7 Leituras julho 2

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13o ano

77 7diretores autores

teatrodoabsurdo

Leituras

CORAÇÃO PARTIDO Caryl Churchill Concepção e Direção Geral Eugênia Thereza de Andrade Direção Marco Antônio Pâmio



Teatrodoabsurdo*

O

termo Teatro do Absurdo foi criado pelo crítico Martin Esslin (1918/2002), que assim intitulou seu livro de 1961. A intenção era agrupar, sob esta designação, as obras dramáticas do pós-guerra que colocavam em evidência o nonsense da vida cotidiana, a incomunicabilidade generalizada e, em suma, o absurdo da vida contemporânea, que se caracteriza pela fragmentação da personalidade e a busca inútil e incessante de algum sentido na existência. As primeiras manifestações do Teatro do Absurdo propriamente dito foram as peças Esperando Godot (1953), de Samuel Beckett e A Cantora Careca (1949), de Eugène Ionesco. O Teatro do Absurdo teve muita repercussão no Brasil, até porque, em muitos aspectos, a realidade brasileira em muito se aproxima do mundo sem nexo e sem saída retratado por esta corrente a cada dia mais contemporânea.

Frederico Barbosa Poeta e Professor SP, 30/1/2019

* O Teatro do Absurdo de Martin Esslin. Edição atualizada (2018) – Zahar Editores


c o r a ç ã o p a r t i d o Caryl Churchill

C

oração Partido, da dramaturga londrina octogenária Caryl Churchill, é composto por duas peças unidas tanto pelo tema das relações de amor e culpa entre pais e filhos, quanto pela desconstrução da narrativa dramática. A primeira, Desejo do Coração, apresenta uma família londrina esperando a chegada da filha que retorna da Austrália. As rupturas da narrativa se sucedem, costuradas por repetições das mesmas frases e gestos que aos poucos revelam as relações tensas entre as personagens. Já a segunda peça retrata um quarentão enganador que se apresenta como o filho que senhoras inglesas teriam abandonado ao entregá-lo para a adoção. Mas um estranho ruído vai contaminando a linguagem das personagens. As duas palavras que compõem o título da obra (Blue Kettle, no original e Bule Partido, na talentosa transcriação de Augusto Cesar) começam a aparecer no meio das frases sem o menor sentido, até dominar completamente a linguagem da peça.


Estas peças levaram o crítico de teatro do jornal The Guardian, Michael Billington a afirmar que “Churchill segue Beckett ao dramatizar o ato de esperar e Ionesco ao capturar o vazio da comunicação cotidiana.”

Frederico Barbosa

Foto: Adams Hughes

SP, julho de 2019

Caryl Churchill


Quando a Inglaterra estava em guerra alguém do governo sugeriu ao Primeiro-ministro cortar o financiamento das artes ao que Winston Churchill apenas respondeu:

“Se cortarmos o financiamento das artes, então estamos lutando para quê?”.


A arte ĂŠ um patrimĂ´nio do ser humano e por ela devemos exercitar a consciĂŞncia de que ao homem pertence o direito de livremente se expressar.

SP, 23 de julho de 2019


c a r y l c h u r c h i l l

A

britânica Caryl Churchill é hoje uma das mais potentes vozes da dramaturgia em todo o mundo. Nascida em 1938 numa Londres às vésperas de sofrer os horrores dos bombardeios nazistas e filha de um cartunista especializado em caricaturas políticas, Churchill notabilizou-se por abordar temas socioculturais e políticos pungentes, como a ganância no mundo consumista, a febre por poder no capitalismo, questões feministas e, mais recentemente as relações conflituosas entre judeus e palestinos em Gaza. Suas posições sobre esses assuntos nunca foram conciliatórias, e chegou a declarar que seu teatro tinha a função de “desnudar a vida da classe média burguesa e buscar a sua destruição”. Após ter suas quatro primeiras peças montadas por grupos amadores da Universidade de Oxford, na qual se formou em 1960, Churchill escreveu peças curtas para rádio e TV durante a década de 1960 e o início dos anos 1970, enquanto estreava nos palcos profissionais com a pesada crítica social da peça Owners (Proprietários) de 1972. Durante as décadas de 1970 e 80, Churchill enveredou por teatro de traços marcadamente brechtianos, para explorar questões ligadas a sexo e poder, em peças como Objections to Sex and Violence (1975) e Cloud 9 (1979); a questão do feminismo, em Top Girls (1982) e a sátira do mercado de capitais em Serious Money (1987).


Churchill

A partir da encenação de From A Mouthful of Birds (1986) ela começou a experimentar diferentes formas de teatro, incorporando a dança, a música, técnicas de “performance” aprendidas como o “Teatro da Crueldade” de Antonin Artaud, e muito do “nonsense” e da fragmentação do “Teatro do Absurdo” de Beckett e Ionesco. Na realidade, de maneira dialética, Churchill conseguiu juntar os antitéticos Brecht e Beckett e produzir uma síntese que aponta para o futuro do melhor teatro: criativo e crítico.

Produção JOGO ESTÚDIO SP, julho de 2019


7 L EI T UR A S ,7A U T ORE S ,7 DIRE T ORE S 13º Ano – Teatro do Absurdo

CONCEPÇÃO E DIREÇÃO GERAL EUGÊNIA THEREZA DE ANDRADE SELEÇÃO DE TEXTOS Eugênia de Andrade, Mika Lins, Marco Antônio Pâmio e Frederico Barbosa CORAÇÃO PARTIDO Caryl Churchill TRADUÇÃO Augusto Cesar DIREÇÃO Marco Antônio Pâmio ELENCO / PERSONAGENS Agnes Zuliani SRA. PLANT Bete Dorgam SRA. OLIVER Chris Couto MAISIE / SRTA. CLARENCE Clara Carvalho ALICE / MÃE DE DEREK Cláudio Curi SR. VANE / AGENTE Julia Azzam JOVEM AUSTRALIANA Karen Coelho SUSY/ENID

Sérgio Mastropasqua BRIAN / DEREK Thiago Ledier LEWIS Tuna Dwek SRA. VANE AMBIENTAÇÃO CENOGRÁFICA Mika Lins ADEREÇOS E FIGURINOS Jorge Luiz Alves ILUMINAÇÃO Vitória Pamplona FOTOS Edson Kumasaka PRODUÇÃO Messias Lima Jogo Estúdio


PRÓXIMAS LEITURAS:

Rinoceronte Eugène Ionesco Direção: Caetano Vilela 28/maio Pastiches Tom Stoppard Direção: Nelson Baskerville 25/junho Coração Partido Caryl Churchill Direção: Marco Antônio Pâmio 30/julho

Esperando Godot Samuel Beckett Direção: Eugênia Thereza de Andrade 27/agosto Piquenique no Front Fernando Arrabal Direção: Oswaldo Mendes 24/setembro O Zelador Harold Pinter Direção: Kiko Marques 29/outubro Ping Pong Arthur Adamov Direção: Eric Lenate 26/novembro


7 Leituras 7 Autores 7 Diretores Teatro do Absurdo Coração Partido – Caryl Churchill 30/7/2019, terça, 19h30. Teatro Anchieta Duração: 80 min.

Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 01222-020 São Paulo - SP Higienópolis-Mackenzie Tel: (11) 3234-3000 / sescconsolacao

sescsp.org.br/consolacao


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