ISSN 1984-0004 Publicação bimestral do Sindicato Rural de Guarapuava Ano VIII - Nº 41 - Fev/Mar-2014 Distribuição gratuita
Revista do Produtor Rural do Paraná
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Revista do Produtor Rural do Paranรก
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Manchete
Fazendas antigas revelam acervo histórico no campo
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Senar
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Tecnologia
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Diversificação
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Visita técnica internacional
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Do conhecimento à transformação
Precisão no campo exige dedicação
Tomate: um aprendizado
Alemães vieram conhecer agropecuária em Guarapuava
Bataticultura
Qualidade em alta, preços em baixa
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Imprensa
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Novas fronteiras
Expedição Safra visita região
Ato de coragem
Editorial
Indústria a céu aberto
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o campo, 2014 começou com chuva, intenso calor e depois, estiagem, comprometendo a safra de verão. Para soja, a estimativa é de redução de produtividade em algumas localidades, se continuar muito calor com irregularidades de chuvas. O cenário climático, cada vez mais adverso no mundo produtivo, deixa o produtor de cabelo em pé. Uma hora se reza para chover, outra hora para parar de chover. E isso não vai mudar. A agricultura é, sem dúvida, uma indústria a céu aberto. Por isso, a importância de palestras técnicas, informações sobre cultivares resistentes à seca, pesquisas, conhecimento e, principalmente, seguro agrícola. E isso não falta para os produtores rurais da região. Com o apoio do Sindicato Rural, muitos eventos ocorreram por aqui neste primeiro bimestre. Aliás, fevereiro é sempre assim. Dias de campo, palestras, treinamentos. Informação que não acaba mais. Internamente, renovação de contratos de anúncios publicitários, cobertura jornalística de eventos técnicos na região. Resultado: matérias sobre milho, soja, tomate, batata, flores, floresta, cavalo, bovinos, pastagem e visitas técnicas de três grupos de produtores rurais da Alemanha. Um pouco de tudo. Na capa, o início de uma série de reportagens sobre fazendas históricas. O objetivo é mostrar preciosidades do nosso passado que estão sendo guardadas em nossas fazendas. Proprietários rurais abrem suas porteiras para mostrar a história preservada aos nossos leitores: um valioso patrimônio arquitetônico e cultural. Nesta primeira edição do ano, destaque para a Fazenda Lagoa Seca, de Gilda Campelo. No âmbito publicitário da revista, agradecemos todas as empresas que renovaram o contrato de anúncio para 2014 e acolhemos, como parceiros, os novos anunciantes. Esse investimento contribuiu, significativamente, para cobrir os custos de produção dessa publicação institucional. Como observado, início de ano agitado no campo e no Sindicato Rural, com muito trabalho pela frente. Estamos a disposição de todos os associados neste novo ano. A todos, uma ótima leitura!
Rodolpho Luiz Werneck Botelho Presidente do Sindicato Rural de Guarapuava
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ISSN 1984-0004 DIRETORIA:
• Presidente: Rodolpho Luiz Werneck Botelho • 1º Vice presidente: Josef Pfann Filho • 2º Vice presidente: Anton Gora • 1º Secretário: Gibran Thives Araújo • 2º Secretário: Luiz Carlos Colferai • 1º Tesoureiro: João Arthur Barbosa Lima • 2º Tesoureiro: Jairo Luiz Ramos Neto • Delegado Representante: Anton Gora
Conselho Fiscal:
- Titulares: Ernesto Stock - Nilceia Mabel Kloster Spachynski Veigantes - Lincoln Campello
Suplentes: - Roberto Hyczy Ribeiro - Alceu Sebastião Pires de Araújo - Cícero Passos de Lacerda
Endereço: Rua Afonso Botelho, 58 - Trianon CEP 85070-165 - Guarapuava - PR Fone/Fax: (42) 3623-1115 Email: comunicacao@srgpuava.com.br Site: www.srgpuava.com.br Extensão de Base Candói Rua XV de Novembro, 2687 Fone: (42) 3638-1721 Extensão de Base Cantagalo Rua Olavo Bilac, 59 - Sala 2 Fone: (42) 3636-1529 Editora-Chefe: Luciana de Queiroga Bren (Registro Profissional - 4333) Redação: Luciana de Queiroga Bren Manoel Godoy Colaboração: Geyssica Reis Fotos: Assessoria de Comunicação SRG Geyssica Reis Luciana de Queiroga Bren Manoel Godoy Projeto Gráfico e Diagramação: Roberto Niczay Prêmio|Arkétipo Agência de Propaganda Impressão: Midiograf - Gráfica e Editora Tiragem: 3.400 exemplares
Os artigos assinados não expressam, necessariamente, a opinião da REVISTA DO PRODUTOR RURAL ou da diretoria do Sindicato Rural de Guarapuava. É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.
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Foto destaque da edição
Propriedade: Agropecuária Morro Branco Município: Candói / PR Proprietários: Eros e Soeli Lange
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Artigo
Anton Gora Produtor rural, diretor da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), vice-presidente do Sindicato Rural de Guarapuava e presidente do Núcleo Regional dos Sindicatos Rurais do Centro-Sul do Paraná
A insegurança jurídica no Brasil Quando a ideologia supera a razão
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rimeiro quero colocar alguns conceitos. Riqueza é fruto de um trabalho, não existe riqueza sem trabalho. Se existem pobres no Brasil é por falta de trabalho. Eliminar a pobreza só se consegue com a criação de empregos. Para se criar empregos é necessário investir em educação e tecnologia. Para ter educação e tecnologia é necessário ter competitividade, e deixar as pessoas criarem, fomentando o empreendedorismo, dando liberdade enfim. Os princípios do PT são totalmente contrários à liberdade, à democracia. O PT procura impor de uma forma ditatorial os seus princípios, procura nivelar as pessoas por baixo, procura comprar o voto do povo através das diversas bolsas etc. Prática criminosa. Do meu ponto de vista, pior que o mensalão, onde se comprou os parlamentares. Na China, temos uma ditadura política, mas uma liberdade econômica. No Brasil temos uma ditadura política e econômica, onde se procura interferir nas leis de mercado, com o argumento de proteger os pobres, mas na verdade é para encobrir a própria incompetência. Nos países desenvolvidos ricos, principalmente os nórdicos, temos sim uma igualdade social, promovida pelo capitalismo, onde o estado funciona apenas para atender os interesses comuns e para regular e proteger a democracia. Todos os países pobres são comunistas e ditatoriais. É esse o caminho que o Brasil tenta seguir, com a proposta única dos hoje governantes de se manterem no poder, a custa da pobreza do povo. Não se pensa no bem estar das pessoas, mas sim no poder, usando uma ideologia enganadora. A democracia só existe com segurança jurídica, o respeito às leis. Por elas que as pessoas têm que se orientar para definir a sua vida, e por ela que as empresas, grandes ou pequenas tem que se orientar para investir e gerar empregos e, com isso, qualidade de vida. Podemos não concordar com algumas leis, mas assim mesmo temos que cumpri-las. Devemos daí sim trabalhar para mudar as leis que achamos estarem em desacordo. E o exemplo deve vir de cima, dos governantes, e principalmente dos que aplicam a lei, os juízes, os promotores. Mas isso nem sempre acontece. Muitas vezes, ações são julgadas de acordo com a ideologia e não de acordo com as leis. Vimos isso claramente no julgamento do mensalão. A ditadura militar cometeu muitos erros a começar pelo golpe de estado, mas o seu maior erro foi não reformar o poder judiciário, preparando o mesmo para a democracia. O PT também procura dividir as pessoas em classes: negros, homossexuais, índios etc. porque dividindo é mais fácil de governar, de se manter no Poder. Cria cotas, para que? Todas as pessoas são iguais. O que elas precisam são de oportunidades iguais. Aí sim entra o papel do estado em criar essas oportunidades.
As pessoas mais influentes e conhecidas do mundo são negras, a começar pelo Obama, Pelé, Nelson Mandela, só para citar alguns. Eles tiveram oportunidades de educação de formação de preparação e apenas isso basta. Não precisaram de cotas ou outros privilégios. A influência do governo na sociedade e na economia cria distorções, que prejudica as próprias pessoas. Os índios não precisam de mais terra, precisam sim de oportunidades para explorarem as suas próprias terras e com isso melhorarem o seu padrão de vida, dentro da sua cultura. Nem todos os negros são quilombolas. Quilombolas são aqueles que fugiram dos seus patrões e formaram comunidades, os outros escravos foram libertos. E se o Brasil tem uma dívida com essas pessoas, essa dívida tem que ser paga com oportunidades de educação e emprego. Admiro demais uma senhora chamada Angela Merkel, que nasceu num país socialista, viveu a ditadura socialista, tornou-se primeira ministra desse país, depois de unificado, e hoje comanda a economia mais estável do planeta, onde não existem grandes diferenças sociais, onde uma crise devastou a Europa e o país dela ficou imune. Consegue-se isso graças ao respeito às leis dos homens, de mercado, muita disciplina e respeito ao seu povo. A proteção demasiada cria distorções. Aproveitadores usam os índios para interesses econômicos próprios. Contra isso os índios têm que ser protegidos. Não se protege os índios aumentando o seu território, pelo contrário. Dessa forma, cria-se oportunidades para os exploradores, principalmente estrangeiros através de suas ONGs. Existem exemplos práticos em todas as regiões de índios e de quilombolas. Aqui mesmo em Guarapuava temos um exemplo clássico. Ex-escravos herdaram terras e, por não saberem explorá-las, venderam. Tudo de acordo com a lei, documentado de todas as formas. Depois essas mesmas pessoas se intitularam como sem terras, foram beneficiadas com uma área superior a 1000 ha, onde foram assentadas e hoje estão reivindicando novamente as terras que venderam. E elas tem tido o apoio de pessoas menos esclarecidas e ideológicas. Dessa forma, destrói-se a produção. A área de referência hoje altamente produtiva, se desapropriada, vai voltar a ser improdutiva, porque os pretendentes não têm preparo algum para explorar essas terras. Como consequência, vão vender de novo essas terras, entrar na fila dos que precisam de bolsa dos quilombolas e dos sem terra. Os produtores que produziam vão virar sem terras e os pretendentes não serão beneficiados. Deveriam isso sim as autoridades, em primeiro lugar, respeitar a lei e aplicá-la, formar e preparar as pessoas para que tenham vida própria. Só assim teremos desenvolvimento e riqueza. Do contrário, estaremos gerando pobreza para manter no poder os ditadores.
1920
Frase da filósofa russo-americana Ayn Rand (judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920), mostrando uma visão com conhecimento de causa: Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
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Projeto Identidade Sindical 2014 Produtor rural, apresente a carteirinha* do Sindicato Rural e obtenha descontos nos locais abaixo:
Guarapuava Materiais, Assessorias e Serviços
BetoAgro AGRONEGÓCIOS
10% nas prestações de serviços
30% em cursos oferecidos pelo escritório
10% em todos os serviços prestados
5% em medicina do trabalho, segurança do trabalho, consultorias, intermediação de consultas e exames médicos
5% sobre valor final da negociação
10% a partir da segunda mensalidade, mais 10% de desconto de pontualidade
15% em acessórios e serviços
Fluxo de caixa gratuito, atualizado mensalmente, tanto trabalhos fiscais quanto trabalhos decisoriais
3% no final da negociação
10% camping, pesca, piscina e carabinas de pressão
10% sobre o preço total de habilitação - categorias A e B
3% de desconto adicional para compra à vista
10% em todos os serviços prestados
15% no valor do curso
Tecnologia, Saúde e Outros 15% na realização de exames radiográficos
5% em serviços ou equipamentos
Descontos em exames
Benefícios para associados
Benefícios para associados
10% nas consultas de fisioterapia; 5% nos pacotes e palmilhas 10% à vista
Insumos agrícolas Newdeal Agroscience 3% na linha de produtos Forquímica
Desconto de 3% na Linha de Produtos New Deal
3% em toda linha de insumos agrícolas
* Se ainda não possui a carteirinha de sócio, compareça ao Sindicato Rural de Guarapuava ou nas Extensões de Base: Candói - Foz do Jordão e Cantagalo.
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3% sobre o preço de lista no ato da compra. Descontos não cumulativos
Máquinas e Implementos Agrícolas
Produtos Veterinários/Agroveterinárias 3% à vista ou cartão de débito e 2% a prazo ou cartão de crédito; exceto vacina aftosa e produtos de promoção
5% em toda loja, exceto linha equina Proequi e produtos promocionais
3% a vista na compra de suplementos para equinos.
Bonificações em produtos
5% nas compras realizadas na loja
3% nos implementos agrícolas, rolos destorroadores, renovador de pastagens e grade de dentes espalhador de palha
5% à vista, exceto para produtos promocionais
candói Agroveterinárias e Insumos Agrícolas
Serviços 3% nos produtos da loja, em produtos de veterinária e pet-shop
3% em produtos veterinários, ferramentas agrícolas e lubrificantes para pagamento à vista
5% sobre valor final da negociação
Saúde
6% em Materiais de construção, movéis e casa pronta
5% toda linha de medicamentos
cantagalo Agroveterinárias e Insumos Agrícolas
3% em produtos veterinários, ferramentas agrícolas e lubrificantes para pagamento à vista
Materiais, Assessorias e Serviços
5% sobre valor final da negociação
Saúde
15% a vista 5% parcelado
20% em exames clínicos laboratoriais, ao preço da tabela particular vigente
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uem, hoje em dia, consegue imaginar como era viver no Brasil rural do século XIX? Destinos percorrendo estradas precárias. Viagens que hoje demoram horas, levavam semanas. Nenhum meio rápido para comunicação. Rotina marcada muitas vezes por isolamento geográfico. Realidade distante e inimaginável para quem agora só se desconecta das redes sociais na hora de dormir. Entretanto, em algumas fazendas fundadas há cerca de dois séculos no centro-sul do Paraná, ainda se encontra algo daquela época. Objetos, fotos, construções. Preservado em maior ou menor grau pelos proprietários, esse passado vivo surpreende e conta das histórias pessoais de quem veio para povoar o Terceiro Planalto paranaense e vivenciou, por aqui, as transformações sociais e econômicas do País. Sem qualquer pretensão de apresentar um relato histórico minucioso e com precisão acadêmica, a REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ inicia uma série de matérias sobre aquelas propriedades rurais, deixando aos atuais donos e familiares contarem sobre lembranças marcantes. Os relatos revelam que o campo abriga um acervo informal, mas importante para quem se interessa pela história da região. Abrindo a série, conversamos com a proprietária de uma fazenda estabelecida na primeira meta do século XIX.
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Antigamente era comum colocar a data na fachada das construções, como se pode ver na Fazenda Lagoa Seca
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ntrar, hoje em dia, na sede da Fazenda Lagoa Seca, em Candói, é ter diante dos olhos, literalmente, imagens de uma história de cerca de 200 anos. Em meio a rotina tranquila e silenciosa dos funcionários, aconchegado discretamente à sombra de palmeiras e árvores, o casarão construído no final do século XIX é uma propriedade rural histórica. As janelas, por vezes levemente entreabertas numa tarde quente, deixam entrever o porquê: pelas frestas, ao espiar através de suas portas altas, um visitante perceberia que ali quase tudo parece ter permanecido na hora estática do velho relógio da sala de estar, que indica 5 minutos para as 5 horas. Da tarde? Da manhã? De sempre. Ferros de passar roupa, aquecidos a carvão, ainda podem ser vistos num canto da mesma sala – como se, às 5 para as 5 horas da tarde de hoje, tivessem de estar à mão, para passar uma roupa de festa. Roupa guardada num dos gaveteiros, cuja idade é estimada em torno de 200 anos... Alguns dos diversos olhares que transitaram entre a cozinha e o campo, entre esperanças, dificuldades e realizações, ainda miram através dos espaços, em fotos antigas, que chegam a cobrir a parede de uma das salas. Uma cristaleira, tão alta quanto as portas, reflete épocas em que eram solenes os momentos à mesa. Pinturas contam de uma inclinação declaradamente atávica entre as mulheres da família: o gosto pelas artes. Quadros de ontem, quadros de hoje. Um deles, estampado em uma pequena tábua oval, amarelada, a lembrar uma cena campestre; outros, em telas, pintadas recentemente, com formas femininas e cores quentes. O ressoar suave de cada passo, entre pesados armários e o canto leve dos pássaros, lá fora,
Amo de paixão, minha casa. Aqui não é dinheiro, é sentimento”
Gilda, ao lado do gaveteiro que ela mesma restaurou - mas é a pintura sua principal aptidão artística herdada da família
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Casarão, com sua história, repousa à sombra de palmeiras
A família fez questão de conservar tudo o que ainda agora pode ser visto.” 12
num pomar em que as jaboticabeiras têm cerca de 117 anos, complementa uma experiência desconcertante: a certeza de que o passado está ali. A proprietária, psicóloga Gilda Campelo, ao receber a REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ, em meados de janeiro, contou que não por acaso todas essas evocações históricas foram preservadas. A família fez questão de conservar tudo o que ainda agora pode ser visto. Um gaveteiro que “estava cheio de cupins”, relatou, ela restaurou com as próprias mãos. Com cera, fechou as partes danificadas pelos insetos e envernizou o móvel. A casa, acrescentou, teve uma de suas partes reformada, em 1991, para reforçar as paredes. Afinal, os antigos tijolos de taipa começavam a se render ao tempo. Com isso, o local se tornou uma forma de preservar a memória da família. Os antepassados mais longínquos eram Virmond. Segundo Gilda Campelo, oriundos da Europa, eles vieram para o Brasil, passando pelo Rio de Janeiro, São Paulo e mais tarde se fixando no Paraná. A origem da propriedade, ela estimou que remonta ao começo do século XIX: uma sesmaria, terra que o governo da época doava para promover o povoamento, afirmando a presença da Coroa Portuguesa. A terra doada se transformaria na fazenda Capão Redondo (até hoje também existente). Numa parte desmembrada daquela sesmaria, os bi-tataravós de Gilda Campelo, o alferes Manoel Mendes de Araújo, e sua esposa, Dona Ana Joaquina, fundariam sua fazenda. “Aqui não tinha nada”, sublinhou. Transformar o “nada” em alguma coisa era tarefa que exigia fibra. E fibra foi a marca que ficou de Ana Joaquina na memória da família. Mulher que “montava a cavalo como
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Copa: luz da tarde parece ser a de uma tarde mais antiga
Fotos de família: memória preservada
Sala de estar: simplicidade solene
Escada que leva à dispensa e cozinha: pedras antigas e pesadas
um homem”, assumindo a direção da fazenda quando necessário. Refletindo o ciclo do tropeirismo que marcava a vida rural na região Sul, a propriedade voltou-se à venda de muares em São Paulo e Sorocaba. De lá, o alferes Manoel trazia para casa artigos que então só se podia achar na cidade. Mais tarde, a neta de Dona Ana Joaquina, Carolina, se casou com João Dias Queiroz. A avó não queria o casamento, porque eram primos. “Mas eles se apaixonaram e casaram mesmo assim. Aí, ela deu (a fazenda), aqui, para eles morarem. Moraram num galpão, que minha mãe pediu para nunca desmanchar”, relatou Gilda Campelo, apontando a construção, logo ao lado. A sede hoje histórica foi construída em 1897, pelo bisavô, Ernesto Frederico Virmond Queiroz. Num Paraná e num Brasil que vinham vivenciando mudanças históricas, as antigas janelas da fazenda veriam, através do delicado rendado branco das cortinas, seguirem-se os ciclos da vida, com a força inadiável do tempo: novas gerações chegariam, com os avós da atual proprietária, Angélica Milla Queiroz e Alcindo Virmond Queiroz, de quem ela guarda uma lembrança,
Em objetos e detalhes, o retrato de um tempo
Janelas antigas: sólidas,
altas, como que feitas para ver o tempo passar
Ferro de passar, aquecido a carvão
Bacia sobre móvel antigo e rolo para massas eram da bisavó, Carolina Virmond Queiroz
Sino: detalhe que dá um ar poético no lado de trás da casa
Afiador de facas: roda de pedra com manivela
Portas: antigas fechaduras
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Porta principal: austeridade
Plantadas pelo bisavô, Ernesto Frederico Queiroz, jaboticabeiras têm mais de 100 anos e ainda dão frutos entre outubro e dezembro.
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entre várias: “Meu avô tomava leite em prato fundo, com abóbora ou farinha”; os pais, Nemésio Gouveia e Ada Queiroz Gouveia, conduziriam novas atividades, já num novo século: a erva -mate, na primeira metade dos anos 1940. A madeira, na segunda metade. Aproximadamente entre os anos 1955 e 60, a eletricidade – um novo avanço – chegou, mas ainda se produzia por meio de uma roda d´água. Depois, utilizando-se um gerador. Luz, só até às 22h, quando se desligava o equipamento. “Eu ficava lendo num dos quartos, à luz de velas”, rememora a proprietária da Fazenda Lagoa Seca, assinalando ter aprendido com o pai o gosto pela leitura, que ainda a faz ler três livros por mês. “Amo de paixão, minha casa. Aqui não é dinheiro, é sentimento”, concluiu, com a alegria de preservar móveis, quadros, quartos, fotos e objetos rústicos ao olhar do século XXI. Um universo quieto. Silêncio a reafirmar dia e noite que o ser humano, afinal, como ontem, ainda hoje se vê diante de sua condição: o constante decidir, aventurar-se, errar, acertar, sofrer, vibrar. Pois em contraponto com a aparente calma, ecoa em cada canto os tempos que atravessaram aquelas gerações. Uma época que viu fatos marcantes: o surgimento de Guarapuava; o desmembramento do Paraná da Província de São Paulo; o tropeirismo; a Independência do Brasil; a abolição da escravatura; Proclamação da República; e um maior desenvolvimento das ci-
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Os avós em uma das muitas fotos históricas: Alcindo Virmond Queiroz e Angélica Milla Queiroz
Na sala, um pequeno quadro de Ada Milla Queiroz, mãe de Gilda dades e do campo trazido pelo século XX. Hoje, ao lado de outras propriedades históricas, a Fazenda Lagoa Seca é um dos lugares em que se pode conhecer um pouco das muitas histórias que fizeram a história da região.
Mulher
Evento busca resgatar
autoestima e sensualidade A
Racco Cosmético e a Bella Diva Lingeries, com o apoio do Sindicato Rural de Guarapuava, Cacau Show, Exclusiv Interiores, Serallê Calçados e Academia Rythmus, promovem o evento “A arte da Sedução” no dia 29 de março, às 19 horas, no anfiteatro do Sindicato Rural (Rua Afonso Botelho, 58 - Trianon), em Guarapuava/PR. “O objetivo é melhorar a autoestima das mulheres para que elas façam as pazes com o próprio corpo, estimular a redescoberta da sensualidade - que toda mulher tem; reascender a paixão e valorizar os relacionamentos - aprender a cuidar de si e do outro”, conta a promotora da Racco, Gisele Silvestre Salvador. No evento serão repassadas informações sobre a sensualidade e autoestima feminina, técnicas de sedução, massagens, cuidados íntimos e saúde. A palestra será ministrada pela consultora de artes sensuais, Tarciana Chuvas. Seus estudos começaram há 17 anos. A arte de seduzir era uma meta pessoal. O avanço nas pesquisas, as viagens internacionais e o aprendizado fizeram a consultora buscar ainda mais. Foi quando ela começou a orientar quanto à arte de sedução. Tarciana trata da sensualidade e da sexualidade de forma leve e descontraída, tirando dúvidas, ensinando técnicas e principalmente elevando e resgatando a autoestima das mulheres.
Ingressos à venda As vagas são limitadas e a palestra é exclusiva para mulheres acima de 18 anos. Os ingressos estarão à venda a partir do dia 1º de março no Sindicato Rural de Guarapuava, nos organizadores e nas demais empresas que estão apoiando o evento. O investimento é R$ 45,00. Tarciana Chuvas Consultora de artes sensuais
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Clima|Pecuária
Região
Fotos: Manoel Godoy
2014 começou com um clima atípico
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a região de Guarapuava, 2014 começou surpreendendo por um clima atípico. Chuva constante superou a média de janeiro antes mesmo do final do mês. De acordo com dados da estação meteorológica da FAPA (distrito de Entre Rios), que há 37 anos acompanha as precipitações na localidade, já entre os dias 1º e 19, o volume de chuvas, de 208,8mm, havia superado a média histórica de 196,4mm. O mês se encerraria com 262,4mm. Isto significou quase o dobro das chuvas de janeiro de 2013, que alcançaram 137mm. Em anos recentes, janeiro superou as médias em 2011 (256mm), 2010 (311 mm) e 2007 (210 mm). No entanto, as regiões Sul e Sudeste do Brasil vivenciaram, a partir de 19 de janeiro deste ano, estiagem e calor fora do comum. Ainda segundo a estação meteorológica da FAPA, entre 1º e 18 de fevereiro, a região de Entre Rios teve volume de chuvas de apenas 51mm. Era esperado no entanto que o tempo instável, previsto para a última semana do mês, pudesse elevar aquele índice, aproximando-o um pouco mais da média histórica de 166,8mm. O termômetro subiu: janeiro com vários dias registrando máximas de 29,8°C e fevereiro com máximas de 32,5°C (até dia 18). Em alguns locais, a temperatura subiu ainda mais. No campo, o produtor rural começou a sentir os desequilíbrios do clima já na virada de 2013 para 2014. Dezembro do ano passado, com 173mm de chuvas, ficou abaixo da média de 193,5mm; entre 26 de dezembro de 2013 e 19 de janeiro de 2014, entretanto, ocorreram apenas três momentos sem chuva: dias 7, 10 e 19 de janeiro. O presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Luiz Werneck Botelho, disse que, apesar das precipitações dos dias 14 e 15 de
fevereiro, as chuvas foram poucas e muito localizadas, o que trouxe dificuldade para o setor rural. “Essa conjunção de alta temperatura com falta de umidade ocasionou, em várias localidades de nossa região, perdas de produtividade, tanto em soja quanto em milho”, avaliou. Na bovinocultura de corte e de leite, os animais sofreram com o calor, “principalmente em pastagens que não tinham sombreamento ou água”. No gado destinado à carne, reduziu-se o teor de gordura; no gado de leite, o que caiu foi a produtividade.
Aftosa
Sindicato Rural de Guarapuava (arquivo)
Índice de vacinação foi de 93,23% na região
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m novembro de 2013, a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) realizou mais uma vez, em todo o Paraná, a Campanha de Vacinação contra a Febre Afotsa. De acordo com a regional da agência, que funciona junto ao núcleo da Seab em Guarapuava, em 12 municípios da região, o índice de vacinação foi de 93,23%. Isto significa a imunização de 586.668 bovinos e 848 bufalinos, de um total de 630.173 cabeças de gado. Por outro lado, o sistema de informação de vacinação da Adapar via internet ainda continua pouco usado na região, com a apenas 4% dos pecuaristas acessando o serviço – os demais fornecem dados junto à agência. Ainda segundo a Adapar em Guarapuava, em todo o Paraná, na etapa de novembro, o índice de vacinação contra aftosa foi de 96,80%.
Tecnologia de aplicação
Como é possível controlar eficientemente pragas, doenças e invasoras? Jeferson Luís Rezende RTV Inquima
A
safra 13/14 tem surpreendido a todos em função da presença significativa de insetos nas lavouras de verão. A lagarta “falsa medideira” está sendo a grande vilã do momento. Muitos imaginavam que a “helicoverpa” seria o problema a ser controlado, mas, ao que tudo indica, esta praga está sob controle por hora. Com as lavouras bem desenvolvidas e com porte avantajado, surge a dúvida de qual o melhor método de aplicação para controlar os inimigos ou, quando possível, erradicá-los das áreas produtivas. Ao contrário dos manejos mais antigos, que preconizavam maiores volumes de água na calda de pulverização - vazões mais elevadas, acreditamos que o caminho seja exatamente o inverso. Com taxas de aplicações menores, torna-se possível produzir gotas de melhor qualidade que irão atingir as partes mais baixas da planta e, com isso, facilitar o contato do ATIVO aplicado com as pragas. Está comprovado cientificamente que são as gotas fino-médias que recobrem o terço médio e o baixeiro da cultura. E essas gotas são produzidas de maneira uniforme, quando se opta pelas vazões mais enxutas: entre 100 l/ha e 130 l/ha, podendo-se chegar até o volume de 150 litros/ha se assim for desejo do produtor, por exemplo.
Dentro deste espaço, se consegue aspergir gotas de qualidade. Algumas regiões chegam a aplicar com volumes ainda menores com sucesso. Porém, na medida em que se reduz a taxa de aplicação abaixo dos 100 l/hectare, é exigida, na mesma proporção, mais técnica e respeito às condições ambientais do aplicador. Essas indicações servem também para as aplicações de herbicidas e de fungicidas. Para se obter um trato cultural efetivo, é preciso levar em consideração ainda o tipo de BICO que será usado e o ADJUVANTE, uma vez que o tripé = Volume de Vazão – Bico – Adjuvante, caminha junto para produzir gotas com espectro adequado, que produzam um tamanho médio próximo de 250 micras. Outro ponto importantíssimo diz respeito ao horário da aplicação. Nestes dias de calor intenso e de baixa umidade relativa é imprescindível respeitar horários, não aplicando entre as 12h e 16h. As pulverizações noturnas se mostram como alternativas viáveis e responsivas. A tecnologia de aplicação é atualmente uma ferramenta indispensável para que o homem do campo consiga vencer esses gargalos de maneira eficaz. Saber usá-la e utilizá-la dentro das condições técnico-operacionais da propriedade é palavra de ordem.
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Soeli, Eros e Erik Lange
Do conhecimento à transformação
Fotos: Manoel Godoy / SRG
Senar
Com disposição para encarar a sala de aula, em diversos cursos do Senar ou em faculdades, a família Lange, de Candói, é uma das que apostou no conhecimento para começar a transformar a realidade da propriedade.
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história da formação técnica profissional, no campo, pode ser dividida em duas fases: antes e depois do Senar – a opinião, afirmada pelo produtor rural Eros Lange (Agropecuária Morro Branco, Candói/ PR), resume o pensamento dele e da esposa Soeli, quando se trata de relembrar como era escassa, no Brasil, a oferta de programas de capacitação rural para quem, como ambos, buscava conhecimento para progredir. Os avanços na propriedade (da organização do espaço físico a uma gestão mais profissional) o produtor atribui aos muitos cursos que ele, a esposa e o filho vêm fazendo. Várias destas capacitações técnicas, junto ao Senar. A transformação, destaca ele, levou a fazenda, recentemente, a ser
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uma das três escolhidas por aquela entidade para gravar um vídeo institucional comemorando os 10 anos do programa Empreendedor Rural. Para Soeli, os primeiros passos rumo a novos horizontes tiveram início quando ela decidiu voltar a estudar e não parar mais. Em 2005, então com segundo grau incompleto, participou do curso Empreendedor Rural com foco em Ovinocultura. A ideia era obter maior base para expandir a criação de ovinos (Texel), de cerca de 50 cabeças, para 200. Depois, sentiu ser preciso ir adiante, por meio de um curso superior. “Terminei o segundo grau, fiz vestibular e passei em Administração”, contou. A necessidade de equilíbrio entre adquirir e aplicar o conhecimento estava clara e na mesma época a produtora iniciou um curso de técnico agropecuário, numa instituição parti-
cular. “Administração ia me dar uma visão mais teórica; o curso técnico, uma visão mais prática”, explicou. Em paralelo, ela se tornaria ainda uma das sócias-fundadoras da Cooperaliança (do setor de carnes de bovinos e ovinos). E foi mais longe: pós-graduação em ovinocultura e MBA em Administração – conhecimento que lhe possibilitou passar a prestar serviço para duas outras fazendas da região, assessorando os proprietários quanto aos controles de custos de produção. Em 2013, nova participação no curso Empreendedor Rural do Senar, com objetivo de desenvolver um projeto para elevar o plantel de ovinos para 300 cabeças. Além disso, de 2005 até o ano passado, ela fez outros cursos do Senar, calculando o total – até o momento – em cerca de 15. Eros Lange definiu seu foco mais para a pecuária leiteira (gado da raça Holandesa). Apesar da família ter tradição de cinco décadas nesse setor, ele fez um curso de técnico agropecuário, formando-se nos anos 90. Em 2007, iniciou o Empreendedor Rural, do Senar, com projeto sobre a integração da bovinocultura de leite com a ovinocultura. “Pensei: ‘Temos de profissionalizar o leite’. A gente tinha conhecimento técnico, mas a parte administrativa, burocrática, teria de ser
Ovinos: controles zootécnicos
Gilda, ao lado do gaveteiro que ela mesma restaurou Revista do Produtor Rural do Paraná
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Na produção de leite, uma das primeiras medidas foi utilizar melhor nutrição e melhor padrão genético”
esmiuçada e implantada”, contou. O aprendizado no âmbito do Empreendedor Rural o conduziria também a participar da fundação da Cooperaliança, contribuindo na redação dos estatutos. Segundo antecipou o produtor, hoje, o gado de corte também está nos planos da propriedade, que ainda possui áreas ociosas, “dobradas”, ou distantes, inadequadas para os bovinos de leite ou os ovinos. A ideia o fez participar outra vez do Empreendedor Rural. No curso finalizado em 2013, o tema foi o gado de corte. O casal de agropecuaristas começou a difundir a importância de novas ideias dentro de casa, junto a quem no futuro os ajudará na administração da produção: o filho Erik. Ao lado dos pais durante a conversa com a REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ, o jovem mostrou que já encara a fazenda com a seriedade de quem tem mais experiência, visualizando no Senar um dos espaços importantes para aprender mais. Primeiro, fez um curso de inseminação e manejo em gado de leite. Mais tarde, partiu para encarar duas faculdades ao mesmo tempo: Agronomia e Administração. Decisão tomada para somar, com olhar direcionado aos anos que virão. Na visão prática de Soeli, todo o conhecimento buscado tinha, no entanto, de ser aplicado. Tudo começou com a implantação de algo básico, como as anotações sobre a produção. Conforme ela enfatiza, “se você não anota, não sabe se o negócio está andando para frente ou para trás”. Na produção de leite, uma das primeiras medidas foi utilizar melhor nutrição e melhor padrão genético. Conhecimentos obtidos em cursos do Senar, sobre forrageiras e cerca elétrica, ajudaram, conforme recordou o casal de produtores. Na pastagem, a opção recaiu sobre o tifton. No pastejo, bovinos e ovinos dividindo as
Bovinos: sombreamento para o conforto animal
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Cada detalhe da produção passou a ser controlado mesmas áreas, com as vacas entrando primeiro e as ovelhas na sequência. O piqueteamento foi repensado e remodelado. Curso realizado no Sindicato Rural de Guarapuava, sobre florestas, contribuiu na hora de implantar o conforto animal via sombreamento por árvores, medida que elevou a produtividade. A média de litros de leite por animal/dia, que entre 2006 e 2007 girava em torno de 15 litros, alcança atualmente 22 litros. Eros Lange ponderou, porém, que é preciso elevar este desempenho. A meta é esta, para 2015. E mais: lutar para que os bovinocultores de leite tecnificados, da região de Guarapuava, tenham seu produto reconhecido no Paraná, assim como os de outras regiões do Estado mais tradicionais neste segmento. Segundo salientou, o preço do litro ao produtor (6 de fevereiro) era de R$ 1,00, por aqui, e variando entre R$ 1,10 e R$ 1,15 em outras áreas do Paraná. Mas administrando os desafios próprios de quem se propõe a crescer, partindo do que aprenderam em cursos, Eros e Soeli implantaram melhorias também na ovinocultura – no princípio, encarada apenas como um hobby. A necessidade de diversos avanços foi detectada. Assim como no gado, a busca por animais de melhor genética representou uma evolução – e o sombreamento em torno dos piquetes serviu ao mesmo tempo para os ovinos. Adquiriram-se novas borregas e os reprodutores passaram a ser trocados a cada dois anos, sendo escolhidos de acordo com a necessidade do plantel. Controles zootécnicos e gerenciamento dos custos, sublinhou Soeli, foram de fundamental importância para determinar o ponto no qual a atividade de fato começa a ser economicamente viável. Ela detalhou que colocar os números da ponta do lápis deixou tudo mais claro em termos de custos. Funcionários se tornaram necessários não só quando sobrava tempo para as ovelhas, mas durante o dia, para fornecer água, silagem, ração e sal, entre outros cuidados. Mostrou-se necessário entender a relação entre os números
Grosse: cursos contribuem
até para um melhor clima de trabalho na propriedade
de todo o sistema de produção. Exemplificando, ela conta que no Empreendedor Rural compreendeu que seria preciso que cada fêmea gerasse 1,5 cordeiro por ano. Cada animal deve pagar seu próprio custo e o de sua matriz. “Estamos em 1,2 ou 1,3. Mas isso é o mínimo”, admitiu ela, recordando por outro lado que quando tudo começou, em 2005, o índice era de 1,0. Na busca de intensificar a geração de animais gêmeos, outra decisão foi definida: a propriedade está iniciando com o Île-de-France. Hoje no “empate” entre rentabilidade e custos naquela atividade, o caminho para a virada, contudo, está claro para a produtora: dividir o rebanho em lotes, identificando quais matrizes estão de novo aptas ao cruzamento (observando-se o período recomendado); tomar nota dos animais que geraram gêmeos; (no caso da Agropecuária Morro Branco) elevar o plantel para 300 cabeças; e reduzir a mortalidade. Soeli reconhece que este quesito em especial exige seguir investindo: “Em 2013, se perdeu muito (animal), em função da geada que deu, porque ainda não tenho uma estrutura, como uma maternidade”. Mas o importante, enfatizou, é que os vários cursos vêm proporcionando clareza sobre os passos a realizar. Mantendo uma percepção realista, Eros, Soeli e Erik seguem aprofundando conhecimentos e transformações em suas atividades.
Em 2014, Senar em Guarapuava prevê realizar cerca de 800 cursos Coordenador regional do Senar-PR em Guarapuava, Aparecido Grosse disse ver na disposição dos proprietários da Agropecuária Morro Branco, de fazer diversos cursos voltados a área rural, um despertar para a profissionalização de suas atividades. Lembrando que o Senar é uma das várias possibilidades de capacitação no setor rural, Grosse destacou que o interessante dos cursos oferecidos pela entidade é proporcionar um conhecimento prático que pode ser aplicado pelos participantes em seu dia-a-dia no campo. Para o coordenador, o Senar tem contribuído para o desenvolvimento da agropecuária no Paraná: “Você percebe, no discurso dos produtores, na adoção de algumas tecnologias, no correto uso de máquinas, no processo de gestão, como no caso da família Lange”. Grosse observou que quando uma família ou todos os evolvidos no trabalho da propriedade participam de cursos, se estabelece até mesmo um melhor clima em relação às decisões a tomar, com todos seguindo na mesma direção: “Quando todos os membros da propriedade ou da empresa participam de forma efetiva, se identificando com o papel de cada um na propriedade, você ameniza até as discordâncias e se começa a buscar uma construção coletiva”. Para 2014, o coordenador regional informou que o Senar, em nível estadual, buscará manter a oferta do ano passado, com cerca de 10 mil cursos. Em Guarapuava e região, antecipou que já estão programados em torno 800. A regional do Senar funciona junto ao Sindicato Rural de Guarapuava, na rua Afonso Botelho, nº 58 (Bairro Trianon). Contato por telefone: (42) 3623 1115 (Mobilizadora de Cursos - Rosemeri).
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Aconteceu
Reunião da regional do Senar No dia 1º de fevereiro foi realizada uma reunião com os instrutores e mobilizadores da regional de Guarapuava, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O encontro aconteceu na sala de cursos do Sindicato Rural de Guarapuava. Cerca de 30 pessoas se reuniram para uma troca de informações sobre como foi o andamento dos cursos no ano passado. Perspectivas para este novo ano também foram discutidas durante o encontro.
Território do Laço
Alisson Roseira, Helcio Luiz Carneiro Roseira, Marcelo Muller, Marcelo Nascimento e Tadeu Dombroski Junior
O grupo de laço “Território do Laço” da cidade de Cantagalo conquistou o 1º lugar de equipe no 1º Rodeio do Campeonato da 16ª Região, promovido pelo CTG Nova Querência, em Nova Laranjeiras, no dia 19 de janeiro. O grupo também conquistou o 1º lugar individual com o integrante Alisson Hordat Roseira e o 2º lugar com os integrantes Alisson Hordat Roseira e Hélcio Luiz Carneiro Roseira. O grupo se classificou para o 2º Rodeio do Campeonato da 16ª Região, na cidade de Saudade de Iguaçu. O grupo “Território do Laço” foi criado esse ano. O Sindicato Rural de Guarapuava apoiou o grupo, com o patrocínio das camisas, que foram elaboradas para as competições.
Convênio beneficia os agricultores familiares Através de um convênio viabilizado pela Prefeitura de Guarapuava, a Carmug (Central de Associações Rurais do Município de Guarapuava) assinou um contrato de dois anos com a Secretaria de Estado da Educação e, pela primeira vez, os pequenos produtores rurais de Guarapuava começam a fornecer produtos da agricultura familiar para a merenda escolar do Estado. O repasse dos alimentos para os colégios estaduais iniciou junto com as aulas. A cerimônia de assinatura aconteceu no dia 17 de fevereiro, no Paço Municipal. São mais de R$ 655 mil em recursos do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) para a compra de produtos para 30 escolas estaduais da cidade. Serão beneficiados 130 produtores de forma direta e cerca de 250 indiretamente. O processo começou em janeiro de 2012 e abrange hortifrutigranjeiros, além de produtos de panificação.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social/Prefeitura Municipal de Guarapuava
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Tecnologia
Fotos: Manoel Godoy / SRG
Precisão no campo exige dedicação
Cerca de 150 participantes debateram avanços e dilemas da agricultura de precisão
1º Workshop de Agricultura de Precisão, promovido pela FAPA e Cooperativa Agrária, mostrou que precisão no campo exige dedicação. Mais do que acumular dados, é preciso interpretar as informações – o que exige tempo e conhecimento.
P
ara onde vai a agricultura de precisão? Como sua implantação pode se difundir no Brasil se ainda há o que aprender sobre os atuais equipamentos? Como acrescentar novas técnicas àquilo que já se realiza? E o que fazer com uma montanha de dados coletados? O que é mesmo agricultura de precisão? É a modernização da mecanização ou seria praticar gestão e manejo da produção agrícola a partir de dispositivos que radiografam a lavoura em profundidade? Para trazer uma luz sobre estas e muitas outras questões, a Cooperativa Agrária e sua fundação de pesquisa, a FAPA, com apoio do Sindicato Rural de Guarapuava, promoveram, no dia 19 de dezembro de 2013, no Centro Cultural, no distrito de Entre Rios, seu 1º Workshop em Agricultura de Precisão.
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Um dia todo para buscar conhecimento e debater o tema com especialistas convidados – nomes de destaque em seus segmentos: José Paulo Molin, da Esalq/USP, apresentou a palestra “Cenários da agricultura de precisão no mundo”; Leandro Gimenez, da Fundação MT, trouxe o tema “Uso de condutividade elétrica dos solos na determinação de zonas de manejo”; e Fabrício Pinheiro Povh, da Fundação ABC, enfocou “Utilização de sensores óticos ativos para adubação nitrogenada em culturas de cereais”. Nos intervalos, foi possível também conferir estandes de empresas patrocinadoras, que apresentaram seus produtos e novidades. À tarde, no ponto alto da programação, a mesa redonda “Dificuldades para a adoção da agricultura de precisão no Brasil”, vários foram os par-
Leandro Bren (Agrária):
nivelamento do conhecimento por meio do evento
Étore Reynaldo (FAPA): é hora de passar para a fase 2 da agricultura de precisão
ticipantes – cooperados da Agrária e produtores rurais em geral – que aproveitaram para tirar dúvidas e expor suas preocupações sobre o correto uso das tecnologias. Os comentários giraram em torno de tópicos como o custo, a transformação de dados em informações e a compatibilidade dos vários dispositivos das mais diversas marcas. Detalhando os objetivos do workshop, o coordenador da Assistência Técnica da Agrária, Leandro Bren, mediador da mesa redonda, lembrou em entrevista que no caso da Cooperativa Agrária, dos cerca de 115 mil hectares de lavoura, em 27 mil hectares os cooperados já realizam alguma atividade ligada à agricultura de precisão, como uso de piloto automático, ou taxa variável na aplicação de calcário e fertilizantes. A ideia de fazer o workshop, disse Bren, foi nivelar o conhecimento entre os associados à cooperativa. Em seguida, a FAPA realizará, para eles, treinamentos técnicos. Uma vez que a fundação de pesquisas ainda não possui um setor específico de agricultura de precisão, o foco é capacitar os inscritos a trabalhar os dados obtidos. À frente da equipe de organização do evento, o pesquisador Étore Reynaldo, da área de mecanização agrícola da FAPA, comentou que o workshop, entre outros pontos, buscou chamar a atenção para a necessidade de o produtor rural avançar mais na implantação da agricultura de precisão. Ficar no atual patamar significa obter menos do que a tecnologia pode oferecer: “Temos um grande problema. O pessoal começa na ‘agricultura de precisão 1’, ou seja, na amostragem em grade, e pára. Precisamos avançar nesta área de coletar dados e transformá-los em informação”. O evento, conforme acrescentou, indicou que há um longo caminho pela frente. “Precisamos sair da estagnação na qual estamos hoje e ir para a ‘fase 2’”, preconizou. Mas ao mesmo tempo o setor precisará focar esforços em outra dificuldade: a formação ou contratação de mão-de -obra adequada a equipamentos cada vez mais modernos – um elemento que anda escasso. “O
Rodrigo Deda, de Antônio Olinto: planejando
incrementar AP já praticada na propriedade da família
Groszko, de Campina do Simão: redução de custos na
adubação
usuário (da agricultura de precisão), o agricultor, ou mesmo alguns agrônomos que dão assistência, às vezes, se deparam com algumas dúvidas – E a quem vão recorrer? Não tem suporte. Com esse evento, a gente quer alertar para isso. Não podemos ficar para trás”, alertou Étore. Seguir para a “fase 2”, ainda de acordo com ele, significa reunir os dados, os mapas de colheita – e não apenas um, mas é necessário um histórico de vários anos –, contratar uma pessoa especializada ou um prestador de serviços capacitado e determinar as zonas de manejo. Depois, em conjunto com os agrônomos, fazer a melhor recomendação para cada uma, para obter o melhor rendimento e a rentabilidade esperada. Filho de produtores rurais de Antônio Olinto (PR) e estudante de agronomia na Universidade Estadual de Ponta Grossa, Rodrigo Deda viajou para conferir o workshop. “A agricultura de precisão é uma Ferrari sem volante e sem freio. A gente tem uma tecnologia muito grande, mas observamos que muitos produtores rurais têm dificuldade na hora de interpretar (dados)”, analisou. Em seu caso, a família já utiliza AP há três safras, com foco em solo para melhorar a fertilidade. Com isso, segundo Deda, elevou-se a produtividade das lavouras de batata, milho, soja e feijão. De Campina do Simão (PR), o agricultor João Cristiano Groszko disse que compareceu ao evento para ampliar a visão. “Como conhecimento nunca é demais, a gente vem buscando novas informações”, declarou. Groszko, que já utiliza AP, considerou que, com esta técnica, suas lavouras de soja, milho, trigo e aveia melhoraram em produtividade e qualidade. Em termos de custos também: “A gente evitou colocar muitos produtos que colocávamos antigamente. Tivemos uma grande diferença de minimizar o custo na adubação”, acrescentou. Porém, ele admite que entender os dados gerados ainda é um desafio: “A dificuldade certamente existe. Mas quando você faz uma boa escolha do pessoal técnico que vai analisar isso para você, fica mais fácil”.
O workshop buscou chamar a atenção para a necessidade de o produtor rural avançar mais na implantação da agricultura de precisão. Ficar no atual patamar significa obter menos do que a tecnologia pode oferecer” Étore Reynaldo
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Palestras A palavra dos especialistas A REVISTA DO PRODUTOR RURAL esteve no 1º Workshop sobre Agricultura de Precisão da FAPA e conversou com palestrantes. Em entrevistas exclusivas, eles revelam dilemas e detalhes fundamentais para quem já pratica ou pretende praticar esta forma de gerenciamento da produção agrícola.
“Cenários da agricultura de precisão no mundo” Fotos: Manoel Godoy / SRG
José Paulo Molin (Esalq/USP)
É preciso entender o que é a agricultura de precisão. Ela não é a varinha mágica”
“A agricultura de precisão pressupõe dados – muitos. Muito mais do que a gente está coletando hoje. Por exemplo: se eu tivesse alguns mapas de colheita empilhados, mataria as charadas e estaria já resolvido o assunto. Esse é o exemplo simples, o mais claro. Agora, isso vai continuar. Tenho de continuar coletando dados, porque vou fazer intervenções, mudanças nos meus ambientes e tenho de continuar documentando. Então... dados,
“Uso de condutividade elétrica dos solos na determinação de zonas de manejo” Leandro Gimenez (Fundação MT) “A condutividade elétrica é uma propriedade dos materiais. Ela nos diz sobre a facilidade da corrente elétrica atravessar um material. Falando desta maneira, fica um pouco nebulosa a sua utilidade. A condutividade elétrica do solo, que na verdade a gente chama de condutividade elétrica aparente, é o resultado da condutividade elétrica dos vários componentes do solo. Existem diversos resultados e pesquisas, historicamente, de que é possível correlacionar esta propriedade do solo com alguns atributos de interesse agronômico. Lá no início, quando se começou a usar esta proprie-
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dados, dados. Eles são via de regra cada vez mais acessíveis e baratos, mas preciso ter aquilo que tentei destacar (na palestra): gente instruída, com tempo suficiente para processar esses dados, ou, por exemplo, limpar mapa de colheita, organizar isso dentro de um software. Isso pode ser via terceirização, em casa, do jeito que (o produtor) quiser. Mas preciso ter gente séria pensando em organização de dados. Isso, hoje, não é feito. E aí se perde tudo: história, dados. E toda vez se começa do zero. Esse é um mal. E não é só do brasileiro. Lá fora também temos visto isso. A dedicação à organização de dados é fundamental para o sucesso no longo prazo. Histórico dentro do ambiente correto. Não é em pastinha, em HD externo. É uma coisa bem organizada, a gente chama de sistema de informação geográfica. É preciso ter pessoas que saibam usar isso. Que saibam traduzir essas camadas de informações em uma recomendação. Penso que é preciso entender o que é a agricultura de precisão. Ela não é a varinha mágica, não é um milagre. É um jeito de gerenciar. Mas exige conhecimento. Dedicação. Aplicar a taxa variável, que é a consequência das amostragens hoje disponíveis no mercado, é a porta de entrada. Acho que todos têm de fazer, porque existem erros que têm de ser corrigidos. Se fizermos uma investigação vamos ver onde estamos errando. Dá pra corrigir? Algumas coisas são rápidas. Calcário, corrijo de forma relativamente rápida. Algumas, bem mais demoradas. Fósforo, por exemplo. Taxa variável já é uma tecnologia dominada. Mas está faltando mais cuidado na fase inicial, que é a amostragem para gerar os mapas de recomendações de taxas variáveis”.
dade, foi para identificar problemas de salinidade em áreas irrigadas. Mas aí o pessoal percebeu que, além dos sais, a própria composição do solo tinha um efeito na condutividade. E se começou a usar esta medida então para entender a variabilidade presente na composição do solo. Então, indiretamente, é uma medida que permite saber se um solo tem uma composição diferente ao longo de uma área, de um talhão. É uma medida fácil de fazer. Existem equipamentos que de uma maneira automatizada – como se você fizesse uma operação agrícola – conseguem medir isso dinamicamente. A partir então, dessas medidas, você pode construir um mapa que mostra regiões com condutividade diferente. Condutividades diferentes significam que a composição do solo é diferente. A condutividade pode variar em fun-
ção da presença de água. Aliás, em ambientes de agricultura sem irrigação, é a coisa interessante que tem por trás da condutividade. Ela vai permitir identificar regiões que têm tendência a reter mais água do que outras. Muito embora – é necessário alertar – quando você altera esse espaço poroso, ou seja, quando você aumenta a densidade do solo, aumenta a condutividade elétrica. Isso pode ser negativo. Tem de ter cuidado no momento de interpretar, porque geralmente isso está associado com maior presença de água, mas pode estar associado com compactação. Que também é interessante. Mas é preciso habilidade para separar uma coisa da outra. Observamos, nas bordas dos talhões, onde a densidade é maior, que esse valor maior de condutividade elétrica é por causa da densidade”.
“Utilização de sensores óticos ativos para adubação nitrogenada em culturas de cereais”
dições. E por não depender de uma fonte externa pode trabalhar 24 horas por dia. O sensor tem detectores que irão medir a quantidade de energia refletida pela planta. Combinando dois ou mais valores de reflectância, são criados os índices de vegetação. O índice mais conhecido ainda é o NDVI (Normalized Difference Vegetation Index). Na prática, quanto maior o NDVI, a planta é mais verde ou tem mais biomassa. E o nitrogênio na planta tem relação direta com a clorofila e com a produção de biomassa. Utilizando os sensores, conseguimos avaliar o estado nutricional da planta e recomendar a dose correta de um fertilizante nitrogenado. De uma forma ou de outra, o objetivo não é apenas economizar fertilizante, mas sim encontrar a dose mais adequada para cada situação. Ao longo dos anos em que os sensores foram utilizados pelos agricultores da Fundação ABC, muitos tiveram economia, chegando a 75% menos nitrogênio aplicado na cultura do trigo. Mas, da mesma forma, alguns tiveram que dobrar a dose de nitrogênio. O importante é que o agricultor que economizou o nitrogênio realmente não precisava ter aplicado mais, e o agricultor que aplicou o dobro da dose colheu muito mais trigo do que se tivesse utilizado a mesma dose de sempre. Os sensores ainda são caros, mas o correto é fazer uma análise de custo/benefício. Um agricultor que gosta de tecnologia e informática, ele mesmo pode buscar cursos e treinamentos para utilizar melhor os dados que tem. Aqueles que têm um pouco mais de dificuldade, ou que não tem muita afinidade, podem procurar um prestador de serviço. Precisamos de empresas que estejam toda safra ao lado do agricultor e que acompanhem a evolução e o histórico da área. Só assim é possível tirar proveito dessa quantidade de dados que é coletada todos os anos”.
Fabrício Pinheiro Povh (Fundação ABC)
“A diferença entre um sensor óptico ativo e um passivo é a fonte de luz. Um sensor passivo necessita de uma fonte de luz externa, como a luz solar. Isso faz com que seja possível trabalhar apenas durante o dia. Já o sensor ativo tem sua própria fonte de luz, que geralmente é um LED que emite a luz necessária para fazer as me-
Condutividades diferentes significam que a composição do solo é diferente. Ela pode variar em função da presença de água”
O objetivo não é apenas economizar fertilizante, mas sim encontrar a dose mais adequada para cada situação”
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Bovinocultura de leite
Proprietário de bovino sacrificado por causa de tuberculose será indenizado Essa Resolução é uma conquista do Conselho de Sanidade Agropecuária de Guarapuava (CSA), Sindicato Rural e Federação da Agricultura do Estado do Paraná
O
secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, assinou no dia 29 janeiro, resolução que estabelece as regras para indenização aos produtores de bovinos e bubalinos que tiverem animais sacrificados por terem contraído tuberculose. A medida fortalece as iniciativas implementadas pela Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) para melhorar a qualidade do leite produzido no Paraná. De acordo com a resolução, já em vigor, o animal diagnosticado com tuberculose deverá ser sacrificado e o produtor será indenizado com recursos do Fundo de Equipamento Agropecuário (Feap), do Governo do Estado. O valor da indenização será calculado conforme fórmula que leva em conta o peso do animal e a média de preços da arroba do boi gordo coletado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. O sacrifício dos animais faz parte da estratégia adotada pela Secretaria da Agricultura para estimular a atividade leiteira no Paraná, tornando o Estado livre de zoonoses quae prejudicam a qualidade do leite, como a tuberculose e brucelose. A medida foi adotada em comum acordo com os representantes dos produtores, através da Federação do Estado da Agricultura no Paraná (Faep) e do Sindicato da Indústria do Leite (Sindileite).
Foto: Manoel Godoy
EXAMES NEGATIVOS - Os produtores terão de comprovar a ausência de tuberculose e brucelose de todo rebanho leiteiro e apresentar
certificação de vacinação contra brucelose. Esses certificados devem ser entregues até 30 de maio de 2014. A partir de 1º de junho deste ano, somente poderão fornecer leite aos laticínios e agroindústrias os produtores que comprovarem os exames negativos para tuberculose de todo o rebanho leiteiro, além do atestado de vacinação contra a brucelose. Os laticínios que não exigiram a documentação dos produtores também não poderão comercializar o leite, informou o diretor presidente da Adapar, Inácio Afonso Kroetz. De acordo com o secretário Ortigara, o maior beneficiado com as novas normas sanitárias que passam a vigorar no Estado, a partir deste ano, será o produtor de leite, que vai ganhar mais pelo produto entregue no laticínio, e também as indústrias, que ganharão novos mercados, inclusive podendo acessar o mercado externo de leite e derivados com produtos de mais qualidade. O secretário lembrou que o Estado já alcançou uma produção anual de 4 bilhões de litros de leite, a terceira maior do País. A tendência é ampliar ainda mais essa participação, como resultado das políticas públicas implementadas pela Seab para incentivar a pecuária leiteira no Paraná. “Agora, mais do que quantidade de leite precisamos ter qualidade para que produtores e indústrias tenham melhor remuneração com a conquista de novos mercados”, explicou. Para isso, a Secretaria da Agricultura e Adapar estarão atentas para que os produtores sigam as medidas de higiene e sanidade dos rebanhos recomendadas pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento e da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). “Quanto mais cedo o produtor aderir à essas normas, mais estará contribuindo para acessar um mercado mais valioso que paga mais por seus produtos”, disse Ortigara.
PORTARIAS ADAPAR - A resolução que dispõe sobre a indenização de proprietários de animais sacrificados com tuberculose atende ao Programa Estadual de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose Animal, executado pela Adapar. No final do ano passado, a Adapar editou três portarias que tornam mais rígidas as normas para fornecimento e recebimento de leite na indústria paranaense.
Fonte: http://www.agricultura.pr.gov.br
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Soja e milho
Encontro Tecnológico da Coamo Candói N
o dia 15 de fevereiro, a Coamo de Candói promoveu o 3º Encontro Tecnológico da Coamo (ENTEC), na propriedade do cooperado Aldir Antonio Goldoni (Piti). Participaram do evento mais de 260 pessoas entre cooperados, técnicos e representantes de empresas parceiras da Coamo na linha de produção de sementes de soja e milho, bem como de agroquímicos, bioreguladores e fertilizantes foliares. Os cooperados da Coamo tiveram a oportunidade de visitar as áreas com o plantio de soja e milho, onde os engenheiros agrônomos apresentaram os lançamentos de variedades de soja e os lançamentos de híbridos de milho que estarão disponíveis aos associados já na próxima safra de verão.
Carlos Vinicius Precinotto (engenheiro agrônomo Coamo), Antônio Cesar Gomes (gerente Coamo Candói) e Aldir Antônio Goldoni (cooperado)
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Também foi possível aos participantes acompanharem diversas palestras proferidas pelos técnicos das empresas de agroquímicos e seus derivados. “Foram apresentadas 34 variedades de soja e 19 híbridos de milho, todos em fase de pré-lançamento ou comercial. A Coamo, através do seu Departamento Técnico testa esses materiais nesta área experimental de Candói, com o objetivo de realizar uma criteriosa seleção. Somente após a coleta de dados de campo, tais como ciclo das variedades e híbridos, tolerância a doenças e pragas, bem como produtividade obtida, o quadro de técnico da Coamo faz a recomendação a seus associados”, relata o encarregado técnico da Coamo, engenheiro agrônomo Carlos Vinícius Precinotto. “Em todas as três edições do ENTEC o evento sempre ficou marcado pela preocupação em trazer ao quadro de cooperados informações que possam servir para a tomada de decisões para a futura safra que eles irão plantar. Também é uma oportunidade muito interessante de entrelaçamento entre a cooperativa, associados e fornecedores. Queremos agradecer a confiança depositada pelo nossos cooperados, que safra após safra adquirem os seus insumos agrícolas e entregam a sua produção na Coamo, bem como os parceiros fornecedores, que possibilitam a cooperativa atender o seu quadro de associados com produtos de qualidade que agregam valor a sua produção”, relata o gerente da Coamo de Candói, engenheiro agrônomo Antonio Cezar Gomes. Ao final do evento foi servido um delicioso costelão assado com espeto no chão e dois fogos, típica tradição sulista muito apreciada na região.
Legislação
Decker, De Rocco Bastos Advogados Associados Fábio Farés Decker (OAB/PR nº 26.745) Tânia Nunes De Rocco Bastos (OAB/PR nº 20.655) Vivian Albernaz (OAB/PR nº41.281)
O Cadastro Ambiental Rural (CAR) poderá gerar benefícios aos produtores rurais
O
Cadastro Ambiental Rural é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, e tem a finalidade de integrar as informações ambientais referentes à situação das Áreas de Preservação Permanente - APP, das áreas de Reserva Legal, das florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Uso Restrito e das áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do país. Criado pela Lei n.º 12.651/2012, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, o CAR se constitui em base de dados estratégica para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa do Brasil, bem como para planejamento ambiental e econômico dos imóveis rurais. É importante destacar que os órgãos ambientais em cada Estado e no Distrito Federal disponibilizam programa de cadastramento na rede mundial de computadores (internet), destinado à inscrição no CAR, bem como à consulta e acompanhamento da situação de regularização ambiental dos imóveis rurais. O Paraná é a 12ª unidade da Federação a receber a plataforma para implantar este sistema integrado ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), que permite o registro público dos imóveis e, como consequência, a regularização de acordo com a nova Lei Florestal. A inscrição da propriedade rural neste sistema poderá gerar aos produtores rurais vários benefícios previstos na Lei n.º 12.651/2014, dentre eles: crédito a juros menores, seguro e isenção de impostos; obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas de juros menores, bem como limites e prazos maiores que o praticado no mercado; contratação do seguro agrícola em condições melhores que as praticadas no merca-
do; linhas de financiamento junto às instituições financeiras para atender iniciativas de preservação voluntária de vegetação nativa; isenção de impostos para compra dos principais insumos e equipamentos utilizados na propriedade rural nos projetos de recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal. Inclusive há aproximadamente 6 (seis) meses o Banco Central do Brasil editou uma norma, Resolução n.º 4.226/2013, que beneficia os produtores rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural, aumentando em 15% o limite para crédito de custeio, com juros menores do que os praticados no mercado. O acréscimo pode chegar a 30% caso o produtor comprove adesão a programa de regularização ambiental ou demonstre a existência de área de preservação permanente (APP) e de reserva legal em seu imóvel que comprovem que ele está ambientalmente regular e cumpre as exigências do Código Florestal. Mas a demora na implantação deste sistema está atrasando a concessão dos benefícios já citados. Informamos que já está em funcionamento o Sistema de Cadastro Ambiental Rural - SICAR, que alimentará a base de dados nacional – CAR. Entretanto, conforme previsto no artigo 21 do Decreto n.º 7.830/2012, é necessário ato da Ministra do Meio Ambiente implantando o CAR nacional para que todos os requisitos formais previstos na Lei n.º 12.651/2012 sejam cumpridas. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) está informando aos produtores rurais para aguardarem o inicio oficial do prazo para realizarem a inscrição no CAR. Desta forma, os produtores rurais devem aguardar os procedimentos necessários para implantação nacional do CAR, e assim terem acesso aos benefícios previstos na lei. Revista do Produtor Rural do Paraná
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Plante seu futuro
Manejo de pragas e doenças da soja (MIP e MID)
O
Seminário Regional Plante seu Futuro “Manejo de pragas e doenças da soja”, realizado no dia 17 de dezembro, no anfiteatro do Sindicato Rural de Guarapuava, fez parte da campanha “Plante seu Futuro”, lançada pelo governo do estado do Paraná em novembro, nas cidades de Londrina, Ponta Grossa, Maringá e Cascavel. O seminário reuniu 150 produtores, profissionais ligados à agricultura e também acadêmicos da área de Ciências Agrárias. Os temas escolhidos nesta etapa regional fo-
Rodolpho Luiz Werneck Botelho, presidente do Sindicato Rural de Guarapuava
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Revista do Produtor Rural do Paraná
Arthur Bittencourt Filho, chefe regional da Seab
ram selecionados de acordo com a realidade de cada região, no caso de Guarapuava, a soja.“Os seminários objetivam divulgar boas práticas para o campo, contribuindo para uma melhor produção, trazendo benefícios para o produtor rural, o consumidor e o meio ambiente”, explica o chefe regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de Guarapuava (SEAB), Arthur Bittencourt Filho. O prefeito de Guarapuava, César Silvestri Filho, prestigiou a abertura do evento e destacou que a campanha “Plante seu futuro” é uma ação louvável do governo do Paraná e as entidades da cadeia produtiva do estado. “Esses seminários são ações pedagógicas, difundem o conhecimento e estimulam as boas práticas no dia a dia dos nossos produtores rurais. Certamente é uma atitude que merece a atenção de todos aqueles que querem ver a agricultura do nosso país cada vez mais desenvolvida”. A primeira palestra teve como objetivo apresentar o trabalho desenvolvido pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), na região de Guarapuava. “O objetivo é apresentar a estrutura da Adapar, que é uma agência nova no estado. Queremos explicar o que nós fiscalizamos de fato. Para a região é importante destacar que hoje a nossa prioridade é o monitoramento da Helicoverpa armigera, que está presente na soja. E nós estamos fazendo o monitoramento em oito propriedades aqui na unidade regional de Guarapuava”, explica a engenheira agrônoma e fiscal da Adapar, Antoniele Serpa.
Jorge Karl, presidente da Agrária Agroindustrial
Cesar Filho, prefeito municipal de
Guarapuava
Antoniele Serpa, engenheira agrônoma e fiscal da Adapar
Samuel Roggia, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa
A Helicoverpa armigera foi destaque durante o seminário, já que na última safra de soja houve o ataque intenso da lagarta em várias regiões do país. O engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Doutor Samuel Roggia, durante sua palestra “Manejo e Controle de pragas na cultura da soja”, apresentou as estratégias corretas de manejo da praga e sua biologia. Além disso, o manejo de percevejos e ácaros e as relações que essas pragas têm entre si. “São pragas bem difundidas que ocorrem tanto na região de Guarapuava, como em todo o Paraná e também em diferentes regiões produtoras de soja em todo o Brasil”, destaca Roggia. Para encerrar o evento, o engenheiro agrônomo Heraldo Rosa Feksa, da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa), discutiu sobre o Manejo Integrado de Doenças (MID). “Na Agrária,
Heraldo Rosa Feksa, engenheiro agrônomo e
pesquisador da Agrária
temos um sistema chamado Radar que dispara um alerta para o engenheiro agrônomo e para o produtor, para que ele faça o manejo correto naquela situação”, explica Feksa. Ele destacou que é importante que se tenha uma prevenção com informações sobre as doenças, para que assim seja aplicado o manejo corretamente. “Fazemos essa prevenção, essa coleta de informações entre as safras de inverno e verão. Assim, podemos tomar ações corretas para uma melhor produção e qualidade dos grãos”, afirma. O Seminário Regional Plante seu Futuro foi realizado pela Seab, em parceria com a FAEP, FETAEP, Ocepar, Itaipu Binacional, Embrapa, Emater e Iapar. Em Guarapuava, o evento contou com o apoio do Sindicato Rural de Guarapuava, Fapa, Cooperativa Agrária, Aeagro, Adapar e Prefeitura Municipal de Guarapuava.
Revista do Produtor Rural do Paraná
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Diversificação
Tomate: um aprendizado
P
Fotos: Manoel Godoy / SRG
ara agricultores do centro-sul do Paraná que há poucos anos partiram para diversificação com tomate, o plantio da safra 2013/14 marca uma nova fase. Hora de repensar o tamanho dos riscos e das oportunidades. Afinal, se a cultura apresenta potencial para grande rentabilidade, ela é extremamente sensível a variações de clima e de cotação. Números da regional da Seab em Guarapuava indicam que a área do tomate em 12 municípios, que em 2011/12 chegou a 240 hectares, caiu em 2012/13 para 90, reduzindo-se ainda mais em 2013/14, com apenas 75 hectares. Mas isso significou maior rigor técnico e financeiro. Como no caso de Gabriel Gerster, tradicional produtor de soja, milho, trigo, cevada e aveia. Em 12 de dezembro, no início do plantio da safra que será colhida em março, ele recebeu a reportagem da REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ, revelando os altos e baixos da atividade.
Na região de Guarapuava, área de tomate reduziu, mas produtores como Gabriel Gerster enfrentam os altos e baixos da cultura
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Revista do Produtor Rural do Paraná
O produtor contou que há três anos partiu para a nova cultura porque gosta de inovar e buscava renda extra. A ideia, porém, precisou de capital. Custo por hectare em torno de R$ 20 mil. Só na irrigação, na qual se optou pelo sistema de fitas (que tem a vantagem de permitir também a fertirrigação), o custo gira em cerca de R$ 3,5 mil por hectare. Os efeitos do mercado logo se fizeram sentir: “(Na comercialização) A gente teve o oito e o oitenta – um ano muito frustrante, (em termos) de preços, e outro ano totalmente espetacular”, comparou. O impacto se refletiu na área, que passou de 10 hectares no primeiro ano, para cinco no segundo e, agora, para dois e meio. Custo por hectare em 2013/14, entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. Membro da comissão de Hortifruticultura da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), Gerster disse que, por outro lado, sua expectativa de comercialização desta vez é positiva: “Pelo que
tenho acompanhado, acho que a tendência é os preços (ao produtor) se manterem um pouco melhores”, o que, segundo opinou, seria um patamar acima de R$ 20,00 a caixa de 28 kg. Para obter as melhores cotações, no entanto, o agricultor enfatizou que qualidade é fundamental. Do plantio à colheita. No solo, preparado, a opção é a implantação manual da lavoura: “O plantio com plantadeira, para hortifruti, não dá muito certo, porque não é semente, é muda, e nas mudas, se ficar substrato um pouco para fora do solo, elas já não vingam”. Além da fertirrigação, atenção às aplicações também é necessária. “Em torno de três meses, são cerca de 30 aplicações, principalmente inseticida e fungicida”, detalhou. A meta é prevenir ou combater o que ele considera o maior risco: a bacteriose. “Acho que é mais complicado para controlar aqui. Mas, em outras regiões, tem mosca branca”, analisou. Outro fator positivo do centro-sul paranaense é o clima, que, entre dezembro e março, ele considera como “muito favorável”. Reconhecendo que a colheita do tomate acontecerá junto com a da soja, Gerster se diz já preparado. O importante, concluiu, é permanecer na diversificação escolhida. Por dois motivos: tomate é renda extra e uma incomum, mas interessante pré-cultura para a cevada. De acordo ele, o cereal de inverno tem se beneficiado da adubação do tomate, apresentando bons resultados.
TOMATE - 12 municípios da região de Guarapuava (PR) 7.240 4.688 2.720
240 90 2011/2012 área (ha)
70,0
51,5 49,5
Fonte: Deal/Seab
187.935 3.792
40,0 Testemunha
producão (t)
2013/2014
FRG
Testem Testemunha
3.171
2011/2012 área (ha)
189.430
2012/2013 producão (t)
ShutterStock
49,5
2012/2013
230.200
60,0
50,0
75
TOMATE - Paraná
8,7
LG
Irrigação: fitas permitem fertirrigação, que acaba beneficiando a cevada, cuja área, no inverno, também abrange as de tomate
3.030 2013/2014 Fonte: Deal/Seab
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Máquinas agrícolas
Soluções Integradas Paraná Sistemas Mecanizados reúne clientes e especialistas. Cerca de 350 pessoas prestigiaram o 1º Soluções Integradas John Deere.
A
concessionária autorizada da John Deere, Paraná Sistema Mecanizados, localizada em Guarapuava, realizou no dia 25 de janeiro, o 1º Soluções Integradas John Deere. O evento durou o dia todo e foi idealizado principalmente para os agricultores e pecuaristas da região, com a intenção de trazer conhecimento, auxiliando no crescimento do agronegócio regional. Foram ofertadas palestras técnicas com os temas Plantadeiras e Pulverizadores, Tratores, Colheitadeiras e Prática AMS e Qualidade de Plantio. “Nós trouxemos os especialistas da John Deere para interagir com nossos clientes, mostrando para eles a Soluções Integradas da John Deere. O objetivo é que os clientes façam um melhor aproveitamento das máquinas, com a orientação dos profissionais”, explicou o gerente geral de negócios, Paulo Kowalski. O evento reuniu produtores rurais e famílias, contando com café-da-manhã e almoço, além de palestras para as mulheres. Organizada pela Unimed Guarapuava, a palestrante Dra. Iara Rodrigues Vieira falou sobre o sol e a pele, abordando assuntos como doenças de pele, práticas de prevenção, dentre outros. O Boticário, empresa
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de perfumaria e cosméticos, também foi parceira do evento, demonstrando seus produtos aos interessados. Enquanto isso, as crianças se divertiram com diversos brinquedos montados especialmente para elas. Outro grande parceiro foi a empresa de erva da região, Erva Mate 81. O evento também foi um dia de oportunidade de negócios. A Paraná Sistema Mecanizados ofereceu ao público presente promoções em todos seus produtos, sendo assim um evento pré Show Rural Coopavel. “Nós oferecemos o melhor preço para nossos clientes antes da feira, porque a Coopavel é muito técnica. Quando os agricultores e pecuaristas vão para lá com a intenção de fazer negócio, eles acabam tendo um tempo muito curto e a quantidade de gente é muito grande, desta forma, não é possível dar muita atenção a todos. Aqui, eles tiveram a oportunidade de antecipar seus negócios”, ressaltou o gerente de vendas, Carlos Francischette.
Plantadeiras e Pulverizadores
A palestra “Plantadeiras e Pulverizadores” foi ministrada pelo especialista de Marketing e Produtos – Plantadeiras, Alex Johann. No tema plantadeiras, ele falou sobre a qualidade do plantio e o que a Plantadeira John Deere oferece. Mostrou ainda quais são as tecnologias que o produto possui internamente, para se ter o melhor stand e a melhor distribuição de sementes, tanto na horizontal como na vertical. Já sobre os pulverizadores Johann discutiu sobre as duas linhas do produto da John Deere, o pulverizador 4630, que permite otimizar os insumos e chegar aos lugares mais remotos, e o Pulverizador 4730, que já é bastante conhecido no mercado e agora é produzido pela John Deere no Brasil, na cidade de Catalão, em Goiás.
Paulo Kowalski, gerente geral
de negócios da Paraná Sistemas Mecanizados
Tratores
O especialista de Marketing e Produtos – Tratores, Marcos Balssan mostrou ao público todo o desempenho das linhas 5 e 6 dos Tratores John Deere. “Nós exemplificamos a transmissão, o sistema hidráulico das linhas 5 e 6, o desempenho e o funcionamento da embreagem dos tratores”, contou. Além disso, foram apresentadas informações sobre os tratores da linha 7.
Colheitadeiras e Prática AMS
Carlos Francischette, gerente de vendas da Paraná Sistemas Mecanizados
Sobre o tema “Colheitadeiras e Prática AMS”, o coordenador de serviço, Mauro Fensterseifer orientou os clientes a respeito da Colheitadeira STS John Deere, para que se tenha uma melhor produtividade, qualidade de grão e menos despesa com a manutenção. “É importante frisar o sistema Rotor, exclusivo da John Deere. A tecnologia de Rotor reduz em até 20% a força requerida para mover o material através da colheitadeira”, explicou. Já o especialista em AMS e colaborador da Paraná Sistema Mecanizados, Jorge Opuchkevic apresentou os resultados e demonstrações da prática AMS.
Qualidade de Plantio
Mauro Fensterseifer,
Coordenador de Serviço John Deere
A palestra Qualidade de plantio foi ministrada pelo engenheiro agrônomo de Minas Gerais Jorge Verde. Ele orientou os produtores quanto aos procedimentos para se obter uma melhora no plantio. “Esse foi o 1º Soluções Integradas John Deere, mas já prometemos que todos os anos entre os dias 20 e 30 de janeiro vamos realizar este evento aqui na Paraná Sistema Mecanizados. Queremos proporcionar essa oportunidade de interação cliente, concessionário e fábrica. Queremos que isso se torne uma cultura aqui na nossa empresa”, finalizou Kowalski.
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Equinos
Foto: Geyssica Reis
Expocrioulo: mostra dos melhores da região
Rodrigo Córdova, presidente do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Guarapuava
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A
3ª Expocrioulo, que aconteceu entre os dias 13 e 16 de fevereiro, no Parque de Exposições Lacerda Werneck, em Guarapuava, “superou todas as expectativas”, segundo o coordenador do evento e presidente do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Guarapuava, Rodrigo Córdova. Ao todo, 170 cavalos participaram das provas e também da 1ª Feira do Cavalo Crioulo. Para a morfologia, Córdova explica que a exposição foi de nível B, ou seja, quando há mais de 100 animais inscritos na Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC). “Pela terceira vez conseguimos conquistar este nível”, afirmou. O julgamento morfológico dos animais se dividiu nas categorias: melhor exemplar da raça, com prêmio de R$ 2.000,00; grande campeão macho e fêmea, com premiação de R$ 1.000,00 (1º colocado), R$ 500,00 (2º colocado), R$ 300,00 (3º e 4º colocados). O jurado foi o criador Marcelo Tellechea Cairoli, do Rio Grande do Sul. Ele destacou que a Ex-
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pocrioulo, em Guarapuava, é a maior exposição do gênero fora do Rio Grande do Sul. “Além de ser muito bem organizada e ter um nível de animais excelente. Tanto as fêmeas, quanto os machos me impressionaram. O nível de criação de Guarapuava e região é muito bom”, destacou. No dia 15 também ocorreram outras provas. Destaque para o Movimento a La Rienda. “Essa prova avalia o conjunto, criador e animal, a questão do seu adestramento. É uma prova principalmente de rédea. Ela originou-se na Argentina e observa os movimentos dos animais, que são avaliados por meio de nota”, explica Córdova. Segundo o presidente do Núcleo, houve 15 conjuntos, um alto nível de participação. A prova é classificatória para a Expointer 2014. À tarde, foram realizadas as famosas provas equestres nas categorias infantil, juvenil, adultas e patrão, que como nos outros anos, houve bastante participação das famílias. A programação encerrou dia 16, com as provas com gado: Campereada e a Ranch Sorting, uma
prova nova na cidade, caracterizada por apartar os bovinos em menor tempo. “A prova Ranch Sorting foi um sucesso, com aprovação de todos os competidores e do público. Trata-se de prova muito contagiante, pois ocorre por tempo e é muito técnica. Com certeza, vai ser concretizada em nossas exposições”, declarou Córdova. O coordenador finaliza dizendo que a participação da família crioulista, principalmente das crianças envolvidas no meio foi o que mais lhe chamou a atenção. “Isso faz da raça Crioula um motivo de amizade e satisfação entre todos”.
Confira os resultados:
Fotos: Léa Piffer S
Julgamentos Morfológicos
A égua Neblina da Rio Bonito, vencedora nas categorias Grande Campeã e Melhor Exemplar da Raça
FÊMEAS Grande Campeã e Melhor Exemplar da Raça Neblina da Rio Bonito, filha de Pora Raton e Luminosa da Rio Bonito; criador e expositor Empreendimentos Agropecuários Rio Bonito Ltda. - Fazenda Santa Cruz, Ponta Grossa/PR Reservada Grande Campeã Ramon 129 Profana, filha de Viragro Rio Tinto e Ramon 03 Amante Argentina; criador e expositor GER Administração e Participações S/A, Cabanha Valente, Porto Amazonas/PR 3ª Melhor Fêmea Manacá da Rio Bonito, filha de BT Santoro e Preferida da Rio Bonito; criador e expositor Empreendimentos Agropecuários Rio Bonito Ltda. - Fazenda Santa Cruz, Ponta Grossa/PR 4ª Melhor Fêmea Harpa do Ribeirão Bonito, filha de Viragro Rio Tinto e Noblessa do Monte Verde; criador e expositor Arison Jung – Cabanha Ribeirão Bonito, Guarapuava/PR MACHOS Grande Campeão Que Momento Cordobez, filho de Viragro Rio Tinto e La Baguala Cordobez; criadores Rodrigo e Thiago Cordoba da Silva e expositor Rodrigo Cordoba da Silva – Cabanha Cordobez, Guarapuava/PR Reservado Grande Campeão OK Guarani II, filho de Mañanero Manicero e OK Amora; criador Cezar Roberto Oliveira Krüger e expositor Marco Antônio Reusing - Estância Rio da Pedra, Mafra/SC 3º Melhor Macho Hulk Da Santa Juvita, filho de Campana Naco e Arteira Da Santa Juvita; criador Émerson Peukert Schaedler e expositores Vanderlei e Regis Casagrande - Cabanha Alvorada, Pato Branco/PR 4º Melhor Macho Uruguaio da Lagoa Seca, filho de Rico da Lagoa Seca e Galopera da Lagoa Seca; criadora e expositora Gilda Campello – Fazenda Lagoa Seca, Guarapuava/PR Campeã Incentivo Fêmea e Melhor Exemplar Incentivo JRV Habanera Expositor: Cristian Klein - Pato Branco (PR)
O vencedor na categoria Grande Campeão foi o Que Momento Cordobez
Campeão Incentivo Macho Jamaicano do Rio das Pedras Expositores: Marcelo Cunha e Esmael Cadore Guarapuava (PR) Prova Movimento a La Rienda Categoria Profissional 1º lugar: Eder de Castro Salgueiro – Guarapuava (PR) 2º lugar: Alain Delon Barbosa – Guarapuava (PR) 3º lugar: Felipe Krüger– Guarapuava (PR) Categoria Amador 1º lugar: Rayan Barbosa – Guarapuava (PR) Categoria Iniciante 1º lugar: Mariana Y. Serpa – Guarapuava (PR) 2º lugar: Luis Henrique Vatrin – Guarapuava (PR) 3º lugar: Amanda Roesler – Guarapuava (PR)
O vencedor na prova Movimento a La Rienda, na categoria profissional, Éder de Castro Salgueiro de Guarapuava e Vinícius Krüger, do NCCCG.
O Movimento a La Rienda avalia o conjunto, criador e animal Revista do Produtor Rural do Paraná
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Sanidade animal
Doenças que afetam a produção A
empresa Biogénesis Bagó, com o apoio do Sindicato Rural de Guarapuava, promoveu no dia 13 de janeiro, a palestra “Sanidade em bovinos: Desafios para um rebanho saudável e produtivo”, no anfiteatro do Sindicato. A palestra abordou as doenças associadas a perdas produtivas, em especial a BVD (Diarreia Viral Bovina) e a IBR (Rinotraqueite Infecciosa Bovina).
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“A pecuária está demandando cada vez mais tecnologia, para que se tenha uma melhor produtividade. Ainda temos um grande desafio na pecuária, que são as doenças. Elas se disseminam facilmente entre o rebanho e existe uma alta taxa de prevalência entre o rebanho bovino, não só em Guarapuava, mas em toda a região”, afirma o coordenador técnico de venda da Biogénesis Bagó, Fabio Sampaio. Dados mostram que, na região, muitos rebanhos possuem BVD, IBR ou os dois juntos combinados. “Por isso, a importância de orientar os produtores quanto à prevenção e controle dessas doenças”. “Essas são muito mais doenças de produção do que reprodução”, afirmou o palestrante Fabrício Dias Torres, explicando que as patógenas afetam drasticamente a produção na propriedade. Torres é microbiologista e especialista em doenças reprodutivas e atualmente sócio-diretor do laboratório Axys Análises. Durante o evento, ele destacou, principalmente, que estas doenças devem receber atenção e antes de tudo serem prevenidas. “Sai muito caro e é quase inviável erradicar essas doenças quando já estão instaladas e na fase clínica. Por isso, a importância de se prevenir, principalmente com um bom protocolo vacinal”, explica. Mas quando as doenças já estão instaladas, Torres explica que há formas de controle. Quando se fala de IBR, o microbiologista compara a doença ao herpes labial nos seres humanos. Melhorar o manejo, a condição dos animais, reduzir o estresse dentro do rebanho e um bom protocolo vacinal são algumas recomendações. Ele diz que, com isso, mesmo o vírus estando presente, a doença pode não se manifestar, assim como a herpes. Já quando se trata de BVD, ele afirma que o primeiro passo é identificar os animais que são a fonte de transmissão. “Chamamos estes de animais persistentemente infectados. São poucos animais dentro do rebanho, mas que transmitem uma quantidade de vírus muito grande. Devemos retirar eles do rebanho, melhorar a ambiência e a nutrição e aplicar as vacinas para a BVD”, explica. Durante a palestra, ainda foram destacadas as formas de transmissão no rebanho, que
se dá diretamente e indiretamente. “Quando um animal infectado vai até o cocho de sal e come, temos que lembrar que os vírus ficarão ali e infectarão todos os animais que forem se alimentar. Por isso é importante estar atento”, destacou. Ainda foram repassados, na palestra, assuntos como os sinais clínicos e técnicas para diagnóstico destas doenças. “Tudo relacionado à taxa de natalidade e índice de reprodução é importante. Acredito que sempre queremos melhorar e aumentar a nossa produção. E essas doenças estão diretamente ligadas a isso”, afirma o produtor rural Jorge Tales. Já para o médico veterinário Vinícius Faria, que atua na área de reprodução, foi uma oportunidade de se atualizar. “Existem muitas coisas novas e, principalmente, nesta parte sanitária que é um grande desafio para gente. Precisamos saber contornar essas patógenas que influenciam na fecundação dos animais”, finaliza.
Principais sintomas de BVD
• Febre • Diarreia • Abortamento no primeiro trimestre de gestação • Corrimento vaginal
Principais sintomas da IBR
Fabrício Dias Torres,
• Forma respiratória: • Aumento da temperatura corporal • Diminuição do apetite • Rinite, tosse e dispneia ( dificuldade respiratória ) • Com o progresso da infecção: • Corrimento nasal se torna viscoso • Nariz vermelho e inflamado • Forma ocular(pode ocorrer junto com a forma respiratória ou sozinha): • Inflamação na conjuntiva (conjuntivite)
microbiologista e diretor-sócio do laboratório Axys Análise
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Agricultura de precisão
Agri Field dá início às atividades em 2014 com capacitação operacional
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o dia 24 de janeiro de 2014 a Agri Field Tecnologia Agrícola realizou um treinamento destinado aos colaboradores, operadores e produtores, abordando assuntos referentes à Agricultura de Precisão (Monitor CFX-750 e Controladoras Field IQ), ministrado pelo Gerente de Serviços e PósVendas Sr. Luis Fernando Camarim. Durante o treinamento realizaram atividades práticas, tendo como objetivo o aperfeiçoamento técnico.
Atividades para ver o funcionamento dos equipamentos na prática
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Orientação para tirar dúvidas de quem usa agricultura de precisão
A Agri Field traz da Coopavel para você, produtor rural, o lançamento da Trimble no Brasil.
Monitor TMX 2050 N
o meio de tantos afazeres, a última coisa que você precisa é de uma interface complicada. O display robusto TMX-2050™ acompanha uma tela de 12.1 polegadas, tela de toque de alta definição com imagens nítidas e uma imagem maior, mais clara. Construído sobre o sistema operacional Android™, a plataforma flexível integra em seu funcionamento sem problemas. Ver diferentes camadas de mapeamento, como a aplicação de taxa variável, a velocidade e a qualidade GPS sobrepostos em imagens de fundo do mapa. Gerenciar seu campo diretamente da tela com a visão de gerente de campo, mostrando campos, linhas AB e informações de limite de tudo em um fácil acesso na tela. Você nunca vai contentar-se apenas com o bom. Serviços de correção da Trimble no visor TMX-2050™ chegam mais perto da perfeição, maximizando cada passagem e aumentando sua eficiência. Também permite que os usuários RTK continuem a receber os dados de localização de
precisão em caso de interrupções de rádio ou da Internet. xFill, utiliza tecnologia via satélite RTX para “preencher”, para que você possa experimentar mais tempo de execução em campo com menos interrupções.
Oportunidade de conhecer modernas tecnologias
Equipe da Agri Field
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Floricultura
O viveiro produz atualmente, em média, 30 variedades de flores, entres espécies de verão e inverno
As flores de Gabriela Flores, uma possibilidade para pequenos produtores
C
ultivar flores é visto como um hobby para a maioria das pessoas. Elas enfeitam os canteiros das casas e das cidades, dando um clima mais alegre aos lugares. E para aqueles que gostam das plantas em casa, é como se fosse uma terapia o cultivo e cuidado que elas exigem. “Quem vê uma flor bonita e cheia de cor, não sabe todo o processo que ela passa para chegar a esse estágio” afirma Gabriela Abt Tratz, que mais do que um hobby, fez das flores um negócio. Há quase 16 anos, Gabriela é proprietária de um viveiro de flores localizado na Colônia Jordãozinho, no distrito de Entre Rios, em Guarapuava. Ela conta que depois de seu casamento, ficou algum tempo sem trabalhar. “Mas após ter minha filha, tive vontade de trabalhar novamente, de ter uma ocupação”, conta. Foi então que Gabriela e
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sua irmã, Hildegard Abt Roth, que é engenheira florestal, tiveram a ideia de cultivar mudas de árvores. Porém, o negócio não deu certo. Não houve procura e o inverno rigoroso daquele ano prejudicou as mudas. Sendo assim, as irmãs resolveram mudar de cultura e começaram o cultivo de flores. No início, o viveiro fazia parte da antiga Agraflores, que deixou de existir em 2008. Após a extinção da Agraflores, Gabriela continuou, sem a sociedade da irmã, persistindo no negócio, mesmo enfrentando dificuldades. “A flor precisa ser cuidada diariamente, não tem como fechar a estufa na sexta e só voltar na segunda de manhã”, ressalta. Ela relata que o tratamento depende da espécie escolhida, mas que em geral toda flor precisa de cuidados, sendo assim é muita demanda de mão-de-obra. “Precisamos de pessoas para semear, transplantar as mudas, ir-
lhorou. Gabriela afirma que conseguiu bastante apoio. “Desde que me associei ao Sicredi, ficou bem mais fácil e rápido conseguir os custeios. O atendimento é excelente”, diz. Quanto à especialização e atualização no ramo, Gabriela diz que ao longo dos anos ela aprendeu muito na prática. “No início do viveiro, ainda quando fazia parte da Agraflores, participamos de alguns cursos, entre eles, De Olho na Qualidade, Empreendedor Rural, Qualidade Total. Ela conta que a cada dois anos procura ir até a cidade de Holambra (São Paulo), que é polo de produção de flores do Brasil, para participar da Hortitec (Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas). “É um evento muito grande e ali eu consigo visualizar os novos modelos de estufas plásticas, insumos, sementes, vários produtos novos do Brasil e de outros países, fazer contados com novos fornecedores. O que tem de novidade no mercado, eu trago para o viveiro, para aprimorar cada vez mais”, relata. A meta da produtora é cultivar cada vez mais espécies de flores. “Quero trazer cada vez mais novidades para os meus clientes. Mesmo não podendo aumentar mais o viveiro, porque já estou no meu limite de terreno, eu tenho a possibilidade de diversificar minha produção. É o que eu estou buscando fazer”, finaliza Gabriela.
Gabriela Tratz,
proprietária do viveiro de flores, localizado no distrito de Entre Rios
“Amor-Perfeito”, segundo Gabriela, é uma das mais vendidas na região
Revista do Produtor Rural do Paraná
Fotos: Manoel Godoy / SRG
rigar, transportar, entre outras funções”. No viveiro de Gabriela são cultivadas somente as flores de jardim e segundo ela, são as espécies que mais dão trabalho. “São em média 30 variedades. As principais no inverno são o Amor-Perfeito, que é o carro-chefe, a Cravina e a Boca de Leão. Essas são as variedades que mais resistem ao inverno rigoroso daqui”, conta. Já no verão, ela diz que muitas espécies são cultivadas, sendo as com mais destaque, a Sálvia Vermelha, o Tagetão, Tagetinho, Impatiens, que há muita procura na região, e a Begônia. Uma de suas variedades, a Begônia Dragon, é a que possui maior valor em suas vendas, destaca Gabriela. Algumas delas se reproduzem por meio de estaca. Esse método consiste no plantio de um ramo ou folha da planta, desenvolvendo-se uma nova planta a partir do enraizamento das mesmas. Já nas outras variedades de flores a reprodução se dá por meio de sementes. Ela diz que seus fornecedores de sementes são de São Paulo e também do Rio Grande do Sul, mas que todas as sementes de flores são importadas, pois o Brasil não produz. Quanto ao mercado de flores, a produtora conta que 90% das suas vendas são para o atacado, incluindo prefeituras de cidades da região, como Guarapuava, Mariópolis, Pitanga, São Matheus do Sul, União da Vitória, Turvo, entre outras. Segundo a produtora , só foi possível expandir sua venda para prefeituras, além das floriculturas, após transformar seu viveiro em uma empresa. “Antes disso, eu era considerada uma produtora rural. Em 2010, fiz todo o processo para transformar o viveiro em empresa. Só assim pude começar a participar das licitações de prefeituras. Foi a melhor coisa que fiz. Depois disso, surgiram mais oportunidades”, afirma. No viveiro também é feita a venda das flores no varejo, onde as pessoas podem escolher as mudas direto da estufa. “Hoje, não me imagino fazendo outra coisa. Amo esse viveiro e o que eu faço. Valeu a pena a persistência”, diz a produtora. Apesar de todo o investimento feito no viveiro desde o início do negócio, além de continuar investindo, a produtora está atualmente com uma produção de mais de 110 mil bandejas/ano. “Quando começamos, a nossa primeira estufa era 5 x 10 metros. Atualmente, a área de estufas é de 3 mil m² e consigo empregar 12 funcionários”. Gabriela relata que todo o trabalho é manual na propriedade. Apesar de existirem máquinas no mercado para semear e para outras funções, ela prefere empregar pessoas. Apesar de possuir assistência técnica de uma profissional, o custeio agrícola era conquistado todo ano por meio de muita insistência. “Eu conseguia porque ia ao banco e insistia, porque na maioria das vezes eles preferem dar incentivo a culturas maiores”. Mas depois que se associou à cooperativa de crédito Sicredi, a situação me-
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Economia
Agronegócio salva balança comercial do Brasil com saldo recorde de US$ 82,9 bilhões De acordo com a CNA, complexo soja é o segundo item mais importante na pauta de exportações
D
epois de assegurar as condições para que o Brasil alcançasse sucessivos recordes em sua balança comercial nos últimos anos, a agropecuária confirmou sua importância para o desempenho das exportações e da economia do país em 2013, conforme dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O crescimento de 4,3% das exportações do agronegócio, que totalizaram US$ 99,97 bilhões no ano, é quase duas vezes maior que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) estimada pelo governo para 2013.
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2013, a participação do setor na balança total atingiu percentual de 41,3%, contra 39,5% em 2012. O saldo da balança do agronegócio fechou o ano em US$ 82,9 bilhões, o que representa um crescimento de 4,4% em relação ao ano anterior. Sem o bom desempenho do setor agropecuário, resultado das exportações totais do Brasil teria sido ainda pior que a redução de 1% registrada em 2013. Da lista de 10 produtos recordistas de vendas externas, divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), seis são agropecuários: soja em grão, farelo de soja, carne bovina, milho, celulose e couro. Além disso, os quatro primeiros lideram esse ranking. No ano passado, os embarques do complexo soja ultrapassaram o faturamento obtido com as vendas externas de petróleo e derivados. As vendas de soja em grão, óleo e farelo somaram US$ 30,96 bilhões em 2013, enquanto os embarques de petróleo e derivado renderam US$ 22,37 bilhões. O complexo soja quase alcançou os valores faturados pelo minério de ferro, principal item da pauta exportadora do país. Enquanto o primeiro respondeu por 12,8% das vendas externas, o outro representou 13,4% dos embarques. Para 2014, a expectativa é de manutenção de taxas expressivas de crescimento das exportações de soja, reflexo da previsão de colheita de mais uma safra recorde no Brasil. O embarque de grandes quantidades do grão vai compensar eventuais recuos dos preços internacionais da commodity. (Fonte: CNA/Assessoria de Comunicação)
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Engenheiros Agrônomos Palavra do Presidente
A
proveitamos a primeira edição do nosso boletim informativo, para destacar as ações do nosso Conselheiro junto ao CREA-Pro, colega Rodrigo Luz Martins. Uma função difícil, pois são vários deslocamentos para Curitiba e outras sedes do CREA no Paraná para participação de reuniões e eventos, como poderão perceber na leitura das suas ações. Gostaríamos que os associados e demais colegas trouxessem demandas, sugestões, críticas para que possamos contribuir de forma mais direta com as necessidades da nossa entidade de classe. Lembramos que no final de 2014 encerra-se o período da atual gestão (três anos) e ocorrerá eleição de “Renovação do Terço” para nossa entidade (AEAGRO). Convidamos os colegas a participar. Além de todas as ações já incorporadas às nossas atividades e que sempre estão sendo divulgadas nesse boletim, destacamos para 2014 a inauguração da nossa sede. Finalmente será concretizado o nosso desejo de propiciar aos agrônomos de Guarapuava e região um local de discussões técnicas e de lazer. Boa leitura!
Conselheiro do CREA. O que ele faz? O Plenário do CREA-PR é a instância máxima do Conselho. É composto por 97 conselheiros titulares e seus respectivos suplentes indicados pelas Entidades de Classe e Instituições de Ensino. Entre as inúmeras funções do Plenário estão: decidir, em grau de recurso, as questões enviadas pelas sete Câmaras Especializadas e baixar Atos Normativos para fiscalização do exercício profissional. O acompanhamento das reuniões mensais é aberto a todos os profissionais das áreas tecnológicas.
Atuação do nosso Conselheiro no CREA- PR 2012
1. Membro da Comissão de Mediação e Arbitragem (CMA) – busca traçar diretrizes para a Câmara de Mediação e Arbitragem, cujo objetivo, agindo de maneira independente do CREA-PR, é mediar e arbitrar casos entre os profissionais pertencentes ao conselho e seus contratantes, quando de algo desacordo entre as partes e assim, evitar demandas judiciais entre os mesmos. 2. Membro da Comissão de Orçamento e Compras (COC) – acompanhar, avaliar e auditar as licitações e compras do CREA-PR.
2013 1. 2. 3. 4.
Secretário da CMA Comissão de Mediação e Arbitragem. Membro da COC - Comissão de Orçamento e Compras Membro da Comissão de Ética Profissional (CEP). Membro do Grupo de Trabalho de Transporte (GT – Transportes) – que debate sobre a logística. 5. Representante do CREA-PR e daFEAP (Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná) junto ao CRMV-PR (Veterinários).
Para 2014
José Roberto Papi Presidente da AEAGRO
www.aeagroguarapuava.com.br
1. Coordenador Adjunto da Câmara de Agronomia (CEA), uma grande conquista para os agrônomos de Guarapuava e Região 2. Membro da Comissão de Ética Profissional (CEP) 3. Membro da Comissão de Acervo Técnico – avaliar e auditar as solicitações de acervo técnico de projetos e trabalhos. 4. Membro do Grupo de Trabalho de Agronomia (GT – Agronomia) – trata os assuntos da agronomia como um todo, direcionando ações, melhorias e fiscalizações no âmbito de nossas profissões. 5. Representante do CREA-PR junto ao CRMV-PR – para o desenvolvimento de ações conjuntas entre os “Conselhos das Agrárias”.
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Visita técnica internacional
Com cerca de 40 integrantes, grupo de produtores rurais alemães buscou conhecer a realidade da agropecuária tecnificada no PR
Produtores alemães em Guarapuava
U
m grupo de cerca de 40 alemães, durante escala de um giro por regiões rurais no Paraguai e no Brasil, conheceu no dia 22 de janeiro, em Guarapuava, um panorama da agropecuária paranaense. A programação dos visitantes – produtores rurais e funcionários de uma instituição ligada à Secretaria de Agricultura do estado da Baviera (região sul da Alemanha) – começou no Sindicato Rural de Guarapuava, onde o objetivo foi ter uma primeira visão sobre o campo no Brasil. No anfiteatro, os alemães fo-
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ram recepcionados pelo presidente do sindicato, Rodolpho Luiz Werneck Botelho. O vice presidente, Anton Gora, apresentou o Sistema Federação da Agricultura do Paraná (FAEP) e ressaltou o papel da instituição de representar os interesses dos produtores rurais do Estado junto ao governo e à sociedade. Em seguida, Botelho enfocou a agropecuária tecnificada na região, ressaltando o sistema produtivo de suas propriedades. Em números, o dirigente destacou adubação, controle de pragas e doenças da lavoura, rotação de culturas como
milho, soja e trigo, além da criação de bovinos. Ele abordou ainda a legislação ambiental para propriedades rurais e sublinhou que a logística, no País, ainda precisa se tornar mais eficiente e competitiva. À tarde, os visitantes foram ao campo, para conhecer como se pratica a suinocultura tecnificada no Brasil. Na Fazenda Nova Estância, o proprietário e produtor rural Manfred Majowski e a consultora da propriedade para suinocultura, a veterinária Hildegardt Stecher Teixeira, mostraram em detalhes o sistema de criação dos animais. Majowski enfatizou também o manejo de dejetos realizado de acordo com as normas ambientais e os desafios técnicos da produção do biogás. Em seguida, o grupo percorreu a propriedade, para ver o maquinário utilizado na agricultura e as lavouras de milho e soja. Entre os visitantes alemães, o agrônomo Ludwig Sagmeister, diretor do Bureau para Alimentação, Agricultura e Florestas (Amt für Ernährung, Landwirtschaft und Forsten Landau a.d. Isar), de Dingolfing-Landau, na Baviera, conversou com a REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ. Ele explicou que o objetivo da viagem ao Brasil foi o de realizar visitas técnicas. “Os participantes são em sua maior parte produtores rurais. Alguns vêm do setor do agronegócio, como um empresário que comercializa e dá assistência técnica a instalações para produção de biogás”, exemplificou. “Tudo nos interessa, porque os participantes têm atividades rurais muito diferentes entre si: agricultura, suinocultura, produção de leite, outros têm produção de biogás, ou são prestadores de serviço em colheita”, completou. Também da Baviera, Rupert Lindelmeier, produtor de milho grão e flores de corte, disse que considerou a visita interessante, por encontrar um panorama agrícola bem diverso de seu país: “É um outro mundo, totalmente diferente, outra dimensão das áreas agrícolas, outras condições climáticas, uma nova visão das coisas”. Lindelmeier, acrescentou que seu interesse foi ampliar os horizontes e conhecer também outras pessoas, no grupo. Para o produtor rural Manfred Majowski, que já recebeu visita técnica de outros agricultores e tem viajado ao exterior para conhecer novas tecnologias, o grupo de alemães da Baviera surpreendeu pelo número de integrantes e pelo desejo de conhecer os números da realidade agropecuária brasileira. “Fiquei surpreso, porque eles demonstraram um interesse muito grande. Foram muitas perguntas. Creio que entenderam o sistema, tanto da produção agrícola quanto da suinocultura e dos biodigestores”. Ainda conforme destacou Majowski, receber visitas é, para os anfitriões, também uma forma de trocar ideias e expandir conhecimentos sobre a situação de outros locais do Brasil e do mundo, abrindo espaço para intercâmbio e amizade.
No Sindicato Rural: pres. Rodolpho Botelho e vice, Anton Gora, deram aos visitantes uma primeira visão sobre a Faep e a agropecuária local
Anfitrião, o produtor Manfred Majowski apresentou com a veterinária Hildegardt Stecher Teixeira a suinocultura na fazenda
Ludwig Sagmeister: “Eles têm interesse em conhecer tudo”
O agricultor Rupert Lindelmeier:
“É uma outra realidade”
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Alemães nas lavouras da região
Fazenda Estância Nova: Visão sobre plantio direto
O Heinrich Schreyer, produtor rural da Baviera
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utro grupo de produtores rurais da Alemanha estiveram no dia 12 de fevereiro, em Guarapuava, para conhecer de perto um pouco da agricultura que se pratica no Paraná. Do estado da Baviera, atuando em vários setores da agropecuária, os alemães iniciaram o giro na região, à tarde, conhecendo a Fazenda Capão Redondo, focada em bovinos Angus, cavalo crioulo, ovinos e grãos. Proprietário e presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Luiz Werneck Botelho apresentou aos visitantes números da agricultura brasileira e paranaense, destacando também as especificidades locais, como altitude e clima, e sua influência sobre agricultura e pecuária. O grupo se surpreendeu ao ver fotos da neve que atingiu Guarapuava no inverno passado. Temas como agricultura de precisão e logística também foram enfocados, ao lado de armazenagem na propriedade e integração lavoura-pecuária-floresta. Heinrich Schreyer contou que em seu caso o principal interesse era conhecer a agricultura. Produtor de batata, beterraba e grãos (trigo, cevada e milho), ele disse que chamou sua atenção o tamanho das propriedades: “São áreas imensas. É para nós
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algo inimaginável”, comentou. Em seguida, os visitantes foram à propriedade Estância Nova, onde o foco é a suinocultura e a produção de grãos. Antes de apresentar detalhes técnicos da criação de suínos, o proprietário Manfred Majowski aproveitou o momento para demonstrar aos alemães como se realiza o plantio direto, num dos campos coberto pela palhada de milho. Assim como o outro grupo, este também foi coordenado pelo agrônomo Ludwig Sagmeister, diretor do Bureau para Alimentação, Agricultura e Florestas da Baviera. A viagem foi organizada pela agência Terra Nova Turismo.
Fazenda Capão Redondo: panorama da agricultura no Paraná
Dimensões das propriedades chama a atenção M
ais alemães, do distrito de Euskirchen, da região da Colônia, no estado da Renânia, do Norte- Vestfália, estiveram em Guarapuava, no dia 14 de fevereiro, para conhecer, principalmente, a agricultura da região. O grupo, formado por 37 pessoas, faz parte da Associação de Formados em Ensino Técnico Agrícola (Verband Landwirtschftl. Fachschulabsolventen). Todos já são aposentados, mas possuem formação em algum curso das ciências agrárias e 90% deles trabalharam no meio e possuíam propriedades rurais. Todos os anos os integrantes da associação fazem uma viagem para algum país. No ano passado, eles foram para a região da Sicília. “Neste ano optamos pelo Brasil, não só por sua questão produtiva, mas porque será sede da Copa do Mundo. Assim, analisamos se é interessante voltar ou não para a copa”, afirma o coordenador do grupo, Armin Portz. Em Guarapuava, os alemães visitaram a Cooperativa Agrária pela manhã e no período da tarde seguiram para a Fazenda Capão Bonito, do produtor rural José Ernani Lustosa. Na propriedade, quem recebeu o grupo foi o engenheiro agrônomo e assistente técnico Luiz Maurício Mattozo. Mattozo apresentou a fazenda aos alemães e discursou sobre a produtividade e as culturas cultivadas na propriedade (soja e milho). Além disso, por meio de uma intérprete, os alemães tiraram suas dúvidas sobre várias questões do agronegócio na região e também apresentaram um pouco dos seus costumes agrícolas em seu país. “A vinda de pessoas de fora é sempre importante, porque acaba trazendo outros costumes,
conhecimentos e experiências. Acaba havendo então um intercâmbio de informações, porque é outro clima, outra forma de plantar, é uma exploração agrícola diferente. E é importante nós sabermos o que está sendo feito fora do Brasil”, afirma Mattozo. No Paraná, os alemães vieram de Curitiba e depois de Guarapuava seguiram para Céu Azul. Quando questionado sobre o que mais chamou atenção em nosso país, Portz disse que com certeza foram as dimensões que as propriedades possuem aqui. Em seu país, as fazendas geralmente possuem um tamanho bem menor. Além disso, ele observou o destaque que as culturas de soja e milho têm aqui e também a nossa grande quantidade de chuva. Mas em meio as diferenças, Portz afirma que a rentabilidade por hectare do Brasil é muito parecida com a da Alemanha. “Aqui em Guarapuava, em especial, o cooperativismo e a união dos produtores rurais se destacaram para o grupo”. Quanto ao porquê da associação realizar visitas em vários países, Portz resumiu em expressão alemã. “São três letras l, que em português significa a produtividade, a terra e as pessoas. Conhecer a cultura das pessoas, o meio agrário e turístico do país são as grandes intenções do grupo”, resumiu o coordenador.
Visitantes analisando diferença e semelhanças de campo, na Alemanha e no Brasil
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Forrageira
Forrageiras de clima temperado: caracterização, implantação e manejo Ulisses de Arruda Córdova Pesquisador, Eng.-agr. M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Lages, Rua João José Godinho s/nº, C. P. 181, CEP 88502-970, Lages, SC, fone/fax: (49) 3224-4400, e-mail: ulisses@epagri.sc.gov.br.
Introdução
O
s três estados do Sul do Brasil possuem extensas áreas que podem ser utilizadas com forrageiras de clima temperado sem restrições importantes. Essas áreas são aquelas que possuem clima Cfb (verão ameno sem estiagem) (Figura 1). Boa parte das mesmas já são utilizadas com essas forrageiras, principalmente com espécies anuais (azevém e aveias) ou mesmo algumas perenes. No entanto, normalmente apresentam baixa produtividade, o que faz com que os produtores estejam em permanente busca da “forrageira ideal” ou milagrosa. Porém dentro de pouco tempo ocorre a desolação e a busca contínua com outras espécies ou cultivares, pois essa forrageira ideal para todas as condições não existe. No entanto, é possível implantar pastagens de alta qualidade e produtividade com as espécies e cultivares existentes hoje no mercado. Nos últimos anos dezenas de espécies e/ou cultivares foram registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e disponibilizadas no mercado, e no entanto, a grande maioria permanece desconhecida dos produtores. A Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) avaliou dezenas de forrageiras, incluindo espécies anuais, perenes ou bienais. Concluiu-se nesses ensaios que tais genótipos necessitam de tecnologia para expressarem o potencial genético, em outras palavras, devem receber o mesmo tratamento que as culturas que usam alta tecnologia, como grãos, por exemplo. Pastagem de qualidade e rentável somente é possível de se obter, caso as práticas de manejo e implantação recomendadas sejam efetivamente aplicadas.
Figura 1. Mapa demonstrando a região de clima Cfb (azul escuro) no Sul do Brasil.
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Tabela 1. Principais características de gramíneas e leguminosas CARACTERÍSTICAS GERAIS GRAMÍNEAS
Caracterização das forrageiras de clima temperado As principais características de forrageiras de clima temperado são as seguintes: a) adaptadas a climas mais frios: inverno, geadas, neves e ventos de altitude; b) variável em sua resistência a calor e seca conforme espécies ou cultivares; c) alta qualidade de forragem, de estágio vegetativo a reprodutivo sincrônico (mesmo tempo), talos finos, folhas estreitas ; d) demanda fertilidade em geral; e) grande progresso genético e desenvolvimento de sementes ; f) uso de tecnologias estabelecidas; g) menos exigentes em horas luz e h) plantio no outono/inverno. As forrageiras de clima temperado podem ser divididas em dois grupos bem distintos, gramíneas e leguminosas, mas que em sistemas de produção, devem ser consorciados ou mesclados, tornando-se complementares (Tabela 1), com as seguintes vantagens adicionais: a) melhor aproveitamento dos nutrientes do solo; b) intensificação da captação da energia solar; c) melhor distribuição da produção ao longo do ano; d) dieta mais completa e equilibrada; e) dispensa ou reduz a necessidade de aplicação de nitrogênio; f) diminui o risco de timpanismo e g) utilização de espécies de diferentes grupos funcionais na mesma pastagem. Essas forrageiras, tanto leguminosas como gramíneas, apresentam comportamento quanto ao ciclo em anuais, bianuais e perenes. Todas são importantes dependendo do objetivo da área de pastagem a ser implantada. O cuidado que se deve ter é não consorciar espécies anuais com perenes na formação de pastagens cultivadas. Quando se trata de melhoramento de campo nativo ou naturalizado é possível e mesmo recomendável a consorciação. As principais características quanto ao ciclo estão expressas na Tabela 2.
Condições ambientais Um dos fatores mais importantes no momento de implantar uma pastagem é observar as condições ambientais da propriedade ou da região. Entre os fatores a serem considerados estão: a) temperatura (ocorrência de geadas, neves, ventos de altitude, etc.); regime hídrico (estiagens, excesso de chuvas em alguns períodos); solo (fertilidade, declividade, afloramento de rochas, etc). Todos esses fatores têm influência na época de implantação, bem como no método de plantio. Na Tabela 3 são apresentadas as temperaturas favoráveis e desfavoráveis para crescimento de forrageiras tropicais e de clima temperado. Registra-se que algumas espécies como azevéns
LEGUMINOSAS
Alto potencial de produção
Fixadoras de nitrogênio do ar, enriquecedoras de solos
Maior estabilidade em diferentes ambientes
Aporte de proteína na dieta animal, alta seleção em pastoreio
Elevado requerimento de nitrogênio
Aumentam a sustentabilidade do sistema reduzindo custos
Alta qualidade, mas forte queda na fase reprodutiva
Em geral usadas em mistura com gramíneas
Maior desenvolvimento de genética
Demandantes de fósforo, sensíveis a baixo pH e alumínio
Alta variação na qualidade de sementes
Respondem a adaptação local
Valor nutritivo dependente da espécie ou grupo de forrageiras
Valor nutritivo mais estável, normalmente elevado
Fungos endófitos em algumas espécies
Necessidade de inoculação/peletização
Maior concentração de matéria seca
Menor concentração de matéria seca, concentração de proteína
Tabela 2. Principais características de forrageiras anuais e perenes ANUAIS
PERENES
Multiplicam-se por sementes, muitas por ressemeadura natural
Rebrotam rapidamente em cada começo de estação de crescimento
Reestabelecimento ou implantação anual gera vazios forrageiros
Menor custo por kg de pasto produzido
Alto potencial de produção em pouco tempo (40 a 60 dias)
Produção de forragem a “médio e longo prazo” (90 a 120 dias), maior produção no segundo ano
Grande variação de ciclo e produção entre e interespécies
Picos de baixa produção e excessos de forragens
Uso de “sementes” comuns nas principais gramíneas
Uso de cultivares definidas em gramíneas e leguminosas
Fonte: Adaptado de PGW Sementes por Córdova (2010)
Tabela 3. Temperatura mínima, ótima e máxima para forrageiras tropicais e temperadas Grupo de Forrageiras Gramíneas e leguminosas tropicais Gramíneas e leguminosas temperadas
Temperatura ºC Mínima
Ótima
Máxima
15
30-35
50
5-10
20-25
35
Fonte: Rodrigues et al. (1993) adaptado por Córdova (2010)
em geral, capim-lanudo e festucas suportam temperaturas muito baixas (Figura 2). Quanto as forrageiras de clima temperado as estações do ano tem uma grande influência na produção, digestibilidade e teor de proteína bruta. Segundo Carvalho (2010), “a qualidade nutritiva das forrageiras temperadas é incomparável com as tropicais. É possível tê-las no Sudeste ou no Centro-Oeste em regiões de altitude e/ou com pouco déficit hídrico”. A Tabela 4 apresenta as estações do ano mais propícias as características citadas acima. Quanto às forrageiras de clima temperado, as estações do ano têm uma grande influência na produção, digestibilidade e teor de proteína bruta. Segundo Carvalho (2010), “a qualidade nutritiva das forrageiras temperadas é incomparável com as tropicais. É possível tê-las no Sudeste ou no Centro-Oeste em regiões de altitude e/ou com pouco déficit hídrico”. A Tabela 4 apresenta as estações do ano mais propícias as características citadas acima.
Figura 2. Festuca suportam temperaturas muito baixas (neve em São Joaquim, SC, agosto de 2011).
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Tabela 4. Caracterização geral de gramíneas perenes de clima temperado quanto à produção, digestibilidade e proteína bruta de acordo com as estações do ano. Descrição
Inverno
Outono
Primavera
Verão
Produção
Média
Baixa
Máxima
Baixa
Digestibilidade
Muito alta
Muito alta
Média
Média/baixa
Proteína
Máxima
Muito alta
Alta
Média
Tabela 5. Comparação entre cultivares e semente comum DESCRIÇÃO
CULTIVAR
SEMENTE COMUM
Características agronômicas
Conhecidas
Desconhecidas
Germinação, pureza, VC1
Normalmente maior
Normalmente menor
Risco de doenças e pragas
Menor
Maior
Planejamento forrageiro
Previsível
Imprevisível
Aptidão (aveias e centeio)
Forrageira
Grãos ou forragem (?)
Densidade de semeadura (kg/ha)
Menor
Maior
Exigência em fertilidade
Conhecida
Desconhecida
Tolerância a frio
Conhecida
Desconhecida
Custo da semente
Maior
Menor
Custo/benefício
Maior
Menor
Procedência/origem
Identificada
Geralmente sem identificação
Produção de MS2
Maior
Menor
Observações: 1 – Valor cultural (germinação x pureza/100) ; 2 – Matéria seca.
mento das características agronômicas (tolerância a baixas temperaturas ou estiagens, doenças, pragas), ciclo de produção, valor nutritivo, etc.); c) densidade de semeadura abaixo ou acima da recomendação; d) fertilização e correção do solo insuficientes; e) manejo inadequado; f) utilização antes do estabelecimento completo das pastagens; g) plantio fora da época recomendada (Figura 3) e h) ausência de inoculação/peletização ou essa prática realizada de forma ineficiente nas leguminosas; i) desconhecimento da área a ser plantada. Todos os fatores citados no parágrafo anterior têm forte influência na produtividade da lavoura de pasto, no entanto, um dos mais importantes é a qualidade da semente que se usa. Se esta não for de qualidade, apresentar alto valor cultural ou não estar adaptada às condições locais, certamente a produtividade estará comprometida. E dentro desse princípio um dos aspectos que o produtor mais erra, é quando utiliza semente comum ou mesmo grãos para estabelecer suas lavouras. O grande problema é que semente comum não tem suas características agronômicas conhecidas, pois não passaram por processo de avaliação. Assim o produtor não sabe que material está plantando. A Tabela 5 apresenta outras diferenças entre cultivares e “semente” comum.
Aveias e centeio
Figura 3. Comportamento produtivo do azevém-anual em função da época de plantio Fonte: Faculdade de Agronomia, eng-agr. R. Zanoniani, Uruguai (Adaptado)
Razões de insucessos na implantação de pastagens É bem provável que os casos de insucesso na implantação de pastagens perenes (principalmente) de clima temperado, sejam mais frequentes que aqueles bem sucedidos. Os principais motivos pelos quais ocorrem esses resultados negativos são diversos, entre os quais se pode citar: a) uso de cultivares sem critérios ou não adaptadas ao ambiente; b) uso de material genético comum como semente, sem o conheci-
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No grupo das aveias algumas cultivares têm apresentado elevada resistência a geadas, como aquelas pertencentes ao grupo das brancas (Avena sativa). Entre essas estão as cultivares Fapa 2 ou Fundacep Fapa 43 e IPR 126, para citar aquelas com sementes disponíveis no mercado. Nas condições da Serra Catarinense, mesmo geadas com temperaturas atingindo na faixa de -7°C no ambiente não provocaram danos às mesmas. Essas forrageiras produzem mesmo nos meses mais frios do ano na região citada, embora concentrem a produção no final do inverno e início de primavera. Entre as aveias-pretas (Avena strigosa) a cultivar Iapar 61 apresentada média tolerância a geadas. Porém é de produção tardia, concentrando a produção na primavera e estendendo o ciclo até dezembro, dependendo do manejo e das condições ambientais. Outras cultivares de aveia-preta disponíveis no mercado que estão sendo utilizadas por produtores na Serra Catarinense são a Embrapa 139 (Neblina) e a Embrapa 29 (Garoa). A primeira além de produção elevada tem demonstrando boa tolerância a geadas, sendo que em 2012 foi bastante utilizada e não foi registrado crestamento de plantas. Embora essa estação do ano foi atípica com temperaturas bem acima da série histórica. Já a Embrapa 29 tem sido menos utilizada, porém
Tabela 6. Principais diferenças entre azevéns tetraploides e diploides Descrição
é indicada para pastejo e forragem, apresenta boa produtividade e é moderadamente resistente a ocorrência de geadas, sendo mais indicada para altitudes medianas, devendo-se evitar regiões de ocorrência de geadas muito fortes. Outra espécie e cultivar que pode ser utilizada para pastejo é o centeio BRS Serrano. Tem como vantagem a rusticidade, precocidade, pois permite pastejo entre 40 a 50 dias após o plantio, e produz pasto mesmo sob baixas temperaturas. Porém a persistência das aveias, bem como do centeio em pastagens vai depender muito do manejo. O grande erro cometido pelos produtores é o pastejo muito baixo, que compromete o ponto de crescimento e consequentemente a persistência desses materiais na pastagem. Nunca devem cortados pelos dentes dos animais a menos de 10 cm de altura. Outra questão que o produtor deve estar atento é que a grande maioria das cultivares de aveia-branca e centeio são para produção de grãos para alimentação humana ou animal e, poucas tem aptidão à produção de forragem, portanto, no momento de adquirir semente deve ser de materiais forrageiros.
Azevéns-anuais e capim-lanudo O azevém-anual é uma forrageira utilizada amplamente em todo o mundo, reconhecido pela excelente palatabilidade por todas as categorias animais, elevados teores de proteína e digestibilidade. Uma das suas principais características é a capacidade de competir com outras plantas, além de bom perfilhamento. Suporta bem o pastoreio e o pisoteio. Existe uma grande diferença agronômica entre as cultivares, ou seja, dentro da própria espécie. Produz em diversos tipos de solo, no entanto, para se alcançar alta produtividade de forragem exige solos férteis e com bom teor de umidade, porém, bem drenados. Atualmente os azevéns podem ser divididos em dois grupos: anuais e italianos . O primeiro não possui exigência em frio, floresce e encerra o ciclo na primavera ou início de verão. São anuais por excelência. Enquanto os azevéns italianos necessitam de passar por uma estação fria, sendo que os perfilhos formados no final do inverno e primavera raramente florescem e têm condições de permanecer em estado vegetativo mesmo no verão, podendo tornar-se bianual ou mesmo perenizar em regiões muito frias. Esse alongamento do ciclo sempre vai depender de fertilidade, condições ambientais favoráveis (chuva regular e temperaturas mais amenas), além da cultivar. Todos os azevéns, incluindo perenes e híbridos, ainda podem ser classificados em diploides e tetraploides (Tabela 6). Portanto, o nível de ploi-
Tetraploide
Diploide
Células
Maiores
Menores
Folhas
Maiores
Menores
Número de perfilhos
Mais
Menos
Tamanho dos perfilhos
Maior
Menor
Inflorescência e sementes
Maiores
Menores
Palatabilidade
Maior
Menor
Potencial de produção matéria seca
Menor
Maior
Hábito de crescimento
Menos denso
Mais denso
Cobertura do solo
Menor
Maior
Teores de carboidrato e açúcar
Maior
Menor
Teores de fibra e energia
Menor
Maior
Crescimento inicial
Maior
Menor
Fonte: PGW Sementes, 2013 (Adaptado).
dia não tem relação com o ciclo. É errônea a ideia de que todo azevém tetraploide é de ciclo longo ou mesmo perene. De maneira geral os azevéns-anuais são mais indicados para cultivos nos quais não há exigência de alongamento de ciclo, como melhoramento de pastagens naturais, integração lavoura-pecuária ou mesmo rotação com forrageiras tropicais ou subtropicais. Já os azevéns italianos são mais indicados quando o produtor tem interesse em produzir forragem por um período bem mais longo. As principais cultivares avaliadas pela Epagri nos últimos anos de azevém-anual foram: LE 284, INIA Camaro, INIA Bakarat, Winter Star e Empasc 304 Serrana. Dessas a que possui o ciclo mais curto são a LE 284 e Empasc 304, embora essa última cultivar é mais produtiva e produz por mais algumas semanas. As demais praticamente se equivalem, tanto quanto ao ciclo e produção de matéria seca. As principais cultivares de azevém italiano avaliada foram KLm 138, INIA Escórpio e INIA Titan. A ordem de produção de matéria seca e persistência é a mesma citada acima, com destaque para a primeira que é a cultivar de azevém de ciclo mais longo avaliada pela Epagri (Figura 4). Porém, qualquer uma dessas três cultivares pode se tornar bianual em regiões acima de 1000 metros de altitude, desde que recebam fertilização adequada e não passem por déficit hídrico. Quanto ao capim-lanudo (Holcus lanatus) a única cultivar encontrada no mercado é a La Magnólia. Porém ensaios conduzidos pela Epagri comprovaram que existem genótipos naturalizados que produzem igual ou mais que essa cultivar. A Epagri tem recomendado capim-lanudo principalmente para melhoramento de campo nativo, condição na qual se constitui na principal gramínea.
Azevéns-híbridos e perenes Os azevéns-híbridos e perenes apresentam as mesmas exigência em fertilidade e disponibilidade de água que os anuais. São recomendados Revista do Produtor Rural do Paraná
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Figura 4. Azevém tipo italiano cultivar KLm 138 no segundo ciclo de produção (Tijucas do Sul, 18/01/2012).
para altitudes superiores a 1.000 metros e que possuem bom regime hídrico. Podem ser utilizados para regiões com altitudes menores desde que a pastagem receba irrigação. Dentre as cultivares testadas pela Epagri a única com semente disponível no mercado é a Banquet II, que tem persistido dois anos em condições de pastejo. No entanto as cultivares Horizon e PG 150 avaliadas na Estação Experimental de Canoinhas apresentam potencial mais elevado.
Festucas
Figura 5. Festuca cultivar Quantum II em uso por vacas de cria e novilhas (Bom Retiro, SC)
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Festuca é uma forrageira altamente promissora para as regiões de clima Cfb do Sul do Brasil. Apresenta como características: tolerância a geadas, estiagens, solos compactados e úmidos, sombreamento, ataque de insetos e doenças. Adapta-se bem ao consórcio com trevo-branco e cornichão. Produz bem no outono, quando ocorrem os maiores vazios forrageiros. Dentre as cultivares avaliadas pela EEL as mais produtivas em todos os locais foram as cultivares Aurora e Epagri 312 Lages. A cultivar Quantum II também apresentou boa produtividade. Rizomat apresentou produção intermediária, mas sem deixar de ser um material promissor pela sua rusticidade e capacidade de competição devido ao forte sistema radicular. Nos ensaios experimentais todas as cultivares persistiram durante os quatro anos. No entanto, em acompanhamento de lavouras sob pastejo se percebe algumas diferenças importantes. Por exemplo, Rizomat e Epagri 312 Lages competem melhor com outras plantas, até mesmo com determinado nível de infestação por azevém-co-
Revista do Produtor Rural do Paraná
mum. Essas cultivares também não exigem muita fertilidade e suportam pastejos intensos. São de rápida e mais fácil implantação, quando comparadas com as demais cultivares de festuca. A cultivar Aurora, apesar de ser mais palatável, tem maior exigência em fertilidade e parece não competir tão bem quanto as demais. Mesmo em consórcio com trevo-branco em solos com altos teores de fósforo e a densidade de plantio dessa leguminosa for um pouco maior (3 kg/ ha), perde espaço na composição da pastagem. A cultivar Quantum II apresenta como vantagem o rápido estabelecimento, não ser tão exigente em solos, bom poder de competição e boa palatabilidade (Figura 5). Algumas recomendações fundamentais na implantação de festucas: a) Não consorciar com trevo-vermelho e gramíneas anuais: b) não implantar em áreas que tenham ressemeadura de azevém-anual; c) implantar em março-abril, evitar plantios tardios, pois com temperatura muito baixa de solo demora muito a germinar; d) evitar plantio profundo, recomendado em torno de 0,5 a 1 cm.
Leguminosas As leguminosas sempre são utilizadas em consórcio com gramíneas, e necessitam ser inoculadas e peletizadas com inoculante específico. Trabalhos recentes demonstram que as mesmas fixam para o sistema pastagem em torno de 26 a 34 kg de nitrogênio por tonelada de matéria seca de leguminosa produzida (Goh & Bruce, 2005). As espécies e cultivares mais utilizadas são as seguintes: trevo-branco cultivar Zapican; trevovermelho cultivares Quiniquelli e EL 116 e cornichão cultivar São Gabriel. Geadas muitos fortes ou ventos de altitude gelados podem crestar a parte aérea de trevo-branco e vermelho, embora ocorra, após a passagem da frente fria, recuperação rápida. Por essa razão, essas leguminosas produzem pouco no inverno em regiões acima de 1.000m no fim do outono e inverno. Algumas recomendações para utilização dessas leguminosas: a) trevo-vermelho é mais indicado para melhoramento de pastagem natural ou naturalizada ou em consórcio com gramíneas subtropicais e tropicais, não utilizar na formação de pastagem perenes de clima temperado, principalmente quando o teor de fósforo no solo for elevado (Figura 6); b) o cornichão é mais indicado para solos leves e bem drenados, pois tem alta tolerância a estiagens; c) quando os trevos participam com mais de 50% na composição da pastagem apresenta risco de ocorrência de timpanismo. Cornichão não provoca timpanismo devido ao tanino condensado em sua composição, ao contrário, contribui para não ocorrência desse distúrbio (Figura 7).
Tabela 7. Densidade de plantio das principais espécies e cultivares de forrageiras de clima temperado Espécie e cultivares
Densidade de plantio A densidade de plantio para 100% de valor cultural para as espécies citadas estão expressas na Tabela 7. Normalmente há necessidade de ajustar o valor cultural, que é resultado do poder de germinação e da pureza, pois dificilmente esses dois parâmetros são máximos ou próximo a esse patamar.
Implantação e manejo de pastagens A implantação de pastagens dispensa preparo completo de solo. É possível executar essa prática dos seguintes métodos de cultivo reduzido: máquina de plantio direto (renovadora de pastagens), uso de grade superficial e sobressemeadura. No caso de renovadoras há duas condições básicas: que a máquina tenha sulcadores para eliminar a concorrência próximo a linha de plantio e um compartimento para sementes miúdas (trevos) que devem cair num sulco aberto e não ser incorporado no solo. Nesse caso não se deve roçar a área próximo do plantio. Essa prática pode ser realizada depois, caso contrário os sulcadores irão acumular palhada no momento do plantio, o que dificulta a operação. A correção do solo e a fertilização deve ser sempre conforme o laudo de análise de solo. A quantidade máxima de calcário a ser aplicada em superfície é de 5 toneladas. É bastante comum casos em que o produtor obtém sucesso na implantação da pastagem, mas a mesma apresenta posteriormente baixa persistência. Esse fator é decisivo para se avaliar o custo/benefício principalmente das pastagens perenes. Os princípios fundamentais de manejo são os seguintes: a) pastoreio rotativo; b) altura de entrada e saída dos piquetes, recomendado que o resíduo seja de 7 a 10cm; c) subdivisão, preferência para cercas eletrificadas; d) ajuste de lotação, a produção é diferente nas estações do ano; e) controle de plantas indicadoras/invasoras; f) adubação de manutenção anual e g) diferimento que é o descanso estratégico das pastagens, principalmente no primeiro ano para permitir ressemeadura natural ou em casos de ocorrência de estresse na pastagem, por fatores climáticos ou mesmo de manejo. As pastagens perenes não devem ser utilizadas até o completo estabelecimento, o que demora em torno de 90 a 120 dias. Quando o produtor necessita de forragem antes desse tempo se recomenda que no primeiro ano implante uma parte de pastagem anual e com o tempo vá perenizando as demais áreas.
Densidade de plantio – kg/ha Consórcio
Extreme
Azevém-anual (LE 284, Bakarat, Camaro)
18
20
Azevém-anual (Winter Star, Empasc 304)
20
25
Azevém tipo italiano (INIA Titan, INIA Escórpio, KLm 138)
20
25
Azevém-perene (Banquet II)
22
25
Festucas (Rizomat, Empasc 312, Quantum II, Aurora)
15
20
Capim-lanudo (La Magnolia)
6
8
Trevo-branco (Zapican)
2a3
-
Trevo-vermelho (Quinequelli, LE 116)
6
-
Cornichão (São Gabriel)
6
-
Considerações Finais a) As forrageiras de clima temperado possuem um potencial de uso bem maior que o atual estágio de utilização no Sul do Brasil; b) a insuficiência da utilização de tecnologias recomendadas compromete o desempenho desse grupo de espécies, que não recebe o tratamento de “cultura agronômica”; c) o uso de grãos como semente, com potencial genético e características desconhecidos, é um dos motivos de resultados inesperados, normalmente com baixa produtividade, principalmente em gramíneas anuais; d) as tecnologias chegam lentamente aos beneficiários, que não consideram práticas fundamentais, como o uso de cultivares recomendadas, fertilização e manejo adequado, entre outras; d) apesar da evolução dos últimos anos, a forragicultura é uma das áreas que mais tem tecnologias geradas para difusão a técnicos e produtores; e) deve-se selecionar forrageiras pertencentes a diferentes grupos funcionais e de acordo com a possibilidade de satisfazer as restrições ambientais e os objetivos de produção; f) o uso de cultivares mais modernas, acompanhadas de práticas tecnológicas pode elevar a produção pecuária do Sul do Brasil semelhante a de países mais competitivos.
Literatura citada 1. CARVALHO, P. C. F. Planejamento garante a oferta de alimentos. Revista Leite DPA, Goiânia, v. 10, n.111, p.13-16, set/2010. 2. CÓRDOVA, U. A. forrageiras de clima temperado e suas formas de utilização para produção de leite a pasto no Sul do Brasil. In: SIMPÓSIO SOBRE PRODUÇÃO COMPETITIVA DE LEITE - REGIÃO SUL, 2, 2010, Chapecó, SC. [Anais...]. São Paulo: MilkPoint, 2010.
Figura 6. Em solos com altos teores de fósforo o trevovermelho se torna altamente dominante (Lapa, PR).
Figura 7. Cornichão consorciado com festuca e trevo-branco. (Tijucas do Sul, PR).
3. Embrapa. Atlas climático da Região Sul do Brasil. Embrapa. Brasília. 2011. 336p. 4. GOH, K. M. & BRUCE, C. E. Comparion of biomass production fixation of multi-especies pastures (mixed herb leys) with perennial ryegrass-white clover pasture with and irrigation in Canterburry, New Zeland. Agriculture Ecosystemas & Environment, Canterburry, New Zeland, v. 110. P. 230-240. 5. PGW Sementes. Opções forrageiras 2013. Disponível em: http://www.pgwsementes.com.br/vb1/index.php?option=com_content&view=article&id=135:catalogo-2013&catid=1:ultimas-noticias. Acesso em 31/01/2013.
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Suinocultura
Análise conjuntural do mercado do suíno no Estado do Paraná Gustavo Schnekenberg Raphael Camboim Paulo Rossi Junior Centro de Informação do Agronegócio da UFPR www.ciaufpr.com.br
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D
epois de um ano de 2012 com problemas, 2013 foi um ano em que os suinocultores brasileiros começaram a ter uma perspectiva de melhora para a atividade. E ao que tudo indica até o momento, 2014 pode ser ainda mais positivo. O aumento do consumo nos últimos tempos tem se sustentado, e de acordo com o indicador LAPESUI/UFPR de janeiro, o preço pago pelo quilo vivo ao produtor é superior àquele praticado em dezembro. Junto ao aumento do preço, existe a expectativa de uma safra recorde de soja e milho para ser colhida no Brasil e Argentina nos próximos meses, o que vai gerar uma pressão de baixa nos preços destes importantes insumos utilizados na suinocultura. No estado do Paraná, a situação parece ainda mais promissora. De acordo com números do Departamento de Economia Rural (DERAL/SEAB), a produção deve crescer de 5% a 7%, ultrapassando a marca de 686,7 mil toneladas do ano passado (número ainda não oficial). Falando em números positivos, o preço do quilo vivo pago ao produtor em dezembro variou 1,49%, chegando a R$3,71 na última semana do ano, de acordo com o indicador LAPESUI/UFPR. A máxima para o mês de dezembro foi de R$3,76. Em janeiro, houve uma variação ainda maior do indicador, de 2,54%, atingindo R$3,78 na última semana. O valor máximo observado no período foi de R$3,88. Se comparada a média do mês de janeiro de 2014, que ficou em R$3,79, com a média do preço pago no mesmo período em 2013, que era de R$3,59 (valor deflacionado pelo IGP-DI), observamos uma alta de 5,47% de lá pra cá. Em relação ao preço da carcaça, também divulgado pelo LAPESUI/UFPR, houve uma variação de 5,81%, chegando ao final do mês a R$6,04, valor que também foi o máximo no período. Já janeiro fechou em leve queda, desvalorizando 2,51% em relação ao começo do mês, a R$6,02, de acordo com o mesmo indicador. O valor máximo foi de R$6,18, na primeira e terceira semanas do mês. Quando comparada a média de janeiro de 2014 (R$6,11) com a média do mesmo período em 2013
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Gráfico 1. Comportamento dos preços reais do preço do quilograma
vivo suíno no Estado do Paraná, para os meses de dezembro de 2013 e janeiro de 2014. Fonte: CIA/UFPR
Gráfico 2. Comportamento dos preços reais do quilograma da carcaça suína no Estado do Paraná, para os meses de dezembro de 2013 e janeiro de 2014. Fonte: CIA/UFPR
(R$5,95), pode-se observar uma alta de 2,72%. Levando em consideração os dados acima expostos, e se tivermos a confirmação das tendências atuais, tanto para o preço pago ao produtor, quanto para o preço dos insumos, cria-se uma expectativa de um ano muito bom para a suinocultura paranaense.
Noz pecã
Momento de planejar o pomar ferenças técnicas, na implantação e no manejo. O espaçamento, por exemplo, normalmente de 10 m X 10 m, deve ser ampliado para 10 m X 20m. Isso torna possível entrar na área com pulverizadores que tenham barras de 18m, ou com colhedeiras. Outra ideia, completou ele, poderia ser consórcio com soja nos dois primeiros anos e depois com ovinocultura. No manejo da associação pecã-soja, ele apontou que é preciso atenção na aplicação de herbicidas: “Tem de ser com gota maior, bico de qualidade, a baixa altura, bem direcionado e nos dias em que não tem vento”. Rickli avaliou que, por enquanto, vários são os produtores rurais da região que estão na expectativa para ver o resultado dos primeiros pomares, implantados há três anos, antes de entrar no ramo ou expandir áreas de pecã. A cultura começa a produzir no terceiro ou quarto ano. A colheita plena se dá quando a nogueira atinge a fase adulta, o que acontece de 12 a 15 anos após o plantio. Nesta etapa, segundo os Viveiros Pitol, a média gira em torno de 80 quilos por planta (contato para informações e encomendas de mudas: Guinther Rickli 42 9915 5138 / guinther_rickli@ hotmail.com).
Guinter Rickli: produtores na expectativa das primeiras safras de pecã na região de Guarapuava
Manoel Godoy
O
início de um ano sempre remete à elaboração de novos planos ou à expansão de projetos já em andamento. Na noz pecã, não é diferente. Para a região de Guarapuava, onde a cultura começou por volta de 2011 com mudas fornecidas pelos Viveiros Pitol (Anta Gorda / RS), o responsável por vendas e visitas técnicas da empresa, Guinther Rickli, sugere aos interessados aproveitar o momento para planejar a produção. Segundo explicou, pensar o cultivo com antecedência ajuda a definir melhor questões que vão da área e do número de mudas, passando por espaçamento, tipo de consórcio, até adubação e preparo das covas. Em entrevista, dia 22 de janeiro, ele informou que, por isso, já está aberto o período de encomendas de mudas (em qualquer quantidade). O pagamento ocorre apenas na entrega, que a empresa Viveiros Pitol promove em meados do ano, em visita de seus diretores a Guarapuava. A época de plantio se dá entre junho e agosto. Ainda conforme destacou Rickli, a pecã permite opções de consórcio: pode ser associada à ovinocultura ou ainda à bovinocultura de leite. Na ovinocultura, ele comentou que a prática é mais apropriada em especial a partir do terceiro ano do pomar, quando as mudas, implantadas com altura de cerca de 2 metros, alcançam então em torno de 3 metros e estão mais robustas. E tanto numa quanto noutra forma de pecuária, o responsável por vendas e visitas técnicas lembrou que é possível utilizar a pecã também em torno de instalações, como proteção contra o calor, observando que, no inverno, sem folhas, as plantas permitem ventilação dos locais. Também com soja, disse Rickli, é possível um consórcio. Desde que consideradas algumas di-
Manoel Godoy
É hora de encomendar mudas
Nogueira pecã: produção plena ocorre de 12 a 15 anos após implantação mas já no terceiro ano, se dão as primeiras colheitas
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Bataticultura
Batata: mercado em forte baixa em relação à safra passada
Qualidade em alta, preços em baixa
U
ma safra de encher os olhos. Pelo menos, em termos de qualidade e de produtividade. Este foi o panorama da colheita da batata 2013/2014, que começou em dezembro, nos 1.800 hectares semeados em Guarapuava e municípios vizinhos. À medida em que o produto das lavouras surgia à flor da terra, ao ser arrancado do solo pelos tratores, a imagem era aquela com que todo o produtor sonha: batata bonita, com desempenho que em alguns casos ultrapassou 1.000 sacas por hectare, devendo resultar em maio (final dos trabalhos), segundo o DERAL (Escritório da regional da Seab em Guarapuava), num volume de 67,5 mil toneladas. Mas, já nos primeiros dias deste ano, o que chamou a atenção foi o mercado em baixa. Especialmente em relação à safra passada. A saca da batata lisa (50kg), que em janeiro de 2013 ultrapassou R$ 90,00, já valia menos da metade no dia 22 de janeiro deste ano: cotação de R$ 40,00 para o produto selecionado, lavado e pronto para o embarque; e de apenas R$ 30,00, na lavoura. Por isso, conforme explicou o DERAL, embora hoje em dia a grande maioria dos produtores só cultive a batata tipo liso, preferida no mercado e que alcança melhor cotação, apenas os produtores em condições de manter instalações para beneficiamento da safra conseguem preços um pouco mais altos nos períodos de baixa do mercado.
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Revista do Produtor Rural do Paraná
Ouvidos pela REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ, dois dos tradicionais bataticultores de Guarapuava, disseram que, em seus casos, buscavam amenizar os efeitos da queda de preços recorrendo a alguns fatores: investimento em produtividade; foco em produto de qualidade; e a continuação da comercialização para regiões distantes (no Sul, colheitas simultâneas, no final do primeiro mês do ano, já elevavam a oferta). Ainda assim, estimavam que a cada dia também a rentabilidade daqueles outros mercados poderia se reduzir. Produtor rural e sócio-proprietário de uma beneficiadora de batatas, Celso Tateiva observou que a chuva que antecedeu e se prolongou após a virada de ano acabou por atrasar um pouco a colheita, contudo ainda sem afetar a qualidade. A produtividade, a seu ver, compensou, com patamar avaliado como “bom” para a região: “O que foi colhido, até agora, está girando em torno de 1.000 sacas por hectare”, relatou em entrevista dia 20 de janeiro. Resultado por ele atribuído à tecnologia, qualidade da semente e clima. Na venda, estimou que os produtores deverão ter dificuldade com o produto de menor padrão, enquanto o de maior qualidade já encontrava demanda rápida. Os mercados para a batata da região de Guarapuava, conforme lembrou, distribuem-se em nível nacional – Minas Gerais, Brasília, Goiás, São Pau-
lo e até o Nordeste. Embora o País tenha espaço para a safra daqui, Tateiva admitiu que a baixa da cotação preocupou. Mas com a experiência de quem há anos vivencia o desequilíbrio das cotações típico deste segmento, resumiu a situação: “A gente não tem uma estabilidade de preço. Então, vamos depender do mercado. Acho que todo mercado funciona desta maneira. Ou você ganha, ou perde”. Porém quem permanece hoje no segmento, destacou, é quem se profissionalizou. Outra forma de dizer que só a qualidade tem contribuído para viabilizar a perenidade da produção. “Agora, quando o preço estoura muito, estimula os outros a entrar no mercado”, acrescentou. Frente à atual safra, ele estimou que a região de Guarapuava deverá manter mais ou menos a mesma área para a próxima safra. Na “correria” da colheita, aproveitando para acelerar os trabalhos assim que a chuva deu trégua, após o dia 19 de janeiro, outro bataticultor, Oswaldo Barbosa, também se mostrou dividido: alegria com a produtividade (cerca de 1.100 sacas por hectare) e a qualidade da batata, reservas em relação à cotação, muito aquém da safra 2012/2013. “Lógico que o ano passado foi atípico. Em batata, a cada 10 anos você um ano daquele”, comparou. Para ele, desta vez, o período “começou até que com um preço razoável”, de R$ 65,00 a saca de 50kg, em dezembro. Daí para frente, a oferta elevou-se, a demanda caiu e o valor começou a evaporar rápido. “O mercado mudou, a procura diminuiu bastante. Nós mesmos, que estávamos colhendo de 4 mil a 4,5 mil sacos diários, já não conseguimos vender isso”, contou, atribuindo o fato à colheita simultânea em municípios como Água Doce, Palmas, Araucária, Contenda e, em outras regiões, como no Triângulo Mineiro. Com isso, em nível local, em sua beneficiadora, a batata especial, lavada e pronta para o embarque, atingia, naquele dia (21/1), a marca de apenas R$ 40,00 a saca de 50kg. O quê dizer então da chamada “parte baixa”, que inclui as batatas diversas e miúdas? De R$ 15,00 a R$ 20,00, no máximo, segundo o bataticultor. E sua previsão era de quedas ainda maiores. Na raíz da apreensão, os custos fixos pós-colheita: lavagem, sacaria e frete. Além de elevados, são os mesmos para todas as qualidades de batata. Conclusão lógica: a “parte baixa” se torna ainda mais inviável economicamente. “Se eu vender um saco de batata a cem reais ou a vinte, a minha despesa é a mesma. Só mudam os encargos, Funrural, essas coisas”, disparou, ao comentar que o ideal seria poder separar os dois tipos de produto já no campo, durante colheita. Essa desaceleração no escoamento da safra, somada ao calor que depois da chuva surpreendeu o centro-sul paranaense, começou a desenhar outro dilema: adiar a colheita em mais de 20 dias representaria riscos para a qualidade. E mais dificuldade para comercializar. No ramo da
Final de janeiro: no campo, trabalho acelerado depois das chuvas da virada do ano
Deral estima safra de
67,5 mil t na região N
os números do Deral, em 12 municípios do centro-sul paranaense (Guarapuava e região), a área da batata 2013/2014 gira em torno de 1.800 hectares. O volume a ser colhido deverá alcançar 67,5 mil toneladas. Próximo ao quadro da safra 2012/2013, quando 1.787 hectares geraram 67,7 toneladas. Estas duas colheitas representam elevação na produção, já que em 2011/2012 uma área de 1.710 hectares produziu 61,9 mil toneladas. Entre os 12 municípios do centro-sul paranaense pesquisados pelo DERAL, Guarapuava tem registrado maior área de batata e maior produção nas duas últimas safras: em 2011/2012, 690 hectares, com 25,6 mil toneladas; em 2012/2013, 850 hectares, com 33,1 mil toneladas; para 2013/2014, no momento de produção desta matéria, o DERAL possuía apenas uma estimativa geral dos municípios.
Todo mercado funciona desta maneira: ou você ganha, ou perde”. Celso Tateiva
Celso Tateiva: aposta em qualidade para alcançar melhores preços
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Em batata, às vezes, não perder já é uma grande coisa. Oswaldo Barbosa
Oswaldo Barbosa:
safra comercializada para Salvador (BA)
Carreta: carregamento para regiões Nordeste e Centro-Oeste
batata, sublinhou Barbosa, o que conta não é só a demanda, mas o aspecto do produto – que por sua vez é mais sensível do que várias outras commodities agrícolas: “Um saco de soja, de milho, depois de seco, com 14% de umidade, é um saco de soja, de milho. Não tem alteração na qualidade. Na batata, não. Depende de pele, cor, tamanho, firmeza, vários fatores”. Recordando que no País 90% do produto é distribuído ao consumidor por redes de supermercados, salientou que “se a batata não tiver aparência, para estar bonita na gôndola e chamar a atenção, não vende”. Sua beneficiadora optou então por comercializar de acordo com a situação do mercado a cada dia, continuando – como em outras safras – a buscar espaço pelo Brasil afora. “Hoje mesmo, vendemos para o interior de São Paulo, Curitiba, estamos carregando para Salvador (BA) e alguma coisa para Recife (PE)”, mencionou. Com uma ressalva: era somente o bom patamar de qualidade que possibilitava aproveitar oportunidades em locais mais distantes, como a capital baiana, com o produto chegando em condições de con-
BATATA - Área em hectares (Fonte: Deral) 1.787
1.800
2012/2013
2013/2014
1.710
2011/2012
BATATA - Produção em toneladas (Fonte: Deral) 67.780
67.500*
61.695
2011/2012
2012/2013
2013/2014 (*) Estimativa
Beneficiamento: lavagem e classificação ajudam a melhorar o preço
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sumo mesmo após os quatro dias de viagem. Do contrário, só seria possível acessar mercados mais próximos, como o Rio de Janeiro, para onde o transporte dura metade do tempo. Em torno de 40% da safra se destinava assim não só a Salvador, mas também a Cuiabá (MT). Num resumo do período até aquele instante, o bataticultor avaliou que apesar de tudo não tinha do que reclamar, um vez que as vendas a partir de meados de dezembro se mostraram boas. “Não ganhamos muito, mas também não perdemos – em batata, às vezes, não perder já é uma grande coisa”, opinou. A expectativa agora fica por conta das lavouras a serem colhidas até maio.
Pecuária de Corte
Sistema Intensivo Dia de Campo em Cafelândia-PR mostra que sistema de produção intensivo em ciclo completo dá resultado
A
Cooperativa CooperAliança, realizou na última semana de janeiro, em Cafelândia-PR, região Oeste do Paraná, um dia de campo sobre sistema de produção em ciclo completo, na propriedade do cooperado Vicente Lazarin, para demonstrar que o sistema intensivo, mesmo na cria, pode ser viabilizado com estrutura simples, gerando um ótimo resultado. Apesar do forte calor, os cooperados presentes acompanharam atentos às explicações e o exemplo de organização, estrutura e qualidade apresentados pelo pecuarista. Com 136 alqueires, a propriedade é exclusivamente explorada para a pecuária de cria, recria e engorda, trabalha em sistema de pastejo rotacionado e a principal espécie forrageira é a Brachiaria brizantha. Esse sistema comporta aproximadamente 400 matrizes, da raça Nelore, em cruzamento industrial com Angus. “Fazemos cruzamento industrial há muitos anos. Já experimentei de tudo que se possa imaginar. Agora chega de experiência. Há anos que só utilizo Angus. É a genética que me dá os melhores resultados em precocidade e em ganho de peso”, disse o cooperado. Com utilização de tecnologia, o produtor entregou à CooperAliança, ainda no seu 2º ano como cooperado, 240 animais, 70% destes classificados na categoria Hiperprecoce Angus (animais certificados com mín. ½ sangue Angus e de até 14 meses), recebendo a maior bonificação oferecida pela cooperativa. Para chegar a essa qualidade em animais tão
Edio Sander (pres. da
CooperAliança) ao lado de Lazarin e da esposa do cooperado
jovens, Lazarin já inicia a suplementação dos bezerros ao pé da vaca, com a utilização do creepfeeding. A propriedade possui ainda centros de alimentação que dão acesso a 4 ou 5 piquetes. Nesses centros há cochos de sal para as matrizes, cochos para os bezerros (creepfeeding) e cocho de água. Dessa forma, é possível otimizar o uso da área e da estrutura e facilitar o manejo e cuidado com os animais. Após a manhã de sexta-feira percorrendo diferentes áreas da fazenda, como não podia ser diferente, todos se reuniram para um bom churrasco de novilho Angus, em uma confraternização que reuniu em torno de 70 pessoas, entre cooperados, colaboradores e a equipe CooperAliança. Fonte: CooperAliança
Trabalho para carne de alta qualidade
Cooperaliança Cordeiro Guarapuava Rua Vicente Machado, 777 Trianon - Guarapuava - PR (42) 3622-2443 Cooperaliança Novilho Precoce Al Baden Württemberg - Vitória, 952 Entre Rios - Guarapuava - PR (42) 3625-1889 Revista do Produtor Rural do Paraná
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Helicoverpa armigera
Mudanças de conceitos e paradigmas
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m novo problema, um novo desafio. O que sabemos é que é necessário um novo modo de pensar o sistema produtivo, enfim, a agricultura brasileira. A introdução avassaladora da praga exótica Helicoverpa armigera no Brasil, com perdas superiores a U$ 1 bilhão apenas no oeste baiano (safra 2012/2013), fez toda a cadeia produtiva redimensionar a complexidade do sistema produtivo, seja no manejo químico, cultural, biológico, além de conhecer a praga e sua interação com as culturas, o meio ambiente e as formas de antecipar e/ou minimizar seus danos.
Mas o que é a Helicoverpa armigera? Esta é a primeira ação de controle, pois deve-se conhecer a praga, seus hábitos e, acima de tudo, não subestimá-la. A Helicoverpa armigera é um leptóptero, cuja forma mais prática de identificação é através da fase adulta (foto abaixo), mariposa, apesar desta fase não causar dano. A fase de dano é a fase de lagarta (neonata até pré -pupa). Porém, de forma prática, ou seja, a campo, há grande confusão desta espécie com a Heliothis virescens (lagarta-da-maçã), tanto na identificação das lagartas quanto dos ovos. Também se sabe que a ovoposição da H. armigera é em torno de duas a três vezes superior a de outros lepidópteros (800 a 1.000 ovos distribuídos por toda a planta) e que a migração ocorre a grandes distâncias, caracterizando-a como uma praga epidêmica. Outro fenômeno ainda desconhecido em solos brasileiros é saber se a praga entra ou não em diapausa. Este conhecimento é imprescindível para o manejo antecipado das mariposas e o sucesso de controle da praga. Dentre as estratégias de
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controle da praga, há o uso de monitoramentos com armadilhas luminosas (não específico) e uso de feromônios (específico e que depende do uso, instalação etc). Para o controle de adultos, há a aplicação correta e pontual de inseticidas na modalidade de isca tóxica (podendo ser em faixa, mas para a H. armigera, preferencialmente em área total, devido à extensa mobilidade). Uma característica importante é o inseticida possuir característica de não repelência, como, por exemplo, ser inodoro aos insetos. Associa-se a esta modalidade um atrativo (ex. açúcar ou melaço a 0,5 % v/v). É extremamente interessante que estes produtos também possuam ação ovicida para um controle ainda melhor. O produto Cartap retornou ao mercado como uma das principais ferramentas para este manejo, atendendo a todas estas necessidades. Quanto à fase de lagarta, a Helicoverpa armigera é uma praga polífaga, atacando desde plantas daninhas até diversas culturas, tanto no estágio vegetativo quanto no reprodutivo, afetando o ciclo e a produção. Com a característica acima, a praga merece destaque especial. A começar pela interação dos processos desde a dessecação. A dissecação deve ser rápida, promovendo o quanto antes a morte instantânea da planta daninha hospedeira e a indisponibilidade de alimento à praga, causando sua morte por inanição e consequente diminuição da população. Neste caso, podemos trabalhar com muita segurança com o produto Flumyzin, associado com Gliover e Iharol dessa forma conseguiu uma dessecação rápida, incluindo ervas de difícil controle e ainda temos os benefícios do poder residual trabalhando em doses de Flumyzin de 100 a 120 g/ha. O uso de inseticidas, nesta fase, apesar de adoção recente por parte dos produtores, é indispensável para diminuir a pressão inicial, seja produto de contato e ingestão ou os chamados “fisiológicos”, e, preferencialmente, a associação de ambos. Sabe-se que da ovoposição até a lagarta eclodindo são apenas 2 dias. A operação de plantio também deve ser criteriosa. Primeiro, com o plantio na época correta, respeitando vazios sanitários e áreas de refúgio para OGM. Na emergência das plântulas após o plantio, a praga não cede ao ataque. O tratamento de sementes é vital (não importa se é OGM) para
a manutenção e homogeneidade do stand. Para isso, é indispensável um inseticida com alta sistemicidade e multiação sobre pragas, pois, além da H. armigera, não podemos deixar de lado outras pragas de extrema importância como a lagarta-elasmo, a mosca-branca, a Diabrotica spp, etc. Instalada a lavoura, um manejo que merece destaque pelo uso exponencial para o controle desta praga foi o controle biológico. Esta modalidade de controle é fator determinante nesta nova fase da agricultura, no conceito de Manejo Integrado de Produção Sustentável. A utilização de Bacillus thuringienses como inseticida em larga escala e a introdução emergencial de uma estirpe de vírus (HzNPV), específico para gênero Heliothinae (da qual a Helicoverpa faz parte), são consideradas essenciais a este manejo integrado. Para os produtos à base de Bt’s, as cepas kurstaki e azawai são as mais utilizadas, bem como o produto do processo de transconjugação de ambas. Mas o que as difere quanto ao uso? Primeiro, o espectro de pragas, diferindo quanto aos esporos com endotoxinas do grupo de proteínas Cry. Quanto ao modo de ação, é necessária a ingestão pela lagarta, ocorrendo destruição do trato digestivo, paralisação alimentar, septicemia e morte da lagarta. Sabe-se que o Bt kurstaki é a que possui LC50 (dose letal que mata 50% da população dos indivíduos) menor sobre o gênero Helicoverpa. Já o processo de transconjugação entre as duas cepas, que é natural de bactérias entomopatogênicas, potencializa a ação sobre as lagartas e aumenta o espectro de controle, ao considerarmos a presença dos gêneros Spodoptera sp. e Crysodeixus sp. (falsa-medideira). Temos hoje como principal opção de produto transconjugado o Agree, por possuir características do Bt Kurstaki e Bt Aizawai consegue atingir todo o complexo de pragas citado acima. A Ihara também está lançando no mercado brasileiro o produto CoStar, à base de Kurstaki, altamente concentrado, sendo uma ferramenta essencial no manejo da Helicoverpa. Além da utilização dos Bts, o uso do vírus HzNPV é primordial. Primeiro, pela baixa capaci-
dade de resistência da praga ao vírus. Segundo, pela não restrição de uso e número de aplicação e pela inovação do conceito de controle pelo fenômeno da reinfecção. Pensando em vírus, devemos ressaltar o produto GEMSTAR, que é um produto biológico, altamente purificado, à base do vírus HzNPV, com concentração de 2x 109/ml de corpos de oclusão. A lagarta se contamina através da ingestão de 2-3 destas partículas (preferencialmente até 3º instar). Contaminada, a lagarta passa a ser fonte de multiplicação do vírus, e, com sua morte, passa a contaminar outras lagartas que ingerem as partículas de vírus liberadas no meio, dando início à reinfecção. As fotos 1, 2 e 3 tiradas no município de Luis Eduardo Magalhães (BA), em lagartas contaminadas com Gemstar, lembrando que a recomendação é até o terceiro instar, porém é muito difícil fotografá-las nesse momento por se desfazerem muito rápido no ambiente. Em todos os tópicos desta nova concepção de manejo, onde uma praga exige maior interação de todos os processos, a IHARA possui um portfólio completo com ferramentas únicas e altamente eficazes, como o herbicida FLUMYZIN (dessecação rápida e com residual), os inseticidas DANIMEN, BAZUKA, CARTAP (uso modalidade isca tóxica, inodoro, ação ovicida, adultos e lagartas), PIRÂMIDE (uso no TS, maior sistemicidade, multi pragas) e a linha de produtos biológicos tanto à base de Bt, com o AGREE (transconjugado de Kurstaki e azawai) e o COSTAR (Kurstaki com a maior atividade biológica e eficácia), quanto à base do vírus HzNPV, no caso o GEMSTAR. Não há dúvidas de que a IHARA disponibiliza as melhores ferramentas para o manejo da Helicoverpa, porque não disponibiliza apenas produtos, mas manejo e soluções.
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Biocombustível
BSBIOS recebe Certificação de Sustentabilidade Internacional
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A emissão de poluentes é reduzida em 57%, se comparado ao diesel fóssil” 66
Com esta nova conquista, a empresa mantém o seu posto de uma empresa inovadora no mercado de biocombustíveis
ano começou de forma muito positiva para a BSBIOS. Buscando novos negócios alinhados com a sustentabilidade, as duas plantas industriais da empresa, em Passo Fundo (RS) e em Marialva (PR), receberam o certificado em grandes programas internacionais: o ISCC (InternationalSustainabilityandCarbonCertification) e o 2BSvs (BiomassBiofuelsSustainabilityVoluntaryScheme). As certificações comprovam a visão sustentável da empresa e garantem a continuidade de acesso ao mercado europeu de biocombustíveis. O diretor presidente da BSBIOS, Erasmo Carlos Battistella, comemorou a certificação. “Para a companhia este é um marco importantíssimo, pois comprovamos que nossa produção satisfaz às mais rigorosas exigências de redução das emissões, qualificando ainda mais o nosso produto,” afirmou. A certificação 2BSvs atesta que a produção e a comercialização da soja estão alinhadas com os requisitos da Diretiva Europeia de Energias Renováveis (EU RED), de 23 de janeiro de 2009. Este certificado verifica a produção e coleta de biomassa dos produtores através de uma análise de risco detalhada, bem como os sistemas de balanço de massa. A BSBIOS se torna uma das maiores empresas certificadas, em número de produtores, em 2BSvs do mundo. A certificação ISCC garante as exigências da EU RED sobre rastreabilidade da matéria-prima e
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redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), além de padrões sociais e ambientais. Seu principal objetivo é a redução do risco de produção de biocombustíveis não sustentáveis. A BSBIOS em toda a sua cadeia de produção, desde o plantio da matéria-prima até a industrialização do biodiesel,reduz em 63,13% dos GEE, se comparado ao diesel comum. De acordo com a norma da Diretiva Europeia, as emissões de GEE, resultantes da utilização de biocombustíveis, deverão ser reduzidas em pelo menos 50% até 1º de janeiro de 2017. Com esta nova conquista, a BSBIOS mantém o seu posto de uma empresa inovadora no mercado de biocombustíveis. “Não só comprovamos antecipadamente os resultados, como demonstramos que conseguimos estar 13% acima do percentual mínimo requisitado,” pontuou Battistella. Ele ainda lembrou que na combustão, resultante da utilização do biodiesel em veículos automotores, também há outro ganho ambiental importante a ser levado em consideração. De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a emissão de poluentes é reduzida em 57%, se comparado ao diesel fóssil.“Isto comprova que o biodiesel é ecologicamente correto, uma energia limpa, que contribui duplamente com a redução da emissão de gases do efeito estufa, na sua produção e na queima. O biocombustível pode trazer ainda mais benefícios ao planeta se houver a ampliação do percentual misturado de biodiesel ao diesel fóssil,” concluiu o empresário.
A Energia do
nosso biodiesel reduz
63,13%
a emissão de gases de efeito estufa BR 285 Km 294, s/nº | Distrito Industrial Cep 99042-800 | Passo Fundo | RS Brasil | Fone: 54 2103.7100
que vem
campo
Ser Sustentável
Estrada da Fruteira, s/nº Lote 212 AB |CEP 86.990-000 Marialva|PR|Brasil|Fone: 44 3112-1000
é nossa missão www.bsbios.com 67 Revista do Produtor Rural do Paraná
Empresas
Um novo empreendimento para apoiar o produtor rural Lavoura Guarapuava chega para estabelecer relacionamento de confiança com seus clientes
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o mundo empresarial, experiência leva à expansão, em termos da qualidade dos serviços e da solidez do relacionamento com o cliente. Com esta visão, o agrônomo Cândido Bastos Filho anunciou, em janeiro, uma boa notícia para os produtores rurais de Guarapuava e região: com base em sua vivência de 19 anos no ramo de revendas agrícolas, ele decidiu iniciar um novo empreendimento, chamando, para somar forças, uma empresa que também já tem longa trajetória de sucesso – a Lavoura S/A, que com seus 78 anos de história é um nome conhecido no Paraná. A Lavoura S/A tem sede em Pato Branco , atua desde 1973 na comercialização de grãos , com unidades no Sudoeste , Campos Gerais e Paranaguá, agora ampliando em Guarapuava, com a Lavoura Guarapua-
va Ltda, que além de insumos agrícolas, atua na produção de sementes, armazenagem de grãos , transportes e estufamento de containers. A empresa também irá atuar nas culturas de cereais de inverno , batata e hortifrutigranjeiros , atendendo também pequenos produtores da região. Em fevereiro, se encontravam em fase final as obras de sua sede, na Avenida Moacir Julio Silvestri, nº 3305, na saída para Pinhão (no local, ao lado dos escritórios, haverá espaço para os produtos e amplo estacionamento). O mais importante para o produtor rural, conforme ressaltou Cândido Bastos, é que o projeto não surge apenas para realizar vendas, mas para estar do lado dos clientes em seu dia a dia, estabelecendo com eles um relacionamento de eficiência e confiança, entendendo
Em fevereiro, sede da empresa estava em fase final de construção
Além das culturas de milho e soja, a empresa vai atuar na produção de sementes, armazenagem de grãos, culturas de inverno e HF
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suas necessidades e oferecendo soluções. Para isso, optou por reunir um conjunto de profissionais capazes de orientar quanto a procedimentos importantes do dia a dia da propriedade, o que abrange dois consultores na lavoura. “Vamos ter um trabalho bem diferenciado na parte técnica de campo”, antecipou o sócio -administrador da Lavoura Guarapuava Ltda., elencando os serviços: análise de solo, orientação em relação à nutrição vegetal, fertilidade de solo, população de plantas, posicionamento dos produtos e comercialização da safra. Dentro de uma visão técnica que considera que cada fazenda, cada talhão, e às vezes cada parte de um talhão, representa uma realidade com características próprias e, portanto, com necessidades específicas. “Não existe receita de bolo”, completou o empresário, observando que numa mesma fazenda “existem várias situações”. Entre as marcas que estarão à disposição dos clientes, sublinhou, se destacará a Sementes Agroceres, que aposta na Lavoura Guarapuava Ltda. para intensificar a divulgação de suas inovações tecnológicas e de sua presença na região. RTV Sênior da empresa de sementes, Fernando Mayrer salientou híbridos precoces rápidos, como os AG 8780 Pro e AG 8780 Pro 3 – este, de acordo com ele, o primeiro evento de transgenia voltado à raíz a ser lançado no Brasil. Os mate-
Cândido Bastos: “Foco é a confiança”
Fernando Mayrer, da Sementes
Agroceres: visando divulgar ainda mais a marca na região
riais, ainda conforme disse, permitem populações altas e altíssimas. Exemplificando as ações para divulgar ainda mais a marca Sementes Agroceres, Mayrer mencionou tours técnicos organizados para agricultores e promovidos já em fevereiro, em nível regional. Outro ponto promete interessar aos clientes da Lavoura Guarapuava Ltda.: é que será possível a comercialização de grãos. O produtor poderá, inclusive, adquirir insumos e pagá-los na forma de safras. Com este conjunto de formas de relacionamento, Cândido Bastos acredita que se reforçará um clima de parceria entre a empresa e os agricultores. “O foco lá é confiança. Esses 19 anos de relacionamento é que geram uma confiança de negócios”, finalizou. A Lavoura Guarapuava pode ser contatada no e-mail de seu sócio-administrador: candido.bastos@lavourasa.com.br
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Silvicultura
Guarapuava terá
cooperativa florestal E m reunião organizada pelo Sindicato Rural de Guarapuava no dia 14 de fevereiro, produtores rurais decidiram que uma cooperativa florestal deve ser criada no município, visando melhorar as condições de comercialização da madeira. Uma comissão foi formada para dar continuidade aos trabalhos e está sendo agendada uma visita à Cooperflora Brasil. Segundo a engenheira florestal e produtora rural Hildegard Abt Roth, a cooperativa vai promover um melhor manejo florestal, facilitar o processo de comercialização, a troca de experiências e buscar soluções para os problemas comuns. Para a produtora Petronilia da Silva Nunes Schweigert, a cooperativa é o único caminho para os produtores de eucalipto. “Não temos para quem vender. A situação está complicadíssima”, disse. Entre os 30 participantes da reunião, 20 produtores de pinus e/ou eucalipto da região deixaram seus nomes em uma lista de futuros cooperados. O tema começou a ser discutido no ano passado, através de uma demanda de produtores de madeira. O Sindicato desde então, vem apoiando a iniciativa, proporcionando condições para que os interessados possam realizar os debates necessários. Além de produtores, participaram da reunião o vice-presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Anton Gora, o secretário municipal de Indústria e Comércio, Sandro Abdanur e empresários do ramo. A partir de agora, o assunto será encabeçado pela comissão e o próximo passo será a assessoria sobre cooperativismo, por parte de profissionais de instituições credenciadas para realizar esse trabalho. Interessados em participar das próximas reuniões devem acompanhar as notícias do sindicato pelo site www.srgpuava.com.br. Outras informações pelo telefone 42-3623-1115.
Produtores apresentam necessidade de criação da cooperativa florestal
Secretário da Indústria e Comércio de Guarapuava e produtor, Sandro Abdanur, destaca apoio da prefeitura municipal
Hildegard Abt e Luiz Carlos Valtrin integram a comissão de criação da cooperativa florestal
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Imprensa
Expedição Safra visita região Ao receber os jornalistas da expedição, produtor Gibran Thives Araújo, de Candói, disse ver possibilidade de melhora no preço do milho e preconizou que o agricultor planeje bem a venda das safras
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ma boa conversa, aberta e objetiva, para um levantamento das perspectivas da soja e do milho (2013/2014) na região de Candói (Centro-Oeste do PR). Assim foi, dia 1º de fevereiro, na Fazenda San Sebastian, a entrevista do jornalista José Rocher e do fotógrafo Jonathan Campos, da Expedição Safra 2014, da Gazeta do Povo, com o produtor rural e pecuarista Gibran Thives Araújo. O momento foi organizado com apoio do Sindicato Rural de Guarapuava, que todos os anos auxilia jornalistas da expedição no contato com fazendas da região. Gibran, que revelou ter os números de seu negócio na ponta do lápis, na forma de históricos, enfatizou que prefere ser cauteloso ao estimar safras antes da colheita. A seu ver, quando se trata de uma atividade que depende tanto do clima
Expedição Safra: conhecendo a realidade in loco
como da produção de grãos, tudo pode acontecer. Ainda assim, perguntado por Rocher sobre suas expectativas, o produtor informou que, até aquele momento, esperava bons resultados. A soja plantada em final de dezembro se encontrava em bom estado, mas ainda necessitaria de cerca de um mês de chuvas favoráveis. As lavouras de início de novembro estavam então em enchimento de grão. “Por ser frio (na região), a gente tem palhada de dois, três anos. Isso nos dá uma vantagem em retenção de água do solo”, analisou. Por outro lado, o mesmo fator, ao contrário do Norte do Paraná, atrapalhou um pouco o plantio: “Nosso problema aqui é o manejo de palhada, porque se produz demais”. Consequência: em algumas bordaduras, uma ou outra falha. Mesmo assim, Gibran espera manter agora Revista do Produtor Rural do Paraná
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Quando se trata de uma atividade que depende tanto do clima como da produção de grãos, tudo pode acontecer.”
Estimativas de milho e soja De acordo com site da Conab, a área de milho 2013/2014 (1ª safra), em todo o Brasil, é de 6,5 milhões de hectares. O volume previsto chega a 32,78 milhões de toneladas. Na soja, área de 29,55 milhões de hectares e produção de 90,33 milhões de toneladas. Em 12 municípios do centrosul paranaense, incluindo Guarapuava, segundo o DERAL (Seab), o milho tem área de 97,5 mil hectares e previsão de 750,7 mil toneladas; a soja, 238 mil hectares, estimando-se o volume em 773,8 mil toneladas. 72
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a produtividade média da soja 2012/13, em torno de 4.100 kg/ha. Já na comercialização, o produtor rural destacou que, no instante da entrevista, a área colhida girava em torno de apenas 10% do total e que a cotação de aproximadamente R$ 61,00 (saca de 60kg) tenderia a cair à medida que a colheita avançasse e que chegasse mais produto ao mercado. Ele observou que os números de seus registros do ano passado apontam que, na safra, o preço de venda foi de R$ 51,00 – “Para chegar, no segundo semestre, balcão, a R$ 70,00”, relembrou. Planejar a venda é outro procedimento que preconizou. Sua preocupação é a safra americana, que influencia diretamente os preços. “O produtor está, atualmente, capitalizado, porque o momento está bom. Então, ele está deixando (a venda) mais para a frente. Os contratos (futuros) estão poucos mesmo”, o que poderia gerar um acúmulo de operações para o segundo semestre. “Mas se for confirmada uma boa safra americana, muita gente não vai querer vender soja abaixo de R$ 70,00, vai ficar na expectativa, e talvez, aí, não venda bem”, ponderou. Para ele, até ali, a ajuda vinha do dolár, em torno de R$ 2,40. Do contrário, se venderia a soja “mais a cinquenta do que a sessenta reais; e o milho, a dezessete, dezoito, em vez de vinte e poucos reais”.
Levantamento local e global A Expedição Safra, da Gazeta do Povo, acontece desde 2005. Levantamento realizado in loco por jornalistas e técnicos em regiões rurais relevantes, a expedição tem por objetivo checar e divulgar as perspectivas da agricultura no Paraná, no Brasil e no mundo. Neste ano, entram no roteiro Uruguai, Angola, Moçambique e África do Sul, ao lado de outros destinos internacionais. Já no Brasil, onde o levantamento começou dia 18 de janeiro, serão percorridos 14 estados, do Maranhão ao Rio Grande do Sul. Integram a Expedição Safra nesta edição: o jornalista José Rocher e o fotógrafo Jonathan Campos; o técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Diego de Souza; e os técnicos da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB), Hugo Godinho e Ricardo Kaspreski.
No milho, a região só estaria sobrevivendo “devido ao potencial produtivo”. Potencial que, em seu caso, foi de 11 mil kg/ha, devendo elevarse nesta safra, chegando a 12 mil kg/ha. No setor, que registra preços bem abaixo do que o produtor desejaria, Gibran disse ver uma perspectiva positiva, na movimentação de compradores do Sul, em especial de Santa Catarina: “Você percebe que eles estão com pouco milho estocado, esperando entrar a safra, tanto que estão melhorando o preço de oferta”. Segundo detalhou, o produto do centro-sul paranaense em grande parte desce para o sudoeste do Estado, enquanto a exportação mesmo fica por conta do milho que vem do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Em sua análise, preços ruins para os paranaenses são “péssimos” para os matogrossenses, devido à logística. Mas estimou que, apesar desta conjuntura, o Centro-Oeste deverá manter a área de safrinha, uma vez que por lá o cultivo seria uma necessidade, para formar palhada e otimizar o uso da terra no inverno. Respondendo sobre produção agrícola na estação mais fria, em suas propriedades, o produtor rural disse à Expedição Safra que, em 2014, sua expectativa, no trigo e na cevada, é manter, no total, a mesma área da safra passada. Nesse caso, a decisão não se baseia só em mercado, mas na necessidade técnica de fazer
a rotação de culturas – um posicionamento que, conforme rememorou, ele adotou desde seu início na agricultura, logo após sair da faculdade de agronomia, há 16 anos, com 30 hectares: “Sempre fiz a estratégia minha, de médio e longo prazo, pensando na parte técnica, porque sou agrônomo”. Em relação à canola, que ele cultiva há oito anos, o agricultor antecipou que o plantio neste inverno não está em sua programação – repetindo a opção de 2013, um acaso avaliado depois como positivo, diante das fortes geadas de julho passado, que destruíram várias lavouras da região de Candói. A razão é a integração lavoura-pecuária, realizada entre suas propriedades, com objetivo de produzir carne para a Cooperaliança: no chamado ciclo completo, a opção de manejo é “vacada de cria” na região do Cavernoso, em altitude de cerca de 500m, e terminação de animais na sede, a 940m (temperatura mais amena), com o espaço do gado, ali, restringindo a presença da canola. Ao final da visita, Gibran se mostrou feliz em receber a Expedição Safra: “Para nós, como produtores, é um prazer poder mostrar nossa propriedade, um trabalho que a gente gosta de fazer. Isso mostra a nossa realidade. Como produtores, acabamos representando a classe também. Essa troca de experiência é válida”.
Gibran: aposta no preço do milho, mas sem previsão de canola neste inverno
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Fertilidade de solos
Análise de
tecido vegetal A
análise foliar é uma das tecnologias ou ferramentas de maior importância na busca de maiores produtividades e aumento da eficiência no manejo dos nutrientes utilizados pelas diferentes culturas. Pesquisas, estudos e práticas agrícolas evidenciam que os nutrientes essenciais para as plantas, ou seja, aqueles que participam de reações químicas, físicas ou biológicas e fazem parte de compostos ou complexos utilizados pelas plantas, sem os quais as mesmas não completam seu ciclo de vida, devem estar em equilíbrio para que possam ser eficientemente disponibilizados para a espécie vegetal. A análise de tecidos vegetais é muito importante para diagnosticar este equilíbrio no que foi absorvido pelas plantas, em especial, no caso dos micronutrientes, considerando a carência de valores de referência para interpretar seus teores no solo e a falta de padronização dos métodos analíticos empregados para sua determinação neste meio.
Agrotecsolo: laudos de
análise foliar em quatro dias úteis. Na foto, o engenheiro agrônomo Luiz Felipe Basile Ribeiro
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A utilização da análise foliar como critério de diagnóstico baseia-se na premissa de existir uma relação bem definida entre o crescimento e a produção das culturas e o teor dos nutrientes em seus tecidos. A diagnose foliar tem sido utilizada nas seguintes situações (Martinez et al., 1999): a) na avaliação do estado nutricional da probabilidade de resposta às adubações; b) na verificação do equilíbrio nutricional; c) na constatação da ocorrência de deficiências ou toxidez de nutrientes; d) no acompanhamento, avaliação e ajuda no ajuste do programa de adubações; e) na ocorrência de salinidade elevada em áreas irrigadas ou cultivos hidropônicos. É muito importante enfatizar que existe uma interação entre os nutrientes no complexo “soloplanta”. O excesso ou deficiência de determinado elemento pode afetar negativamente o desenvolvimento da planta, prejudicando a absorção de um ou mais nutrientes essenciais. A busca
do equilíbrio entre os nutrientes utilizados pelas plantas é o principal objetivo de um manejo adequado, visando aumento de produtividade e maximização na aplicação de fertilizantes e corretivos, daí a importância do acompanhamento das lavouras pela diagnose foliar. Instituições de pesquisa como a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) chegaram aos níveis adequados de nutrientes por cultura e esse balizamento permite aferir recomendações de adubações e correções com eficiência mediante os resultados de uma análise foliar. Devem ser observados alguns critérios como a forma correta de coletar o material a ser enviado ao laboratório, bem como o período em que deve ser feita a coleta, qual parte da planta deve ser amostrada, idade da mesma, quanto coletar e como acondicionar o material. Essas informações podem ser conseguidas no laboratório ou nessas empresas de pesquisa. Apesar das vantagens citadas, a análise foliar não dispensa a análise de solo a qual é insubstituível, e permite avaliar a reação do solo e problemas a ele relacionados, tais como acidez, alcalinidade e salinidade, bem como para deter-
minar medidas corretivas, ou seja, permitindo que providências possam ser tomadas antes da instalação da cultura. Segundo o engenheiro agrônomo Luiz Felipe Basile Ribeiro, responsável técnico pelo grupo Agrotecsolo, a tecnologia disponibiliza soluções para adubações e correções direcionadas, com produtos específicos para cada condição ou microambiente solo-planta, conforme a necessidade de nutrientes expressa nos resultados da análise foliar, análise de solos e no balanço nutricional. Na busca de atender todas as demandas relativas a análises agronômicas e agilizar respostas, o Grupo Agrotecsolo, laboratório de análises agronômicas da região de Guarapuava-PR, com filial em Campo Largo-PR, investiu em equipamentos para aumentar a precisão e reduzir o prazo de entrega de laudos de análise foliar para quatro dias úteis, possibilitando que se realizem adubações corretivas dentro do ciclo da cultura. Existem produtos comerciais na forma de quelatos, aminoácidos, nanopartículas e outros similares que podem suprir a necessidade nutricional das plantas, conforme os resultados da análise de tecido vegetal.
(42) 3629-1366 / 9119-6449 agricolaagp@agricolaagp.com.br Av. Manoel Ribas, 4253 - Guarapuava - PR
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Associados
Café da manhã reúne aniversariantes do trimestre
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Sindicato Rural de Guarapuava reuniu, no dia 18 de dezembro de 2013, os associados aniversariantes do trimestre (outubro, novembro e dezembro) para um café-da-manhã. Foi a quarta edição do evento, que é destinado apenas aos sócios, e tem como finalidade a integralização. “Aqui a gente tem a oportunidade de rever os conhecidos e confraternizar. Porque a vida é uma correria. A gente não pára para sentar e conversar. Achei uma excelente ideia do Sindicato”, elogiou Roselinda Chiaro. Carlos Alberto Dipp de Castro disse que a atitude do Sindicato Rural de reunir os sócios para conversar e dar risada é muita simpática. “Foi muito gostoso e agradável”, falou. “A gente tem notado que os produtores ficam extremamente satisfeitos, pois é um momento de eles reverem seus colegas, conversarem, trocarem informações e comemorarem uma data especial junto conosco”, comentou o presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Luiz Werneck Botelho. O café reuniu 45 associados, além de acompanhantes. Para a gerente do Sindicato Rural, Luciana Queiroga, o café da manhã fechou com chave de ouro a programação do ano. “Essa comemoração é muito gratificante. É uma atitude simples, mas os sócios ficam bastante satisfeitos e alguns, até emocionados”, declarou.
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Milho Bt
Evento da Pioneer
debate tecnologias Evento técnico da Pioneer reuniu, no último dia 7 de fevereiro, numa propriedade rural na região de Entre Rios, produtores rurais e agrônomos. Uma das mensagens do encontro foi a de se considerar a tecnologia Bt, no milho, como uma ferramenta a mais num manejo de pragas que deve incluir também outras alternativas. Diante do assunto, complexo, o momento se tornou oportunidade para um debate informal sobre o presente e o futuro do Bt, no Brasil e no mundo. Em entrevista, Cyrano Leonardo Yasbek, representante comercial da Pioneer para a região de Guarapuava, comentou que os agricultores devem estar atentos a uma questão: proteínas atualmente importantes na biotecnologia do millho continuarão a ter papel de destaque nos próximos anos.
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Nos últimos anos, com o advento do milho transgênico, muitos produtores faziam o sistema ‘plante-e-esqueça’ ” RPR – Entre várias questões técnicas que vocês levantaram durante o evento, uma chama a atenção: o futuro (da biotecnologia em milho) é trabalhar com três proteínas importantes que hoje já são utilizadas. O que isso significa para o produtor?
Cyrano Leonardo Yasbek, representante comercial da Pioneer
CYRANO – O recado que a gente gostaria de dar nesse evento é justamente isso: o que nós temos hoje de tecnologia Bt vai ser o que nós teremos daqui a 10 anos. Com relação a novas proteínas, não irá existir. Isso vai fazer com que o produtor mude a maneira com que ele enxerga a tecnologia Bt dentro da sua lavoura. O produtor vai ter de continuar fazendo o monitoramento na sua lavoura, outros controles, dentro de um sistema de manejo integrado de pragas, onde ele terá a população de pragas controladas de acordo com todos esses métodos de controle. O que estamos pregando? É que a tecnologia Bt é mais um instrumento no manejo integrado de pragas, assim como o controle químico. O controle biológico deve ser utilizado e é um complemento às outras duas tecnologias. Nada isoladamente resolverá o problema. O nosso foco aqui, do time de produto e de tecnologia, é discutir produtos, discutir a metodologia que a empresa utiliza para fazer o melhoramento genético de plantas e discutir o manejo, junto com a tecnologia. Porque discutir genética, sem discutir o manejo, é uma incoerência. Têm de ser discutidos os dois assuntos juntos. RPR – Por isso, então, o manejo de pragas foi um dos assuntos deste evento? CYRANO – O manejo de pragas é um dos focos. Entre outros, como o manejo de milho RR e novos produtos da empresa. RPR – Na medida em que, nos próximos anos, se vai
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trabalhar com estas proteínas, você vê que alguma coisa muda nesse manejo? Caso mude, o que muda principalmente? CYRANO – O monitoramento mais constante na lavoura. Por que? Nos últimos anos, com o advento do milho transgênico, muitos produtores faziam o sistema “plante-e-esqueça”. Agora, não. O produtor vai ter de acompanhar sua lavoura, vai ter de abrir mão de outros métodos de controle, sendo a utilização de métodos biológicos, para controle da spodoptera, através de vespinhas. Controle químico será necessário quando a lavoura atingir um nível de controle. O produtor vai ter de mudar a sua ideia, a sua atitude. Não só o produtor, mas a assistência técnica também. Esse é o recado que a gente queria dar com relação a pragas. RPR – Quando se lançou a tecnologia Bt, as empresas que passaram a oferecer esta tecnologia ressaltaram bastante a importância do refúgio. Ele permanecerá importante? CYRANO – Ele vai continuar sendo de uma importância grande para evitar o aparecimento de populações de pragas resistentes. Isso, no Brasil, até agora, não é lei. Mas deveria ser. E a Pioneer também não vai adotar o refúgio na saca de sementes. Por que? Para a principal praga do milho, aqui no Brasil, que é a spodoptera, o refúgio na saca de semente não é eficiente. Por isso que nós não vamos adotar essa tecnologia. A tecnologia que a Pioneer vai recomendar e adotar é o refúgio estruturado. Separado, e não na saca de sementes. RPR – Você deixa uma mensagem para os participantes desse evento? CYRANO – A Pioneer é uma empresa líder de mercado: aqui na região de Guarapuava, no mercado de tecnologia. E nós, com três representantes presentes aqui na região, estamos totalmente dispostos e disponíveis a qualquer chamada de cliente, de produtores, onde nos solicitem o apoio, a difusão de tecnologia, o estímulo a adoção de tecnologias – tudo isso, obviamente, visando o aumento de produtividade, de rentabilidade para o produtor. A Pioneer tem uma estação de pesquisa de soja. O centro de pesquisa de soja Sul, da Pioneer, está localizado em Guarapuava. Temos uma estrutura física aqui, que é o centro de distribuição. Vivemos as culturas de milho e soja. A gente vai continuar atuando de uma maneira transparente junto ao produtor. Outra questão é a soja: a Pioneer tem três variedades de soja. Todos os clientes que plantaram as variedades de soja da Pioneer elogiaram a qualidade fisiológica, da semente. E isso é apenas o início de um longo processo, de um longo projeto que a Pioneer tem, que é o melhoramento genético de soja no Sul do Brasil.
Resultados
198,14 sc/alq 196,26 sc/alq 190,50 sc/alq
® Roundup Ready é marca registrada utilizada sob licença da Monsanto Company.
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Candói
Dia de Campo da Agrícola Colferai: a importância de uma visão local Participar de grandes encontros sobre tecnologia agrícola, de nível estadual, é indispensável para os agricultores. Mas uma visão local sobre o comportamento de materiais é também importante para decidir o que plantar na próxima safra – Esta é a proposta de um evento que depois de ser interrompido por dois anos voltou em 2013 e agora se firmou em Candói.
Seis empresas de tecnologia, apresentaram seus materiais sob as condições locais de Candói - tecnologia de aplicação e fertilizantes foliares também foram abordados no evento
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Dia de Campo da Agrícola Colferai, realizado na manhã do dia 14 de fevereiro, no setor de cereais da empresa, na BR 373, em Candói, registrou presença de público considerada boa pelos organizadores. Nas estações de empresas conhecidas no setor de tecnologia, experientes agricultores dividiram os espaços com jovens estudantes, todos buscando saber mais sobre híbridos de milho e cultivares de soja e feijão. O evento se firmou mais uma vez como um encontro técnico importante para produtores rurais de Candói e municípios próximos. Já o clima úmido, ao contrário do que normalmente acontece num encontro técnico a
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céu aberto, desta vez foi até comemorado entre os participantes, uma vez que algumas localidades vizinhas registravam até aquela data uma estiagem de 30 dias. Organizador do encontro, Luiz Carlos Colferai comentou o dia de campo: “Estamos retomando o evento, que vínhamos fazendo já há 10 anos e que por uma mudança de estratégia deixamos de realizar durante dois anos”. O foco, prosseguiu, “é trazer materiais novos, o que existe no mercado de diferente”, completou. Também na organização, Patrick Bertelli, supervisor comercial da Agrícola Colferai, destacou que, no evento, os produtores rurais têm a
Agrícola Colferai organiza vários Dia de campo nas comunidades” Patrick Bertelli, supervisor comercial”
Público: lotando as estações do evento mesmo debaixo de chuva
Nas estações, jovens estudantes e experientes agricultores em busca de novidades
oportunidade de ver como se comportam, em sua própria região, materiais novos ou que eles ainda não utilizaram. “Esse campo aqui reflete a realidade das variedades adaptadas (à região de Candói)”, observou Bertelli, lembrando que as lavouras demonstrativas, cultivadas no local, assim como as lavouras comerciais, atravessaram as altas temperaturas ocorridas entre final de janeiro e meados de fevereiro, o que permitia comparar diferentes tecnologias na situação climática do município. Mas a programação trouxe ainda outros pontos de interesse, segundo informou, indo mais além, ao abordar tópicos como tecnologia de aplicação e fertilizantes foliares. O supervisor recordou que, para um plantio de qualidade, tanto quanto escolher bem os materiais, optando-se por aqueles que são mais adaptados à região, é preciso realizar uma correta aplicação, o que evita perdas por doença e proporciona uma uniformidade na lavoura. Além deste evento, a Agrícola Colferai organiza vários dias de campo nas comunidades em que atuamos, com o objetivo de atender pequenos e grandes produtores. Para outro agricultor presente ao dia de campo, Edson Luiz Sampaio, que produz soja e milho o importante é “se atualizar”, principalmente em relação à oleaginosa. O verão que surpreendeu pelo calor acima da média, relatou, não chegou a causar perdas em sua propriedade, mas avaliou que se a estiagem permanecesse por mais alguns dias, haveria também quebras. Mesmo tendo de suspender uma aplicação na lavoura, no dia anterior, o produtor rural se mostrou feliz com o clima. A programação do dia de campo se encerrou com um almoço no local do evento.
Luiz Colferai: dia de campo voltou para ser um encontro técnico importante em Candói
Edson Luiz Sampaio:
interesse em novas cultivares de soja
Patrick Bertelli: esse campo reflete a realidade das variedades adaptadas a região de Candói
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Cooperativa de crédito
Sicredi participou do Show Rural Coopavel 2014
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Sicredi esteve presente com um estande no Show Rural Coopavel, que aconteceu de 03 a 07 de fevereiro, em Cascavel (PR). O espaço foi montado para receber os associados das diversas caravanas que visitaram a feira. O principal objetivo do evento foi a difusão de tecnologias, voltadas ao aumento de produtividade de pequenas, médias e grandes propriedades. Na edição de 2013, a feira, que ocupa um espaço de 720 mil m², recebeu cerca de 200 mil visitantes e contou com 430 expositores. No estande, o Sicredi ofereceu aos visitantes linhas de financiamento de longo prazo do BNDES, como Pronaf, Pronaf Mais Alimento e BNDES Automático, com juros e prazos atrativos. Além disso, houve a possibilidade de financiar máquinas, com prazo de pagamento de até quatro anos,
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por meio da Poupança Rural Sicredi, dentro dos programas Moderinfra e Moderagro, que facilitam a compra de equipamentos. Na quarta-feira (5/fev) todos os gerentes de unidade da Sicredi Terceiro Planalto estiveram visitando a feira em busca de atender os associados da cooperativa que visitavam o evento, bem como conhecer um pouco mais das tecnologias que já foram ou serão lançadas no mercado agrícola em 2014. Para o Gerente da Unidade XV de Novembro em Guarapuava o evento foi válido, “O Show Rural todo ano surpreende, seja pela organização do evento, pelas novas tecnologias agrícolas ou pela evolução e novidades das máquinas. É um evento onde as indústrias investem, montam seus estandes e trazem o que tem de melhor. O Sicredi conta com um amplo espaço
para receber associados, parceiros e visitantes em geral, também conta com equipes que passam pelos expositores coletando pedidos e dando informações de negócios e linhas de financiamento, o foco do evento é nas pessoas” comentou Eric Ranullfo Martins. Alguns membros da Superintendência Regional do Sicredi Terra dos Pinheirais também acompanharam os gerentes da cooperativa até Cascavel/PR, “O Show Rural é um ambiente de negócios fantástico, onde reúne o melhor da tecnologia, produtores antenados a estas inovações e instituições com recursos para o financiamentos destes projetos. Neste cenário entra o Sicredi, instituição ligada ao Agronegócio, 3ª posição em volumes de Crédito Rural do país. Estivemos presentes com estande confortável para receber nossos associados e a comunidade, disponibilizando volume superior a 30 milhões em recursos para atendimento das demandas”, comentou do Diretor de Negócios da Sicredi Terceiro Planalto, Jardiel Cherpinski. Este ano todas as expectativas de visitantes e negócios foram superadas e mais de 250 mil pesssoas visitaram o Show Rural 2014.
Gerentes de unidades da Sicredi Terceiro Planalto PR visitando o estande do Sicredi no Show Rural 2014
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Análise conjuntural
Mercado do boi gordo no estado do Paraná Bruno José Cumin Ogibowski | Greici Joana Parisoto | Paulo Rossi Junior Centro de Informação do Agronegócio da UFPR www.ciaufpr.com.br
Fechando 2013 em alta, resultado de um ano de recuperação para a carne bovina, 2014 segue firme com os preços da arroba do boi gordo. Os motivos para esta valorização estão na oferta restrita e a dificuldade em comprar bovinos terminados a preços menores apesar da forte pressão dos frigoríficos. O indicador de preços da arroba do boi gordo, LAPBOV/UFPR, registrou alta de 2,68% nos preços na comparação entre o primeiro e o último dia do período. A menor cotação atingida foi R$ 108,95, observado no dia 03/12/2013, já a maior foi de R$ 116,52, cotada no dia 09/01/2014. O preço da vaca gorda agiu de forma semelhante ao do boi gordo, com uma valorização de 1,04% no mesmo período, passando por várias oscilações durante o bimestre, mas apontando alta. No dia 03/12/2013 cotou-se o menor preço, no valor de R$ 99,80 e o maior preço foi observado em 16 de janeiro deste ano, cotado a R$ 106,27. Na comparação com o mesmo período no início de 2013, ocorreu uma valorização no preço do boi gordo de 17,11%, com a média mensal passando de R$ 97,47 para R$ 114,15 por arroba em 2014. Na vaca gorda, a média do primeiro mês do ano teve alta de 16,9% em relação a 2013.
Gráfico 1. Comportamento do preço da arroba do boi gordo e da vaca gorda no período de dezembro de 2013 a janeiro de 2014 no Paraná. Fonte: CIA/UFPR Embarque de carne in natura registrou alta em volume e receita em janeiro ante 2013. As exportações de carne bovina brasileira in natura atingiram 105,1 mil toneladas em janeiro, alta de 17,4% sobre o mesmo mês de 2013 e
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recuo de 5,6% ante dezembro do ano passado. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Os embarques registraram faturamento de US$ 458,9 milhões em janeiro, alta de 12,1% na comparação com o mesmo período do ano passado e retração de 11,5% em relação a dezembro. O preço médio da tonelada atingiu US$ 4,3 mil, queda de 6,2% ante o valor de dezembro e de 4,6% contra janeiro do ano passado. Apesar da queda dos preços de grãos exportados pelo Brasil, o aumento das vendas externas de carnes, principalmente as de carne bovina, e o melhor desempenho em segmentos como de celulose e couro devem garantir uma evolução, ainda que modesta, na receita externa do agronegócio em 2014. O comportamento do câmbio, porém, é uma variável que pode alterar esse quadro de tímido crescimento. A expectativa dos analistas é que 2014 seja marcado por um choque positivo de oferta, após recentes quebras de safras no mundo. Na dianteira da balança, a soja é o retrato desse cenário. Após os sérios problemas climáticos que derrubaram a produção na América do Sul, em 2011/2012, e dos EUA, em 2012/2013, o atual ciclo tem sido marcado pela recomposição da oferta nessas regiões. A colheita 2013/2014 nos EUA foi expressiva e Brasil e Argentina caminham na mesma direção A despeito da menor receita oriunda dos grãos, o segmento de carnes deve ajudar a sustentar o aumento dos embarques do agronegócio. Líder global nas exportações de carne bovina, o Brasil tem tudo para repetir o desempenho de 2013. Para 2014, a Abiec, que representa os exportadores de carne bovina, estima que os frigoríficos brasileiros terão uma receita de US$ 8 bilhões, alta de 20%. No tabuleiro global, o Brasil é o país com melhores condições de suprir a crescente demanda da Ásia, puxada pela China. Concorrentes como EUA e Austrália sofrem com restrição de oferta de bovinos. Na análise mensal do indicador LAPBOV/ UFPR dos preços da arroba do novilho precoce registrou preço médio de R$ 116,09. Este valor foi comparativamente maior que o pre-
ço médio para dezembro sendo essa alta de 0,59%. O preço da arroba iniciou o mês valendo R$118,37, fechando no valor de R$111,39. O preço médio da novilha precoce apresentou variação, passando de R$110,55 em dezembro, para R$111,94 em janeiro, uma variação de 1,25%. Sendo assim, o valor se manteve em alta no período todo.
Gráfico 2. Comportamento do preço da arroba do novilho precoce e da novilha precoce no período de dezembro de 2013 a janeiro de 2014 no Paraná. Fonte: CIA/UFPR O indicador LAPBOV/UFPR de preços da arroba do novilho precoce registrou preço médio de R$ 116,09. Este valor foi comparativamente maior que o preço médio para dezembro sendo essa alta de 0,59%. O preço da arroba iniciou o mês valendo R$118,37, fechando no valor de R$111,39. O preço médio da novilha precoce apresentou variação, passando de R$110,55 em dezembro, para R$111,94 em janeiro, uma variação de 1,25%. Sendo assim, o valor se manteve em alta no período todo.
Gráfico 3. Comportamento do preço do bezerro no período de dezembro de 2013 a janeiro de 2014 no Paraná. Fonte: CIA/UFPR
Lançamento
Tratores da linha Puma são novidades da Case IH
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Case IH lançou no Show Rural Coopavel 2014, que aconteceu entre os dias 3 e 7 de fevereiro, a nova linha de tratores Puma. A linha oferece os modelos 140, 155, 170 e 185, com potência nominal de 144, 157, 167 e 182 cv. Equipada com motor Case IH, em duas versões: eletrônico para transmissão semipowershift e mecânico para transmissão mecânico sincronizada. “Na série semipowershift, que vem com motor eletrônico, você consegue controlar também a rotação do trator. São duas faixas de rotações e por se tratar de um motor eletrônico, vem equipado com Power Boost. Esse trator tem um diferencial de ganho de 35 cv. É automática essa série”, explica Luiz Henrique Chimiloski, do departamento de vendas da concessionária Case IH em Guarapuava. “O sistema incluso no motor eletrônico é o Common Rail, que proporciona uma queima mais eficiente do combustível, garantindo um consumo mais baixo e uma potência superior. Também são equipados com Power Boost, responsável pelo aumento de potência em operações com uso da Tomada de Força (TDF), no transporte ou ainda em condições de alta exigência de fluxo hidráulico ou em terrenos íngremes”, afirma Chimiloski. A cabine da Puma se destaca por ser referência em conforto e espaço. A visibilidade superior também é uma vantagem a mais. Sua área envidraçada de 5,87 m² permite que o produtor consiga enxergar muito mais em qualquer condição de trabalho. Além disso, os modelos já contam com um assento adicional para instrução, permitindo que duas pessoas se acomodem com segurança e conforto. A linha Puma também vem com pré-disposição para piloto automático.
Sistema de Injeção Common Rail O Common Rail consiste em um sistema de injeção de pressurização, que faz com que o combustível chegue a altas pressões na câmara de combustão, sendo mais bem-queimado e com isso, a energia melhor aproveitada, o que permite maior potência com redução de consumo. Também oferece mais potência, pois a injeção do volume ideal do combustível, no momento certo, garante alta potência aos tratores equipados com motores dessa tecnologia. O sistema ainda permite que se tenha menos ruído no trator, porque o sistema constante de injeção e pressão garantem menores vibrações e ruídos no motor.
Luiz Henrique Chimiloski,
departamento de vendas da Case IH em Guarapuava
Case IH lança também nova plantadeira A nova plantadeira da Case IH é a SSM 33 com o diferencial de se ter o dosador a vácuo. Ela faz 33 linhas de inverno como já era na série antiga. “O diferencial são nas safras de verão, onde se consegue fazer 13 linhas de 45 cm de espaçamento. E essas 13 linhas a vácuo permitem uma maior uniformidade no plantio”, afirma Chimiloski. As outras características da linha SSM 33 são mantidas. Uma linha para todos os tipos de cultura: girassol, aveia, trigo, arroz, algodão, sorgo, feijão, milho, soja, etc. Potência mínima de 150 a 205 hp, capacidade de adubo de 1.991 L (2.250 kg) e capacidade de semente de 1.490 L (1.117 kg).
(42) 3629-8900 Rua Antônio Gaudi, 85 BR 277 - Km 341,7 Revista do Produtor Rural do Paraná 85 Guarapuava - PR
Novas fronteiras
Foto: Luciana Queiroga Bren/SRG
Ato de coragem
No cerrado piauiense, o produtor rural de Guarapuava, Hermann Karly, aposta no futuro.
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a década de 80, o produtor rural Hermann Karly correu atrás de um antigo sonho: plantar na chapada; ter uma área maior do que a de Guarapuava/PR, pensando no futuro da família, uma vez que no Paraná já era impossível a expansão das áreas, devido ao alto custo das terras. “São necessários 25 anos para amortizar uma compra de terra aqui. Isso, comercialmente, é inviável”, comenta. A experiência em Diamantina, no Mato Grosso, não deu certo. Os negócios lá exigiam muito mais recurso financeiro do que ele imaginava. Foi assim
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que o produtor viu, de perto, que abrir uma nova fronteira era arriscado, complicado e oneroso. Ele não teve vergonha de recuar. Vendeu a área, optando por investir na propriedade de Guarapuava, onde planta 3.500 hectares. No entanto, o sonho o perseguiu por longos anos. Foi então que em 2002, estavam sendo leiloadas as últimas chapadas do Brasil, no Estado do Piauí. “Era a minha chance. Não escolhi aquele Estado. Foi o que me apareceu naquele momento e encarei como uma oportunidade”, conta. Segundo o produtor, aquela era a opção mais barata,
comparada a Mato Grosso, Goiás e Maranhão. Hermann Karly pagou pela terra 15 sacas de soja por hectare. Atualmente, um hectare de terra naquela região varia de 80 sacas/ha de soja (cerrado fechado) até 120 a 140 sacas/ha de soja para áreas abertas. O produtor adquiriu uma área de cerrado totalmente fechada, no município de Baixa Grande do Ribeiro. “A compra foi feita a curtíssimo prazo e eu não tinha condições financeiras de começar a abertura (derrubar a vegetação nativa e preparar o solo para plantio)”. Após um ano e meio, ele começou a transformar 22 mil hectares de cerrado em área agricultável. Inicialmente, abriu 2 mil hectares e iniciou os plantios, para avaliar os custos e resultados. Aos poucos, foi aumentando o investimento, abrindo uma parcela nova a cada ano, porque a produtividade era muito baixa e, consequentemente, o resultado financeiro era pequeno. As dificuldades foram muitas. “Mais de 80% da região, na época, era cerrado. Não havia casa, telefone, energia, água. Tivemos que fazer estradas, porque havia apenas um caminho por onde passavam as carroças. Para retirar a primeira safra foi muito difícil. Os caminhões encalhavam nos 35 quilômetros que precisávamos percorrer. Era preciso puxar o caminhão com trator para chegar ao destino”, diz. A família optou em continuar morando em Guarapuava, cuidando dos negócios agrícolas daqui e revezando nas viagens ao Nordeste. “Não queremos nos separar. Desta forma, ninguém se afasta ou fica desinformado sobre o que acontece aqui e lá em cima. Penso assim para que a sucessão futura seja tranquila. Além disso, a família junta sempre vai ter mais força - administrativa e financeira”, aponta. Hermann Karly é casado com Theresia e tem três filhos - Ralf, Denise e Osmar. Os homens têm formações na áreas de Agronomia, Administração e Agronegócios. No revezamento, cada um fica de 10 a 12 dias no Piauí, de acordo com a necessidade. Hoje a Fazenda Aliança tem 22 mil hectares, sendo 16 mil hectares de área agricultável. O Grupo Karly planta 8 mil hectares, divididos em soja, milho e milheto. Na propriedade residem 60 pessoas em alojamentos bem estruturados. Ainda há dificuldades relacionadas à infraestrutra (secadores, por exemplo) e mão-de-obra. “Isso tudo é muito oneroso, demanda muito investimento. Por isso, estamos indo devagar “. A mão-de-obra qualificada é um grande gargalo. “Pegamos pessoas mais humildes e vamos ensinando. Se precisa de um tratorista, por exemplo, é assim que funciona. A maioria é analfabeto, então o desafio é grande. Quando tem um profissional, todo mundo disputa, daí vira um leilão financeiro”, relata o produtor. O gerente geral e dois técnicos da fazenda são do Sul (Paraná e Rio Grande do Sul).
Mesmo com todas as dificuldades, para o produtor, as novas fronteiras são uma boa oportunidade para quem pensa no futuro. “Os preços subiram, mas sempre há oportunidades. Como a possibilidade de expansão em Guarapuava é muito pequena, já que os custos de arrendamento e compra de terras estão cada vez mais altos, pensando a longo prazo, lá em cima existe essa opção da expansão. Vale destacar que lá, a margem de lucro é muito pequena, mas com volume consegue-se compensar”. A possibilidade de diversificar na propriedade de Guarapuava, com outras culturas, não atrai o produtor. “Outras culturas exigem um trabalho bastante intensivo de mão-de-obra e esse trabalho está escasso. Tentamos evitar mais um problema. Por isso, prefiro ficar no grão”, explica. A história de Hermann Karly mostra, assim como as outras dessa série de reportagens Novas Fronteiras, que plantar longe de casa - neste caso a aproximadamente 3 mil quilômetros - não é para qualquer um. É preciso determinação, coragem e persistência. “É longe, vamos de avião, mas ainda temos mais 650 quilômetros de carro. É uma volta ao mundo”, brinca. No entanto, o produtor, descendente de alemães, acredita que com a tecnologia existente hoje, tudo é mais fácil. “Cheguei ao Brasil com seis anos de idade e acompanhei a luta dos meus pais que vieram, assim como os outros suábios do Danúbio, sem dinheiro, sem falar o português, sem comunicação, com uma série de dificuldades, mas venceram. Então, não posso reclamar. Temos tecnologia, filhos preparados para o trabalho. As dificuldades são superáveis”, conta. Hermann Karly não se julga corajoso. “Não somos corajosos, nem heróis, somente enfrentamos um desafio. Heróis eram os nossos pais”.
Mesmo com todas as dificuldades, as novas fronteiras são uma boa oportunidade para quem pensa no futuro”
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Fazenda Aliança
Foto: Luciana Queiroga Bren/SRG
A produtividade média da fazenda é de 54 sacas/ha de soja, com exceção de 2013, onde houve queda, devido à forte estiagem. “A terra é muito pobre, não tem matéria orgânica, fósforo, nada. É preciso refazer a terra. O lucro é baixo porque o custo é alto”, explica. Para quem deseja investir em novas fronteiras, o produtor deixa uma mensagem: “Não se iludem, porque não é um mar de rosas, mas com persistência e profissionalismo, é possível ir longe. No entanto, tem que ter um recurso financeiro, para não ter surpresas, porque elas aparecem durante a caminhada. O custo de abertura é bem maior do que o da terra. O produtor precisa avaliar muito bem e agir com cautela. Eu nunca venderia uma terra em Guarapuava, porque não existe região tão segura como a nossa, mas apesar das dificuldades, acho que vale a pena. Vejo bastante futuro nas novas fronteiras, principalmente se tivermos plantas que suportem bem os veranicos. O futuro será bem melhor. No passado, não acreditávamos na produtividade que temos hoje, em Entre Rios/Guarapuava. Conseguimos isso graças a investimentos na terra e em pesquisa. Isso vai acontecer lá em cima também. Um dia haverá pesquisa com novas variedades, estrada, conforto. Por isso, é preciso seguir em frente”. E Hermann Karly está certo sobre o futuro. Até o início da década passada, a região MAPITOBA (nome dado aos cerrados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia) era considerada irrelevante para o agronegócio. Hoje já é a terceira fronteira agrícola brasileira, depois do Sul (onde não há mais espaço para expansão) e do Centro-Oeste (já consolidado). O produtor acredita que daqui a cinco anos será possível plantar em toda área agricultável da propriedade. “Somos cautelosos, porque quanto mais se planta, maior o risco. Para o futuro, pretendo terminar o desafio e depois os filhos vão ditar, porque aos 69 anos, não dá para traçar muito o futuro. Os filhos já estão administrando e a minha parte já foi feita”.
Quando eu estou lá, fico fascinado. Gosto muito, sou apaixonado. Como agricultor, a gente se encanta com a chapada, com a planície. É um prazer que não se paga com o dinheiro.” Hermann Karly com o filho Osmar Karly
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Paixão por Piauí Não há agricultor que não se apaixone pelo cerrado piauiense. Assim foi com Hermann Karly. “Quando eu estou lá, fico fascinado. Gosto muito, sou apaixonado. Como agricultor, a gente se encanta com a chapada, com a planície. É um prazer que não se paga com o dinheiro, é uma satisfação muito grande. O retorno financeiro é pequeno, mas Guarapuava ficou pequena para os filhos. Se eles estiverem preparados para esse desafio, vai valer a pena. Aqui não tem mais o que fazer”. O produtor ressalta ainda, as diferenças daquele Estado, em comparação ao Paraná mesmo após 12 anos de convívio com o cerrado piauiense. “A gente desce um degrau grande quando vai para lá, mas com o progresso, isso tudo vai mudar. É outro mundo. As pessoas são diferentes, têm outra mentalidade.”
Nota da redação Se isso não é coragem, Sr. Hermann Karly, me diga o que é? O dicionário diz que coragem (do latim coraticum, do francês cor-age ) é a habilidade de confrontar o temível som de discórdia, a difícil vida, o amor, a certeza ou a intimidação. Uma pessoa corajosa é uma pessoa que, mesmo com amor, faz o que tem a fazer. Pode ser dividida em física e moral. O homem sem temeridade motiva-se a ir mais além. Enfrenta os desafios com confiança e não se preocupa com o pior. O medo pode ser constante, mas o impulso o leva adiante. Coragem é a confiança que o homem tem em momentos de temor ou situações difíceis, é o que o faz viver lutando e enfrentando os problemas e as barreiras que colocam medo, é a força positiva para combater momentos tenebrosos da vida... Platão correlaciona coragem, razão e dor. A coragem é o uso da razão a despeito do prazer. Coragem é ser coerente com seus princípios a despeito do prazer e da dor. Os animais (mesmo os irracionais) demonstram coragem principalmente devido aos seus instintos primitivos e pela necessidade de sobrevivência. Por exemplo, um pássaro que sai de seu ninho sabe que pode morrer, mas a necessidade de sobrevivência fala mais alto nele e assim surge a coragem. Os seres humanos (diferentemente dos animais irracionais) têm uma psiquê muito influente em suas atitudes, portanto seus medos e coragem variam muito de uns para os outros, dependendo do ambiente na qual vivem (e no qual viveram quando mais jovens), da educação que receberam, de suas crenças, de com quem eles convivem socialmente e etc. Para a REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ, todos que enfrentaram (e enfrentam) o desafio de plantar longe de casa são CORAJOSOS, DETERMINADOS, VENCEDORES, VERDADEIROS HERÓIS, EXEMPLOS PARA MUITA GENTE. Cada história que contamos, a cada edição, mostra que é possível sim realizar um sonho. Portanto, é preciso CORAGEM. E isso não é para qualquer um. (LQB)
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Turismo
Visite
Cantuquiriguaçu! E
m dezembro de 2013, Cantuquiriguaçu, que engloba 20 munícipios do Paraná, foi reconhecida como região turística. A região é conhecida pela grande quantidade de morros e lagos que possui. Esta ação só foi possível por meio de um projeto que está sendo desenvolvido desde 2010 e que iniciou na cidade de Catanduvas. O projeto é realizado pelo Instituto Paranaense da Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Conselho do Desenvolvimento do Território (Condetec), prefeituras municipais, universidades, sindicatos rurais e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), visando fomentar o turismo rural na região. A coordenadora da Câmara Setorial de Turismo e Produção Associada da região e extensionista da Emater, Terezinha Busanello Freire, explica que o projeto tem várias frentes. Uma delas são os eventos realizados na região. “Esses eventos, além de terem cunho turístico, onde uma cidade conhece a outra, também injeta recurso para o projeto”, explica. Um exemplo é a Feira Sabores do Paraná, realizada anualmente com o intuito de divulgar os produtos da agricultura familiar do Estado. Esse ano, a região do Cantu, como é conhecida, vai participar a feira. Terezinha afirma que será importante a participação já que um dos temas da Câmara de Turismo da região é “Turismo e produção associada”. Neste ano, também acontece, na Cantu, o Salão Paranaense de Turismo, realizado dentro da Mostra das Regiões Turísticas do Paraná, de 13 a 15 de março, em Curitiba. Além disso, na região, em outubro será realizada a 1ª Pedalada na Natureza, nos municípios de Catanduvas, Ibema e Guaraniaçu, na chamada “Estrada da Revolução”. Também acontece o 3º Encontro de Turismo, evento já tradicional e as Caminhadas Internacionais na Natureza, que serão realizadas nas cidades de Catanduvas, Candói, Campo Bonito e Pinhão.
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Mas Terezinha explica que uma das ações mais importantes do projeto é o trabalho de base com os empreendedores de turismo. “A Emater, o Sebrae e as prefeituras realizam o trabalho de qualificação desses empreendedores. São realizados treinamentos, desde o atendimento ao cliente, a parte financeira, visão do turismo como um todo, a estrutura dos locais, as questões ambientais”, explica. Ela complementa que cada cidade possui entidades que apoiam esses treinamentos, como os sindicatos rurais, tanto os patronais, quanto dos trabalhadores rurais. Outro aliado do projeto é o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), que oferece cursos na área de turismo rural. “Esses cursos ajudaram bastante os agricultores”, conta. Terezinha diz que neste ano também serão trabalhados os empreendedores urbanos, como donos de hotéis e restaurantes. “Apesar do nosso enfoque ser rural, tem que se trabalhar a acolhida nas cidades também”. Ela conta que está sendo produzido um catálogo com fotos dos vários locais turísticos da região, especialmente para o Salão Paranaense do Turismo. Além disso, já existe também um catálogo do artesanato da região, que é distribuído nas cidades da região do Cantuquiriguaçu. “Temos poucos pontos turísticos, mas temos. O que devemos fazer é divulgar e investir no que temos. Estamos percebendo que os empreendedores e donos desses lugares estão interessados. Estamos tendo um bom retorno, apesar de estarmos no início do projeto”, finaliza Terezinha.
Alline Hlathi
Alline Hlathi
Amderson Santana
Algumas cidades se destacam na região do Cantuquiriguaçu por possuírem alguns locais propícios para o turismo. Uma delas é a cidade de Candói, que possui dois alagados famosos e muito visitados na região: o Alagado de Santa Clara e o Alagado Salto Santiago. Também é muito conhecida a Cachoeira Véu da Noiva, que fica localizada no Parque Estadual de Santa Clara. Além da cidade ser destaque no Paraná por sua cultura ucraniana. Já a cidade de Catanduvas inaugurou em julho do ano passado, o chamado Memorial da Revolução de 1924, que fez parte das comemorações dos 53 anos da cidade. O Memorial possui 800m² e sua estrutura remete ao cenário da revolução, com construção assimétrica e dividido em Ordem que representa antes da revolução, a parte da Revolução em si e a Nova Ordem, que é a pós revolução. O visitante encontra no local objetos, fotos e armas sucateadas que foram usadas tanto pelos soldados legalistas bem como pelos tentistas. Laranjeiras do Sul se destaca principalmente pelo turismo religioso. A cidade possui dois santuários bastante visitados por fiéis. O Santuário do Senhor Bom Jesus, que está localizada na comunidade de Campo Mendes, às margens da BR 277. Anualmente, no dia 6 de agosto, acontece a tradicional Festa de Bom Jesus. A cidade também abriga o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. A igreja é ornamentada com trabalhos artísticos e esculturais do artista laranjeirense Benjamim Stankievski (inmemorian). No dia 12 de outubro é realizada a tradicional Festa da Padroeira do Brasil, data em que milhares de devotos visitam Laranjeiras do Sul.
Alline Hlathi
Lugares de destaque
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Sindicato Rural de Pitanga
Mais um ano junto ao produtor rural O
Dia 12 de julho, Sindicato Rural de Pitanga festejou 45 anos de fundação
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ano de 2013, no Sindicato Rural de Pitanga, encerrou-se com um balanço positivo das atividades. Na avaliação do presidente da entidade, Luiz Zampier, e do secretário-executivo, Antônio Adir de Lara, a entidade mais uma vez cumpriu seu papel de representar os produtores rurais da região central do Paraná. Aos associados, os trabalhos do ano foram apresentados em assembleia, dia 5 de dezembro, na sede do sindicato, em Pitanga. Conforme destacou Adir, uma das principais ações do período, já em fevereiro, foi o preenchimento da Relação Anual Informações Sociais - RAIS. “Temos 120 empregadores rurais, com cerca de 330 funcionários”, lembrou o secretário -executivo, acrescentando que “o sindicato rural presta toda assessoria na parte trabalhista”, em procedimentos como folha de pagamento, FGTS e previdência, entre outros. Em fevereiro, mais uma ação, já tradicional: a entidade reuniu e levou um grupo de associados
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para visitar o Show Rural da Coopavel, em Cascavel (neste ano, a visitação também se realizou, com 42 participantes). Entre março e abril, o foco foi o Imposto de Renda, com o sindicato realizando 185 declarações para associados. “E mais as orientações (à declaração). Isso é um trabalho que foi feito diretamente aqui no sindicato”, completou Adir, explicando que as orientações se estendem mesmo aos que já possuem contador. Em procedimentos ligados à Previdência Social, ele estimou que o sindicato terminou o ano realizando cerca de 2 mil processos, como auxílio-maternidade, auxílio-doença e aposentadoria por tempo de trabalho. Na orientação ou apoio ao preenchimento de declarações de ITR, foram em torno de 2,7 mil declarações. No CCIR, se calcula em torno de 250 cadastros, entre atualizados e novos. “O CCIR e o ITR são os documentos necessários para fazer qualquer transação imobiliária. Se você for vender um imóvel, não lavra a escritura
Foto: Manoel Godoy
Ano passado, entidade colocou em funcionamento novo gabinete odontológico
Zampier: em 2014,
CAR será um dos temas importantes Foto: Manoel Godoy
de Pitanga, o ano passado, devido a uma conjuntura mais favorável à agricultura, foi “tranquilo”, tanto para a entidade quanto para os produtores rurais em geral. “Dentro das diretrizes e prioridades, foi satisfatório. O sindicato desenvolveu um bom trabalho de assessoria para o agricultor, sob todos os aspectos”, resumiu. Para este ano, ele estima outra vez um panorama positivo, considerando que o preço da soja está bom e que o do milho pode melhorar. Para a colheita, que em Pitanga se iniciava já em fevereiro, o presidente do sindicato rural disse ter expectativa de boas produtividades. Também para 2014, Zampier antecipou que um dos temas importantes será o CAR. “Nossa expectativa realmente é saber o quanto temos de área de plantio aqui na região e quanto temos de reserva”, declarou. Para ele, as áreas de reserva “são bem acima” do que determina o Código Florestal. “Aí, começa um novo trabalho: de reivindicar os direitos do agricultor por este ativo em excesso, este ativo ambiental”, disse.
Adir de Lara: “Senar é o braço direito do Sindicato Rural de Pitanga”
Assembleia, em dezembro passado, apresentou aos associados um resumo das atividades de 2013
Foto: Sindicato Rural de Pitanga
ou não registra a escritura no cartório de registro de imóveis sem ter a parte legal do CCIR bem como a certidão negativa do ITR”, observou, ao ressaltar a importância do apoio ou orientação do sindicato para aqueles dois procedimentos. Estar em dia com aqueles itens é importante também, conforme complementou, para se obter financiamentos de custeio ou de investimento agrícola. Nos programas de capacitação em conjunto com o Senar-PR, o ano de 2013 teve ao todo 178 cursos, que de acordo com o sindicato tiveram participação de cerca de 2 mil pessoas. “Trabalhamos com o Senar em Boa Ventura de São Roque, Santa Maria do Oeste, Nova Tebas, Mato Rico e Pitanga”, o que segundo ressaltou Adir tem proporcionado capacitação tanto para os produtores associados quanto às suas famílias ou seus funcionários. Para 2014, a expectativa é que o Senar-PR continue como um parceiro fundamental para que o sindicato possa continuar levando capacitação técnica ao campo. Na avaliação do presidente do Sindicato Rural
Foto: Sindicato Rural de Pitanga
Entre os fatos que marcaram 2013, no Sindicato Rural de Pitanga, destacou-se a comemoração dos 45 anos de fundação da entidade. Celebração da ocasião ocorreu dia 12 de julho, no salão da Igreja Sant´Ana. Além dos homenageados e de representantes de homenageados, realizaram então pronunciamentos sobre a importância do sindicato o atual presidente, Luiz Carlos Zampier; o diretor financeiro da Faep, João Luiz Rodrigues Biscaia; e a vice-prefeita de Pitanga, Mirna Galafassi. Dezenas de produtores associados e suas famílias participaram da comemoração.
Em 178 cursos do Senar, participaram cerca de 2 mil pessoas”
Foto: Sindicato Rural de Pitanga
Foto: Manoel Godoy
45 anos de história
No ano passado foram realizados, ao todo 178 cursos, abrangendo cerca de 2 mil participantes, no Município sede e extensões
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Cantagalo
Dia de Campo reúne 150 produtores
É necessário valorizar estas pessoas, que vieram em busca de informações” Eugênio Júnior (Coamo)
Télcio Fritz e Luiz Marcos Muzzolon, produtores rurais de Cantagalo
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C
om um dia de campo de verão, a Coamo apresentou, dia 17 de fevereiro, na Fazenda Carazinho, em Cantagalo, materiais em soja e milho que podem ser alternativas para as próximas safras. O clima que desde as semanas anteriores já se destacava pela falta de chuvas e por altas temperaturas, tornaram o evento especialmente interessante para os participantes, que buscaram alternativas capazes de enfrentar os desafios crescentes da agricultura, como o calor e as lagartas. O agrônomo do Departamento Técnico da Coamo em Cantagalo, Eugênio Mateus Schleder Pawlina Júnior, após o evento, considerou o dia de campo como “muito positivo”, já que, numa tarde de segunda-feira, compareceram cerca de 150 produtores rurais. Ele enfatizou que “é necessário valorizar estas pessoas, que vieram em busca de informações”, conferindo nos estandes de 13 empresas nada menos do que 30 variedades de soja e 28 híbridos de milho. Segundo contou, entre outros pontos, chamou a atenção dos agricultores as cultivares de soja com tecnologia que dá resistência às principais lagartas da cultura, como a falsa-medideira e a broca das axilas. Pawlina Júnior disse que hoje todos os materiais têm potencial muito alto. “O produtor tem que ver qual é o que se adapta à situação dele, são várias as questões que ele tem de avaliar, como a fertilidade (do solo), para adotar as tecnologias no campo”, analisou. Ainda conforme informou, cultivares e híbridos utilizados nesta safra (2013/2014), na área de atuação da unidade da Coamo em Cantagalo, apresentavam, até o dia 19 de fevereiro (ainda no começo da colheita), produtividades médias em torno de 140 sacos/alqueire na soja e de 420 sa-
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cos/alqueire no milho. “Mas é o início”, frisou o agrônomo. Para um dos participantes do dia de campo, o agricultor Télcio Fritz, da família proprietária da Fazenda Carazinho, o encontro mais uma vez atingiu os objetivos: “Teve uma presença muito boa de cooperados e de produtores. Deu para tirar dúvidas e ver vários materiais – um evento que veio para somar o conhecimento das pessoas”. Ele acrescentou que as áreas apresentadas no dia de campo serão colhidas e avaliadas. Comentando o assunto do momento – o clima –, o produtor rural contou que a região de Cantagalo tem visto veranicos nos últimos quatro anos. Em sua opinião, diante de altas temperaturas e pouca chuva, todos os materiais acabaram sendo prejudicados. Mas Fritz disse ver que lavouras de soja pós trigo teriam sentido menos os efeitos da conjuntura climática.
Armazenagem
Silos de alta capacidade Engº. Marcio Geraldo Schäfer Paraná Silos Representações Ltda. marciogeraldo@ymail.com
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esta edição, iremos abordar uma tendência na armazenagem mundial: os silos de grande escala. As empresas presentes neste segmento estão investindo em tecnologia e aumentando, cada vez mais, a capacidade de armazenamento, permitindo a estocagem de altos volumes por meio do silo vertical. Este modelo concorre com armazenagem em graneleiro horizontal. A empresa brasileira Kepler Weber S.A. inovou novamente e desenvolveu um silo vertical com capacidade de 590 mil sacos ou 35 mil toneladas, como os seguintes diferenciais:
1. Espaço físico: como o silo é vertical, o volume de armazenamento por metro quadrado de terreno aumenta, viabilizando altas capacidades em espaço restrito. Isto minimiza os comprimentos de transportador e a distância percorrida pelo cereal. 2. Qualidade da armazenagem: a conservação por meio de aeração é muito mais eficiente, pois a coluna de cereal fica uniforme permitindo uma distribuição melhor do ar. Os respiros existentes nesta tecnologia realizam um fluxo de ar entre o cereal e o telhado, não permitindo a condensação e eliminando a queda de gotículas de água no produto armazenado, o que reduz os custos de manutenção do grão. Vide imagem (1). 3. Termometria: este silo informa o estado de conservação, por meio da medição da temperatura dos grãos, e o controle de estoque de forma mais eficiente.
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4. Utilização de rosca varredoura: minimiza a mão de obra e elimina a necessidade de utilização de máquinas na retirada final do produto armazenado. Com isso, o custo operacional e o trabalho insalubre é reduzido. Vide imagem (2). 5. Financeiramente: como o mercado exige um cereal com umidade de 14% b.u. e um nível específico de impurezas, este silo permite segurança na armazenagem com estas condições. No armazém graneleiro, a umidade é perigosa e normalmente essa porcentagem é reduzida, diminuindo o peso e em consequência a receita de venda. 6. O silo vertical ainda permite a segregação com mais eficiência, pois - quando colocada uma parede divisória em armazém graneleiro - o volume perdido é muito grande. Vide imagem (3). 7. Em algumas regiões específicas, o silo vertical pode ter algumas restrições de instalação, como é o caso de terrenos de resistência muito baixa, onde o custo da base pode inviabilizar a implantação. A Kepler Weber segue alguns padrões de segurança, inclusive em regiões sísmicas, além de assegurar resistência aos ventos de até 144 km/h. Por isso, cada caso deve ser analisado. 8. O formato e a vedação do telhado: ele é projetado para não permitir o acúmulo de impurezas nas vigas e a entrada de pássaros, aumentando a sanidade da unidade. 9. Uso de espalhador de grãos: permite uma distribuição uniforme do grão, evitando a formação de pontos de acúmulo de impurezas, altamente maléficos para a armazenagem. Vide imagem (4).
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Para visualização da montagem deste silo: http://www.youtube.com/watch?v=HSPh0yhsOb8
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Desempenho 2013
Coamo registra receitas globais de R$ 8,175 bilhões
O Em 2013 tivemos uma safra de verão recorde com preços bons, o que é uma combinação rara” Gallassini 96
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s associados da Coamo Agroindustrial Cooperativa aprovaram no dia 14 de fevereiro, na 44ª Assembleia Geral Ordinária (AGO) realizada em Campo Mourão, o balanço do exercício 2013 que apresentou receitas globais de R$ 8,175 bilhões e um crescimento de 14,3% em relação ao ano anterior. Centenas de produtores associados representando as regiões produtoras nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul participaram do evento realizado após uma série de 38 encontros (pré -assembleias) da diretoria com o quadro social nos meses de janeiro e fevereiro. Na AGO, os associados aprovaram também as sobras do exercício 2013 no valor total de R$ 519,7 milhões, que serão distribuídas a partir desta segunda-feira (17) a cada associado na proporção da sua movimentação com a Coamo no abastecimento dos insumos e na entrega da produção.
Safra recorde e bons preços
– O presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, avalia com muito positivo o desempenho da cooperativa em 2013, cujo faturamento foi o maior da história de seus 43 anos de existência. “Em 2013 tivemos uma safra de verão recorde com preços bons, o que é uma combinação rara. A Bolsa de Chicago estava com preços altos em função da pouca disponibilidade de produto nos EUA e o dólar continuava a trajetória de apreciação iniciada em 2012. No entanto, lamentavelmente as limitações logísticas absorveram parte do ganho, com encarecimento de frete rodoviário e fila de navios de mais de três meses nos portos.” Segundo Gallassini, “a segunda safra de milho também foi recorde, mesmo com os problemas provocados pelo clima adverso na colheita, com excesso de chuvas e geadas afetando a qualidade do produto”, explica, acrescentando que “o ritmo de venda dos produtores foi bem compassado, sem pressionar os preços para baixo e aproveitando-se das altas para comercializar.”
INVESTIMENTOS
O relatório da diretoria da Coamo destaca entre os principais fatos de 2013 as inaugurações do entreposto de Dourados e dos postos de recebimento em Cruzmaltina e Goioxim, além das modernizações e ampliações nas unidades de Araruna, Peabiru, Brasilândia do Sul, Janiópolis e Boa Ventura, e o início das obras do Moinho de Trigo. Durante 2013 a cooperativa promoveu investimentos de R$ 318,86 milhões, os quais melhoraram o recebimento, a armazenagem da produção e a qualidade no atendimento dos nossos associados.
RECEBIMENTO
ALIMENTOS
Os alimentos Coamo produzidos no parque industrial da cooperativa com as marcas Coamo, Primê, Anniela, Sollus e Dualis registraram faturamento de R$ 726,43 milhões.
EXPORTAÇÕES
As exportações de produtos agrícolas industrializados e in natura atingiram 2,56 milhões de toneladas e o montante de US$ 1,21 bilhão, que colocou a Coamo na 33ª posição entre as maiores empresas exportadoras do Brasil e a 1ª do agronegócio paranaense. As exportações foram realizadas através de Terminal Portuário próprio e de terceiros no Porto de Paranaguá no Paraná e pelos Portos de São Francisco do Sul em Santa Catarina e Rio Grande no Rio Grande do Sul. SOCIAL – Durante 2013 a Coamo promoveu 1.477 eventos nas áreas técnica, educacional e social, com o envolvimento de 49.494 participantes. A Coamo encerrou o ano com 26.276 associados, atendidos por 6.452 funcionários efetivos, sem contar os colaboradores temporários e terceirizados. Com relação a geração de impostos, taxas e recolhimentos, a cooperativa registrou o montante de R$ 269,25 milhões.
José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo
COOPERATIVISMO DE RESULTADOS
“O sucesso e os bons resultados obtidos pela Coamo deve-se a confiança e ao apoio dos nossos associados nas suas operações com a cooperativa e a dedicação, comprometimento e profissionalismo dos nossos funcionários. Agradecemos a todos pelas suas atuações que possibilitaram o bom desempenho alcançado pela Coamo em 2013”, comemora Gallassini.
Em 2013 a Coamo recebeu em sua estrutura adequada e ágil localizada em 116 unidades, estrategicamente instaladas em 67 municípios no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, um total de 6,80 milhões de toneladas de produtos agrícolas, correspondendo a 3,6% da produção nacional de grãos e fibras. A capacidade estática de armazenagem da cooperativa é de 4,58 milhões de toneladas a granel e 880,27 mil toneladas de ensacados.
INDUSTRIALIZAÇÃO
O Parque Industrial composto por duas indústrias de esmagamento de soja, refinaria e envase de óleo de soja, fábrica de gordura vegetal e margarina, moinho de trigo, torrefação e moagem de café e duas fiações de algodão industrializou em 2013 volumes da ordem de 1,53 milhão de toneladas de soja, 58,77 mil toneladas de trigo, 2,86 mil toneladas de café beneficiado e 10,03 mil toneladas de algodão em pluma. Revista do Produtor Rural do Paraná
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Show Rural
Produtores marcam presença em Cascavel
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os dias 05 e 06 de fevereiro, o Sindicato Rural de Guarapuava, com o apoio da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), levou mais de 200 pessoas ao Show Rural Coopavel, na cidade de Cascavel. Cinco ônibus saíram, lotados, das cidades de Guarapuava, Candói, Cantagalo e Foz do Jordão. Associados à entidade, profissionais do setor agropecuário e acadêmicos das ciências agrárias tiveram a oportunidade de conhecer as novas tecnologias ligadas ao meio rural durante o evento. O produtor rural Mário Bilek relatou que chamou a atenção o avanço das máquinas, como colheitadeiras, plantadeiras e tratores. “Cada ano são mudanças inacreditáveis”. Ele disse ainda que a iniciativa do Sindicato, por meio da Faep, de organizar caravanas é excelente, já que visa a atualização sobre novidades do setor. “Antes, ficávamos alheios às novidades do mercado. Ago-
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ra, cada ano está mais fácil de vir a eventos como esse e observar a evolução do meio rural”. A produtora rural Maria de Lourdes Tullio visitou o Show Rural pelo quinto ano consecutivo, mas mesmo assim se surpreendeu. “Eu fiquei impressionada com os maquinários e pude me atualizar quanto aos defensivos agrícolas. Fui a vários estandes que demonstravam a qualidade dos produtos”, conta. O prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho, também acompanhou as caravanas ao evento. “É fundamental os produtores rurais de Guarapuava participarem de eventos como esse, pois isso possibilita a trocar experiências para o crescimento da agricultura na região. Todo produtor que pretende se manter na ponta e se manter competitivo deve, sempre, participar de eventos como o Show Rural, buscando as melhores referências”, disse o prefeito.
Caravanas FAEP Todos os anos, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) patrocina caravanas de várias cidades do estado do Paraná para o Show Rural Coopavel. “Há anos a Federação, como parceira do produtor, proporciona essas viagens, para que o produtor tenha conhecimento de todas as novas tecnologias e os lançamentos que aqui acontecem”, afirma o vice-presidente da Faep, Nelson Teodoro de Oliveira. Neste ano, a Faep enviou, aproximadamente, 7.500 pessoas ligadas ao agronegócio para os cinco dias de Show Rural Coopavel.
Caravana Guarapuava
Nelson Teodoro de Oliveira
Caravana Candói
Caravana de Guarapuava. Prefeito César Silvestri Filho acompanhou os produtores rurais ao evento.
Show Rural O evento, que é realizado pela Coopavel (Cooperativa Agroindustrial em Cascavel), está em sua 26ª edição e é conhecido internacionalmente por difundir pesquisas e novas tecnologias do setor agropecuário, visando o aumento de produtividade no campo. Segundo a assessoria de imprensa do evento, o volume de negócios realizados durante o Show Rural Coopavel ultrapassou a marca de R$ 1,6 do ano anterior. Grandes negócios realizados durante a feira no setor de equipamentos, implementos, máquinas agrícolas, caminhões e automóveis. As empresas de sementes, fertilizantes e genética animal devem realizar excelentes negócios que iniciaram durante o evento, ao longo deste ano. O total de movimentação durante a 26ª edição do Show Rural Coopavel foi de R$ 1,8 bilhões.
Caravana Foz do Jordão
Caravana Cantagalo
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Medicina Veterinária
Inscrições abertas V Encontro das Inspeções Sanitárias e II Encontro de Saúde Pública do PR acontece em abril
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Sociedade Paranaense de Medicina Veterinária do Paraná- Núcleo Centro Oeste e a Delegacia do CRMV-PR de Guarapuava promovem o V Encontro Estadual das Inspeções Sanitárias e II Encontro de Saúde Pública do Paraná nos dias 10 e 11 de abril, em Guarapuava. O evento procura congregar as Inspeções Sanitárias Federal, Estadual e Municipais, Vigilâncias Sanitárias e Responsáveis Técnicos das empresas de Produtos de Origem Animal, para discutir assuntos relevantes no contexto atual. O encontro aconteceu pela primeira vez no Paraná em Guarapuava, em maio de 2006 e tem sido realizado bianualmente, sendo estimado para 2014 um público de 400 participantes. A justificativa para este encontro é que grande parte da economia paranaense e do PIB está
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baseada na produção agropecuária e existe a necessidade premente de dotar os profissionais com as ferramentas adequadas para garantir qualidade. O Núcleo de Médicos Veterinários e o Conselho de Medicina Veterinária do Paraná buscam a atualização dos profissionais ligados à empresas do ramo de processamento de produtos de origem animal, vigilâncias sanitárias e inspeções, oportunizando aos mesmos discussão de temas atuais e acesso a grandes profissionais da área que atuam no Brasil, sempre com a finalidade de salvaguardar a segurança alimentar e saúde pública e garantir à população acesso a alimentos saudáveis. Outras informações e inscrições no site: www. nucleovetguarapuava.com.br
Valor das inscrições:
Até 10/03/2014 R$ 200,00 Após 10/03/2014 R$ 250,00 Estudante com comprovação tem 50% de desconto no valor da inscrição. As inscrições podem ser feitas através do site: nucleovetguarapuava.com.br Comissão Organizadora: Maria Fernanda Fedalto Moraes Ana Lúcia Menon Helcya Mime Ishiy Hulse Margarete Kimie Falbo Renata Diniewicz Kate Aparecida Buzi
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Agricultura familiar
Feira do Produtor
faz sucesso em Guarapuava A feira é realizada na Paróquia São João Bosco e aposta na diversidade de produtos
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A produtora Janice Kuasnhaki Carneiro diz que chega a faltar produtos durante a feira
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uem não gosta de comprar uma verdura fresquinha ou então, um pão ou bolacha caseira, fugindo um pouco dos produtos industrializados? Em Guarapuava isso é possível na Feira do Produtor, que acontece todas às quintas-feiras, das 16h às 20h, na Paróquia São João Bosco. A feira é promovida pela Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento desde novembro de 2013. “Nossa intenção é fazer com que o agricultor, principalmente o agricultor familiar, possa ter mais uma opção de comercializar sua produção, fazendo com que ele possa ampliar a produção e a renda da propriedade. É uma alternativa de mercado, com garantia de venda. Outro objetivo é possibilitar a toda comunidade um lugar onde possam comprar produtos oriundos do agricultor, frescos, com qualidade e um preço acessível”, explica o secretário da Agricultura Itacir Vezzaro. Na feira, são vendidos somente produtos de Guarapuava. “Se o consumidor vier procurar banana, abacaxi ou mamão, por exemplo, não vai encontrar. Queremos dar a oportunidade ao produtor guarapuavano de vender sua produção para os guarapuavanos”.
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Ao todo, são 60 produtores que comercializam verduras, frutas, legumes, massas, pães, bolachas, doces, geleias e ainda artesanato regional. A Feira do Produtor também oferece uma praça de alimentação ao consumidor, ou seja, é possível sentar e comer um pastel, crepe, milho verde, tomar um suco e curtir o clima alegre que a feira proporciona. As pessoas também podem ficar tranquilas ao consumir os produtos da feira. A coordenadora Marcia Berbert conta que todos os produtores passaram e continuam com treinamentos e acompanhamento profissional, com médicos veterinários, nutricionistas e Vigilância Sanitária. A feira conta com a parceria de técnicos do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e da Agência de Desenvolvimento Regional do Extremo Oeste do Paraná (Adeop), que atende os produtores dos assentamentos e garante a qualidade da produção desses agricultores. “O retorno da comunidade tem sido ótimo. Basta olhar a quantidade de pessoas que vem todas as quintas-feiras aqui. São pessoas de todos os bairros, que ficam sabendo e acabam se tor-
Serviço
A feira acontece toda quinta-feira, das 16 às 20 horas, na Paróquia São João Bosco, localizada na Rua Padre Honorino João Muraro, 208, Vila Carli. Os produtores interessados em participar das próximas feiras podem procurar a Secretaria de Agricultura, que fica na Avenida Sebastião de Camargo Ribas, nº 2301, (Rodoviária). Outras informações pelo telefone (42) 3629-6112.
A consumidora Jucimara Rocha Mendes diz que é fiel à feira, vai toda semana
nando clientes fiéis”, comenta a coordenadora. O consumidor Jamil Stasiak mora no bairro Batel, mas mesmo com a distância, não perde um dia de feira. “Eu venho porque sei que aqui compro um produto fresco, de qualidade. No mercado, nem sempre encontro”. Jucimara Rocha Mendes mora próximo à Paróquia São João Bosco, no bairro Vila Carli e diz que além de encontrar produtos de qualidade, com um preço acessível, a feira é um ótimo projeto por também proporcionar o contato com as pessoas, um clima animado, que existia antigamente, mas que, com o tempo, se perdeu. “Sou fiel. Venho todas às quintas e acabo comprando um pouco de tudo. Aqui encontro pessoas conhecidas e aproveito para fazer um lanche na praça de alimentação. É muito bom”, elogia Janice.
Para o produtor rural Arani Hilário Santos, que comercializa hortaliças na feira, as vantagens são muitas. “Eu continuo vendendo para mercados, mas a feira é uma oportunidade a mais. Aqui tudo que eu trago, eu vendo. Posso oferecer um preço melhor e um produto melhor também ao consumidor, porque trago e vendo no dia”, afirma. Quem também está satisfeita é Janice Kuasnhaki Carneiro. “Falta mercadoria”, afirma a produtora de massas e pães, complementando que “na feira, posso fazer o meu próprio preço, obtendo uma renda melhor. Fico satisfeita ao ver que os consumidores gostam dos meus produtos”. A intenção da administração municipal é promover a feira em outras paróquias, em diferentes bairros. “Na segunda quinzena de fevereiro temos a intenção de ter a feira na Paróquia Santana. Nosso propósito ainda é ter 4 feiras semanais em Guarapuava. Além da São João Bosco e Santana, estamos estudando o bairro Santa Cruz e o centro da cidade”, afirma. Vezzaro diz que a ideia de realizar as feiras em paróquias é que as igrejas são locais feitos para (e pela) comunidade. “Geralmente são espaços bons, feitos para a utilização da comunidade. Além disso, nem o produtor, nem o poder público têm gastos com aluguel”. Também apoiam o projeto, a Central de Associações Rurais do Munícipio de Guarapuava (Carmug), a Associação dos Micro e Pequenos Empreendedores de Guarapuava (Ampeg), a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e a Prefeitura Municipal.
Itacir Vezzaro – Secretário Municipal da Agricultura e Idealizador da Feira
Marcia Berbert,
coordenadora da Feira do Produtor
Candói tem Feira do Agricultor Familiar A cidade de Candói agora possui a Feira de Produtos da Agricultura Familiar. Iniciada no dia 31 de janeiro, a feira está sendo realizada semanalmente, todas as sextas-feiras, das 16h às 20h, na Praça da Família. A feira está sendo realizada pela Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Em média, 15 produtores comercializam produtos agroecológicos transformados, como massas e pães e também o artesanato. Além disso, a feira conta com uma praça de alimentação com pamonha, sanduíche de charque, pastel, sucos, milho verde, entre outros. “Essa foi uma demanda dos próprios produtores, no ano passado. Por isso, começamos a nos mobilizar”, conta a extensionista da Emater, Terezinha Busanello Freire. Qualquer produtor pode participar, mas todos passam por acompanhamento da Vigilância Sanitária e técnicos da Emater. A maioria dos produtores rurais da feira participa de cursos oferecidos pelo Sindicato Rural - Extensão de Base Candói, através do convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). É o caso de Roseli Terezinha Ternovski, que produz massas e pães. Ela conta que sempre desejou que tivesse uma feira na cidade e quando o projeto foi idealizado, fez os cursos para melhorar a qualidade de seus produtos. “Fiz vários cursos, o último de panificação. Aprendi a fazer os produtos todos de uma forma manual e com uma qualidade excelente”, conta.
Terezinha Busanello Freire –
Extensionista da Emater e uma das coordenadoras da Feira
A produtora de massas Roseli Terezinha Ternovski conta que há anos
esperava pela Feira na cidade
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Sindicato Rural
Anuidade vence
dia 10 de março
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Sindicato Rural de Guarapuava já enviou aos associados o boleto da anuidade sindical. No valor de R$ 150,00, a taxa, até o dia 10 de março, possui desconto de R$ 40,00. O boleto pode ser pago em qualquer agência bancária, casas lotéricas, ou ainda por meio de transferência eletrônica, para conta no Banco do Brasil ou Sicredi (Banco do Brasil nº 001 Ag. 02992 c/c 80111-9 Sicredi nº 748 Ag. 703 c/c 2133-4). Segundo a gerente da entidade, Luciana de Queiroga Bren, para os associados, manter-se em dia com a anuidade significa contar com vários serviços prestados pelo sindicato e por suas extensões de base em Candói/Foz do Jordão e Cantagalo. Um deles é a orientação para o preenchimento do formulário do Imposto Territorial Rural (ITR). “Todo ano, o imposto tem modificações, novidades. Noventa dias antes do início do preenchimento, funcionários da entidade vão à Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), em Curitiba, participar de treinamento de atualização sobre o ITR”, comentou. No setor de atendimento ao associado, Murilo Lustosa Ribas ressaltou que, entre outros serviços, destaca-se a emissão de documentos importantes para o dia a dia no campo, como o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), o Ato Declaratório Ambiental (ADA), exigido pelo IBAMA, além de certidão negativa para o Instituto Am-
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biental do Paraná (IAP). “Nós temos um convênio com o IAP e isso agiliza o trâmite”, explicou. Outro documento emitido pela entidade é a Declaração de Aptidão para o PRONAF (Dap), que o agricultor encaminha ao banco para solicitar financiamento daquele programa governamental. No dia a dia, ele recordou que o sindicato rural tem outro papel de destaque, realizando a gestão das folhas de pagamento das propriedades rurais de vários de seus associados, e oferecendo ainda assessoria jurídica voltada para questões trabalhistas e previdenciárias. A aposentadoria rural no regime familiar é outro tópico de relevância. Ribas informou que funcionários do sindicato estão participando de cursos, junto à Previdência, para que a entidade possa se capacitar a alimentar o sistema previdenciário com informações de cada produtor associado. A vantagem disso, segundo explicou, é que, no momento de requerer sua aposentadoria, o agricultor terá todas as suas informações já no sistema da Previdência, o que visa contribuir para tornar os processos mais ágeis. Entre os serviços oferecidos pelo sindicato, estão as palestras técnicas promovidas pela própria entidade, com o objetivo de difundir informações que ajudem os associados a fortalecer seu negócio, seja na rentabilidade ou na tecnologia. O associado também tem acesso à sala do produtor (espaço para a leitura de jornais, revistas e conexão com a Internet) e recebe, gratuitamente, a Revista do Produtor Rural do Paraná (publicação bimestral do sindicato, abordando temas da agropecuária).
Destaca-se também o projeto Identidade Sindical. Com a carteira de sócio, o produtor rural tem descontos em produtos e serviços junto a empresas de Guarapuava, Candói e Cantagalo. O Sindicato também conta com a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar -PR), que visa promover a formação profissional e a promoção social dos trabalhadores rurais e seus familiares, propiciando o ingresso e a permanência no mercado de trabalho, além de o aumento da renda, a qualidade de vida e a cidadania do homem do campo.
Representatividade e conquistas O Sindicato Rural é a voz e a força do produtor rural. Sua missão é defender, por todos os meios legalmente constituídos, os direitos do empresário rural, com os objetivos de coordenar, defender, proteger e representar a categoria, independentemente do tamanho da propriedade e do ramo de atividade. O presidente da entidade, Rodolpho Luiz Werneck Botelho, destaca que o sindicato é o representante legal da categoria. “Por isso, a sua atuação vai muito além dos serviços prestados na sede ou nas extensões de base”, explica. Em 2013, o Sindicato Rural de Guarapuava participou, juntamente com a FAEP, de reuniões importantes para o setor rural, em Curitiba e Brasília, atuando em questões ligadas ao agronegócio, à economia e sociedade paranaense. Vale citar algumas dessas conquistas: apoio do Governo do Estado para liberação automática pela Secretaria de Agricultura dos defensivos aprovados em nível federal, dando maior agilidade aos processos; abolição do Sisleg e isenção da liberação ambiental para silos de até 7.500 toneladas. N o âmbito federal, o Sistema enfrentou a invasão de propriedades por supostos índios em Guaíra e Terra Roxa, fazendo o governo suspender as demarcações das áreas, mas sem garantir a reintegração de posse de propriedades invadidas e o afastamento da FUNAI da região. A FAEP solicitou, mais uma vez, política para o trigo, mas o governo isentou de impostos as importações do cereal do Canadá e Estados Unidos, portanto fora do Mercosul. O Sistema ainda se manifestou na Assembleia Legislativa pela redução das tarifas de pedágio e pela realização de obras. Também apoiou as Parcerias Público-Privadas, no que diz respeito a duplicação da rodovia entre Maringá e Francisco Alves. A FAEP também contratou vários estudos na área de logística, entre eles, um sobre o porto de Paranaguá e a participação do custo do frete marítimo. Cadastro Ambiental Rural, o CAR, foi outro tema amplamente discutido pelo Sistema em 2013.
Diretoria do Sindicato Rural de Guarapuava em reunião na sede da entidade. Ao fundo, o presidente Rodolpho Luiz Werneck Botelho.
Anton Gora (3º da esq. para dir.) em reunião com a presidente da CNA, Kátia Abreu (ao centro), em Brasília
Anton Gora com representantes da FAEP, Eleutério Czornei e João Luiz Rodrigues Biscaia
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Campanha de Natal Produtor Solidário
Brinquedos para crianças de comunidades rurais
N
o dia 16 de dezembro de 2013 foi realizada a entrega de brinquedos doados por produtores rurais para a Campanha de Natal Produtor Solidário, promovida pelo Sindicato Rural de Guarapuava. Uma das entidades beneficiadas foi a Escola Municipal Vila Palmira, localizada no distrito de Palmeirinha. A escola atende aproximadamente 150 alunos carentes de comunidades rurais. “Vieram todas as crianças para receber os brinquedos e é possível notar como eles estão ansiosos. A comunidade é bastante carente e a maioria não iria ganhar nada de Natal. Nós só temos que agradecer o Sindicato Rural pela campanha e pela doação dos brinquedos, feita por seus associados”, disse a diretora da escola, Terezinha Marciliano Borodiaki. “Nós indicamos essa escola em especial para esta campanha, porque é de fato uma escola 100% rural e os alunos são muito carentes. São filhos de pequenos produtores e trabalhadores rurais. Esta parceria possibilitou deixarmos o Na-
Doação de brinquedos na Escola Palmeirinha
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tal dessas crianças um pouco mais alegre”, afirmou a secretária de Educação, Doraci Luy, que prestigiou a entrega dos brinquedos. No dia 18 de dezembro de 2013, a Campanha de Natal Produtor Solidário beneficiou crianças da Escola Municipal União Brasileira, que fica no Faxinal dos Fiúzas. “Queremos agradecer por essa ação do Sindicato Rural, que está fazendo o Natal dessas crianças mais alegre. Elas ficaram felizes só de saber que iriam ganhar os brinquedos, imagine quando estiverem brincando”, contou a professora Bernadete Aparecida da Cunha Galinski. Além dos brinquedos, as crianças também receberam um lanche especial do Sindicato Rural, com bolo, salgadinhos e refrigerante. Na Extensão de Base do Sindicato Rural em Cantagalo também foi realizada a entrega de brinquedos no dia 18 de dezembro de 2013. Os brinquedos doados por associados e funcionários da entidade foram entregues para a coordenadora da Pastoral da Criança do município, Evanira Pereira, que ficou responsável pela distribuição.
Doação Cantagalo
Entrega de brinquedos em Faxinal dos Fiuzas
Cestas básicas O Sindicato Rural de Guarapuava realizou mais uma ação social no mês de dezembro. Desta vez, foram doadas cestas básicas e de Natal para a Secretaria Municipal da Mulher. As cestas foram doadas pelos associados e por empresas parceiras do Sindicato Rural. A assistente social da Secretaria, Cláudia Chimiloski, conta que as cestas foram destinadas a mulheres carentes, vítimas da violência doméstica. “Existem muitas mulheres nesta situação de violência. Elas acabam se separando dos maridos e não têm condições de manter a família”, ressaltou.
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Produtor em
destaque
Rodrigo Schneider
Novos
s贸cios Eleda Bochnia Gomes
Valderi Muzzolon
Vandeci Jos茅 F. de Lima
Ivaldino Andreghetto
Martin Ant么nio Rodacki e Cia Ltda.
Cursos Senar
Guarapuava
Curso: Trabalhador na segurança do trabalho Primeiros Socorros.
Curso: Produção Artesanal de Alimentos Básico em soja
Data: 23 e 24 de janeiro Instrutor: Josias Barros Local: Fazenda Curucacá
Data: 28 e 29 de janeiro Instrutora: Denise Bubniak Local: Assentamento Paiol de Telha / Col. Socorro
Curso: Trabalhador na Classificação de Grãos Integrados de Grãos
Curso: Trabalhador na Produção Artesanal de Alimentos- Programa APOEMA- Derivados de Mandioca
Candói
Data: 10/02 a 13/02 Local: Coacan Instrutor : Alceu Zeno Heltka Parceria: Coacan
Local: Salão Paroquial da Igreja São Pedro Apóstolo Instrutor : Denise Bubniak Parceria: APAE de Foz do Jordão.
Cantagalo
Curso: Básico em Bambu Data: 16 e 17 de dezembro Local: Extensão de Base de Cantagalo Instrutora: Lindomar Pereira Parceria: Assistência Social
Curso: Produção Artesanal de Alimentos Básico em Milho Periodo: 6 e 7 de fevereiro Instrutora: Margarida Weiss Bocalon Parceria: Secretaria de Educação Local: Extensão de base do Sindicato Rural Cantagalo
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ens e t & s d i k l Espaรงo rura
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1. Aline Araújo C. Fernandes (6 anos), filha de Marins e Ormi curtindo as férias na Fazenda do Vô Ozires em Guaraniaçu. 2. Glória Luzia Franciosi Limberger (7 anos), filha de Geraldo Elias Limberger e Patricia Raquel Franciosi Limberger, na Chácara Bom Pastor, do vovô Huberto José Limberger 3. João Pedro Scheuer Kramer, filho de Kleyton Kramer e Danielli. 4. Pietro Giovani Franciosi Limberger (10 anos) com seu primo Diogo Limberger Folador (9 anos) 5. João Pedro Scheuer Kramer Filho de Kleyton Kramer e Danielli com o primo João Vitor Kramer Rundbuchner, filho de Dante Rundbuchner e Karen Kramer. 6. Enrico Botelho de Piccoli (3 anos), filho de André Piccoli da Silva e Mariane Werneck Botelho no jardim da Fazenda Capão Redondo. 7. Os primos passeando de charrete no Hotel Fazenda Dorizzon: na frente, Pietro Limberger (3 anos), Julia F. Gelinski (6 anos), Glórinha Limberger (1 ano), Gabriel Limberger (5 anos) e Maria Luiza F. Gelinski (7 anos). 8. Gabriel Elias Franciosi Limberger (12 anos), filho de Geraldo Elias Limberger e Patricia Raquel Franciosi Limberger na Chácara Bom Pastor, do vovô Huberto José Limberger. 9. Filippo Botelho de Piccoli, filho de Mariane Werneck Botelho e André Piccoli da Silva, em 2010, na Fazenda São Carlos - Roncador/PR. 10. Matheus Zentner Perin (5 anos), filho de Juares Roque Perin e Elisandra D. Z. Perin na colheita na Fazenda Noricum, de Wienfried M. Leh. 11. Max Augusto Kuster Filho (16 anos), filho de Max A. Kuster e Amália R. Alves Teixeira e Mariana Iatskiv Serpa (16 anos), filha de Dario Caldas Serpa e Monalisa I. Serpa, no CTG Fogo de Chão. 12. Pedro Henrique da Silva Vanzini (6 anos), neto do associado Roni Antonio Garcia da Silva que, em férias por Guarapuava, aproveitou para passar o dia no sítio do avô. 13. Laureana Gonçalves Alves Teixeira (10 anos), filha de Patricia G. G. Teixeira, na Exposição de Pato Branco/PR.
: o e-mail r a r a p o t a fo om.b Envie su o@srgpuava.c
caca comuni
14. Vitória (3 anos), filha de Robercil e Patricia Teixeira, ajudando o papai no plantio de batata. 15. Leonardo Leite Gomes da Silva (7 anos), filho de Washington Gomes da Silva e Carolina P. Leite Gomes da Silva em uma lavoura de trigo no distrito de Palmeirinha/Guarapuava. Revista do Produtor Rural do Paraná
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Profissionais em destaque
Confira alguns parceiros do Projeto Identidade Sindical 2014. Apresente a carteirinha de sócio do Sindicato Rural de Guarapuava e ganhe descontos nestes estabelecimentos comerciais!
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Andressa Scheidt Martins
Jorge Antônio Pereira
FISIOCLIN
AGROCENTER
Juliana Trevisan Barbosa da Silva
Leandro Ribeiro
GALPÃO DO BOIADEIRO
BETO AGRO CORRETORA DE CEREAIS
Lindolfo Eidam
Samuel Fernandes dos Santos
AGROTATU
GUARAFER TINTAS E ACESSÓRIOS
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Foto: Manoel Godoy
8 DE MARÇO A todas mulheres do setor agropecuário, nosso respeito, admiração e reconhecimento. Feliz Dia da Mulher!
Na foto: Neusa Silveira Vier e Alice Schotten Jurgovski
www.srgpuava.com.br Revista do Produtor Rural do Paraná
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Março
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Amantino José de M. Taques Dario Cebulski Dilcéia Maria A. Espinola Janete Ap. Honório Sprotte Josef Zimmermann Edegar Leh Alessandro Illich Carlos Eduardo Rickli Joana Lopes de Araújo Teófilo Martin Valdomiro Kava Albert Korpasch Eugênia Paczkowski Johann Geier Maria de Jesus R. Cordeiro Hugo Martinazzo Jorge dos Santos José Massamitsu Kohatsu Josef Karl Marcos Francisco A. Martins Natascha Abt Herminio Minoru Kaneko Joceli Vetorassi Nézio Toledo
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Fábio Roberto Lustosa Luiz Lechackoski Moacir Antônio Nervis Wienfried Matthias Leh Diovani Silvestrin Inês Maria Cleto Pacheco Wendelin Hering Armando Virmond de Abreu Emiria Nakano João Sebastião Stora José Mendes Cordeiro Nelson Mugnol Rafael Dautermaann Berling Roman Keller Rodolpho Tavares de J. Botelho Gabriel Gerster Gerhard Josef Wilk Cláudio Marath João Luiz Schimim Celia Regina Carollo Silvestri Graziela Gerster José Acyr dos Santos Mathias Zehr Cláudio Virmond Kiryla
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Dario Caldas Serpa Mail Marques de Azevedo Adriano Pereira Subira Dirceu Fabrício Hermann Josef Scherer José Amoriti Trinco Ribeiro Wiliam Rickli Siqueira Jackson Fassbinder Lorival Hirt Neiri Lopes de Almeida Nelvir de Jesus Gadens Ana Hertz Giovane Ivatiuk Hildegard Abt Roth Horst Schwarz Adolf Duhatschek Erich Scheschowitsch Laury Luiz Kunz Renato Augusto Macedo Cruz Solange Ribas Cleve Vanderlei Ramires Diego Luiz Begnini Ernest Milla Helga Reinhofer Illich
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João Adalberto Moss Lincoln Campello Pedro Konjunski Sobrinho Anton Keller I Bruno Reinhofer Daniela Baitala Polli Losso Kluber José Ewaldo Fagundes Schier Ladir Zanella Marielle Martins Marcondes Rafael Marcondes Trombini Alex Franz Oster David Kluber Erika Hildegard Duch Illich Evald Zimmermann Marcos Martins Antonio Thamm Vaterlo Haeffmer Adilson Karam Júnior Celso Marcelo Maciel Odilon Casagrande Pellisson Kaminski Milton Luiz do Prado Aristeu Vuicik Francisco Armando Martins Lima Luiz Carlos Colferai Jaciel do Valle
Abril
Aniversariantes
01/04 02/04 02/04 03/04 03/04 03/04 03/04 03/04 03/04 04/04 04/04 05/04 05/04 05/04 05/04 05/04 06/04 06/04 06/04 06/04 06/04
Josef Siegfrid Winkler Hermann Weigand Lilian Maria B. Dacorégio Alaor Sebastião Teixeira Alfredo Bernardini Arnaldo Stock Júnior Joair Mendes Pereira Júnior Josef Pfann Filho Stefan Buhali Eduardo Vollweiter Hermine Leh Adelaide Ap. P. Zanona Carla Renata A. Lustosa Francisco A. Caldas Serpa Luiz Carlos Schwarz Ricardo Marcondes Teixeira Ana Maria Lopes Ribeiro Celso Carlos Carollo Silvestri Luciana Vargas Roberto Keller Roberto Korpasch
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Carlos Eduardo M. Ribas Rafael Majowski Gunther Gumpl Paulo Cesar Muzzolon Roberto Cesar M. de Araújo Martin Heiser Nelson Batista de Almeida Romeu Felchak Amarilio A. de Oliveira Kruger Herbert Keller Ciro Cezar Mendes Araújo Maria das Graças M. Teixeira Sidnei Ferreira da Silva Andreas Milla I Marcelo Ferreira Ransolin Rozendo Neves Valdomiro Kaveski Alberto Tokarski Guilherme Illich Ricardo Martins Kaminski Rodrigo Castelini
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Adelcio Granemann Fritz Onair Rodrigues de Bairros Anton Annas Roland Jung Valdir Antoninho Dezingrini Wolfgang Mullerleily Harald Korpasch Helmut Keller Helmuth José Seitz Moyses Kaminski Anton Fassbinder Júnior Carlos Bodnar Edio Sander Fernando Ruiz Dias Júnior Heinrich Siegmud Stader José Szemanski Filho Morel Lustosa Ribas Josef Schwemlein Dalton Cezar Martins Queiroz Manfred Stefan Spieler
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Romancite José Silvério Carlos Eduardo Ribas de Abreu José Henrique C. Lustosa Leônidas Ferreira Chaves Filho Garcia de Matos Cardoso Hermann Karly Estefano Kich José Martyn Paulo Henrique C. Klopfleisch Ralf Karly Serlei Antônio Denardi Stefan Gerster Filho Wilson Carlos Haas Gunter Reichhardt Otávio Batista Priscila Zanatta Huberto José Limberger Moacir Kenji Aoyagui Acyr Loures Pacheco Filho Jairo Luiz Ramos Neto
Confira a agenda de eventos agropecuários: 40ª ExpoUmuarama
Umuarama (PR) 13 a 23 de março www.expoumuarama.com.br
(44) 3621-9500
Agronegócio Brasil 2014 Palmeira (PR)
19 a 22 de março www.feiraagronegocio.com.br
(41) 3203 1189
Palestra A arte da Sedução
27 de Março Promoção: Racco Anfiteatro Sindicato Rural de Guarapuava Ingressos à venda no Sindicato Rural de Guarapuava, organizadores e apoiadores do evento.
(42) 3624-9455 114
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10º Leilão de Fêmeas (Feira) e Reprodutores da Raça Caracú
23 de março Palmas (PR)
(46) 3263-1632 ou (46) 3262-5839
3º Encontro Estadual das Inspeções Sanitárias do Paraná
Anfiteatro Sindicato Rural de Guarapuava 10 e 11 de abril Inscrições e informações: www.nucleovetguarapuava.com.br
(42) 3623-2234
março/abril
2014
42ª Exposição Feira Agropecuária e Industrial – Efapi
Santo Antônio da Platina (PR) www.efapiexpo.com.br
(43) 3534-6141 ou (43) 3534-3084
54ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina
Londrina (PR) 3 a 13 de abril www.expolondrina2014.com.br
(43) 3378-2000
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