HISTÓRIA IGREJA BRASIL

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

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1. O PERÍODO INFRUTÍFERO 1.1 A ANTECIPAÇÃO CATÓLICA 1. 2 A TRAGÉDIA DA GUANABARA 1.3 A EXPERIÊNCIA HOLANDESA 1.4 OS ANOS DE OMISSÃO

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2. INICÍO DA SEMEADURA (Século XIX) 2.1 A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA E A AÇÃO DA INGLATERRA 2.2 A COLONIZAÇÃO ALEMÃ E OS LUTERANOS 2.3 AS PRIMEIRAS TENTATIVAS MISSIONÁRIAS 2.4 A CHEGADA DOS PRESBITERIANOS 2.5 AS DUAS INVESTIDAS METODISTAS 2.6 A CHEGADA DOS BATISTAS

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3. EXPLOSÃO EVANGÉLICA NO SÉCULO XX 3.1 OS PRIMEIROS PENTECOSTAIS 3.2 AS PRIMEIRAS IGREJAS NATIVAS 3.3 OS MOVIMENTOS DE RENOVAÇÃO 3.4 AS NEOPENTECOSTAIS

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4. O PRESENTE SÉCULO XXI 4.1 ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS 4.1 ASPECTOS POSITIVOS DA IGREJA BRASILEIRA 4.2 ASPECTOS NEGATIVOS DA IGREJA BRASILEIRA

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CONCLUSÃO

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AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL REFERÊNCIAS

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INTRODUÇÃO Segundo algumas estimativas a população evangélica do Brasil estaria se aproximando de cinqüenta milhões em 2010 o que o colocaria entre uma das maiores do mundo. Seja essa avaliação precisa ou não, a verdade é que o Evangelho no Brasil alcançou enorme êxito. Se levarmos em conta o título de “maior país católico do mundo” e a evangelização protestante tardia, temos um fenômeno notável de crescimento. Não podemos nos esquecer de que esta nação foi, até a primeira metade do século XX, um campo missionário. Hoje, o Brasil tem enviado missionários para os quatro campos do Globo e tem produzido, até certo ponto, um Evangelho forte e comprometido. O número de Igrejas cresce incessantemente. A mídia, tanto aberta quanto específica, é cada vez mais ocupada por programação evangélica. Em diversos campos vemos o espaço sendo ocupado por evangélicos. Sem dúvida uma grande bênção! Diante desse quadro atual somos levados a perguntar: Quando e como tudo isso começou? Que pessoas foram instrumentos para tornar o Brasil a potência evangélica que é hoje? Quais foram as Denominações e os missionários que ajudaram a lançar as bases da Igreja Brasileira? O que foi positivo? O que foi negativo? Todas essas perguntas fazem parte da inquirição histórica. Como disse Soren Kirkegaard: “a vida só pode ser vivida para frente, mas só pode ser compreendida para trás”. E é no propósito de compreender a vida da Igreja Evangélica no Brasil que nos voltamos para trás, para a história, para entendermos e sabermos como chegamos até aqui.

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1 O PERÍODO INFRUTÍFERO Talvez “infrutífero” não seja a palavra adequada para descrevermos esse período. De uma forma ou de outra a Palavra de Deus sempre dá fruto. O que queremos dizer realmente é que por um bom tempo as poucas tentativas do protestantismo de se estabelecer em solo brasileiro foram frustradas. O pouco que foi feito não foi suficiente para que uma Igreja nascesse de fato. Seriam necessárias mudanças profundas no Brasil e no mundo para que isso viesse a acontecer. Ainda assim não podemos ignorar essas louváveis tentativas iniciais. 1.1 A ANTECIPAÇÃO CATÓLICA

O Brasil foi descoberto e colonizado por uma nação fortemente católica – Portugal. A Europa vivia o clima da Contra-Reforma, onde havia um esforço contínuo e intenso para extinguir as idéias nascidas da Reforma Protestante, tendo como principais representantes Lutero, Calvino e Zwinglio. Dentre as principais forças que personificaram a Contra-Reforma estava a Companhia de Jesus, ordem religiosa fundada por Inácio de Loiola em 1534, em Paris. Os jesuítas, como foram chamados os membros da Ordem, tinham na obediência ao Papa, na expansão da Igreja Católica e no combate ao protestantismo, seus princípios centrais. Como resultado, o Brasil tornou-se um dos seus principais campos, fosse para aqui expandir a fé católica, fosse para impedir que os protestantes aqui lançassem raízes. Sua obediência à Igreja Católica era extrema. Inácio de Loyola declarando: “Acredito que o branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da igreja assim o tiver

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL determinado”. Essa afirmação deixa clara a qualidade de pregadores que foram enviados ao Brasil. Em 1549 chegariam à Bahia os primeiros jesuítas acompanhando o Governador-Geral Tomé de Souza, liderados pelo padre Manoel da Nóbrega. Seu trabalho se deu na área da catequese e da educação. Fundaram diversos colégios, sendo que alguns deles deram origem a cidades, como foi o caso de São Paulo. Procuraram levar os índios ao catolicismo e com o passar do tempo assumiram a educação no Brasil. Essa ação inicial em nossa nação infante fez com que o catolicismo se enraizasse profundamente no pensamento geral. Por mais de duzentos anos, não apenas jesuítas, mas diversas outras ordens religiosas foram enviadas para o Brasil, no intuito de fortalecer o catolicismo e impedir qualquer presença protestante. A ação do jesuíta, mais a presença do colono português católico, resultaram na situação religiosa que predominou durante quatro séculos. Esse catolicismo miscigenou-se ao longo do tempo com outras influências, como a indígena e africana, criando um catolicismo sincrético. De qualquer forma essas raízes fizeram do Brasil a maior nação Católica do mundo. A Igreja Protestante ainda era uma Igreja infante, lutando para sobreviver no Continente europeu. Não possuía estrutura e maturidade suficiente para se lançar em projetos missionários. Ainda assim, o Brasil foi alvo de ações missionárias por parte da Igreja Protestante. 1. 2 A TRAGÉDIA DA GUANABARA

O episódio da França Antártica entrou para os anais da historiografia brasileira como a primeira tentativa de implantar uma colônia protestante em nossas terras. Liderados por Nicolau Durand Villegaignon e com o apoio do Almirante Gaspar Coligny, os huguenotes (protestantes franceses) buscaram refúgio no Brasil. Em 1555, os franceses planejaram, então, se fixar permanentemente na Baía da Guanabara, um ponto do litoral brasileiro que os portugueses ainda não tinham povoado. Os franceses se instalaram nas ilhas de Serigipe (hoje Villegaignon) e Paranapuã (hoje 11

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL ilha do Governador), Uruçu-mirim (hoje Flamengo) e em Laje, e denominou toda essa região de França Antártica. O primeiro culto protestante foi realizado em 10 de março de 1557, numa quarta-feira. No dia 21 de março, domingo, foi realizada a primeira Santa Ceia. Logo começaram atritos entre Villegaignon e os calvinistas franceses, até que por fim eles foram expulsos da ilha. A expulsão colocou os calvinistas em contato direto com os índios Tupinambás, aos quais procuraram evangelizar, sendo esse evento o primeiro contato missionário protestante com um povo não-europeu. Os frustrados colonos resolveram então pegar um navio e retornar ao seu país. Pouco depois, quando o barco ameaçou naufragar, cinco calvinistas ofereceram-se para voltar a terra. Estes cinco – Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques Le Balleur – foram prontamente aprisionados por Villegaignon, que apresentou-lhes uma série de questões teológicas e exigiu uma resposta por escrito dentro de doze horas. Esses leigos redigiram um notável documento, conhecido como Confissão de Fé da Guanabara, que finalmente custou as suas vidas. Diante da recusa dos calvinistas em abjurar as suas convicções, Villegaignon condenou-os à morte. Bourdel, Verneuil e Bourdon foram estrangulados e lançados ao mar. André Lafon, sendo o único alfaiate da colônia, teve a vida poupada sob a condição de que não divulgasse as suas idéias religiosas (alguns historiadores dizem que ele negou sua fé). Jacques Le Balleur fugiu para o Continente, indo parar em São Vicente, onde pregou as suas convicções. Por insistência dos jesuítas, foi levado para a capital colonial, Salvador, onde esteve aprisionado por vários anos (1559-1567). Em 1567, o governador geral Mem de Sá levou-o para o Rio de Janeiro, fundado recentemente, onde ele foi enforcado e os últimos franceses foram finalmente expulsos. Assim terminou essa primeira tentativa frustrada de estabelecer o protestantismo no Brasil.

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL 1.3 A EXPERIÊNCIA HOLANDESA

A segunda experiência protestante no Brasil ocorrerá em 1624, quando os holandeses conquistam Pernambuco e ali permanecem por trinta anos. Não se tratava de um empreendimento missionário de forma alguma, mas por este caminho a Igreja Reformada Holandesa foi transplantada no Brasil. Isto não significa que o protestantismo trazido pelos holandeses não apresentasse nenhuma influência, muito pelo contrário. Como acontecia com os países católicos, também os países protestantes viam nos empreendimentos comerciais, uma oportunidade para divulgar sua fé. A Igreja na Holanda estava sendo influenciada pelo puritanismo e por isso procurava apresentar uma fé vigorosa. Foram designados diversos ofícios para pastorear o rebanho naquela terra de clima estranho. Havia pregadores, presbíteros, diáconos, consoladores, mestres-escolas e proponentes. Suas funções iam desde pregar aos indígenas até cuidar da assistência social aos órfãos e viúvas. Os proponentes eram os aspirantes ao ministério que trabalhavam como auxiliares de pastores. Estima-se que no Brasil holandês havia cerca de vinte e duas Igrejas, cinqüenta e quatro pastores e proponentes, cento e vinte presbíteros, cento e vinte diáconos e mais cem consoladores e mestres-escolas. Foi feito um excelente trabalho de evangelização aos indígenas, tendo sido escrito inclusive um catecismo em língua Tupi. Muitos índios abraçaram e fé reformada, sendo que muitos desses já haviam sido anteriormente batizados como católicos. Os reformados não os batizava novamente, apenas faziam questão que eles soubessem proferir sua fé. Infelizmente, toda essa estrutura terminou com a expulsão dos holandeses pelos portugueses em 1654. Não só os holandeses tiveram de deixar o país, também os convertidos à fé reformada, tanto índios quanto portugueses e de outras nacionalidades, foram embora com eles.

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL 1.4 OS ANOS DE OMISSÃO

Entre a tentativa de Guanabara e o estabelecimento da Igreja Reformada Holandesa no Nordeste, correram sessenta e três anos. A próxima tentativa dessa natureza terá de esperar mais cento e oitenta e sete anos, quando ocorrerá a imigração alemã e suíça. Os primeiros missionários vindos com intuito evangelístico só chegarão de fato em 1855, ou seja, duzentos e vinte e cinco anos depois. Um triste silêncio protestante nas terras de Cabral. Muitas foram as razões para essa omissão. Mesmo tendo o protestantismo conquistado definitivamente seu direito de existir após o fim da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), a situação ainda era difícil. As grandes porções da América do Sul estavam nas mãos de Espanha e Portugal, nações católicas, numa época em que religião e Estado se confundiam. Mesmo na ala Protestante, a noção de que a religião do rei deveria ser a religião do povo prevalecia. A religião somente acompanhava os empreendimentos estatais. Além desse fato, a experiência com os holandeses endureceu o coração da liderança católica. A Inquisição aumentou suas atividades e todo estrangeiro foi proibido de entrar no país por um bom tempo. Mesmo com o grande mover missionário iniciado na Inglaterra a partir do fim do século XVIII e início do XIX, o Brasil não parecia um campo propício, preferindo-se para o trabalho missionário as regiões da Ásia. Ficaríamos esquecidos pela obra missionária ainda por algum tempo. Temos o importante registro do missionário Henry Martim, que quando rumava para o seu campo nas Índias, passou uns dias em Salvador, na Bahia. Ele escreveu em seu diário: “Que missionário será enviado para trazer o nome de Cristo a estas regiões ocidentais? Quando será que está terra será libertada da idolatria e do cristianismo espúrio? Há cruzes em abundância; mas quando será levantada a doutrina da cruz?”. 1 O anseio de seu coração teria de esperar ainda alguns anos para ser atendido satisfatoriamente.

1. REILY, Duncan Alexander. História Documental do Protestantismo no Brasil. São Paulo: Aste, 2003. p. 49

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INICÍO DA SEMEADURA (Século XIX) Mesmo sendo descrito como o “Grande Século Missões Protestantes”, no Brasil ele foi apenas o início de um trabalho árduo. Com quase quatro séculos de hegemonia católica, inserido em uma estrutura religiosa estatal, não seria fácil introduzir aqui a mensagem do Evangelho. Ainda assim alguns acontecimentos colaboraram para isso. A terra foi arada e mais tarde estaria apta para uma maior semeadura e para uma grande colheita. 2.1 A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA E A AÇÃO DA INGLATERRA

As Guerras Napoleônicas tiveram um importante papel na história brasileira e de alguma forma também foram responsáveis pela primeira abertura ao Protestantismo. Quando o rei D. João VI vem com a família real para o Brasil, fugindo de Napoleão, o principal motivo era sua amizade com a Inglaterra, um país protestante. Ao chegar aqui, uma de suas primeiras atitudes foi abrir os portos brasileiros para as nações amigas, sendo a preferência da Inglaterra. Pelo Tratado de 1810 os ingleses que aqui residiam ganharam liberdade para realizar seu culto sem serem molestados, desde que não fizessem prosélitos, e, desde que os templos não parecessem Igrejas ou desde que seus praticantes não perturbassem a boa ordem pública. Ainda que pequeno esse passo seria uma importante abertura para a ação protestante, somada a outras que se seguiriam. Também por via inglesa, a Bíblia na língua portuguesa, traduzida por João Ferreira de Almeida, começaria a entrar no país. Já em 1814, a Sociedade Bíblica

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL Britânica e Estrangeira, introduziria discretamente as Escrituras no Brasil, a bordo de navios portugueses que para cá se dirigiam. 2.2 A COLONIZAÇÃO ALEMÃ E OS LUTERANOS

Menos de dois anos após a Independência, começam a chegar as primeiras levas de alemães luteranos para o Brasil. A maior parte deles se dirigiu ao Rio Grande do Sul, mas alguns se estabeleceram em Nova Friburgo no Rio de Janeiro. Não constituía ainda um evento missionário. Os ministros religiosos que aqui vieram, destinavam-se apenas a atender as necessidades de sua comunidade. De fato, não houve qualquer esforço missionário por parte dos colonos, que permaneceram fechados em torno de si mesmo, tanto cultural quanto espiritualmente. Ainda assim, os eclesiásticos existentes recebiam proventos do Estado, à semelhança do que já acontecia com os padres católicos romanos. Essa atitude mostrava uma transformação no quadro religioso do Brasil. Já não se podia dizer que éramos um país cem por cento católico. Mesmo tendo de viver aqui sob restrições religiosas de diversas naturezas, novos ventos já sopravam. 2.3 AS PRIMEIRAS TENTATIVAS MISSIONÁRIAS

A ação missionária para o Brasil tem início em 1855, são exatos trezentos e cinqüenta e cinco anos depois de seu descobrimento. Os missionários eram geralmente anglo-americanos, sendo a maioria proveniente dos EUA. Começou com os congregacionais, depois vieram os presbiterianos, os metodistas, os batistas e por fim os episcopais em 1889. Em geral eram homens dedicados, piedosos e com boa cultura teológica. Alguns podem ser descritos como bivocacionados, sendo missionários e médicos, missionários e educadores, missionário e agrônomos, missionário e escritores. Fundaram Igrejas, escolas, hospitais, seminários, institutos bíblicos, clínicas, jornais e editoras. Colocaram a Bíblia na mão do povo, lutaram em favor da liberdade reli-

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL giosa no país e obrigaram a Igreja a reconhecer e respeitar a diversidade. Não há estatísticas abrangentes do número de missionários que vieram para cá. Sabe-se que somente a Igreja Presbiteriana do Sul dos Estados Unidos enviou sessenta e cinco missionários. Destes, quarenta e sete eram casados e dezoito solteiros. Entre os solteiros havia cinco homens e treze mulheres. Essa é apenas uma amostragem dos primórdios do esforço missionário para o Brasil. Nesses primórdios normalmente se omite o nome de Robert Reid Kalley, um missionário congregacional que chegou ao Rio de Janeiro em 1855. Devido a sua alta posição cultural e econômica teve acesso à elite brasileira nos tempos do Império, batizando inclusive membros da nobreza. O próprio Imperador, D. Pedro II, chegou a freqüentar a casa de Kalley. No mesmo ano em que chegaram ao Rio, fundaram uma Escola Dominical que funcionava em sua luxuosa casa. Quando ele veio para o Brasil, trouxe com eles alguns irmãos que ele havia ganhado para Cristo na Ilha da Madeira, os quais ajudaram principalmente no trabalho de colportagem (venda de Bíblias), muito comum nesses primeiros tempos de evangelização. Embora fosse um congregacional de origem presbiteriana, ele era alheio a denominacionalismos e fórmulas rígidas de Credos. A Igreja Evangélica Fluminense, por ele fundada, veio a ser a matriz da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil. 2.4 A CHEGADA DOS PRESBITERIANOS

A vinda dos presbiterianos está ligada à história de Ashbel Green Simonton. Ele chegou ao Brasil em 1959 e permaneceu apenas por sete anos, mas sua dedicação tornou esse tempo bastante frutífero. Desembarcou no Rio de Janeiro ainda solteiro, após ter se formado no seminário de Princenton e ser ordenado ao ministério. No curto período de tempo em que ele permaneceu aqui, ele fundou a primeira Igreja Presbiteriana (hoje, Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro), o primeiro jornal (Imprensa Evangélica), o primeiro presbitério, a primeira Escola Paroquial e o primeiro Seminário. Recebeu em média dez profissões de fé por ano, escreveu

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL sermões e poesias em português e participou da ordenação do primeiro pastor brasileiro, o ex-padre José Manuel da Conceição (1865). Este último foi uma grande aquisição para a Igreja Protestante no Brasil. Simonton morreu no Brasil, de febre amarela, aos trinta e quatro anos. 2.5 AS DUAS INVESTIDAS METODISTAS

Os metodistas, por seu forte ardor missionário, haviam realizado uma primeira empreitada no Brasil na primeira metade do século XIX. Justus Spauding veio para cá em 1936 e Daniel Kidder em 1937. Com a morte da esposa, Kidder voltou em 1940 e Spauding foi embora ao final de 1941, deixando uma Congregação de quarenta membros. Após isso, devido a problemas denominacionais e a Guerra da Secessão americana, os metodistas demoraram mais vinte cinco anos para retornar ao Brasil. Em 1867 o cinqüentenário Junius E. Newman recomeçou o trabalho aqui e permaneceu por vinte e quatro anos. Trabalhou a maior parte do tempo em Saltinho, próxima a Campinas, junto aos colonos americanos que aqui estavam. Morreu em 1898, aos setenta e seis anos. O segundo missionário metodista chegou ao Brasil em 1876, isto é, vinte e dois anos depois de Newman. Chamava-se John James Ranson e tinha apenas vinte e dois anos. Meses depois de chegar aqui, perdeu a esposa, vítima da febre amarela, casando-se novamente quatro anos depois. Embora tenha vivido até os oitenta anos, permaneceu por apenas dez anos e meio no Brasil. Ele fundou o jornal Methodista Catholico, que no ano seguinte receberia o nome de Expositor Cristão, até hoje, é o órgão oficial da Igreja Metodista no Brasil. O terceiro missionário metodista, James William Koger, chegou em 1881 com vinte e nove anos. Como Simonton, morreu de febre amarela aos trinta e quatro. Conseguiu, contudo uma grande proeza. Recebeu autorização para construir em São Paulo, o primeiro templo protestante com aparência externa de templo. Até a Proclamação da República em 1889, somente os edifícios católicos possuíam esse direito. 18

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL O primeiro pastor metodista brasileiro chamava-se Bernardo de Miranda e foi batizado por Koger no dia da organização da Igreja Metodista de São Paulo em 1884. Foi ordenado pelo bispo Granbery em Agosto de 1890, teve apenas seis meses de ministério e depois morreu. Na verdade, a morte, geralmente por febre amarela, atingiu a Igreja Metodista mais do que outras denominações. 2.6 A CHEGADA DOS BATISTAS

O trabalho batista começou com dois casais que atenderam o convite de imigrantes americanos em São Paulo: Anna e William Bagby vieram primeiro e no ano seguinte chegaram Zacarias e Kate Taylor. O casal Bagby chegou ao Rio de Janeiro em 2 de março de 1881, sem conhecer pessoa alguma. Ainda assim conseguiram fazer contatos e terminaram por se estabelecer primeiramente em Santa Bárbara d’ Oeste, onde começaram a aprender a língua portuguesa. Seguiram depois para Campinas, indo para o Colégio Presbiteriano, a fim de continuar os estudos da língua e ajudar no Colégio. Após um ano chegaram os Taylor e terminado o aprendizado da língua, decidiram ir para a Bahia, onde não havia nenhuma Igreja evangélica. Um brasileiro com sua família seguiu com eles. Tratava-se de um ex-padre, convertido pela pregação da Igreja Metodista que havia se mudado para Santa Bárbara d’Oeste. Assim em 15 de outubro de 1882 foi fundada a Primeira Igreja Batista da Bahia, com cinco membros. Em dezembro de 1883 havia vinte e cinco membros e trinta e cinco alunos matriculados da Escola Dominical. Após dois anos o casal Bagby resolveu se mudar para a capital do Império, Rio de Janeiro, onde repetiram o mesmo sistema para iniciar o trabalho. Apesar da ajuda de outros missionários que foram chegando, a obra ali não cresceu muito. Após dezoito anos, mudaram-se outra vez, agora, para São Paulo. A missionária Anna já havia terminado a educação dos filhos e queria tomar parte mais ativa no trabalho. Através de seu esforço foi iniciado o Colégio Batista Progresso Brasileiro em 1902, com setenta alunas matriculadas. Em 1910 ela 19

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL entregou o colégio à junta de educação e este passou a ser chamado Colégio Batista Brasileiro, localizado no Bairro de Perdizes. Anna veio a falecer em 1942, três anos depois de seu marido.

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EXPLOSÃO EVANGÉLICA NO SÉCULO XX Estando as bases evangélicas lançadas no solo brasileiro, no século XX o país abrigaria um movimento que, tendo se iniciado no EUA, espalhava-se agora por toda terra – o Movimento Pentecostal. Primeiramente com Parham e a partir de 1907 através do que se chamou Movimento da Rua Azuza, em Los Angeles, a experiência do batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais ganhava força. É inegável que a entrada do Movimento Pentecostal no Brasil, através do trabalho das Assembléias de Deus e outras Denominações, produziu um crescimento significativo na Igreja evangélica. Prova disso é que as maiores Denominações são pentecostais e outras Igrejas mais tradicionais, mais tarde passaram por uma experiência de renovação. Ainda assim não podemos falar de um crescimento evangélico expressivo na primeira metade do século XX. Nesse período, tanto as Igrejas históricas quanto as pentecostais tiveram um desenvolvimento lento, mas constante, embora dentro de um percentual baixo. Foi na última metade do século XX que esse crescimento se acelerou, não somente nas Igrejas “importadas”, mas também através das Denominações que nasceram em solo brasileiro. Esse fato contribuiu para tornar a Igreja brasileira uma das maiores do mundo. 3.1 OS PRIMEIROS PENTECOSTAIS

O movimento pentecostal de hoje traça seus vestígios da sua comunidade, a uma reunião de oração no Colégio Bíblico Betel em Topeka, Kansas em 1° de janeiro de 1901. Ali, muitos chegaram à conclusão de que falar em línguas era o sinal bíblico do batismo no Espírito Santo. Charles Parham, o fundador desta 21

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL escola, que mais tarde passaria a Houston, Texas. Apesar da segregação racial em Houston, William J. Seymour, um pregador negro, foi autorizado a assistir a aulas bíblicas de Parham. Seymour viajou para Los Angeles, onde sua pregação provocou o Avivamento da Rua Azusa em 1906. Apesar do trabalho de vários grupos wesleyanos avivalistas, como Parham e D. L. Moody, o início do movimento pentecostal difundido nos Estados Unidos, é geralmente considerado como tendo começado com Seymour no avivamento da Rua Azusa. A partir dali sairiam diversos líderes para vários lugares do mundo, fundando Igrejas dentro dos mesmos princípios estabelecidos. A. Congregação Cristã no Brasil Ainda que seja apontado por boa parte da liderança evangélica como sendo uma seita, ou pelo menos como um movimento contraditório, a verdade é que a Congregação Cristã no Brasil é apontada por alguns como a primeira Igreja pentecostal que aqui se estabeleceu. Louis Franscescone era um ítalo-americano, ligado à Primeira Igreja Presbiteriana de Chicago. Assim como os futuros fundadores da Assembléia de Deus, ele também teve contato com o movimento da Rua Azuza, embora essas Igrejas apresentem características bem distintas. Em março de 1910, tendo primeiramente freqüentado a Igreja Presbiteriana do Braz, desligou-se dela, e juntamente com Giacomo Lombardi e Pietro Ottolini, iniciou a Congregazione Christiana. As pessoas que fizeram parte desse núcleo inicial eram geralmente de origem italiana. Entre eles havia dissidentes batistas, presbiterianos, metodistas e católicos. Dessa forma o movimento pentecostal tinha início no Brasil, pouquíssimo tempo antes da chegada dos missionários suecos. B. Assembléia de Deus Em novembro de 1910 um navio de nome Clement, partindo de Nova Iorque, chegava ao Pará trazendo a bordo dois homens que seriam os responsáveis pela 22

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL maior Denominação brasileira: os suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren. Chegando ao Pará os missionários filiaram-se a Igreja Batista. Logo depois, devido a pressões, desligaram-se desse grupo e com simpatizantes da experiência pentecostal fundaram a Missão da Fé Apostólica, no dia 18 de junho de 1911. Esse nome era utilizado por Seymour, um dos líderes da Rua Azuza em Los Angeles. O nome Assembléia de Deus só seria adotado seis anos e meio depois, em janeiro de 1918. Ao contrário das Igrejas históricas que se estabeleceram mais ao sul do país e depois subiram para as outras regiões, a Assembléia de Deus, tendo iniciado no Pará, somente mais tarde chegou ao Rio de Janeiro e São Paulo. Tornou-se a maior Denominação do país, com cerca de vinte e dois mil templos espalhados por todo o território nacional. O número de fiéis é estimado em torno de oito milhões. C. A MEPB- Missão Evangélica Pentecostal do Brasil O terceiro grupo pentecostal foi a Missão Evangélica Pentecostal do Brasil. Foi organizado pelo missionário Americano Harland Graham e pelo canadense Harold Matson. Não tinham a princípio o objetivo de estabelecer uma Denominação, mas isso terminou por acontecer. Os missionários chegaram ao Brasil em 1939, na cidade de Manaus, capital do Amazonas. Este trabalho não teve início com membros de outras Denominações, mas iniciou-se a partir de evangelismo e discipulado. Apesar de menos expressiva do que as duas primeiras, não pode ser esquecida dentro da historiografia evangélica pentecostal do Brasil. D. Igreja do Evangelho Quadrangular A próxima Denominação pentecostal a chegar ao Brasil foi a Igreja do Evangelho Quadrangular. Chegaria somente em 1951, vinda dos EUA, onde foi fundada por uma jovem canadense chamada Aimme Semple McPherson. O nome da Igreja deriva da interpretação de sua fundadora, para os rostos dos quatro seres viventes, que o profeta Ezequiel viu no início de seu ministério. Eles seriam quatro ângulos do 23

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL ministério de Jesus: Ele salva, Ele cura, Ele batiza com o Espírito Santo e há de voltar. Quem implantou a Igreja Quadrangular no Brasil foi um ex-ator de filmes de faroeste, Harold Willians. Ele já havia tido uma experiência missionária na Bolívia durante nove meses. Depois de uma longa viagem eles desembarcaram em Santos, seguindo depois para Poços de Calda, no Sul de Minas. Após viajar por todo o país a fim de conhecê-lo melhor, Harold completava trinta e três anos. Os quatro primeiros anos no Brasil não foram muito produtivos, dois anos em Poços de Caldas e dois anos em São Paulo, no bairro de São João da Boa Vista. Fundou então a Igreja Evangélica do Brasil, de doutrina quadrangular, que era a mentora da Cruzada Nacional de Evangelização. Em 1958, sete anos depois, a Igreja mudou de nome passando a se chamar Igreja do Evangelho Quadrangular como acontecia nos EUA. A partir de então o trabalho teve um crescimento significativo, principalmente nos Estados de São Paulo e Paraná. A Igreja Quadrangular deu bastante ênfase ao trabalho com tendas. A necessidade surgiu pelo fato de Harold ter trazido ao Brasil o evangelista e pregador de curas divinas Raymond Boatright. Como o apoio da Igreja Presbiteriana Independente e da Igreja Metodista, ambos foram para a região de Araçatuba, Presidente Prudente e Americana, no interior de São Paulo. Os lugares disponíveis para reunir o povo tornaram-se por demais pequenos, e por isso Willians foi para os EUA e trouxe uma tenda para mil e duzentos lugares. A mesma foi usada a primeira vez em 1954 no bairro do Cambuci em São Paulo. Em pouco tempo eles já possuíam cerca de trezentos ministros ordenados e cada um deles recebeu uma tenda e um sistema de auto-falante para realizar um trabalho itinerante. Uma das grandes contribuições dessa Denominação pentecostal foi o fato de que, diferente das demais, ela deu ênfase ao preparo bíblico e teológico dos obreiros. Em 1957 Dorothy Marguerite Hawley viria ao Brasil para fundar o que hoje é o Instituto Teológico Quadrangular. Outro destaque dessa Denominação é o espaço concedido ao ministério feminino. Talvez pelo fato de possuir uma mulher como fundadora, uma boa parte das Igrejas é conduzida por pastoras, sendo que em muitos casos a esposa é a titular da Igreja.

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL E. Exército de Salvação Seria uma grande omissão deixar de citar nesse período a chegada do Exército de Salvação ao Brasil. Esse trabalho foi fundado por William Booth, um pastor metodista inglês em 1865. Os primeiros missionários dessa Denominação chegaram aqui no ano de 1922 e ao contrário do que aconteceu com outros grupos, fizeram um trabalho com missionários de diferentes nacionalidades. Havia oficiais (como eles denominam de ministros de forma geral) suecos, ingleses, dinamarqueses, alemães, canadenses, noruegueses, australianos, neozelandeses, norte-americanos, japoneses e até chilenos e argentinos. Com forte ênfase em trabalho social, o Exército de Salvação trabalhou muito em zonas de meretrício. Era muito comum ver jovens e adolescentes percorrendo os bairros sombrios das grandes cidades, entrando em bares e outros lugares escusos, divulgando seu jornal Brado de Guerra, hoje chamado de Rumo. O casal David e Stelle Miche, pioneiros do trabalho, permaneceram no Brasil na cidade do Rio de Janeiro pouco tempo, apenas de maio de 1922 até agosto de 1928. Ele já estava com sessenta e um anos quando retornou à Suíça por motivos de saúde. Viria a falecer ali aos setenta e um anos de idade. E o trabalho do Exército de Salvação prosseguiu frutífero desde então, contando com o apoio dos convertidos. Embora o Exército de Salvação não pertença ao grupo pentecostal, foi incluído aqui por ter sido uma das últimas grandes Denominações a vir ao Brasil. Não podemos nos esquecer que este grupo, com sua ênfase no trabalho social, permanece com uma das maiores Instituições filantrópica do mundo, além de destacar-se por seu zelo evangelístico e missionário. F. Outras Denominações Com certeza outros trabalhos merecem ao menos ser lembrados, como importantes instrumentos de Deus para o estabelecimento do Evangelho em nossa nação. Entre eles podemos falar da Igreja de Nova Vida no Brasil. A Igreja Cristã Nova Vida é fruto do ministério do Bispo Robert McAlister, canadense, que chegou ao Brasil

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL no ano de 1960 no Rio de Janeiro. Oriundo do pentecostalismo clássico e filho de pastores, sua origem religiosa está na Assembléia Pentecostal do Canadá. O Bispo Robert foi missionário em vários lugares do mundo e esteve pregando no Brasil em 1958/1959 a convite das Igrejas Assembléia de Deus e Evangelho Quadrangular. O seu ministério iniciou-se no Rio de Janeiro, através de um programa de rádio, a Voz de Nova Vida. Em 1961, foi realizado o primeiro culto na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro da cidade. A partir de então, o crescimento da Igreja foi constante. Também merece menção a Igreja do Nazareno. É uma Denominação centenária de nível Internacional surgida durante o Movimento de Santidade, ocorrido na Europa e América do Norte ao longo do século XIX. A Igreja do Nazareno tem como base os princípios do Wesleyanismo e do Metodismo, sendo que em algumas regiões seus membros são referidos como Nazarenos. Em 2008, o número de membros já ultrapassava a marca de 1.837.393 membros de vinte e três mil templos diferentes em cento e cinqüenta e cinco lugares do mundo. O primeiro culto no Brasil foi realizado no dia 12 de outubro de 1958 em Campinas, quando a Denominação celebrava cinqüenta anos. Participaram desse evento três famílias americanas, os Mosteller, Gates e Stegmoller, e alguns brasileiros. Logo vieram outros americanos e caboverdianos, formando assim o embrião que lideraria por anos os caminhos da Igreja recém-nascida. O esforço dos missionários americanos e caboverdianos, no final dos anos 60, foi fundamental para a implantação da Denominação em terras brasileiras, mas foi na figura de um homem, o pastor Aguiar Valvassoura, que a Denominação experimentou crescimento numérico e fortalecimento. Em Campinas, Valvassoura conseguiu transformar uma Igreja de duzentos e vinte e cinco membros em uma comunidade de sete mil pessoas. Ele não apenas construiu creches para crianças carentes, viabilizou a construção de acampamentos para jovens e adolescentes, a instalação de um colégio e de uma faculdade, mas conduziu a multiplicação de novos trabalhos que garantiram saúde e crescimento ao distrito paulista, que chegou à lista das três maiores Denominação em todo o mundo.

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL 3.2 AS PRIMEIRAS IGREJAS NATIVAS

Na segunda metade do século XX começam a surgir as primeiras Denominações brasileiras, geralmente a partir dos círculos pentecostais. Alguns desses grupos cresceram de forma espantosa e hoje são grandes Denominações com centenas ou mesmo milhares de Igrejas espalhadas pelo país e mesmo fora dele. A tendência geral desses trabalhos foi desenvolver-se a partir do carisma de um líder, embora nem sempre tenha sido assim. De qualquer forma elas foram um importante acréscimo à Igreja evangélica brasileira. A. Igreja do Avivamento Bíblico De modo oficial, podemos dizer que o Avivamento Bíblico nasceu no dia 7 de setembro de 1946, em meio aos eucaliptos que havia no pátio, aos fundos da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista do Brasil, em Rudge Ramos, município de São Bernardo do Campo. Isto a torna a primeira Denominação pentecostal brasileira. A próxima Denominação, O Brasil Para Cristo, nasceria somente em 1955, nove anos depois. Um grupo de irmãos metodistas, das Igrejas de Tucuruvi e Vila Mazzei, bairros da capital paulista, estavam crendo no batismo com o Espírito Santo como uma experiência pessoal (e muitos deles já haviam experimentado tal plenitude) e, reunidos nesse local, juntamente com os então seminaristas Mário Roberto Lindstron, Oswaldo Fuentes e Alídio Flora Agostinho, resolveram continuar a Obra iniciada no seio da Igreja, sob qualquer circunstância. Esta decisão tornou oficial o Movimento, por isso que essa é a data em que se comemora o seu aniversário. Esse grupo de irmãos era conhecido por “grupo de clamor” porque orava intensamente por reavivamento no seio da Igreja e pregava a experiência da santificação e batismo no Espírito Santo como grande necessidade para os crentes. Tornou-se um grupo muito ativo em ambas as Igrejas. Como era de se esperar, não pôde ser tolerado muito tempo no seio da Igreja e teve de sair e organizar-se, pretendendo ser mais 27

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL um Movimento que uma Denominação. Teve que escolher um nome que o caracterizasse, o qual foi Igreja Evangélica Avivamento Bíblico, como se chama até hoje. Quando jovem Mário Roberto Lindstron, candidato ao ministério metodista, veio para Faculdade de Teologia em 1945, encontrou os estudantes Taisuke Sákuma e Kinzo Uchida, ambos da Igreja Metodista Livre, que faziam seu curso no mesmo local, Kinzo foi o instrumento usado por Deus para pregar ao seminarista Mário, que estava insatisfeito com sua vida espiritual, a necessidade de buscar a “experiência de santificação e santidade”- doutrina pregada pelo metodismo antigo. Ele e outros colegas entregaram-se a busca de poder e santificação orando intensamente. Mário Roberto Lindstron encontrou então o que buscava: o batismo no Espírito Santo. Quando experimentou “a benção”, profetizou a conversão de seu pai (que se cumpriu plenamente) e ouviu a voz do Senhor, que o mandou pregar um avivamento na Igreja. Sendo ajudante das Igrejas de Tucuruvi e Vila Mazzei, foi usado por Deus para anunciar a mensagem de despertamento, que foi aceita por muitos. Os irmãos avivados tiveram profundas experiências com o Espírito Santo e se tornaram poderosos na oração. No ano seguinte, 1946, vieram para a mesma Faculdade os jovens Oswaldo Fuentes e Alídio Flora Agostinho. Cada um deles tem sua própria história a contar, mas ao fato de que, logo na chegada à Faculdade, ao irem juntos com o jovem Mário Roberto orar a Deus, agradecendo pela boa viagem, o fogo de Deus se derramou abundantemente em todos eles. Ficaram então, como o colega Mário, marcados como os do “grupo”. Foi por isso que o 7 de setembro, desse mesmo ano permitiu o encontro dos irmãos do “grupo de clamor”, com estes seminaristas, no pátio da Escola de Profetas da Igreja Metodista, para fixarem o indelével propósito de continuar, sob qualquer circunstância, o movimento de avivamento espiritual. A obra era de Deus. Nascia o Avivamento Bíblico. E depois desses acontecimentos, não podendo continuar no seio da Igreja Metodista do Brasil, o grupo passou a se reunir fora, inicialmente na casa do irmão Edmundo Branquini e depois na humilde residência de um irmão, Lázaro Sansão, à Rua Floreal, 10, em Jaçanã. Para isso, ele separou uma pequena

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL “área coberta de sapé”, anexa à sua casa. Foi escolhido o irmão Tertuliano Antunes como primeiro líder do “grupo”, enquanto os seminaristas continuavam na faculdade de teologia. B. O Brasil Para Cristo Foi iniciada por Manoel de Mello e Silva (1929-1990), um trabalhador da construção civil que veio a São Paulo do sertão pernambucano, membro da Assembléia de Deus e que participou por algum tempo depois da Cruzada Nacional Evangelização (mais tarde Igreja do Evangelho Quadrangular). Foi ordenado ministro pela International Church of the Foursquare Gospel, Igreja estadunidense que organizou os trabalhos missionários que fundaram a Igreja Quadrangular no Brasil. Em 1955, Manoel teria tido uma visão de Jesus Cristo para iniciar um trabalho de evangelização, reavivamento espiritual e cura divina. A Igreja cresceu na maior parte em áreas pobres e operárias da Zona leste de São Paulo. Alcançou destaque entre as Denominações pentecostais do Brasil, ainda que seja timidamente representada no exterior. Desse Movimento/Denominação se originaram pelos menos duas outras Denominações pentecostais: a Igreja Pentecostal Deus é Amor, e a Casa da Bênção. Manoel de Mello deixou a direção de sua Igreja em 1986 e morreu em 05 de maio de 1990. Após a morte de seu fundador, perdeu seu ímpeto inicial e parte da membresia migrou para Igrejas neopentecostais. Desta forma houve significativa redução de sua membresia (teria chegado a agregar um milhão de pessoas na década de 1970), possuindo hoje, quatro mil Congregações com quatrocentos mil membros no Brasil e presença no Paraguai, Bolívia, Peru, Chile, Uruguai, Argentina, Portugal e nos EUA. C. Casa da Bênção A Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus (ITEJ) é uma Denominação evangélica pentecostal, que hoje conta com aproximadamente cento e quarenta mil

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL membros, conforme informações da própria Denominação e é mais conhecida é como Casa da Bênção. É mais presente nos grandes centros urbanos do que nas pequenas cidades. O primeiro culto foi realizado em 9 de junho de 1964, na praça Vaz de Melo, Belo Horizonte, às 15 horas, por Doriel de Oliveira. Este foi o primeiro culto oficial, pois Doriel já tinha realizado vários cultos como ministro da Igreja O Brasil para Cristo. Eles se reuniram por cinco meses na praça até arranjarem um templo. O crescimento foi investigado pelo Departamento de Ordem Política e Social- DOPS, sendo que alguns pastores foram até presos, visto estarem no período da ditadura militar. Em 1969, o líder decidiu ir para Brasília, instalar uma nova Sede. Nessa época a Denominação já contava com quarenta congregações em toda a região de Belo Horizonte. Então, em maio de 1970, o casal Oliveira, e mais quinhentos membros, partiu para Brasília. Após se estabelecerem em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília, foi construído o primeiro templo e, em 1983, deu-se o trabalho para a construção da Sede mundial, a Catedral da Bênção, sendo inaugurado em 1985, durante a 21ª Convenção Nacional, com capacidade para cinco mil pessoas. Conforme informações da ITEJ, a Igreja está atuando em quatorze países como nos Estados Unidos, Gana e outros, possuindo dois mil templos em todo o Brasil. Igreja Pentecostal Deus é Amor A Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA), é uma da Denominação evangélica brasileira originária da segunda onda do Pentecostalismo. Foi fundada em 1962 pelo missionário David Martins Miranda. A sua membresia foi estimada em 774.830 (conforme Censo 2000 feito pelo IBGE), distribuídos em onze mil Igrejas, sendo assim a quinta maior Igreja em número de membros do ramo pentecostal no Brasil, ficando atrás da Assembléia de Deus, Congregação Cristã no Brasil, Igreja Universal do Reino de Deus e Igreja do Evangelho Quadrangular, e nono lugar entre as Igrejas Protestantes Brasileiras. Oficialmente a Igreja Pentecostal Deus é Amor foi fundada em 3 de junho de 30

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL 1962, sendo esta data a de registro como pessoa jurídica em Cartório passando a existir oficialmente perante a lei. Mas de fato ela teve início alguns meses antes, em mês de março de 1962 A Denominação se caracteriza por sua rigidez nos costumes. Seu conservadorismo, mantendo os padrões dos primeiros grupos pentecostais da primeira metade do século XX. 3.3 OS MOVIMENTOS DE RENOVAÇÃO

Nas décadas de 60 e 70 houve no Brasil uma onde de avivamento que atingiu principalmente as Denominações históricas. Presbiterianos, batistas, metodistas e mesmo o Exército de Salvação foram influenciados pelo movimento pentecostal. Esse fato deu origem a diversas Denominações, entre elas a Igreja Presbiteriana Renovada e a Igreja Batista Renovada. O avivamento também atingiu outras Igrejas históricas como a Congregacional, por exemplo. Nem sempre o resultado desse avivamento foi a criação de outras Denominações, embora o cisma possa ser apontado como um procedimento comum. Esses cismas ocorreram geralmente pela rejeição da experiência por parte da liderança das Denominações. Os grupos que haviam experimentado o avivamento não viam outra opção senão o desligamento. Em alguns casos, porém, como no Exército de Salvação, grupos carismáticos ou pentecostais passaram a conviver lado a lado com grupos que rejeitavam tal experiência. 3.4 AS NEOPENTECOSTAIS

O neopentecostalismo é uma vertente do evangelicalismo que congrega Denominações oriundas do pentecostalismo clássico ou mesmo das Igrejas cristãs tradicionais (batistas, presbiterianos, etc). Surgiram sessenta anos após o movimento pentecostal do início do século XX (1906, na Rua Azuza), ambos nos Estados Unidos da Améri31

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL ca. Diferente do primeiro grupo de pentecostais que davam muita ênfase ao falar em línguas e profecias, este grupo enfatizou a cura divina e o exorcismo. Outras características dos grupos neopentecostais que merecem ser apontadas, é a sua rejeição aos costumes rígidos dos primeiros pentecostais, bem como sua adesão à chamada “teologia da prosperidade”. Dentro desse grupo podemos inserir principalmente a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Internacional da Graça de Deus e a Renascer em Cristo. Entretanto, desde então o estilo de culto e pregação passou a ser imitado por outras Denominações mais tradicionais ou ser considerado integralmente como modelo para novas Denominações. A. Universal do Reino de Deus A Igreja Universal do Reino de Deus foi fundada em 1977, quando Edir Macedo, com o apoio de Romildo Soares, decidiu criar sua própria Igreja. Após a criação da Igreja, Soares desligou-se da IURD e fundou a Igreja Internacional da Graça de Deus. Ambos eram membros da Igreja Pentecostal de Nova Vida antes de fundarem a IURD. A Igreja foi criada a partir de reuniões ao ar livre feitas por Edir Macedo, (eram chamadas de Cruzada para o Caminho Eterno). Mais tarde as reuniões passaram a acontecer em um antigo cinema (Bruni Méier), e ainda depois, em outro cinema (Ridan). Em 9 de julho de 1977, nasceu oficialmente a Igreja, a princípio sob o nome de Igreja da Bênção, (nessa época, a Igreja estava sediada em um galpão na antiga Avenida Suburbana, hoje Avenida Dom Hélder Câmara, zona norte do Rio de Janeiro). Três anos depois foi aberto o primeiro templo nos EUA. Atualmente, a Sede da IURD é a Catedral Mundial da Fé, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, também conhecida como Templo da Glória do Novo Israel. Outra Sede da Igreja é o Templo Maior de São Paulo, localizado no bairro paulistano de Santo Amaro. Entre 1990 a 1995, a Igreja Universal passou de novecentos mil para três milhões e meio de fiéis, possuía mais de dois mil templos no Brasil (e sete mil pastores) e estava presente em trinta e quatro países, com duzentos e vinte e cinco templos nos cinco Continentes. A Denominação é uma das mais polêmicas da linha neo32

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL pentecostal, tanto pelos escândalos financeiros ocorridos, bem como pelo uso de objetos diversos em seus cultos. Além disso, há uma tendência sincretizante dentro da mesma. B. Igreja da Graça A Igreja Internacional da Graça de Deus é uma Igreja evangélica neopentecostal fundada pelo Missionário Romildo Ribeiro Soares (conhecido como Missionário R.R. Soares) em 1980, na Rua Lauro Neiva, no Município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Romildo fundou a sua própria Denominação logo após se separar de seu cunhado, o então pastor Edir Macedo (hoje bispo). Atualmente, a Igreja Internacional da Graça de Deus tem mais de dois mil templos abertos em todo o mundo. Desse número, mais de cem Igrejas se encontram no Rio de Janeiro, onde tudo começou. Conta ainda com todo um complexo de comunicação, que inclui um canal aberto de TV, programas em outras emissoras, revistas, livros, editora e gravadora. C. Renascer em Cristo A Igreja Apostólica Renascer em Cristo é uma Denominação da linha neopentecostal fundada em São Paulo, em 1986, por Estevam Hernandes e Sônia Hernandes. A Denominação possui uma rede de TV, uma gravadora, rede de rádio, uma editora e uma linha de confecções; no Brasil há cerca de mil e duzentos templos e mais de dois milhões de seguidores, segundo o site oficial. Isso tornaria a Renascer na segunda maior Denominação neopentecostal brasileira. Inicialmente, as reuniões eram feitas no apartamento do casal, sendo posteriormente alugado um salão, num piso superior do edifício onde se encontrava a Pizzaria Livorno, na rua Vergueiro, no bairro de Vila Mariana, em São Paulo. Com o aumento do número de membros, foi disponibilizado um espaço na Igreja Evangélica Árabe de São Paulo, ainda na Vila Mariana. O foco principal era em cultos para jovens. Após um rápido crescimento, é adquirido um prédio na Avenida Lins 33

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL de Vasconcelos, onde seria erguida a Sede Internacional, com capacidade para cinco mil pessoas. Desde então aconteceu um crescimento vertiginoso. Em pouco tempo já ocupada muitos espaços na mídia. A Igreja foi alvo de diversas matérias na imprensa, geralmente destacando escândalos financeiros.

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4 O PRESENTE SÉCULO XXI 4.1 ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS

Quando pensamos no Brasil, um país de dimensões continentais, pensamos nesse almoço. O número de evangélicos está atingindo a cifra de 25% da população, algo em torno cinqüenta milhões de pessoas. Mesmo assim, durante um bom tempo a situação da região Nordeste apresentou o contraste mais significativo. Entre 1980 e 1981 o crescimento populacional da região Nordeste foi de quase 2%, enquanto o crescimento de evangélicos foi de quase 6%. No período de 1991 a 2000, o crescimento populacional não chegou a 1,5% e o crescimento do número de evangélico nesse período chegou a quase 10%. Em um primeiro momento esses números nos dão motivo para glorificar a Deus e a pensar que está tudo bem. Mas à medida que outros números surgem, igualmente surgem motivos para preocupações. Esses novos números mostram um quadro não tão positivo. Por projeção, o percentual de evangélicos na região Nordeste atinge em 2009 a casa dos 19,2%. Alguém pode dizer que é um número expressivo, todavia, é o menor percentual das cinco regiões do Brasil, ficando atrás até mesmo da região Sul. E ainda por cima, fica abaixo da média nacional que é de 25%. Logo, essa é a mesa mais carente, com pão e água apenas. Ainda é importante saber que dos onze Estados brasileiros que possuem municípios com população evangélica inferior a 1%, sete deles estão na região Nordeste. E se considerarmos os Estados com municípios com menos de 2%, teremos também onze Estados sendo oito deles do Nordeste. 35

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL 4.1 ASPECTOS POSITIVOS DA IGREJA BRASILEIRA

Talvez o aspecto mais positivo da Igreja evangélica no Brasil seja seu crescimento. Alguns a colocam como a terceira maior do mundo. De fato são inúmeras as Denominações e Igrejas. Elas variam de tamanho, desde pequenas Congregações em áreas rurais e subúrbios, até mega Igrejas nas grandes capitais. Esse crescimento também se faz sentir na posse de outras instituições ligadas ao trabalho evangélico: escolas, universidades, estações de TVs, rádios, organizações filantrópicas, revistas, jornais, editoras, gravadoras, etc. Isso tem contribuído para a divulgação do pensamento evangélico. Outro ponto que merece ser destacado é o despertamento missionário. A AMTB (Associação de Missões Transculturais Brasileiras é uma instituição que reúne cerca de dois mil missionários brasileiros transculturais servindo em noventa e duas agências e oitenta e cinco nações. A distribuição de Bíblias no Brasil também é outro fator que merece destaque. A Sociedade Bíblica do Brasil chega a distribuir cerca de um milhão de Bíblias e cento e quarenta e dois milhões de porções anualmente. Os Gideões chegam a distribuir dez milhões de Novos Testamentos. Isso sem falar no trabalho de inúmeras editoras de grande e médio porte. 4.2 ASPECTOS NEGATIVOS DA IGREJA BRASILEIRA

Infelizmente há aspectos negativos que precisam ser levados em conta. Muito do crescimento é realizado com carência de ensino teológico, o que produz às vezes uma liderança imatura e incapaz de estabelecer os pontos básicos do Evangelho. Muitas dessas dificuldades já foram superadas com a criação de seminários e cursos teológicos, inclusive por extensão, mas as necessidades não foram ainda completamente supridas. Outro fator preocupante é com os numerosos escândalos envolvendo autoridades evangélicas, muito destes estão ligados à política. O ambiente político brasileiro

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL é suscetível a todo tipo de corrupção e os evangélicos nem sempre conseguem se resguardar. Porém o desafio ainda permanece em regiões pouco evangelizadas, como as populações ribeirinhas da Amazônia e o sertão nordestino. As favelas das grandes capitais tornaram-se zonas de grande risco onde predominam os cartéis de drogas. Além desses elementos a ação do espiritismo no país precisa ser levada em conta. De fato, talvez sejamos a maior nação espírita do mundo se considerarmos o espiritismo de origem afro, o kardecismo e o esoterismo crescente na Nova Era. Podemos citar também seitas como Testemunhas de Jeová e Mórmons, que tem no Brasil grandes rebanhos, próximo a cifra de um milhão. CONCLUSÃO

A Igreja brasileira não tem mais do que cento e sessenta anos e somente por esse motivo deve ser olhada com respeito pelo seu significativo crescimento e influência. Sendo um campo missionário tardio, os resultados alcançados foram realmente surpreendentes. Nem sempre esse crescimento se deu de modo sadio, mas os erros do passado foram pouco a pouco corrigidos e outros pontos estão sendo avaliados e trabalhados. Em matéria de campo missionário, o Brasil é hoje celeiro missionário, e apesar do muito que foi feito, ainda possui potencial para realizar muito mais. Os recursos disponíveis à Igreja, seja em termos financeiros, ou recursos humanos, possibilita à Igreja brasileira fazer um grande impacto no mundo. Um fato a ser trabalhado ainda de modo mais expressivo é a questão da unidade. Os últimos anos tem sido vítima de uma explosão incomparável de Denominações, nascidas muitas vezes de cismas marcados por conflitos não resolvidos. Olhando para a Igreja brasileira muitos tem sentido que somente um novo avivamento poderá corrigir erros de longa data, colocando-a em seus devidos trilhos.

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL

Nome:_______________________________________________data: ___/____/____ 1. Como o Brasil ficou conhecido até a primeira metade do século XX? 2. Quais eram os principais representantes de Reforma Protestante? 3. Como eram chamados os membros da Companhia de Jesus? Que funções caracterizavam seus princípios centrais? 4. Quem são os huguenotes? 5. Quando foi realizado o primeiro culto protestante e quando foi realizada a primeira Santa Ceia no solo brasileiro? 6. Quando ocorreu a segunda experiência protestante no Brasil? 7. Em que ano o protestantismo conquistava definitivamente seu direito de existir? 8. Pelo Tratado de 1810 os ingleses que aqui residiam ganharam liberdade para realizar seu culto sem serem molestados, desde que: 9. Por que as primeiras levas de alemães luteranos para o Brasil não constituiu um evento missionário? 10. Como eram descritos os missionários anglo-americanos? 11. Por que a vinda dos presbiterianos está ligada à história de Ashbel Green Simonton? 12. Qual foi o grande feito do missionário metodista, James William Koger, em 1881? 13. Como começou o trabalho dos batistas? 14. Que fato contribuiu para tornar a Igreja brasileira uma das maiores do mundo? 15. Qual pregador é geralmente considerado como o iniciador do Movimento Pentecostal? 16. Quais foram as primeiras Igrejas pentecostais que aqui se estabeleceram? 17. Qual Denominação deu ênfase ao trabalho social, e permanece com uma das maiores Instituições filantrópica do mundo, além de destacar-se por seu zelo 39

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HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL evangelístico e missionário? 18. Quais foram as primeiras Igrejas nativas, surgidas na segunda metade do século XX? 19. Cite duas características dos grupos neopentecostais que merecem ser apontadas: 20. Cite um aspecto positivo e um aspecto negativo da Igreja brasileira:

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