Dentre as ações culturais desenvolvidas pelo Sesc destaca-se o incentivo à criação, ao registro e circulação de artistas que vivenciam a memória musical brasileira, experimentando e produzindo novos repertórios. Nos trabalhos lançados pelo Selo Sesc, a interação entre a nova geração de músicos e os consagrados talentos é ponto fundamental para o diálogo e a troca sobre o fazer música no Brasil. Com apurado senso estético, o maestro Moacir Santos foi um dos maiores compositores e arranjadores da música instrumental brasileira. Partindo de sua origem nordestina, ele criou uma inusitada fusão entre as sonoridades africanas e as harmonias jazzísticas, resultando em uma música extremamente inventiva. O Projeto Coisa Fina, que completa dez anos, foi criado a partir da admiração de jovens músicos pela obra de Moacir Santos. Por isso o prefixo “projeto”, pois a ideia inicial era apenas apresentar, para novas plateias, a música pouco conhecida do maestro pernambucano que fez carreira nos Estados Unidos. Mas esse mergulho na obra de Moacir Santos acabou rendendo outros frutos: além de um disco em homenagem ao maestro e shows ao redor do mundo, criou também no grupo o desejo de promover outros compositores brasileiros e, ao mesmo tempo, incentivar a produção de novos autores. Assim, neste disco, composições de nomes consagrados como Mozar Terra, Theo De Barros ou Jacob do Bandolim ganham novos arranjos e dividem espaço com temas do jovem Henrique Band ou Marcelo Vilor, numa acertada mistura que além de homenagear nossos mestres abre espaço para que a tradição da música instrumental continue viva. Com mais este trabalho, o Sesc reafirma seu compromisso com a diversidade e com o diálogo entre inovação e tradição, fomentando novas alternativas de contato com o histórico e o contemporâneo. Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo
Among the cultural activities developed by Sesc, some that stand out are the encouraging of creation, recording and circulation of artists who experience Brazilian musical memory by experimenting and producing new repertoires. In the works released by the Selo Sesc, the interaction between the new generation of musicians and established talents is a key issue for dialogue and exchanges about making music in Brazil. Conductor Moacir Santos, having a refined aesthetic sense, was one of the greatest composers and arrangers of Brazilian instrumental music. Inspired by his northeastern origin, he created an unusual fusion of African sounds and jazz harmonies, resulting in extremely inventive music. The Projeto Coisa Fina, which is now ten years old, was born out of young musicians’ wonder at the work of Moacir Santos. Thus the word “projeto” (project): the initial idea was just to present to new audiences the little-known music of the conductor from Pernambuco who made his career in the United States. But diving into the work of Moacir Santos yielded other fruits: in addition to a CD as a tribute to the conductor and shows around the world, it also created in the group a desire to promote other Brazilian composers, and at the same time, to encourage the production by new authors. Thus, on this record, works by well-known composers such as Mozar Terra, Theo De Barros or Jacob do Bandolim are presented in new arrangements and share the space with themes by young Henrique Band or Marcelo Vilor, in a first-rate combination that in addition to honoring our masters makes room for the instrumental music tradition to stay alive. With this new work, Sesc reaffirms its commitment to diversity and to the dialogue between innovation and tradition, promoting new alternatives of contact between historical and contemporary works. Danilo Santos de Miranda Regional Director of Sesc São Paulo
No território do imaginário, a Big Band é o futebol de várzea da música brasileira: um lugar de paixão e doação em que a arte está preservada sem qualquer cálculo planejado em relação aos aspectos comercias ou qualquer estratégia que não seja a pura e simples paixão por realizar a criação e a vivência a partir de um grupo. O Projeto Coisa Fina, banda que iniciou o Movimento Elefantes, surgiu há alguns anos a partir da redescoberta no Brasil da música de Moacir Santos. Tratava-se de um grupo de jovens instrumentistas encantados com a sofisticação e ao mesmo tempo a profunda conexão rítmica com a tradição afro-brasileira que Moacir estabeleceu em sua obra, composta principalmente entre os anos 60 e 70 do século passado. Creio que a música de Moacir Santos é em si uma escola, com suas inovações, descobertas e riquezas acumuladas. É uma música toda escrita, mas ao mesmo tempo soa como se estivesse sendo criada naquele momento – é assim um paradoxo e um encantamento. O desafio que este grupo trouxe pra si me pareceu algo bastante inteligente e os preparou muito bem para este segundo projeto, que vai em busca de novas referências, não somente apresentando a obra de outros grandes compositores e arranjadores da música brasileira, mas também apontando alguns caminhos futuros. Isso se estabelece logo na abertura: Alforria é um olhar contemporâneo das possíveis sonoridades de uma big band no Brasil, sem deixar de fazer menção à herança de Moacir Santos que, aliás, está presente na adaptação de Amalgamation. Nela, a base nunca estabelece um padrão comum, está sempre em movimento, movendo a terra por baixo, alterando e enriquecendo a melodia e os contracantos. É uma das revoluções deste grande compositor. Este disco visita também outras importantes referências, como o clássico dos clássicos Asa Branca – quase um hino nacional –, aqui apresentada como um estudo de possíveis cores, harmonias e timbres.
Angola, um tema de sabor afro mas também com um quê de latino, avisa-nos que uma das funções mais importantes de uma banda é botar o povo para dançar, o que se confirmará na faixa de encerramento, Assanhado. Aqui nos é apresentada uma das facetas mais importantes de uma big band no Brasil, a orquestra de gafieira, que volta a nos aproximar da ginga e do futebol mencionados logo no início e também de algo que temos em profusão em nossa terra – mas que por muitas vezes esquecemos: suingue, leveza e muita competência. Para mim é uma alegria acompanhar o desenvolvimento deste grupo e ver também de que maneira eles seguem a trilha deixada por criadores que foram e ainda são fonte de inspiração e renovação para novas gerações. Na verdade a música sempre vence. Benjamim Taubkin pianista, compositor, arranjador e produtor musical
Within the realm of the imaginary, a big band in Brazil can be like the neighborhood courts where one plays street soccer: a place of passion and sharing, where art is preserved without any planned calculations regarding commercial aspects or any strategy that is not pure and simple passion to accomplish creating and experiencing as a team. Projeto Coisa Fina, the band that started the São Paulo based big bands movement Movimento Elefantes, was formed a few years ago because of the rediscovery of Moacir Santos’ music in Brazil. They were a group of young instrumentalists bedazzled with the sophistication and the profound rhythmic connection to the Afro-Brazilian tradition in his work, composed mainly during the 60s and 70s of the last century. I believe the music of Moacir Santos is a school itself, with its innovations, discoveries and amassed musical riches. It’s all written but it also sounds as if it were being created in the moment – it’s a paradox and an enchantment. The challenge this group accepted seemed to me something of great intelligence and it has prepared the musicians very well for this second project, which searches new references, not only presenting the work of other great Brazilian composers and arrangers but also pointing towards future paths. That is established right in the opening track: Alforria is a contemporary look on the possible sonorities of a Brazilian big band with allusions to Moacir Santos’ legacy. In fact, his music is present in the adaptation of Amalgamation. On this track, the groundwork never establishes a common pattern and is always moving, moving the earth underneath, altering and enriching melodies and countermelody. It is one of this great composer’s revolutions. This record also visits other important Brazilian references like the traditional Asa Branca – almost a national anthem – presented here as a study on possible colors, harmony and timbre.
Angola is an Afro-flavored song with a Latin zest, which reminds us that one of the most important roles of a band is to get everybody on the dance floor. This will be corroborated on the closing track, Assanhado. They present here one of the most important facets of Brazilian big band music, the gafieira orchestras – the bands that fuelled the ballroom samba dancing in the 40s and 50s. This brings us back to the soccer metaphor mentioned earlier and to somethings we have in abundance in our land but often forget: swing, lightness and a lot of competence. It is a joy for me to keep track of this band’s growth and watch in what ways they follow the trail left by the creators who were and still are a source of inspiration and renewals to the new generations. As a matter of fact, music always wins. Benjamim Taubkin pianist, composer, arranger and producer
Músicos/Musicians
Ivan de Andrade
sax alto, clarinete, flautim alto saxophone, clarinet, piccolo
Walmer Carvalho
sax tenor, sax soprano, flauta tenor and soprano saxophone, flute
Daniel Nogueira
sax tenor, flauta tenor saxophone, flute
Bira Junior
sax barítono, clarinete, flauta baritone saxophone, clarinet, flute
Amilcar Rodrigues
trompete, flugelhorn trumpet, flugelhorn
Diogo Duarte
trompete, flugelhorn trumpet, flugelhorn
Odirlei Machado trombone/trombone Abdnald Santiago trombone baixo/bass trombone Marcelo Lemos guitarra/electric guitar Fábio Leandro piano/piano Rafael Ferrari contrabaixo acústico/double bass Matheus Prado percussão/percussion instruments Mauricio Caetano bateria/drums
1 Alforria (Henrique Band) BRSC41400067 2 Fulô
do Araçá (Marcelo Vilor) BRSC41400068
3 Ascensão (Mozar Terra) BRSC41400069 - Moema Terra Vieira 4 Angola (Theo De Barros e Paulo César Pinheiro) BRSC41400073 - Cordilheiras (Tapajós)
5 Partido (Edson Alves) BRSC41400072 6 Assanhado (Jacob do Bandolim) BRSC41400074 - Universal MGB / ADDAF 7 Asa
Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) BRSC41400071 - Fermata do Brasil
8 Amalgamation (Moacir Santos) BRSC41400070 - 100% Copyrights Consultoria
Gravado entre os dias 11 e 15 de Agosto de 2014 no Estúdio Gargolândia (SP) Recorded between 11-15 August 2014 in Gargolândia Mixagem/Mixing Gustavo Pimentel Masterização/Masterization Homero Lolito Direção musical/Musical direction Ivan de Andrade Direção artística/Artistic direction Daniel Nogueira Produção executiva/Executive producer Euforia Produções Participação especial/Guest star Henrique Band em Alforria Arranjadores/Arrangers Ivan de Andrade (faixa/track 6), Theo De Barros (faixa/track 4), Edson Alves (faixa/track 5), Fábio Leandro (faixas/tracks 3 e 7), Daniel Nogueira (faixa/track 8) e Henrique Band (faixa/track 1) Projeto Gráfico/Graphic design Catarina Cavallari Arte-finalização e Fechamento de Arquivos/Finalization and closing of graphic files Alexandre Amaral Fotos/Photos André Albuquerque Tradução e Revisão de Textos/Translations and proofreading Gabriela Maloucaze Tradução texto Benjamim Taubkin/Benjamim Taubkin’s translation Mauricio Caetano Agradecimentos/Acknowledgement Benjamin Taubkin, Henrique Band, Theo De Barros, Edson Alves, Marcelo Vilor, Sineval Rodrigues, Sidnea Rodrigues, Angela Lemos, Moema Terra Vieira, André Albuquerque, um agradecimento especial a/ special thanks to Rafael Altério, Rita Altério, Thiago Monteiro, toda equipe da/staff Gargolândia e a Vinicius Pereira, essencial para concepção desse disco/essential to the conception of this CD. À música brasileira e seus autores que tanto nos inspiram/We owe Brazilian music and its composers who inspired us so much. www.projetocoisafina.com - www.facebook.com/projetocoisafina
SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO SOCIAL SERVICE OF COMMERCE Administração Regional no Estado de São Paulo Regional Administration in the State of São Paulo Presidente do Conselho Regional/Regional Council President Abram Szajman Diretor Regional/Regional Director Danilo Santos de Miranda Superintendentes/Assistant Directors Comunicação Social/Social Communication Ivan Paulo Giannini Técnico-Social/ Technical-Social Joel Naimayer Padula Administração/Administration Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento/Technical Consulting for Planning Sérgio José Battistelli Gerente de Artes Gráficas/Graphic Design Manager Hélcio Magalhães Gerente Adjunta/Deputy Manager Karina Musumeci Assistente/Assistant Érica Dias Selo Sesc/Sesc Record Label Gerente do Centro de Produção Audiovisual/Audiovisual Production Center Manager Silvana Morales Nunes Gerente Adjunta/Deputy Manager Sandra Karaoglan Coordenador/Coordinator Wagner Palazzi Produção/Production Igor Pirola, Ricardo Tifona Comunicação/Communication Alexandre Amaral, Raul Lorenzeti, Renata Wagner Administrativo/Administration Katia Kieling, Thays Heiderich, Yumi Fujihira
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