FENOMENOLOGIA
CRISTIANO BARREIRA
A PERCEPÇÃO DE SI, DO CORPO E DO ESPAÇO NAS FASES DA VIDA
A relação entre corpo e espaço é usualmente compreendida por meio de uma série de ideias implícitas, integrantes de uma tradição tão enraizada na mentalidade comum, que em geral não nos damos conta delas. Essa maneira de pensar pressupõe não só a equivalência do espaço com o vazio entre as coisas, mas também que o espaço é preenchido por tudo o que nele está disposto. Desde cedo, somos ensinados a raciocinar assim. Por exemplo, na fase escolar, quando aprendemos a medir as distâncias entre objetos: uma lição focada no cálculo e na relação entre diferentes mensurações. Isso nos insere e nos mantém na abstração que identifica o espaço com a distância. Como alternativa, a fenomenologia desconstrói essa habitual compreensão, ao escavar as camadas de sedimentos acessíveis inicialmente só na superfície, para retornar ao que é a fenomenalidade, ou seja, o que é próprio de determinada manifestação. No presente caso, a corporeidade no espaço e a relação entre ambos – espaço e corporeidade – a partir de um acesso gradual ao que se apresenta antes e a despeito de como são hegemonicamente pensados. O desvendamento fenomenológico, portanto, nos conduz da superfície hegemônica das ideias que supõem a espacialidade como mensuração e cálculo, vazio entre coisas, à espacialidade como algo da ordem afetiva. É importante frisar, todavia, que apenas secundariamente essa ordem advém como afetividade psicológica, ou seja, como padrões de afeição pelos quais algo e alguém são mais ou menos caros para nós. Voltaremos a esse ponto. Em primeira instância, a ordem da afeição a que somos reconduzidos é anterior à própria percepção consciente e à formação de padrões, designando a condição de possibilidade de aparição do que há entre as coisas.
Ontológica e etimologicamente antagonizando com a atenção, momento ativo da experiência, o que nos afeta está num momento passivo, só verdadeiramente notado quando nos chama a atenção. Em outras palavras, ao ser notado, o que estava no momento passivo aciona a atenção, esse modo de direção da consciência que nos faz dar conta de algo já presente. Tudo o que é acessível à consciência, cuja origem é perceptiva (pertinente aos sentidos), nos afeta e já nos afetava antes de percebermos uns elementos entre outros, antes de atentarmos para eles e, só então, lhes atribuirmos importância.
Se essa leitura for interrompida e erguermos os olhos acima das linhas e da página que as contém, perceberemos coisas que, sucessivamente, nos afetam mais do que outras, isto é, se sobressaem mais intensamente. Não importam agora os possíveis motivos de isto que vemos contar mais do que aquilo que também podemos ver, mas que, entre o que está disposto ao olhar, algo é mais ou menos atraente para nós. Importa constatar que, no plano da percepção – mas valeria também para a memória, para a imaginação e para a reflexão –, uma coisa nos chama, variável ou invariavelmente, mais do que outra.
Pergunto: o que chama a sua atenção? Na vida desperta, mesmo sem nos darmos conta disso, a atenção é continuamente convocada, mesmo que não sintamos a intensidade do chamado, pois a diferenciação que faz algo passar da afeição à atenção já age na simples imersão de algo qualquer no plano perceptível. A atenção, assim, tem origem na intensificação de algo que nos afeta e se sobressai entre os estímulos e acontecimentos evidentes na consciência.
Podemos pensar que as intensidades primárias das afeições correspondem a uma ordem vital da sobrevivência e nos encaminham à nossa própria animalidade. Se essa afirmação convida à lógica baseada na noção das ciências biológicas, naturalista, de inscrições genéticas de instintos e impulsos em benefício da continuidade da espécie, podemos dispensar o convite e, em vez disso, sustentarmos a atenção junto à fenomenalidade.
Observando atentamente as várias coisas que nos afetam e imaginando as outras, de que podemos ter consciência, é possível denominar a presença de cada uma delas, independentemente de como surgem para nós, como vivências. Essa denominação proposta no seio da fenomenologia clássica não diz respeito só àquilo de que estamos conscientes, mas se estende a tudo que sustenta a experiência atual com a sua própria ocultação à consciência, isto é, a tudo que precede a atenção consciente e sem o que faltariam elos na cadeia de sentido, e, ainda, a tudo aquilo que não faltaria ao sentido atual, mas que pode, simplesmente, vir a ser notado.
Na consciência intencional, atenção e afeição são correlatas ao que se doa à percepção como figura e fundo. Portanto, qualquer coisa sujeita a ser notada é uma vivência, inclusive hipóteses, mistérios, dúvidas e desentendimentos, havendo também uma infinitude de vivências que não notamos. Não é essa infinitude que chamamos acima de afeição?
A mesma a que eventualmente atendemos com atenção? Uma vivência assim, ou uma afeição qualificada dessa maneira, ao se destacar, pode ser chamada de sobrevivência – é merecido. Quando se trata de uma legalidade, isto é, de uma estrutura da manifestação perceptiva, entendemos o porquê da afirmação na abertura deste parágrafo – as intensidades primárias das afeições correspondem a uma ordem vital da sobrevivência –, coerente
com o convite para abordar no registro biológico as hierarquias naturais à sobrevivência, também é fenomenologicamente correta. Entretanto, seguindo o raciocínio até a afirmação seguinte, se dispensamos o convite para seguir os termos da biologia, em que medida o desvelamento das vivências nos encaminha à nossa animalidade?
Como pontuava o antagonismo etimológico com a afeição – tipo de atenção negativa, não atenção –, o atentar é movido e nos move na direção do que nos atrai e atua em nós.
Esse processo dinâmico entre afeição e atenção assinala o quiasma, o cruzamento em que afeto e ato são indistinguíveis. Nascido do encontro de corpo e espaço, esse movimento originário pode ser apontado como dado mais elementar do que foi tradicionalmente chamado de alma, ou psique, permitindo-nos afirmar que está aí, no quiasma do ativo com o passivo, antes de posicionamentos voluntários e deliberativos, a fonte de toda animalidade, aquilo que nos enraíza no mundo.
O paradoxo dessa diferenciação e assimilação entre afeição e atenção expõe o ponto nodal desta reflexão. É aí que está a conexão fundante entre espaço e movimento corporal. Onde, atraída e movida pelas intensidades, não é mais possível distinguir afeto e ato, o gesto motor se impõe à corporeidade, desde a mais imperceptível das ações. É o caso, por exemplo, das ações oculomotoras, necessariamente em uso agora. Ou da atividade diafragmática que, em nosso organismo, é a mais involuntária entre as ações passíveis de intervenção volitiva imediata1. Esse recorte analítico introdutório nos permitiu fazer um retorno a algumas das facetas mais elementares da concretude da percepção. Faremos agora um largo salto argumentativo, no qual indicaremos cenários mundanos da percepção, trazendo exemplos mais diretamente acessíveis na rotina. Colocados em diálogo, cenários mundanos e análise introdutória nos permitirão compreender o “efeito” ocasionado propositadamente por certas oscilações na lida com o entorno.
Todos podemos dar conta de que, em nossa movimentação corporal cotidiana, estamos investidos, sobretudo, de uma série de padrões de relações com o espaço pelos quais somos capazes de nos mover com menos ou mais naturalidade e desenvoltura. Por meio desses padrões, nos direcionamos funcionalmente às coisas que orientam a ação humana no mundo. Trata-se de operações que, na maior parte do tempo, não nos voltamos à consciência do movimento em si, mas nos movemos “esquecidos” do movimento, na direção das coisas que nos chamam a lidar com elas. Tais coisas podem ter finalidades visíveis e concretas, como caminhar até o banheiro ou pegar um copo para beber água, mas podem ter fins invisíveis ou estabelecidos pela cultura, como repetir séries de exercícios para melhorar o condicionamento cardiorrespiratório ou hipertrofiar a musculatura etc. Portanto, as funcionalidades dos padrões motores são culturalmente situadas, mas nem por isso deixam de ser vividas e até mesmo justificadas como naturais. De fato, ao nos investirmos desses padrões, nos vestimos com eles como quem assume a roupagem de um hábito, incorporado com tal naturalidade que não o trocamos mais, como se fizéssemos dele uma
1 Em contraponto ao diafragma, o músculo cardíaco, entre outros músculos viscerais, funciona apenas involuntariamente, podendo ter seu funcionamento voluntariamente alterado apenas pelo intermédio de outras ações, como a mudança no modo de respirar.
pele e, muitas vezes, parte de nossa identidade. Grosso modo, esses padrões podem ser chamados de funcionais.
Retomando os raciocínios introdutórios, a percepção do espaço pode ser descrita como revestida por um entrelaçamento de diversas camadas de acesso e relação com o mundo. Na camada mais cognitiva da percepção, vigora o atravessamento do entendimento que o apreende geometricamente; logo, toma-se certa distância das coisas possibilitada pela mediação abstrata e pela objetificação do espaço. Essa mediação, todavia, se mistura às demais camadas da percepção, numa síntese, inserindo nelas os “efeitos” do que se supõe explicativo, racional e científico, dando à ordem do cálculo a capacidade de mensuração homogeneizada das distribuições do que está no espaço, diferenciando-as por valores quantitativos. Sim, é verdade que não percebemos a espacialidade mundana tirando medidas nem fazendo cálculos constantes. Mas o fato de termos aprendido e incorporado uma abstração do espaço, como propõe a matematização geométrica, retroage e indicia uma afeição carregada pela presunção de valores quantificáveis a tudo quanto se apresenta e é distribuído à percepção. Se não contabilizamos incessantemente as coisas por suas medidas, o simples fato de presumirmos que as coisas estão “todas” sujeitas a essa quantificação tem força para se inserir como um valor objetivo que expropria de nós mesmos, de nossa afeição primária e de nosso juízo, a justa palavra sobre sua importância. Assim, onde vigora o entendimento no registro perceptivo, a maneira como nos exercitamos fisicamente, por exemplo, não é notada como efetiva em virtude do que sentimos durante e após sua execução, mas pelo valor atribuído a ela desde mensuráveis relações espaço-temporais, conforme diferentes parâmetros científicos, como as tabelas de gasto calórico. Portanto, a racionalidade também participa e atua em nossa geografia afetiva. Nesse caso, mesmo sem ativarmos o cálculo, sua atuação destitui o valor dos sentimentos afetivos, nos tornando afetivamente céticos em relação aos sentimentos, ao mesmo tempo em que nos torna afetivamente apegados a valores quantificáveis pela razão calculadora. Nesse espectro, o valor do exercício físico só é tributável ao que diz a sua quantificação.
Aqui, o contraste entre percepção infantil e percepção adulta é ilustrativo. Afinal, como em parte considerável da infância não há a camada de entendimento geométrico atravessando a percepção, esse e outros padrões ainda não se estabeleceram. A corporeidade das crianças se dispõe espontaneamente mais aberta, porosa e imersa nas facetas sensíveis do mundo, motivo pelo qual alguns de seus comportamentos são, com frequência, tão disruptivos para os adultos. As condutas infantis são maleáveis, por assim dizer, e pouco fechadas às expectativas de esquemas, o que ocorrerá gradativamente no processo educativo para que as crianças aprendam e se invistam de padrões culturais, apresentando o mundo comum que as antecede, permitindo sua inserção e participação na comunidade humana em que convivem. Não é sem outras cargas de juízo de valor, mas é sempre baseado nesse contraste fundamental, que, pejorativa ou elogiosamente, o comportamento de um adulto será chamado de infantil. Mais porosas ao mundo, e por isso também mais vulneráveis, as crianças estão igualmente mais sujeitas à flutuação e imprevisibilidade dos
afetos, abertas a um campo de percepção inaudito e tornado inaudível pelo adulto, a não ser, talvez, quando esse se deixa levar e habitar pela abertura infantil.
Introduzida e incorporada à herança cultural, a criança fará a transição para a vida adulta se impregnando de afetos cujas relevâncias são socialmente designadas. As fontes e os sentidos desse relevo socioafetivo são, em grande medida, desconhecidos, obscurecidos e implícitos, sendo presentificados como maneiras de sentir, isto é, como a afetividade psicológica a que nos referimos anteriormente. É na espessura dessa larga medida que, ao serem incorporados, os afetos agem em nós disponibilizando-se como paisagens com seus diferentes relevos e valores, ou seja, com intensidades positivas e negativas, atrativas ou repulsivas, tão mais efetivas na determinação de nosso comportamento quanto menos advertidas e refletidas, operando pré-reflexivamente. As padronizações dessas paisagens agem em nós na forma psicossocial de preconceitos, preferências, discriminações, hierarquias morais, mas também, eventualmente, de ceticismo à sensibilidade e apego à racionalidade a que nos referimos e com os quais, queiramos ou não, também nos orientamos. Valores quantificáveis tributam, como vimos, a efetividade do exercício físico. Esse é um exemplo entre muitos outros, como o da autoestima moral, que atualmente pode ser inflada ou fraturada pela quantificação de curtidas em redes sociais. Entretanto, somos introduzidos à idade adulta com a responsabilidade de nos posicionarmos quanto aos valores que regem nossa conduta. A discordância ou a concordância em relação a valores que podem, no âmbito psicossocial, agir em nós inadvertidamente – ou estruturalmente – depende de seu exame.
Nós procuramos, como indivíduos e sociedade, nos valer do pensamento crítico e fomentá-lo. É ele o principal legado da filosofia para a humanidade, desdobrando-se historicamente nas ciências, entre elas a psicologia, que procurará, justamente na aderência a esse legado, desvendar processos como os que abordamos aqui. Todavia, a história do pensamento crítico e da psicologia é fortemente marcada pelo afastamento da corporeidade. Não deve ser de se estranhar, portanto, que o pensamento crítico tenha desenvolvido recursos escassos para se converter em mudanças consistentes na esfera perceptiva. O adulto já está plenamente instalado em funcionalidades sociais, investido nelas e por elas. Quando a razão crítica se dedica a isso, ela o faz de cima abaixo, isto é, da abstração à concretude. Diferentemente, o contato com a arte, mas também com certas modalidades da cultura corporal e movimento, enquanto contato existencial, ou seja, ressonante, tem potenciais para ocasionar alterações de baixo para cima. Por isso o impacto com a experiência estética dessas modalidades e da arte, a exemplo do que pode despertar o contato com as crianças, tem caráter disruptivo, viabilizando-se como um potencial de reorganização perceptiva.
Entretanto, é preciso admitir que nós saltamos diretamente da incorporação da herança cultural à sua crítica e à menção da possibilidade de reorganização perceptiva, deixando de observar a sua positividade funcional em nossas vidas. É a ela que voltamos agora para, em grandes linhas, continuar a situá-la nas diferentes fases da vida. Começamos na infância e chegaremos ao envelhecimento. Em sua socialização e, mais particularmente,
na transição para a vida adulta, a percepção infantil se investe de toda sorte de normas e padrões de eficácia, pelas quais ela pode fazer bem seja o que for: chutar uma bola, saltar, ler, escrever, falar, cuidar, dormir, se empenhar, descansar, trabalhar, competir, cooperar... Fazer bem é tão somente ter eficácia, responder ao que interpela, qualidade determinante para vivenciar algo com protagonismo, como uma interação significativa com as coisas e com os outros. Perceber-se fazendo diferença, esse é o dado elementar do senso de eficácia. O desenvolvimento de repertórios sociais e pessoais é exposto incessantemente a diferentes exigências. Na vida adulta, ganham prioridade aqueles referentes às atividades profissionais, cujas ocupações requerem competências pertinentes para cada ofício. Invariavelmente, para todas as atividades, há padrões motores privilegiados que se inscrevem operativamente na história do corpo de quem as realiza. Nesse processo, há a tendência inescapável de se valer do repertório pronto, estabelecido e eficaz, que formata e constrange com força e persistência a abertura. Abrimo-nos mais e melhor àquilo mesmo que é prescrito em nosso repertório perceptivo operativo. Atrofiamos e nos fechamos àquilo que escapa de seu leque de ação, nos tornando menos disponíveis a nos afetar, importar e agir com o que foge de sua alçada. Nada disso significa que os repertórios não possam, até incessantemente, se renovar e se enriquecer. Todavia, tipicamente, na vida social do adulto contemporâneo, são priorizados os repertórios úteis, com sentido pragmático, especialmente os instrumentalizados para as ocupações profissionais. Nessa priorização, é o próprio crivo da utilidade que decide se mudanças no repertório significam renovação e enriquecimento ou não, aprovando ou reprovando seu capital.
Por outro lado, sendo mais desprovida de um repertório útil estabelecido, a experiência infantil, quase indiferente à utilidade, mas jamais à eficácia, e sendo privilegiadamente lúdica, é intensivamente aberta à multiplicidade de afetos e atos constitutivos da percepção. Não seria exagero qualificar essa abertura como encantada, predispondo a criança a se lançar no mundo que a arrebata. No predomínio da ótica da socialização para os papéis da vida adulta, essa abertura corresponde à falta de um repertório útil que ainda precisa ser estabelecido. Assim, ainda que essa ótica tome a criança desde sua incompletude, vendo-a sob o crivo de um repertório perceptivo operativo que ela ainda não tem, constata-se aí também o potencial de um desenvolvimento em constante ascensão. Essa máxima condição de incompletude e potência justifica que, em qualquer tempo e lugar que a constatem, se possa atribuir à infância o sentido de esperança. Já a transição para a velhice corresponde a uma depreciação do repertório que, em seu máximo aproveitamento na “vida útil” adulta, era o mais prestigiado, tanto identitária quanto socialmente. Uma vez que, em quem se reconhece envelhecendo e é reconhecido como tal, a ótica vigente é sobretudo a adulta, é fácil compreender o sentido de depreciação pessoal que tão comumente acompanha o envelhecimento. Em nossa sociedade, envelhecer é se aproximar de episódios como a aposentadoria, com as respectivas alterações de papéis sociais e de rotina. A mudança pode ser dramática e melancólica, afinal, há um notável estremecimento da identidade pessoal que, se não encontra outros eixos nos quais se sustentar, pode afetar gravemente a estima de si.
Podemos agora conjugar algumas das consequências disso no quadro do que nos interessa, as relações do corpo com seu movimento e o espaço. Essa conjugação, contudo, é reflexiva, portanto, ela não se dá sem o pronome oblíquo referindo o próprio sujeito que a executa. Digamos que o pronome oblíquo que permite essa conjugação é marcado pelo signo da saúde, tema que, por razões óbvias, sempre acompanha a questão do envelhecimento.
Tendo como referência social dominante a utilidade, o sentido de eficácia motora em nossa sociedade segue, invariavelmente, o trajeto associado às fases da vida de ascensão, estabilização e decadência. A constatação dessa referência é determinante, porque sua problematização nos abre a outras possibilidades referenciais. Ao repassarmos o tema da saúde camada a camada, a exemplo do que fizemos com a análise da percepção, compreenderemos como certas proposições da cultura corporal de movimento existencialmente enraizadas no quiasma, fonte da vitalidade, reorganizam o envelhecimento como outro modo de estar no mundo, modo pleno e dissociado da decadência, sem contrariar as alterações que se impõem ao organismo.