas vezes eram medicadas com antidepressivos e calmantes. Em minha visão, o paciente que sofre a depressão deve compreender através da metodologia que o psicólogo adotar a raiz de sua dor. Essa doença que se manifesta pela da dor, tristeza, falta de vontade ou medo, muitas vezes esconde o verdadeiro problema do paciente; esses sintomas são a forma que ele conseguiu manifestar sua dor, ou seja, como foi traduzida pelo seu corpo e pela sua mente, mas há algo que deve ser acessado para que ela seja compreendida e curada. Atualmente, um dos problemas psíquicos que afetam uma grande parcela da população é a depressão (não pretendo abordar o tema da depressão e umbanda hoje), mas existem diferentes abordagens que compreendem esse fenômeno como doença e isso gera diferentes formas de tratamento. Alguns psiquiatras remediam a depressão com um comprimido e esperam que ele atue quimicamente buscando a melhora desse sujeito, entretanto a psicanálise muitas vezes entende que o medicamento acaba tamponando a dor, esconde ela atrás de uma química. A dor desse sujeito é apenas um sintoma de algo que ainda não pode ser verbalizado, compreendido, sentido, ela em si não é o problema gerador, mas a relação de algo que está inacessível.
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Rodrigo Queiroz em seu artigo “Angústia Existencial”, escrito no Jornal de Umbanda Sagrada de Julho de 2013, aponta que a angústia existencial faz com que questionemos os sentidos da existência e algumas vezes nos também faz duvidar de nossa própria religião. Ele coloca que devemos utilizar essa angústia, para ampliar e clarear nossa visão e buscarmos sentidos para a vida. Por fim, menciona que devemos buscar “uma causa” que dê esse sentido para as nossas vidas. Se pensarmos que tanto nas injustiças sociais e na depressão muitas vezes não enxergamos o motivo que gerou todos os problemas, apenas vemos os sintomas. Como podemos relacionar isso tudo com a religião? Qual o nosso papel como Umbandistas? Ao buscarmos alguma “causa” que nos coloque movimento em nossas vidas e buscarmos a transformação, estamos também colocando forma em nossas dores, visto que essas dores são as dificuldades acessíveis a esse plano em que estamos encarnados. Se buscamos o esclarecimento dos preconceitos, o fim de alguma injustiça social, estamos trabalhando para que possamos compreender as limitações que essa dor gera no indivíduo. Se o psicólogo aceita a depressão como parte do paciente, aceita que os sintomas são parte das características do sujeito, isso o paralisa para que as mudanças aconteçam. As dores são uma forma de aprendizado para as nossas vidas, ou seja, se nascermos pobres, mulheres, negras, gays, se nossas dificuldades são parte de um plano maior Divino para evoluirmos, faz parte também entendermos que as nossas dores são parte de um sintoma que deve ser mudado e trabalhado para a evolução, esse sintoma social, também deve ser acessado para a mudança. A religião ao ser compreendida como algo que explica o sintoma e o aceita, acolhe e entende como um plano Divino, reproduz em parte o que a Umbanda retrata. Nossa religião nos coloca em movimento para que constantemente as mudanças em nossa vida sejam feitas, individualmente faz com que as nossas lições sejam compreendidas e acessadas, também nos conduz para que mudanças sejam feitas na própria sociedade, as mudanças acabam sendo individuais e coletivas. Wilhelm Reich, médico psiquiatra que teve sua incursão na psicanálise, apontava em sua teoria que ao tratar o sujeito o levava ao seu entendimento da sociedade como um todo e o fazia a buscar uma maior relação com o social, esse sujeito passava a atuar buscando o fim das repressões impostas socialmente. Nós que fazemos parte de uma religião que compreende a dor como instrumento de nossas lições e parte da nossa evolução, também temos que utilizar as nossas lições para a compreensão coletiva e buscar uma mudança que ultrapasse a barreira do individual e também se formalize coletivamente.
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Umbanda e Sustentabilidade Dentro do projeto de estudo sobre Umbanda e o meio ambiente, Mariana Farcetta e Michel Silva do grupo “Umbanda e Sustentabilidade” do desenvolvimento mediúnico da SETO entrevistaram Claudio Ricomini, Sacerdote de Umbanda e dirigente da “Casa do Pai Benedito”, Terreiro de Umbanda localizado na Rua Macurapé nº 38, no Itaim Bibi, em São Paulo.
Grupo Umbanda e Sustentabilidade - Quando você começou na Umbanda, como era vista a questão da preocupação com a natureza dentro da religião? Claudio Ricomini – Quando comecei a estudar Umbanda, década de 90, pouco se falava sobre ecologia. Esses assuntos vêm surgindo com mais força agora. Não faz sentido sujar um ponto de força de um orixá, que depois que a oferenda é ativada (por exemplo) e o umbandista vira as costas, já é lixo. Isso compromete a imagem da nossa religião. Hoje nós temos o Santuário de Umbanda que favorece os trabalhos na natureza, deveríamos ter mais espaços assim, que são referência de cuidado com o meio ambiente e que trazem segurança para os que precisavam fazer trabalhos externos.
G.U.S. - Adequação dos guias espirituais sobre trabalhos na natureza. C.R. - Hoje com a dificuldade de você encontrar um local na natureza, cachoeira, mata, mesmo um cemitério, praia é longe para nós que moramos na capital, a gente percebe há alguns anos, não só aqui na nossa Casa mas nas casas dos nosso irmãos de fé, que os guias espirituais tentam ao máximo resolver a situação do consulente dentro do terreiro, evitando ao máximo receitar algum tipo de oferenda para esse consulente, por que os guias sabem da dificuldade de se achar um local apropriado o seguro para realizar uma oferenda a Exu ou uma oferenda a Ogum, que é perigoso você parar em uma estrada para fazer uma oferenda, você não tem mata, onde você vai achar uma mata para fazer uma oferenda. Então hoje, dizendo já há um bom tempo, a gente percebe que os guias de todas as linhas, eles tentam ao máximo com aquilo que eles trazem, com os mistérios que eles trazem, com os poderes que eles trazem, resolver o problema do consulente no terreiro ou com trabalhos que não precisa esse consulente ir à natureza, pois se para o umbandista é difícil, imagina para quem não é.
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G.U.S. – O que precisa mudar na relação Umbanda e Meio Ambiente hoje? C.R. - Acredito que precisam olhar para nossa realidade, não realidade religiosa, realidade da nossa humanidade. A gente não tem mais a natureza como a gente tinha, então o pouquinho que tem é de todo mundo. A natureza não é do umbandista, nós cultuamos o Orixá lá, mas nós não podemos ir ao final de semana consagrar a Mãe Iemanjá e constranger aquelas pessoas que não são umbandistas com o lixo, por que a nossa oferenda quando a gente vira as costas é lixo, por que em 30 minutos o Orixá faz e isso é provado pelos guias espirituais, em 30 minutos você “arreia” sua oferenda, fica lá, depois disso você recolhe, você não precisa jogar no mar, não precisa deixar o vidro de perfume lá, para no outro dia uma criança cortar o pé, pode ser seu filho! Então quem tiver me ouvindo, não deixe sua oferenda lá, não jogue rosas com espinhos, que vai machucar o pé das pessoas!
Confira a entrevista em vídeo no canal da SETO no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=q5o6ZaVF0kA.
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04 de dezembro Dia de Iansã Iansã, Senhora dos Ventos e das Tempestades Iansã pertence ao Trono da Lei ao lado de Ogum e atua no fator movimentador e direcionador. Ela tem como função dar movimento aos seres e direcioná-los em suas evoluções. Sua atuação é cósmica, ativa, negativa, mobilizadora e emocional, mas não inconsequente ou emotiva, porque ela é o sentido da Lei, que não é apenas punidora, mas também direcionadora. “[...] Mãe Iansã é Divindade da Lei cuja natureza é eólica, daí ser chamada de Senhora dos Ventos e das Tempestades. Ela é o vendaval que desaba e a ventania que faz tudo balançar. Ela é o próprio sentido de direção da Lei, que só entra na vida de um ser, caso a direção que este esteja dando à sua evolução e à sua religiosidade não siga a linha reta traçada pela Lei Maior. Ela é o ar que areja nosso emocional e nos proporciona um novo sentido da vida e uma nova direção ou meio de vida, renovando a Fé na mente e no coração dos seres [...]”. (extraído do livro Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista).
Iansã Eu sou vendaval, sou chuva, sou raio e trovão Eu sou bondade, sou lei, sou força, tempestade e coração Meus raios cortam o céu, a maldade e a injúria Meus ventos rasgam a falsidade com imensa fúria Eu sou do ar, sou da terra e do fogo, sou deusa do sol e da lua Senhora que acolhe as almas, senhora dos espíritos perdidos Senhora dos aflitos Eu posso ser brisa, suave e que conforta Mas não aceito mentiras e nem a derrota Eu sou audaciosa, autoritária, impetuosa Eu sou de Iansã em verso e prosa Saravá minha mãe, Eparrei Iansã! Santa Guerreira!
(Por Rita Ramos)
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Pontos cantados Por Thaís Dourado
“Sou filho de Umbanda, to chegando agora...”. Os pontos cantados foram introduzidos em nossa religião em meados da década de 20 a partir do sincretismo religioso com os cultos de matriz africana, e a pedido das entidades que trabalhavam nos Terreiros. No início, os pontos eram entoados e utilizavam-se palmas e o bater dos pés para dar ritmo aos cantos. Com o passar do tempo e a ida da nossa religião para o Rio Grande do Sul onde havia o ritual de Tambores de Mina, é que foram inseridos os atabaques dentro dos terreiros de Umbanda, e posteriormente outros instrumentos, como o shekerê, o agogô, o pandeiro e a maracá. A Umbanda é uma religião brasileira. Assim, apesar da influência africana, é importante que os pontos sejam todos cantados em português, por ser fundamental que todos tenham noção e consciência de cada ponto, inclusive o curimbeiro atabaqueiro, para que tudo faça sentido e que a magística cumpra com seu objetivo. Existem diversos tipos de pontos em nossa religião, a saber: defumação, bate cabeça, abertura, visitas, chamada, sustentação, firmeza, agradecimento, louvação, subida, demanda e encerramento e coroação ou amaci. Todos os Pontos cumprem um papel importante no decorrer da gira e é por isso que a curimba (conjunto de pessoas que cantam e tocam durante a gira) precisa estar atenta a tudo que está acontecendo no decorrer do ritual e também ter noção de tudo que acontece na Casa, entendendo cada ponto de força, cada oferenda, ou seja, cada momento da gira, para que assim o ponto seja cantado com todo o seu fundamento. Algumas pessoas dizem que uma boa curimba é aquela que leva a gira do começo ao fim, entendendo todo o seu funcionamento, e principalmente tendo uma conexão com as entidades chefes e com os dirigentes do Terreiro. Muitas vezes artistas famosos e grandes compositores utilizaram os pontos cantados em suas gravações e shows, levando para o Brasil e para o mundo a beleza e a louvação dos nossos Orixás. Podemos observar isso nas belíssimas vozes de Clara Nunes, Mariene de Castro, Martinho da Vila, entre tantos outros. A grande maioria fez isso pedindo licença para a espiritualidade em um momento que as religiões de matrizes africanas estavam em evidência, tanto na tentativa de acabar com o preconceito religioso, como numa maneira de firmar uma identidade brasileira para a nossa cultura, no que diz respeito à história de nosso país, profundamente relacionada com a escravidão de negros e índios, muitos hoje entidades importantes dentro dos Terreiros. Encerro dizendo que em todas as religiões se reza em determinados momentos de seu ritual, na Umbanda se reza do início ao fim, porque todos os Pontos Cantados são uma forma de oração e de gratidão a tudo que nos cerca e que orienta nossos trabalhos. Axé!
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Ervas na Umbanda
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nstrumento de trabalho praticamente indispensável dentro de um terreiro de Umbanda, as ervas tiveram uma maior atenção em nossa Casa no dia 12 de novembro. Nessa data, a família SETO recebeu para palestrar gratuitamente sobre o tema “Ervas e seu uso na Umbanda”, o amigo Edson Ramos. Atuando com manipulação e venda de ervas há mais de 13 anos em frente ao Colégio de Umbanda Sagrada Pai Benedito de Aruanda, na R. Serra da Bocaina, 427 Belém, o “erveiro”, como também é chamado devido a atividade que exerce, foi convidado pelos membros do Grupo de desenvolvimento mediúnico “Ervas na Umbanda”, e compartilhou seus conhecimentos com uma plateia de aproximadamente 60 pessoas. Com simplicidade e simpatia, Edson ensinou sobre: propriedades das ervas, a melhor maneira de preparálas para o banho e a relação ervas e Orixás. Interagindo plenamente com o público, tirou dúvidas e sugeriu banhos e defumações para situações específicas.
Dicas do erveiro Está com dificuldade de perdoar alguém? Tome um banho de rosa vermelha! Mentalize o perdão à essa pessoa enquanto despeja o banho sobre sua cabeça. Sente o ambiente carregado? Defumação com sementes de aroeira…limpa tudo!
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Sugestão de banho E na última edição do ano de 2014, que tal um banho para atrair prosperidade, já pensando em 2015? Mais uma sugestão do erveiro Edson Ramos:
Folhas de café, folhas de pitanga e louro! Preparar o banho de abafo e despejar da cabeça aos pés após o banho de higiene. Lembre-se de ativar as ervas durante o prepare e no momento em que for tomá-lo!!!
Ervas do mês Dezembro mês de Iansã e Oxalá, separamos 2 ervas que atuam na vibração de cada um desses Orixás:
Iansã Espada de Iansã, erva quente Verbos: Cortar, despedaçar, direcionar, proteger Usada como um material bélico, tem como função energética cortar e combater energias negativas. De forma ornamental descarrega e protege ambientes. Nos banhos e defumações tem a mesma função. Picão branco, erva morna Verbos: Agir, direcionar Combate e quebra a demanda e feitiço, devolvendo os mesmos para sua origem. Seu banho limpa e cria uma proteção contra ataques de feitiçaria. A defumação é recomendada para limpeza de ambientes, auxilia no afastamento de eguns.
Oxalá Boldo (tapete de Oxalá), erva morna Verbos: Acessar, cristalizar, desobstruir, preparar. Magnetizador e fortalecedor do chakra coronário. Anima, aquece o espírito e traz confiança para as prática religiosas mediúnicas. Seu sumo pode ser utilizado direto no chakra coronário para desobstruí-lo de acúmulos energéticos negativos. Incenso (resina), morna Verbos: Estabilizar, imantar, preparar, purificar Associado às outras ervas secas, proporciona leveza ao ambiente e às pessoas que se defumam com ele. Estabelece no ambiente uma aura de tranquilidade e paz de espírito, ânimo e incentivo ao bem comum. Sua capacidade principal é criar magnetismo espiritual adequado.
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Grupo de desenvolvimento mediúnico “Ervas na Umbanda”
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entro do projeto de estudos da turma 1 do desenvolvimento mediúnico da SETO o grupo “Ervas na Umbanda” teve a missão de criar um compêndio contendo informações sobre as ervas mais utilizadas na nossa religião.
E como missão dada, é missão cumprida, o grupo composto por Alexandre, Bruno, Larissa, Luciana, Luis Fernando e Michele, finalizou o trabalho que pode ser consultado por meio do link http://issuu.com/searaseto/docs/ervas_na_umbanda. Além das informações sobre as ervas, o material contém também um pouquinho da importância dos chakras, dos tipos de água e como preparar banhos e defumações, assim como a ativação das ervas para esses rituais, além disso, apresentou-se algumas sugestões de banhos e defumações específicos para desenvolvimento mediúnico, energização, limpeza, entre outros. Parabéns ao grupo! “Durante a formatação das informações pesquisadas sobre ervas, houve a necessidade de uma revisão e ajuste do conteúdo para inclusão no "layout" de apresentação elaborado. A revisão, somada ao conteúdo pesquisado em conjunto com as informações adquiridas anteriormente serviram de grande valia para enriquecimento do conhecimento de cada componente do grupo e de nossa Seara Espírita Três Oguns. Esse conhecimento complementará a "caixa de ferramenta" dos médiuns, ajudará a compreensão dos cambones perante indicações de banhos e defumações recebidas pelas entidades, auxiliará aos componentes da casa, membros internos e consulentes, na sua manutenção do equilíbrio espiritual e no conhecimento pessoal independente da religião” (Alexandre). “Realizar essa pesquisa foi extremamente esclarecedor. Por meio dela percebi o quão podemos nos energizar, equilibrar e limpar, sem necessidade de dispersar grandes valores ou mesmo tempo. Ao sugerir alguns banhos, fiz o “teste” para perceber a reação e fiquei impressionada de como uma combinação de um punhado de “verdinhos” pode nos trazer muitas sensações gratificantes”. (Michele) “Umbanda tem fundamento, é preciso preparar!” Parabéns ao grupo!
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Tem alguma sugestão para o nosso jornal, algum elogio ou alguma crítica? Envie um e-mail para tresoguns@gmail.com. Visite nosso site: www.tresoguns.com.br
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