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adiante! CONHECIMENTO

A arte de ensinar e aprender no ofício de cinco artistas de diferentes áreas, linguagens e origens

POR LUNA D’ALAMA

Para o artista indígena Pedro Karaí Ruvixa, que se dedica à produção de instrumentos sonoros, como o maracá, transmitir saberes ancestrais é um modo de valorizar a cultura de seus povos.

Tecnologias E Artes

comum ouvir que uma criança está “fazendo arte” ou que nos perguntem se é preciso que “desenhem” quando não entendemos algo. Percebemos nessas expressões uma conotação pejorativa atribuída ao fazer artístico, mesmo que seja inconsciente ou não intencional. Para a arte-educadora Ana Mae Barbosa, porém, a arte possibilita a organização e a expressão mentais, pois, por meio de experiências com diferentes linguagens e técnicas, nos “contaminamos”, ou seja, abrimos nossos processos cognitivos e exercitamos a criatividade.

Professora titular aposentada da Universidade de São Paulo (USP) e professora da Universidade Anhembi Morumbi, Ana Mae gosta de citar a visão do poeta e crítico de arte britânico Herbert Read (1893-1968), que acreditava na arte como um esforço humano para entrar em compasso com os ritmos constantes da vida. “Para mim, a arte teve diferentes significados ao longo do tempo. Já simbolizou encantamento e empatia. Hoje serve de consolo e proteção para que eu não me sinta vítima da vida”, conta a arte-educadora, que se formou com Paulo Freire (1921-1997), é mestre em arte-educação pela Universidade Estadual do Sul de Connecticut e doutora em educação humanística pela Universidade de Boston, ambas nos Estados Unidos.

A pesquisadora de 87 anos, que já escreveu e organizou diversos livros sobre o tema, como Ensino da arte: memória e história (Perspectiva, 2011) e Abordagem triangular do ensino das artes e culturas visuais (Cortez, 2012), diz que não acredita no ensino da arte como transmissão de conhecimento, mas, sim, como promoção e provocação de experiências. “A recepção nesse processo, inclusive, é diferente em cada um de nós, e em cada momento da vida”, defende a professora. Sem hierarquias, o método da abordagem triangular – proposta de ensino de arte para crianças, sistematizada por Ana Mae há 30 anos – baseia-se em três eixos principais: a apreciação (leitura) das imagens, a contextualização das obras e a produção artística.

A arte-educadora acredita, ainda, no uso de espaços diversificados para trabalhar as artes visuais, na reutilização de materiais e em diferentes meios e formatos para olhar as imagens. Para além de escolas e espaços institucionais de ensino, a arte pode ser desenvolvida na educação não formal, que se faz presente em lugares de encontro, de convivência, e nos esforços de muitos profissionais que realizam projetos artísticos e ações socioeducativas.

Nas páginas a seguir, você vai conhecer cinco artistas, de diferentes áreas, origens e linguagens, que compartilham aprendizados obtidos ao longo da carreira. Quais inspirações e motivações os levam a disseminar técnicas familiares e ancestrais? Neste mês, eles integram a programação do FestA! – Festival de Aprender [Leia mais em Aprender é uma festa!], ação do Sesc São Paulo que oferece cursos, oficinas, bate-papos, feiras, demonstrações e vivências no universo das artes visuais e das tecnologias.

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