www.pe.sebrae.com.br ano 44 • nº 1 • MAIO/JUNHO 2018
ano 44 • nº 1 • MAIO/JUNHO 2018
Entrevista Vinícius Lages, diretor de Administração e Finanças do Sebrae, fala sobre pequenos negócios e transformação digital
Inovação O seu negócio nas nuvens
Empreendedorismo Oito milhões de mulheres destacam-se no comando de pequenos negócios no país
Despertando o comportamento empreendedor Programa Empretec completa 25 anos e registra média de 10 mil pessoas qualificadas por ano no Brasil
0800 570 0800
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EDITORIAL Conselho Deliberativo | Pernambuco 2015-2018 Associação Nordestina da Agricultura e Pecuária – Anap Banco do Brasil S/A – BB Banco do Nordeste do Brasil – BNB Caixa Econômica Federal – CEF Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco – Faepe Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Pernambuco – Facep Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco – Fecomércio Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco – Fiepe Instituto Euvaldo Lodi – Núcleo Regional de Pernambuco – IEL Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco – SDEC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Estado de Pernambuco- Senac/PE Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Estado de Pernambuco- Senai/PE Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado de Pernambuco – Senar/PE Fundação Universidade de Pernambuco – UPE Presidente do Conselho Deliberativo Estadual Josias Silva de Albuquerque Diretor-superintendente José Oswaldo de Barros Lima Ramos Diretora técnica Ana Cláudia Dias Diretora administrativo-financeira Adriana Tavares Côrte Real Kruppa Comitê de Editoração Sebrae Pernambuco Eduardo Jorge de Carvalho Maciel Janete Evangelista Lopes Ângela Miki Saito Carla Andréa Almeida Jussara Siqueira Leite Roberta de Melo Aguiar Correia Jornalista responsável Janete Lopes | DRT – 2232 Texto e edição Dupla Comunicação Revisão Betânia Jerônimo Ilustração da capa Stock Photos Projeto gráfico original Felipe Gabriele | Z.diZain Comunicação Diagramação Edson Figueiredo | Z.diZain Comunicação Tiragem 2.000 exemplares Periodicidade Trimestral Impressão CCS Gráfica
Carta ao Leitor
D
esenvolver e fortalecer características empreendedoras, auxiliando na identificação de oportunidades de negócios. Esta é a premissa do Empretec, uma metodologia da Organização das Nações Unidas (ONU) promovida em cerca de 40 países. No Brasil, o Empretec é realizado exclusivamente pelo Sebrae. Em comemoração aos 25 anos da metodologia, a revista Direção, na sua reportagem de capa, mostra o impacto positivo do Empretec na vida e nos negócios de empreendedores que participaram das capacitações. As oportunidades de negócios podem surgir, inclusive, no uso de aplicativos como o WhatsApp e este também é um dos temas desta edição, em reportagem que dá dicas de como o empreendedor pode usar o WhatsApp Business, recém-chegado ao Brasil e voltado para pequenas e médias empresas. Outra inovação que mostramos aqui é o uso do conceito de tecnologia em nuvem, que vem transformando digitalmente o cotidiano das pequenas empresas, possibilitando que elas concorram com grandes empreendimentos. Ainda seguindo a linha das inovações tecnológicas, a entrevista desta edição traz Vinícius Lages, diretor de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, que fala à revista Direção sobre o Sebrae Digital e o futuro para os pequenos negócios com a transformação digital nas empresas. A força feminina no empreendedorismo brasileiro também é tema desta edição, em reportagem que ressalta não apenas o quanto o número de mulheres empreendedoras vem crescendo, mas também o empoderamento resultante do empreendedorismo na vida dessas mulheres. O segmento gastronômico é um dos que mais se destacam entre elas. É nesse cenário que estão também os empreendedores do ramo de doces, que têm como desafio manter as vendas o ano todo, independente das datas comemorativas. A história desses “empreendedores doces” será mostrada em outra reportagem desta edição, que traz na seção “inspiração” uma matéria sobre os espaços colaborativos. Também nesta edição você poderá conferir uma reportagem sobre as mudanças do MEI e um artigo sobre consultoria em inovação por meio do Sebraetec. Boa leitura! Até a próxima edição. Josias Albuquerque Presidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae
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Capa
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Empretec 25 anos
Empreendedorismo
Negócios
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Como lucrar com doces o ano todo, independente de datas comemorativas
Inovação
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A força feminina nos negócios
Desenvolvimento
Empreender usando o conceito de tecnologia em nuvem
Entrevista
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Seu negócio “disponível” no WhatsApp
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O que muda no MEI em 2018
Conheça histórias de quem resolveu investir em espaços colaborativos
Dicas
Consultoria de inovação: por que é importante para os pequenos negócios?
Revista Direção Maio/junho 2018 Rua Tabaiares 360 Ilha do Retiro – Recife/PE 0800 570 0800
Oportunidade
Inspiração
Artigo
Vinícius Lages fala sobre os pequenos negócios e as transformações digitais
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A metodologia da ONU que desenvolve características empreendedoras é aplicada em 40 países e, no Brasil, é realizada pelo Sebrae
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Trilha Começar Bem
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CAPA
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Para despertar o
comportamento
empreendedor O Empretec, um dos marcos do empreendedorismo no Brasil, está prestes a completar 25 anos. O programa proporciona o despertar das atitudes empreendedoras e qualifica anualmente cerca de dez mil pessoas no Brasil
por
MARIANA MESQUITA
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o Brasil, o Empretec é realizado exclusivamente pelo Sebrae, mas é feito mundialmente em mais de 50 nações. Até o momento, em torno de 400 mil empreendedores passaram pelo programa de imersão, o que faz o Brasil ser campeão na quantidade de pessoas capacitadas por meio do método. “O programa é nosso top de linha em
empreendedorismo”, define Gleyce Ramos, analista do Sebrae. De acordo com a coordenadora estadual do Empretec, Polliana Luna, aproximadamente dez mil “empretecos” foram formados em Pernambuco, ao longo das duas décadas em que o programa foi implementado no estado. “Focamos nas características do comportamento empreendedor e ajudamos a provocar mudanças do ponto de vista empresarial e pessoal”, resume ela. MAIO/JUNHO 2018
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CAPA
O SURGIMENTO DO EMPRETEC O programa de imersão comportamental que tem feito a diferença na vida dos empresários nasceu de uma pesquisa feita em 1970 pela Organização das Nações Unidas. Eles queriam saber por que certas empresas eram tão bem-sucedidas nos negócios e outras, mesmo recebendo incentivos, não conseguiam se alavancar. Foi descoberto que as bem-sucedidas tinham um padrão de comportamento em relação aos desafios empresariais. A partir dessa constatação, a pesquisadora Marina Fanning formatou um seminário abordando os 30 comportamentos empreendedores a serem seguidos e esta proposta começou a ser replicada mundialmente. “O programa tem feito a diferença na vida de empresários, porque aborda mudanças de comportamento. Não adianta apresentar ferramentas gerenciais se não forem trabalhadas as atitudes frente aos desafios”, aponta Gleyce Ramos. O seminário é pago e funciona como uma imersão de seis dias, em que os grupos com cerca de 30 participantes passam o dia todo em sala de aula. “O Empretec foi um divisor de águas, pois se trata da primeira metodologia que começou a trabalhar o empreendedorismo na prática no Brasil. Só a partir do Empretec, a questão do empreendedorismo foi se estabelecer nas escolas e universidades brasileiras, e as pessoas começaram a pensar em ter atitudes empreendedoras”, afirma gestor do projeto Economia Criativa em Territórios Vulneráveis do Sebrae em Pernambuco, Alexandre Ferreira. Ele foi o responsável pela primeira turma do Empretec no estado há 20 anos. FAZENDO HISTÓRIA EM PERNAMBUCO “Fui capacitado por Marina Fanning, que criou a metodologia e veio oferecer o primeiro curso aqui”, relembra Alexandre Ferreira, 8
que foi o primeiro coordenador do Empretec em Pernambuco. Há cinco anos, Alexandre encontrou com Marina em Brasília, durante as comemorações das primeiras duas décadas do programa no país. “Conversamos muito sobre como a metodologia se desenvolveu. Hoje em dia, por exemplo, trabalha-se muito com a vocação da pessoa. A gestão da economia criativa também vem ocupando um espaço muito grande. Estamos adaptando a metodologia para o segmento de cultura. Os empreendedores culturais precisam de exemplos diferenciados e aqui estamos consolidando informações voltadas para esse público específico, o que é uma necessidade e uma conquista de Pernambuco”, avalia. Integrante da primeira turma, o empresário Otávio Moraes diz que ter participado do Empretec foi fundamental para a sua trajetória. “Eu já tinha meu negócio, queria expandir o empreendimento e achei o programa muito válido. Ele contribuiu imensamente, principalmente por ser um modelo intenso, em curto prazo, oferecendo uma preparação para todo o negócio, de forma bem competitiva. Naquela época, não havia ainda a abertura do Brasil para o mercado global e não havia esse tipo de visão empreendedora dentro do país”, diz Otávio, que foi sócio fundador do Centro de Desenvolvimento Pessoal e Empresarial (Cedepe). “O Empretec ampliou minha visão, minha leitura de mercado,
flaviorcosta
Empresário na área de Educação, Darrell Marinho participou da primeira turma piloto do novo método do Empretec
minha visão competitiva e ajudou muito na expansão do meu negócio”, destaca. Também empresário da área de Educação, Darrell Marinho partilha do mesmo entusiasmo de Otávio Moraes. Ele participou da primeira turma piloto do novo método do Empretec, a qual foi capacitada em janeiro. “O aspecto vivencial do curso é um diferencial muito grande. Colocaram os alunos para praticar e experimentar. Isto atinge um enorme significado para quem está fazendo a imersão”, aponta Darrell, que oferece treinamentos e coaching na empresa Academy. O empresário diz que o Empretec, em sua opinião, “é um pré-requisito para quem quer empreender”. “O Empretec gera transformações e mudanças que eu trouxe para a vida, tais como o fato de organizar alguns processos e competências de organização. Eu já queria fazer o Empretec há muito tempo, porque conheço pessoas próximas que foram muito impactadas pelo curso. Já ouvia falar bem dele há mais de dez anos e, depois de passar por esta experiência, considero que é extremamente necessário para todo empreendedor”.
MUDANDO A REALIDADE TAMBÉM NO INTERIOR A metodologia do Empretec tem sido replicada por todo o país. Em Pernambuco, alcançou empreendedores de todas as regiões. “Não sei se o Sebrae dimensionou o impacto que a metodologia teria. O fato é que o Empretec não ficou restrito aos negócios, mas acabou influenciando toda uma comunidade”, conta o empresário Sandro Patrício, proprietário da Premier Materiais de Construção. Ele atua no segmento varejista de material de construção e de incorporação imobiliária em Petrolina, tendo participado da primeira turma oferecida no município em 1995. Como exemplo do poder de aglutinação do Empretec, em 1996, um ano após terem passado pelo seminário, Sandro e outros participantes desse primeiro curso fundaram a Associação Comercial e Empresarial de Petrolina. “A gente provocou mudanças muito grandes na região. Houve vereadores e prefeitos que saíram dessa turma”, comenta. MAIO/JUNHO 2018
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Embora tenha um currículo vasto, incluindo várias graduações e pós-graduações, Sandro divide sua vivência em antes e depois do Empretec. “Foi uma experiência extraordinária, porque mexe com o pensamento do empreendedor. A gente passa a entender melhor a função da empresa na sociedade e atinge melhores resultados na cadeia onde está inserido”, descreve. Após o Empretec, Sandro diz que passou a utilizar em sua vida, diretamente e o tempo inteiro, as características empreendedoras. “Sempre tentei replicar o que aprendi. O Empretec foi uma âncora na minha vida. Adotei os ensinamentos no meu negócio e difundi por onde passei. Além de me tornar um empresário melhor, de me capacitar, escrever livros sobre empreendedorismo e atuar como instrutor, eu abri a mente para participar da sociedade”, afirma. Colega de Sandro nessa primeira experiência em Petrolina, Nelbe Freire também considera que o Empretec foi essencial em sua trajetória. “Foi uma mudança radical. Descobri alguns potenciais que eu não tinha consciência que tinha. A gente só se profissionalizou de verdade após o Empretec. Eu não era informal, mas era amadora”, avalia. Após o Empretec, Nelbe deu uma virada no foco de seus negócios. Ela, que era empresária da área de serviços e fazia seleção de recursos humanos, passou a trabalhar com feiras, seminários e congressos. “Todo o negócio se expandiu a partir daí”, conta. “Tudo que somos hoje devemos a essa tomada de consciência de nossos potenciais e desejos. Por isso, sempre reconheço o quanto o Empretec foi fantástico e importante na minha vida”, finaliza. 2018 É ANO DE COMEMORAR E LANÇAR NOVIDADES “Enquanto celebramos os 25 anos, estamos estabelecendo um novo método, mais dinâmico, com inserção de Canvas (Plano de Negócios), design thinking, bioeconomia, 10
Francisco Teixeira
CAPA
inovação. Essas mudanças estão sendo implementadas no novo Empretec com apoio da ONU. As duas primeiras turmas piloto pernambucanas já foram capacitadas em janeiro”, comemora Gleyce Ramos. Ela conta que, em fevereiro, facilitadores do Brasil inteiro participaram do Trainning Of Trainners (TOT), um treinamento específico para os tutores do Empretec. “O programa é dinâmico e está em constante expansão e mudança”, resume Gleyce Ramos, acrescentando que gestores nacionais do programa têm vindo ao Recife para auxiliar no processo do que vem por aí. Para a coordenadora do Empretec em Pernambuco, Polliana Luna, “o programa torna os empresários mais exigentes em relação a seminários e cursos”. Por isso, fazse necessário criar novidades para atender às necessidades deste público. No próximo mês de junho, haverá o lançamento, em Pernambuco, da Comunidade dos Empretecos e de uma gift shop, bem como o anúncio do
Empretec Summit (encontro de “empretecos” de toda a região, a fim de fomentar uma rede de expansão de contatos e conhecimentos) e a apresentação dos embaixadores pernambucanos do Empretec (estão sendo escolhidos empresários para representar a “comunidade Empretec” em cada região). A meta maior do Empretec é fortalecer os vínculos entre os participantes do programa e ampliar o raio de inserção dos “empretecos”. Neste sentido, foi criado o Workshop 21, que tem uma duração de 12 horas e é realizado 21 dias após os participantes terem concluído o seminário, a fim de fortalecer a relação no grupo, discutir o que andou nos projetos e ajudar na construção de uma rede de troca e comunicação. “Criamos um grupo no Facebook e uma rede de negócios está sendo ampliada a cada encontro”, afirma. “Nos próximos anos, nossa meta é expandir a comunidade para alcançar o nível regional, nacional e possivelmente internacional”, planeja Polliana Luna.
em números Mais de
67% 90% 62% 96%
dos participantes apresentaram
aumento no lucro de suas empresas dos participantes
recomendam o Empretec tiveram
aumento de vendas acham que
vale a pena MAIO/JUNHO 2018 11
Divulgação
Sandro Patrício, proprietário da Premier Materiais de Construção, participou da primeira turma do Empretec, oferecida em Petrolina em 1995
NEGÓCIOS
Que o ano todo
seja doce!
As vendas de chocolates, bolos e doces aumentam em períodos como Páscoa e Natal, porém o desafio para os empreendedores deste segmento é manter as vendas em alta, independente da data por
MARIANA MESQUITA
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ão importam a crise e a pressão do mundo fitness: o brasileiro é aficcionado por doces e Pernambuco, tradicional produtor de açúcar e derivados, também concentra muitos empreendedores que optam pelo ramo. Fazer chocolates, bolos, tortas e doces para vender é uma ideia que pode dar muito certo, sendo uma boa opção para quem quer começar do zero, já que o investimento inicial não é alto e é possível produzir na sua própria cozinha. O fato é que, quando se fala de doce, há espaço para todo tipo de produto – do bolo mais sofisticado ao brigadeiro mais básico. Porém, o desafio, para muitos produtores, é manter as vendas ao longo do ano, depois de passados os períodos de maior procura como Páscoa e Natal. As diversas “modas” que de tempos em tempos atingem esse setor gastronômico (cupcakes, naked cakes, brigadeiros gourmet, entre outras) provam que esse é um mercado volátil, influenciável e faminto por novidades. Acompanhar as tendências, se profissionalizar e tentar antecipar os desejos dos clientes são passos essenciais para sobreviver nesse contexto. Foi o que fizeram Vanisa Loureiro e Patrícia Toscano, mãe e filha que há quase 30 anos trabalham produzindo chocolates. “Começamos de maneira informal, quando eu tinha 12 anos. Mamãe fazia trufas e ovos de Páscoa, e eu levava para vender na escola”, relembra Patrícia. “Minha avó, Dona Neném, ajudava a gente na produção e sempre nos incentivou bastante. Então, quando o negócio
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NEGÓCIOS
Mãe e filha, Vanisa Loureiro e Patrícia Toscano produzem chocolates há quase 30 anos e hoje comandam a empresa Vovó Neném
virou de fato uma empresa, resolvemos homenageá-la”, explica. A Vovó Neném se formalizou em 2007 e hoje tem produtos específicos para datas comemorativas ao longo do ano inteiro (Dia da Mulher, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal etc). “Temos brindes personalizados para restaurantes e hotéis, e produtos para noivados, chá de cozinha, chá de bebê, casamentos, formaturas, festas do ABC, 15 anos... O chocolate cabe em qualquer ocasião que você puder pensar”, enumera. Diante dos bons resultados, as empresárias resolveram procurar o Sebrae e melhorar a rotulagem e a embalagem dos produtos, entre outros aspectos da produção. Atualmente chegam a processar 600kg de chocolate em época de Páscoa. A tendência que tem dado mais certo é misturar o chocolate, que é universal, com sabores regionais como bolo de rolo e cachaça.
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PROJETO PILOTO VAI ESTIMULAR A PRODUÇÃO DE DOCES EM PERNAMBUCO O Sebrae está realizando uma parceria com a Secretaria Estadual de Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação, a fim de promover o desenvolvimento de empreendimentos no segmento de doces e derivados em três regiões pernambucanas. O ponto de partida foi o reconhecimento de que o açúcar é fundamental na história e na economia do estado, estando fortemente presente desde a chegada dos portugueses ao Brasil. Além disso, somos grandes produtores de frutas que poderiam ser processadas na forma de doces artesanais (caso, por exemplo, do Vale do São Francisco). “A ideia é resgatar as tradições de algumas regiões na fabricação de doces. Pesqueira, por exemplo, já teve grandes fábricas que contribuíam ativamente para a geração de empregos”, aponta a gerente da Unidade de
Projetos Especiais do Sebrae, Jussara Leite. “Hoje essa tradição se perdeu um pouco em Pernambuco. Queremos reforçar esta característica. Temos uma produção doceira secular. Quando visitamos mercados e lojas de conveniência, descobrimos que a maior parte dos doces artesanais comercializados aqui vem de São Paulo e Minas Gerais”, aponta, por sua vez, o secretário estadual de Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação, Alexandre Valença. O projeto piloto “Pernambuco doce – Resgatando tradições” começou em dezembro passado, em Petrolina, no Sertão do estado, reunindo 25 pessoas ligadas à fabricação de sorvetes, sucos e doces, que passaram por uma capacitação para aprofundar seus conhecimentos acerca da manipulação de alimentos. As próximas cidades a receber os cursos serão Pesqueira e Arcoverde. “Os municípios escolhidos se destacam por sua tradição na fabricação de doces, disponibilidade de matéria-prima e conhecimento sobre o segmento”, explica Alexandre Valença. Segundo Jussara Leite, o conjunto de ações previsto no projeto inclui melhorias de gestão e inovação nos processos produtivos e incentivo à busca por novos mercados, estimulando parcerias com outros nichos comerciais. “A proposta atinge, principalmente, produtores familiares, pequenas empresas, gente que atualmente abastece apenas mercados restritos ao seu entorno. Queremos alavancar esses negócios para que eles saiam da mera subsistência e possam atingir um território mais amplo”, adianta Alexandre Valença, que prevê o financiamento de equipamentos e melhorias para esses empreendimentos através de políticas públicas, além da realização de encontros com representantes da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e outras redes de distribuição de alimentos, a fim de oferecer as condições necessárias para a retomada do mercado. “Muitos desses empreendedores só estão precisando de uma ajuda mínima para decolar”, finaliza.
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EMPREENDEDORISMO
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Empreendedorismo
feminino destaca-se no país
O número de empreendedoras vem crescendo nos últimos 14 anos e hoje já são quase oito milhões de mulheres comandando micro e pequenas empresas em todo o Brasil
por
PEDRO JORDÃO
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ela primeira vez, as mulheres são maioria entre os donos de pequenos negócios iniciantes, aqueles que têm até três anos e meio de vida. Cerca de oito milhões de mulheres comandam hoje micro e pequenas empresas no Brasil. Os dados são do último relatório da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM – 2016), realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), e apontam para mudanças significativas no cenário dos negócios. É que o empreendedorismo vem crescendo no país – a nossa taxa já supera a dos Estados Unidos, França, Espanha, Alemanha, Itália, Argentina, México, bem como a dos países do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) – e a participação da mulher no cenário é um fator que vem garantindo esse crescimento, apesar dos entraves culturais e históricos.
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EMPREENDEDORISMO
Divulgada no final de 2017, com base nos dados coletados em 2016, a pesquisa GEM apresenta um dado que reflete a mudança social: as mulheres já são mais empreendedoras que os homens no Brasil. A taxa de mulheres entre os novos negócios é de 15,4%, enquanto a dos homens é de 12,6%. Naiara Cândido é uma dessas muitas mulheres que se destaca nos negócios. Dona de um empreendimento há menos de dois anos, a publicitária vendeu o carro para obter capital inicial e criar um nicho de mercado – o da demanda por brilho durante o ano todo. Foi assim que nasceu a Contém Glitter, uma empresa para vender glitter que se mantém durante todo o ano. “Dezembro é o segundo mês mais lucrativo para mim, mas em janeiro, por causa do carnaval, consigo vender 10 vezes mais”, revela. Em outubro do ano passado, a empreendedora importou da China 215kg de glitter e, somente em janeiro de 2018, vendeu 10 mil potinhos do produto, cada um com mais ou menos 6g pelo preço de R$10,00. De acordo com o Sebrae, grande parte do montante de empreendedoras de pequeno porte existentes hoje é constituída de jovens e 40% delas têm até 34 anos. Elas já são maioria na indústria (55%), em serviços (52%) e no comércio (51%). Além de terem uma taxa mais alta de empreendedorismo, as mulheres abrem empresas mais por necessidade do que os homens. Do total, 48% delas o fazem porque precisam; já entre os homens, este número cai para 37%. De acordo com Ana Dias, diretora técnica do Sebrae/PE, são quatro principais áreas de atuação das mulheres nos negócios. “Seus negócios são principalmente serviços domésticos, gastronomia, beleza e varejo de roupas ou acessórios. Mas não significa que as mulheres não estejam também tendo muito sucesso em outros setores. Em Pernambuco, por exemplo, há muitas mulheres se destacando em setores variados como farmacologia e tecnologia”, afirma. Para Patrícia Godoy, que está à frente de uma empresa de reformas e construção civil – a Godoy 18
& Azevedo Engenharia, as dificuldades ainda são muitas. Formada na área, a empresária conta que sofre muitos preconceitos, é subestimada e já perdeu alguns contratos apenas por ser mulher num setor que ainda é muito masculino. Para ela, é possível se destacar no setor ao executar trabalhos sempre com muita atenção e cuidado feminino. “Algumas vezes, os clientes perguntam se eu realmente sou capaz de executar a obra, se sou capaz de realizar meu trabalho, e quando termino e mostro o serviço pronto, as pessoas se surpreendem, principalmente pelo capricho e pelos detalhes. Estou sempre atenta”, conta. Segundo Roberta Andrade, gerente de atendimento do Sebrae em Pernambuco, as mulheres devem aproveitar suas características particulares para se destacar nos negócios. “A mulher tem uma capacidade muito grande de empatia, ela é muito sensível, o que facilita bastante as relações que ela precisa ter enquanto empreendedora com clientes e colaboradores. Ela consegue negociar melhor, além de geralmente possuir um espírito colaborativo muito presente”, destaca Roberta. MULHERES QUE INSPIRAM Para estimular a atividade empreendedora feminina, inspirar empresárias e mostrar que é possível enfrentar o preconceito de gênero, o Sebrae homenageia e premia, todos os anos, mulheres que se destacam no comando de micro e pequenas empresas, em âmbito nacional e estadual, nas categorias Empresa de Pequeno Porte (EPP) e Microempreendedora Individual (MEI). O Prêmio Mulher de Negócios é um reconhecimento dos cases de sucesso que, abrindo espaço para muitas outras mulheres, mostra a força delas para competir no mercado sem nenhuma diferença e com características tão únicas quanto valiosas. Ana Lúcia e Thayse foram as últimas ganhadoras, premiadas pelo sucesso em inovação, gestão, atendimento ao cliente, trabalho em equipe e qualidade de serviços e produtos.
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Patrícia Godoy está à frente da Godoy & Azevedo Engenharia
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EMPREENDEDORISMO
Ana Lúcia Bastos, Speedmais Soluções Elegante, em um vestido sóbrio e preto que a valorizava, com um sorriso largo e muita simpatia, ela se destacava no meio de muitas outras. Acompanhada de sua sócia, comentou sobre sua confiança, que conhecia a qualidade dos serviços da sua empresa e até brincou: “Vou ganhar em uma categoria e fulana [amiga de longa data e ali concorrente] em outra”. Com uma carreira que já passava da segunda década no setor de callcenter, Ana 20
Lúcia ocupou vários cargos e foi subindo aos poucos, construindo sua posição, até se tornar executiva de uma grande empresa. Com o salário alto conquistado, chegou a achar que iria se aposentar no meio corporativo, até descobrir que seria desligada por contenção de despesas. O momento a fez refletir e tomar decisões rápidas e assertivas. Escolheu empreender. No começo, ficou em dúvida sobre o tipo de negócio que deveria abrir. Chegou a escrever nove projetos. Mas a experiência foi decisiva no direcionamento.
Ana Lúcia Bastos abriu a Speedmais Soluções, uma empresa de call center com conceito diferenciado
Queria fazer algo que dominasse e então abriu um callcenter, que conhecia por dentro, desde os cargos mais baixos até os maiores. Descobriu-se na atividade. “Até então, não sabia que tinha tanto tino para negócios, que eu era uma empreendedora nata”, comentou. Conhecia as dificuldades da escolha. Investir em um callcenter demandava muito mais capital do que para fazer bolo, outra de suas opções empreendedoras. Para vencer essa primeira barreira, hipotecou o apartamento. Sentia que o risco valia a pena. “Mulher tem disso, sexto
sentido, e eu tinha uma intuição de que meu negócio ia dar certo”, disparou. Com o dinheiro do empréstimo, fundou a SpeedMais Soluções, o primeiro callcenter boutique do qual já se ouviu falar. “As pessoas diziam para mim: “Você é louca”! Outros diziam que eu era corajosa. E eu acho que sou isso mesmo: louca e corajosa”, lembrou com um leve sorriso e orgulho no olhar. Por conhecer os detalhes e as falhas do ramo, Ana Lúcia sabia que podia inovar e aperfeiçoar o modelo de callcenter que foi massificado. Não queria fazer mais um – e “já existem muitos”. Criou o conceito de callcenter boutique, aquele que, assim como pequenas boutiques, e diferentemente de grandes lojas de departamento, atende o cliente de forma personalizada. De acordo com Ana Lúcia, o trabalho da Speedmais é enxergar oportunidades de melhoria para os negócios dos clientes, entregando ferramentas de tecnologia capazes de melhorar o relacionamento com o cliente final. “Não é simplesmente o atendimento pelo atendimento”, ressalta. Para Ana Lúcia, o sucesso da empresa se dá pelo investimento nas pessoas e em tecnologia. De acordo com ela, a Speedmais investe em treinamento, capacitação, clima organizacional. O resultado é a taxa de rotatividade de funcionários na empresa perto de zero, em dois anos e meio, mesmo com o turnover do setor de callcenter sendo de 5% a 10% por mês. Entre os treinamentos oferecidos por Ana Lúcia, existe uma oficina chamada Renda +, na qual se ensina o funcionário a empreender, fazendo bolo e pão, para melhorar a renda do mês. “Eu sempre digo para as pessoas que trabalham na minha empresa: “Vocês trabalham seis horas, no outro horário não vão assistir TV, vão empreender! Porque para empreender não precisa muito. Com 10 reais, você consegue começar, quando você quer e acredita no seu sonho”. Além disso, Ana Lúcia conta que na MAIO/JUNHO 2018 21
EMPREENDEDORISMO
empresa a prática do comércio é permitida, para facilitar as vendas. Para ela, isto não só ajuda os funcionários como também garante que a prática não seja feita às escondidas, promovendo uma relação saudável entre eles e a chefia: “Fica uma relação de verdade”. Thayse Michelli Nóbrega de Macedo, Limpe Plus A empresária começou a Limpe Plus, empresa de produtos de limpeza de São José do Egito, no Sertão pernambucano, com R$ 33,00. “Eu e minha mãe compramos um concentrado e fizemos produtos de limpeza para nosso uso próprio, mas a família perguntou porque não fazíamos também para vender”, conta. Não deixou passar a oportunidade. Sem pensar duas vezes e com o mesmo produto que comprou para usar em casa, produziu mais itens para comercializar. Logo surgiram as primeiras dificuldades. Como vender? Para quem? Quem será o cliente inicial? Por morar na zona rural, decidiu começar a partir do próprio sítio e vizinhança. Mas como conduzir os produtos até o meu cliente? Vendeu algumas coisas de casa para comprar um carro e para fazer as primeiras compras grandes do negócio. Com o carro, teve a possibilidade de levar o produto na casa dos possíveis clientes, indo de porta em porta. “Uma coisa que eu friso muito na minha história é que nós que moramos na zona rural temos dificuldade de comprar qualquer produto. Então, eu quando despertei para o empreendedorismo, sabia que tinha que levar até o cliente, que tinha que buscar este diferencial e encaixar essa logística dentro do meu negócio”, contou. Logo instituiu o sistema porta a porta, passando na casa dos clientes todos os meses, sempre baseada no calendário. O cliente tem a facilidade de não ter que se deslocar para comprar produtos de limpeza como detergente, água sanitária, desinfetante, polidor. “Facilitamos a vida da 22
Com pouco mais de R$ 30,00, Thayse Michelli começou a Limpe Plus, empresa de produtos de limpeza em São José do Egito
dona de casa, que tem a comodidade de não ter que sair para comprar. E elas já sabem quando o carro da Limpe Plus vai passar”, afirmou. Além deste sistema, os clientes podem entrar em contato por telefone, fora do período estipulado em calendário, para pedir produtos. “Temos flexibilidade. Esta possibilidade é um diferencial nosso”. Após dois meses produzindo e comercializando os produtos, Thayse sentiu a necessidade de abandonar o concentrado e começar a mexer com a matéria-prima.
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Passou a pegar cada elemento e produzir produtos de limpeza com mais qualidade e em maior volume. Algo mais complexo e que precisava de mais investimento. Mas o risco valia a pena. Queria crescer e ir longe. Começou no quintal de casa produzindo 25 litros, passou a produzir 200 litros, usando todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI). “Hoje nós temos o conhecimento e a obrigação de usar os EPI – luva, máscara, bota. Nós temos que estar paramentados, de acordo com a legislação, para o nosso próprio bem”, afirmou.
Demorou para formalizar o negócio. Conta que, às vezes por comodidade, outras por falta de informação em relação a impostos e a toda burocracia. O assunto foi resolvido quando procurou o Sebrae e foi orientada. Tornouse MEI para ficar legalizada e poder comprar diretamente de indústrias, o que, mais uma vez, aumentou a qualidade do produto e possibilitou o crescimento do retorno financeiro. “Eu sei que estou no caminho certo. Eu adoro o que eu faço. Já consegui muito, mas agora quero ser reconhecida em todo o Estado de Pernambuco”. MAIO/JUNHO 2018 23
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OPORTUNIDADE
Chama no “Zap”! As redes sociais e os aplicativos para smartphones vêm mudando a lógica de comercialização e o contato com o cliente. O WhatsApp é um dos que se destacam neste contexto por
MARIANA MESQUITA
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á pelo menos três anos, o WhatsApp tornou-se uma ferramenta imprescindível para trocar mensagens, tirar dúvidas e efetuar vendas. Em janeiro, chegou oficialmente ao Brasil a versão do WhatsApp direcionada a empresas. A expectativa é de que novas facilidades potencializem ainda mais a relação entre os fornecedores de produtos e serviços e os consumidores. De acordo com uma pesquisa da Mobile Ecosystem Forum (MEF), realizada com seis mil usuários, o Brasil é o segundo maior país no uso do WhatsApp, ficando atrás apenas da África do Sul. Dos assinantes móveis no Brasil, 76% fazem uso regular do aplicativo. Aqui, como em muitos outros países, a rotina de pequenos e grandes
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empresários não tem sido mais a mesma desde a popularização do carinhosamente chamado “Zap”, que permite enviar fotos, mandar comprovantes bancários, gravar mensagens e prestar assistência com rapidez e facilidade. Como observa Conceição Moraes, que é analista do Sebrae, cada vez mais os brasileiros se apropriam dessa forma de comunicação que permite usufruir melhor dos pacotes de dados oferecidos pela maioria dos planos telefônicos. “Tudo hoje passa pelo aplicativo.
Proprietária da doceria By Cake, Juliana Albuquerque usa o WhatsApp para divulgar seus produtos e fechar negócios
A mesma dinâmica é utilizada pela jornalista Mariana Araújo, que tem dois pequenos negócios virtuais: a loja de acessórios Adoro Bijus, que é mais permanente, e um serviço de encapar cadernos e livros, que funciona de maneira sazonal. Para ambos os trabalhos, Mariana criou listas de transmissão e entra em contato direto com os clientes. No caso do serviço de encapamento, a cada início de ano ela atualiza a lista, mesclando clientes antigos com novas indicações obtidas por meio da divulgação de cartões em livrarias especializadas em material didático e, também, nos grupos de WhatsApp de diversas escolas. “As mães vão indicando umas às outras. Agora em janeiro, cheguei a encapar os livros de uma sala inteira de um colégio particular do Recife”, ri Mariana,
Andressa Rangel
Vou dar meu exemplo pessoal. Recebo mensagens da cabeleireira, peço pizza, mando receita para a farmácia e recentemente consegui agendar e depois remarcar exames direto pelo WhatsApp, sem precisar ficar ligando para a recepcionista”, relata ela. Conceição, que mora no Recife, conta que é assinante de um jornal do interior de Pernambuco, que chega até ela através do aplicativo duas vezes por mês. Trata-se do Jornal do Sertão, periódico que começou na versão impressa, há 12 anos, e também se tornou digital em 2015. Com uma tiragem de 50 mil exemplares impressos e circulando na região entre Arcoverde e Petrolina, ele vem fazendo sucesso através do WhatsApp. “Hoje as pessoas querem ter acesso rápido à informação. Nossos leitores não gostam sequer de receber o arquivo via e-mail, para não perder tempo”, aponta Hélida Enes, profissional de marketing que é responsável pelo jornal. “Considero o aplicativo uma mídia muito interessante. Envio para uma lista de mais de mil inscritos. As pessoas não precisam baixar para ler e já replicam para os amigos. Uso o WhatsApp para tudo. Esta semana mesmo negociei propostas de mídia com três clientes diferentes, utilizando apenas o aplicativo”, detalha Hélida. O aplicativo funciona para vários tipos de negócio e facilita a vida tanto de quem vende, como de quem consome. “Para mim, é um imenso facilitador. Tudo é agilizado através dele. Não tenho loja física, trabalho com encomendas e toda a minha comunicação é feita através do Instagram e do WhatsApp”, conta Juliana Albuquerque, proprietária da doceria By Cake. Formada em Gastronomia e atuando no ramo desde 2008, ela usa o aplicativo para divulgar seu mostruário, fechar negociações e tirar dúvidas dos clientes.
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Laura Tamiana
OPORTUNIDADE
Inicialmente a empresa de Fábio Ferrari vendia produtos diretamente para lojistas. A partir de 2016, com o auxílio do WhatsApp, ampliou o atendimento também para o consumidor final
que cobra R$ 6 por livro e chegou a cobrir com papel contato mais de 700 unidades, em 2018. Já a Adoro Bijus, que começou como brincadeira e era um espaço voltado para revender acessórios, acabou virando um hobby sério que funciona o ano todo. Mariana já fez cursos profissionalizantes e hoje vende suas obras em várias lojas colaborativas virtuais (três no Recife, uma em Fortaleza e outra em Belo Horizonte). Para conversar com a equipe gestora das lojas, claro que ela também apela para o WhatsApp. “O ‘Zap’ serve para tudo, só precisamos tomar cuidado para não irritar o cliente, enviando imagens pesadas e mensagens repetitivas”, alerta. A jornalista diz que entra em contato com os clientes para falar de novidades e promoções no máximo uma vez por semana. Desde que começou suas listas de transmissão, apenas cinco pessoas pediram para sair e foram atendidas. 26
“É preciso usar o bom senso e entender a forma como o seu cliente se comporta. A gente deve adaptar nossa linguagem e nossos procedimentos, individualizando o atendimento cada vez mais”, aponta também o empresário Fábio Ferrari, que tem uma lista semanal de transmissão com 300 pessoas cadastradas. Representante local da Korin Agropecuária (SP), da Amma Chocolate (BA) e da Camarões Sabores da Costa (CE), ele só trabalha com produtos orgânicos e sustentáveis, e mudou completamente a forma de funcionamento do seu negócio por conta do WhatsApp. “Uso para tudo: venda, cobrança, promoção, atendimento ao cliente”, resume. Sua empresa, fundada em 2011, a princípio vendia produtos diretamente para lojistas. A partir de 2016, com a inserção nas redes sociais e o auxílio do aplicativo, Fábio ampliou o atendimento também para o consumidor final.
Agora vende de uma unidade até milhares de peças. “O WhatsApp me trouxe uma enorme economia e comodidade, pois já não preciso fazer o tempo todo as visitas presenciais que realizava”, relata. Ele já baixou e instalou a nova versão do WhatsApp Business, mas como isto aconteceu há pouco mais de um mês, ainda está se familiarizando com as novidades. “O sistema é parecido, mas tem umas ferramentas extras bem interessantes”, aponta. SAIBA MAIS SOBRE O WHATSAPP BUSINESS A versão do aplicativo de mensagens voltado para negócios chegou oficialmente ao Brasil em janeiro e, inicialmente, só pode ser instalada em smartphones do tipo Android. Ao mesmo tempo em que foi lançada em nosso país, a novidade chegou aos Estados Unidos, Itália, Indonésia, Reino Unido e México. A versão corporativa do aplicativo foi desenvolvida para atender às necessidades de uma pequena empresa, depois que os responsáveis pelo WhatsApp perceberam a intensidade com que as pessoas vinham utilizando a ferramenta para fins comerciais. A ideia foi ampliar a usabilidade e os recursos ofertados, tornando mais profissional a relação entre empresários e clientes. Por enquanto, o serviço é totalmente gratuito, mas os produtores admitem que, no futuro, poderão cobrar pelas funções adicionais. Para utilizar o WhatsApp Business, as empresas devem ser de pequeno ou médio porte e é preciso informar o CNPJ delas. Também é necessário ter um número de celular que não esteja vinculado a nenhuma outra conta do WhatsApp. Ou seja, se a empresa utiliza o WhatsApp na modalidade atual, precisará obter uma linha diferente para se cadastrar na versão “business”. Há informações que os produtores do aplicativo estão testando uma terceira versão do serviço – o WhatsApp Enterprise (voltando-se para grandes corporações), mas, por enquanto, ainda não há previsão de lançamento.
Algumas
dicas de uso do WhatsApp Business Linha dedicada Tenha um número para o seu WhatsApp pessoal e outro para o corporativo. Inclua o logotipo da marca, bem como endereço, descrição da empresa, horário de trabalho, e-mail e website, tornando mais clara a relação com o cliente. Mensagens rápidas Você pode automatizar mensagens e configurar atalhos, criar textos de agradecimento que valorizem a sua companhia etc. Também é possível personalizar mensagens para o período em que você estiver ausente. Métricas O menu de estatísticas é básico, mas é possível ver dados sobre as mensagens enviadas, entregues, recebidas e lidas, permitindo mensurar o uso da conta corporativa. Etiquetas Para facilitar a identificação de mensagens, o WhatsApp Business tem uma função que permite criar e utilizar marcadores, tais como “pago”, “pendente”, “novo cliente” etc. Segurança É possível utilizar o WhatsApp comum e o WhatssApp Business em um mesmo aparelho, instalando as duas versões. Isto mantém mais seguros e resguardados os números que são do seu relacionamento pessoal e profissional, evitando erros no envio de mensagens.
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INOVAÇÃO
Seu negócio nas nuvens Conheça a tecnologia que está transformando digitalmente a vida das pessoas, o cotidiano e o funcionamento das empresas por
Stock Photos
PEDRO JORDÃO
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s cibercidades, que estão sustentadas nos pilares dos espaços online da nossa era, foram se delineando e se fortalecendo na medida em que a crise do modelo urbano em vigor tornou-se um colapso, provocando a fuga das pessoas do caos e insegurança das ruas para seus pequenos espaços privados: carros, apartamentos, escritórios. Neste contexto, a era digital apresenta mecanismos para garantir o contato humano e superar as barreiras físicas. O sociólogo Manuel Castells chamou este novo formato de sociedade, que se organiza em redes, de cidades pós-industriais, onde o tempo não estrutura mais o espaço, mas o fluxo de informações estrutura o tempo. A velocidade das mudanças provocadas pelas cibercidades, da mesma forma que aconteceu com as cidades durante a Revolução Industrial, no século XIX, terminou por contagiar o mundo dos negócios, facilitando transações e criando ferramentas que garantem o acerto e a excelência das atividades executadas. Gmail e Dropbox, por exemplo, são algumas dessas plataformas digitais mais conhecidas e usadas diariamente por milhares de pessoas em todo o mundo. E são precisamente esses espaços abstratos, mas cheios de conteúdo, que vêm revolucionando os empreendimentos e a competição empresarial.
Originalmente em inglês o nome cloud computing, ou, no nosso bom português, “computação em nuvem”, vem da ilusão de que tudo está disponível numa rede abstrata, a própria internet. As plataformas em nuvem garantem mais dinamismo e praticidade, permitindo que o acesso aos dados e a realização de atividades possam ser feitos de qualquer lugar do mundo e a qualquer hora, sem que o material de trabalho esteja armazenado em um único dispositivo (computador, HD externo, pen drive), não havendo necessidade de instalação de programas ou manutenção de sistemas e máquinas. “A nuvem é como um vértice de um triângulo, um ponto que liga os lados. Se eu tenho uma empresa que faz textos e você precisa monitorar esses textos, não é mais necessário que se crie, pague e mantenha uma grande tecnologia para possibilitar isto. As plataformas em nuvem já disponibilizam tal serviço por um preço mais acessível”, afirma Thiago Sarinho, professor de Estratégias Digitais do Cedepe Business School. “O conceito de nuvem vem para democratizar a tecnologia de ponta, melhorando a gestão das pequenas empresas, reduzindo custos e agilizando o trabalho. Não absorver o conceito de nuvem é estar preso ao passado e fadado ao fracasso”, pontua. Por isso, as nuvens estão revolucionando o mercado e gerando maiores e melhores resultados para os pequenos empreendimentos. MAIO/JUNHO 2018 29
INOVAÇÃO
O conceito de computação em nuvem é constantemente associado ao pesquisador norte-americano John Mccarthy, criador da linguagem de programação e estudioso da inteligência artificial. Há quem diga que as empresas Amazon, Google, Microsoft, IBM e Oracle foram as primeiras a criar serviços em nuvem para uso doméstico, inserindo usuários comuns nessa “nuvem de informação” ou information cloud. Aos poucos, essa tecnologia foi deixando os laboratórios e entrando cada vez mais no cotidiano das empresas, eliminando barreiras e aumentando a competitividade. Existem nuvens para muitos fins, para guardar arquivos que podem ser acessados de qualquer lugar, com senhas e logins, por exemplo. Este tipo de ferramenta evita o acúmulo de papéis e os riscos de perda de material digital quando um computador para
de funcionar. Existem também outras que ajudam a organizar processos, atividades e mecanismos. Costumam agilizar os serviços já que geralmente o acesso e a edição se dão por mais de uma pessoa ao mesmo tempo, usando computadores diferentes.
Em vez de perder tempo organizando documentos e o setor financeiro de sua empresa, ultrapasse seus concorrentes na conquista de novos negócios. Com a ferramenta, você controla seu “financeiro”, suas vendas, seu estoque, e emite nota fiscal eletrônica.
Criado em 2001 e com sede em Atlanta, nos Estados Unidos, o Mailchimp é uma plataforma em nuvem que opera tipos diferentes de mailmarketing, oferecendo um maior conhecimento sobre as pessoas para quem você está enviando e-mails e possibilitando um relacionamento funil com o cliente. O usuário deve tomar cuidado ao usar a plataforma, utilizando os dados que ela disponibiliza, para não ser invasivo – como pode ocorrer na prática de mailmarketing, quando mal realizada.
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Conheça algumas ferramentas em nuvem
capazes de impulsionar
seus negócios Desenvolvido por um dos cocriadores do Facebook, Dustin Moskovitzand, a ferramenta ajuda a aumentar a produtividade nas empresas. Com ela, é possível criar um calendário e uma lista de funções e atividades em que todas as pessoas envolvidas no projeto podem vizualizar quando as tarefas são cumpridas e colaborar no desenvolvimento de determinada tarefa.
A ferramenta mais utilizada no planejamento de negócios inovadores. O Sebrae Canvas permite que qualquer empreendedor desenvolva suas ideias de negócio ou até mesmo repense um modelo de negócio já existente. Facilita a cocriação, estratégia para impulsionar a inovação nos negócios. A ferramenta permite a interação entre usuários diferentes. Desta forma, seu trabalho pode ser avaliado, comentado e compartilhado por outros empreendedores usuários da plataforma. MAIO/JUNHO 2018 31
INOVAÇÃO
Crie o seu storytelling e explique melhor para o seu cliente o que sua empresa pode fazer por ele. A plataforma permite fazer vídeos e animações práticas e rápidas para aplicações de marketing e apresentações empresariais. A empresa foi criada em 2011 e tem sede no Reino Unido. Ainda não existe versão traduzida para o português.
Validada pela Ford em uma pesquisa de mercado, a ferramenta possibilita que o empreendedor faça uma análise de mercado para descobrir o que as pessoas estão querendo, quem são seus possíveis clientes, como satisfazê-los e vender mais. Criada pelo Google, a ferramenta mostra os termos mais buscados na internet em um passado recente. Autoexplicativa, apresenta gráficos com a frequência com que um termo é procurado em várias regiões do mundo e em vários idiomas.
Além do serviço de armazenamento que oferece 15GB gratuitos iniciais, a plataforma disponibiliza o G Suite Business. Muito mais que apenas compartilhar o local de arquivamento de seus documentos, o G Suite oferece ferramentas de produtividade que permitem que arquivos de texto, planilhas, apresentações de slides e formulários para pesquisa, por exemplo, sejam editados de forma colaborativa e em tempo real por várias pessoas ao mesmo tempo. É possível definir quem pode editar, comentar ou apenas consultar os documentos. Outra ferramenta do tipo é o Office 365, que utiliza os padrões do Office como Word e Excel. 32
De acordo com Flammarion Cysneiros, consultor do Sebrae para inovação e marketing digital, a computação em nuvem contribui para que as micro e pequenas empresas reduzam os custos e aumentem a produtividade, possibilitando que os pequenos negócios
concorram de igual para igual com grandes corporações. “A adoção dessas ferramentas permite maior segurança e backup de dados e informações estratégicas da empresa. Permite maior controle de custos através de gráficos dinâmicos em tempo real. Permite maior foco em projetos e processos críticos do negócio. Possibilita maior flexibilidade: a empresa pode atuar em qualquer lugar, bem como ter funcionários em home office. Possibilita maior escalabilidade, crescendo sem ter que investir em estrutura física ou tecnológica. E tudo é contratado apenas pelo seu uso” afirma Cysneiros.
Funcionando desde 2008 e tendo sede no Vale do Silício, grande centro de tecnologia do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, o serviço serve para armazenamento e partilha de arquivos. Este tipo de serviço elimina o armazenamento local de arquivos físicos e digitais. A plataforma foi a primeira do tipo que despontou no mundo, mas existem outras semelhantes como Google Drive, iCloud e OneDrive. O serviço oferece 2GB gratuitos e, para ter mais espaço e benefícios, é necessário pagar a partir de R$ 30,00 por mês.
Criada em 2008, a plataforma é um acervo de ferramentas de marketing e monitoramento digital. O SemRush ajuda a otimizar o site da sua empresa nos buscadores da internet, melhor posicionando seu produto (ou serviço) no mercado e levando-o para mais consumidores.
Gerencie sua própria máquina de vendas. A Resultados Digitais oferece todos os recursos para que você e sua empresa explorem ao máximo o potencial do marketing digital e consigam alcançar resultados extraordinários em vendas, acelerando o seu crescimento. Brasileira, a ferramenta foi criada em 2011.
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DESENVOLVIMENTO
Depois que sua atividade profissional foi excluĂda da categoria de MEI, a personal trainner Joana Barros avalia a possibilidade de abrir uma Microempresa (ME)
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Novas regras para o MEI Registrar-se como Microempreendedor Individual (MEI) mudou em alguns aspectos como faturamento e categorias permitidas
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MARIANA MESQUITA
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fotos
FLAVIORCOSTA
m janeiro de 2018, passaram a valer as novas regras para os microempreendedores individuais brasileiros. Algumas agradaram à maioria como o aumento do limite de faturamento das pequenas empresas para até R$ 81 mil (antes, o máximo era R$ 60 mil). Outras são mais controversas como a inclusão e a exclusão de diversas atividades entre aquelas permitidas neste tipo de empresa no país. A atividade de contador deixou de ser permitida nesse tipo de enquadramento profissional. “Acredito que o governo resolveu equiparar os contadores aos demais serviços exercidos por profissionais liberais,
tais como médico, advogado, jornalista, profissões com formação superior que não estão incluídas na lista de atividades de MEI”, afirma o contador Danilo Morais. “Acredito que a ideia deve ser deixar o MEI para as categorias que de fato precisam desse incentivo, como forma de recolher um mínimo de impostos e garantir os benefícios do INSS em caso de necessidade”, avalia. Danilo era MEI e vai precisar pedir o seu desenquadramento. “Eu pagava uma taxa única de cerca de 40 reais mensais. Agora vou ter que pagar por faturamento, incidindo um percentual sobre cada nota que for emitida”, explica. Outras atividades como personal trainner, técnico contábil e arquivista também foram excluídas da lista do MEI. MAIO/JUNHO 2018 35
DESENVOLVIMENTO
Segundo Luiz Nogueira, que é analista do Sebrae, houve várias inclusões de atividades, especialmente no âmbito rural. Profissionais como apicultores, viveiristas e prestadores de serviços de colheita, poda, roçagem, lavração, semeadura e preparação de terreno são alguns dos beneficiados. “A preocupação é fazer com que essas pessoas, que têm o status de trabalhador rural, não percam o benefício especial a que têm direito perante a Previdência Social”, aponta Luiz. Os locadores de bicicletas, motocicleta, material esportivo e videogames agora também podem ser legalmente microempreendedores. Luiz Nogueira explica que a legislação do MEI tem dois grandes pilares. Um deles é a cidadania empresarial, pois abre a possibilidade de se emitir nota fiscal para outras empresas e para o setor público. A menor quantidade de impostos paga pelos microempreendedores não é a única vantagem deste tipo de negócio. A própria questão da inclusão previdenciária para si mesmo e para a família é um diferencial importante, contando tempo para aposentadoria e recolhendo contribuição para o caso de invalidez temporária ou permanente. “É uma forma extremamente simples de formalização, que pode ser feita de qualquer computador com acesso à internet”, frisa. Luiz destaca que é importante se informar antes de aderir ao programa, pois uma vez formalizado, o MEI exige obrigações incondicionais. “É preciso pagar uma taxa mensal e fazer anualmente declaração anual de faturamento, mesmo que não tenha entrado nada em caixa. E quem não fizer isto no prazo, pagará multa”, alerta. A partir de 2018, a Receita Federal vai fazer a suspensão dos CNPJ das empresas que se encontram em débito. A novidade boa é que foi aprovado um parcelamento administrativo das dívidas, em até 60 parcelas de no mínimo 50 reais cada uma. 36
O contador Danilo Moraes vai precisar pedir o seu desenquadramento da categoria de MEI
FORMALIZAÇÃO E TRIBUTAÇÃO PARA PERSONAL TRAINNER Joana Barros, 32 anos, atua como personal trainner desde que se formou no curso de Educação Física, em 2008. Por nunca ter se formalizado como Microempreendedora Individual (MEI), exerce a atividade como pessoa física. “Sou autônoma. Com o perfil de clientes que atendo, nunca senti necessidade de emitir nota fiscal, mas tenho consciência de que a formalização pode gerar um leque de possibilidades. Agora, com as mudanças impactando minha categoria profissional, tenho interesse em conhecer as novas regras para saber como é possível abrir uma microempresa e, assim, oferecer meus serviços aos alunos e a outras empresas, ampliando o meu campo de atuação. Mas penso que é preciso planejar bastante, antes de dar este passo”, afirma.
Para auxiliar profissionais como Joana, em março, o Sebrae ofereceu uma oficina sobre regras de empreendedorismo para personal trainner. A demanda pelo tema surgiu depois que a atividade foi excluída da categoria de Microempreendedor Iindividual (MEI), no começo deste ano, impossibilitando que os profissionais do ramo continuem atuando como empresa individual, fechando contrato com empresas maiores e emitindo nota fiscal para clientes, dentre outros benefícios. Com as mudanças no MEI, algumas atividades como locação de equipamentos esportivos e serviços de poda foram enquadradas na categoria, enquanto outras (personal trainner) foram retiradas, perdendo as vantagens empresariais que a categoria proporciona pelo Simples Nacional. Por isso, o Sebrae em Pernambuco promoveu a oficina Formalização e Tributação para
Personal Trainner, a fim de informar para esses profissionais outras possibilidades empreendedoras, tais como se tornar uma Microempresa (ME) que carrega na sua constituição outras vantagens e obrigações também pelo Simples Nacional. “Nós queremos amparar o personal trainner que ficou impossibilitado de atuar formalmente como MEI, informando as vantagens de se tornar ME e voltar a fornecer seus serviços para empresas e clientes, lucrando com isso”, pontua Romárcia Lima, analista do Sebrae responsável pela realização do evento. Entre as principais diferenças entre MEI e ME está o porte das empresas. Enquanto a primeira, como diz o nome, é individual e pode ter faturamento bruto anual até R$ 81 mil por ano, a segunda pode chegar a R$ 360 mil por ano. As duas categorias estão enquadradas no Simples Nacional, facilitando a cobrança de impostos. MAIO/JUNHO 2018 37
INSPIRAÇÃO
Colaborativo e independente As lojas colaborativas como “Quintal Criativo”, “Me Poupe! Loja Colaborativa” e “Espaço Bora” são uma tendência de sucesso no ramo da economia criativa
por
MARIANA MESQUITA
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o Recife, já existem diversos grupos organizados em um novo modelo de negócio, que funciona como um eficiente canal para expor e vender essas produções independentes, disponibilizando um espaço físico a um custo mais acessível do que o produtor teria que desembolsar para abrir, sozinho, sua própria loja. Entre outras vantagens, podem ser citadas a possibilidade
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A bióloga Cecília Barreto é a idealizadora do Quintal Criativo, espaço colaborativo que fica no bairro das Graças, no Recife
de firmar parcerias com outros artesãos e o fato de não precisar ficar constantemente no espaço de venda (já que as lojas costumam disponibilizar vendedores para atender os clientes), otimizando a produção das peças. Uma dessas experiências é o Quintal Criativo, que se instalou no bairro das Graças. Sua idealizadora foi a bióloga Cecília Barreto, que entrou na área por acaso. “Estava em busca de independência financeira e minha área de formação era muito difícil em termos de emprego”, relembra. Após conhecer alguns espaços colaborativos em São Paulo, ela resolveu replicar a ideia no Recife. “No começo, as pessoas achavam que era loucura, que não ia dar certo”, diverte-se. Cecília alugou apenas o quintal de uma casa e lá instalou seu negócio. “A gente perde em visibilidade, pois não tem as vitrines tradicionais, mas compensa com o bom uso das ferramentas de marketing digital. Como há muitas pessoas envolvidas, o espaço tende a ter maior divulgação do que se fosse um negócio
individual. Já temos uma clientela fidelizada e as vendas têm aumentado mês a mês”, avalia. Hoje ela partilha o espaço com três marcas principais: a Use Aladê (autoral, com foco principal no público masculino), a Use Cobogó (autoral, voltada para o feminino) e a Quintal Criativo (de moda praia). Juntas, buscam parceiros para complementar o acervo com acessórios variados. “Trabalhamos com marcas como Malun, Detalhes de Frida e Tamarinda. E para ocupar até a parte externa do quintal, também fizemos parceria com a empresa de vasos decorativos Terra Flora”, comenta. Já a semente da Me Poupe! Loja Colaborativa surgiu quando a engenheira agrícola Kamila Alves cursava uma disciplina de Gestão Ambiental, na época da faculdade. “Fiz um trabalho sobre economia criativa e sustentável e elaborei um projeto de um local onde as pessoas pudessem comprar direto do produtor, a um preço justo, sem atravessador e sem exploração”, relembra. Após se formar, ela foi trabalhar na área do curso e, em 2013, MAIO/JUNHO 2018 39
flaviorcosta
INSPIRAÇÃO
A engenheira agrícola Kamila Alves teve a ideia de abrir a Me Poupe! Loja Colaborativa na época da faculdade
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Luis Vitor
teve a ideia de garimpar algumas peças com amigos e abrir um brechó. O ingresso de Kamila no ramo não foi planejado. “Eu era amiga da dona da loja Etiqueta Verde, que virou um espaço coletivo. E ela me chamou para abrir uma loja. Eu topei e procurei me basear na experiência da Endorsa, uma loja colaborativa que funciona em Brasília”, conta. O espaço de Kamila abriu em 2016, no bairro do Espinheiro, e atualmente conta com 40 colaboradores, entre produtores de moda, objetos de decoração, papelaria, cosméticos naturais e acessórios variados. “Vem dando certo, vendemos bem. Apesar da crise no comércio, não estamos sentindo dificuldade”, comemora. Para ela, o grande diferencial deste tipo de negócio é a possibilidade de ajudar as pessoas a viabilizar o sonho de viver daquilo que amam fazer. “Não vejo muitas desvantagens neste modelo de empreendimento. Atualmente estou deixando de ser microempreendedora para me tornar média empresária e sentindo um pouco de dificuldade com a área contábil, porque a lei ainda não prevê este tipo de negócio. Nós ainda estamos nos inventando”, confessa. A empresa de Juliana Souto e Eduardo Amorim começou como uma feira de design. Ela, advogada e designer, tinha a marca Casa 87; ele, a Encomende Design. “A gente sentia dificuldade de se mostrar, expor, competir com grandes marcas, o que é uma dificuldade habitual dos pequenos produtores. Diante disso, decidimos criar a feira Espaço Bora. O nosso diferencial é a forma como mostramos os produtos. Nos preocupamos com a estética da feira, onde e como as pessoas vão expor o que produzem”, relata Juliana. A feira começou a ficar conhecida e, na sequência, eles resolveram abrir um espaço colaborativo permanente no shopping Paço Alfândega, no Bairro do Recife. “Lá podemos vender o ano todo. Geralmente nossos colaboradores são pequenas empresas que têm dificuldade de se inserir, de pagar por um
O Espaço Bora, de Juliana Souto e Eduardo Amorim, começou como uma feira de design
espaço, por um bom fotógrafo, de investir em divulgação”, conta. O espaço foi aberto em 2017, com retorno bastante positivo. “O Paço Alfândega tem uma circulação bacana e atinge bem o público específico de nossos produtos, que geralmente são peças de decoração, moda, arte e design”, avalia. Em média, o Espaço Bora possui 40 colaboradores e, segundo Juliana, está tendo cada vez mais visibilidade e aceitação. A ideia é ampliar o empreendimento, mantendo, ao mesmo tempo, a realização de pelo menos uma grande feira anual. MAIO/JUNHO 2018 41
ENTREVISTA
“Transformação digital é muito além do uso intensivo de novas tecnologias da informação e comunicação” Smartphones, inteligência artificial, Internet das Coisas, BigData, robótica... A transformação digital mudou a forma como as pessoas se comunicam, se divertem, interagem, gerando fatores de transformação em vários aspectos, inclusive nos negócios, já que muitos deixam de existir e outros se reinventam. Despertar os empreendedores para as oportunidades das plataformas digitais é um dos desafios do Sebrae. Sobre este desafio, Vinícius Lages, diretor de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, fala à revista Direção. Ele ressalta o futuro dos pequenos negócios diante dessas transformações e explica o funcionamento do Sebrae Digital por
JULIANA ÂNGELA
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CHARLES DAMASCENO
Como traduzir o Sebrae Digital para pequenos empreendedores?
E como a instituição prevê essa transformação?
É um Sebrae mais ágil, de prontidão 24 horas, 7x7, 365 dias, através dos múltiplos canais integrados, inclusive a rede de atendimento presencial dos escritórios, que ainda mantém funcionamento ativo nos horários comerciais. O digital amplia a capacidade de diagnosticar problemas e prescrever soluções, põe os empreendedores em redes de relacionamento que potencializam a capacidade de gerar negócios e de aprendizagem. Os problemas centrais são tratados: os desafios de gestão e de acesso a serviços financeiros e a mercados. O digital passa a ter capacidade mais tempestiva de interagir com os empreendedores, encaminhando soluções para seus problemas.
A transformação digital é muito além do uso intensivo de novas tecnologias da informação e comunicação. É todo um modelo de negócios que se reconfigura para tornar a instituição ainda mais capilar e preparada para resolver problemas dos empreendedores em tempo real, através dos múltiplos canais. Dos aplicativos nos celulares aos portais, e mesmo à rede física de atendimento integrada ao digital, ao BigData, aos algoritmos inteligentes. Há um investimento em TICs, mas, sobretudo, na cultura digital, pois são as pessoas que constroem a alma digital desse novo Sebrae. Novas competências serão necessárias e estamos investindo nisso. A plataforma digital, arcabouço tecnológico que integra as funcionalidades que dão conta desses serviços digitais, está sendo desenvolvida
para que possamos virar a chave para novas soluções e serviços. Quais as expectativas da instituição com relação ao entendimento por parte do segmento de MPE sobre a importância dos pequenos negócios na era digital? Os empreendedores brasileiros, de todos os portes, e mesmo os Microempreendedores Individuais (MEI), já se apoiam fortemente em TICs, em seus smartphones, para fazerem negócios, resolverem problemas do dia a dia de seus negócios. Muitos já nascem digitais e móveis, pois nem mesmo têm desktops. Cresce no Brasil também o volume de transações realizadas em plataformas de comércio eletrônico através dos marketplaces de bens e serviços.
O grande desafio reside no bom uso dessas tecnologias, pois apesar de termos cada vez mais brasileiros usando smartphones e computadores, grande parte ainda desse uso é para fins de comunicação pessoal e entretenimento. Despertar mais empreendedores para as oportunidades das plataformas digitais, alertando-os para os efeitos da transformação digital sobre seus negócios é, portanto, um grande desafio. O outro é suprir carências tecnológicas e de inequidade de acesso à banda larga e conectividade, que permitam para mais gente fazer parte do mundo digital. Os pequenos negócios têm na palma da mão, através da telefonia móvel, acesso a conhecimento, dados e serviços, tal como as grandes empresas têm. Habilitá-los para fazer bom uso desses ativos é um enorme desafio. MAIO/JUNHO 2018 43
ENTREVISTA
O termo “disrupção” tem preocupado muitos empreendedores que veem a chance de seus negócios serem substituídos por opções digitais. De que maneira a transformação digital pode deixar de ser uma preocupação e representar avanço e possibilidades de negócios?
realiza palestras e orienta os que querem inovar na oferta de bens e serviços usando tais plataformas.
Cada onda tecnológica (e revoluções), quer na indústria, na agricultura ou nos serviços, gera impactos e, dependendo da natureza tecnológica, gera disrupções. Sobretudo as que produzem efeitos sobre os paradigmas de negócios estabelecidos. O digital veio para ficar e a velocidade computacional e a abundância de dados e informações vão mesmo transformar o modo como criamos, produzimos, consumimos, compartilhamos e armazenamos. Abraçar o digital e entender o que está acontecendo no mundo – como essas tecnologias chamadas disruptivas impactam modelos de negócios atuais – são uma necessidade de todos: cidadãos, empresários, instituições públicas e privadas.
A economia circular, a economia sustentável, em que se prolonga o ciclo de vida dos materiais, em que se reduz o impacto sobre a base de recursos naturais, tem nas plataformas digitais um enorme aliado. Primeiro por podermos, cada vez mais, saber como, onde e quem produz bens e serviços que consumimos. Além disso, há aplicativos de compartilhamento de certos bens e serviços que reduzem o impacto produzido quando cada um tem que consumir algo isoladamente. As redes sociais, os blogs e muitos aplicativos são também poderosas ferramentas de comunicação para chamar atenção, sensibilizar e mesmo influenciar o desenho de políticas públicas orientadas para a sustentabilidade. Um dos resultados da transformação digital é a desmaterialização. Em um smartphone, hoje em dia, temos mais de 10 equipamentos ou coisas que não precisamos mais adquirir, tais como lanternas, calculadoras, máquinas fotográficas, gravadores, cadernos de anotações etc.
O Sebrae já vem, há algum tempo, atuando junto aos seus clientes, ajudando-os a entender de que maneira essas tecnologias impactam seus negócios. Para deixar de ser uma preocupação, o digital tem que virar uma ocupação. Ou seja, entender de que modo se pode tirar proveito das tecnologias existentes e, sobretudo, como seus clientes – os clientes dos negócios de pequeno porte – podem acessar bens e serviços através dessas tecnologias. É preciso superar o medo e a ansiedade pelo investimento em inovação, pela preparação para lidar com essas tecnologias de forma produtiva. Ao invés de só usar o smartphone para fazer comunicação nas redes sociais, ou usá-lo em atividades lúdicas, aprender com plataformas como WhatsApp, Twitter, Facebook, Google, Amazon, Instagram pode ajudar nos seus negócios. O Sebrae oferece capacitações, 44
Quais as possibilidades proporcionadas pelas plataformas digitais principalmente no que se refere à economia sustentável?
Outros ganhos proporcionados pela transformação digital dizem respeito à inteligência colaborativa. Em que consiste essa inteligência e quais as vantagens para os pequenos negócios? As redes sociais, os games e a colaboração para criar, produzir e consumir através dessas plataformas digitais geram um novo tipo de inteligência, pois além da rede de humanos temos os algoritmos inteligentes agregando valor a essas transações. Hoje podemos criar e gerenciar um projeto em rede de forma colaborativa. Podemos comprar de forma
colaborativa, melhorando o poder de barganha, reduzindo as assimetrias de informação. E isto pode beneficiar enormemente os pequenos negócios. Ainda em relação aos pequenos negócios, que outros impactos e vantagens advêm das transformações causadas pelas novas tecnologias digitais? Impactos negativos e positivos surgem em cada nova onda de revolução tecnológica. A transição do nomadismo para a agricultura, as tecnologias a vapor da Revolução Industrial, o uso do computador e da informática no mundo dos serviços, tudo isso aconteceu com as transformações nos sistemas econômicos e nos modelos de negócios. A transformação digital, que teve início por volta de 2007, com o surgimento dos smartphones que ampliaram o poder computacional e a comunicação móvel, traz embutida um potencial de transformação sem precedentes. Telefonia móvel, inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT), BigData, robótica e nanotecnologia, quando combinadas, geram efeitos transformadores em todos os setores. Muitos negócios deixam mesmo de existir. Tudo que pode ser digitalizado vem sendo digitalizado e isto pode abalar muitos modelos de negócios tradicionais que ainda não concluíram processos de digitalização básicos. Mas, por outro lado, essas tecnologias possibilitam alavancar ativos nos ecossistemas, nos ambientes de negócios. De outro modo, isto não seria possível. As vantagens estão baseadas na capacidade de oferecer bens e serviços, mesmo não sendo dono desses serviços. Um petshop pode criar uma rede de interessados em cães e gatos, por exemplo, e povoar uma plataforma, oferecendo companhia para os que se interessam pela companhia desses animais – e não em adquiri-los. É outro tipo de negócio: oferecer acesso a animais de estimação para quem tem interesse em tê-los por algumas
horas ou mesmo um fim de semana. Do outro lado da plataforma, haveria pessoas dispostas a emprestar seus animais de estimação por esse período. Se vale para apartamento, carro, Airbnb e Uber, vale para um monte de coisa e serviços também. A lista de possibilidades é enorme. Diante desse cenário, quais as iniciativas do Sebrae para auxiliar as empresas a se ajustarem e se beneficiarem das transformações digitais e rupturas provocadas por elas? Nosso maior esforço é concluir o processo de transformação digital no próprio Sebrae e nos habilitar a prestar melhores serviços com maiores conveniências (24 horas, sete dias da semana, todo o ano). Estar presente na mão de todos aqueles empreendedores que precisam de orientação onde estiverem e quando precisarem. Do momento do sonho de empreender à jornada diária nos seus negócios. Ser o melhor e o mais conveniente assistente para o empreendedor brasileiro. Ser irrelevante e mesmo imprescindível para o sucesso dos pequenos negócios. Mas também estamos avançando na capacitação e preparação dos empreendedores de pequenos negócios, a fim de que eles entendam o que vem acontecendo no mundo, os reflexos no Brasil, os impactos positivos e os que ameaçam seus negócios, de modo que aproveitem essas tecnologias para fazerem uma virada de chave em seus modelos de negócios. Ser digital ou ter apoio no digital é incontornável para qualquer negócio de qualquer porte e qualquer setor. Assim como acontece com a eletricidade, imaginamos que a informaticidade – o uso de dados e tecnologias digitais – será como o ar que respiramos. A transformação digital e o amplo uso das tecnologias que compõem essa transformação vieram para ficar. Não tem retorno. Por isso, grandes, médias e pequenas empresas precisam se preparar, qualificarem-se e investirem nas atualizações necessárias em seus modelos de negócios. MAIO/JUNHO 2018 45
ARTIGO
Consultoria de inovação: por que é importante para os pequenos negócios? por
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JOÃO PAULO CUNHA*
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Vivemos hoje num mundo de mudanças cada vez mais aceleradas. Hábitos, cultura, tecnologia e outras variáveis modificam-se em ciclos cada vez menores e impactam o ambiente de negócios. De um lado, as forças de mudanças; do outro, a pressão cada vez maior da competição entre empresas. Neste contexto, empreendedores não têm outra saída para prosperar, a não ser a inovação e a capacidade de adaptação. Querer melhorar e se diferenciar são atitudes essenciais num mercado com tanta oferta e com uma demanda cada vez mais bem informada e exigente. Se no passado empresas como a Ford prosperavam produzindo apenas um modelo de carro da mesma cor, hoje isto seria inconcebível. Mas afinal, o que é mesmo inovar? Tudo começa a partir da criatividade. Do impulso de fazer diferente. Mas a criatividade por si só não é suficiente. É necessário o passo seguinte: implementar a ideia e vendê-la. Se uma invenção não encontra compradores no mercado, é um equívoco pensar em inovação apenas em termos radicais. As chamadas inovações disruptivas, aquelas que geram mudanças significativas no mercado, não são a única alternativa. É possível também fazê-lo de maneira incremental, ou seja, através de pequenas alterações que, em alguma medida, geram valor para o cliente. A inovação sempre foi um mote importante para o Sebrae e está incutida na sua própria missão. Prova disso é o número cada vez maior de soluções em seu portfólio que apoiam os empreendedores na busca e implementação desta prática de melhoria. Uma delas é a consultoria Sebraetec. O Sebraetec é uma solução que dá acesso a serviços em mais de 26 temas, tais como design, layout, qualidade, serviços digitais, eficiência energética, entre
outros. Os serviços são executados por empresas parceiras, que passaram por um processo de habilitação prévia. Na prática, o empreendedor nos procura com sua necessidade e, em seguida, a colocamos no papel. A demanda é então classificada na área temática correspondente e submetida a um processo de concorrência ao qual terão acesso os fornecedores parceiros. Ao final de um prazo determinado, a concorrência é encerrada e a vencedora será a empresa que enviar a proposta de menor preço. Na sequência, o empreendedor é apresentado à proposta e à empresa vencedora numa reunião presencial. É neste momento que ele poderá esclarecer o que será feito, conhecer trabalhos anteriores do provedor e finalmente analisar se atendem à sua expectativa. Em caso positivo, o contrato é assinado e o cliente arca apenas com 30% do valor do serviço. Os outros 70% são pagos pelo Sebrae! Podem requerer esta solução empresas com CNPJ na modalidade Microempreendedor Individual (MEI), Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP). Para dar oportunidade ao máximo de empresas, o Sebrae limita a quantidade de Sebraetec por CNPJ em até três demandas por ano/calendário. É uma oportunidade única de ter acesso a diversos prestadores de serviços num contexto de competição, por um valor subsidiado e com o monitoramento do Sebrae. Com tantas facilidades, deixar de inovar não é mais uma opção para o pequeno negócio. Com a ajuda do Sebrae e de sua rede de parceiros, agora é possível melhorar sua marca, seu produto ou seus processos com um investimento muito baixo.
*João Paulo Cunha é analista do Sebrae/PE.
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DICAS
1ª PASSO
Oficina “Empreendedorismo para começar bem” A capacitação tem como objetivo mostrar as principais características de um empresário, assim como a sua influência nos desafios para criar e manter um negócio. Durante a oficina, os participantes podem avaliar a relevância das próprias competências em seus negócios, passando a rever posições e se predispondo a elaborar novas ideias através do estudo de caso para uma autoavaliação.
8ª PASSO
Consultoria de viabilidade
Inicie seu negócio com a trilha Começar Bem do Sebrae
7ª PASSO
Oficina “Plano de Negócios” Esta oficina é dividida em dois encontros e tem o objetivo de orientar os participantes quanto aos principais desafios na implementação de um negócio, aumentando sua capacidade de inserção e permanência no mercado. No primeiro momento, são trabalhados os conceitos de um Plano de Negócios e apresentadas ferramentas para que o participante perceba a importância e sinta-se motivado a elaborar a descrição da empresa, o plano de marketing e o plano operacional de seu futuro empreendimento. Já o segundo encontro tem o foco de ajudar o empreendedor a desenvolver o plano financeiro e o sumário executivo, a fim de que o empresário aprenda a identificar a viabilidade econômica e operacional do seu futuro empreendimento.
6ª PASSO
Oficina “Formalização”
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Para fortalecer o negócio, o empreendedor precisa conhecer e identificar as condições de mercado e as regras jurídicas aplicadas à sua formalização. É neste aspecto que esta oficina se encaixa. A capacitação ajuda o participante a refletir sobre os riscos da informalidade e as vantagens e benefícios da formalização.
2ª PASSO
Palestra “Oportunidade de negócio” Esta é a segunda etapa da trilha Começar Bem. Nela o empreendedor pode identificar as melhores oportunidades de negócios com a análise de influência das megatendências. Além disso, o participante vai poder identificar os nichos de mercado, aprender com base nas experiências da concorrência e descobrir as novas tendências de mercado com base nos diferentes e atuais estilos de vida.
3ª PASSO
Oficina “Desenvolva seu modelo de negócio” Para desenvolver uma ideia de negócio, é necessário identificar qual problema deve ser resolvido e, por meio de uma proposta de valor inovadora, buscar a solução mais adequada. Nesta oficina, o participante irá ampliar sua percepção em relação às variáveis que impactam o sucesso do empreendimento, utilizando a ferramenta Quadro de Modelo de Negócios (Business Model Canvas) como suporte na construção, visualização e validação do modelo de negócio.
Na loja do Sebrae, há várias capacitações, mas o empreendedor precisa identificar qual a formação ideal para a sua empresa. Entenda como funciona a trilha Começar Bem, que consiste em sete oficinas para pessoas que querem aflorar o espírito empreendedor e abrir o próprio negócio.
4ª PASSO
Oficina “Análise de mercado” A falta de capacitação do empresário em gestão de negócios é uma das causas que contribuem para o fenômeno da mortalidade dos pequenos negócios no Brasil. Portanto, esta oficina demonstra os elementos que compõem o macro e o microambiente de um negócio, propiciando ao participante uma análise de mercado e ajuda na construção de cenários que subsidiam as tomadas de decisão.
5ª PASSO
Oficina “Valide seu modelo de negócio” Diante das mudanças sociais e econômicas que interferem em um negócio, esta oficina amplia a visão do participante em relação às variáveis que impactam o sucesso do empreendimento por meio de uma análise mais aprofundada sobre a validade de levar adiante sua ideia de negócio. Nesta capacitação, o empreendedor vai compreender melhor os números da sua empresa e perceber se a sua proposta de valor é adequada ao mercado prospectado.
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REFIS DO SIMPLES NACIONAL (LC 162/2018)
FIQUE POR DENTRO
QUEM PODE ADERIR?
O QUE É? Programa especial de regularização Tributária das microempresas e Empresas de Pequeno Porte com débitos do Simples Nacional (Pert-SN).
Microempreendedores Individuais, microempresas e empresas de Pequeno Porte com débitos do Simples Nacional.
QUAIS OS BENEFÍCIOS? • Pagamento em até 175 parcelas; • Redução de até 90% dos juros; • Redução de até 70% das multas; • Redução de 100% dos encargos legais, incluindo encargos advocatícios.
QUAIS OS DÉBITOS QUE PODEM SER INCLUÍDOS? Poderão ser parcelados os débitos vencidos até novembro de 2017, apurados na forma do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional. Aplica-se aos créditos constituídas ou não, com exigibilidade suspensa ou não, parcelados ou não e inscritos ou não em dívida ativa do respectivo ente federativo, mesmo em fase de execução fiscal já ajuizada.
ALERTA O pedido de parcelamento implicará desistência compulsória e definitiva de parcelamento anterior, sem restabelecimento dos parcelamentos rescindidos caso não seja efetuado o pagamento da primeira prestação.
COMO ADERIR AO PROGRAMA? O valor da parcela mínima é de R$ 300,00 para microempresas e empresas de pequeno porte. Para o MEI, o valor mínimo das prestações ainda será definido pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN). Para aderir ao programa, as empresas devedoras terão que realizar o pagamento em espécie de 5% do valor da dívida consolidada, sem reduções, podendo realizar o pagamento em até 05 parcelas mensais e sucessivas, e o restante das seguintes formas: Parcela única
Até 145 parcelas
Até 175 parcelas
Redução de:
Redução de:
Redução de:
80% dos juros 50% das multas 100% dos encargos legais
50% dos juros 25% das multas 100% dos encargos legais
90% dos juros 70% das multas 100% dos encargos legais
O valor da cada prestação mensal, será acrescida de juros equivalentes à taxa Selic e de mais 1%. O empresário deve aguardar a entrada em vigor da lei e posteriormente fazer a adesão em até 90 dias contados a partir dessa data.
www.pe.sebrae.com.br
080 0570 0800
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www.pe.sebrae.com.br ano 44 • nº 1 • MAIO/JUNHO 2018
ano 44 • nº 1 • MAIO/JUNHO 2018
Entrevista Vinícius Lages, diretor de Administração e Finanças do Sebrae, fala sobre pequenos negócios e transformação digital
Inovação O seu negócio nas nuvens
Empreendedorismo Oito milhões de mulheres destacam-se no comando de pequenos negócios no país
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