Peso leve é o que cansa o homem. Sergio Ricardo do Amaral Gurgel
Hoje, estamos celebrando o lançamento de mais um livro. Ainda não surgiu quem tentasse calcular quantos livros já foram publicados, vendidos, doados, perdidos, inutilizados, lidos e relidos. Alguns desses tesouros, por qualquer razão, são repassados de pai para filho, e conseguem atravessar diversas gerações, quando não arrancados da estante por um amigo ou lançado à lixeira por alguém que tenha nos ferido na alma. Contudo, o certo é que quase todos os exemplares publicados venham integrar o rol dos esquecidos. Não importa se devorados por traças ou esmagados pelas mesinhas cambetas para as quais serviram de apoio, ou, até mesmo, queimados para salvar a vida dos seus donos nos tempos difíceis, esses pequenos emaranhados de páginas que abrem as janelas do infinito conseguem pegar atalhos para cruzarem, inesperadamente, a nossa estrada. Às vezes seguem em capa dura nas livrarias dos bairros nobres, nas mãos dos bem cultos e dos esnobes, mas em outras ocasiões saem por um real nos sebos imundos da região central, se perdendo no caminho para acabarem despedaçados nas mãos de um menino pobre, que um dia poderá dizer que chegou a sonhar.