TrĂŞs no Samba AndrĂŠ Mehmari, Eliane Faria & Gordinho do Surdo
1 Corra e olhe o céu 2 Água do rio (só resta saudade) 3 Direito de sambar 4 Alvorecer 5 O quitandeiro 6 A mesma rosa amarela 7 Rugas 8 Doce veneno 9 Na cadência do samba 10 Heróis da liberdade 11 Renascer das cinzas 12 Esses moços
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eduzir a música a seus elementos mais básicos. Fazer toda a grandeza, harmonia, ritmo e melodia dos clássicos do samba caberem em uma diminuta e delicada formação de voz, piano e surdo, sem deixar de lado sua potência, encanto e beleza. Essa é a ideia por trás de Três no Samba, criada na mente inquieta de João Carlos Botteselli, ou como é mais conhecido, Pelão. E quem conhece um pouco da história da música popular brasileira, sabe que não é prudente ignorar uma ideia do Pelão, por mais inusitada que ela nos pareça a primeira vista. Afinal, é seu nome que aparece estampado na contracapa de alguns dos mais importantes discos da nossa música popular, como os trabalhos por ele produzidos de Cartola, Nelson Cavaquinho, Adoniram Barbosa, Raphael Rabello, Donga, ou Radamés Gnatalli. Assim, de pronto aceitamos a parceria para a produção desse trabalho, que traz na voz de Eliane Faria toda a tradição do samba, herdada de família. Para acompanhá-la, Pelão convidou o pianista André Mehmari, cuja reconhecida habilidade técnica nunca deixa de nos surpreender, e Gordinho do Surdo, celebrado no meio musical como o mestre do instrumento. O resultado é essa beleza que vocês tem em mãos. Boa escuta! Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo
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arte do bom disco é similar à arte da boa cozinha: a capacidade de combinar bons ingredientes e tirar um prato totalmente novo. É o caso da arte de João Carlos Botteselli, o Pelão, o mais importante produtor brasileiro dos anos 70 para cá. O primeiro ingrediente é a voz serena de Eliane Faria, que consegue revestir seu timbre suave com o sincopado marcante do samba, uma maestria que herdou do avô, o sete cordas Benedito César Ramos de Faria, e de seu pai Paulinho da Viola. Eliane é pastora da Portela, do grupo das cantoras que cantam na quadra da Escola, e filha de Alcinéia Pereira, irmã do sambista Anescarzinho do Salgueiro, a mais linda passista que Salgueiro já teve. Eliane é uma sambista de ambientes pequenos, seletos, dos que conseguem identificar as nuances discretas das grandes cantoras. O segundo ingrediente é o piano excepcional de André Mehmari, uma usina de criatividade que transita por todos os campos da música. Só quem é do ramo consegue avaliar o desafio de gerar no piano recursos de acompanhamento para 12 faixas, mais 4 extras. Ao contrário dos instrumentos típicos de acompanhamento, como o violão e o cavaquinho, não há como manter um mesmo padrão no piano. Mehmari abre seu baú de sons e vai tirando as marteladas do
bordão, como se fossem batidas de surdo, escalas em vários tons, citações de choros, harpejos. O terceiro ingrediente, o ritmo discreto de Gordinho, capaz de reforçar sem sair do segundo plano, mesmo no acompanhamento de uma formação tão enxuta, de piano e voz. No meio do samba, Gordinho é o indiscutível rei do surdo, que já acompanhou Clara Nunes, Beth Carvalho e todos os grandes do samba. O quarto ingrediente, o repertório, sugerido por Eliane, endossado por Pelão e sua visão regional, com sambas de várias partes do Brasil, do centro Rio ao Rio Grande do Sul e Pernambuco. Pelo repertório, passam os formadores do samba, de Paulo da Portela e Cartola, a Anescarzinho e Silas de Oliveira, passando pelo pernambucano Capiba, pelo gaúcho Lupicínio, além de uma justa homenagem ao samba-canção de Valzinho, Carlos Lentini e Espiridião Machado Goulart. Menção especial para “Esses Moços”, de Lupicínio Rodrigues. Eliane sempre sonhou gravar a música com César Faria. Em homenagem ao silêncio da lembrança, a faixa foi gravada só com voz e piano. Luis Nassif
1 Corra e olhe o céu 3:45 – Cartola e Dalmo Castello BXSVC1601581 – 100% Cap Music
Linda Te sinto mais bela Te fico na espera Me sinto tão só Mas o tempo que passa Em dor maior, bem maior Linda No que se apresenta O triste se ausenta Fez-se a alegria Corra e olhe o céu Que o sol vem trazer Bom dia Ai, corra e olhe o céu Que o sol vem trazer Bom dia
2 Água do rio (só resta saudade) 3:41 – Anescar Pereira Filho e Noel Rosa de Oliveira BXSVC1601582 – Todamerica Edições Ltda – ADDAF Tudo ficou diferente Depois que você me deixou Dos nossos beijos ardentes Hoje resta o amargo sabor Até a água do rio Que a sua pele banhou Também secou com a saudade Que a sua ausência deixou A lua não tem mais brilho O sol não tem mais calor O pomar não dá mais fruto O jardim não dá mais flor Daquelas noites tão lindas Que nos inspiravam o amor Hoje só resta saudade, Muito sofrimento e dor
3 Direito de sambar 5:26 – Batatinha BXSVC1601583 – Warner/Chappel Edições Musicais Ltda
É proibido sonhar Então me deixe o direito de sambar O destino não quer mais nada comigo É meu nobre inimigo Me castiga de mansinho Para ele não dou bola Se não saio na escola Sambo ao lado sozinho É proibido sonhar Então me deixe o direito de sambar Já faz dois anos que eu não saio na escola A saudade me devora quando eu vejo a turma passar Eu mascarado, sambando na avenida Imitando uma vida que só eu posso enfrentar Tudo é carnaval Pra quem vive bem Pra quem vive mal
4 Alvorecer 4:19 – Delcio Carvalho e Yvonne Lara BXSVC1601584 – Bedel Produções e Edições (UBC)
Olha como a flor se acende Quando o dia amanhece Minha mágoa se esconde A esperança aparece O que me restou da noite O cansaço, e a incerteza La se vão na Beleza deste lindo alvorecer E este mar em revolta que canta na areia Tal a tristeza que trago e minhalma canteia Quero solução sim.. pois quero cantar Desfrutar desta alegria Que só me faz despertar do meu penar E este canto bonito que vem da alvorada Não é meu grito aflito pela madrugada Tudo tão suave.. liberdade em cor O refúgio da alma vencida pelo desamor
5 O quitandeiro 3:04 – Monarco e Paulo da Portela BXSVC1601585 – Edições Musicais Tapajós Ltda
Quitandeiro, leva cheiro e tomate Pra casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão Prepara a barriga macacada Que a boia tá enfezada e o pagode fica bom Chega só 30 litros de uca Para fechar a butuca Desses negos beberrão Chocolate, tu avisa a crioula Que carregue na cebola e no queijo parmesão Mas não se esqueça De avisar a nêga Estela Que o pessoal da Portela Vai cantar partido alto Vai ter pagode até o dia amanhecer E os versos de improviso Serão em homenagem à você
Quitandeiro, leva cheiro e tomate Pra casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão Prepara a barriga macacada Que a boia tá enfezada e o pagode fica bom Chega só 30 litros de uca Para fechar a butuca Desses negos beberrão Chocolate, tu avisa a crioula Que carregue na cebola e no queijo parmesão
6 A mesma rosa amarela 4:36 – Capiba e C. Pena Filho BXSVC1601586 – Editora e Importadora Musical Fermata do Brasil Ltda
Você tem, Quase tudo dela, O mesmo perfume, A mesma cor, A mesma rosa amarela, Só não tem o meu amor. Mas nesses dias de carnaval, Para mim você vai ser ela, O mesmo perfume a mesma cor, A mesma rosa amarela, Mas não sei o que será, Quando chegar a lembrança dela, E de você apenas restar, A mesma rosa amarela Pra quem vive mal
7 Rugas 3:46 – Augusto Garcez, Nelson Cavaquinho e Ary Monteiro BXSVC1601587 – Mangione, Filhos & Cia Ltda
Se eu for pensar muito na vida Eu morro cedo amor Meu peito é forte Nele eu tenho acumulado tanta dor As rugas fizeram residência no meu rosto Não choro Pra ninguém me ver sofrer de desgosto Eu que sempre soube esconder a minha mágoa Nunca ninguém me viu com os olhos rasos d’água Finjo-me alegre Pro meu pranto ninguém ver Feliz aquele que sabe sofrer
8 Doce veneno 3:53 – Valzinho, Carlos Lentine e M. Goulart BXSVC1601588 – Irmãos Vitale S/A Indústria e Comércio
Quanta dor Tão infeliz eu sou Por que razão você vive a me torturar Meu sofrimento é infinito Não suporto tanta dor Coração já não existe em mim Ai meu Deus que amargor Ó doce veneno Você é meu querer Você entrou no meu sangue sem eu perceber Ó como eu sou tão infeliz Em pensar sempre em você Eis a razão do meu sofrer
9 Na cadência do samba 4:07 – Ataulpho Alves, Paulo Gesta e Matilde Alves BXSVC1601589 – 100% Fermata do Brasil
Sei que vou morrer, não sei o dia Levarei saudades da Maria Sei que vou morrer não sei a hora Levarei saudades da Aurora Eu quero morrer numa batucada de bamba Na cadência bonita do samba Quero morrer numa batucada de bamba Na cadência bonita do samba O meu nome não se vai jogar na lama Diz o dito popular Morre o homem, fica a fama Quero morrer numa batucada de bamba Na cadência bonita do samba
10 Heróis da liberdade 5:37 – Silas de Oliveira, Mano Decio e Manoel Ferreira BXSVC1601590 – Irmãos Vitale S/A Indústria e Comércio
Ôôôô Liberdade, Senhor Passava noite, vinha dia O sangue do negro corria Dia a dia De lamento em lamento De agonia em agonia Ele pedia O fim da tirania Lá em Vila Rica Junto ao Largo da Bica Local da opressão A fiel maçonaria Com sabedoria Deu sua decisão lá, rá, rá Com flores e alegria veio a Abolição A independência laureando o seu brasão Ao longe, soldados e tambores Alunos e professores Acompanhados de clarim Cantavam assim:
Já raiou a liberdade A liberdade já raiou Esta brisa que a juventude afaga Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo É a evolução em sua legítima razão Samba, oh samba Tem a sua primazia De gozar da felicidade Samba, meu samba Presta esta homenagem Aos “Heróis da Liberdade”
11 Renascer das cinzas 1:36 – Martinho da Vila BXSVC1601591 – Universal Music Publishing MGB Brasil Ltda
Vamos renascer das cinzas Plantar de novo o arvoredo Bom calor nas mãos unidas Na cabeça de um grande enredo Ala de compositores Mandando o samba no terreiro Cabrocha sambando Cuíca roncando Viola e pandeiro No meio da quadra Pela madrugada Um senhor partideiro
Sambar na avenida De azul e branco É o nosso papel Mostrando pro povo Que o berço do samba É em Vila Isabel Tão bonita a nossa escola! E é tão bom cantarolar La, la, iá, iá, iá, iá, ra iá La, ra, iá
12 Esses moços 5:31 – Lupicínio Rodrigues BXSVC1601592 – Irmãos Vitale S/A Indústria e Comércio
Esses moços, pobre moços Ah se soubessem o que eu sei Não amavam não passavam Aquilo que eu já passei Por meus olhos, por meus sonhos Por meu sangue, tudo enfim É que eu peço a esses moços Que acreditem em mim Se eles julgam Que há um lindo futuro Só o amor Nesta vida conduz Saibam que deixam o céu Por ser escuro E vão ao inferno À procura de luz Eu também tive Nos meus belos dias Essa mania que muito me custou Pois só as mágoas que eu trago hoje em dia
E essas rugas O amor me deixou Esses moรงos, pobre moรงos Ah se soubessem o que eu sei
FICHA TÉCNICA Piano André Mehmari Voz Eliane Faria Surdo Gordinho do Surdo Gravado, mixado e masterizado por André Mehmari no Estúdio Monteverdi nos dias 15, 16 e 17 de agosto de 2016. Assistente de produção Arthur Botteselli Hodge Idealização do projeto e produção musical de J.C. Botteselli (Pelão) Projeto gráfico ps.2 arquitetura + design Fotos Alexandre Nunis
SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor Regional Danilo Santos de Miranda Superintendentes Comunicação social Ivan Paulo Giannini Técnico-social Joel Naimayer Padula Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria técnica e de planejamento Sérgio José Battistelli Selo Sesc Gerente do centro de produção audiovisual Silvana Morales Nunes Gerente adjunta Sandra Karaoglan Coordenador Wagner Palazzi Produção Giuliano Jorge, Ricardo Tifona Comunicação Alexandre Amaral, Raul Lorenzeti Administrativo Katia Kieling, Thays Heiderich, Yumi Sakamoto Áudio João Zilio, Marcelo Sarra
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