Ítaca

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ÍTACA

NOSSA ODISSEIA I Criação e direção de Christiane Jatahy

A partir de Homero e de outras inspirações



PASSAGENS

Q

uando a distância faz reviver memórias que despertam saudades, é difícil saber se as causas desse sentimento têm mais a ver com o afastamento em relação a um território ou a uma determinada época que ficou para trás. Isso porque, na experiência humana, espaço e tempo estão entrelaçados e operam como linhas na costura das relações sociais. No caso de homens e mulheres deslocados de seus lares, recolhidos em refúgios demoradamente provisórios, por vezes infindáveis, a distância é vivida como dupla espoliação: a perda do espaço significa a perda do tempo que seria nele consumado. A vida entra em suspensão e muitas vezes é a jornada de volta para a casa que passa a lhe conferir sentido. Mas se a partida não é definitiva, já que a lembrança do sítio original permanece retida, tampouco o retorno parece possível, pois o

tempo passado não mais regressa. Ainda assim, há o p ­ ercurso. Criada e dirigida por C ­ hristiane Jatahy, encenadora b ­ rasileira de destaque no cenário internacional, Ítaca estreou no ­Odéon-Théâtre de l’Europe, em Paris, e integra o projeto Nossa ­Odisseia. Além do Odeon, tem como parceiros e co-produtores o Theatre ­National Wallonie­ ‑Bru­xelles (­Bélgica), o Festival de Avignon (França), o T ­eatro São Luiz (Portugal), o ­Onassis ­Cultural Centre (Grécia) e a ­Comédie de Géneve (Suíça). Para o Sesc, acolher o espetáculo, em diálogo com renomadas instituições europeias, é uma oportunidade para reforçar os vínculos transatlânticos pelos quais se dissemina a linguagem universal da arte. E um convite para que o espectador, lançando-se para além dos pontos de partida e para aquém dos pontos de chegada, adentre as trilhas do percurso.

Danilo Santos de Miranda, Diretor Regional do Sesc São Paulo


NOSSA ODISSEIA – ÍTACA E O AGORA QUE DEMORA

C

onstruído em duas partes independentes, o projeto Nossa Odisseia aprofunda a pesquisa de linguagem da artista ­Christiane Jatahy. Entre o teatro e o cinema, entre o ficcional e o documental, entre passado e presente. Trazendo, a partir da ficção histórica de ­Homero, uma lente de aumento sobre os dias de hoje; sobre as guerras, as travessias, a tentativa de chegar em casa, concreta e metaforicamente. A primeira parte, Ítaca, estreou em março de 2018 no Théâtre de L’Odéon em Paris; e a segunda parte, O Agora Que Demora, vai estrear em São Paulo, em 2019.


RESUMO DA ODISSEIA DE HOMERO

F

az muito tempo que U ­ lisses, rei de Ítaca, deixou sua t­erra natal para lutar na guerra. Ele tenta voltar para casa, mas no caminho de volta, durante sua travessia pelos mares, encontra muitos obstáculos e enfrenta grandes perigos. E acaba preso durante sete anos na ilha de Calypso, que o detém e implora para ele não partir. Enquanto isso, sua terra natal é devorada sem descanso pela luxúria e sede de poder dos pretendentes que disputam a mão de sua esposa Penelope.



A

SOBRE AS LINHAS E OS PONTOS DE UMA TRAVESSIA

ida Tavares, diretora artística do Teatro São Luiz, e Christiane ­Jatahy, encenadora, realizadora e dramaturga, homenageada como Artista na Cidade de Lisboa em 2018, juntaram-se para conversar sobre Ítaca – Nossa Odisseia I, primeira parte de um díptico a partir da viagem descrita por Homero. Em Lisboa, cidade de Ulisses, falaram de teatro e de política, do Brasil e do Mediterrâneo, de guerras e de travessias, de emoções e de festas fracassadas e do grande impacto artístico que o trabalho de Christiane Jatahy vem causando na Europa e no mundo.

Aida Tavares Lembro-me sempre da minha primeira vez num espetáculo teu. Foi no ­ Brasil, na MIT (Mostra Internacional de ­Teatro de São Paulo), onde tinhas sido convidada a apresentar Julia e E se Elas Fossem para Moscou. Vi as duas peças com poucos dias de intervalo e, no final do Moscou, disseram-me que nos iam apresentar. Recusei, não quis. É uma reação que tenho quando sou mesmo tocada por um objeto artístico. Fui para o hotel ler tudo o que havia sobre o teu trabalho. Aquelas peças tiraram-me

completamente o chão. Foi um marco na minha vida. Christiane Jatahy Obrigada, é muito importante para mim ter esse retorno, porque a base do meu trabalho é essa relação direta com o espectador. AT É um orgulho ver a transversalidade do teu trabalho e perceber o entendimento que fazem da tua obra noutros países. Para mim, é comovente, porque és uma mulher e é um orgulho porque falas a minha língua. E fazes isto sem cedências e sem facilitismos.


CJ Tem sido mesmo incrível a oportunidade de apresentar as minhas criações em vários lugares da Europa. Em Paris, onde além do Ítaca no Odeon, venho apresentando todos os meus trabalhos desde 2011, agora em Lisboa, onde, como Artista na Cidade, estou mostrando grande parte da minha obra, e em julho vou poder voltar para o Brasil, e isso é muito importante para mim... porque mesmo não estando no Brasil é sempre sobre o Brasil de alguma forma o que eu crio, então poder continuar mostrando minhas criações no Brasil é fundamental. E voltar para São Paulo para apresentar o Ítaca, no Sesc SP, parceiro fundamental que apoia há anos o meu trabalho, onde também tive a oportunidade de mostrar todas as minhas criações desde 2004. Essa continuidade é fundamental, porque o meu trabalho não são pontos, é uma linha contínua. Essa dramaturgia que liga todos os trabalhos é a base permanente do meu pensamento artístico: como é que uma obra leva uma pergunta para outra obra. É como escrever um livro, em que cada trabalho é um capítulo que existe de forma independente, mas nunca é totalmente indissociável dos outros. E o meu trabalho é mesmo sobre encontros: com as atrizes,

com os vários colaboradores artísticos e com o público que acompanha as minhas obras. Crio muito a partir do diálogo, apesar de também precisar de momentos de isolamento, de escrita. Mas para mim, é muito importante a fala e a troca, e existem muitas pessoas que vêm, de diferentes formas, participar e colaborar artisticamente no meu trabalho. AT Para mim, a tua obra também é possível porque és mulher. Acreditas, como eu, que as mulheres são motores na transformação da sociedade? CJ O Saramago tem uma frase no Memorial do Convento que diz: “É a conversa das mulheres que faz o mundo girar.” ... é o que estamos fazendo aqui e agora. Não existe nenhuma possibilidade de evolução e revolução se não englobar o feminino, seja o feminino da mulher, seja do homem. Temos de parar de achar que as coisas têm diferenças hierárquicas. Como podemos achar que vamos avançar na sociedade se ainda olhamos com superioridade os outros, por questões de gênero, raciais, religiosas? Quando leio um texto clássico, como sou mulher, o meu olhar tem uma lupa no feminino, mas o que


me interessa não é segmentar. O meu trabalho é a respeito do ser humano, sobre o que nos é igual e não diferente. Infelizmente, ainda precisamos levantar bandeiras… mas lindo vai o ser o dia em que não precisarmos mais falar ­sobre gêneros. AT Toca-me particularmente nas tuas peças aquele ambiente de festa que acaba sempre por se transformar numa certa melancolia.

CJ Gosto desse tirar de camadas. A festa é o social, o lugar dos encontros, mas por trás temos as nossas intimidades, melancolias, faltas, medos, sombras. A festa é a luz e atrás estão as sombras. Acho o lugar da festa muito importante nas nossas vidas, pela celebração, mas não só. É política. E curiosamente isso também está nas obras dramatúrgicas com as quais trabalhei; Senhorita Júlia, Três Irmãs, no Macbeth…


AT Quando a festa passa para melancolia fica sempre a expectativa do que vai chegar, do que pode acontecer. Uma certa melancolia da espera… CJ … e o medo do acidente, talvez o desejo do acidente. Através do inesperado é que a vida muda e essa possibilidade da mudança é uma questão incessante para mim: como é que se muda?

AT Essa é a grande questão da tua obra. Comprovas a universalidade dos grandes textos, fazes esse trabalho de uma forma completamente inovadora e surpreendente, ­independentemente das adaptações às realidades atuais, aos nossos medos e aos nossos confrontos. Neste Ítaca pensamos na Odisseia, mas também na realidade deste mediterrâneo atual, e ficamos sempre nesse sítio duplo. É tudo muito


orgânico. Estas ilhas míticas que se transformaram em mares de sangue fizeram-te partir para o Ítaca, mas que outros pontos de partida tiveste? CJ Essas travessias, essas pessoas que procuram as suas casas, as suas Ítacas como lugar de chegada, vêm de uma sequência de trabalhos que tenho feito. Utopia.doc é sobre isso, A Floresta que Anda e o Moving People também. Não há como não olhar para o mundo hoje, e não assumir que muitas pessoas estão ficando sem lugar. O projeto é sobre isso. É sobre quem atravessa, mas também é sobre quem está parado, quem está há anos nessa linha de fronteira, que já não consegue ir para trás nem para a frente. Tanto Penélope como Ulisses vivem isso. Ele parece que está avançando mas está sempre recuando e ela espera um movimento de mudança que nunca chega… Esse é o viés da costura dramatúrgica da obra, e fazemos o paralelo direto entre a travessia de Ulisses e os relatos que ouvimos em entrevistas com os refugiados. Esses relatos atravessam a obra, fazem rios dentro dela, mas não são a obra. A realidade entra para fazer um corte e dar uma outra perspectiva sobre a obra ficcional.

AT E colocas também o Brasil no palco… CJ Cada vez mais preciso falar sobre o que está acontecendo no Brasil, ainda que a fala não dê conta de tudo. Porque os fatos são tão inenarráveis, tão absurdos, que a fala entra em vácuo diante do acontecimento. E existe um paralelo claro com o que acontece na Ítaca do Homero e no Brasil de hoje: um lugar que é continuamente devorado e destruído pelos pretendentes. Pelos que pretendem o poder, ou que não querem abrir mão do poder, então destroem tudo, devoram tudo... A figura da Penélope é de alguma forma o feminino de quem tentam arrancar o poder. O poder de governar, mas também o poder da fala. A peça fala claramente da violência contra a mulher. Mas também sobre a guerra e também sobre o amor. É trágica, mas com a esperança que do ciclo contínuo dessa terrível repetição, possa surgir algo novo. AT Agora falaste do Brasil e lembrei-me que assistir à estreia de Ítaca em Paris foi muito forte pela questão da língua. Ouvir ali as atrizes falar português e ouvir as canções do tempo do exílio do ­Caetano Veloso… Essa será mais uma camada que nós, portugueses e os brasileiros, vamos entender.


CJ Sim! Tem uma questão muito importante aqui: a inversão do poder com a língua. Chamei três atrizes brasileiras, minhas grandes parceiras de trabalho, e três atores francófonos que entraram com muita entrega e generosidade no trabalho. Na adaptação da peça, o francês é a língua dominante, e em Paris era também a língua da plateia. Existe um jogo na peça sobre isso: como é que eles, representando o masculino e a Europa, se posicionam perante a fragilidade de alguém que tenta falar a língua deles, o

estrangeiro. E a plateia é cúmplice disso. Em Portugal e no Brasil isso é invertido e isso inverte a obra! Inverte o jogo com o público. Acho que é bem bonito ver Ítaca nessa nova perspectiva… AT Ítaca, para ti, funciona como uma utopia de mudança que não se concretiza… CJ Ítaca é sobre a ferida aberta. É a guerra e é muito difícil fazer um trabalho sobre a guerra. É mesmo irrepresentável, mas já é a mudança, é o que não pôde


mais se conter. A guerra que estamos falando na peça, não é a de Tróia, mas a que Ulisses descreve logo no início: ele conta que quando saiu da Guerra de Troia, entrou numa cidade e saqueou, matou, estuprou, sequestrou… por nada, só pelo poder de tomar para si. E isso é a guerra que está a acontecer e sempre aconteceu. A guerra da ganância… Ulisses não é herói,

é um homem com todas as sombras que todos os homens têm. AT O porquê desta triplicação de Ulisses, Penélopes, Calipsos e Pretendentes? CJ A ideia da multiplicação é não tentar representar o personagem como uma figura, mas pensar que isso, na verdade, está em muitas pessoas. M ­ ultiplicar para


humanizar. No sentido de entender o que nos aproxima, em vez daquilo que nos diferencia, mais uma vez. Nesta primeira ­Odisseia, Ulisses e ­Penélope multiplicam-se em três, na segunda parte deste díptico, que vai estrear no Sesc São Paulo em 2019, e que se chama O Agora que demora, vão multiplicar-se em muitos, em todos… Serão espetáculos independentes, apesar de complementares, mas não será uma continuação, é mesmo uma outra abordagem. AT Incrível em Ítaca é também o espaço cénico e, mais uma vez, a relação com o público. Há uma implicação dos espectadores, aquela parede invisível habitual volta a deixar de existir. E nós, público, fazemos uma travessia em cena… CJ Sim, tem literalmente uma travessia. O público tem uma função na dramaturgia dos meus trabalhos e o espaço é determinante para a relação que vou construir com ele. No Ítaca o público está dentro de um espaço que se transforma. O cenário constrói o corpo da peça. Eu digo que ele se transforma junto com a transformação dos atores. E nessa transformação existe um elemento que se repete muito nos meus trabalhos e que

nesta peça literalmente transborda: a água. É o elemento de onde viemos, está dentro de nós e é também a lágrima que sai de nós… E como não ter água quando falamos da O ­ disseia? A concepção do cenário foi uma parceria com o Thomas Walgrave, que também é o ilu­ minador da peça. Thomas é um colaborador artístico importante nessa nova fase da minha vida e que vem se juntar a outros parceiros artísticos com os quais já trabalho há muito tempo, como o ­ Marcelo Lipiani, e também o Paulo Camacho, diretor de fotografia na minha pesquisa das fronteiras entre o teatro e o cinema. Assim como o espaço, o cinema também é nevrálgico nas minhas criações. AT Esta peça tem também um tempo diferente. Há ali um ritmo com muitos vazios. E ainda bem que há. Porque há momentos muito duros. CJ Este espetáculo está cheio de silêncios. Talvez seja das minhas peças com mais espaços vazios. Penso sempre nos tsunamis, já que estamos falando de água. Diz-se que antes da onda estourar é o silêncio... O silêncio cheio da tensão das falas não ditas.



QUATRO PERSONAGENS ULISSES

Saqueei a cidade e matei os seus habitantes. Partilhamos as mulheres e as riquezas para que ninguém fosse privado de saque. Exortei os meus homens a fugir num passo rápido, mas esses insensatos não quiseram ouvir-me. Bêbados de vinho, degolaram carneiros e abateram pesadas vacas perto da costa arenosa.” Odisseia, canto IX, vv.40-46

PENÉLOPE

Ele sempre foi muito persuasivo. Muita gente acreditava que a sua versão dos factos era a verdadeira, talvez com um pouco mais ou um pouco ­menos de assassinatos, de belas mulheres seduzidas e de vagos monstros de um só olho. Mesmo eu acreditava às vezes. Sabia que ele era astucioso e que inventava histórias, mas não o via capaz de me enganar e de me contar mentiras. Não fui eu fiel? Não esperei eu, esperei e esperei, apesar da tentação – quase compulsão – de abandonar?” Margaret Atwood, L’Odyssée de Penélope


PARA UMA ODISSEIA ANTÍNOO,

UM DOS PRETENDENTES

Os pretendentes continuarão a consumir os teus recursos e a devorar os teus bens enquanto Penélope não deixar o pensamento que eu não sei que deus lhe pôs na cabeça. Mesmo que conquiste uma glória sem precedentes, isso sair-te-á caro. Não retomaremos os nossos afazeres, nem voltaremos aos nossos campos enquanto ela não decidir a tomar um de nós por esposo.” Odisseia, canto II, vv.122-129

CALIPSO

Queres ficar! O céu sabe o que queres! Não és mais do que um conjunto de sonhos gastos e desejos velhos. Queres que te diga o que há em ti? O medo, o medo, ouves? Tens medo da ideia de reencontrar a cidade […]; tens medo que a tua mulher tenha mudado e que o teu filho não se queira sentar nos teus joelhos. Tens medo da vida. Tu tens medo…” Eyvind Johnson, Heureux Ulysse


FICHA TÉCNICA Interpretação: Cédric Eeckout, Isabel Teixeira, Julia Bernat, Karim Bel Kacem, Matthieu Sampeur e Stella Rabello; Direção, dramaturgia e cenário: Christiane Jatahy; Colaborador artístico, luz e cenário: Thomas Walgrave; Colaboração no desenvolvimento do cenário e arquitetura do espaço cênico no Sesc São Paulo: Marcelo Lipiani; Designer de som: Alex Fostier; Diretor de fotografia: Paulo Camacho; Figurinos: Siegrid Petit-Imbert, Géraldine Ingremeau; Sistema de vídeo: Julio Parente; Fotos: Elizabeth Carecchio Direção de Palco: Diogo Magalhães;

Assistente de Direção de Palco: Thiago Katona; Contrarregras: XTO e Hugo Ferreira; Operador de Video: Felipe Norkus; Operador de Som: Benhur Machado; Operador de Luz: Leandro Barreto; Operadora de legenda: Carla Gobi; Camareira: Débora Faria; Assistente de direção e tradução: Marcus Borja; Assistente de produção: Ygor Petter; Produtora Executiva: Anayan Moretto; Colaborador artístico, diretor de produção e tour manager: Henrique Mariano; Construção do cenário: Atelier de construção de Odéon-Théâtre de l’Europe e equipe de Odéon-Théâtre de l’Europe

Estreou em 16 de março de 2018 nos Ateliers Berthier de Odéon-Théâtre de l’Europe – Paris. Agradecemos especialmente a Kais Razouk, Godrat Arai e Nazeeh Alsahuyny por terem compartilhado suas odisseias conosco Produção: Odéon-Théâtre de l’Europe Coprodução: Théâtre National Wallonie - Bruxelas, Centre Cultural Onassis – Atenas; Comédie de Genève, Ruhrtriennale – Alemanha, São Luiz Teatro Municipal - Lisboa Apoio Institucional: Embaixada do Brasil na França e Embaixada da França no Brasil www.christianejatahy.com.br



Ítaca – Nossa Odisseia I 26/7 a 5/8/2018 Quintas a sábados, às 20h30. Domingo, às 18h30. Ginásio Verde Duração: 120 min. Espetáculo em Francês e Português legendado em Português.

Apoio Cultural

Realização

Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 01222-020 São Paulo - SP Tel: (11) 3234-3000 email@consolacao.sescsp.org.br / sescconsolacao

sescsp.org.br/consolacao


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