Ilustrado por CD D’VAZ
Era uma vez uma menina, chamada Sabrina, que tinha dez anos e morava em uma cidade grande. Ela era muito inteligente e acreditava que seu conhecimento era único. Nada para ela era novidade, mesmo diante de novas tecnologias, sempre respondia logo: − Já sabia. Se lhe mostravam alguma história ou filme, imediatamente, dizia: − Já conheço. Se lhe apontassem algo numa vitrine, comentava: − Já tinha visto antes.
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Nunca admitia que houvesse algo que ela ignorasse. Com esta conduta, Sabrina não tinha muitos amigos, pois não conseguia ser simpática a alguém. Os pais andavam preocupados com a filha e, nas férias escolares, decidiram proporcionar um passeio diferente à “senhora sabe tudo”. − Sabrina, nas nossas férias vamos passar alguns dias na casa da minha mãe, lá no interior – falava o pai carinhosamente. − No interior? – Surpreendeu-se a menina – Na fazenda, no meio dos bichos? − Sim. Você não gostaria de fazer algo diferente? Poderia aprender coisas novas. − Imagina pai, eu sei tudo sobre fazendas e bichos! – Exclamava a menina orgulhosa. Os pais trocaram olhares, mas preferiram ficar quietos, diante da postura da filha.
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As férias iniciaram e a família deslocou-se para a fazenda. Na chegada, foram recebidos com muita alegria pela vovó, que vivia em um lugar lindo, a casa era rodeada por um imenso jardim. As árvores frondosas faziam sombra nos dias quentes do verão e, também eram moradia de várias espécies de pássaros, que cantavam alegres a liberdade. − Sejam bem vindos meus queridos! – falava a senhora toda entusiasmada com a chegada da família – Sabrina, sabes quem está aqui também? Seu primo Juca. Vocês poderão aproveitar juntos estes dias. A menina cheia de si, olhou o primo de canto de olho e, comentou: − E ele nem sabe jogar no tablet, como eu sei – e pensou: “Aposto que este caipira nem conhece celular”. − Minha querida, estamos sem internet aqui na fazenda. Depois das últimas chuvas perdemos a conexão, que somente será restaurada em quinze dias − explicou a avó. − Ufa! – suspirava a sabida. – Até lá já terei ido embora.
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Os dias foram passando e Sabrina permanecia com alguns de seus eletrônicos, que não precisavam de internet. Quando a avó a estimulava para brincar com o primo Juca ela o chamava, mas sempre mostrando o quanto ela dominava aquele conhecimento dos jogos e brincadeiras. O menino ficava sem ação, pois tinha pouco conhecimento nesta área. Além disto, a prima que sabia tudo, não tinha paciência para ensiná-lo e humilhava-o. Juca foi ficando aborrecido e teve uma ideia. − Sabrina vamos dar um passeio pela fazenda? – Convidou o primo Juca. − Eu não vou já conheço tudo! – Dizia ela com cara de tédio. − Então, se você já conhece tudo, preciso que me ensine algumas coisas que não sei. Assim saíram os dois a visitar a fazenda.
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Juca levou Sabrina para visitar a horta. Ali havia várias hortaliças e o primo caipira começou a perguntar o nome de cada uma. A menina conhecia alface, porque estava fora da terra. Mas não soube reconhecer as cenouras, pois não eram iguais as do mercado. − Vamos sair daqui Juca, já conheço horta! – Quase disparando Sabrina seguiu para o estábulo.
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− Então prima, gosta de cavalos? – Perguntou Juca. − Sei tudo sobre cavalos – respondeu a sabida – veja aquele ali ruivo. − Sabrina não existe cavalo ruivo e sim zaino. − Eu sabia! – Estava brincando. Vamos em outro lugar.
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E assim foi o passeio dos primos. Toda a vez que chegavam em um lugar e Juca perguntava algo, respondia que sabia, mas não iria dizer. As minhocas, confundia com as cobras. Porcos, chamava de javalis. Gansos, dizia que eram patos. Perus, chamava de galinhas. Gambá confundiu com um gato. − Vem gatinho, vem! – Chamava Sabrina o gambá. − Cuidado prima! – Recomendou tarde demais Juca. − Eu sei! – Retrucou a menina, que foi sentindo aquele jato de água quente e fedorento. Sabrina ficou furiosa ao sentir o cheiro do gambá em seu corpo. Na fazenda todos a receberam de nariz tapado, pois o odor era insuportável. A mãe de Sabrina passou dois dias tentando retirar o cheiro, que parecia entranhado na menina, que não parava de chorar. − Sabrina você não sabia? − Não mãe eu não SEI! – tem muitas coisas que não sei e fico com medo que as pessoas me chamem de burra, então digo que sei – e continuou a chorar. A mãe tentava consolá-la, mas sabia que necessitava passar pela experiência.
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Os dias foram passando e Sabrina seguiu em companhia do primo, mas não usava mais a expressão eu já sei ou eu já sabia, pelo contrário, sempre perguntava ao primo do que se tratava. No último dia na fazenda, Sabrina e Juca estavam sentados na grama e olhavam para as nuvens, tentando adivinhar qual a figura que iria aparecer. − E aquele? – Perguntava Juca. − Um elefante – Respondia Sabrina – E aquele ali Juca? − Um gato – Respondia o menino – e aquele? − Um gambá! Hahahahaha – Ria a menina, lembrando do seu banho de gambá. Os dois gargalhavam e, Sabrina lembrando dos dias mal cheirosos, que viveu e nos quais aprendeu uma lição de vida. − Você sabe que dia é hoje? – Perguntou o primo Juca. − NÃO SEI, Juca. Apenas SINTO, que é um dos dias mais felizes que eu já vivi. Obrigada pela sua amizade!
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Copyright © by Federação Espírita do Rio Grande do Sul - FERGS Autor: Adeilson Salles Gerência Editorial: Roseni Siqueira Kohlmann Supervisão Geral: Maria Elisabeth Barbieri Ilustrações: CD D’VAZ Revisão ortográfica: Mônica Ballejo Canto Livraria e Editora Francisco Spinelli- FERGS Av. Travessa Azevedo, 88 - Floresta Fone (51) 3406.6464 90220-200 - Porto Alegre, RS, Brasil gerenciaeditorial@livrariaspinelli.com.br www.fergs.org.br Impressão: Gráfica Noschang Tiragem: 2.000
O Evangelho em histórias infantis: Uma viagem no tempo Porto Alegre: Francisco Spinelli, 2018. 20x27 cm. ; il. ; 20 p. 1. Espiritismo. 2. Infância. 3.Moral.. I, Título ISBN: 978-85-61520-91-5
O Evangelho em Histórias Infantis - Volume 2 - é uma viagem no tempo através dos vinte e oito capítulos do Evangelho Segundo o Espiritismo. A magia de um marcador de páginas abre o portal, para os nossos personagens viverem grandes aventuras e experiências, encontrando o conhecimento em um fascinante passeio em vários momentos da história.