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ALMANAQUE Aconchego literário
Sebos, livrarias e espaços culturais da capital paulista criam ambientes acolhedores onde é possível ler tranquilamente, trocar ideias e saborear mais do que palavras
Aconchegar(-se) vem do latim complicare que, em sua raiz etimológica, abrange a ideia de dobrar um cobertor, enrolar ou enroscar-se em algo, ou alguém, para se sentir confortável e protegido. Na definição do dicionário, aconchego é também acolhimento, e pode ser encontrado num abraço, por exemplo. Também é possível ter essa sensação durante a fruição de expressões culturais e artísticas, como a leitura. Neste Almanaque, passeamos por cinco cantinhos aconchegantes na capital paulista onde é possível sentar-se para apreciar livros de todos os gêneros, dialogar e conviver com outros leitores. São sebos, livrarias e espaços culturais que fazem um convite ao encontro com a arte literária.
Novidades Velhas
Pequeno sebo instalado numa rua de paralelepípedos em Pinheiros, na zona oeste da capital, o Desculpe a Poeira oferece “novidades velhas”, como anunciado em seu perfil no Instagram. Em atividade desde 2014, o espaço foi fundado pelo jornalista Ricardo Lombardi, ex-editor da revista Bravo!, da Editora Abril. O acervo é composto pela biblioteca pessoal do proprietário, com mais de 4 mil volumes, e o nome do sebo surgiu do epitáfio que a escritora e poeta norte-americana Dorothy Parker (18931967) imaginou para si mesma: Excuse my dust. Além de livros, o sebo vende revistas antigas, LPs, CDs e DVDs.
Desculpe A Poeira
Rua Sebastião Velho, 28A, Pinheiros, São Paulo (SP). instagram.com/desculpeapoeira
Simplicidade Vista
Um sobrado azul na Bela Vista, região central da cidade, abriga desde 2016 a Livraria Simples, onde o público encontra livros novos e usados. Há títulos com temáticas sobre a América Latina e lutas de povos originários, além de obras infantojuvenis, de filosofia, gastronomia e literatura estrangeira. O local organiza, periodicamente, lançamentos e bate-papos com autores(as) para discutir assuntos relacionados ao acervo. Aos sábados, das 11h às 17h, também é possível participar de uma feira de troca de livros na calçada em frente à casa.
LIVRARIA SIMPLES
Rua Rocha, 259, Bela Vista, São Paulo (SP).
Legado Materno
Uma enorme biblioteca deixada como herança pela tradutora Heloisa Jahn (1947-2022) compõe o acervo do Sebinho da Helô, inaugurado em fevereiro deste ano, na zona sul da capital paulista. O espaço é comandado por Maria Guimarães e Antonio de Macedo, filhos de Heloisa – que traduziu clássicos de Charles Dickens (1812-1870), Jorge Luis Borges (1899-1986) e, postumamente, recebeu um prêmio Jabuti pela tradução da coletânea
Todos os Contos, do argentino Julio Cortázar (1914-1984). Em vida, a tradutora já queria abrir um lugar chamado “sebinho”, que é também o nome de um pássaro. O acervo tem sido ampliado e a ideia é realizar clubes de leitura, encontros e cursos. O local oferece, ainda, almoço e vende queijos da Serra da Canastra (MG), cafés, vinhos e cervejas artesanais.
SEBINHO DA HELÔ
Rua das Camélias, 571, Mirandópolis, São Paulo (SP). instagram.com/sebinhodahelo