Catálogo da exposição "Sensibilidades Reveladas"

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S e nsibilidades Reveladas Curadoria de Almerinda Lopes



Centro Cultural Sesc Glória apresenta a exposição

S e nsibilidades Reveladas

21 de agosto a 25 de novembro de 2018


Attílio Colnago Fernando Augusto Hilal Sami Hilal José Carlos Vilar Joyce Brandão Márcia Capovilla Nelma Pezzin Raphael Samú Ronaldo Barbosa Walace Neves


Curadoria de Almerinda Lopes

S e nsibilidades Reveladas

Centro Cultural Sesc Glรณria Vitรณria - ES 2018



Criada em 1951, em caráter experimental, pelo então governador Jones dos Santos Neves (1901-1973), a Escola de Belas Artes foi reconhecida, em 1958, como curso superior e integrada à Universidade do Estado do Espírito Santo, o que exigiu uma radical reforma curricular, visando adequá-la às exigências legais. Para atender a essa nova estrutura, chegaram a Vitória vários artistas/professores, vindos, principalmente, do Rio de Janeiro e de São Paulo, com as respectivas carreiras já estabelecidas. Iriam partilhar conhecimentos e experiências com os jovens capixabas que buscavam, na academia, uma formação profissional no ramo da arte e do ensino. No início da década de 1960, deu-se a federalização da Universidade do Espírito Santo, numa época de grandes transformações das linguagens, dos paradigmas artísticos e da própria concepção de arte, que exigiam modificação curricular e também do ensino ali ministrado. Tal cenário exigiu que a antiga Escola de Belas Artes fosse submetida a nova reestruturação, quando foram contratados outros experientes artistas/professores, com formação e atuação em diferentes localidades brasileiras. A Escola de Belas Artes do Espírito Santo, além de ter sido nossa primeira academia, mantém-se, ainda hoje, como a única instituição do gênero no estado, sendo a principal responsável pela formação de verdadeiro celeiro de artistas e professores. Assim, ao se comemorar os 60 anos de seu reconhecimento, o Centro Cultural Sesc Glória presta tributo ao Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo – célula universitária que substituiu aquela antiga denominação –, acolhendo esta significativa exposição de trabalhos de uma pequena parcela de seus artistas/professores atuantes ao longo desses diferentes tempos. Deve-se considerar que o recorte adotado pela curadoria não visou privilegiar uns em detrimento de outros nomes, esta ou aquela gramática visual, mas foi determinado pelo espaço da referida galeria. Estão presentes na mostra trabalhos de autoria de dez artistas, de diferentes gerações, procedências, experiências profissionais e linguagens expressivas. O critério de escolha foi guiado pelo já citado objetivo da mostra, recaindo sobre alguns pioneiros ainda vivos, que contribuíram com seus ensinamentos para aprimorar a vocação e a sensibilidade nata dos jovens aprendizes, não medindo esforços para derrubar barreiras 7


e dificuldades, instaurando novas frentes de trabalho e de pesquisa. Plantaram a seara para que as gerações seguintes encontrassem ali melhores condições de desenvolver seus respectivos ensinamentos, o que explica a presença de alguns nomes que foram alunos desses pioneiros, e que dariam continuidade às lutas encetadas pelos mestres. Também integram a exposição uns poucos nomes, eleitos entre aqueles que se deslocaram, posteriormente, de diferentes regiões do país, trazendo novas experiências, formações e concepções poéticas, de relevada importância para a formação de várias gerações de artistas e professores de arte. Por essas razões, as propostas poéticas reunidas na mostra – cujo arco temporário começa nos anos de 1970 e se estende à atualidade –, não se pautam, obviamente, pela simetria estética ou pela afinidade entre as gramáticas visuais, mas pretende contemplar grande parte das tendências artísticas e gramáticas expressivas, elaboradas por seus respectivos autores, com as quais angariaram reconhecimento dentro e fora do estado. A exposição revitaliza, assim, parte da história da instituição, apresentando ao público uma amostragem dos processos artísticos e linguagens que esses artistas/professores ensinaram e desvelaram a várias gerações de jovens capixabas, no exercício diário nos ateliês do Centro de Artes da Ufes: desenho, gravura, pintura, escultura, fotografia, vídeo, processos experimentais, híbridos e conceitualistas. Esse variado naipe de gramáticas, processos e tendências poéticas que a exposição Sensibilidades Reveladas apresenta ao público, de agosto a novembro de 2018, confirma a sintonia da academia com as poéticas em voga em diferentes tempos artístico/culturais, bem como o calibre e a fertilidade criativa dos artistas/professores nela representados. São eles: Attílio Colnago, Hilal Sami Hilal, Fernando Augusto, Joyce Brandão, Nelma Pezzin, Márcia Capovilla, Raphael Samú, Ronaldo Barbosa, Vilar e Walace Neves. Artistas que, de diferentes maneiras, contribuíram para a consolidação do ensino das artes do estado e para a melhoria qualitativa da produção artística e atuação profissional de muitos jovens, que se destacariam em diferentes ramos da criatividade e do ensino da arte. Raphael Samú está representado na mostra com quatro litografias produzidas na década

de 1970. Formado pela Escola de Belas Artes de São Paulo, transferiu-se para Vitória no

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início da década de 1960, já estabelecido como pintor, gravador e mosaicista, com participação, inclusive, da Bienal de São Paulo. Tornou-se o primeiro professor de Gravura do Centro de Artes, disciplina que passou a fazer parte do novo currículo, após a federalização. Samú e a esposa Jerusa – também artista e professora da Ufes –, se engajaram, por longos anos, na reivindicação por um espaço expositivo, onde alunos e professores pudessem mostrar as respectivas produções artísticas, e na realização da Semana de Arte, que durante vários anos levou oficinas e cursos a vários municípios do interior capixaba. Esse empenho redundou na inauguração da Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes (1976) – primeiro espaço específico destinado à arte nesta capital – que funcionou até a década de 1990 na Capela de Santa Luzia (cedida pelo Iphan), com a coordenação de Jerusa Samú, ao longo de 18 anos. O capixaba Attílio Colnago manifestou ainda na infância talento e interesse pela arte, o que o levou a transferir-se do interior do Espírito Santo para cursar Artes na Ufes, tornando-se aluno de Samú e de outros reconhecidos mestres. Por se destacar, ao concluir o curso foi convidado para atuar como docente, desenvolvendo paralelamente a carreira artística, como desenhista e pintor. Participa da mostra com três trabalhos de pintura que elaborou especificamente para a participação no evento, em cujas telas o artista recicla, realoca e recodifica, com grande virtuosismo técnico, imagens ou códigos visuais extraídos de diferentes fontes do passado. Walace Neves foi o primeiro professor de fotografia na Ufes, atuando desde 1963, quando a disciplina passou a fazer parte do currículo de Artes, aposentando-se na década de 1990. Márcia Capovilla foi sua aluna e, após concluir o curso, passou a lecionar na instituição, desde década de 1970, a mesma disciplina ministrada pelo mestre na instituição. Cada um dos fotógrafos está representado na mostra com duas imagens: Capovilla com dois retratos, e Neves com duas vistas de conhecido ícone urbano de Vitória, mas que pelo enquadramento, angulação e efeito de luz captado aproximam o registro de uma composição abstrata. Nelma Pezzin foi também aluna do Centro de Artes da Ufes, ingressando como professora

de desenho e gravura da mesma instituição, logo após concluir sua formação acadêmica. 9


Como artista, dedicou-se ao desenho e à pintura. Participa da exposição com delicados desenhos a nanquim sobre suportes de papel de arroz, nos quais faz inusitadas associações em que destaca espectros de animais, objetos, casas, entre outros objetos e entes da natureza, composições essas que fazem parte da série Paraíso Perdido (2005). A formação artística em Desenho e Gravura da mineira Joyce Brandão ocorreu na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. Ingressou como docente do Centro de Artes da Ufes na década de 1980, assumindo as cadeiras de Desenho e Pintura. Paralelamente, investiu na carreira artística destacando-se de modo especial na produção de desenho e aquarela, como representante da emblemática Escola Mineira de Desenho. A artista apresenta na exposição aquarelas da série Entre o Mar e a Montanha, na qual constrói uma natureza idílica, em que os tons soturnos das montanhas terrosas de sua terra natal dialogam com a luz reverberante e a profusão de matizes do mar capixaba. José Carlos Vilar, ou simplesmente Vilar (nome artístico com que se tornou conhecido), foi aluno do escultor italiano Carlo Crepaz, no Centro de Artes da Ufes, de quem herdou o fascínio pelo ofício. Ao concluir a formação artística, assumiu a cadeira de Escultura na mesma instituição, orientando a formação de várias gerações de jovens, alguns dos quais deram continuidade ao ofício. Paralelamente à docência, Vilar manteve o exercício diário no ateliê/forja, domando o insubmisso aço carbono para submetê-lo e transfigurar a matéria bruta em um leque variado de peças escultóricas de tendência construtiva. Por meio do corte, da dobra e do uso de solda, o artista constrói objetos de formas inusitadas, tanto de proporções intimistas (como as que integram esta exposição) quanto em escala monumental, que surpreendem pela leveza e autonomia ao se sustentarem sobre si mesmos, sem o apoio de uma base. Foi um dos idealizadores e coordenador do Festival de Verão de Nova Almeida, que trouxe ao pequeno município histórico, durante vários anos, ilustres artistas e teóricos brasileiros para ministrarem cursos e oficinas, ofertados à comunidade acadêmica e aos interessados em geral. Hilal Sami Hilal cursou Artes Plásticas no Centro de Artes da Ufes, destacando-se,

então, como desenhista, aquarelista e na pesquisa de materiais. Ao concluir sua formação, ingressou como docente da instituição, passando a aprofundar a pesquisa de materiais

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em oficinas de produção de papel artesanal por ele ministradas. Buscou aperfeiçoar e ampliar esse processo em cursos que frequentou nos Festivais de Inverno de Ouro Preto e Diamantina e no Japão. O papel artesanal de fibras de algodão se tornaria a matéria básica, o meio e o suporte de grande parte da produção multimídia do artista. Em 1996, já devidamente estabelecido no circuito nacional, Hilal optou por abdicar do magistério para dedicar-se exclusivamente à produção artística, que tomaria a partir daí grande impulso. A pesquisa de materiais foi ampliada, passando a agregar uma gama de materiais industriais, que são transformados e redimensionados no laboratório criativo do artista, integrando-os em ousadas instalações e livros artesanais de grandes dimensões, com inusitadas escriturações poéticas, propostas essas que já circularam pelas principais instituições culturais do país e do exterior. Nesta exposição, o artista está representado com trabalhos de parede em técnica mista e dois livros, em cobre e acetato. O capixaba Ronaldo Barbosa muito cedo demonstrou vocação para a arte. Formou-se em Design pela Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro. A fenomenal e premiada carreira de designer não o levaria, no entanto, a abandonar a carreira artística, tendo realizado mostras individuais e participando de coletivas no Brasil e no exterior, com desenho, pintura e videoarte. Dedicou-se também por muitos anos à docência no Centro de Artes da Ufes, atuando, até o início dos anos 2000, nos cursos de Artes e Designer Gráfico, curso este que ajudou a fundar. Além de autor de inúmeros projetos como designer gráfico, desenvolveu ousados trabalhos expográficos e museográficos para instituições de diferentes estados brasileiros e no exterior. Dirige o Museu Vale, em Vila Velha, desde sua fundação em 1998, que se tornou referência da Arte Contemporânea no país. Ronaldo está representado na mostra do Sesc Glória com o premiado vídeo Graúna Barroca (1989), obra realizada na Praia do Rio Negro, norte do Espírito Santo, com 19 minutos de duração. Entre os participantes da mostra, o último a ingressar como docente do Centro de Artes da Ufes (2005) foi o baiano de nascimento Fernando Augusto. Formado em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, cursou também o mestrado e o doutorado em São Paulo e na França. Integra a mostra Sensibilidades Reveladas, como representante de uma nova geração de docentes, que aqui chegou depois de atingir 11


o mais alto grau acadêmico, no campo das poéticas visuais; de possuir sólida experiência no magistério superior e com a carreira artística consolidada. Artista multimídia, Fernando Augusto desenvolve trabalhos em pintura, desenho, fotografia, colagem, vídeo e processos experimentais, nos quais hibridiza ou sobrepõe diferentes meios, suportes e linguagens, em trabalhos de escalas monumentais ou em dimensões intimistas, produção essa que tem circulado por destacadas galerias e museus de vários estados brasileiros e no exterior. Apresenta nesta mostra um conjunto de obras intimistas – não por acaso denominado Confissões –, em que amalgama sobre o campo de papel branco desenhos a bico de pena e fragmentos de fotografias extraídas de suas memórias pessoais. Esse conjunto de obras de autoria de alguns de nossos mais reconhecidos e experientes artistas permite avaliar de que maneira cada um desses artistas/professores contribuiu e continua a contribuir para aprimorar a formação, desenvolver o potencial criativo e o senso crítico de crianças, jovens e adultos, de todos os níveis de ensino e camadas sociais, dentro e fora do Espírito Santo. São artistas cuja produção conseguiu romper o isolamento e transitar pelo circuito artístico nacional e até internacional, em igualdade de condições da produção do eixo hegemônico do país, engrandecendo o nome deste pequeno estado da federação. Também não se pode ignorar que os avanços da pesquisa no estado e a constituição gradativa de um sistema artístico (criação de galerias, museus, formação de coleções, historiadores e críticos de arte) tornaram-se fatores significativos nos últimos anos para aumentar a visibilidade da produção dos artistas que aqui atuam, bem como para inseri-la na historiografia da arte no Brasil. O Sesc Glória, ao apresentar mais esta exposição de artistas que vivem e atuam neste estado, cumpre importante papel social, valorizando e reconhecendo o significado da arte aqui produzida e possibilitando ao público local e àqueles que visitam esta capital ter contato, refletir e instigar significativa parcela de nossa história da arte. Almerinda Lopes Curadora 12





Raphael Samú



Raphael Samú





AttĂ­lio Colnago



Hilal Sami Hilal





Mรกrcia Capovilla



JosĂŠ Carlos Vilar





Joyce Brandão



Nelma Pezzin



Fernando Augusto



Walace Neves



Ronaldo Barbosa



LISTA DE OBRAS

ARTWORKS

Attílio Colnago

Hilal Sami Hilal

Hilal Sami Hilal

Têmpera de caseína

Acetato/Corte a laser

Cobre/corrosão

Sem título, 2018

Untitled, 2018

Casein tempera

Livro Socorro, 2014

Help Book, 2014

Acetate/Laser cutting

Sem título, 2017

Untitled, 2017

Copper/corrosion

100 x 70 cm

58 x 58 x 3,5 cm

65 x 42 x 5 cm

Attílio Colnago

Hilal Sami Hilal

José Carlos Vilar

Têmpera de caseína

Cobre/corrosão/oxidação

Aço Carbono

Sem título, 2018

Untitled, 2018

Casein tempera

108,5 x 70 cm

Atlântico, 2017 Atlantic, 2017

Copper/corrosion/oxidation

Sem título, 2018

Untitled, 2018 Carbon steel

58 x 58 x 3,5 cm

27 x 9 x 7 cm

Attílio Colnago

Hilal Sami Hilal

José Carlos Vilar

Têmpera de ovo (díptico)

Cobre/corrosão/oxidação

Aço carbono e madeira

Sem título, 2018

Untitled, 2018

Egg tempera (diptych)

Atlântico, 2017

Atlantic, 2017

Copper/corrosion/oxidation

Sem título, 2018

Untitled, 2018

Carbon steel and wood

154 x 70 cm

64 x 50,5 cm

40 x 15 x 15 cm

Fernando Augusto

Hilal Sami Hilal

José Carlos Vilar

Técnica mista s/ papel

Cobre/corrosão/oxidação

Aço carbono

Confissões (série), 2015

Confessions (series), 2015 Mixed media on paper

30 x 21 cm

Atlântico, 2017

Atlantic, 2017

Copper/corrosion/oxidation

84 x 64 cm

Sem título, 2018

Untitled, 2018 Carbon steel

17,5 x 27x 17 cm


José Carlos Vilar

Márcia Capovilla

Raphael Samú

Ronaldo Barbosa

Aço carbono

Fotografia Analógica (Filme

Litografia s/ papel

Vídeo arte, 19’

Sem título, 2018

Untitled, 2018 Carbon steel

Francisco, década de 1990 Kodak TRI-X)

Francisco, 1990s

Bichos da noite (série), 1972

Night animals (series), 1972 Lithography on paper

Analog photography (Kodak

40 x 31,5 cm

José Carlos Vilar

40 x 60 cm

Raphael Samú

Aço carbono

Márcia Capovilla

Litografia a cores s/ papel

Carbon steel

Fotografia Analógica (Filme

25 ⌀ x 25 cm

Sem título, 2018

Untitled, 2018 30 ⌀ x 19 cm

Joyce Brandão

Entre o mar e as montanhas (série), 2017-2018

Aquarela Winsor & Newton

TRI-X film)

Ignez, década de 1990

Van Gogh watercolor paper

30 x 22 cm

Ponte 2, 2018

Fotografia digital capturada com celular

Bridge 2, 2018

Cellphone digital photo

Analog photography (Kodak

Raphael Samú

Walace Neves

40 x 60 cm

Litografia s/papel

Fotografia digital capturada

TRI-X film)

2008

and pencil sketch on Talens -

Walace Neves

30 x 40 cm

Between the sea and the

Winsor & Newton Watercolor

Color lithography on paper

Video art, 19’

36 x 29 cm

Ignez, 1990s

Nelma Pezzin

mountain (series), 2017-2018

Night animals (series), 1972

Graúna Barroca, 1989

Kodak TRI-X)

e lápis esboço sobre papel

watercolor Talens - Van Gogh

Bichos da noite (série), 1971

Graúna Barroca, 1989

Favela, 1971

Favela, 1971

Lithography on paper

O paraíso perdido (série),

40 x 31,5 cm

Desenho a nanquim s/ papel

Raphael Samú

Lost paradise (series), 2008

Litografia s/ papel

arroz

China ink drawing on rice

paper

29,7 cm x 42 cm

No Espaço, 1971

In Space, 1971

Lithography on paper

37,5 x 29 cm

Ponte 3, 2018 com celular

Bridge 3, 2018

Cellphone digital photo

30 x 40 cm


Created in 1951 as an experiment by the then ruling governor Jones dos Santos Neves (1901-1973), the Escola de Belas Artes (Fine Arts School) was granted college status in 1958. After that, it underwent a radical revamp to meet the new curricular and legal requirements. To meet the demands of the new structure, several professors/artists with established careers joined in, mainly from Rio de Janeiro and São Paulo. They shared knowledge and artistic experience with local youth who sought to develop their sensitivity and gift within an academic framework. With the federalization of Espírito Santo University in the early 1960s, during a time of great transformations in language and artistic paradigms and the very conception of art, a curriculum change and the type of teaching offered were needed. This new scenario called for a new restructuring of the Fine Arts School and it started to receive other experienced teachers/artists who had graduated and worked in other parts of Brazil. Besides being our first academic home for the arts, the Escola de Belas Artes do Espírito Santo (Espírito Santo Fine Arts School) has remained the only institution of its kind in the State, the main environment for artists and teachers to learn their craft. Thus, by celebrating its 60th anniversary, Centro Cultural Sesc Glória pays homage to Centro de Artes (art college) at Universidade Federal do Espírito Santo – the university cell that replaced the old one - and welcomes this meaningful display of works by a small part of the artists and teachers who have been active throughout the decades. It must be highlighted that the curatorial approach did not favor any artists to the detriment of others. Neither did it favor any particular style. Instead, 46

it was informed by the space of the gallery. The show comprises the works of ten artists of different generations, origins, professional experiences and means of expression. The selection criteria was inspired by the show’s suggestive title, harking back to some of the pioneers who are still with us and contributed their knowledge to improve the vocation and natural sensitivity of young learners, sparing no effort to overcome obstacles and difficulties, putting in place new work and research fronts. They laid the groundwork for future generations to find better conditions to develop their respective teachings. This explains the presence of some names who were students of those pioneers and who would take up the fights spearheaded by their masters. The exhibition also includes some of those who arrived later from other parts of the country, bringing along new experiences, backgrounds and poetic conceptions of high relevance for the education of several generations of artists and art teachers. For those reasons, the poetic ideas put together for the show, whose timespan starts in the 1970s and continues to the present, were not chosen because of any aesthetic symmetry or the affinity between different visual grammars. Instead, it aims at displaying the various creative trends that operate and circulate within and outside Espírito Santo State. Thus, the exhibition strengthens the history of the institution and, consequently, the history of art in Espírito Santo State, presenting to the public a small share of the production of some of our most prominent artists who work in various media, such as drawing, engraving, sculpture, photography, video as well as hybrid and conceptual processes. This varied palette of visual grammars, processes and poetic trends that the exhibition Sensibilidades


Reveladas (Revealed Sensitivities) presents to the public between August and November 2018 confirms how tuned the academy is with the poetics of different cultural and artistic eras as well as the caliber and creative fertility of the featured artists/ professors. These are: Attílio Colnago, Hilal Sami Hilal, Fernando Augusto, Joyce Brandão, Nelma Pezzin, Márcia Capovilla, Raphael Samú, Ronaldo Barbosa, Vilar and Walace Neves. These artists have each, in their own way, contributed to the teaching of arts in the State and improving the quality of the artistic output and professional performance of many young talents, who would go on to find success in different creative industries and in the teaching of art. Raphael Samú is represented in the show with four lithographs produced in the 1970s. A graduate of Escola de Belas Artes de São Paulo (São Paulo Fine Arts College), he moved to Vitória in the early 1960s, by then an established painter, engraver and mosaic artist, having already appeared at the São Paulo Biennial. He became the first engraving professor at Centro de Artes, a subject which entered the new curriculum after the college became federalized. Samú and his wife, Jerusa, also an artist and professor at Ufes, actively campaigned to create an exhibition venue where students and professors could display their artworks . They also helped create Art Week, which for several years promoted workshops and courses in small country towns across Espírito Santo State. Their efforts led to the opening of Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes (1976), the first art exhibition venue in the capital city. Until the 1990s, it was housed at Capela de Santa Luzia (in partnership with Iphan) and managed by Jerusa Samú during 18 years.

Espírito Santo-born Attílio Colnago showed artistic inclinations while still a child and moved to Vitória to study arts at Ufes, where he trained under Samú and other reknown masters. An outstanding student, upon graduating he was invited to join the faculty team Parallel to that, he pursued an artistic career as a painter and draughtsman. The show includes three of his pieces, which he produced specifically for the event. The pieces sees the artist recycling, relocating and recoding with great technical virtuosity images and visual codes extracted from various past sources. Walace Neves was the first photography professor at Ufes. He has been active since 1963, when the discipline was added to the curriculum of the college. He retired in the 1990s. Márcia Capovilla was his student and, after finishing the course, became a faculty member in the 1970s and taught the same discipline as her master. The two photographers are represented in the show with two images each. There are two portraits by Capovilla while Neves presents two views of a famous urban icon in Vitória, which through framing, angling and light effect resemble an abstract composition. Nelma Pezzin was also a student at Ufes’ Centro de Artes, then joined the ranks as an engraving professor soon after graduating. As an artist, she dedicated herself to drawing and painting. For the show, she presents delicate drawings using China ink on rice paper, in which she makes surprising associations with the spectre of animals as highlights, objects, houses, amongst other objects and natural beings. These compositions are part of a series known as Paraíso Perdido (Lost Paradise, 2005). Minas Gerais-born Joyce Brandão learned drawing and engraving at Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. She joined 47


Centro de Artes da Ufes’ faculty team in the 1980s to take over the drawing and painting chairs. Parallel to that, she pursued an artistic career and achieved prominence with her drawing and watercolor pieces as a representative of Escola Mineira de Desenho (The Minas Drawing School). For the show, the artist presents watercolors from the series Entre o Mar e a Montanha (Between the Sea and the Mountain), in which she depicts an idyllic nature where the sullen hues of the earthy mountains of her birthplace dialogue with the reverberating light and the explosion of colours of the Espírito Santo sea. José Carlos Vilar, or simply Vilar (as he is better known), was a pupil of the Italian sculptor Carlo Crepaz at Ufes’ Centro de Arte - Crepaz inspired him to take up the craft. Upon graduating, he took over the sculpture chair at the institution, helping educate a younger generation who chose the same career path. Parallel to teaching, Vilar worked daily in his studio/forge, trying to tame the rebellious carbon into submission and transfigure it into raw material for a range of sculptural pieces of a constructive leaning. By cutting, folding and welding, the artist builds objects with novel shapes, both of intimate proportions (like the ones on display) and a monumental scale, unexpectedly light and autonomous for supporting themselves without a base. He was one of the masterminds behind the Nova Almeida Summer Arts Festival, which brought to the old historical town outstanding Brazilian artists and theoreticians to give courses and lead workshops that were open to the academic community as well as the general public. Hilal Sami Hilal studied Fine Arts at Ufes’ Centro de Artes and stood out as a draughtsman, watercolorist and material researcher. Upon graduating, he joined 48

the institution’s faculty team and delved deeper into his research for materials through artisanal paper workshops he led. He sought to improve and broaden this process in courses he attended at Ouro Preto and Diamantina Winter Festivals as well as in Japan. Artisanal paper of cotton fiber was set to become the main raw material, media and support for most of the artist’s multimedia output. In 1996, by then an established artist in the national circuit, Hilal chose to leave academia to devote himself exclusively to his artistic production, which would get a major boost thereafter. The materials research was broadened and he started to gather a range of industrial materials, which are transformed and resized in the artist’s creative lab. He integrates them in daring installations and outsize artisanal books with unexpected poetic inscriptions. These works have been displayed in some of the country’s main cultural venues as well as abroad. In this show, the artist is represented by mixed media wall pieces and two books on copper and acetate. Espírito Santo-born Ronaldo Barbosa showed a vocation for the arts from a very early age. He graduated in design from Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), in Rio de Janeiro. His successful and award-studded career as a designer did not prevent him from pursuing a parallel career as an artist, with several solo shows as well as group shows in Brazil and abroad, where he exhibited his drawings, paintings and video art pieces. He was also a professor at Ufes’ Centro de Artes, where, until 2000, he delivered the Graphic Design and Art courses, which he helped found. Besides leading a long list of graphic design projects, he has developed several exhibition and museum design works for institutions in Brazil and abroad. He has been the director of Museu Vale (Vale Museum) in


Vila Velha since its launch in 1998. The museum has become a reference of contemporary art in Brazil. For the Sesc Glória show, Ronaldo exhibits his award-winning 19’ video art piece Graúna Barroca (1989), which was shot at Praia do Rio Negro in the north of Espírito Santo. Amongst the featured artists, Bahia-born Fernando Augusto was the last to join the Centro de Artes’ faculty team, which he did in 2005. A graduate of the school of fine arts at Universidade Federal de Minas Gerais, he has also taken master and doctorate degrees in São Paulo and France, respectively. He appears in the Sensibilidades Reveladas (Revealed Sensitivities) show as the representative of a new generation of professors who joined the department after reaching the highest level of academic achievement in the field of visual poetics, with solid experience in higher education lecturing and an established artistic career. A multimedia artist, he develops works in painting, drawing, photography, collage, video and experimental processes. In his works, he juxtaposes various media, support types and languages, either in large scale or intimate pieces. His production has been shown in galleries and museums across the country and abroad. In this show, he displays a set of intimate pieces called Confissões (Confessions) where he amalgamates on white paper drawings made with pen and ink as well as fragments of photos from his personal memories.

the isolation of our small state and make their way into the national and even international circuit on equal terms in the context of Brazil’s hegemonic production axis. Besides, we cannot ignore local advances in research and the gradual building of an artistic system (galleries, museums, collections, historians and art critics), which, over the last few years, have become meaningful factors to increase visibility of local artists and to insert them in Brazil’s art historiography. By presenting this exhibition of artists who live and work in this State, Sesc Glória fulfills its important social role to value and acknowledge the meaning of art that is produced here and enable local audiences and visitors to come into contact, appreciate and be instigated by a meaningful share of our art history. Almerinda Lopes Curator

This collection of works by some our best-known and experienced artists/professors has contributed and continues to do so to improve the education, creative potential and critical sense of children, youth and adults, at all levels of learning and social strata, inside and outside Espírito Santo. They are artists whose production managed to break out of 49


SESC | SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Presidente do Conselho Nacional National Council President Antonio Oliveira Santos DEPARTAMENTO NACIONAL NATIONAL DEPARTMENT Direção-Geral General Director Carlos Artexes Simões Diretoria de Cultura Culture Director Marcos Henrique Rego Gerência de Cultura Culture Manager Marcia Costa Rodrigues Assessoria em Artes Visuais Visual Arts Consultant Caroline Soares de Souza Jocelino Pessoa Assessoria em Museologia Museology Consultant Pamela Oliveira Assistência de Produção Cultural Cultural Production Assistant Nathan Yuri Gomes Assessoria de Comunicação em Cultura Culture Communication Officer Juliana Alberico Gutierre

DEPARTAMENTO REGIONAL NO ESPÍRITO SANTO ESPÍRITO SANTO REGIONAL DEPARTMENT Presidente do Conselho Regional Regional Council President José Lino Sepulcri Diretor do Departamento Regional Regional Department Director Gutman Uchôa de Mendonça Gerente do Centro Cultural Sesc Glória Centro Cultural Sesc Glória Manager Carlos Bermudes Coordenadora de Cultura Culture Coordinator Rita de Cássia Sarmento Costa Assessora em Artes Visuais Visual Arts Consultant Elaine Pinheiro Assistente em Artes Visuais Visual Arts Assistant Thiago Arruda Assessora de Imprensa Press Officer Gabriela Galvão


EXPOSIÇÃO SENSIBILIDADES REVELADAS UNVEIL SENSIBILITIES EXHIBITION Coordenação e produção executiva Coordination and executive production Elaine Pinheiro e Thiago Arruda Design gráfico e expográfico Graphic & exhibition design Jarbas Gomes Preparação técnica do espaço Technical installation team Almir de Souza José Luiz Alves da Silva e equipe Juraci Francisco de Amorim e equipe Raimundo Higino Feitosa Montagem Set up Tuca Sarmento Thiago Arruda Iluminação Lighting Antonio dos Anjos Carlos Henrique Felberg Jeferson Spagnol

PROGRAMA EDUCATIVO EDUCATIONAL PROGRAM Arte-educadora convidada Guest art educator Mara Perpétua Banhos Pereira Mediadores Mediators Amanda Amaral Ana de Almeida João Victor Coser Lindomberto Ferreira Alves Manhã Clara Pedrini Maria Corrêa Instituições parcerias Partner institutions Secretaria Municipal de Educação (Seme) Secretaria de Estado da Educação (Sedu) Polo Arte na Escola Espírito Santo

Revisão de textos Text revision Tiago Zanoli

AGRADECIMENTOS ACKNOLEDGEMENTS

Versão para o Inglês English version Lobo Pasolini

A todos os artistas, por terem aceito de imediato ao convite da curadoria, Gerusa Samú, Lucas Samú e Thais Hilal.

Fotografia Photography Felipe Amarelo/ Claraboia Imagem

Thanks to all the artists who promptly accepted the curator’s invitation, Gerusa Samú, Lucas Samú and Thais Hilal.


Proposta desenvolvida pela equipe do Programa Educativo. Painel composto por 165 peças com imagens, cores e reflexos, voltado a ações educativas e disponível para interação de visitantes de diversas faixas etárias no espaço expositivo. Project developed by the education team. Panel made of 165 pieces with images, colors and reflexes, all aimed at educational actions and available for interaction with visitors of all ages in the exhibition room.

Impresso na primavera de 2018 por ocasião da exposição Sensibilidades Reveladas, no Centro Cultural Sesc Glória. Vitória, Espírito Santo. Printed in the Spring 2018 to coincide with the exhibition Sensibilidades Reveladas (Revealed Sensitivities) at Centro Cultural Sesc Glória. Vitória, Espírito Santo.



Attílio Colnago Fernando Augusto Hilal Sami Hilal José Carlos Vilar Joyce Brandão Márcia Capovilla Nelma Pezzin Raphael Samú Ronaldo Barbosa Walace Neves

Centro Cultural Sesc Glória Av. Jerônimo Monteiro, 428 - Centro - Vitória/ES - 29010-002 sesc-es.com.br issuu.com/sescgloria


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