Jornal da SETO Seara Espírita Três Oguns
Setembro 2014
O Batismo na Umbanda Por Cátia Dias O dia da festa em comemoração ao 4ª aniversário da SETO foi mais do que especial, pois nesse ocorreu também uma cerimônia com vários batizados. O Batismo na Umbanda é a confirmação de nossa fé na religião. É sempre uma cerimônia bonita, simples e singela, que visa a nos conectar com a espiritualidade, além de oficializar a proteção e o acompanhamento por parte dos padrinhos escolhidos. Há todo um ritual preparatório
para
sua
efetivação,
com
banho
e
defumação específicos, para estarmos bem conectados com a espiritualidade, de coração e auras limpos. O Batismo reforça a Fé, sendo uma consagração na irradiação de Pai Oxalá. Expediente: Edição e redação: Fabiana Matos Redação: Cátia Dias, Rita Ramos e Wagner Ribeiro Fotos: Milena Kreski, Fabiana Matos e Gabriela Farcetta Diagramação e revisão: Erica Camarotto
NESTA
EDIÇÃO
1
O Batismo na Umbanda
2
Fotos dos Batizandos 2014
3
Aniversário da SETO
4
Entrevista
5
Workshop para Cambonos
7
Grupos de Estudo / Desenvolvimento
10
Sacerdócio de Umbanda
11
Se Meu Pai é Ogum
12
Calendário
Jornal da SETO – p. 1
“Eu sempre me emociono com o Batizado na Umbanda. Lembro-me da primeira cerimônia que assisti. Mesmo não sendo uma das pessoas a serem batizadas, senti que meu peito estava totalmente aberto e nele entrava todo tipo de irradiação de paz e de luz. Um sentimento que não dá pra descrever com palavras... É como se o Batismo nos transformasse num receptáculo de toda a energia positiva do Universo. E quando celebro um batizado, então, todo esse sentimento é multiplicado. É muita felicidade depararmo-nos com pessoas que, mesmo num mundo ainda tão cheio de intolerância, abrem o seu coração para a Umbanda”. Erica Camarotto – Dirigente da SETO
Estes foram os irmãos que se batizaram no último dia 30 de agosto
Cida Luis Fernando Alison
Marli
Marcos André
Rose
Mariana Matheus
Irailde
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Que a Luz do Sol de Oxalá irradie sempre sobre suas mentes e seus corações e que isso se reflita em seus sentimentos e atos. Saravá!
A SETO completa seu 4º aniversário - Mas quanto tempo leva pra se construir um Terreiro? Por Rita Ramos Não há como medir a existência da SETO em dias, meses ou anos, não há como medir pelo físico. Muito antes desses quatro anos, a casa já existia. A exemplo das construções terrestres, cada filho hoje é um tijolo, um alicerce, um arrimo, um ponto de equilíbrio. Pessoas que juntas se moldam, se afinam, se completam ou não, e assim como o cimento e a água, é preciso misturar e ter o ponto certo, só assim fica firme, só assim é “concreto”. Porém, como em toda construção, de tempos em tempos é necessário fazer alguns ajustes. Às vezes algumas coisas saem do lugar, quebram ou trincam e por isso são substituídas, outras
simplesmente não se encaixam mais ali. É o processo natural da reforma. Reforma que além de tudo precisa ser íntima. Alguns são como as paredes e sempre estarão ali, outros são como as cadeiras, que hora estão aqui ou acolá. Independente da posição que se ocupa, cada peça foi ou é importante para tornar o que é hoje esse terreiro de umbanda. Assim é que inicio a história da SETO, marcada por momentos intensos, de sentimentos positivos e negativos, às vezes estimulantes, outras vezes, contraditórios, mas sempre únicos. Faz parte da evolução e dessa ciranda de emoção, afinal nada se constrói sem amor, sem um projeto inicial, existe o arquiteto, o engenheiro e aqueles que põem a mão na massa, que arregaçam as mangas, que estão com os pés no chão e muitas vezes com o coração nas mãos.
A casa nasceu de um ideal comum, antes mesmo de existir ela já possuía um muro, formado por um pequeno grupo que guardava e protegia aquela que viria a se tornar o centro de força da casa. Não cabe aqui dizer nomes, mas sim ressaltar a importância do que viria a se tornar com o passar dos anos a SEARA ESPÍRITA TRÊS OGUNS. Ogum, protetor e dono do terreiro. Orixá dos caminhos, do discernimento, da lei. Foi um longo caminho percorrido até aqui e em alguns momentos as flores se misturam aos dissabores. As paredes são formadas por pessoas, somos humanos passíveis de erros e acertos unidos em um propósito comum. A estrutura está presente e firme e por meio dela formam-se famílias, famílias de sangue, de alma, de coração.
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A cada louvação a emoção toma conta de cada filho, sendo essa a força motriz que faz com que as paredes continuem firmes e de pé. Novos rostos, antigos sorrisos, renovação e fé. E esse é o principal para fazer com que essa construção se mantenha. O edifício continuará ali, suas paredes, cadeiras, plantas, imagens, atabaques, pessoas, sentimentos. Passam-se os dias, os meses, os anos, mas as “paredes” sempre, sempre estarão ali, de pé, firmes e fortes. Agradeço ao Pai Criador, por permitir nossa existência, por manter nossa egrégora, por solidificar nossa fé. Que venha mais uma infinidade de anos e paredes firmes! Saravá!
Trabalho externo – Santa Isabel
Entrevista com Erica Camarotto, presidente e dirigente espiritual da SETO - Seara Espírita Três Oguns Jornal SETO: Qual tem sido o seu maior desafio nesses quatro anos de SETO? Erica Camarotto: O meu maior desafio tem sido aprender a lidar com o ser humano e readequar as minhas expectativas pessoais à posição de Dirigente Espiritual. Isso porque a Umbanda desperta em todos nós um amor imenso, uma reverência e respeito a todas as Entidades, uma aproximação com as irradiações divinas, um sentimento de superação e transcendência. No entanto, na prática do dia-a-dia do Terreiro, nem tudo são apenas flores. Todo terreiro é formado não só por sua egrégora espiritual, mas por um grupo de pessoas que têm suas próprias características, qualidades e defeitos, anseios e sonhos. Incentivar as potencialidades de cada um e lidar com os pontos menos favorecidos é uma tarefa árdua, uma verdadeira lição de vida.
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J.S.: Quais seus sentimentos ao olhar para a Casa e seus quatro anos de história? E.C.: Os meus maiores sentimentos são o de amor e agradecimento. Nestes quatro anos enfrentamos as dificuldades que todo Terreiro enfrenta, seja organizacional, financeira, interpessoal ou espiritual. Mas com a graça de toda a nossa egrégora somada à boa vontade de cada Filho da SETO, nossa trajetória tem sido maravilhosa, temos ajudado bastante gente, temos divulgado positivamente o nome da nossa religião, e certamente, buscado o crescimento pessoal de cada um e coletivo, da SETO como um todo. Só tenho que agradecer ao Pai Maior, aos nossos Orixás e Guias, aos Filhos do Terreiro, aos Amigos e Assistidos e ao Betinho Pacini, parceiro de jornada.
SETO realizou em agosto o primeiro Workshop para cambonos sobre o tema “Postura, Função e Missão” Por Fabiana Matos No dia 09 de agosto a SETO – Seara Espírita Três Oguns realizou um workshop voltado para os cambonos, aberto para todos os filhos da casa, alunos das turmas de desenvolvimento e interessados em adquirir conhecimento sobre a função do cambono no terreiro. O workshop sobre o tema “Postura, Função e Missão dos Cambonos na Umbanda” foi ministrado por Michele Kreski, uma das fundadoras da Casa, que possui ampla experiência tanto na função de cambone quanto como responsável pela administração e delegação de tarefas aos demais cambonos da SETO, além de atualmente ser médium de atendimento e Tesoureira da nossa Casa. O propósito deste evento foi o de esclarecer a importância da função do cambono, que não é necessariamente um “estágio” que precede o de médium de atendimento. O cambono é um médium de sustentação que auxilia com sua energia na corrente dos trabalhos, tendo como principal função auxiliar as entidades no que for preciso, além de auxiliar corretamente o consulente sobre orientações da entidade, ou até mesmo ”traduzir” o que a entidade diz, garantindo que o consulente entendeu perfeitamente as instruções e os ensinamentos passados pelos guias de Umbanda.
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“Ser cambono é uma atividade que implica em ter conhecimentos para agir de forma coerente e de acordo com as normas da casa, em situações adversas.”
“O workshop possibilitou o compartilhamento de informações, a explanação de possíveis situações, sanou dúvidas e esclareceu para alguns presentes, que não trabalham na casa, que o cambono está ali para segurança de todos e não para ouvir conversa de ninguém”, comentou Michele Kreski.
Na SETO os cambonos são convidados a trabalharem sempre por meio das entidades chefes da Casa, após o início do Curso de Desenvolvimento Mediúnico (não há um tempo determinado), onde é adquirido conhecimento e ao mesmo tempo, o aluno é observado pelas entidades. “Para aqueles que acham que o convite para cambonar foi única e exclusivamente porque tem condições de auxiliar a casa, talvez seja o momento de você rever seus conceitos. Nunca passou pela sua cabeça que o motivo possa ser a possibilidade de aprendizado? Se você nunca pensou nisso, é o momento.” Trabalhar como cambono é um aprendizado, pode ser algo necessário para o desenvolvimento espiritual”, enfatizou Michele. Assim como os médiuns de atendimento, os cambonos também precisam seguir algumas obrigações para manter a energia da corrente:
“O cambono está ali para ajudar a zelar pela segurança física e algumas vezes, até moral do médium, para ajudar o consulente e assim colaborar com o bom andamento dos trabalhos.”
Fazer firmezas pessoais, banhos e
“Embora a prioridade seja o atendimento aos
defumações;
consulentes,
Seguir os preceitos;
Desenvolvimento, o cambono não é preterido
Ter uniforme e guias da casa;
em determinados momentos, mas sim, é aquele
Ter frequência do Curso de
que tem a capacidade de compreender que
Desenvolvimento Mediúnico;
outros possam precisar muito mais de um
Participar de todas as atividades da casa,
auxílio do que ele naquele momento”, explicou
tanto internas quanto externas;
Michele.
Auxiliar na limpeza e manutenção do
mesmo
aos
alunos
Antes do encerramento do Workshop, foi realizada uma reunião apenas para os cambonos da Casa, um momento para que todos pontuassem possíveis dificuldades e também comentassem sobre sugestões. “Sejam humildes, aproveitem a oportunidade de aprendizado, dediquem-se! Observem e absorvam todas as coisas boas que acontecem durante uma gira!”, finaliza Michele.
espaço físico;
ou
Ter a mensalidade e contribuições acordadas em dia.
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do
“Umbanda tem fundamento, é preciso preparar.” Com isso em mente, na SETO temos aulas de Teologia e Desenvolvimento Mediúnico, Grupos de Estudos Específicos e curso de Sacerdócio de Umbanda.
SETO tem Grupos de Estudo com os Filhos do Terreiro e alunos do Desenvolvimento Mediúnico Por Fabiana Matos Com o intuito de desenvolver novos projetos para a Casa dentro da Umbanda, os alunos do Curso de Desenvolvimento Mediúnico (Turma 1) se dividiram em grupos de estudo para que possam focar seus esforços e dedicarem-se aos temas propostos: Umbanda e Sustentabilidade, Pontos Cantados, Comunicação e Trabalhos de Ervas. De acordo com Erica Camarotto, “este tipo de estudo propõe a cada um uma participação mais ativa na obtenção do conhecimento de diversos temas da espiritualidade, bem como o compartilhamento desse aprendizado com o terreiro e com a comunidade.”
Grupo “Umbanda e Sustentabilidade” No caminho da sustentabilidade o grupo “Umbanda e Meio Ambiente” fez uma divisão em quatro eixos de pesquisa: a umbanda e o meio ambiente, práticas sustentáveis -com entrevistas de pessoas que têm terreiros que praticam a sustentabilidade-, novos paradigmas para a umbanda sustentável com foco em pontos de força, para a utilização de materiais que conservem a natureza e por fim, a sustentabilidade na SETO. “Todos os eixos estão interligados e as divisões foram realizadas para facilitar as pesquisas. A ideia é inserir as práticas da sustentabilidade no dia a dia da Casa. Com as entrevistas, a ideia é que se tenha um registro de tudo em vídeo para que possamos criar um acervo, também com conteúdos escritos e apresentar à Federação Umbandista do Grande ABC, a qual a SETO é associada”, explicou Mariana Farcetta, responsável pelo grupo.
Na foto: Mariana (de preto), Milena, Rodrigo, Ana Bueno e Michel .
“Já que é tão comum o ato ofertório, principalmente depositado na natureza ou nos pontos de força como cachoeiras, matas, bosques, mares e encruzilhadas, fica a pergunta: o umbandista foi sendo preparado para ter consciência ambiental?”, é que o que menciona Rodrigo Queiroz em um de seus artigos e que incentiva a equipe a mudar esta realidade.
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Grupo “Vozes de Aruanda” “As Vozes de Aruanda”, nome da equipe responsável pelos Pontos Cantados, tão importantes na vibração energética da gira, caminha a “passos largos”. O grupo iniciou uma força tarefa de pesquisa de novos pontos e ensaios durante o mês de agosto para a Cerimônia de Batizado, realizada no último dia 30. “Trabalhamos com duas vertentes, a primeira e urgente foi de levantar novos pontos para a festa de Batismo, com o intuito de renovar os pontos cantados durante a cerimônia. Todos pesquisaram pontos com a ajuda de Erica Camarotto, além das professoras da Umbandarte, Dany Arte e Juliana Arte. O próximo passo foi definir os pontos e partir para os ensaios realizados durante o mês de agosto. O grupo finalizou uma apostila para a Curimba com todos os pontos da festa”, explicou Tatiana Vieira, representante do grupo. A festa de Batizado foi o “pontapé inicial” para o projeto que vislumbra a organização dos pontos por classificação e tema. “Trabalhamos com um planejamento. Na reunião do dia 23 de agosto o grupo foi divido em duplas em que cada uma será responsável pela pesquisa de pontos por trono”, finalizou Tatiana.
Na foto: Tati (à esquerda), Kátia, Hellen, Neves, Nilson, Luiza, Gilda, Irailde e Thaís
Grupo “Ervas na Umbanda”
Na foto: Luis (de filá), Luciana, Michele, Alexandre, Bruno e Larissa.
“O grupo ‘Ervas na Umbanda’ tem como principal objetivo criar um compêndio sobre as ervas e seu uso na religião, não só dos trabalhos realizados no ano de 2013 pelos grupos do Curso de Desenvolvimento Mediúnico, mas também, as mais utilizadas no terreiro”, comenta Michele Kreski, representante do grupo. O grupo trabalha na compilação e padronização dos trabalhos realizados durante o ano passado e as atividades que se encontram em desenvolvimento, previstas para serem entregues este mês. “Trabalhamos com os testes de novos banhos por membros do grupo, além da pesquisa de defumações – água, carvão, resina, etc. A equipe também está desenvolvendo um manual sobre os tipos de banhos e rituais com as ervas, o qual será impresso para consulta dos frequentadores da Casa”, finalizada Michele. Jornal da SETO – p. 8
Grupo “Comunicação da SETO” A equipe de Comunicação da SETO trabalha com foco no Jornal, uma ferramenta importante, pois traz um resumo de algumas das atividades que a Casa realiza. “No momento nosso foco é manter a frequência mensal do jornal que não é publicado desde 2011. Optamos por uma versão digital que além de ser mais atual, permite que todos o acessem”, comenta Fabiana Matos, responsável pelo grupo. Além do trabalho para a finalização da edição de setembro do jornal, a equipe pretende atualizar os murais da SETO e desenvolver um novo layout para o veículo.
Na foto: Wagner, Rita, Fabi e Cátia.
“Com o ressurgimento do Jornal, focamos nosso trabalho neste projeto. Para 2015 pretendemos apresentar uma nova versão para o jornal e até mesmo viabilizar uma possível versão impressa para aqueles que não têm acesso ao universo digital. Queremos remodelar os murais da SETO com mais comunicados e informações sobre a Casa”, finaliza Fabiana.
As equipes têm trabalhado com afinco e dedicação, e até o final deste ano muitas novidades serão apresentadas, não só para a SETO, mas para a religião. Fique atento!
Desenvolvimento Mediúnico Além dos estudos em grupos, temos hoje uma turma cursando Teologia de Umbanda Sagrada com Desenvolvimento Mediúnico. O curso tem duração de 1 ano, com o intuito de introduzir aos interessados os conceitos da Umbanda Sagrada e despertar a conexão com a sua mediunidade. Esse curso é composto de aulas práticas e teóricas, ministradas por Betinho Pacini, Pai Pequeno da SETO, todas às quartasfeiras à noite.
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Sacerdócio de Umbanda No dia 11 de agosto a SETO iniciou a um novo curso, o de Sacerdócio de Umbanda, ministrado por Erica Camarotto, presidente e dirigente da Casa. “Que seja um período de efetiva transformação interna e que isso se reflita no dia-a-dia de cada um. Essa turma será apadrinhada, na esquerda, pelo Exu Marabô Toquinho, e na direita, pelo Caboclo de Xangô, Sr. Três Cachoeiras, entidades que têm sempre me impulsionado e me tirado de minha zona de conforto espiritual”, declarou Erica.
[...] Assim como, quem tem uma forte mediunidade de incorporação, intuitiva, sensitiva e até audição ou de clarividência, mas não gosta de estudar e de aprender, nunca será um bom sacerdote umbandista. E quem gosta de estudar e aprender e tem outros tipos de mediunidade, mas não tem as três primeiras acima, também não será um bom sacerdote umbandista. Extraído do livro Fundamentos Doutrinários de Umbanda, SARACENI, Rubens.
O curso tem duração de dois anos e os alunos terão um caminho de muitos desafios, conhecimento e dedicação! “A formação sacerdotal é fundamental para o exercício dessa função, imprescindível às coletividades afins por meio da fé e de uma crença religiosa.” Devemos entender o sacerdócio com uma profissão de fé, e, como toda profissão, só é bom profissional quem a estudou com alguém que a dominava e gostava de ensiná-la nos seus pormenores a quem tinha talento para ela”, finalizou.
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Se Meu Pai é Ogum... Ogum na Umbanda Adaptado por Wagner Ribeiro Ogum nas lendas Yorubá é o Orixá Senhor das guerras, metais e ferramentas, exerce influência nos campos da agricultura, tecnologia, guerras e ferramentas. Seu culto originou-se na África. A lenda diz que é filho mais velho de Oduduwa, desceu do Orun (céu) para o Ayie (terra) logo após sua criação, para auxiliar o homem em sua sobrevivência e evolução. Considerado o ferreiro dos Orixás, Ogum forjava suas próprias ferramentas tanto para caça, agricultura ou para guerra e ensinou os homens a operá-las. Foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos povos Yorubá da África Central. No Brasil, influenciado pelas condições do povo africano (vieram como escravos), foram ressaltadas outras características desse Orixá, buscando a privilegiar os aspectos guerreiros. Então temos a figura da divindade Ogum como sendo guerreiro, o general destemido e estratégico, como Senhor das estradas e encruzilhadas (nas encruzilhadas, junto com seu irmão Exu), pois é o desbravador de caminhos em busca da evolução e empenhado defensor dos desamparados. Ogum é uma divindade e rege a linha da Lei, ou seja, faz a ordenação da Lei Maior na criação. Sendo o regente da Lei seu símbolo é a espada que representa retidão dos caminhos, caráter, honra e honestidade. Ogum é o Senhor que executa a ordenação e abertura dos caminhos, gerando o afastamento da desordem e o caos a partir equilíbrio íntimo dos seres através da Lei divina.
É o princípio de que os seres de um modo geral, estando equilibrados em relação a Lei Maior e à Justiça Divina, conseguem atrair situações ordenadas, livrando-se da desordem. Falar de umbanda sem citar o sincretismo seria o mesmo que pular a história da Umbanda, explicada através da história do período colonial. Os primeiros africanos a chegar ao Brasil, cuja religião oficial era o catolicismo, não podiam cultuar suas divindades livremente. Portanto, os escravos começaram a associar suas divindades aos santos católicos para exercerem sua fé disfarçadamente. Na umbanda não foi diferente, uma religião genuinamente brasileira, (fundada em 1908 no Rio de Janeiro, a partir da combinação de elementos do candomblé, do catolicismo e do espiritismo), utilizou-se do sincretismo para evitar a violência preconceituosa. Como os santos católicos são bem numerosos, existem divindades que são identificadas com mais de um santo. O sincretismo de Ogum foi vinculado a São Jorge principalmente na região de São Paulo. A imagem de São Jorge representa a busca da vitória sobre as trevas interiores representadas pelo Dragão. Ou seja, São Jorge subjuga o Dragão (representação dos vícios e desordem), trazendo a ordenação e retidão da vida. Mas na Bahia, por exemplo, temos o sincretismo com Santo Antônio.
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CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OGUM "Os filhos de Ogum são tidos como brigões, mas é errôneo esse pensamento. Eles são mais intransigentes e obstinados do que propriamente brigões. Ogum representa o espírito da Lei e seus filhos têm essas características bem predominantes. Raramente o filho de Ogum pondera as coisas; o regulamento é este, então tem que ser seguido a qualquer custo. Toda Lei deve ser interpretada, para obter-se seu verdadeiro sentido e para conhecer-se o espírito dela. Porém, para o filho de Ogum, essa mesma Lei é usada com parcimônia. O filho de Ogum segue a Lei e sem se importar se ela serve para este ou para aquele caso. É lei, tem que ser cumprida, implacavelmente [...]". (Trecho extraído da Obra “Os Orixás na Umbanda e no Candomblé)
Tem alguma sugestão para o nosso jornal, algum elogio ou alguma crítica? Envie um e-mail para tresoguns@gmail.com Visite nosso site: http://www.tresoguns.com.br
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