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Rosa Maria Santos
le Vale Encantado. Cidade Poema, como agora lhe chamavam. - Mãezinha – disse – vou ali com a Bolachinha e já volto. Preciso de arejar. - Porquê Luizinho? – perguntou a mãe que não deixou que escapasse um ar de desconfiança sobre ele. - Apenas para ver se fico um pouco melhor, como disse, acordei mal disposto. Condescendente e para não frustrar as suas expectativas, a mãe concordou: - Vai lá, mas não vás para longe, hoje é dia de regressar. O evento de Tarouca Vale a Pena já foi – sorriu – está tudo de regresso a casa. Ficamos um pouco mais,mas agora chegou a hora de seguir viagem.
- Vou apanhar fresco ar, Vem comigo, minha amiga, Talvez que ao caminhar Já não sinta esta fadiga
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O dia esta tão escuro! Será que ainda vai chover? Talvez um pouco de ar puro Me traga para comer
Esgueirou-se pela rua A correr e a saltar E aBolachinha até sua Por com tanta pressa andar
- Tem cuidado, Bolachinha, Trata o moço com carinho Essa dor de cabecinha Deu cabo do meu menino
- Coisas deles,com certeza, Disse espreitando a janela Como é linda a natureza Nesta terra doce e bela
Mas Luizinho já quase não ouvia as admoestações da mãe, já ia bem distante à procura de comprar o Lenço para sua mãe. Entrou na loja e perguntou: - Bom dia. Pode dizer-me por favor quanto custa aquele lencinho que está ali no manequim? - Bom dia meninos.Que linda a tua maninha. Como te chamas. Não me digas que também vieste à festa do fim-de-semana, de poesia, creio. Uma das poetas? - Não – sorriu – não somos poetas. A mãezinha, sim, escreve que é um sonho. Ela diz que não é poeta, apenas uma alma sonhadora a vaguear pelo universo. Se calhar é por isso que estou aqui hoje, andou por aí a deambular nas suas poesias e criou esta figurinha estranha que está aqui a olhar para si, a que agora chamam Bolachinha – disse, sorrindo. - Bem, vamos lá ao preço do tal lencinho. Quinze euros. - Ó - exclama Luizinho – não tenho dinheiro que chegue. Queríamos oferecer esse lenço a mãezinha. Hoje é o dia das mães. Que pena. O que vamos fazer Bolachinha? O dinheiro não chega. A porta abre-se e entra um dos muitos personagens do evento. Ficara também um pouco mais para que a Ana Borges lhes mostrasse as maravilhas da região? Não, era ela mesmo, a Ana Borges, em pele e osso. - O que fazem aqui, meninos? - Viemos comprar um lenço para oferecer à mãezinha. É o dia da mãe. Mas… Bem, temos que ir. -Hei, onde vão a correr? Disfarçadamente, dá indicação ao balconista que embrulhe o lencinho. - Tomem – disse no fim – a minha prenda para vós, vão e ofereçam à vossa mãe. Não lhe digam que vos ofereci.
- Levem o lenço a mãezinha Ofereço com prazer Tem cuidado, Bolachinha Vão que está quase a chover
Obrigada minha amiga Como posso agradecer No correr da minha vida Não mais a vou esquecer Lá se foram sem demora E com que pressa eles vão Não pode chover agora Bolachinha, dá-me a mão! - Não podes ficar molhada Vá, estamos a chegar Bolachinha atrapalhada Já nem pode respirar
E na janela a mãezinha Ao bondoso Deus rezava - Vá, afasta a nuvenzinha E guia-os pela estrada
- Mãezinha, chegamos, ajuda a Bolachinha que está cansada e quase não consegue respirar. Leva-a para dentro e senta-a no sofá a descansar. Qual quê? Bolachinha, assim que se viu em casa, arrebitou e logo correu para os braços da mãe que abraçou com um carinho inusitado. Queria ver brilhar os olhos da mãe quando abrisse o embrulho com esse lencinho lindo que lhe trouxeram, queria vê-la sorrir de alegria e felicidade.
- Toma, querida Mãezinha Vê se gostas, bicolor! - Luizinho, Bolachinha, Que lindo gesto de amor!
A lágrima peregrina Logo dos olhos saltou E em Luizinho e Bolachinha Depressa se evaporou
- Vamos, vamos p’rá cozinha Vamos fazer um lanchinho, Luizinho, Bolachinha Vamos lá, quero um beijinho
Dia da Mãe, um dia que nunca vão esquecer. Para trás, aquele Vale Encantado, a Ana Borges, o lenço da mãezinha, lenço bicolor e os olhos de Ana Borges, cujo carinho e amizade nos proporcionou um momento que ficará para sempre gravado nos seus corações.
ENTREVISTA ESCRITORA ANDREIA CAMARGO
Andreia Camargo nasceu em 2 de março de 1958, natural do Rio de Janeiro, Brasil. Escritora eclética, começou a escrever aos catorze anos de idade. É autora de vários livros dentre os quais ficção, romances policiais, política, poemas e poesias, biografia do vodum no Brasil, vocabulário de língua Fongbe, livros infantis e muitos outros. Vive atualmente na Europa há mais de vinte anos.
Boa leitura!
Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Escritora Andreia Camargo, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, em que momento pensou em escrever “O Sopro do Vento”?
Andreia Camargo – Na realidade, escrevo três ou quatro livros em contemporânea, e neste período de inspiração me veio à ideia escrever uma história de época. Era o que faltava em minha carreira como escritora.
Como foi a escolha do título?
Andreia Camargo - Tudo parte da intuição: títulos, histórias, personagens. É como se eu entrasse num holograma e vivesse aquela situação criada pela minha mente.
Quais os principais desafios para escrita desta obra literária?
Andreia Camargo - Foram as pesquisas sobre como os senhores feudais viviam naquela época, qual o sistema judiciário, como eram tratados os escravos; enfim a forma de viver em geral. Foi um grande desafio que me levou a pesquisar em bibliotecas e na internet.
Qual o momento, enquanto escrevia o romance, que mais a marcou? Comente.
Andreia Camargo - Quando a escrava Moema entra nas lojas da cidade e os donos das lojas a tratam como uma escrava e ela se revela a protegida de um marquês.
Como foi a escolha dos nomes para os personagens que compõem o enredo?
Andreia Camargo - Os nomes surgiram por meio de pesquisas. Estudei os nomes mais usados naquele período. Foi um árduo trabalho de pesquisa e dedicação.
“O Sopro do Vento” é um romance com aproximadamente 600 páginas. Apresente-nos a divisão do enredo por meio dos principais capítulos, destacados no sumário.
Andreia Camargo - No início chega a sinhazinha Vitoria, sobrinha do barão Rodolfo de Pinheiros, à sua fa-
zenda “O Sopro do Vento”, para ficar em sua custódia até completar vinte e cinco anos, ocasião a qual terá o direito de receber a herança deixada pela sua falecida genitora. Tudo acontece: a jovem Vitoria se apaixona pelo escravo Tonho e será violada pelo próprio primo Felipe. O Barão, seu tio, para limpar a honra da sobrinha, obriga o filho a desposá-la. A baronesa Elvira, esposa do Barão de Pinheiros, é assassinada dentro do salão da casa-grande e ninguém imagina que o assassino é quem menos se espera entre os suspeitos na fazenda. Ocorre o sequestro do Barão de Pinheiros por um inimigo do passado. Por dias ele é preso vivendo a pão e água. A escrava Moema é comprada pelo Marquês de Casa Verde, que se apaixona e a transforma na Marquesa de Casa Verde, trazendo estupor e escândalo na cidade pelas suas excentricidades. No quilombo, o líder africano A jagunã planeja uma revolta para libertar os escravos de várias fazendas. O Barão de Pinheiros perde toda sua fortuna, mas é amparado pelo seu grande amigo Marquês de casa Verde. A jovem Vitoria vive um amor proibido com o escravo Tonho. Paixões, traições, assassinatos, tudo irá acontecer nesta história de época.
Onde podemos comprar o seu livro?
Andreia Camargo - No meu site poderá ser encontrado o local de venda em todos os países. No final da página do site, clique no título: “O Sopro do Vento” . No Brasil pode ser encontrado na Amazon Brasil.
Quais os seus principais objetivos como escritora? Soube que você já tem livro novo no prelo.
Andreia Camargo - Estou escrevendo: “A Hora da Falácia” (política), “O Mundo Vegano” (gastronomia),“Operação Babilônia 3 – Antártida” (espionagem), e por último outro romance, “Lágrimas de Verão”. No momento estou escrevendo quatro livros contemporaneamente. Meu último trabalho, o livro “Extraterrestres, a invasão”, está sendo revisado pela excelente profissional, professora Rosani Hoelz.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor “O Sopro do Vento”, da autora Andreia Camargo. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Andreia Camargo - Primeiramente quero agradecer o convite para participar desta maravilhosa revista, é uma grande honra e um prazer. Para os meus leitores tenho uma única palavra mágica: gratidão! Por vocês continuarem a prestigiar meu trabalho, e eu prometo sempre aperfeiçoar a cada novo livro escrito. Não esqueçam que ler é o alimento da alma! Quem lê não perde jamais a memória!
Contato autora:
Site oficial: www.andreiacamargo. com - Redes sociais E-mail da autora: vanni.camargo@gmail.com
_________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL | PROFESSOR MARCOS PEREIRA DOS SANTOS
LITERATURA(S) NA VIDA E NA ESCOLA: PARA QUE TE QUERO?
Leitura ... Livros ... Literatura ...
Atualmente existem no mercado editorial, em âmbito nacional e internacional, milhares e milhares de livros relacionados às mais diferentes áreas do conhecimento, os quais estão disponibilizados ao público-leitor tanto na versão tradicional impressa (livros físicos, em formato brochura ou espiral) quanto na modalidade eletrônica (livros digitais, os e-books).
Trata-se, pois, de inúmeras obras científicas e literárias destinadas à leitura e/ou utilização didático- -pedagógica em contextos escolares e acadêmicos. E também para leitura em espaços não escolares, isto é, em ambientes que não sejam, necessariamente, os das salas de aula.
Há, contudo, diversos tipos de livros (didáticos, técnicos, científicos, de formação geral, auto-ajuda, literatura info-juvenil, de desenhar e colorir, dentre outros) que são, por sua vez, direta ou indiretamente endereçados a um contingente específico de pessoas (crianças, literatos, jovens, adolescentes, professores, estudantes, profissionais liberais, empresários, pedagogos, etc.), as quais possuem personalidades, estilos, anseios, concepções, preferências, perspectivas e interesses notadamente distintos.
Isto demonstra, outrossim, que a indústria cultural está em processo de expansão e crescente desenvolvimento científico-tecnológico, procurando atender às demandas e reais necessidades da sociedade contemporânea, tendo como parâmetros norteadores basilares ou “termômetros sinalizadores” a situação socioeconômica e cultural dos leitores e a denominada “lei da oferta e da procura”. Tal fato desvela uma verdadeira “revolução cultural e tecnológica” nos atuais tempos da chamada “sociedade da informação e do conhecimento”, uma vez que, até algumas décadas atrás, existiam no mercado editorial em geral apenas livros físi