Bossa 60

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jan/fev 2019



SÍNCOPE

MODERNA A arte parece atuar sempre em duas frentes: como expressão e como documento. Por um lado, uma obra de arte é uma criação, uma leitura de mundo pessoal ou coletiva que adquire determinada forma; por outro, é testemunho dos possíveis caminhos de que dispõe a criatividade humana num certo tempo e espaço. Perceber as conexões entre essas duas facetas significa compreender o fenômeno artístico em sua complexidade. Como pensar a Bossa Nova, denominação que diz respeito a alguns compositores, instrumentistas e cantores, a algumas músicas e discos – principalmente a uma importante fase da música popular –, sem imaginar o delicado encontro entre o samba e o jazz tendo como cenário os bares, as praias e os apartamentos da zona sul carioca, a consolidação do disco de vinil como mídia predominante no fim dos anos 1950, a vontade de modernidade difusa no ar? A sutileza e originalidade que marcaram esse movimento deram novas colorações àquilo que se entende como “cultura brasileira”, repercutindo não apenas na maneira como nos entendemos, mas também na imagem que o mundo passou a ter sobre esse país tão contraditório. Modos de compor, tocar e cantar pareciam traduzir os anseios por uma urbanidade dócil, certamente utópica, mas que se harmonizava com outras dimensões da vida nacional, como o cinema, a arquitetura e o esporte. Seis décadas depois, vale testar a permanência da Bossa Nova, seu potencial para engendrar experiências estéticas nos dias atuais, que pouco lembram o otimismo idílico do período JK. É o que propõe o projeto Bossa 60: reunir músicos da fase histórica do movimento a artistas mais jovens, bem como convidar os públicos ao reencontro com clássicos da música brasileira, quiçá perceber a forma como atravessaram o tempo. Atuar no campo cultural significa estar atento a essas peculiaridades, estimulando que a memória social manifestada em diversas esferas, mais do que nos contar sobre o passado, possa servir ao presente.

Sesc São Paulo


BELEZAS QUE

O TEMPO NÃO DESGASTA A elegância e a beleza dessa sexagenária de espírito juvenil parecem intactas. Até hoje ela provoca suspiros entre seus primeiros admiradores, que se apaixonaram por ela ainda bem jovens, no final dos anos 1950. Assim como fãs de gerações mais recentes, que também se rendem a seus encantos musicais. O que explica o fato de a Bossa Nova continuar a atrair tantos ouvintes e plateias de diferentes gerações pelo mundo afora? É natural que estilos musicais soem datados aos ouvidos do público com o passar do tempo. Mesmo assim, graças às sofisticadas harmonias e aos versos coloquiais de suas letras, além de sua moderna abordagem rítmica, a Bossa Nova conserva até hoje uma aura de contemporaneidade. Suas clássicas canções (belezas compostas décadas atrás por Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Newton Mendonça, Carlos Lyra, Roberto Menescal ou Marcos Valle, entre outros) continuam resistindo ao desgaste do tempo. Para se ter uma ideia do impacto do surgimento da Bossa Nova, no final dos anos 1950, basta perguntar a alguns dos maiores compositores e intérpretes da canção brasileira, como Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa ou Milton Nascimento, como reagiram ao ouvir pela primeira vez o canto suave e o violão percussivo de João Gilberto. Como muitos jovens daquela época, contagiados pela genialidade do pioneiro da bossa, os cinco adotaram o instrumento e se renderam à estética musical do mestre.


João Gilberto conseguiu reunir e sintetizar, na inventiva batida de seu violão e em sua maneira natural e despojada de cantar (sem os exageros dramáticos dos intérpretes mais tradicionais de sua época), contribuições esparsas de outros compositores, cantores e instrumentistas desde os anos 1930: as harmonias modernas do pianista Custódio Mesquita, as letras coloquiais de Noel Rosa, o canto quase falado de Mário Reis, as inovações harmônicas dos violonistas Garoto e Luiz Bonfá ou a modernidade dos sambas de Dorival Caymmi e Johnny Alf. Como dizia o letrista Ronaldo Bôscoli, também jornalista e ativo divulgador do movimento bossa-novista, esses precursores lapidaram a pedra bruta que João Gilberto transformou em joia. Alguns anos mais jovens, os violonistas Roberto Menescal e Carlos Lyra, entre outros, também buscavam naquele momento uma maneira mais moderna de tratar o velho samba. Encontraram o mapa da mina, quando ouviram João interpretar “Chega de Saudade” (de Tom Jobim e Vinicius de Moraes). A ascendência do jazz sobre a Bossa Nova já foi tema de várias polêmicas, no passado, mas hoje é praticamente consensual a conclusão de que essa influência musical foi recíproca. Gravações de bossa nova por jazzistas norte-americanos, como Stan Getz, Quincy Jones, Charlie Byrd, Herbie Mann e Paul Winter, na primeira metade de década de 1960, assim como o tremendo sucesso da gravação de “The Girl from Ipanema” (versão de “Garota de Ipanema”, de Jobim e Vinicius), com Getz, Jobim, João e Astrud Gilberto, em 1964, contribuíram bastante para que a bossa nova se tornasse uma febre mundial. Desde então, sempre que teve sua imagem associada à modernidade e às belezas dessa música, o Brasil ficou muito bem nas fotos. Carlos Calado é jornalista e crítico musical, autor de vários livros e

do blog Música de Alma Negra. Ele sobe ao palco e faz a apresentação dos shows de canção, além de ter escrito os textos desse programa.



Leila Menescal

Quinho Mibach

Daryan Dornelles

WANDA SÁ, MARCOS VALLE & ROBERTO MENESCAL

Quinze anos atrás, os três fizeram um show que se transformou em disco com o apropriado título “Bossa Entre Amigos”. Sim, foi a paixão pela bossa nova que os aproximou, na época em que essa moderna maneira de interpretar o samba estava conquistando o mundo. Gravado em 1964, o álbum de estreia da cantora Wanda Sá teve a produção assinada por Roberto Menescal (seu antigo professor de violão) e trazia no repertório uma das primeiras canções do jovem compositor Marcos Valle. Outros encontros aconteceram e agora os três amigos reúnemse mais uma vez para homenagear a música que adoram. Com sua voz privilegiada, Wanda canta uma seleção de clássicos de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Carlos Lyra e João Donato. E o que Menescal e Valle, dois dos maiores compositores da bossa, poderiam oferecer de melhor à plateia do que seus sucessos?

Dias 23 e 24/1 quarta e quinta, 21h Teatro


REPERTÓRIO Desafinado

Balansamba

Discussão

Tereza da Praia

Vivo Sonhando

Barquinho

Fotografia

Viola Enluarada

Samba de Uma Nota Só

Samba de Verão

Tom Jobim & Newton Mendonça Tom Jobim & Newton Mendonça Tom Jobim Tom Jobim

Tom Jobim & Newton Mendonça

Vagamente

Roberto Menescal & Ronaldo Bôscoli

Roberto Menescal & Ronaldo Bôscoli

Tom Jobim & Billy Blanco Roberto Menescal & Ronaldo Bôscoli

Marcos Valle & Paulo Sergio Valle Marcos Valle & Paulo Sergio Valle

Com Mais de 30

Marcos Valle & Paulo Sergio Valle

Cá Entre Nós

Preciso Aprender a Ser Só

Bye Bye Brasil

Terra de Ninguém

Você

Bênção Bossa Nova

Roberto Menescal & Wanda Sá Roberto Menescal & Chico Buarque Roberto Menescal & Ronaldo Bôscoli

Repertório sujeito a alterações

Marcos Valle & Paulo Sergio Valle Marcos Valle & Paulo Sergio Valle Carlos Lyra, Roberto Menescal & Paulo Cesar Pinheiro


WANDA SÁ A carreira musical de Wanda Sá se confunde tanto com a bossa nova que alguns fãs nem imaginam que ela nasceu em São Paulo. Tinha apenas um mês de idade quando a família se mudou para o Rio, onde ela vive até hoje. Seu delicado timbre vocal chamou atenção logo no disco de estreia, o cultuado “Wanda Vagamente” (1964). Chegou a cantar nos Estados Unidos com o grupo Brasil 65 de Sergio Mendes. Ao se casar com Edu Lobo, em 1969, afastou-se dos palcos por mais de uma década. Desde os anos 1990 tem lançado discos quase todos anos. “Já fui pressionada a mudar de estilo, mas é isso que sei fazer bem. Sou uma cantora de bossa nova”, diz Wanda, que se apresenta com frequência no Japão e nos Estados Unidos.

MARCOS VALLE Integrante da segunda geração da bossa nova, o violonista e cantor carioca estreou em um trio com Dori Caymmi e Edu Lobo, em 1961. Sua parceria com o irmão, Paulo Sergio Valle, rendeu várias canções de sucesso. Com uma concepção mais arejada do que as de outros bossa-novistas, Marcos abriu sua música para influências de gêneros como o funk, o soul e o rock, na década de 1970. Foram essas misturas que, já em meados dos anos 1990, contribuíram para despertar por sua música o interesse de plateias mais jovens, na Europa e no Japão. “O segredo foi juntar meu lado bossa nova com meu lado pop”, diz o carioca, que em 2018 reencontrou no álbum “Edu, Dori & Marcos” seus primeiros parceiros musicais.

ROBERTO MENESCAL Este mestre da bossa é, curiosamente, um capixaba nascido em Vitória. Cresceu no bairro carioca de Copacabana e, antes de se interessar pelo violão, estudou piano. Começou a carreira em 1957, acompanhando a cantora Sylvinha Teles. No ano seguinte abriu uma escola de violão, onde estudaram Nara Leão, Wanda Sá, Marcos Valle e Francis Hime, entre outros. “Tiramos a gravata da música brasileira”, brinca Menescal, que iniciou em 1960 a parceria com Ronaldo Bôscoli, com o qual criou solares clássicos da bossa, como “O Barquinho”, “Rio” e “Nós e o Mar”. Já nos anos 1990, fundou seu próprio selo, o Albatroz, para produzir gravações de bossa nova, que incentivaram carreiras de novos intérpretes.

FICHA TÉCNICA

Wanda Sá voz e violão • Marcos Valle voz e teclado • Roberto Menescal voz e violão • Adriano Souza piano • Guto Wirtti baixo acústico Marcelo Costa bateria • Jessé Sadoc trompete • Patricia Alví vocal apresentação Carlos Calado



O TOM

DA TAKAI

Fernanda Takai surpreendeu muita gente, em 2007. Depois de brilhar por 15 anos como vocalista da banda pop mineira Pato Fu, lançou um premiado disco solo em homenagem à cantora Nara Leão, musa da bossa nova e da canção de protesto. Agora essa talentosa intérprete retoma o namoro com a música popular brasileira: seu álbum “O Tom da Takai” é um tributo à obra de Tom Jobim (1927-2004), o grande compositor e maestro da bossa nova. Assinados por Roberto Menescal e Marcos Valle, a produção e os arranjos desse disco não poderiam estar em melhores mãos. Junto com a cantora, eles garimparam composições pouco conhecidas da primeira fase da obra de Jobim, como “Olha Pro Céu”, “Ai Quem Me Dera” e “Aula de Matemática”. Mais uma vez, Fernanda vai surpreender tanto o seu fã-clube do Pato Fu, como admiradores da bossa nova e da MPB.

Daryan Dornelles

Dia 25/1 sexta, 12h e 18h Teatro


REPERTÓRIO Bonita

Tom Jobim, Genes Lees & Ray Gilbert

Olha pro Céu Tom Jobim

Aula Matematica/ Discussão

Tom Jobim & Marino Pinto/ Tom Jobim & Newton Mendonça

Só Saudade

Tom Jobim & Newton Mendonça

Outra Vez Tom Jobim

Ai quem me Dera

Tom Jobim & Marino Pinto

Brigas Nunca Mais

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

Fotografia Tom Jobim

Repertório sujeito a alterações

Samba Torto

Tom Jobim & Aloysio de Oliveira

Amor em Paz

Toquinho, Arnaldo Alves de Lima & Vinicius de Moraes

The Red Blouse Tom Jobim

Esquecendo Você Tom Jobim

Estrada do Sol

Tom Jobim & Dolores Duran

Eu Preciso de Você

Tom Jobim & Aloysio de Oliveira

Samba de Verão

Marcos Valle & Paulo Sergio Valle

O Barquinho

Roberto Menescal & Ronaldo Bôscoli

Corcovado

Tom Jobim & Genes Lees


FERNANDA TAKAI Amapaense nascida em Serra do Navio, Fernanda se radicou com os pais em Belo Horizonte (MG), aos nove anos. Neta de japoneses, ouviu muito rock desde cedo, mas também escutava MPB na casa da família. Depois de cantar com bandas de pouca repercussão, em 1991 tornou-se vocalista da Sustados Por Um Gesto, embrião da Pato Fu. Com essa banda de rock alternativo, já gravou 11 álbuns. Em 2001, a revista “Time” incluiu a Pato Fu entre as 10 melhores bandas de rock no mundo (fora dos Estados Unidos). A mesma publicação elegeu Fernanda entre as 10 melhores cantoras do mundo. Em 2012 ela lançou um álbum com o guitarrista Andy Summers (ex-The Police). Também tem livros de crônicas e contos publicados.

FICHA TÉCNICA

Fernanda Takai voz e violão • Thiago Delegado violão e guitarra Adriano Souza piano e teclados • Caio Plinio bateria • Diego Mancini baixo apresentação Carlos Calado



TIRANDO DE LETRA

DANTE OZZETTI INTERPRETA TOM JOBIM ANA CHAMORRO | ANTÔNIO LOUREIRO | FÁBIO CURY FERNANDO SAGAWA | FI MARÓSTICA | GABRIEL GROSSI GUI HELD | NEWTON CARNEIRO | NIVALDO ORNELAS

O violonista e arranjador paulistano encara o desafio do projeto Tirando de Letra, do Sesc 24 de Maio: criar arranjos instrumentais para composições de um autor de relevância no gênero canção. Dante Ozzetti assumiu a missão de arranjar canções de Tom Jobim, o grande compositor e maestro da bossa nova. Além de deixar de lado as belas letras concebidas pelo próprio Jobim (assim como os versos de Vinicius de Moraes e Chico Buarque, seus frequentes parceiros), o grande desafio para o arranjador consiste aqui em criar texturas sonoras, contrapontos, diferentes combinações de timbres, em vez de simplesmente executar a melodia original da canção com algum instrumento. Para o repertório deste show, Dante selecionou tanto canções clássicas de Jobim associadas ao movimento bossa-novista, como alguns românticos sambascanções que marcaram a primeira fase de seu cancioneiro.

Gal Oppido

Dias 26 e 27/1 sábado, 18h e 21h | domingo, 18h Teatro


REPERTÓRIO Passarim

Amor em Paz

Insensatez

Falando de Amor

Gabriela

Anos Dourados

Retrato em Preto e Branco

Pois É

Tom Jobim

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

Tom Jobim

Tom Jobim & Chico Buarque

Olha Maria

Tom Jobim & Aloysio de Oliveira

Inútil Paisagem

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

Modinha

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

O Boto

Tom Jobim

Repertório sujeito a alterações

Tom Jobim & Vinicius de Moraes Tom Jobim & Chico Buarque Tom Jobim & Chico Buarque Tom Jobim & Chico Buarque

Águas de Março Tom Jobim

Correnteza

Tom Jobim & Luiz Bonfá

Piano na Mangueira Tom Jobim & Chico Buarque

Borzeguim Tom Jobim


TIRANDO DE LETRA O projeto desenvolvido pela equipe curatorial do Sesc 24 de Maio teve início em 2018 e está em sua terceira edição. A proposta consiste em convidar arranjadores para um desafio: a partir do repertório de um compositor do gênero canção, criar arranjos instrumentais. A canção tem como base a palavra, com forte destaque para a melodia. A música instrumental busca, ao contrário, explorar texturas, combinações de timbres e de novas sonoridades, que mais sugerem sensações do que desenham arcos melódicos em seu discurso. O trabalho de apresentar um repertório de canção, com características peculiares a esse gênero, por meio da música instrumental, se traduz menos em um arranjo, e mais em uma transposição de linguagem. Desse projeto participaram Swami Jr, com arranjos dele e de Mário Manga, para canções de Roberto e Erasmo Carlos, e também Cristóvão Bastos com arranjos de composições de Chico Buarque. E agora, em tributo aos 60 anos da Bossa Nova, Dante Ozzetti apresenta suas versões instrumentais para canções do mestre Tom Jobim.

DANTE OZZETTI Formado em arquitetura, esse criativo violonista, compositor e arranjador paulistano já produziu discos de diversas cantoras, como Regina Machado, Consuelo de Castro, Juliana Cortes, Thamires Tanous e de sua irmã Ná Ozzetti. Tem composto canções com parceiros ilustres, como Chico César, Zeca Baleiro, Luiz Tatit e Zélia Duncan. Dante já dirigiu espetáculos com diversos intérpretes e lecionou Arranjo e Composição Musical. Em 2000, foi o vencedor do 3.º Prêmio Visa de Música - Edição Compositores. Em parceria com a cantora Ceumar, lançou o álbum “Achou!”, em 2006. Nos últimos anos, dedicou-se a estudar ritmos da Amazônia, em pesquisa que já rendeu discos e shows com a cantora amapaense Patrícia Bastos.

FICHA TÉCNICA

Dante Ozzetti arranjos, direção musical e violão • Gui Held guitarra Fi Maróstica baixo • Fernando Sagawa teclados e flautas Gabriel Grossi harmônicas • Nivaldo Ornelas sax e flautas Fábio Cury fagote • Ana Chamorro violoncelo Newton Carneiro viola Antônio Loureiro bateria e vibrafone • apresentação Cacá Machado



CLAUDETTE SOARES & ALAÍDE COSTA

Nascida e crescida no Rio, a bossa nova foi logo recebida de braços abertos em São Paulo – especialmente nos bares e boates nas imediações da Praça Roosevelt, que exibiam a programação musical mais sofisticada da cidade, no início dos anos 1960. Pioneiras embaixadoras da bossa na capital paulista, as cariocas Claudette Soares e Alaíde Costa são amigas desde aquela época, mas por incrível que pareça a ideia de reuni-las em um disco só se realizou em 2018. Nesse projeto, elas exibem diferentes facetas da bossa. Claudette relembra canções solares que remetem a belezas do Rio, como “O Barquinho” (de Menescal e Bôscoli) e “Ela É Carioca” (Jobim e Vinicius). Já Alaíde interpreta canções mais românticas, como “Morrer de Amor” (de Castro Neves e Fiorini) e “Ilusão à Toa” (Johnny Alf). Um encontro de divas que agora se repete.

Murilo Alvesso

Dias 30 e 31/1 quarta, 15h | quinta, 21h Teatro


REPERTÓRIO POUT-POURRI

Onde Está Você

Oscar Castro Neves & Luvercy Fiorini

Apelo

Baden Powell & Vinicius de Moraes

Insensatez

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

Primavera

Carlos Lyra & Vinicius de Moraes

Dindi

Tom Jobim & Aloysio de Oliveira

Outra Vez Tom Jobim

Sambou Sambou João Donato & João Mello

Obá Lá Lá João Gilberto

O Barquinho

Roberto Menescal & Ronaldo Bôscoli

POUT-POURRI

Ela é Carioca

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

O Amor em Paz

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

Chega de Saudade

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

Sem Você

Garota de Ipanema

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

Chora Tua Tristeza

Só Danço Samba

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

Caminhos Cruzados

Os Grilos

Sonho de um Carnaval

Crediário do Amor

Demais

Vem Balançar

Morrer de Amor

Minha Saudade

Ilusão À Toa

Samba em Prelúdio

Oscar Castro Neves & Luvercy Fiorini

Tom Jobim & Newton Mendonça Chico Buarque

Tom Jobim & Aloysio de Oliveira

Marcos Valle & Paulo Sérgio Valle Theo de Barros

Walter Santos & Tereza Souza

Oscar Castro Neves & Luvercy Fiorini João Donato & João Gilberto

Johnny Alf

Repertório sujeito a alterações

Baden Powell & Vinicius de Moraes


CLAUDETTE SOARES Na década de 1950, o sanfoneiro Luiz Gonzaga a apelidou de Princesinha do Baião. Incentivada pelo compositor Ronaldo Bôscoli a divulgar a bossa nova em São Paulo, ainda no início dos anos 1960, a versátil cantora carioca seguiu o conselho. “Imagina o medo. Eu, tão pequenininha”, recorda Claudette, que se tornou atração regular em casas noturnas paulistanas, como a Baiúca, o Juão Sebastião Bar e o bar do Hotel Cambridge. Em seus discos dessa fase, canções de Carlos Lyra, Roberto Menescal e Marcos Valle dividiam o repertório com bossa-novistas paulistas, como Walter Santos e Sérgio Augusto. Claudette se afastou dos palcos por 14 anos, mas retomou a carreira em 1991, com gravações e shows frequentes.

ALAÍDE COSTA A elegância e o canto sussurrado dessa original intérprete carioca, que começou cantando em programas de calouros, chamaram a atenção de João Gilberto: ele considerava aquele jeito de cantar bem adequado à emergente bossa nova. No início dos anos 1960, Alaíde chegou a frequentar o lendário Beco das Garrafas, reduto carioca do samba-jazz, antes de se radicar em São Paulo, onde consolidou a carreira. “Foi meio complicado, mas no final deu certo”, relembra. Vítima de episódios de discriminação racial, gravou em 1965 o samba de protesto “Preconceito” (de Adilson Godoy). Em 2014, lançou “Canções de Alaíde”, seu primeiro disco autoral, que inclui parcerias com Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Johnny Alf.

FICHA TÉCNICA

Claudette Soares voz • Alaíde Costa voz • Giba Estebez piano e arranjos Renato Layola baixo • Nahame Casseb bateria • apresentação Carlos Calado



divulgação

PAUL WINTER & CARLOS LYRA

O saxofonista americano e o violonista brasileiro retomam, cinco décadas depois, a parceria que resultou no hoje histórico álbum “The Sound of Ipanema” (1965). Um dos primeiros jazzistas que se encantaram pela bossa nova, Paul Winter a conheceu em 1962, durante uma turnê com seu sexteto pela América Latina. Dois anos depois retornou ao Rio de Janeiro, onde gravou com Lyra e outros músicos bossa-novistas. Entre as 11 faixas desse álbum, que demonstra como a influência inicial do jazz sobre a bossa se tornou recíproca, já estavam canções do compositor carioca que o tempo transformou em clássicos do gênero. Esse repertório é recriado por Lyra e Winter a partir das experiências musicais que acumularam em suas trajetórias posteriores, com a mesma formação das gravações originais, agora ao lado de craques da cena instrumental carioca.

Livio Campos

Dias 1, 2 e 3/2 sexta e sábado, 21h | domingo, 18h Teatro


REPERTÓRIO Sextante

Feio Não É Bonito

Minha Namorada

Mas Também Quem Mandou

Carlos Lyra

Carlos Lyra & Vinicius de Moraes

Carlos Lyra & Gianfrancesco Guarnieri

Você e Eu

Carlos Lyra & Vinicius de Moraes

Se É Tarde Me Perdoa

Carlos Lyra

Maria Ninguém

Carlos Lyra & Ronaldo Bôscoli

Carlos Lyra & Vinicius de Moraes Carlos Lyra & Nelson Lins de Barros Carlos Lyra & Joyce

De Quem Ama Carlos Lyra

Quem Quiser Encontrar o Amor

Carlos Lyra & Geraldo Vandré

Tem Dó de Mim Lobo Bobo

Saudade Fez um Samba

Carlos Lyra & Ronaldo Bôscoli

Sabe Você?

Carlos Lyra & Vinicius de Moraes

Maria Moita

Aruanda

Carlos Lyra & Vinicius de Moraes

Coisa Mais Linda

Carlos Lyra

Carlos Lyra & Geraldo Vandré Carlos Lyra & Vinicius de Moraes

Repertório sujeito a alterações

Influência do Jazz


PAUL WINTER Em 1967, três anos após a gravação de seu disco com Carlos Lyra, o saxofonista americano abandonou a instrumentação mais tradicional do jazz. A formação de seu grupo nessa época, o Paul Winter Consort, incluía dois violonistas, um violoncelista, um oboísta e um percussionista. Pioneiro da chamada “new age” (nova era) ou do jazz ecológico, lançou em 1978 o álbum “Common Ground”, que combina elementos de diversos estilos musicais com sons de baleias, lobos e águias. O bossa novista e violonista carioca Oscar Castro-Neves (19402013) coproduziu esse álbum e participou de vários de seus projetos. Com seus diversos grupos, Winter já fez centenas de concertos beneficentes e tocou em mais 50 países.

CARLOS LYRA Seu disco de estreia, lançado em 1959, já antecipava no título “Bossa Nova” seu pioneirismo e filiação musical. Mais crítico e preocupado com questões sociais do que seus parceiros do movimento bossa-novista, nos anos seguintes Carlos Lyra passou a compor (geralmente para filmes e montagens teatrais) canções engajadas, como “Gente do Morro” ou “Maria Moita”. Em 1965, excursionou com o jazzista Stan Getz por vários países. Na fase mais dura do governo militar optou pelo autoexílio, nos Estados Unidos e no México, de 1966 a 1971. Já em 2008, reencontrou os amigos Roberto Menescal, Marcos Valle e João Donato, para a gravação do álbum “Os Bossa Nova”, que foi reeditado em 2018, com faixas extras.

FICHA TÉCNICA

Paul Winter sax • Carlos Lyra voz • Fernando Merlino piano Adriano Giffoni baixo acústico • Ricardo Costa bateria Flavio Mendes guitarra e violão • Diego Gomes trompete e flugel Dirceu Leite sax e flauta • apresentação Carlos Calado



cinema

ONDE ESTÁ VOCÊ, JOÃO GILBERTO?

Direção: Georges Gachot | Suíça, 2018 | 117 min

Fã declarado da música popular brasileira, o cineasta franco-suíço Georges Gachot se baseou na obra do jornalista e escritor alemão Marc Fischer (“Ho-ba-la-lá - À Procura de João Gilberto”) para filmar este documentário. Antes de escrever seu livro, Fischer passou cinco semanas no Rio de Janeiro e em Diamantina (MG), em 2010, tentando – sem sucesso – entrevistar o recluso gênio da bossa nova. Gachot refaz em seu filme a peregrinação do jornalista, suprindo a ausência do suposto protagonista com material de arquivo e divertidas histórias. Para isso recorre a entrevistas com artistas que conviveram com João Gilberto, como a cantora Miúcha (sua segunda esposa), o pianista João Donato e os violonistas Marcos Valle e Roberto Menescal. A filmografia de Gachot inclui elogiados documentários sobre as cantoras Maria Bethânia e Nana Caymmi.

divulgação

Dias 30 e 31/1 e 3/2 quarta, 19h30 | quinta, 15h | domingo, 13h30 Teatro


Sesc 24 de Maio

Rua 24 de Maio, 109 TEL.: (11) 3350-6300 República | Anhangabaú /sesc24demaio

sescsp.org.br/24demaio


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