Territórios de La Mancha
A segunda edição do Mirada – Festival Ibero-americano de Artes Cênicas de Santos desenha um panorama da produção contemporânea de 14 países falantes do espanhol e do português. As línguas do corpo, da palavra e das imagens conjugam traços, distinções e semelhanças indoafro-ibero-americanas de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Espanha, México, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela. Durante 11 dias, de 5 a 15 de setembro, esses 14 países apresentam 38 espetáculos, sendo 23 produções internacionais e 15 brasileiras, mais intervenções e performances. Além das dependências do SESC Santos, a programação ocupa outros espaços: teatros, praças, parques, monumentos e demais ambientes. Uma das novidades deste ano é que o Mirada se espraia pelas cidades vizinhas de Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande e São Vicente. Todas receberão espetáculos. O lugar da cena é, por extensão, o lugar do pensamento e da reflexão. As realidades social, política e histórica circunscrevem boa parte dos temas trazidos pelos grupos – modalidade de teatro de pesquisa mais profícua nesta geografia cultural. Mas há pluralidade nas formas e nos conteúdos para todos os perfis de inquietações e de espectadores, sejam adultos, adolescentes ou crianças. As atividades formativas trilham o mesmo caminho, com debates interculturais, lançamentos de livros, realização de oficinas, shows musicais e outros encontros afins, sempre gratuitos. O México é o país especialmente convidado desta edição com uma mostra de sete criações. Para homenageá-lo nestas linhas, lembramos um dos seus compatriotas, o escritor Carlos Fuentes, falecido em maio passado. Num recente congresso internacional sobre sua língua-mãe, ele evocou Dom Quixote, o clássico de Cervantes, para nomear o que também nos instiga neste festival: “He venido proponiendo un nombre que nos abarca en lengua e imaginación, sin sacrificar variedad o sustancia. Somos el territorio de La Mancha. Mancha manchega que convierte el Atlántico en puente, no en abismo. Mancha manchada de pueblos mestizos. Luminosa sombra incluyente. Nombre de una lengua e imaginación compartidas. Territorios de La Mancha – el más grande país del mundo.”
3
SUMÁRIO
ESPETÁCULOS
8 ARGENTINA 10 Podem Deixar o que Quiserem (Pueden Dejar lo que Quieran) Íntimo Teatro Itinerante
12 BRASIL 14 A Primeira Vista Enrique Diaz 16 Eclipse Grupo Galpão 18 Histórias de Família Amok Teatro 20 Hysteria Grupo XIX de Teatro 22 Isso te Interessa? Companhia Brasileira de Teatro 24 Lamartine Babo Grupo de Teatro Macunaíma/CPT - SESC 26 O Cantil Teatro Máquina 28 Pais e Filhos Mundana Companhia de Teatro 30 Retábulo Piollin Grupo de Teatro Espetáculos de Rua
32 A Pereira da Tia Miséria Núcleo Ás de Paus 34 Felinda Cia. Carroça de Mamulengos 36 O Lançador de Foguetes Grupo de Teatro de Pernas Pro Ar 38 Romeu e Julieta Grupo Galpão Espetáculos Infantis
40 A Cortina da Babá Grupo Sobrevento 42 O Fio Mágico Cia. Mão Molenga Teatro de Bonecos
44 BOLÍVIA 46 Hamlet, dos Andes (Hamlet, de los Andes) Teatro de los Andes
5
48 CHILE 50 El Olivo Teatro Niño Proletario 52 Gêmeos (Gemelos) Compañia Teatro Cinema
96 PERU 98 SEM TÍTULO, técnica mista (SIN TÍTULO, técnica mixta) Grupo Cultural Yuyachkani
54 COLÔMBIA
100 PORTUGAL
Sobre Alguns Assuntos de Família - Trilogia
102 Herodíades Artistas Unidos
(Sobre Algunos Asuntos de FamIlia) La Maldita Vanidad
56 O Autor Intelectual (El Autor Intelectual) 58 Os Autores Materiais (Los autores Materiales) 60 Como Quer que te Queira (Cómo Quieres que te QuIEra)
62 COSTA RICA 64 Mãe Coragem e seus Filhos (Madre Coraje y sus Hijos) Compañía Nacional de Teatro (CNT)
104 URUGUAI 106 Chaika Complot Cia. de Artes Escénicas Contemporáneas
108 VENEZUELA 110 Ato Cultural (Acto Cultural) Grupo Actoral 80 ATIVIDADES COMPLEMENTARES
66 CUBA
114 IntervençÕES | INSTALAÇÕES
68 Ar Frio (Aire Frío) Argos Teatro
118 EXPOSIçÕES
70 ESPANHA
120 encontros e debates
72 +75 Compañía Fadunito 74 O Nacional (El Nacional) Els Joglars
121 oficina
76 MÉXICO
122 lançamentos
78 AmarILLO Teatro Línea de Sombra 80 Ensaio Sobre Frágeis (Ensayo Sobre Débiles) Artillería Producciones 82 Incêndios (Incendios) Compañía Tapioca Inn 84 O Dragão Dourado (El Dragón Dorado) Por Piedad Teatro Producciones 86 O Pequeno Quarto ao Final da Escada
125 Rede de intercâmbio
(La Pequeña Habitación Al Final de La Escalera) Teatro Del Farfullero
88 Os Assassinos (Los Asesinos) El Milagro Teatro e Carretera 45 Teatro 90 Uma Vez Mais, Por Favor (Una Vez Más, Por Favor) Compañia Nacional de Teatro (CNT)
92 PARAGUAI 94 Cinzas (Cenizas) Hara Teatro
125 Ponto de Encontro 125 CICLO DE DOCUMENTÁRIOS – sesctv 127 turismo social informações
130 Locais – santos 132 locais – EXTENSÃO MIRADA 136 Informações gerais 7
FOTOS DE SANTOS por marcos bruvic
ARGENTINA
ARGENTINA
C창mara municipal de santos 9
Podem Deixar o que Quiserem
ARGENTINA
9/9.dom.23h 10/9.seg.23h Ginásio SESC Santos 70 MIN 14 ANOS R$10; R$5; R$2,50
(Pueden Dejar lo que Quieran)
Santiago Pianca
Íntimo Teatro Itinerante Um homem perde a família num acidente e decide reconstruí-la com histórias que escreve sobre suas roupas. É a forma silenciosa e estranha que encontra para reatar o vínculo com o mundo. As roupas e os relatos dos outros o permitem reunir pessoas que não se conhecem, mas que ele elege, por alguma razão, para que façam parte da narrativa, transmitindo um modo singular de arquitetar o tempo. O principal suporte dramatúrgico e cenográfico da criação são as roupas, dezenas delas que “vestem” o piso e as paredes de uma estrutura quadrilátera, de 10 m de largura por 10 m de comprimento. É nesse espaço que o espectador adentra em grupo, ora em pé, ora sentado, sendo deslocado para subnúcleos conforme a evolução narrativa conduzida por sete atores. O portenho Fernando Rubio inclui na formação de dramaturgo a convivência com autores profícuos como Daniel Veronese e Alejandro Tantanian. O também diretor é um dos fundadores do laboratório artístico Íntimo Teatro Itinerante, em 2001. Seus processos integram teatro, artes visuais, literatura, urbanismo, arquitetura e outras disciplinas. Como nessa instalação que estreou no ano passado, contemplada no primeiro concurso de projetos teatrais do VIII Festival Internacional de Buenos Aires.
Autor e diretor: Fernando Rubio Com: Andrea Nussembaum Jorge Prado Juliana Muras Lourdes Pingeon Marcelo Subiotto Martín Urruty Pablo Gasloli Apoio: Buenos Aires Ciudad Embajada de España en Argentina Ministerio de Relaciones Exteriores Comercio y Culto Secretaria de Cultura de la Nación-Argentina Kiblos Fira Tàrrega Centro Cultural de España en Buenos Aires FIBA
11
BRASIL
BRASIL
Aquรกrio municipal de santos 13
A Primeira Vista
Enrique Diaz
Enrique Diaz
BRASIL (RJ)
L e M se conhecem numa loja de equipamentos para acampar e nunca mais vão sair uma de dentro da outra. Tentam namorar, tentam se casar, tentam montar uma banda, tentam dar um tempo, tentam e tentam, mas é a amizade que arranja e desarranja tudo, soberana. Quando veem, uma está casada aqui, a outra perde a mãe ali. E assim avança o dia a dia caótico e hilariante dessas delícias e dores de amor que dispensam catalogação. Um quebra-cabeça divertido e comovente, que espelha as relações contemporâneas. Rede de afetos a dois, no caso, a duas, em que o espectador é o terceiro olho e ouvido privilegiado, pois é para ele que L e M se dirigem quando contradizem a outra ou endossam seus medos diante do abismo. Nascido há 50 anos na ilha Cape Breton, no Canadá, Daniel Maclvor é dramaturgo, ator, roteirista e diretor de cinema. Escreveu e dirigiu mais de 20 espetáculos e teve sua obra traduzida em diversas línguas, inclusive em português. A editora carioca Cobogó lançou em julho duas peças encenadas no Brasil e traduzidas por Daniele Ávila. Assim como o enredo, a montagem de A Primeira Vista, que estreou em março no Rio de Janeiro, é repleta de encontros, desencontros e, fundamentalmente, reencontros. Depois do sucesso de In on It (2009), o ator e diretor Enrique Diaz retoma a obra do canadense Daniel MacIvor, agora em sua versão feminina, com semelhanças estruturais em que a linguagem aflora como invenção permanente e com absoluta simplicidade. Drica de Moraes, cofundadora da Companhia dos Atores com Diaz e outros amigos, 20 anos atrás, contracena com Mariana Lima, dobradinha inédita e vitoriosa na preparação técnica e na sinceridade com que se irmanam ao projeto.
14/9.sex.19h 15/9.sáb.19h Teatro Municipal Brás Cubas 80 MIN 14 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Texto: Daniel MacIvor Direção: Enrique Diaz Com: Drica Moraes Mariana Lima
15
BRASIL (MG)
Eclipse
Bianca Aun
Grupo Galpão
Cinco pessoas aguardam o final de um eclipse solar. Elas estão encerradas num espaço. Enquanto isso, discutem sobre a existência e a condição humana perpassando os contos e a filosofia do escritor russo Anton Tchékhov (1860-1904) em relação à vida e à arte. À medida que a espera se torna longa, o confronto dessas visões de mundo desencadeia uma série de situações absurdas. As etapas de ensaio e treinamento de corpo e voz foram realizados em Belo Horizonte, com o encenador russo vindo para cá, e em Berlim, com os atores indo para lá. Cenário, figurinos, luz e sonoplastia são inspirados pelo suprematismo, a linguagem estética da vanguarda russa criada por volta de 1913 pelo artista Kazimir Malevich (1878-1935), que defendia uma arte livre de finalidades práticas e comprometida com a pura visualidade plástica. O espectador que tenha encontrado o Grupo Galpão em algum momento dos seus 30 anos de história vai se deparar aqui com uma criação surpreendente em relação à maioria de seus espetáculos ancorados na pesquisa da cultura popular e de adaptações de clássicos (a obra-prima Romeu e Julieta, dirigida por Gabriel Villela, é emblemática e também está no MIRADA). Eclipse surgiu do encontro com o diretor russo Jurij Alschitz, de 65 anos, que trouxe a base do treinamento de atores do AKT-ZENT International Theatre Centre, coordenado por ele em Berlim, onde está radicado. Com a leitura de peças e de cerca de 150 contos de Tchékhov, foram pinçadas referências e reflexões sobre temas que continuam a fazer parte do homem de hoje, como caos, fé, felicidade e talento. É como se o próprio Galpão mergulhasse no autoconhecimento, pois a peça integra o díptico Viagem a Tchékhov, em que a outra metade do elenco está a bordo do drama Tio Vânia – Aos que Vierem Depois de Nós, com direção de Yara de Novaes. As peças estrearam no ano passado e devem impregnar profundamente a prática e o pensamento do Galpão doravante.
5/9.qua.21h 6/9.qui.21h Teatro SESC Santos 90 MIN 12 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Direção, dramaturgia, cenografia, figurinos e treinamento: Jurij Alschitz Com: Chico Pelúcio Inês Peixoto Julio Maciel Lydia Del Picchia Simone Ordones patrocínio: Petrobras
17
BRASIL (RJ)
Histórias de Família
Andreia Teixeira
Amok Teatro
Em cena, o universo da infância e da violência no contexto da guerra que assolou a região dos Balcãs nos anos 1990. Nas ruínas da Iugoslávia, quatro personagens brincam de família, reproduzindo o comportamento delirante de adultos desorientados. Pouco a pouco, revela-se a lógica do conflito, criado e mantido pelo poder político, que se manifesta em todos os níveis da sociedade. A violência da brincadeira substitui aquela que é real nos combates. Nesse ritual, à imagem do clima político, a tensão entre todos é extrema. Uma terrível paródia familiar que apresenta a guerra por meio do lúdico e do derrisório e nos faz ver o teatro como o lugar onde os adultos continuam a fazer aquilo que fazem as crianças: produzir jogo. Histórias de Família estreou em junho deste ano, e compõe a última parte da Trilogia da Guerra, projeto da Amok que inclui os espetáculos O Dragão (2008) e Kabul (2010), um percurso artístico sobre o tema dos conflitos bélicos. Dirigido por Ana Teixeira e Stephane Brodt, francês radicado no Brasil há 18 anos, o grupo Amok Teatro foi fundado em 1998. Sediado no Rio de Janeiro, dedica-se à pesquisa contínua do trabalho do ator e das possibilidades de encenação. Seus espetáculos tratam de temas contemporâneos ao mesmo tempo que afirmam a cena como um espaço cerimonial. Além das criações, o grupo desenvolve atividades pedagógicas. A dramaturga sérvia Biljana Srbljanovic, de 41 anos, ficou conhecida em meados dos anos 1990. Ela se opôs firmemente ao regime ditatorial do então presidente Slobodan Milosevic, com uma coragem manifestada não somente em seus escritos, mas também em sua recusa em deixar Belgrado durante os bombardeios da Otan, em 1999, contra a limpeza étnica da maioria da população albanesa. Em 2001, o alemão Thomas Ostermeier encenou seu texto Supermercado no Festival de Viena.
6/9.qui.21h 7/9.sex.21h Casa da Frontaria Azulejada 90 MIN 16 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Texto: Biljana Srbljanovic Direção e adaptação: Ana Teixeira Stephane Brodt Elenco: Bruce Araujo Christiane Góis Rosana Barros Stephane Brodt patrocínio: Petrobras
19
BRASIL (SP)
Hysteria
Adalberto Lima
Grupo XIX de Teatro
8/9.sáb.15h 9/9.dom.15h Fortaleza da Barra 70 MIN Clara, Hercília, Maria Tourinho, M.J. e Nini são internas de um hospício carioca no final do século XIX. Mães, meninas, amantes, solteiras, sentimentais, brasileiras de “existência estreita e confinada”, elas falam de si para mulheres do século XXI. Nas dependências desse estabelecimento feminino, cinco personagens diagnosticadas como histéricas revelam seus desvios e contradições – reflexos diretos de uma sociedade em transição, na qual os valores burgueses buscavam adequar a mulher a um novo pacto social. Cenicamente, o espetáculo abdica do palco e dos recursos de sonoplastia e iluminação (é sempre apresentado no meio da tarde para aproveitar a luz natural). A opção é por um espaço não convencional, neste caso a Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, construída pelos espanhóis em 1584, época em que Portugal e Brasil estavam sob domínio da Espanha. A plateia é dividida por gêneros. A feminina senta junto às atrizes em um semicírculo feito de bancos de madeira que ocupam a maior parte do espaço cênico. As mulheres são convidadas a interagir com as atrizes. Já a ala masculina senta em cadeiras ou arquibancadas no entorno da cena. Fenômeno de público e de crítica na produção paulistana da década passada, Hysteria (2001) é a primeira obra do grupo XIX de Teatro, formado naquele mesmo ano. O núcleo desenvolve pesquisa temática voltada para a história brasileira, pesquisa estética de exploração de prédios históricos como espaços cênicos e investigação sobre a participação ativa do público. Desde 2004, cumpre residência artística na tombada Vila Operária Maria Zélia, no bairro paulistano do Belém, onde gesta suas criações.
14 ANOS R$10; R$5; R$2,50 Acesso gratuito de barco das 14h às 14h45
Criação, pesquisa de texto e figurinos: Grupo XIX de Teatro Elenco: Evelyn Klein Janaina Leite Juliana Sanches Mara Helleno Tatiana Caltabiano Direção: Luiz Fernando Marques
21
BRASIL (PR)
Isso te Interessa?
Alessandra Haro
Companhia Brasileira de Teatro
10/9.seg.22h 11/9.ter.22h C.A.I.S. Vila Mathias A peça é um percurso no tempo de pelo menos três gerações de uma família. São “pais, mães, filhos e cães” que poderiam fazer parte de qualquer família comum, em qualquer cidade do mundo. Nada de especial acontece. Não há grandes eventos, apenas os acontecimentos-chave que determinam as trajetórias prosaicas das vidas dos personagens. Um pai que fuma, uma mãe que esquece, um filho que vai embora, uma filha que fica grávida, uma mãe que se separa, os filhos que não “estão nem aí”, um pai que morre, uma filha que morre, uma mãe que fica, uma mãe que decide morrer, um filho que volta, um filho que se lembra, os cachorros que estão por ali, o tempo que passa, as pessoas de quem lembramos, o lugar para onde queremos ir e o lugar de onde nunca saímos. O título original do texto de Noëlle Renaude, Bon, Saint-Cloud, faz referência a uma pequena cidade, Saint-Cloud, espécie de subúrbio burguês parisiense onde se pode ir passear aos fins de semana, ou simplesmente passar o dia, levar o cachorro para correr e escapar da rotina diária. Introduzir uma autora até então inédita no Brasil faz parte da instigação maiúscula da Companhia Brasileira de Teatro, em busca de novas possibilidades dramatúrgicas que permitam expandir a presença do ator e a percepção do público, aqui convocado a acompanhar uma narrativa condensada. O projeto artístico iniciado em 1999 por Marcio Abreu, em Curitiba, ganhou profissionais afinados e tornouse um dos mais sólidos do país, trilhando narrativas de estranhamento e de delicadeza, como a elaborada pela francesa Noëlle, de 62 anos, formada em história da arte e línguas, autora de mais de 20 peças.
45 MIN 18 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Texto: Noëlle Renaude Tradução: Giovana Soar Marcio Abreu Direção: Marcio Abreu Com: Giovana Soar Nadja Naira Ranieri Gonzalez Rodrigo Ferrarini/ Rodrigo Bolzan
23
BRASIL (SP)
Lamartine Babo
EmIdio Luisi
Grupo de Teatro Macunaíma/CPT - SESC
O núcleo artístico, que é sinônimo de Antunes Filho, um dos mestres da arte do teatro no Brasil, dessa vez o traz não no posto de diretor, mas de dramaturgo, autor do roteiro inspirado na vida e na obra do compositor carioca que dá nome ao espetáculo, um dos bambas da música popular brasileira. No enredo, um conjunto ensaia as inesquecíveis canções de Lamartine Babo, até que adentra o espaço um misterioso homem vestido de terno preto, presença formal de palavras idem, e acompanhado de sua sobrinha. Intercalando o ambiente de um sarau em meio a diálogos pontuais, o espetáculo se permite alguns quadros musicais que lembram canções famosas do homenageado, como Grau Dez, Jou Jou Balangandans, Marchinha do Grande Galo e Aeiou, esta uma parceria com Noel Rosa. A história envolve outras figuras, como uma diva que chega atrasada, outras cantoras e um maestro. Lamartine Babo (1904-1963) compôs canções de vários gêneros, mas foi com as marchinhas carnavalescas, a começar pela clássica Se teu Cabelo Não Nega, que se tornou um nome conhecido. Em suas músicas predominam o humor refinado e a irreverência. Quem assina a direção é Emerson Danesi, ator e braço direito de Antunes no Centro de Pesquisa Teatral, o lendário CPT, que está completando 30 anos em 2012 e é mantido pelo SESC/SP. A montagem estreou em 2009 justo no espaço do CPT, no Sesc Consolação, na capital, onde são realizados cursos e treinamentos de ator e de dramaturgia, entre outras áreas. Já o Grupo de Teatro Macunaíma, onde são produzidas as criações de Antunes Filho, nasceu com a estreia do espetáculo Macunaíma, em 1978, com o qual ele e os atores viajaram pelo Brasil e pelo mundo.
6/9.qui.19h 7/9.sex.19h Auditório SESC Santos 60 MIN 12 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Texto: Antunes Filho Direção: Emerson Danesi Direção musical: Fernanda Maia Com: Adriano Bolshi André Araújo Flávia Strongolli Ivo Leme Leonardo Santiago Marcos de Andrade Natalie Pascoal Patrícia Rita Ricardo Venturin Rodrigo Mercadante Sady Medeiros
25
BRASIL (CE)
O Cantil
Deyvison F. Teixeira
Teatro Máquina
O Cantil (2008) surge de uma leitura bastante específica da peça A Exceção e a Regra, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (18981956). Ao contrário da materialidade oral do texto, aqui a palavra é suprimida para que o gesto seja enfatizado e o trabalho dos atores “refuncionalizado” por meio de exercícios de demonstração e manipulação. Trata-se de uma viagem sem espaço nem tempo definidos. Dois homens seguem à procura de algo. Para o patrão, a viagem é urgente e aterradora; para o empregado, apenas objeto de seu ganha-pão. Entre os dois se estabelece uma relação nos extremos da desconfiança total e da pura subserviência, relação essa transfigurada pela ausência/presença do cantil (ferramenta de carpintaria semelhante à plaina). A encenação enfatiza a metáfora da manipulação, estendendo a relação entre os personagens para os atores por meio das figuras condensadas do boneco-narrador e do manipulador-narrador. Uma citação do teatrólogo francês Patrice Pavis, na qual se percebe a derivação do nome do núcleo de Fortaleza, de fato dimensiona não só a proposição desse espetáculo, mas a plataforma de prática e pensamento dos seus criadores. “A maquinaria é envergonhadamente escondida no chamado teatro ‘ilusionista’, mas ela sempre se deixa detectar desde que nos debrucemos sobre o ‘segredo de fabricação’. Tal realidade de máquina é, por definição, alheia ao mundo fictício sugerido pela cena.” O Teatro Máquina (antiga Ba-guá Companhia de Teatro) está em atividade desde 2003, convertendo-se num dos agrupamentos mais coerentes e proativos do teatro de pesquisa nordestino. A dramaturgia épica, já por si mesma fragmentada e cheia de rupturas radicais, tem sido seu principal foco de interesse. Essa pesquisa se dá com textos do próprio Brecht e de autores importantes para o teatro colaborativo do grupo.
8/9.sáb.21h 9/9.dom.21h Teatro SESC Santos 40 MIN 12 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Direção e dramaturgia: Fran Teixeira Com: Aline Silva Ana Luiza Rios Edivaldo Batista Levy Mota Loreta Dialla Márcio Medeiros
27
Pais e Filhos
Camila Marquez
Mundana Companhia de Teatro
BRASIL (SP)
Essa adaptação do romance homônimo do russo Ivan Turguêniev (1818-1883) chega ao MIRADA em caráter de pré-estreia, a duas semanas da previsão de entrar em cartaz na capital paulista. Bazárov é um jovem médico, niilista declarado, incapaz de acreditar em qualquer coisa que não seja mensurável pelas ciências naturais. Juntamente com seu amigo e seguidor Arkadi, Bazárov viaja pelo interior da Rússia para passar as férias da primavera em família. Nesse deslocamento, ambos encontram-se diante de caminhos a escolher, e não apenas de entroncamentos reais: a cada encruzilhada, precisam decidir entre o conservadorismo da geração dos anos 40 e o radicalismo da juventude dos anos 60 do século XIX, travando verdadeiros embates de ideias com as gerações que os sucedem. O diretor convidado da Mundana Companhia é o russo Adolf Shapiro, de 73 anos. Pertencente a última geração russa de encenadores-pedagogos, ele foi aluno de Maria Knébel (1898-1985) nos anos 1960, a atriz e discípula do mestre Constantin Stanislavski (1863-1938) em sua última fase de sistematização do trabalho de autor. Knébel transmitiu para seus pupilos o método da análise ativa que Stanislavski elaborou nos últimos anos de sua vida e que, desde então, se tornou um dos pilares da encenação contemporânea. Hoje, Shapiro desenvolve trabalhos de criação e de ensino na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos. Ao adaptar a obra de Turguêniev para o teatro, ele e o núcleo paulista reavivam a importante e controversa obra de um dos grandes escritores russos do século XIX, contemporâneo de Dostoiévski, autor do romance O Idiota (2010), último e premiado espetáculo da companhia que também já montou Albert Camus e Samuel Beckett. Desde o ano 2000, inspirados pela militância política dos artistas de teatro da cidade de São Paulo junto ao movimento Arte contra a Barbárie, Aury Porto e Luah Guimarãez desejavam criar um núcleo artístico formado essencialmente por atores-produtores. Com o pensamento voltado para a ideia da impermanência, característica fundamental à arte teatral, foi gestada a Mundana Companhia.
11/9.ter.21h30 12/9.qua.21h30 Teatro Coliseu 150 MIN 14 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Autor: Ivan Turguêniev Adaptação e direção geral: Adolf Shapiro Tradução: Diego de Oliveira Com: Beatriz Morelli Donizeti Mazonas Fredy Allan Luah Guimarãez Lúcia Romano Luís Mármora Sergio Siviero Silvio Restife Sofia Botelho Sylvia Prado Vanderlei Bernardino
29
BRASIL (PB)
Retábulo
Pablo Pinheiro
Piollin Grupo de Teatro
Adaptação do conto Retábulo de Santa Joana Carolina, do escritor pernambucano Osman Lins (1924- 1978). Presente no livro Nove, Novena (1966), a obra fez dele um dos expoentes da ficção brasileira contemporânea. A narrativa é dividida em doze mistérios que recobrem – em ordem cronológica, desde o nascimento até sua morte e enterro – a vida de uma humilde professora primária da roça, do longínquo mundo rural do Nordeste. Ela é explorada pelos senhores de terra por onde passa. O texto mostra seus sofrimentos de mulher simples do povo por meio de vários eus-narradores. É uma história que fala de força, amor e determinação. Não de uma heroína, porque não precisamos de heróis, como escreveu a então viúva do romancista, Julieta de Godoy Ladeira, “mas de uma criatura e de um criador que souberam porque vieram a este mundo”. A linguagem ousada do conto e o eu multifacetado, fazem referência às figuras pintadas ou talhadas, geralmente em madeira ou mármore, para ornamentar altares, que aludem à uma história em série. Os 12 mistérios de Joana Carolina são encenados pelo Piollin Grupo de Teatro, da Paraíba, em atividade há 35 anos. A encenação dialoga com as proposituras narrativas osmanianas para tentar instaurar uma cena também rigorosa, apoiada simultaneamente na poesia da palavra e no corpo em ação. A espacialidade da sala é ocupada pelos atores e pelo público sem mediações. Simultaneidade e sobreposição de espaço e tempo ampliam, como num prisma, as possibilidades de leitura da encenação. É a chance de o núcleo, integrado pelo ator e diretor Luiz Carlos Vasconcelos, dar um salto em relação à obra de 1992 Vau da Sarapalha, marco dos 35 anos de atividade, que apresentou uma transposição do conto do mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967). Essa peça projetou o núcleo de João Pessoa, formado pelos atores remanescentes Everaldo Pontes, Nanego Lira, Servilio de Holanda e Soia Lira, entre outros.
6/9.qui.23h 7/9.sex.23h Ginásio SESC Santos 65 MIN 12 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Texto: Osman Lins Dramaturgia: Luiz Carlos Vasconcelos Márcio Marciano Piollin Grupo de Teatro Direção: Luiz Carlos Vasconcelos Com: Everaldo Pontes Ingrid Tigueiro Luana Lima Nanego Lira Servilio de Holanda Soia Lira Suzy Lopes patrocínio: Petrobras
31
BRASIL (PR)
A Pereira da Tia Miséria
Natalia Turini
Núcleo Ás de Paus
14/9.sex.16h Guarujá 15/9.sáb.12h Praça Guadalajara Santos A Fome é simbolizada pela figura de uma criança nascida da Miséria. Separada de sua mãe, ela percorre o mundo levando o sofrimento a todos. O ser humano naturalmente conhece a vontade de comer, porém, é sempre preferível saciá-la a pensar no que pode acontecer se a Fome chegar ao extremo. A Morte, tão temida por todos, é naturalmente necessária no mundo em que novas possibilidades não param de nascer. No dia em que deveria morrer, Tia Miséria engana a Morte, que acaba ficando presa em sua árvore. E num acordo feito diante do olhar de todos, decide viver. Ingenuamente, sai em busca de sua filha, a Fome, para só então deixarem este lugar que nunca as quis. A árvore do título é simbolizada cenograficamente por uma estrutura de 6 m de altura por 5 m de largura, feita de metal, sisal e guarda-chuvas. A obra venceu o Troféu Gralha Azul 2010, principal premiação das artes cênicas no Paraná, nas categorias de melhor espetáculo, ator (Guilherme Kirchheim) e figurinos (Alex Lima). Foi a primeira distinção a um coletivo fora da capital Curitiba. O conto de domínio público espanhol, traduzido pela escritora, diretora e atriz paulista Yara Maria Camillo (Contos Populares Espanhóis, editora Landy, 2005), inspira a criação coletiva que dá origem ao Núcleo Ás de Paus, de Londrina (PR), em 2008, fruto de encontro dos integrantes numa oficina de atuação sobre pernas-de-pau. A adaptação para teatro de rua estreou dois anos depois, sob a convicção de fazer dessa arte ferramenta eficaz para reflexões políticas, sociais e filosóficas.
50 MIN LIVRE ESPETÁCULO DE RUA GRÁTIS
Dramaturgia: Luan Valero Criação e direção: Núcleo Ás de Paus Com: Bruna Stéphanie Camila Feoli Guilherme Kirchheim Luan Valero Rogério Costa Thunay Tartari
33
BRASIL (CE)
7/9.sex.16h Fonte do Sapo Santos 8/9.sáb.16h Cubatão 70 MIN LIVRE ESPETÁCULO DE RUA GRÁTIS
Felinda
Mauro Kury
Companhia Carroça de Mamulengos
Conta a história de uma mulher, nem feia nem linda, que se deixa encantar pelo picadeiro e planeja fugir com o circo assim que ele baixar a lona em sua cidade. No entanto, ela não é artista e tampouco consegue entrar para a trupe. Certo dia, a moça arruma as malas, mas não consegue chegar a tempo. Todos já partiram. No espaço vazio deixado por aquele universo que a toca tanto, ela começa a sonhar. E eis que o circo reaparece evocado por meio de suas lembranças. Palhaços brincalhões, uma tímida bailarina, uma banda estabanada, a mula sem cabeça e o boi Soberano preenchem a memória da protagonista com emoção, trapalhadas e alegrias circenses. Em Felinda, a Carroça mostra o amadurecimento artístico dos filhos, que agora também contam e criam suas histórias engraçadas e singelas. A força motriz continua sendo a memória. Os descendentes dão continuidade ao caminho trilhado por seus pais. A Companhia Carroça de Mamulengos é uma trupe formada por uma família de brincantes, atores, músicos, bonequeiros, contadores de histórias e palhaços que há 35 anos viaja o Brasil apresentando a sua arte. Originalmente formada por mãe, pai e filhos (hoje eles são oito), a companhia compartilha a cena com dois músicos integrados desde 2005.
Atores brincantes: Francisco Gomide Isabel e Luzia Gomide João Gomide Maria Gomide Pedro e Mateus Gomide Schirley França Músicos em cena: Ana Rosa Guedes Beto Lemos Concepção artística: Companhia Carroça de Mamulengos Direção: Alessandra Vannucci Companhia Carroça de Mamulengos Roteiro: Companhia Carroça de Mamulengos Rosyane Trotta Dramaturgia: Alessandra Vannucci Companhia Carroça de Mamulengos Rosyane Trotta patrocínio: Petrobras
35
O Lançador de Foguetes
Raquel Durigon
Grupo de Teatro De Pernas Pro Ar
BRASIL (RS)
Ruas, praças, parques ou algum local alternativo. O protagonista desta história procura um lugar ideal em que possa convergir o espaço físico e a energia do público, elementos essenciais à excelência de sua experiência dita científica. Em suma, o excêntrico personagem recorre a alguns princípios da física quântica (a física das possibilidades) para mostrar que o pensamento também é energia que se materializa. Deslocando-se com destreza pelo espaço ao ar livre com seu triciclo recheado de elementos cênicos, o sujeito calcula os fenômenos físicos que podem interferir nessa jornada. Utiliza malabares circenses como o diabolô (modalidade também conhecida como uma evolução do ioiô) e inventa engenhocas astrológicas para medir as distâncias, calcular o vento e sentir as energias. Para tanto, o personagem está em busca de outros parceiros para a empreitada. Após computar todas as informações, em meio a uma trilha sonora empolgante e curiosa, finalmente lança seus foguetes no ar. Na ocasião, leva também o público a sorrir e se emocionar com as possibilidades de transformação. A intervenção de rua O Lançador de Foguetes consta no repertório do Grupo de Teatro De Pernas pro Ar desde 2006, mas a formação do núcleo acontece em 1988, na cidade gaúcha de Canoas, onde foi criado. O ator e diretor Luciano Wieser é cofundador junto de Raquel Durigon, aqui sua assistente. Em sua sede, batizada de INVENTÁRIO – Espaço Criativo, localizada no bairro Estância Velha, periferia da cidade, os participantes propõem a realização de oficinas, ensaios e teatro de calçada (apresentações abertas à comunidade). Técnicas circenses, formas animadas e música são algumas das fronteiras dissolvidas a favor dos experimentos de linguagens. O grupo constrói suas próprias cenografias, verdadeiras traquitanas, além de figurinos excêntricos e bonecos com mecanismos de manipulação únicos. Tudo em favor de novas possibilidades para se comunicar com o espaço urbano.
8/9.sáb.12h Instituto Arte no Dique Santos 9/9.dom.11h Bertioga 60 MIN LIVRE ESPETÁCULO DE RUA GRÁTIS
Direção, atuação e cenografia: Luciano Wieser Figurinos, maquiagem e assistência de direção: Raquel Durigon
37
BRASIL (MG)
Romeu e Julieta
Guto Muniz
Grupo Galpão
Ao atualizar o sentido da mais conhecida história de amor da humanidade, a concepção de Gabriel Villela para o Galpão transpôs a tragédia dos dois jovens apaixonados para o contexto da cultura popular brasileira. Esse conceito sustenta todo o espetáculo, especialmente na figura do narrador, uma licença do próprio bardo em cena, a reger toda a ação com uma linguagem inspirada em Guimarães Rosa e no sertão mineiro. Os milhares de espectadores conformam uma espécie de estádio lotado em torno da perua Veraneio modelo 1974, de cor vinho, batizada Esmeralda e transformada em “palco” para as ações, entre elas a dos enamorados no balcão. O enredo permanece intacto: duas famílias que sempre se odiaram, os Capuleto e os Montéquio, não impedem a paixão de seus filhos, mas colaboram bastante para o desfecho trágico, aqui repleto de excertos de uma comicidade lírica, alusiva ao picadeiro: há muitas cenas com os atores equilibrando-se em pernas-de-pau. A montagem da tragédia de Shakespeare foi um marco na carreira do grupo. O encontro com Gabriel Villela significou a ousadia de fazer um clássico na rua. Ao texto original, com tradução de Onestaldo de Pennaforte, juntam-se elementos da cultura popular brasileira e mineira, presente nas serestas e modinhas, nos adereços e figurinos que remetem ao interior profundo do Brasil. Desde sua estreia na histórica cidade de Ouro Preto, Romeu e Julieta construiu uma carreira de sucesso de público e crítica, no país e no exterior. Em 2000, coroou sua trajetória com uma série de apresentações em Londres, no palco do Shakespeare’s Globe Theatre, onde recebeu uma consagradora acolhida do público inglês. A visita foi repetida em maio deste ano.
8/9.sáb.16h Emissário Submarino 90 MIN LIVRE ESPETÁCULO DE RUA GRÁTIS
Texto: Willian Shakespeare Dramaturgia: Cacá Brandão Concepção e direção geral: Gabriel Villela Com: Antonio Edson Beto Franco Eduardo Moreira Fernanda Vianna Inês Peixoto Júlio Maciel Lydia Del Picchia Paulo André Rodolfo Vaz Teuda Bara patrocínio: Petrobras
39
BRASIL (SP)
A Cortina da Babá
8/9.sáb.16h 9/9.dom.11h Teatro Guarany 50 MIN LIVRE
Marco Aurelio Olimpio
Grupo Sobrevento Baseado no conto Nurse Lugton’s Curtain, da inglesa Virginia Woolf (1882-1941), o espetáculo de teatro de sombras narra a história de uma criada que cochila enquanto costura uma grande cortina azul, bordada com figuras que representam animais e moradores de uma pequena aldeia. Os bichos do tecido ganham vida e bebem água num lago, assim como as pessoas, que saem de suas casas para se divertir. Todos são solidários entre si, humanos e animais, por saberem-se encantados por uma feiticeira, um gigante e uma ogra, que é a própria babá. Quando ela é despertada pelo voo de um inseto em torno da lâmpada que ilumina o seu trabalho, as imagens retornam ao tecido e a protagonista segue costurando. Virginia Woolf escreveu esse conto para uma sobrinha. O texto foi encontrado em meio aos manuscritos do seu quarto romance, Mrs. Dalloway, publicado em 1925. O Grupo Sobrevento tem 25 anos de dedicação à pesquisa, à teoria e à prática da animação de bonecos, formas e objetos, circulando por países de quatro continentes. Esta sua 18ª criação, de 2011, é a primeira experiência do núcleo com o teatro de sombras. O ponto de partida é a tradição chinesa assimilada em intercâmbio no Brasil com o chinês Liang Jun, diretor da Companhia de Arte Popular de Shaanxi. O espetáculo chega a uma ruptura com a técnica ortodoxa em prol de um estilo mais contemporâneo, por meio da utilização de diferentes suportes de projeção, materiais e fontes de luz, conforme a liberdade que a arte permite.
INFANTIL R$10; R$5; R$2,50
Texto: Virginia Woolf Direção: Luiz André Cherubini Sandra Vargas Atores-manipuladores: Agnaldo Souza/J.E.Tico Anderson Gangla Giuliana Pellegrini Marcelo Paixão patrocínio: Petrobras
41
BRASIL (PE)
15/9.sáb.11h e 16h Auditório SESC Santos 60 MIN LIVRE
O Fio Mágico
Carla Denise
Companhia Mão Molenga Teatro de Bonecos
Gérard é um menino impaciente que recebe o dom de adiantar o tempo manipulando o fio de sua própria vida. A ação acontece na primeira metade do século XX, envolvendo situações no plano pessoal (a namorada, a mãe) e notícias de massacres internacionais (sua existência é atravessada pelas duas guerras mundiais). Mesmo diante de uma situação fantástica – a capacidade de antever, o que aparentemente resolveria seus problemas –, o personagem se depara com conflitos entre o bem e o mal, o envelhecimento e a inevitabilidade da morte. A vivência o leva a construir outro olhar sobre o significado de ser e estar no mundo, mostrando que é possível vencer obstáculos e ser bem-sucedido mesmo sem possuir um dom especial. A narrativa é apoiada pelo uso de máscaras e bonecos em diferentes técnicas, como recortes, fantoches e manipulação direta. O diretor, cenógrafo, figurinista, ator, titeriteiro e arte-educador Marcondes Lima é o artista profissional mais importante em atividade hoje no teatro do Recife. Paralelamente ao trabalho com o Mão Molenga, ele dá aulas, ministra oficinas e, sobretudo, é parceiro de inúmeras criações na cidade. Sediada em Recife, a Companhia Mão Molenga Teatro de Bonecos é especializada em bonecos e em formas animadas em palco, vídeo e televisão desde 1986. Nesses 26 anos de atividade ininterrupta, leva sua arte para onde é possível (escolas, praças, feiras etc.), sempre com o desejo de conquistar diferentes públicos e estimular novos artistas a seguirem o mágico ofício de dar vida ao inanimado.
INFANTIL R$10; R$5; R$2,50
Texto: Carla Denise Direção: Marcondes Lima Com: Fábio Caio Fátima Caio Marcondes Lima
43
BOLÍVIA
BolIvia
câmara municipal de santos 45
BOLÍVIA
Hamlet, dos Andes
13/9.qui.18h 14/9.sex.18h Teatro Guarany 90 MIN 14 ANOS
(Hamlet, de los Andes)
R$10; R$5; R$2,50
Valentino Saldivar
Teatro de los Andes A montagem é uma livre versão de Hamlet. A tragédia de Shakespeare surge condensada de modo que três atores representam meia dúzia de personagens. O protagonista, concebido como um cidadão de hoje, está inquieto pelo assassinato do pai pelo tio e perde a noção de si mesmo, enquanto fantasmas insistem em não fazer as pazes com os que ficaram. O grupo vive um período de transição em que a peça inglesa assenta bem: enfrenta como que a morte simbólica do pai, o diretor Cesar Brie, cofundador que assinou os trabalhos anteriores e não está vinculado ao projeto. O diretor convidado é Diego Aramburo, também responsável pelo texto e propiciador de uma cena mais conceitual, que busca sínteses filosóficas sobre os temas universais origem e destino. Uma das atrizes, Alice Guimarães, é brasileira e integra o grupo há 14 anos. Aos 21 anos e com 24 espetáculos no currículo, o grupo Teatro de los Andes persevera no caráter coletivo da criação e na vitalidade física dos atores, reflexo do treinamento diário na sua sede, próxima a Sucre, no interior da Bolívia. Há uma ponte entre a técnica ocidental e as raízes culturais andinas expressadas por meio da música, das festas e dos rituais. Em sua primeira peça clássica, a companhia propõe uma criação que abre novas veredas estéticas. O espetáculo estreou em janeiro, no Festival Santiago a Mil, no Chile.
Texto: Willian Shakespeare Dramaturgia: Diego Aramburo Criação coletiva: Teatro de Los Andes Direção: Diego Aramburo Teatro de los Andes Com: Alice Guimarães Gonzalo Callejas Lucas Achirico Apoio: FILTE BA
47
CHILE
CHILE
casa da frontaria azulejada 49
CHILE
EL OLIVO
13/9.qui.22h 14/9.sex.22h C.A.I.S. Vila Mathias
Teatro Niño Proletario
80 MIN 16 ANOS
Francisco Medina
R$10; R$5; R$2,50
O cotidiano de um bar encravado num povoado do Sul chileno é marcado pela desesperança de quem ali trabalha ou frequenta. Homens e mulheres bêbados, equilibristas em suas misérias pessoais, abandonos, desamores, orfandade, um mar de desilusões. O anúncio da chegada de um barco francês àquele porto inseguro traz, quem sabe, algum alento, mote para festa e mais angústia da espera. O vazio e a deriva como faces de um país que poucos querem ver, inclusive quem nele está. O país como metáfora já aparece nas montagens de Hambre (Fome, 2006), releitura do livro Los Vigilantes, da chilena Diamela Eltit, afeita à reflexão sobre espaços e subjetividades marginais, e Temporal (2008), adaptação da peça Zoológico de Vidro, do americano Tennessee Williams. El Olivo, que fez turnê pela Espanha em 2011, é a primeira dramaturgia própria. O nome do grupo remete ao conto Niño Proletario (1973), do argentino Osvaldo Lamborghini, relato cru sobre uma criança condenada à pobreza no meio em que sobrevive. O diretor Luis Guenel e a atriz e dramaturga Sally Campusano estão entre os fundadores da companhia Teatro Niño Proletario, em 2005. Seus trabalhos problematizam aspectos como território, memória, gênero, classes sociais e identidade nacional, trazendo cenas com registros realistas e oníricos.
Direção: Luis Guenel Dramaturgia: Sally Campusano Com: Antonio Altamirano Claudia Oyola Claudio Riveros Cristián Flores Evelyn Ortíz José Soza Marcela Salinas Marcia Pavez Rodrigo Velásquez Apoio: FITAM Consejo Nacional de la Cultura y las Artes
51
CHILE
14/9.sex.21h 15/9.sáb.21h Teatro SESC Santos 110 MIN 14 ANOS
Montserrat Quezada
R$10; R$5; R$2,50
Gêmeos
(Gemelos)
Compañía Teatro Cinema
Narra a história de dois meninos que nascem, sentem e pensam absolutamente da mesma forma. Em consequência da guerra, o pai deles vai para o front e a mãe se vê obrigada a entregá-los à avó para criá-los. Essa mulher hostil é conhecida como bruxa no bairro onde mora. As crianças são maltratadas, humilhadas e passam fome. Diante dessa dura realidade, criam mecanismos de defesa que as permitem enfrentar os abusos, como endurecer o corpo feito bonecos para suportar tanta dor. A cenografia sugere um pequeno teatro de madeira destinado a marionetes. E é um pouco disso que acontece. Ao adotar o gestual mecanizado, os atores assumem o lugar dos bonecos para dar vida aos personagens adaptados do romance O Grande Caderno, da escritora húngara Agota Kristof (1935-2011). A Compañía Teatro Cinema nasceu em 2006, mas seus integrantes são remanescentes de outro histórico coletivo chileno, La Troppa (1987-2005). A reconfiguração leva ao aprofundamento da pesquisa em torno da junção das linguagens técnicas do teatro e do cinema. Culmina numa terceira via para materializar em cena o mundo interior dos personagens e reinventar planos de ilusão entre tempo e espaço que rompam com a convenção das chamadas quatro paredes do palco.
Texto: Agota Kristof Direção e adaptação: Jaime Lorca Juan Carlos Zagal Laura Pizarro Com: José Manuel Aguirre Juan Carlos Zagal Laura Pizarro Colaboração: Fundación Teatro a Mil (Chile) Apoio: FITAM Consejo Nacional de la Cultura y las Artes
53
COLÔMBIA
COLOMBIA
Praça da república 55
COLÔMBIA
trilogia
Sobre Alguns Assuntos de Família (Sobre AlgunOs Asuntos de FamIlia)
La Maldita Vanidad
1. O Autor Intelectual
12/9.qua.19h 13/9.qui.19h Auditório SESC Santos 70 MIN 16 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Juan Pablo Urrego
(El Autor Intelectual)
Três irmãos e duas noras vão às turras para saber quem cuidará da mãe enferma. A idosa está deitada num dos quartos do fundo. Enquanto isso, todos lavam roupa suja num jogo de empurra-empurra que desmascara suas carências e solidões, interesses econômicos mesquinhos e os limites da crueldade humana. O Autor Intelectual (2009) é a primeira peça da trilogia Sobre Alguns Assuntos de Família. A peça transcorre na sala de estar de uma casa, um espaço realista e não teatral que o diretor Jorge Hugo Marín, de 31 anos, elege a cada criação. O público fica sentado rente à cena, atrás de uma grande janela através da qual observa os atores em ação. Com apenas três anos de formação, a companhia La Maldita Vanidad é uma das sensações do teatro colombiano atual. Equilibra apuro formal e conteúdo para refletir as contradições daquela sociedade, mas que acabam sendo universais. Sua trilogia circula em 2012 por Áustria, Alemanha, Espanha, Bósnia e Uruguai, além do Brasil.
Texto e direção: Jorge Hugo Marín Com: Andrés Estrada Angélica Prieto Ella Becerra Juan Manuel Lenis María Soledad Rodríguez
57
COLÔMBIA
trilogia
Sobre Alguns Assuntos de Família (Sobre Algunos Asuntos de FamIlia)
La Maldita Vanidad
2. Os Autores Materiais
10/9.seg.21h 11/9.ter.21h Casa da Frontaria Azulejada 60 MIN 16 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Juan Pablo Urrego
(Los autores Materiales)
Tal como no filme Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock, inspiração confessa, há um cadáver oculto e a questão é o que fazer com ele. Três rapazes dão um fim ao dono que lhes cobra o aluguel atrasado do apartamento que dividem. A madrugada macabra se foi e a empregada chega para a faxina. Só não pode entrar no banheiro “interditado”. A atriz Ella Becerra, uma das noras desvairadas de O Autor Intelectual, catalisa a cena como a faxineira que, a despeito do trabalho depreciado pelos estudantes de classe média, é quem traz à tona os vestígios do ato e gera tensões físicas e verbais exasperantes. A segunda parte da trilogia Sobre Alguns Assuntos de Família critica a banalização da violência diante da realidade social da Colômbia. O apreço do autor e diretor Jorge Hugo Marín pelo cinema não implica no uso de imagens. Antes, zela pela filigrana de diálogos e situações que não desviam o foco narrativo do fato e do suspense.
Texto e direção: Jorge Hugo Marín Com: Andrés Estrada Daniel Díaz Ella Becerra Rafael Zea Ricardo Mejía
59
COLÔMBIA
trilogia
Sobre Alguns Assuntos de Família (Sobre AlgunOs Asuntos de FamIlia)
La Maldita Vanidad
3. Como Quer que te Queira
14/9.sáb.18h30 15/9.dom.18h30 Sala de Câmara Coliseu 75 MIN 16 ANOS R$10; R$5; R$2,50
George Moreno
(Cómo Quieres que te QuIEra)
Na terceira parte da trilogia, a companhia La Maldita Vanidad adota como espaço realista um salão de festas com porta para a rua. A mãe, o irmão e os funcionários ensaiam os detalhes com uma debutante. No embalo do rito de passagem de menina à mulher, além do entorno daquele comunidade, emerge o problema do narcotráfico como símbolo de poder para quem tem poucos recursos. Os preparativos ocupam quase toda a história e denotam superficialidade desde a coreografia da valsa até a escolha do que vestir. As três peças da companhia desenham um movimento desde o habitat familiar (a sala e a cozinha) até o espaço público, o salão e o vínculo com a vida como ela é lá fora. A escrita e a encenação de Jorge Hugo Marín recorrem à celebração social com humor e crítica, ironizando a cópia de bailes da burguesia europeia do século XIX. O círculo social tenta dissimular o contexto da violência.
Texto e direção: Jorge Hugo Marín Com: Andrés Estrada Angélica Prieto Daniel Díaz Diego Peláez Ella Becerra María Soledad Rodríguez María Adelaida Palacio Wilmar Arroyave
61
COSTA RICA
COSTA RICA
Bolsa do café 63
COSTA RICA
Tony Diana
Mãe Coragem e seus Filhos (Madre Coraje y sus Hijos)
Compañía Nacional de Teatro (CNT)
O clássico de Brecht se passa no século XVII, durante uma guerra envolvendo Polônia e Alemanha. A protagonista percorre a fronteira entre os dois países vendendo seus produtos numa carroça, a um só tempo casa e transporte onde leva seus três filhos. A habilidade da mulher para os negócios, contornando argumentos dos dois lados, tanto de católicos como protestantes, não desarma as armadilhas que o destino lhe prega ou ela mesmo vai cavando para si: a prole lhe é subtraída, um a um, no transcorrer dessa narrativa de perdas e danos. Os figurinos militares estão mais próximos da Segunda Guerra Mundial do que da “guerra santa” de mais de três séculos atrás. Já o espaço cênico dialoga com recursos contemporâneos. As ações acontecem na semiarena, com alguns dos 16 atores equilibrando-se sobre suas bordas. O papel-título é da atriz Ana Clara Carranza. A apresentação inclui números musicais cantados e tocados ao vivo. Em certos momentos, são projetadas imagens em preto e branco de conflitos bélicos ou figurações abstratas. A Compañía Nacional de Teatro (CNT) foi constituída em 1971, por meio de decreto do governo da Costa Rica, mas seu primeiro diretor, Esteban Polls, já sonhava com ela havia três anos, quando realizava temporadas ao ar livre. O elenco estável, primeiro composto de estrangeiro e depois costarriquenhos, marcou a transição para a modernidade. A atriz Eugenia Chaverri, com larga experiência na produção atual do país, foi convidada a assinar a montagem que marcou, em 2011, os 40 anos da CNT.
7/9.sex.19h 8/9.sáb.19h Teatro Municipal Brás Cubas 120 MIN 12 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Texto: Bertolt Brecht Direção: Eugenia Chaverri Com: Alonso Venegas Amadeo Cordero Ana Clara Carranza Andy Gamboa Carlos Alvarado Daniel Marenco Eduardo Carrillo Erick Cordoba Fernando Egea Actor Gerardo Arce Jose Manuel Elizondo Luis Diego Ureña Luis Fernando Gomez Maria Fernada Campos Miriam Calderón Natalia Arias APOIO: Ministerio de Cultura y Juventud Teatro Popular Melico Salazar Compañia Nacional de Teatro Costa Rica
65
CUBA
CUBA
Casa da frontaria azulejada 67
CUBA
6/9.qui.18h 7/9.sex.18h Teatro Guarany 130 MIN 14 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Ar Frio (Aire Frío)
Enrique de la Osa
Argos Teatro
“No pasa nada y pasa todo…”, diz a filha Luz Marina lá pela metade da peça, a costurar não só vestidos para fora, garantindo o sustento da casa, mas ainda os conflitos que pipocam na família Romaguera, moradora em Havana. A narrativa compreende um arco de 18 anos, entre 1940 e 1958. As relações entre os irmãos, a vida conjugal dos pais, o calor e a falta de dinheiro para comprar um ventilador são alguns dos tópicos dessa história microcósmica que mantém sua atualidade em relação aos sonhos, às tensões e às ilusões do povo cubano, retratando a sociedade de consumo num país subdesenvolvido às vésperas da revolução socialista. Na primeira montagem da peça, em 1962, a crítica a alinhou ao teatro do absurdo. Virgílio Piñera (1912-1979), autor do texto, não concordava totalmente. Dizia injetar nessa exposição realista algo da sua própria família, de modo que as situações aparentemente absurdas convertiam seus personagens em pessoas plausíveis, extraindo poesia cênica do cotidiano doméstico. “Uma peça sem argumento, sem tema, sem trama e sem desenlace.” Era assim que Piñera definia Ar Frio. O Brasil tem a chance de entrar em contato com a obra do também poeta e contista expoente da dramaturgia cubana. E justo no ano em que se comemora o centenário de seu nascimento. A direção é de Carlos Celdrán, cofundador do grupo Argos Teatro, há 15 anos.
Texto: Virgílio Piñera Direção: Carlos Celdrán Com: Alexander Díaz Edith Obregón José Luis Hidalgo Pancho García Rachel Pastor Verónica Díaz Waldo Franco Yuliet Cruz Participação especial: Michaelis Cué
69
ESPANHA
ESPAÑa
câmara municipal de santos 71
ESPANHA
11/9.ter.12h São Vicente 12/9.qua.12h Praia Grande
+ 75
Ivan Ensenyat
Compañía Fadunito Quatro velhos. Dois homens, duas mulheres. Ora simpáticos ora impacientes, naturalmente. Eles têm 75 anos ou mais e acabam de deixar o asilo para dar uma voltinha pela cidade. As interações expõem surpresas, divertimentos e fragilidades demasiado humanas. Em seus gestos e ações propositivas, o quarteto acaba escancarando as dificuldades cotidianas de ser ancião no espaço urbano, os problemas de acessibilidade e a desatenção estimulada pelo ritmo frenético da sociedade. Na língua espanhola, a palavra mayor designa o idoso. No contexto brasileiro, os quatro mayores que percorrem as ruas, calçadões e praças na intervenção + 75 estarão de fato representando homens e mulheres mais velhos, sendo que três deles despontam ainda com alguns centímetros a mais, porque trepados em pernas-de-pau, enquanto a quarta integrante ocupa uma cadeira de rodas também em escala acima da habitual. A Compañía Fadunito foi criada em outubro de 2003 e se define como um núcleo de teatro e circo para todos os públicos. Seus espetáculos costumam acontecer em espaços não teatrais, ao ar livre, ou também em salas convencionais. Sua origem está na dupla fundadora, Ferran Orobitg e Ivan Alcoba, respectivamente os palhaços Fadu e Nito.
13/9.qui.12h Praça Mauá Santos 60 MIN LIVRE ESPETÁCULO DE RUA GRÁTIS
Ideia: Ferran Orobitg Direção artística: Sergi Estabanell Com: Claudio Levati Cristina Aguirre Ferran Orobitg Gari Shoshat Ivan Alcoba Judith Ortiz Txus Martinez
73
ESPANHA
14/9.sex.21h30 15/9.sáb.21h30 Teatro Coliseu 120 MIN 12 ANOS R$10; R$5; R$2,50
O Nacional (El Nacional)
Neil Becerra
Els Joglars
Desesperado por causa da inevitável decadência do outrora luxuoso Teatro Nacional de Ópera, hoje em estado de ruína por causa da crise, o veterano lanterninha dom José empreende um ato de resistência. Ele assume a árdua missão de ressuscitar e renovar a arte lírica ao montar Rigoletto, de Verdi. Ensaia com um grupo de indigentes a história do bufão que tenta se vingar do patrão, sedutor desalmado de sua inocente filha. O bastião considera esse personagem o símbolo do poder das artes cênicas, que entende por “profissão de rebeldes e selvagens, o contrário da farândola elitista, petulante e subserviente que tem degradado o conjunto do que um dia foi o glorioso ofício de pícaros, prostitutas, cornos e maricas enterrados fora do cemitério”. Ao criticar o aburguesamento dos subsídios culturais no velho continente, a longeva e bravia companhia, acostumada a equilibrar vanguarda e popular, zela pelo apuro técnico que a ópera exige, principalmente quando está em jogo a metalinguagem. O diretor e dramaturgo Albert Boadella escreveu e dirigiu o texto que montou pela primeira vez em 1993 e o retoma nos 50 anos do grupo Els Joglars (menestréis, brincantes em catalão), do qual foi cofundador em 1961. É a maneira de reafirmar, por meio da arte, sua indignação diante das crises econômica, social e de identidade que sacode seu país e a Europa.
Texto, direção e espaço cênico: Albert Boadella Com: Begoña Alberdi Dolors Tuneu Enrique Sánchez-Ramos Jesús Agelet Lluís Olivé Minnie Marx Pilar Sáenz Ramon Fontserè Xavi Sais
75
MÉXICO
MÉXICO
céu sobre o mar 77
AMARILLO Teatro Línea de Sombra
MÉXICO
Um cidadão mexicano deixa o país e nada se sabe dele. O destino é Amarillo, povoado do Texas, na fronteira com os Estados Unidos, onde jamais chega. A distância, uma mulher propõe um discurso imaginário do homem ausente para reconstruir seu corpo, sua identidade e seu provável itinerário. Entre a instalação e a ação cênica, o espetáculo de 2009 elabora os rastos geográficos, documentais e emocionais da migração. Esse homem e essa mulher espelham os múltiplos rostos, centenas de milhares que conformam a imagem de um êxodo contínuo que escorre lentamente. Amarillo (amarelo) é também a cor intensa e o rigor extremo do sol no deserto. O grupo já fez coproduções com os franceses do Théâtre du Mouvement e os russos do Akhe Theatre. Desde 1998, organiza o Transversales: Encuentro Internacional de Escena Contemporánea. O grupo Teatro Línea de Sombra surge em 1993, na Cidade do México, interessado em prospectar as artes cênicas contemporâneas com a pluralidade de linguagens (videoarte, dança, música, artes plásticas, relato jornalístico etc.). O diretor Jorge A. Vargas e o dramaturgo Gabriel Contreras já experimentaram teatro físico, de rua, mímica e clown. Quase duas décadas depois, esmeram nos impactos visual e temático sem a pretensão do espetacular ou da inovação, determinados a tatear a vida em cena em quaisquer de seus modos de aproximação teatral.
Blenda
Patrocínio: Robert Sterling Clark Foundation – como parte da Parceria de Engajamento Cultural Internacional (PECI) entre o TeatroStageFest – Latino International Theater Festival of New York, SESC SP (BRA), Teatro Mayor Julio Mario Santo Domingo (Col) e Complexo Teatral de Buenos Aires (Arg) Apoio: Fondo Nacional para la Cultura y las Artes (MEx) e México en Escena – CENART.
11/9.ter.19h 12/9.qua.19h Teatro Municipal Brás Cubas 90 MIN 14 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Texto: Gabriel Contreras Direção: Jorge A. Vargas criação e elenco: Alicia Laguna Antígona González Jesús Cuevas María Luna Raúl Mendoza Vianey Salinas Música original: Jorge Verdín Clorofila
79
MÉXICO
Ensaio Sobre Frágeis
14/9.sex.21h 15/9.sáb.21h Casa da Frontaria Azulejada 100 MIN
(Ensayo Sobre Débiles)
16 ANOS
Dánae Kotsiras
Artillería Producciones
R$10; R$5; R$2,50
O mote é um grupo de atores reunidos para apresentar uma peça, para esclarecer velhos ressentimentos, confessarem-se e realizar um negócio simples: abrir um escritório para responder cartas dirigidas aos grandes gurus do mundo que não têm tempo de fazer isso. Na falta de um argumento clássico, é o seguinte: a verdade não tem atraído a felicidade, então é preciso buscá-la em outro lugar, sem perder o humor. A dramaturgia se propõe mais a expor fenômenos emotivos e universos imaginários do que a contar uma história. Na verdade, são micro-histórias. E o substantivo “ensaio” indica proximidade com a estrutura literária. Villarreal escreveu Ensayo Sobre Débiles (a montagem estreou em 2010) durante uma residência no Royal Court Theatre, de Londres, em 2008, culminando na série de textos de mesma linhagem que criou durante os dois anos anteriores, como Ensayo Sobre la Inmovilidad e Ensayo Sobre la Melancolía. Aos 35 anos, o director e dramaturgo Alberto Villarreal já contabiliza mais de 40 produções no México. Ele é fundador da Artillería Producciones, em 1999, e também está à frente do La Madriguera Teatro, a sala onde a companhia ensaia e faz suas temporadas. A Artillería é uma das companhias mais propositivas do país e determinada à experimentação.
Texto e direção: Alberto Villarreal Com: Mario Balandra Raúl Villegas Regina Flores Rodolfo Blanco Rubén Cristiany Soraya Barraza Apoio: México en Escena Fomento a Proyectos y Coinversiones Culturales INBA/Conaculta
81
MÉXICO
6/9.qui.20h 7/9.sex.20h Galpão Coliseu 180 MIN 16 ANOS
Roberto Blenda
Incêndios
(Incendios)
Compañía Tapioca Inn
Nawal acaba de morrer. Ela deixa pedidos inquietantes em seu testamento. O corpo deverá ser enterrado nu, com o rosto voltado para o chão. Não haverá menção a seu nome sobre o caixão, pois ela se foi deixando promessas sem cumprir. Dois dos filhos assistem à leitura do testamento da mãe, de quem eles não tinham notícias havia cinco anos. Julia y Simón são gêmeos e tomam conhecimento do último desejo dela: eles devem entregar duas cartas, uma para o pai, que até então pensavam estar morto, e outra destinada a um terceiro irmão, de quem tampouco sabiam da existência. É assim que a dupla empreende uma odisseia que os levará a cruzar várias paisagens e personagens, conduzidos do presente ao passado e da violência do mundo ao incêndio da alma. A história de Wajdi Mouawad foi adaptada ao cinema em 2010, com o mesmo título, pelo cineasta canadense Denis Villeneuve, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro no ano passado. O espetáculo de 2009 foi apresentado em abril deste ano no Festival Ibero-americano de Teatro de Bogotá. Os primeiros integrantes da Compañía Tapioca Inn são estudantes de teatro da Universidad Nacional Autónoma de México (Unam). Eles estão juntos desde 2001 e formalizaram o grupo dois anos depois. Dirigida por Hugo Arrevillaga Serrano, também egresso do Centro Universitario de Teatro da Unam, a peça Incêndios foi escrita pelo libanês com nacionalidade franco-canadense Wajdi Mouawad, de 43 anos, com residência em Quebec. Esta é a segunda parte da tetralogia La Sangre de las Promesas.
R$10; R$5; R$2,50
Texto: Wajdi Mouawad Direção: Hugo Arrevillaga Serrano Com: Alejandra Chacón Concepción Márquez Guillermo Villegas Javier Oliván Jorge León Karina Gidi Pedro Mira Rebeca Trejo Apoio: INBA/Conaculta
83
MÉXICO
O Dragão Dourado
12/9.qua.21h 13/9.qui.21h Casa da Frontaria Azulejada 80 MIN
(El Dragón Dorado)
José Jorge Carreón
Por Piedad Teatro Producciones
16 ANOS O nome da peça é o mesmo do restaurante de comida asiática em que cinco pessoas de nacionalidades e idades distintas enfrentam condições subumanas. Elas trabalham na cozinha, um espaço estreito e quente onde preparam os pratos a todo vapor. O local fica em um edifício residencial. Seus moradores passam por lá para comer ou pedem por telefone. Esse microcosmo de solidões globalizadas é afetado pela tragédia de um dos cozinheiros, um imigrante chinês. Seu dente dói muito, mas ele não pode ir ao dentista. Sua documentação está ilegal e ele não tem dinheiro. Decide, então, usar uma pinça de pressão para arrancá-lo. O espectador espreita a tudo nessa semiarena. Se o seu espetáculo Amarillo, que também está no MIRADA, fala da migração sob o ponto de vista de um mexicano nos Estados Unidos, em O Dragão Dourado, as agruras são de um migrante oriental em solo mexicano. A companhia Por Piedad Teatro Producciones está em atividade desde 1999, fundada pela atriz Ana Graham. Sua meta é aproximar o público mexicano do teatro contemporâneo escrito em outras latitudes. Já foram montados os britânicos Mark Ravenhill, Martin Crimp e Sarah Kane. Agora é a vez do dramaturgo alemão Roland Schimmelpfennig, cuja encenação está a cargo do diretor convidado Daniel Giménez Cacho. José A. Vargas, diretor do grupo Teatro Línea de Sombra, já havia dirigido uma peça de Schimmelpfennig em 2008, chamada La Mujer de Antes.
R$10; R$5; R$2,50
Texto: Roland Schimmelpfennig Direção: Daniel Giménez Cacho Com: Ana Graham Antonio Veja Arturo Ríos Concepción Márquez Joaquín Cosío José Sefami Patricia Ortiz APOIO: INBA/Conaculta
85
Andrea Lopez
MÉXICO
9/9.dom.20h 10/9.seg.20h Galpão Coliseu 100 MIN 14 ANOS R$10; R$5; R$2,50
O Pequeno Quarto ao Final da Escada
(La Pequeña Habitación al Final de la Escalera)
Teatro Del Farfullero
Baseado em Barba Azul, conto de fadas escrito no século XVII pelo francês Charles Perrault, o espetáculo sonda a dor do mundo e a capacidade de se ter compaixão por ele. Ouve-se, na abertura: “Em algum lugar de uma casa imensa há uma escada secreta. No alto dessa escada, há um corredor estreito. No final dele, há uma porta fechada. Em frente dessa porta fechada, há uma jovem mulher, Gracia, que olha, como que hipnotizada”. Eis o pontapé inicial dessa fábula feroz a cinco vozes e violão, tratando do proibido, da obsessão que vira motor da busca do outro e de si. O espetáculo estreou em 2011. Lozano também é diretor de ópera. No ano passado, assinou duas produções na Espanha: a obra dramática musical The Fairy Queen [A rainha das fadas], de Purcell, e a tragédia Antígona, de Sófocles. A premiada dramaturga canadense Carole Fréchette, de Quebec, retoma sua fonte de inspiração predileta: os contos de fadas. A autora mescla o teatro narrativo com cenas de enorme poder situacional. A estrutura de thriller mantém uma tensão contínua e o final surpreende, porque é poético e inacreditável. A direção de Mauricio García Lozano investe num espaço intimista com o público. A companhia Teatro del Farfullero (o nome tem a ver com o falar desarticuladamente, o balbuciar) existe desde 1998 e discute temas como a procura de sentidos existenciais e os paliativos quiméricos.
Texto: Carole Fréchette Director: Mauricio García Lozano Com: Aileen Hurtado Carlos Corona Gabriela Pérez Negrete Karina Gidi Verónica Langer Apoio: INBA/Conaculta
87
MÉXICO
Os Assassinos
11/9.ter.21h 12/9.qua.21h Teatro SESC Santos
(Los Asesinos)
El Milagro Teatro e Carretera 45 Teatro
110 MIN 16 ANOS
Patricia Ortiz
R$10; R$5; R$2,50
Esta é uma obra sobre gente obtusa, basicamente estúpida, cuja estreiteza resulta em um ingrediente essencial no caldo de cultivo da violência gratuita que aflige a sociedade mexicana. A caverna do Bufalito é um espaço desértico, abrasador, e é o lugar onde transcorre boa parte da ação. Ali chegam os sanguinários, um atrás do outro, para se tornarem a próxima vítima nas mãos de outro de sua estirpe, numa espécie de autofagia incontrolável. Uma rampa de madeira em declive, sobre um monte de areia que engole e vomita sapatos das vítimas, algumas mulheres, é o espaço sugerido pela cenografia para desova dos crimes. O autor e diretor David Olguín, de 48 anos, é editor das Ediciones El Milagro, uma associação cultural independente, fundada em 1991, que promove criação cênica, produção editorial e reflexão artística. O objetivo central é construir um autêntico espaço de pensamento que contribua para fortalecer os vínculos do teatro de arte com a sociedade mexicana e, em particular, com a comunidade do entorno. Aspira discutir com o público, comovê-lo, propiciar um espaço para a crítica, a diversão, reforçar a consciência política e os valores de tolerância e respeito às minorias. Une-se à Carretera 45 Teatro (ex-Alborde Teatro), com mais de 15 anos de estrada, na concepção e encenação de Os Assassinos.
Texto e direção: David Olguín Com: Antonio Zúñiga Gilberto Barraza Gustavo Linares Laura Almela Raúl Espinoza Faessel Rodolfo Guerrero Saidh Torres Sandra Rosales Apoio: INBA/Conaculta
89
MÉXICO
Uma Vez Mais, Por Favor
6/9.qui.21h30 7/9.sex.21h30 Teatro Coliseu 90 MIN 12 ANOS R$10; R$5; R$2,50
(Una Vez Más, Por Favor)
Sérgio Carreón
Compañía Nacional de Teatro (CNT)
Num misto de nostalgia, melancolia e superação humanista, um narrador quarentão evoca suas memórias para desfrutar mais uma vez de sua mãe, ajustar contas com o passado e presenteá-la, por meio da ficção do teatro, com uma morte como ela desejaria. O filho desata as lembranças utilizando objetos e canções que remetem à convivência com a figura materna que lhe cobrava casamento, filhos, e se recusava a perceber que os desejos do rapaz iam em outra direção: a homossexualidade. É um jogo de indiferenças, de silêncios e frases incompletas, de humor e ironia. Tremblay escreveu a peça no final dos anos 1990 – a versão mexicana estreou em abril deste ano –, após a morte de sua mãe. O diálogo é uma carta aberta sobre tudo aquilo que não foi possível dizer a ela em vida. O canadense Michel Tremblay, de 70 anos, pertence à primeira geração de autores que escreve com orgulho à maneira francófona da língua falada em Quebec. Angelina Peláez e Arturo Beristáin são atores com mais de quatro décadas de experiência no palco, no cinema e na televisão. O diretor Mario Espinosa inclui passagens pela Alemanha e Inglaterra em sua formação, também encena óperas e tem experiência como gestor cultural em seu país. A Compañía Nacional de Teatro foi criada em 1977 para apostar na manutenção de repertório, tendo sido reestruturada há quatro anos pelo diretor artístico Luis de Tavira.
Texto: Michel Tremblay Direção: Mario Espinosa Com: Angelina Peláez Arturo Beristain Apoio: INBA/Conaculta
91
PARAGUAI
PARAGUAY
orla do mar pr贸ximo a pra莽a daS bandeiraS 93
PARAGUAI
13/9.qui.23h 14/9.sex.23h Ginásio SESC Santos 80 MIN 16 ANOS
Alexandra Dos Santos
R$10; R$5; R$2,50
Cinzas
(Cenizas)
Hara Teatro
Um épico contemporâneo que abrange teatrodança e música experimental ao vivo, com rock incluído, para retratar a sobrevivência da mulher paraguaia durante os horrores da Guerra da Tríplice Aliança ou Guerra Grande, como o país vizinho denomina o conflito mais conhecido por aqui como Guerra do Paraguai (1864-1870). Na ocasião, Brasil, Argentina e Uruguai devastaram uma nação desenvolvida para os padrões do século XIX, na América do Sul. Em sua peregrinação junto ao exército, essa mulher encara sua própria “guerra”: trabalha na terra, cuida dos filhos, atende aos feridos e, com o desterro, conhece a morte, a fome e a tortura. O Hara Teatro criou Cinzas (2009) no âmbito do Proyeto Intercultural Tierra sin Mal, organização idealizada pelo diretor e dramaturgo Wal Mayans, que se dedica à cultura e à educação. O projeto foi criado em Pádova (Itália), desenvolvido na Suíça e atualmente está estabelecido no Paraguai. Para a cosmogonia guarani, a terra sem mal era um lugar acessível aos seres vivos, ao qual se podia ir de corpo e alma, sem passar pela prova da morte. O Hara Teatro surgiu em 2000, em Assunção, tendo entre seus fundadores Mayans. Ele desenvolve um método de trabalho denominado “teatro primigenio”, sustentado pela filosofia da prática “pensar em ação”, uma das premissas do teatro oriental e do teatro antropológico, com influência do italiano Eugenio Barba e do polonês Jerzy Grotowski.
Texto: Guido Rodriguez Alcala Direção: Wal Mayans Com: Cecilia Samaniego Daniel Patiño Nestor Pereira Nelson Arce Raquel Martínez Rodolfo Gómez Tessa Rivarola Víctor Sosa Traverzzi
95
PERU
PERĂš
travessa da avenida bartolomeu de gusmĂŁo 97
Elsa Estremadoyro
PERU
14/9.sex.20h 15/9.sáb.20h Galpão Coliseu 80 MIN 14 ANOS R$10; R$5; R$2,50
SEM TÍTULO, técnica mista (SIN TÍTULO, técnica mixta)
Grupo Cultural Yuyachkani
Estamos numa instalação cênica. Os atores ocupam pequenos cenários móveis, convertidos em quadros que se deslocam pelo galpão. Dão vida a cenas simultâneas, entrecruzam teatro, artes visuais e performance. Os espectadores compartem o mesmo espaço sugerido como o sótão de um museu de história para o qual convergem documentos, imagens e outros elementos da memória peruana de 1879 a 2000. Sem Título, Técnica Mista estreia em 2004 sob os reflexos da Comisión de la Verdad y Reconciliación, como a instituída há pouco pelo governo brasileiro a fim de compor a narrativa oficial do que aconteceu durante a ditadura militar (1964-1985). Isso quer dizer violência, corrupção, abuso de poder... O escritor compatriota Mario Vargas Llosa, nobel de literatura, definiu a criação cênica como um “grande afresco sobre o tema da violência na história do Peru”. Na língua indígena quéchua, yuyachkani significa estoy pensando, estoy recordando. O conceituado grupo de 42 anos segue o lema ao pé da letra, ou seja, ao pé da cena. Dialoga permanentemente com temas da atualidade, situando o espectador como um interlocutor-criador e parte inerente da proposta.
Criação coletiva: Grupo Cultural Yuyachkani Concepção e direção: Miguel Rubio Zapata Com: Alejandra Málaga Alexander Carbajal Ana Correa Augusto Casafranca Débora Correa Gabriella Paredes Gonzalo del Aguila Julián Vargas León Zevallos Rebeca Ralli Teresa Ralli Apoio: FIT BH
99
PORTUGAL
PORTUGAL
casa da frontaria azulejada 101
PORTUGAL
9/9.dom.19h 10/9.seg.19h Auditório SESC Santos 50 MIN 16 ANOS R$10; R$5; R$2,50
Herodíades
Jorge Gonçalves
Artistas Unidos
Segundo dos três monólogos que o escritor italiano Giovanni Testori (1923-1993) dedicou às figuras de Cleópatra, Herodíades e Virgem Maria, reunidos na trilogia Tre Lai (Três prantos), em alusão ao inferno, purgatório e paraíso. Os lamentos da personagem (ou seria voz?) podem ser lidos como uma intensa variação sobre a morte do profeta João Batista e do desejo recalcado de Herodíades – rainha e mãe de Salomé, a sacerdotisa que seduz o rei Herodes com a dança dos sete véus e lhe pede a cabeça do homem que pregou contra aquele casamento e também a rejeitou. O autor é radical na plenitude da linguagem, fazendo uso de expressão inventiva em versos. A peça reflete um ajuste de contas com a tradição de onde vinha e da qual nunca se afastou: o catolicismo. Um dos dramas de Testori foi encenado pelo cineasta Luchino Visconti, L´Arialda, que também bebeu em seus romances para rodar a obra-prima Rocco e seus Irmãos. O milanês Testori era ainda um poeta maldito. Cursou filosofia e publicou ensaios sobre a pintura lombarda dos séculos XV e XVI antes de elaborar relatos realistas e duros sobre a vida do subproletariado em bairros industrializados. Coube ao grupo Artistas Unidos e ao diretor Jorge Silva Melo revelar em Portugal, desde janeiro passado, essa obra provocadora. Com 17 anos de trajetória, o coletivo não perdeu o viço das dramaturgias desafiadoras nos temas e conteúdos rentes à contemporaneidade.
Texto: Giovanni Testori Direção: Jorge Silva Melo Com: Elmano Sancho
103
URUGUAI
URUGUAY
praça da república 105
URUGUAI
Chaika
10/9.seg.18h 11/9.ter.18h Teatro Guarany
Complot Cia. de Artes Escénicas Contemporáneas
100 MIN 12 ANOS
Andrés Lagos
R$10; R$5; R$2,50
A ação se passa num teatro, o que já diz muito sobre essa livre adaptação da peça A Gaivota, do russo Anton Tchékhov (1860-1904), na qual os sentimentos sobre a arte e o amor são vetoriais e os personagens, no original, ocupam uma propriedade rural. Aqui, numa cidade pequena, uma famosa companhia local retorna do exílio europeu após 30 anos. Durante esse tempo, seu teatro ficou nas mãos de jovens criadores ávidos por novas formas, enquanto os veteranos agarraram-se às glórias do passado. Os personagens estão ensimesmados e o mundo lá fora não os afeta. O teatro não é somente a ocupação de alguns deles, como concebeu Tchékhov, pois na criação uruguaia resulta no epicentro de todos, cada um respondendo por uma função dentro desse edifício decadente. Entres as sincronias russas e uruguaias, separadas por mais de um século, figuram descrições geográficas (o espaço próximo de um rio e de uma avenida larga) ou situações do enredo (no papel do ousado e contestador Tréplev, o ator Gabriel Calderón, de 29 anos, é também na vida real dramaturgo dos mais inovadores e profícuos de sua geração, cofundador da Complot em 2005). A dramaturga, diretora e pesquisadora Mariana Percovich despontou como revelação do país na década de 1990, como uma criadora inquieta e instigante. Sua formação inclui passagem pelo inglês Royal Court Theatre. Desde 2007, é diretora artística da Complot Cia.
Texto: Anton Tchékhov Dramaturgia e direção: Mariana Percovich Com: Carlos Sorriba Gabriel Calderón Gabriela Pérez Gustavo Saffores Margarita Musto Ramiro Perdomo Verónica Mato
107
VENEZUELA
VENEZUELA
igreja da ordem primeira do carmo 109
VENEZUELA
7/9.sex.22h 8/9.sáb.22h C.A.I.S. Vila Mathias 120 MIN (10 min de intervalo)
16 ANOS
Nicola Rocco
R$10; R$5; R$2,50
Ato Cultural (ACTO CULTURAL)
Grupo Actoral 80
Nos anos 1920, uma instituição de fomento à arte, à ciência e à indústria celebra seu cinquentenário com a montagem do drama histórico Colón Cristóbal, el Genovés Alucinado (referência a Colombo). Quem a representa são os seis membros da diretoria da Sociedad Luis Pasteur. Eles vão se descobrindo aos poucos diante da plateia de San Rafael de Ejido, lugarejo imaginário que assentaria em qualquer recanto latino. E trazem à tona as vidas precárias, seus abandonos, anseios e misérias. Quanto mais defendem o colonizador, mais evidente se apresenta a autoconsciência da pequenez dessa gente refém do passado, do presente e de um futuro sufocantes. Héctor Manrique dirigiu esse texto há 36 anos, com o Nuevo Grupo, retomando em 2011 “a universalidade do fracasso”, como diria o dramaturgo José Ignacio Cabrujas (de quem o Folias d’Arte montou em São Paulo El Día que me Quieras). Agora volta a apresentá-lo com o Grupo Actoral 80, cofundado pelo diretor Juan Carlos Gené, há 32 anos. A obra de Cabrujas (1937-1995) foi alçada a clássico da dramaturgia contemporânea da Venezuela. As peças do autor são caracterizadas por uma aguda e singular interpretação da realidade e procuram entender sua terra, aqueles que a habitam e sua trajetória no tempo. Quando Ato Cultural veio a público, em 1976, o país estava tomado pela euforia da nacionalização do petróleo e do ferro.
Texto: José Ignacio Cabrujas Direção: Héctor Manrique Com: Daniel Rodríguez Héctor Manrique Juan Vicente Pérez Melissa Wolf Samantha Castillo Scheherazade Quiroga
111
ATIVIDADES COMPLEMENTAREs
vista da praia, em frente ao museu de pesca 113
Oscar de Paz
INTERVENÇÕES | INSTALAçÕES
Oscar de Paz
ESPANHA
O Circo DAS Penas
ESPANHA
B.A.R.R.A. Antigua y Barbuda
(El Circo de las Penas) Antigua y Barbuda
A palavra e sigla do título em espanhol quer dizer balcão ou, por impulso
artístico, Bar Automatizado Rústico Realmente Auténtico (B.A.R.R.A.). Nessa escultura em
Misto de instalação e drama, o espetáculo é narrado por meio de máquinas que
aciona uma série de dispositivos para servir aos espectadores. Cor da pele, religião,
nesse universo: um construtor de artefatos, saudoso do olhar atento que se perdeu
sexo, cultura ou nível econômico, tudo isso soa indiferente a esse homem. Ele sofre
em relação à arte de forjá-los. A figura do inventor busca essa magia concebendo
de uma enfermidade que o isola da sociedade e o obriga a viver numa bolha. Daí o
máquinas como esculturas, considerando suas memórias. Nessa espirituosa viagem,
engenho para compartilhar problemas, angústias e alegrias com pessoas em vários
o espectador contempla como a experiência do homem comum pode se tornar
cantos do mundo.
extraordinária por meio de recursos multimídia e ambientação sonora. Entre as seis
máquinas construídas pelo inventor, estão a de chorar, a da essência da música, a das
de vidro. Como se fosse um jogo lúdico a um só tempo rústico e sofisticado,
recordações e a que mede o amor.
a máquina lembra um brinquedo de parque de diversões com suas luzinhas.
O homem que inspira essa história é o português João Siqueiro (1850-?), do qual se
A insólita engenhoca é feita com materiais como ferro, cobre, resina e fibra
A companhia Antigua y Barbuda foi criada em 2002 pelos construtores de
tem poucas informações biográficas. Filho de sapateiro, teve a mãe morta em criança
máquinas cênicas Jordà Ferré e Oscar de Paz, idealizadores de B.A.R.R.A. (2007)
e foi um adulto solitário e reservado. Mas seu legado técnico, artístico e filosófico
e O Circo das Penas (2010), ambos neste MIRADA. Eles concebem projetos afeitos
é reconhecido pelos desenhos de suas máquinas, descobertos após sua morte.
a diferentes áreas, como as artes plásticas e o teatro. Já colaboraram com os
Siqueiro imaginava cada uma dessas esculturas provocando reações dos sentidos:
compatriotas do La Fura dels Baus e o francês Royal de Luxe.
ver, ouvir, cheirar, degustar e tatear. A memória unificaria todos os sentidos da pessoa e reconstruiria subjetividades do real. A companhia Antigua y Barbuda reconstrói alguns desses mecanismos em O Circo das Penas (2010). Seus fundadores, Jordà Ferré e Óscar de Paz, também trazem para o MIRADA o espetáculo B.A.R.R.A. (2007). Ideia original: Jordà Ferré e Oscar de Paz | Dramaturgia: Josep Pere Peyró | Texto: João Siqueiro | Sonoplastia: Pablo Rega | Construção: Antigua y Barbuda | Com: Carles Figols | Colaboração: CAER - Centre d’Arts Escèniques Reus, IMAC Mataró, Festival Panorama d’Olot e ICIC - Institut Català de les Indústries Culturals
Visitação De 5 a 15/9. Terça a sexta, das 10h às 21h | Sábado, domingo, segunda e feriado, das 10h às 18h30 Espetáculos Dias 7, 10 e 13/9. Sexta, segunda e quinta, às 21h Convivência SESC | 60 min | 14 anos | Grátis | Retirada de ingresso 1h antes 114
movimento, que possui traços humanos, uma criança evolui a adulto, vira barman e
mostram como a alma se expressa por objetos autômatos. Existe um único habitante
Ideia original: Jordà Ferré e Oscar de Paz | Direção artística: Jomi Oligor e Marc Ménager | Com: Oscar de Paz, Jordà Ferré e Carles Figols | Coprodução: Festival Trapezi-Reus, Festival Trapezi-Vilanova, Festival Panorama, Fira de Teatre al Carrer Tàrrega, Festival Excentrique, Norfolk & Norwich Festival e L’Usine | Colaboração: Generalitat de Catalunya, Institut Català de les Indústries Culturals
Visitação De 5 a 15/9. Terça a sexta, das 10h às 21h | Sábado, domingo, segunda e feriado, das 10h às 18h30 Espetáculos Dia 5. Quarta, às 23h Dias 8, 11 e 15. Sábados e terça, às 19h e às 23h Dia 14. Sexta, às 19h Convivência SESC | 30 min | Livre | Grátis | Retirada de ingresso 1h antes 115
Roberta Carvalho
Maira Brigliadori
BRASIL (SP)
Rodriguianas Enlace Coletivo de Artes Inspirada nas noivas espectrais, sedutoras e por vezes patéticas que
BRASIL (PA)
#Simbyosis Roberta Carvalho As copas de árvores à beira do lago, do cais, na praça, no vão entre prédios,
deambulam pelas 17 peças de Nelson Rodrigues, a intervenção em espaço público
enfim, são múltiplas as paisagens que ganham outras “peles” por meio das silhuetas
reúne criadores da cena teatral santista que intentam quebrar o monopólio da
dos rostos, dos corpos demasiados humanos nas imagens digitais videográficas ou
realidade estabelecida para propor a escolha do que é real. No território urbano
fotográficas projetadas nesta obra afeita à instalação e à intervenção em espaços
de hoje, onde o pós-modernismo está associado à decadência das grandes ideias,
públicos, modalidades comuns às artes visuais contemporâneas e das quais as artes
valores e instituições sociais, surgem situações, olhares sobre a obra de um gênio
cênicas também se apropriam de quando em quando.
obsessivo, tarado, libertário, reacionário, polêmico, pornográfico. São apresentadas
loucas vítimas que insistem no direito à singularidade, à interioridade. Noivas que
dois seres ou espécies. Simbiose é a associação entre instâncias que harmonizam seus
sonham e carregam suas tragédias para que a fantasia possa explodir na cidade
elementos para que ambas saiam bem nutridas uma da outra. A síntese poética, no
sob a forma de imagens consideradas gratificantes, fomentando o delírio como
caso, vai além da mera utilização da folhagem ou do reflexo na água como anteparos.
linguagem. E noivos também vestidos a caráter como figuras de Nelson Rodrigues.
Em ações noturnas que demandam estrutura de luz potente, as figuras, geralmente
amazônicas, dialogam com o volume da árvore conforme seu entorno no local
O objetivo não é a articulação de uma totalidade de sentidos, mas a articulação
Da relação entre tecnologia e arte, abre-se o portal da natureza simbolizada por
de afetos feita de encontros voláteis, fugidios, com a vida. Não há prejulgamento
da cidade. É como se corpo/imagem se adequasse ao espaço ao qual é destinado,
das ações criadas nesse encontro entre diferentes tipos de moralidade: a da
compondo um só organismo. Sob o prisma de folhas e galhos, por exemplo, a imagem
direção, a dos atores e a do público. A ideia é forjar um espaço de hospitalidade,
de um homem em posição fetal pode fazer com que uma árvore se converta em ventre.
de acolhimento das diferenças, das alteridades.
Essa homenagem ao pernambucano-fluminense Nelson Rodrigues, cujo
em processo de hibridismo: vai da fotografia ao vídeo, passa pelo mapping (técnica
centenário de nascimento é lembrado em 2012, tem sua razão de ser na rede de
de mapear a superfície onde é projetada) e retorna à fotografia como registro desse
pelo menos 19 coletivos e escolas de Cubatão, Guarujá, Praia Grande, São Vicente
percurso. O resultado são esculturas que têm lá sua tridimensionalidade, como atesta
e Santos. Quem articula essa teia de dezenas de artistas em torno do dramaturgo
uma espectadora de Lorena (SP), emocionada, ao se deparar recentemente com uma
que participou da valorização dos temas marginais e revelou o que era silenciado
árvore “piscando” para ela: “Eu sabia que elas tinham olhos e nos observavam, elas nos
no discurso da moralidade é a atriz e diretora Maria Tornatore, com quase de 40
veem”. O contato é a chave desse trabalho embrionário da floresta, nortista-universal,
anos de militância artística na região.
em circulação pelo país desde 2008. Propõe, em suma, que a arte afete a vida das
Nascida em Belém (PA), onde vive, a artista Roberta Carvalho aninha linguagens
pessoas e seja afetada por elas. Direção: Maria Tornatore | Criação: Enlace Coletivo de Artes
Dias 5, 8, 11 e 15/9. Quarta, sábados e terça, às 11h e às 15h Diversos locais da cidade de Santos | Livre | Grátis
116
De 5 a 15/9. Todos os dias, a partir das 19h Ponto de Encontro SESC | Livre | Grátis
117
118
Ivan Puig
Emidio luisi
Exposições
BRASIL (SP)
MÉXICO
Antunes Filho, Poeta da Cena
Crescimentos Artificiais
Emidio Luisi
Ivan Puig
A exposição apresenta 64 fotos dos espetáculos do CPT/SESC (Centro de Pesquisa
O artista mexicano questiona com sarcasmo e ironia os paradoxos da simplicidade
Teatral) contidas no livro Antunes Filho, Poeta da Cena, de Emidio Luisi e Sebastião
e da complexidade, dando vida a objetos obsoletos. Na instalação intitulada
Milaré, lançado pela Edições SESC. Emidio Luisi nasceu na Itália e veio para o Brasil
Crescimentos Artificiais, Puig reanima visualmente fragmentos de antigas cadeiras
com sete anos, onde iniciou a carreira de fotógrafo, em meados da década de 1970.
da Escola Normal de Guanajuato, fazendo-as brotarem do chão, em uma ação
Dedicando-se à fotografia de palco há mais de três décadas, publicou os livros de
improvável. A instalação, inicialmente inserida no contexto de uma instituição
fotografia Ballet Stagium 35 anos e Kazuo Ohno. Os 239 instantâneos produzidos pelo
dedicada à formação de professores, e no sistema ao qual ela está inserida,
fotográfo reúnem imagens do espetáculo Macunaíma (1978), retratos do diretor e cenas
com seus conflitos e impactos na vida econômica, política e social, traça um
dos bastidores de ensaios e montagens. Durante o período da exposição, os visitantes
comentário sobre a educação, questionando a instituição e os artifícios para a
poderão testemunhar a teatralidade vibrante que emana dos corpos dos atores.
produção de conhecimento.
Visitação De 5 a 30/9. Terça a sexta, das 10h às 21h30 | Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h30 Mezanino SESC | Livre | Grátis
Visitação De 5 a 15/9. Terça a sexta, das 10h às 22h | Sábado, domingo, segunda e feriado, das 10h às 19h Portaria Social SESC | Livre | Grátis
119
ENcontros e debates Apresentação: Isabel Ortega Consultoria: Ligia Cortez Entrada gratuita (sujeita à lotação da sala)
O México no contexto da cena latino-americana O teatro mexicano no panorama atual da produção cênica do continente
A violência urbana e a migração como objetos de interesse para a criação teatral mexicana O ambiente social e político do México e seus reflexos na produção artística Com Jorge Vargas (Teatro Línea de Sombra - México), Antonio Vega Barragán (Por Piedad Teatro Producciones - México) e David Olguín (El Milagro Teatro e Carretera 45 Teatro - México). Mediação de Alberto Villarreal (Artillería Producciones - México).
Dia 12/9. Quarta, às 11h | Arena SESC | Livre | Grátis
Com Juan Meliá (Coordenador Nacional de Teatro do Instituto Nacional de Bellas Artes – Conselho Nacional para a Cultura e as Artes – México), Vivian Martínez Tabares (editora da Revista Conjunto do Departamento de Teatro da Casa de las Américas - Cuba) e Mario A. Rojas (professor emérito da Catholic University of America - EUA).
Dia 6/9. Quinta, às 11h. | Arena SESC | Livre | Grátis
O teatro e a apropriação de outras linguagens Os trabalhos que utilizam procedimentos da dança, das artes visuais, do cinema e da performance Com Wal Mayans (Hara Teatro - Paraguai), Miguel Rubio Zapata (Grupo Yuyachkani - Peru), Laura Pizarro (Teatro Cinema - Chile) e Ileana Dieguez (Cátedra Itinerante de la Escena Latinoamericano - México). Mediação de Pepe Bable (diretor do
O intérprete no teatro mexicano contemporâneo Os artistas criadores e as questões da identidade nacional e da construção de novas formas de atuação Com Karina Gidi (Cia. Tapioca Inn - México), Mario Espinosa (Cia. Nacional de Teatro - México) e Mauricio Garcia Lozano (Teatro Del Farfullero - México). Mediação de Samir Yazbek (Cia. Teatral Arnesto nos Convidou - Brasil).
Dia 7/9. Sexta, às 11h | Arena SESC | Livre | Grátis
Festival Ibero-Americano de Teatro de Cádiz - Espanha).
Dia 13/9. Quinta, às 11h | Arena SESC | Livre | Grátis
Abertura dos processos de pesquisa: opções temáticas e formais A releitura de temas clássicos, a criação coletiva e a encenação da nova dramaturgia Com Enrique Diaz (Cia. dos Atores - Brasil), Alice Padilha Guimaraes (Teatro de los Andes - Bolívia) e Jorge Hugo Marín (Cia. La Maldita Vanidad - Colômbia). Mediação de Neyde Veneziano (doutora em Teatro, professora universitária, diretora e
Brasil: perspectivas para o teatro do século XXI O teatro brasileiro da última década e as tendências para o futuro Com Marcio Abreu (Cia. Brasileira de Teatro - Brasil), Cibele Forjaz (Cia. Livre - Brasil), Roberto Alvim (Club Noir - Brasil), Luiz Carlos Vasconcelos (Piollin Grupo de Teatro
pesquisadora - Brasil).
Dia 14/9. Sexta, às 11h | Arena SESC | Livre | Grátis
OFICINA
- Brasil). Mediação de Danilo Santos de Miranda (Diretor Regional do SESC em São Paulo - Brasil).
Poéticas teatrais contemporâneas
Dia 8/9. Sábado, às 11h | Arena SESC | Livre | Grátis
A noção de teatralidade a partir de dispositivos do teatro contemporâneo e da compreensão da filosofia da arte teatral Com Alberto Villarreal (dramaturgo, encenador e pesquisador - México). Atividade dirigida à classe artística da Baixada Santista. 20 vagas. Inscrições de 16 a 30/8 pelo telefone 13 3278-9819 ou pelo e-mail: mirada@santos.sescsp.org.br | Carga horária: 36h.
De 6 a 15/9. Quinta a sábado, das 9h às 13h (exceto dia 12) | Arena SESC | Livre | Grátis 120
121
LANÇAMENTOS | edições sesc sp
BRASIL (SP)
BRASIL (SP)
O TEATRO DE VICTOR GARCIA
ANTUNES FILHO
A Vida Sempre em Jogo
Poeta da Cena
Encontro do autor Jefferson Del Rios com Ligia Cortez
Encontro do diretor Antunes Filho com os autores Emidio Luisi e Sebastião Milaré
Diretor e cenógrafo teatral argentino, Victor Garcia (1934-1982) atuou no Brasil
Um dos mais prestigiados encenadores no panorama internacional, Antunes
durante as décadas de 1960 e 1970, desempenhando um importante papel para
Filho criou espetáculos que veiculam todo um pensamento sobre o teatro
o teatro brasileiro. Aqui montou algumas das principais encenações teatrais
contemporâneo e refletem uma metodologia que envolve os intérpretes no
dessa época, como O Balcão, Cemitério de Automóveis, As Criadas e Yerma. Este
estudo da estética, da filosofia, das fontes teóricas e dos documentos históricos
livro apresenta a vida e a obra de Garcia, artista outsider e peregrino, genial e
associados ao tema encenado. Esta publicação acompanha a trajetória do diretor
autodestrutivo, que sempre atuou nos limites entre a arte e a vida. O autor
com base em amplo material fotográfico realizado por Emidio Luisi e textos de
pesquisa sobre Victor Garcia desde 1995, tendo viajado a sua cidade natal,
Sebastião Milaré, elaborados com uma perspectiva histórica e biográfica.
San Miguel, na Argentina, para coletar fatos e entrevistar parentes e amigos.
Dia 6/9. Quinta, às 17h30 | Arena SESC | Livre | Grátis
Dia 8/9. Sábado, às 17h30 | Arena SESC | Livre | Grátis
122
123
LANÇAMENTO | selo sesc
Rede de intercâmbio O MIRADA oferece aos artistas, produtores, programadores e agentes culturais participantes do Festival a oportunidade de contato com parceiros de trabalho em potencial. Em um ambiente informal, serão estimulados encontros para a troca de informações e o desenvolvimento de projetos no âmbito da rede ibero-americana.
Dia 9/9. Domingo, às 11h | Arena SESC | Livre | Grátis
PONTO DE ENCONTRO Bar-Restaurante em que você poderá encontrar amigos, artistas e convidados do Festival para um bate-papo descontraído. Shows e DJs criarão uma atmosfera
Sons das américas
ideal para a celebração e a troca de impressões sobre o MIRADA.
Núcleo Hespérides – Música das Américas
De 6 a 15/9. Todos os dias a partir das 20h | Comedoria SESC | 18 anos | Entrada gratuita
“(...) Os Sons das Américas nascem, portanto, como reflexo direto do mundo múltiplo a que estamos submetidos e também como uma forma de interação com este mesmo pluriverso. O Núcleo Hespérides – Música das Américas propõe demonstrar um pequeno panorama da produção musical das Américas do século XX e XXI, a congregar em dois CDs as mais díspares correntes estilísticas. Deste modo, ao ouvir as obras aqui dispostas, tenha em mente que os contrastes são
CICLO DE DOCUMENTÁRIOS “Cenas do Teatro Paulista” Exibição na Arena SESC de programas da série Teatro e Circunstância produzida pelo SESCTV.
desejados, os opostos são complementares e a diversidade benvinda. Nesta mostra caleidoscópica, além de brasileiros, há compositores de Argentina, Canadá, EUA, Cuba, Equador, México, Venezuela e Uruguai (...).” (Antonio Ribeiro)
Para o lançamento, o Núcleo Hespérides – Música das Américas selecionou
obras dos compositores brasileiros Mozart Camargo Guarnieri e Heitor Villa-
A Ideologia da Rua Após a exibição debate com Sebastião Milaré, crítico de teatro, e Amilcar M. Claro, diretor da série.
Lobos, do cubano Leo Brouwer, dos americanos Charles Ives e Samuel Barber,
Três dos mais conhecidos grupos de teatro de rua, formados nos anos 1970 e 1980,
dos argentinos Alberto Ginastera e Carlos Guastavino, do uruguaio Luis Cluzeau
ainda em atuação tanto na rua quanto em espaços fechados, participam do programa:
Mortet e do mexicano Manuel Ponce. Desta forma, o Núcleo Hespérides propõe
o Tá na Rua, do Rio de Janeiro; a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz,
apresentar parte das obras contidas no CD duplo Sons das Américas e sua
de Porto Alegre; e o Grupo Galpão, de Belo Horizonte.
diversificada sonoridade contemporânea. Constituído por obras pertencentes às mais variadas naturezas estéticas e técnicas, o trabalho busca evidenciar o
Dia 9/9. Domingo, às 16h | Arena SESC | 52 min | 12 anos | Grátis
contraste entre o erudito e o popular, o tradicional e a vanguarda, o simples e o complexo, o rural e o urbano, o drama e a comédia.
Dia 15/9. Sábado, às 18h | Teatro Guarany | Livre | Grátis Retirada de ingresso no dia a partir das 10h, no SESC Santos.
124
Transgressões O crítico Jefferson Del Rios narra a mudança de conceitos na cena teatral a partir da encenação de O Balcão, de Jean Genet.
Dia 10/9. Segunda, às 16h | Arena SESC | 53 min | 12 anos | Grátis 125
Rastros da História: TBC e Teatro de Arena
TURISMO SOCIAL
O episódio relembra os tempos áureos do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e a busca pela temática nacional na dramaturgia do Teatro de Arena, que culminou no grande sucesso Eles Não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri.
Dia 11/9. Terça, às 16h | Arena SESC | 52 min | Livre | Grátis
Os viajantes do Turismo Social são convidados a completar a visita à cidade assistindo aos espetáculos do MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos. Teatros, ruas, praças e prédios do patrimônio histórico da cidade de Santos serão ocupados por espetáculos que convidam à reflexão e ao
Teatr(o) Oficina Usyna Uzona A trajetória do Teatro Oficina, dirigido pelo dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, responsável por montagens emblemáticas como Os Sertões, de 2001, e O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, censurada em 1967 pelo regime militar.
intercâmbio cultural por meio de temas relacionados às artes cênicas e à cultura ibero-americana. Inscrições nas Unidades. Unidades SESC: Campinas | Consolação | Ipiranga | Pinheiros | Santana |Santo André | São Caetano
Dia 12/9. Quarta, às 16h | Arena SESC | 53 min | 14 anos | Grátis
São José dos Campos | Taubaté
A Vida em Barão Geraldo
Valores:
O trabalho de pesquisa teatral de grupos saídos do curso de Artes Cênicas da
R$ 65,00 (R$ 33,00 + 1x R$ 32,00) – Trabalhador no comércio de bens, serviços
Unicamp, como Lume, Barracão de Teatro, Seres de Luz e Boa Companhia.
e turismo matriculados e dependentes
Dia 13/9. Quinta, às 16h | Arena SESC | 54 min | 10 anos | Grátis
R$ 98,00 (R$ 34,00 + 2x R$ 32,00) – Inteira
R$ 75,00 (R$ 38,00 + 1x R$ 37,00) – Usuários matriculados
Dialética da História: Prêt-à-porter
Transporte para o Festival:
O método para o ator desenvolvido por Antunes Filho, no Centro de Pesquisa Teatral do
Em São Paulo, o público que comprar ingresso poderá usufruir de transporte
SESC SP, abordado por meio de sua síntese presente em Prêt-à-porter.
gratuito para o SESC Santos, com uma saída diária do SESC Vila Mariana (Rua
Dia 14/9. Sexta, às 16h | Arena SESC | 53 min | 16 anos | Grátis
Agitação na Praça Roosevelt
Pelotas, 141). O interessado deverá agendar o transporte pessoalmente na unidade Vila Mariana ou pelo telefone (11) 5080-3100, de terça a sexta, das 9h às 21h30 e sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30, a partir do dia 16/8.
As transformações da Praça Roosevelt e os grupos teatrais que lá se fixaram nos
A saída no dia 5/9 será às 18h. De 6 a 15/9 a saída será às 15h. O ponto de
anos 1990, com breve histórico das trupes e impressões de pessoas que residem
chegada e partida do ônibus em Santos será na unidade do SESC, com retorno ao
ou trabalham na região sobre a repercussão deste fenômeno no dia a dia.
SESC Vila Mariana após o último espetáculo.
Dia 15/9. Sábado, às 16h | Arena SESC | 54 min | 10 anos | Grátis
Esse serviço contará com um guia de turismo que ficará responsável pelo receptivo e embarque dos passageiros.
126
127
Informaçþes
Travessia da balsa
LOCAIS Santos
C.A.I.S. (Centro de Atividades Integradas de Santos) Vila Mathias Avenida Rangel Pestana, 184 Vila Mathias
Casa da Frontaria Azulejada Rua do Comércio, nº 96 Centro
Fonte do Sapo Avenida Bartolomeu de Gusmão, s/n° Aparecida
Fortaleza Da Barra Avenida Saldanha da Gama – Ponte Edgard Perdigão, em frente ao nº63
Instituto Arte no Dique Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1349 Jardim Rádio Clube – Zona Noroeste
Emissário Submarino Avenida Presidente Wilson, s/nº José Menino
Praça Mauá Rua General Câmara, s/nº Centro
Praça Guadalajara Praça Guadalajara, s/nº Morro da Nova Cintra – Zona Noroeste
Teatro Municipal Brás Cubas Avenida Sen. Pinheiro Machado, 48 Vila Mathias
Teatro, Galpão e Sala de Câmara Coliseu Rua Amador Bueno, 237 Centro
Teatro Guarany Praça dos Andradas, 100 Centro
SESC Santos Rua Conselheiro Ribas, 136 Aparecida Tel.: (13) 3278-9800
131
locais EXTENSÃO MIRADA
Bertioga
PARQUE TUPINIQUINS Avenida Tomé de Souza, s/nº Centro
Cubatão
Novo Parque Anilinas Avenida Nove de Abril, s/nº Centro
Guarujá
Praça 14 Bis Praça 14 Bis, s/nº Vicente de Carvalho
Praia Grande
Espaço Conviver Boqueirão Avenida Castelo Branco, s/nº (altura da Rua Pernambuco, no Bairro Boqueirão)
São Vicente
Praça Barão do Rio Branco Praça Barão do Rio Branco, s/nº Centro
133
apoio
apoio institucional
Parceria
realização
Ingresso R$ 10 (inteira). R$ 5 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino). R$ 2,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes). Trabalhadores do comércio e serviços matriculados e seus dependentes, usuários inscritos no SESC, aposentados acima de 60 anos, professores da rede pública e estudantes devem apresentar carteira de identificação para a compra de ingresso e o acesso às atividades.
atividades gratuitas Para participar ou assistir, verifique no portal SESCSP o local da atividade de sua escolha.
ESPETÁCULOS DE RUA Em caso de chuva, os espetáculos de rua podem sofrer alteração. Informe-se pelo portal ou no SESC Santos.
BICICLETÁRIO Serão disponibilizados bicicletários nos teatros: SESC Santos, Brás Cubas, Coliseu e Guarany. Informe-se pelo telefone: (13) 3278-9800.
Venda de ingressos Rede INGRESSOSESC a partir de 16/8, às 14h. Em Santos: SESC, de terça a sexta, das 9h às 21h20. Sábado, domingo e feriados, das 10h às 18h30. Nos dias dos espetáculos nos espaços Teatro Coliseu, Teatro Guarany, C.A.I.S. Vila Mathias, Casa da Frontaria Azulejada e Teatro Municipal Brás Cubas, ingressos à venda com 1 hora de antecedência nos locais enquanto houver disponibilidade. Para vendas pela Internet acesse sescsp.org.br/mirada a partir do dia 16/8, às 14h.
TRANSPORTE PARA O FESTIVAL Consulte as informações na pág. 127.
Classificação indicativa Confira antecipadamente a classificação indicativa de cada espetáculo.
Legendagem Os espetáculos internacionais serão apresentados com legendas em português.
Mais informações sescsp.org.br/mirada Acompanhe e participe do blog do MIRADA, que traz processos, bastidores, entrevistas e entrelinhas do festival. Publique suas fotos no Twitter e no Instagram com a #FESTIVALMIRADA Programação sujeita à alteração.