Calma, aí, Jão! Agora é só eu pôr o pé nesse tijolo. Vai, Zé, pega a bola!
Ei! Cuidado! Desce daí, Zé!
Ô, Jacira! Qualé? Eu só ia pular o muro para pegar a bola que esse perna de pau chutou!
Ei! É a sua bola que é meio quadrada!
Inter… o quê? Olha, isso aí é uma casa, não uma avenida!
É mesmo! A gente não pode ficar perto dela, Zé!
Essa casa está interditada!
Se vocês prestassem mais atenção nas aulas, já teriam se acostumado a ler as placas!
Eu presto atenção nas aulas. Não tenho culpa que a Debinha senta perto de mim!
Ele não consegue tirar os olhos da Debinha.
Deixa ele, Jão. Isso fala não, Jão!
O que é isso? Algum tipo de organização internacional dos muros?
He he he! Quando a gente fala dela, o Zé embaralha as palavras.
Mas, ô, Jacira, como é que você sabe dessas coisas? É que o pai dela é do Nudped! Não é “Nudped”. É Nupdec!
Se liga: nós, moradores, somos representantes da Defesa Civil para ajudarmos a informar a comunidade sobre os riscos.
Fiquei na mesma! Ai, como é bocó!
“Nupdec” é o Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil.
É. Eu também tô boiando!
Você falou em “risco”! Então vocês têm muito trabalho! O bairro tem um monte de casas riscadas. Eu não ouvi isso. Eu não ouvi isso! Não é esse tipo de risco, Zé! É “risco” de “perigo”. Santo André tem vários Nupdecs treinados pela Defesa Civil para agir nos casos de inundações, enchentes, deslizamentos, incêndios e outros eventos.
Que tipo de perigo?
Aquela casa, por exemplo, inclinada e com trincas, além das rachaduras.
“Riscos urbanos”, ou seja, os perigos nas cidades.
Então o pai dela, que é do Nupdec, chamou a Defesa Civil.
Esgoto? Eca!
Em Santo André, ela faz parte do Semasa, o Serviço Municipal de Saneamento Ambiental.
Isso mesmo! A Defesa Civil é um órgão que existe nas cidades, nos estados e no Governo Federal para coordenar as ações de proteção contra os riscos de desastres naturais e tecnológicos.
Não é só isso! O Semasa trabalha com tudo o que diz respeito a SANEAMENTO.
Peraí! Vocês estão me fazendo de bobo! O Semasa fornece água pra gente. Não tem nada a ver com riscos.
Sameanento? O que é sameanento? “Saneamento”. É a saúde do nosso meio-ambiente!
O Semasa trabalha em todas as áreas que mexem com a “saúde” ambiental da cidade. Além de água e esgoto, também trabalha com resíduos sólidos…
É mesmo, Jacira. Tem a ver também com esgoto.
Essa história de resíduos sólidos pra mim é um lixo!
Mais ou menos. A gente chama de “resíduos” porque a maior parte das coisas que jogamos fora pode ser aproveitada. E com que mais o Semasa trabalha?
Com drenagem…
Essa eu conheço. Drenagem é o que existe no gramado de futebol. Quando chove, a água escorre mais rápido.
Isso aí! A drenagem é a forma de garantir que as águas sigam o seu caminho pelos rios sem provocar enchentes.
Bacana! Mas o que a Defesa Civil tem a ver com isso?
Ora, a Defesa Civil também cuida do ambiente, trabalhando com prevenção!
O Semasa é responsável também pela gestão ambiental: ou seja, combate a poluição e garante a sobrevivência das nossas áreas naturais.
He he he! Imagino que agora você vai explicar o que é isso!
A Defesa Civil tem engenheiros e técnicos que analisam os riscos de acidentes naturais.
Eles estão sempre a postos para analisar áreas de risco. Fazem o monitoramento para possíveis acidentes naturais. E emitem alertas SMS, pelo celular para que as pessoas se preparem junto com a comunidade.
Pronto. Ele voltou a falar as besteiras. Acidentes naturais?! Terremoto?!!
Vulcão?!!
Não há registros de nada disso em Santo André. Mas há outros riscos.
Como o muro que você estava tentando subir, todo inocente, pensando na Debinha!
Foi você que mandou!
E de falar dela pára agora!
Mas é isso aí. O meu pai foi treinado pela Defesa Civil. Quando viu que a residência estava com rachaduras, chamou os engenheiros. Eles perceberam que ela podia desabar/desmoronar, então colocaram o aviso e isolaram a área com fita da Defesa Civil e informaram para o seu Mendonça, dono da casa, providenciar a manutenção da residência.
O meu pai disse que tem uma árvore na frente de casa que pode cair. Isso também é risco! Aí é fácil! A gente pega um machado ou uma motosserra e arranca ela. Não é bem assim!
Às vezes a árvore parece que pode cair, mas está saudável. Só um especialista, como o pessoal técnico da Prefeitura, pode dizer se ela precisa ser retirada.
Mas não é melhor arrancar, por garantia?
De jeito nenhum! As árvores, além de ser importantes para o meio ambiente, podem ser um mecanismo de segurança.
Não. As raízes das árvores mantêm o solo firme e previnem deslizamentos e desabamentos. Mecanismo? Tipo um cinto de segurança?
Além disso, quando chove, as copas das árvores seguram um pouco a água, ajudando a prevenir enchentes. Fora as bananeiras! Elas são perigosas se estiverem em encostas de morros e o seu plantio não é aconselhável.
É mesmo! Jacira, foi seu pai que ensinou tudo isso?
E a maior parte das árvores é protegida por lei. O melhor é elas ficarem no lugar enquanto for possível. Agora, se tiver uma ventania muito forte que derrube árvores, a Defesa Civil ajuda no socorro das vítimas e pode fazer os cortes nos troncos para serem removidos.
Oi, filha! Lembra do Luís, da Defesa Civil? Ele está nos convidando para ler o pluviômetro.
Ele e o pessoal da Defesa Civil. É que eu já fui a muitas reuniões de Nupdecs.
Jão, tô ficando chateado. Esse gibi já está quase na metade e até agora só a Jacira está ensinando as coisas.
Pluviômetro?!!! Também não precisa ofender!... Não vem, não! Eu já tenho que ler um o livro da escola que a prô mandou e…
“Pluviômetro” é um aparelho que mede a quantidade de chuva que cai em uma região.
Uau! Que da hora! Como é que esse aparelho funciona? Vem que a gente mostra.
A chuva cai nesse funil e o aparelho informa quanta água coletou. Assim, dá para calcular o volume que caiu no bairro todo.
Santo André também tem cinco estações meteorológicas. Com elas, a Defesa Civil monitora as chuvas, a temperatura e a velocidade dos ventos.
Tudo para saber dos riscos antes que eles virem acidentes.
O Luís disse que existem oito aparelhos desse espalhados pela cidade.
Estas estações também são importantes para entendermos as mudanças climáticas.
É para saber se amanhã vai dar praia?
Eles podiam monitorar a perna de pau do Jão, para prever quando ele vai chutar a bola por cima do muro!
As chuvas estão fortes e anda ventando bem mais.
Já está claro que o mundo vem mudando!
O inverno está mais frio, mas também faz calor às vezes. É. E o verão está mais quente, mas de vez em quando faz frio.
Isso mesmo. E existem outros 19 aparelhos automáticos monitorados pela própria Defesa Civil em locais altos da cidade.
São muitas causas, mas a maior delas foi provocada por nós mesmos! Mas por que isso está acontecendo?
Além delas, estamos sempre de olho em sites e serviços de previsão do tempo. Não! Estamos falando de algo mais importante.
Nós?! Peraí, eu não fiz nada!
Nós somos a humanidade! Poluímos muito o planeta. Derrubamos florestas, sujamos rios e jogamos gases no ar. Isso está fazendo o clima do mundo mudar. Para mudar essa situação, é sempre bom proteger as florestas e plantar mais árvores.
Quando a água da chuva vai para um reservatório, como a represa Billings, ela até pode ser tratada e depois distribuída.
E não jogar lixo no lugar errado.
Pode deixar que eu não vou fazer piada com a ideia de “jogar gases no ar”!
Só que algumas vezes tem água demais e espaço de menos.
Não, Zé. A água de chuva não é boa para nadar, muito menos para beber.
Então, com essas estações, dá pra saber quando é que vai encher a piscina lá da escola.
A Jacira tocou num assunto importante. A chuva pode representar um risco para as pessoas. Eu sei o que é risco. É uma situação perigosa. Aprendi sozinho depois de muita leitura! Boa tentativa! Mas foi a Jacira que ensinou você na página 2.
Mas grande parte vai para rios e córregos.
Tô tranquilão. Minha casa fica no meio de uma subida, nunca que a água vai chegar até lá.
Numa situação de chuva muito forte, o melhor é evitar locais que têm enchentes com frequência. As águas podem ficar muito fortes.
Por isso é que existem os pluviômetros. Com eles a Defesa Civil previne as enchentes analisando a quantidade de chuva em cada bairro.
Sua casa é realmente segura, Zé. Mas algumas construções na subida também representam risco. Ainda mais em dia de chuva, quando o solo fica muito encharcado.
Que nem uma avalanche? O deslizamento é quando uma porção de terra é levada, às vezes pela água da chuva.
Só se der uma tsunami!
Não: elas correm risco de deslizamento e desabamento.
E qual é a diferença?
Já o desabamento é quando uma ou mais casas simplesmente caem.
Isso! Lembra quando eu falei das árvores? Pois é: quando têm raízes fortes, elas previnem os deslizamentos.
Pois é, Jão. E quando chove, casas e pessoas em áreas de risco estão mais sujeitas a se machucarem.
Cara, sinistro! Mas nem sempre é preciso que chova…
Não?!
Às vezes uma pessoa simplesmente constrói uma casa numa área muito perigosa. E às vezes a própria construção é feita de modo errado. Ou seja: risco!
Ai, pelos meus brinquedos!! Será que um dia um teto vai cair na minha cabeça, bem no meu cérebro?!
Não se depender da Defesa Civil, Zé. Nossa função é justamente prevenir.
Ele disse que tem um cérebro?
Se for necessário, eles até podem pedir que os moradores saiam da casa antes que aconteça algo ruim.
Mas é só não construir no lugar errado e seguir todas as leis, né, pai? Aí não vai haver nenhum perigo… Seria bom que fosse assim, filha. Mas às vezes, acontece de uma casa ficar em risco aos poucos.
Verdade. Por isso, a gente pede para os moradores ligarem para o telefone 199 sempre que encontrarem Que nem grandes rachaduras a rachadura nas paredes. daquela casa? Exato. Se a construção oferece risco, a Defesa Civil interdita de duas maneiras.
Já a interdição parcial é quando só uma parede está em risco. Neste caso, as pessoas podem usar o resto do imóvel.
A interdição total é quando uma casa tem de ser desocupada.
É pior do que um filme de terror! Quando vejo um, pelo menos sei que vai estar tudo bem no final!
Tomara que isso nunca aconteça no quarto da Debinha!
São muitos os riscos, né, Luís?!
Tá namorando! Tá namorando! Do que você está falando eu não sei!
Nem tanto, Jacira. Não se esqueça de que estamos falando de prevençã0.
“Prevenir” é justamente quando tomamos atitudes para evitar que os riscos nos afetem.
Como quando olhamos os dois lados para atravessar a rua.
Como quando saímos de casa agasalhados no frio.
Como quando fazemos lição para a prô não dar bronca no dia seguinte.
Quase isso…
Da mesma maneira, é preciso prevenir para evitar acidentes no local onde a gente mora.
Por exemplo, como a Jacira disse, árvores são legais! Mas, quando estão caindo raios, você nunca deve ficar embaixo de uma.
Árvores atraem raios. Já pensou o choque?
Também não deve usar o celular durante uma tempestade, pois ele pode atrair raios.
Chocante, e no mau sentido!
O Semasa monitora os principais córregos de Santo André com câmeras de vídeo. Você pode checar o nível dos rios pela internet. Se o nível da água estiver muito alto, nem chegue perto e procure outro caminho!
Não diz pra ninguém que eu falei: o site do Semasa está no final deste gibi.
A Defesa Civil realiza planos para prevenir contra acidentes. (Em outro balão) Um deles é o P.O.C.V.
E participem das ações educativas do Semasa. Durante o ano, a Defesa Civil realiza cursos sobre percepção de risco, prevenção de acidentes domésticos, mudanças climáticas e monitoramento meteorológico. A Jacira gosta muito de participar desses cursos.
Dai-me paciência! Não, Zé! Você está falando de PVC!
Vale mais do que escolinha de futebol: pode ajudar a salvar vidas.
P.O.C.V. é o Programa Operação Chuvas de Verão. A gente prepara a cidade para não sofrer na temporada de chuvas.
Entre dezembro e abril, todos ficam de prontidão para agir.
E participar das atividades com a galera que conhece.
O plano reúne técnicos da Prefeitura, da Defesa Civil e pessoas da comunidade.
Muitas das reuniões do Nupdec falam sobre isso!
Cara, que mundo perigoso!
Nem tanto, Zé! É um mundo bacana e cheio de aventuras.
E para a gente viver uma aventura, sempre é bom ter preparo e o equipamento adequado.
Mas por causa do risco eu perdi a minha bola. O pai da Debinha também está no Nupdec. Nada eu te perguntei não!
Isso eu conheço: cano que a gente põe no meio da parede!
Ehr... a gente podia brincar de bafo com as figurinhas agora...
Por causa do risco e desse grossão aqui.
Minha bola! Oi, Zé! Oi, Jão! Olha o que achei no quintal.
Que saudades! Pensei que nunca mais iria vê-la! Jamais vamos nos separar outra vez!
Obrigado, seu Mendonça. Não precisava ter todo o trabalho de trazer a bola para a gente.
Posso ver? Posso ver?
Pode, mas não se esqueça de manter a distância adequada.
Eu vinha justamente conversar com esses rapazes. É sobre a casa, seu Mendonça?
Vocês não vêm? Nós? Nós vamos é jogar bola.
Isso. Chegou a equipe que vai demolir a casa e eu já consegui a autorização para construir uma com segurança.
Aonde você vai? Já volto. Vai aquecendo aí!
Zé, eu sei que nós estávamos falando de prevenção de riscos.
Mas você não precisa exagerar!!!