Cortina Fechada: Territórios da Arte

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Territรณrios da Arte marรงo a julho | 2017


ÍNDICE 7 Teatro 16 Dança 20 Artes Visuais 23 Literatura 31 Cinema 50 Música a e Formação 56 Centro de Pesquis


O objetivo da censura é a manutenção das estruturas e relações de poder. Sua aplicação é capaz de gerar amplas ondas de conservadorismo. Isso porque, para além do evidente problema da proibição direta, a prática sistemática da censura ocasiona uma redução das produções de caráter crítico, levando pessoas e instituições a evitar o embate com as forças censoras. No caso das proposições artísticas, não obstante as discussões sobre financiamento e subvenção, o livre exercício criativo é condição sine qua non para o engenho de novos paradigmas estéticos. Nesse sentido, é comum vermos artistas com posições pessoais menos complexas do que aquelas que são trabalhadas em suas próprias obras. Daí que a censura não é apenas uma restrição à prática artística, mas se opõe essencialmente à noção de arte mesma. Cortina Fechada - Territórios da Arte pretende apresentar um panorama de obras e artistas que sofreram com a censura ao redor do mundo, em épocas distintas. A abordagem será feita por meio de três eixos temáticos: quando a obra é proibida de circular; quando o artista é proibido de sair de seu país; e quando o artista é obrigado a sair de seu país para continuar produzindo. O Sesc busca constantemente refletir sobre a produção cultural a partir de seus contextos sociais e políticos. Com esse projeto, a instituição pretende estimular a produção de conhecimentos e a liberdade no campo artístico, elemento fundamental para a sociedade se repensar criticamente. Sesc


Mesmo que alguns trabalhos “tenham surgido de um desejo de resistir ao regime [civil-militar], de provocá-lo e de denunciar os horrores cometidos em seu nome, seria absurdo dar qualquer crédito à ditadura como um estímulo à produção artística. Pode-se somente imaginar a riqueza da produção artística que poderia ter florescido no Brasil não fosse o medo à repressão, e se o país não tivesse sido subjugado pelos militares. Os artistas [...] usaram sua criatividade e talento para refletir sobre a ditadura, mas sua criatividade não foi produto do regime – eles não fizeram arte por causa da ditadura, mas a despeito de e apesar de. Contudo, suas obras estavam inextricavelmente ligadas a esta terrível realidade. Qualquer discussão acerca da arte deste período, portanto, deve deixar isto bem claro: apesar da importância das obras produzidas, foi uma época desoladora”. (Claudia Calirman. Arte brasileira na ditadura militar: Antonio Manuel, Artur Barrio e Cildo Meireles, Réptil Editora, 2013, p. 143)

O termo “ditadura civil-militar” é uma definição utilizada por defensores dos direitos humanos e acadêmicos fazendo menção à colaboração de civis na manutenção de um regime autoritário. Esse termo também “procura explicitar uma relação de continuidade do apoio de setores civis na manutenção e propagação da memória militar acerca do golpe de 1964, sendo o resultado mais evidente dela a sustentação da autoanistia aos agentes violadores de direitos humanos ainda em regime democrático. (Amanda Brandão Ribeiro. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pósgraduação em Antropologia Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Relampejos do passado: Inscrição da morte no espaço público através da exumação de corpos de desaparecidos políticos da ditadura militar brasileira. São Paulo, 2015, p. 10)

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ESPETÁCULO

COELHO BRANCO, COELHO VERMELHO

De Nassim Soleimanpour Hilde Vanstraelen

De 11 a 27/4, terças e quintas, 20h30 às 21h30 Auditório R$20 | R$10 | R$6

Sem ensaios, sem diretor, um texto lacrado e um ator diferente a cada noite. Coelho branco, coelho vermelho, do autor iraniano, propõe vivenciar intensamente o poder transgressivo e transformador do teatro. Nassim Soleimanpour é autor de teatro independente de Teerã, no Irã. Suas peças foram traduzidas para mais de 20 línguas e um de seus trabalhos mais conhecidos, Coelho branco, coelho vermelho, foi escrito para viajar o mundo quando ele não tinha permissão para isso. Ao longo da carreira, já recebeu diversos prêmios. Atualmente reside na Alemanha e está escrevendo duas peças por encomenda para The Bush Theatre (Inglaterra) e Theatre Momentum (Dinamarca). 8


Divulgação

Marcelo Villas Boas

Braga Nunes

COM:

Dia 13 - Denise Weinberg Uma das atrizes mais premiadas da sua geração. No cinema, ganhou prêmio de melhor atriz com Salve Geral, de Sérgio Rezende. Em 2016 ganhou o prêmio APCA de melhor atriz com a peça O testamento de Maria.

Dia 18 - Lee Taylor Ator, diretor e coordenador artístico-pedagógico do Núcleo de Artes Cênicas (NAC). De 2003 a 2014 integrou, como ator e professor, o Centro de Pesquisa Teatral do Sesc (CPT).

Dia 20 - Roberta Estrela Dalva Atriz-MC, diretora, pesquisadora, slammer, membro fundadora do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e do coletivo Frente 3 de Fevereiro. Autora do livro Teatro Hip-Hop, a performance poética do ator-MC.

Divulgação

Renato Nascimento

Divulgação

Dia 11 - Sylvio Zilber Ator, diretor e professor de teatro. Seus últimos trabalhos incluem Repertório Shakespeare e Hamlet. Já venceu os prêmios APCA, Molière e Aplauso.

Dia 25 - Edi Cardoso Atriz integrante da Companhia do Miolo desde 2005, é também colaboradora no AVOA! Núcleo Artístico, como criadora e intérprete em dança.

Dia 27 - Georgette Fadel Atriz e diretora formada na USP, integra a Cia São Jorge de Variedades. Seu currículo teatral conta com mais de 35 espetáculos, sendo 18 de sua direção. Vencedora do prêmio Shell 2007 de melhor atriz por Gota d’agua, um breviário. 9


ESPETÁCULO

EM BRANCO (BLANK)

De Nassim Soleimanpour

Nesta estreia, o premiado autor iraniano ousa uma vez mais. Conhecido por suas peças sem direção, cenários e ensaios, neste novo texto, cheio de lacunas, a cada noite um ator diferente preencherá improvisadamente esses espaços vazios, diante do público. A peça se torna uma máquina de histórias que integra as questões levantadas pelo próprio autor, pelo ator/atriz e por pessoas do público escolhidas ao acaso.

Nassim Soleimanpour se recusou a servir o exército iraniano e por isso foi proibido de retirar seu passaporte. A primeira vez que o diretor conseguiu assistir ao espetáculo foi em fevereiro de 2013, mais de dois anos após sua estreia nos palcos.

Divulgação

De 2/5 a 1/6, terças e quintas, 20h30 às 21h30 Auditório R$20 | R$10 | R$6

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Divulgaçã

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Edu Cesar

Divulgaçã

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COM: Dia 2/5 - Hugo Possolo Ator, cenógrafo, figurinista, aderecista, diretor e palhaço. Foi um dos fundadores do grupo teatral Parlapatões, Patifes & Paspalhões, que em 2016 completou 25 anos. Dia 4/5 - Leo Moreira Sá Após ter sido baterista da banda As Mercenárias, voltou aos palcos como Leo Moreira Sá. Em 2013 escreveu e produziu o espetáculo autobiográfico Lou&Leo. Lou&Leo Dia 9/5 - Marat Descartes Ator e diretor, ao longo de 20 anos de carreira atuou em mais de 40 espetáculos de teatro e em mais de 20 filmes, além de diversas séries, filmes e novelas.


o Divulgaçã

JR Vantoen P.

Dia 16/5 - Rodrigo Bolzan Em 2016 foi indicado a diversos prêmios, como melhor ator, por seu trabalho em Projeto Brasil. Venceu o prêmio Shell em 2012, por sua atuação na peça Oxigênio.

o Divulgaçã

Dia 11/5 - Bete Dorgam Atriz, diretora teatral e professora. Ganhou o Prêmio Shell em 2010 pelo espetáculo Casting e Prêmio Qualidade Brasil em 2014 por Assim é, se lhe parece.

Ronaldo Gu

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Dia 18/5 - Elisa Lucinda Poeta, atriz, jornalista, professora e cantora. Finalista no Prêmio São Paulo de Literatura 2015. Atualmente, excursiona pelo Brasil com seu novo trabalho teatral, A paixão segundo Adélia Prado.

Divulgaçã

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Dia 23/5 - Clara Carvalho Atriz, diretora e bailarina. Por suas atuações, ganhou os prêmios Shell e Qualidade Brasil. Como diretora, foi indicada ao prêmio APCA Tchekhov. 2015, com A máquina Tchekhov

Divulgaçã

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Dia 25/5 - Jesser Souza Diretor, clown e ator-pesquisador do Lume Teatro. Ao longo da carreira participou de festivais nacionais e internacionais, além de ter dirigido espetáculos da Cia. MunduRodá e do Núcleo de Samba Cupinzeiro. Dia 30/5 - Débora Duboc Atriz premiada por várias de suas participações em cinema e teatro. Foi uma das realizadoras do projeto Cia Razões Inversas. No cinema, protagonizou os longas Latitude zero e Cabra cega.

Divulgaçã

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Dia 1/6 - Magali Biff Indicada ao prêmio Shell quatro vezes, recebeu o prêmio de melhor atriz pelo espetáculo K. Trabalha há 10 anos com o diretor Felipe Hirsch.

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OFICINA

Dia 6/4, quinta, 11h às 18h Sala 4, 6º andar Torre A R$20 | R$10 | R$6

TEATRO-MÁQUINA – A ARTE DE REALIZAR PEÇAS SEM ENSAIOS

Com Nassim Soleimanpour

Nesta oficina, o autor iraniano apresenta aos participantes a ideia de “Máquina de Espetáculos”, sobre a realização de peças teatrais sem ensaios. Entre os assuntos abordados estarão temas como: a diferença entre “artistas da performance” e atores, e como tornar o público uma “mente coletiva” dentro de um teatro.

Filho de um romancista e de uma pintora, aos 22 anos Nassim deixou o curso de engenharia na faculdade de Teerã, para estudar dramaturgia.

MESA DE DISCUSSÃO

DRAMATURGIA E CENSURA

Dia 12/4, quarta, 19h30 às 21h30 Foyer Grátis |

Com Nassim Soleimanpour, Alexandre Dal Farra e Fernando Kinas. Mediação Sesc. Neste encontro três dramaturgos trazem à tona a discussão sobre os diversos tipos de censura que limitam a liberdade de expressão de autores em diferentes países. Alexandre Dal Farra é dramaturgo, diretor e escritor. Vencedor de diversos prêmios, entre eles o 25º Prêmio Shell na categoria de melhor autor. Fernando Kinas é diretor, dramaturgo e pesquisador teatral. Doutor em Artes Cênicas pela Sorbonne Nouvelle/Paris 3 e Universidade de São Paulo. Fundou e coordena a Kiwi Companhia de Teatro. Nassim Soleimanpour é autor de teatro independente de Teerã, no Irã, e já recebeu vários prêmios durante a carreira. Durante o projeto o público poderá conhecer duas de suas obras: Coelho branco, coelho vermelho e Em branco. A discussão será mediada por representante do Sesc.

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CURSO

A CENSURA TEATRAL NO BRASIL DA DITADURA MILITAR

Com Edélcio Mostaço

O curso irá abordar a censura às artes durante a ditadura civil-militar no Brasil, suas considerações históricas, principais textos e autores censurados, bem como a Lei de Segurança Nacional e a repressão política e ideológica.

De 4 a 8/4, terça a sexta, 18h30 às 21h30. Sábado, 11h às 14h Sala 4, 6º andar Torre A R$30 | R$15 | R$9

Edélcio Mostaço é ensaísta e pesquisador, professor da Universidade do Estado de Santa Catarina. Autor dos livros Teatro e política: arena, oficina e opinião (2016), Nelson Rodrigues – a transgressão (1996), Para uma história cultural do teatro (2010) e Soma e sub-tração (2015).

CURSO

SOB CORTES E VETOS - O TEATRO OFICINA E A CENSURA (1958-1968)

Com Lis de Freitas Coutinho

O curso propõe um panorama da relação entre a censura estatal brasileira e o grupo teatral Oficina, entre 1958 e 1968. As aulas terão como foco os primeiros anos de organização do grupo, com o objetivo de compreender de que modo os vetos da ditadura civil-militar brasileira incidiram em suas obras.

De 13/6 a 18/7 (exceto 15/6), terças e quintas, 19h30 às 21h30 Sala 4, 6º andar Torre A R$30 | R$15 | R$9

Lis de Freitas Coutinho é doutoranda e mestre em Comunicação Social pela Universidade de São Paulo. Atualmente desenvolve pesquisa junto ao Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura (OBCOM) da USP e coordena a pesquisa histórica do projeto Censura em Cena, em parceria com o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. O texto da montagem de O Rei da Vela, peça escrita por Oswald de Andrade na década de 1930 e encenada pelo grupo Oficina pela primeira vez em 1967, possuía 88 folhas, das quais 40 foram cortadas pela censura. Apesar de liberada pela censura estadual, a peça foi completamente vetada pela censura federal em 1968, quando estava em cartaz no Rio de Janeiro. Só em 1980 a peça foi liberada sem cortes para maiores de 18 anos.

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INTERVENÇÃO

Dia 5/5, sexta, 20h Praça de Eventos Grátis

CANÇÕES PARA UMA LUA MUITO PEQUENA RECORDAÇÕES EM 84 CORTES

Com Rodrigo Mercadante, Lilian de Lima e Willian Guedes, da Cia do Tijolo

O espetáculo Primeira Feira Paulista de Opinião, realizado em 1968, sofreu 84 cortes para que a censura liberasse suas apresentações. Tendo como eixo principal os fragmentos do texto A lua muito pequena e a caminhada perigosa, de Augusto Boal, a intervenção revive a atmosfera que se criou em torno desse evento histórico. A Cia do Tijolo é um grupo teatral da cidade de São Paulo que há dez anos pesquisa a tradição do teatro musical brasileiro de cunho político. Inspirando-se em figuras como Patativa do Assaré, Garcia Lorca, Nise da Silveira, Paulo Freire e Dom Helder Câmara, a companhia realiza críticas do presente a partir das propostas éticas, do pensamento e da prática dessas mulheres e homens essenciais na história do pensamento progressista no Brasil.

A Primeira Feira Paulista de Opinião foi submetida à censura, e não obteve resposta antes da estreia. Augusto Boal decidiu, então, seguir com a peça, mas logo após a primeira apresentação recebeu a notificação de que o espetáculo fora liberado mediante 84 cortes. O espetáculo continuou sendo apresentado sem os cortes como forma de desobediência civil, o que levou à sua suspensão pelo Departamento de Polícia Federal. A censura da obra gerou mobilização da categoria artística da época, até que se conseguiu um acordo e a volta do espetáculo.

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LEITURA CÊNICA DO TEXTO “VERDE QUE TE QUERO VERDE” DE PLÍNIO MARCOS, Verde que te quero verde, escrita por Plínio Marcos no pré AI-5, é uma sátira política sobre a censura aos textos e montagens teatrais, exercida pelos militares durante a ditadura civil-militar no Brasil. Incluindo improvisações e jogos com a plateia, a leitura manterá aspectos da proposta original de encenação, que aconteceu na Primeira Feira Paulista de Opinião.

Dia 20/7, quinta, 20h30 Auditório Grátis |

BATE-PAPO “TEATRO E CENSURA, ONTEM E HOJE”

Com Caio Pacheco, Eduardo Contrera, Fernanda Azevedo e Fernando Kinas, da Kiwi Companhia de Teatro O ator Caio Pacheco, a atriz Fernanda Azevedo (Prêmio Shell em 2013) e o multi-instrumentista Eduardo Contrera apresentarão integralmente o texto. Fernando Kinas (fundador da Kiwi Companhia de Teatro) é responsável pela direção. Na sequência da leitura, o público será convidado para participar de um debate com o tema Teatro e censura, ontem e hoje, discutindo as relações entre a realidade brasileira dos anos 1960 e 70 e os episódios recentes da nossa sociedade.

Um dos autores mais censurados do país, Plínio Marcos, em entrevista com Edla Van Steen, relatou que o espetáculo Feira Paulista de Opinião poderia ter sido liberado na época, se não fosse o texto Verde que te quero verde.

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Rolf K West

ESPETÁCULO

O GRITO

Com Afshin Ghaffarian O coreógrafo e bailarino nos convida a uma viagem através do tempo e do espaço, por um mundo de conflito, onde sua luta com entidades simbólicas como terra, água, fogo e ar, expressa a origem do ser e sua perda, a respiração vital e seu arrojo, a formação da linguagem e sua dissolução. Em forma de uma história iniciática, o mundo dançado por Afshin revela o nascimento original do Homem nas névoas do tempo. Seu corpo como um fauno elástico e sua voz já rouca, metamorfoseiam-se de acordo com o ciclo da vida, para finalmente dançar, para lutar, revirar e rastejar até a porta.

Dia 1/7, sábado, 21h Teatro R$25 | R$12,50 R$7,50

Afshin Ghaffarian é um diretor, coreógrafo, ator e bailarino, foi residente do Centro Nacional de Dança de Paris França, de 2010 a 2011 e trabalhou com Thomas Lebrun.

Como a dança é proibida no seu país natal, podendo ser punida com prisão, ele formou o grupo clandestino de dança Reformances. Após um ano na clandestinidade a companhia pode se apresentar em público no deserto a 50 quilômetros de Teraã. Essa história inspirou o filme O Dançarino do Deserto, do diretor Richard Raymond. 17


ESPETÁCULO

Dia 2/7, domingo, 18h Teatro R$25 | R$12,50 R$7,50

UMA SOLIDÃO RUIDOSA

Com Afshin Ghaffarian

Este novo projeto de dança trata-se de uma adaptação livre do romance tcheco Too Loud a Solitude (Uma solidão ruidosa) de Bohumil Hrabal. Num mundo de censura e destruição de livros, como pode viver um homem quando seu dever é destruir, queimar ou poupar livros?

Patrick Grin

Sozinho no palco, Afshin personifica este personagem, em uma dança assassina que consiste em empacotar livros e destruí-los depois. Mas esta solidão será assombrada pela descoberta do “Último livro”.

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Em 2009, Afshin apresentou a performance Strange But True, parte do Festival de Cultura Iraniana em Mulheim der Ruhr, na Alemanha. Quando a peça terminou, ele apareceu com um bracelete verde em uma demonstração de apoio ao Movimento Verde, opositor do governo islâmico, com uma mão sobre a boca para simbolizar a repressão do país à liberdade de expressão e com a outra com um sinal de vitória. Após a manifestação ele não pode voltar para o Irã e foi morar na França como refugiado.


WORKSHOP

CORAÇÕES DANÇANTES

Com Afshin Ghaffarian

Voltado para o público iniciante, o coreógrafo trabalhará com a capacidade física e vocal dos participantes. Pretende desenvolver a habilidade de se expressar, como forma de transformar as memórias e imagens passadas numa forma ativa de arte conectada à vida diária.

Dia 29/6, quinta, 11h às 14h Sala Corpo & Artes R$17 | R$8,50 | R$5

WORKSHOP

WORKSHOP PARA PROFISSIONAIS DE DANÇA, TEATRO E ARTES DO CORPO

Com Afshin Ghaffarian

Voltado para profissionais de dança, teatro e artes do corpo, Afshin Ghaffarian trabalhará com a capacidade física e vocal dos participantes. O intuito é ligar as experiências pessoais dos participantes em uma experiência coletiva através da dança e do teatro.

Dia 30/6, sexta, 11h às 14h Sala Corpo & Artes R$20 | R$10 | R$6

A seleção será feita mediante envio de currículo e carta de intenção do dia 1 a 16/6 para o email cursoartescenicas@vilamariana.sescsp.org.br

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CURSO

A CENSURA NO CONTEXTO ASIÁTICO

Com Christine Greiner

O curso abordará o ativismo e a arte contemporânea na Ásia, a discussão de Taipei como exceção, os casos de Japão e Hong Kong, além de questões de gênero e censura no contexto asiático.

De 23/3 a 6/4, quintas, 19h às 22h Sala 2, 5º andar Torre A R$30 | R$15 | R$9

Christine Greiner é professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Coordena o curso de graduação em Comunicação e Artes do Corpo e desenvolve sua pesquisa na área de comunicação, com enfoque em estudos interdisciplinares do corpo.

Fernando Saiki

Ai Weiwei é um artista visual chinês contemporâneo que, em 2011, foi preso pelas autoridades chinesas em represália por expor, em seu blog, denúncias sobre os jogos olímpicos de Pequim. Em 2016, já em liberdade, mas ainda proibido de deixar seu país, foi homenageado com uma grande mostra individual em Berlim.

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CURSO

De 4/5 a 25/5, quintas, 19h30 às 21h30 Sala 2, 5º andar Torre A R$30 | R$15 | R$9

A CENSURA E A HISTÓRIA DA BIENAL DE SÃO PAULO

Com Mirtes Marins de Oliveira

O curso analisará as diferentes formas de censura presentes nas edições da Bienal de São Paulo, desde sua fundação em 1951 até sua última edição, enfocando a tensão gerada a partir de 1964 e o contexto de censura nas artes visuais no circuito brasileiro de arte a partir de 1967. Mirtes Marins de Oliveira é docente na Universidade Anhembi Morumbi, pesquisadora e doutora em Educação: Política e Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Trabalhou nos setores educativos do MAC-USP e da Fundação Bienal de São Paulo, em 1987. Segundo a pesquisadora Caroline Schroeder, a IX Bienal de São Paulo realizada em 1967, já apresentava os problemas relacionados ao contexto da ditadura brasileira. A X edição aprofundaria esses problemas e ficaria conhecida como “A Bienal do Boicote”. Nesta X edição, a obra Políptico Móvel, de autoria de Quissak Junior, permitia a participação do espectador ao proporcionar a manipulação de elementos da bandeira brasileira, o que irritou os militares e provocou críticas de diversos grupos governamentais. Na mesma mostra, o norteamericano Jasper Johns foi premiado com sua série Flags, que tem como tema a bandeira norte-americana.

CURSO

De 17/5 a 21/6, quartas, 19h30 às 21h30 Espaço de Tecnologias e Artes R$30 | R$15 | R$9

A CENSURA NA HISTÓRIA DA ARTE

Com Francisco Alambert

O curso tratará de obras e momentos importantes da história da censura na arte moderna, desde os séculos XIX e XX até a permanência do embate entre artistas e censura na arte contemporânea. Francisco Alambert é professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de história, com ênfase em história social da arte e da cultura.

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CINEDEBATE

Dia 28/3, terça, 19h30 às 21h30 Auditório Grátis |

O PASQUIM - A REVOLUÇÃO PELO CARTUM (DIR. LOUIS CHILSON, BRASIL, 1999, 56 MIN.) Com Jal

O documentário mostra a realidade dos cartunistas brasileiros durante a ditadura civil-militar. Como se fosse num bate-papo descontraído de boteco, o diretor dá abertura para que os entrevistados revelem detalhes surpreendentes, até então desconhecidos da trajetória conturbada do inovador e contestador jornal O Pasquim. Após a exibição haverá um bate-papo com José Alberto Lovetro, mais conhecido como Jal. Cartunista, roteirista, jornalista, presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB) é também um dos criadores do troféu HQ Mix.

Reprodução

O Pasquim foi um semanário alternativo brasileiro, editado entre os anos de 1969 e 1991. Reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar, a princípio era uma publicação comportamental que falava sobre sexo, drogas, feminismo e divórcio, entre outros temas, que se tornou mais politizado à medida que aumentava a repressão da ditadura. Sua tiragem inicial foi de 20 mil exemplares, e no auge da década de 1970 atingiu a marca de mais de 200 mil exemplares, tornando-se um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro.

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CLUBE DE LEITURA

“ZERO”, DE IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO Com mediação de Hélio Guimarães

Em março o livro abordado será a obra Zero, do escritor Ignácio de Loyola Brandão. O romance captura toda a brutalidade do momento em que foi escrito, durante a ditadura civil-militar brasileira. No livro, o escritor supera o âmbito individual para retratar um tempo desvairado, com os homens se transmudando em ratos e perdendo o sentido da própria existência.

Dia 30/3, quinta, 19h30 às 21h30 Sala de Leitura Grátis

Reprodução

A mediação do encontro será realizada pelo professor Hélio Guimarães, doutor em teoria e história literária, com pós-doutorado na Universidade de Manchester, Reino Unido.

O romance foi publicado originalmente em 1974, na Itália, após ter sido recusado por várias editoras brasileiras. Sua primeira edição nacional veio apenas um ano depois. Em 1976, foi proibido em todo o país pelo Ministério da Justiça, por ser considerado prejudicial à moral e aos bons costumes. Tem como um dos temas principais a repressão e o desejo de liberdade.

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CLUBE DE LEITURA

Dia 27/4, quinta, 19h30 às 21h30 Sala de Leitura Grátis

“BORDADOS”, DE MARJANE SATRAPI Com mediação de Susana Ventura

O Clube de Leitura do mês de abril discutirá a obra Bordados, da iraniana Marjane Satrapi. Assim como em outros livros, a autora traz histórias das mulheres iranianas de sua família e lembranças de sua infância. A narrativa se passa nos momentos após os almoços na casa de sua avó, em Teerã, que terminavam sempre da mesma maneira: os homens faziam a sesta, as mulheres lavavam a louça e se reuniam para tomar chá. Era um momento pelo qual todas esperavam avidamente, já que, longe dos homens, podiam compartilhar seus sentimentos, ambições e frustrações. A mediação do encontro será feita por Susana Ventura, doutora em estudos comparados de literaturas de língua portuguesa pela Universidade de São Paulo. Marjane Satrapi nasceu e cresceu em Teerã em uma família que se envolveu com os movimentos comunistas e socialistas antes da Revolução Islâmica no Irã. Bisneta de um imperador do país, teve uma educação que combinou a tradição da cultura persa com valores ocidentais e de esquerda. Aos catorze anos, partiu para o exílio na Áustria.

Reprodução

O “bordar” iraniano seria equivalente ao “tricotar”, ou fofocar, além de possuir outra acepção importantíssima para as mulheres iranianas. A expressão bordado designa também a cirurgia de reconstituição do hímen, necessária a mulheres que não abrem mão de ter vida sexual antes do casamento.

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CLUBE DE LEITURA

“HAMLET E O FILHO DO PADEIRO: MEMÓRIAS IMAGINADAS”, DE AUGUSTO BOAL Com mediação de Hélio Guimarães

O Clube de Leitura do mês de maio discutirá a obra Hamlet e o filho do padeiro: memórias imaginadas, de Augusto Boal. O livro conta as memórias de um dos principais teatrólogos contemporâneos, repassando toda a sua trajetória. Da infância no subúrbio da Penha à experiência política na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Boal revolucionou o modo de escrever e encenar teatro.

Dia 25/5, quinta, 19h30 às 21h30 Sala de Leitura Grátis

A mediação do encontro será realizada pelo professor Hélio Guimarães, doutor em teoria e história literária, com pós-doutorado na Universidade de Manchester, Reino Unido.

Reprodução

Em 2008 Augusto Boal foi indicado ao prêmio Nobel da Paz por seu trabalho com o Teatro do Oprimido. No ano seguinte, quando faleceu, foi nomeado pela Unesco embaixador do teatro. Neste livro, Boal conta os reveses que sofreu após o golpe de 1964, com prisão, tortura e exílio, de onde difundiu suas técnicas para diretores e atores de todo o mundo.

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CLUBE DE LEITURA

Dia 29/6, quinta, 19h30 às 21h30 Sala de Leitura Grátis

OS TELHADOS DE TEERÃ, DE MAHBOD SERAJI

Com mediação de Mamede Jarouche

O Clube de Leitura do mês de junho discutirá a obra Os telhados de Teerã, do escritor iraniano Mahbod Seraji. A obra narra um hábito muito comum em Teerã que é dormir no telhado, em noites de verão. O calor seco do dia resfria após a meia-noite, e quem fica lá em cima acorda com os primeiros raios de sol na face. Uma trama densa e ao mesmo tempo leve, em que se misturam os sentimentos e descobertas dos adolescentes e seus primeiros vislumbres sobre o amor, mas também o contato com a dor, a repressão, a morte e as perdas, bem como a repressão política durante a ditadura do Xá Reza Pahlevi. A mediação do encontro será realizada por Mamede Jarouche, doutor em letras e livre-docente em literatura árabe pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor efetivo da mesma universidade, onde leciona desde 1992.

Reprodução

Mahbod Seraji afirma que descobriu o prazer na literatura em cima do telhado de sua casa em Teerã quando tinha apenas 10 anos de idade. Poucos anos depois começou a escrever e descobriu sua verdadeira vocação, ainda jovem passava quase todas as horas do dia criando textos.

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CLUBE DE LEITURA

POEMA SUJO, DE FERREIRA GULLAR

Com mediação de Betina Bischof

O Clube de leitura do mês de julho discutirá a obra Poema Sujo, escrita por Ferreira Gullar no período de seu exílio na Argentina, entre maio e outubro de 1975. O autor mergulhou em uma viagem de liberdade interior em pleno exílio e só dessa forma - deliberada e voraz - conseguiu criar um manifesto que transcende o tempo e os limites. Por sua força, tornou-se o mais conhecido e estudado poema de Gullar. Confirmando sua universalidade, Poema Sujo ainda ganhou traduções em Cuba, Colômbia, França, Espanha, Alemanha, Suécia e Estados Unidos.

Dia 27/7, quinta, 19h30 às 21h30 Sala de Leitura Grátis

A mediação do encontro será realizada por Betina Bischof, doutora em letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo, onde é docente desde 2003. É autora do livro Razão da Recusa: um estudo da poesia de Carlos Drummond de Andrade.

Reprodução

Poema Sujo é um canto desesperado pela liberdade e também uma espécie de testamento, pois, incomodado por militares de cada país onde estava, Gullar sentia-se solitário e acuado. Apesar de colaborar com O Pasquim sob o pseudônimo de Frederico Marques, não conseguia produzir com tranquilidade. Na capital argentina, Gullar passou seis meses do ano de 1975 escrevendo o que imaginava ser a última obra de sua vida.

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CURSO

De 18 a 22/7, terça a sexta, 19h30 às 21h30 e, sábado, 15h às 17h Sala 2, 5º andar Torre A R$30 | R$15 | R$9

A LITERATURA SOB O ESTADO NOVO: OS ESCRITORES E A PRISÃO

Com Ovídio Poli Junior

O curso oferecerá um panorama do período do Estado Novo no que se refere ao campo literário brasileiro, sobre tudo em relação a alguns escritores que foram presos políticos: Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, Jorge Amado, Barão de Itararé e Dyonelio Machado. Nos encontros serão abordados aspectos biográficos dos autores, bem como elementos temáticos e estilísticos das obras que escreveram sobre o cárcere e o contexto no qual foram produzidas. A mediação do encontro será realizada por Ovídio Poli Junior. Graduado em filosofia e doutor em literatura brasileira pela Universidade de São Paulo. Foi um dos finalistas do Prêmio Guimarães Rosa/RFI (Paris) e teve destaque em concursos e prêmios literários brasileiros. Publicou O caso do cavalo probo, Sobre homens & bestas e A rebelião dos peixes.

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Reprodução

LUIS GARCIA BERLANGA E A ESPANHA DE FRANCO

BIENVENIDO, MR. MARSHALL

Dia 15/4, sábado, 14h Auditório Grátis |

(Dir. Luis Garcia Berlanga, Espanha, 1953, 95 min., P&B) No pequeno vilarejo de Villar del Rio, Espanha, os habitantes estão contentes porque irão receber a visita de autoridades americanas para a concretização do Plano Marshall na região. Esse plano foi iniciado nos Estados Unidos em 1947 e consistiu em ajudar os países europeus a recuperar-se dos danos da 2ª Guerra Mundial e frear a expansão soviética. A partir de então, no dia a dia do povoado, o prefeito e o padre da cidade concentram esforços para preparar essa esperada visita. BATE-PAPO COM LUIS CARLOS PAVAN E CAREIMI LUDWIG ASSMANN APÓS A EXIBIÇÃO DO FILME.

Considerado uma das obras primas do cinema espanhol, Bienvenido, Mr. Marshall retrata com sátira a abertura inicial do regime de Franco para países estrangeiros. Devido à aproximação do governo espanhol da época com o Plano Marshall, a cena do filme da bandeira dos Estados Unidos afundando na vala foi censurada. 32


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LUIS GARCIA BERLANGA E A ESPANHA DE FRANCO

EL VERDUGO

(Dir. Luis Garcia Berlanga, Espanha, 1963, 87 min., P&B) O filme conta a história de Amadeo, um carrasco de Madri, que conhece José Luis, um empregado de uma funerária. José Luis não consegue ter uma namorada, porque quando as garotas descobrem onde ele trabalha, fogem apavoradas. A filha de Amadeo, Carmen, também não consegue ter um namorado, porque seus pretendentes sempre acabam descobrindo que seu pai é o “carrasco”.

Dia 22/4, sábado, 14h Auditório Grátis |

Luis Garcia Berlanga foi um importante diretor e roteirista do cinema espanhol, ganhador de vários prêmios dentro e fora de seu país. É protagonista do cinema antifranquista, junto com outros cineastas. O filme, censurado na Espanha, foi apresentado em Veneza, Itália, em 1963, logo após Franco ter ordenado o fuzilamento do comunista Julián Grimau e a execução por garrote (instrumento de estrangulamento) dos anarquistas Francisco Granado e Joaquim Delgado. Franco era conhecido como El Verdugo (o carrasco) e o filme foi considerado pelas autoridades espanholas da época “o mais antipatriota” já visto na história da Espanha. 33


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ALEMANHA E O NAZISMO

Dia 29/4, sábado, 14h Auditório Grátis |

M, O VAMPIRO DE DUSSELDORF

(Dir. Fritz Lang, Alemanha, 1931, 120 min., P&B)

Franz Becker é um assassino em série de crianças, que se aproxima de suas vítimas enquanto assobia uma mesma música. Depois de diversos crimes, a cidade é tomada pelo frenesi da investigação policial e se torna um caos, enquanto o assassino vive uma vida simples e normal. Na caçada ao homem que mata crianças, além de toda a sociedade e a polícia, os bandidos marginalizados também se juntarão. Fritz Lang é mundialmente conhecido não apenas por não se sujeitar, mas desafiar as vontades de Hitler, o que motivou seu exílio nos Estados Unidos onde morreu aos 85 anos. Seu filme M, o vampiro de Dusseldorf é uma das primeiras películas do expressionismo a tratar de um tema polêmico para a época, o infanticídio. O filme, baseado no caso verídico do assassino em série Peter Kuerten, originalmente seria chamado de The Murders Are Among Us (“Os assassinos estão entre nós”), faz referência a um grupo nazista. Com receio de reconhecerem a referência, Fritz Lang, alterou o título para “M”, da palavra murders.

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ALEMANHA E O NAZISMO

POR DEBAIXO DAS PONTES

(Dir. Helmut Käutner, Alemanha, 1946, 100 min., P&B) Dois amigos viajam de barco pelos rios e aproveitam a vida sem maiores problemas. Numa de suas paradas, conhecem uma bela jovem que segue a bordo com os dois rumo a Berlim, Alemanha. Ambos apaixonam-se por ela e, para evitar disputas, são obrigados a fazer um acordo.

Dia 6/5, sábado, 14h Auditório Grátis |

Cineasta, ator e roteirista, Helmut Käutner criou suas obras sob a severa censura imposta aos meios de comunicação pelo ministério de Josef Goebbels, no governo do Terceiro Reich. Foi um dos poucos cineastas de prestígio que permaneceram no país.

Helmut Käutner teve seus filmes censurados, ou com propagandas de guerra entre as cenas, enxertadas pelos censores nazistas antes do lançamento. Seu filme Por debaixo das pontes foi rodado em maio e outubro de 1944, momento em que o conflito bélico já havia chegado ao território alemão.

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A CENSURA NO LESTE EUROPEU

Dia 13/5, sábado, 14h Auditório Grátis |

O ENCOURAÇADO POTEMKIN

(Dir. Serguei Eisenstein, URSS, 1925, 75 min., P&B) Em 1905, na Rússia czarista, aconteceu um levante que pressagiou a Revolução de 1917. Tudo começou no navio de guerra Potemkin, quando os marinheiros estavam cansados de serem maltratados, sendo que até carne estragada lhes era dada para comer. Alguns marinheiros se recusam a comer e sua execução é autorizada. A tensão aumenta e, gradativamente, a situação sai do controle. Serguei Eisenstein participou ativamente da Revolução Russa de 1917. Após filmar O encouraçado Potemkin, dirigiu Outubro, filme que tinha como personagem Leon Trotsky, um dos líderes da Revolução Russa, censurado e lançado apenas em 1928. BATE-PAPO COM MÁXIMO BARRO E LUIS PAVAN APÓS A EXIBIÇÃO DO FILME.

O Encouraçado Potemkin causou polêmica em vários países. No Reino Unido, foi considerado subversivo e, consequentemente, banido até 1954, na Alemanha, foi censurado pelas autoridades nazistas, e nos Estados Unidos, teve a circulação limitada a alguns estados. 36


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A CENSURA NO LESTE EUROPEU

DIABEL

(Dir. Andrzej Zulawski, Polônia, 1988, 122 min., Cor) Durante a invasão perpetrada pelo exército prussiano à Polônia em 1793, o jovem prisioneiro político, Jakub, é salvo por um estranho misterioso. Seguindo este estranho através do país e de volta à sua casa, ele entra em contato com o caos, um mundo de corrupção moral, traições, barbáries e assassinatos.

Dia 20/5, sábado, 14h Auditório Grátis |

Andrzej Zulawski,, polonês, formou-se no Idhec, em Paris, França, e voltou à sua terra natal para ser assistente do importante cineasta polonês Andrzej Wajda. Em 1970 estreou no cinema com o filme Trzecia czesc nocy (A Terceira Parte da Noite), adaptação de um romance de seu pai Miroslav Zulawski. Diabel foi proibido na Polônia pelo seu relato da invasão prussiana em território polonês, assim o diretor decidiu morar e dirigir seus filmes na França, somente regressando a seu país de origem após a liberação do regime polaco.

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A CENSURA NO LESTE EUROPEU

Dia 27/5, sábado, 14h Auditório Grátis |

AS PEQUENAS MARGARIDAS

(Dir. Vera Chytilová, Tchecoslováquia, 1966, 80 min., Cor) Considerado um dos grandes clássicos do cinema tcheco, no filme, duas ousadas adolescentes, ambas de nome Marie, reconhecem o caos em que se encontra o mundo e decidem colocar em prática uma série de travessuras de apelo destrutivo. Vera Chytilová foi o nome fundamental da nova onda do cinema tcheco nos anos 1960. Militante e feminista teve seus filmes banidos pelo regime comunista e foi proibida de trabalhar durante anos, assinando algumas de suas produções com o nome de seu marido para fugir da censura.

Vera Chytilová dedicou o filme As pequenas margaridas, “para aqueles que se indignam por umas saladas pisoteadas”, remetendo à cena final, que representa uma crítica mordaz ao governo tcheco da época. 38


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MACARTHISMO NOS EUA

REINADO DO TERROR

(Dir. Joseph H. Lewis, EUA, 1958, 80 min., P&B) Prairie City, no Texas, EUA, é uma pequena cidade que tem um “dono”, Ed McNeil. Com a ajuda de pistoleiros, comandados por Johnny Crale, McNeil aterroriza a população e a força a vender suas terras. O proprietário Sven Hansen é assassinado por Johnny, pois não quis vender suas terras. Logo depois George Hansen, o filho de Sven, chega ao lugarejo e, vendo que o xerife é corrupto, decide fazer justiça com suas próprias mãos.

Dia 3/6, sábado, 14h Auditório Grátis |

Joseph H. Lewis era diretor de cinema e desenvolveu um estilo de filme conhecido como B-western e filme noir. BATE-PAPO COM LUIS PAVAN E CAREIMI ASSMAN APÓS EXIBIÇÃO DO FILME.

O macarthismo foi um movimento iniciado nos Estados Unidos em 1951, pelo senador Joseph McCarthy, para perseguir pessoas que eram a favor do comunismo, e que realizavam atividades consideradas anti-norteamericanas. 39


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MACARTHISMO NOS EUA

Dia 10/6, sábado, 14h Auditório Grátis |

CÚMPLICE DAS SOMBRAS

(Dir. Joseph Losey, EUA, 1951, 90 min., P&B) Atendendo ao chamado de uma bela garota que se assustou com a presença de um invasor no quintal de casa, o policial Webb Garwood se apaixona pela vítima. Mas Susan, a mulher em questão, é casada com um rico radialista. Cego de amor, Webb arma um plano diabólico para livrar-se do marido e ficar com a amada, iniciando uma reação em cadeia que provocará uma tragédia. Joseph Losey teve sua carreira interrompida, no início da década de 1950 pela ação do macarthismo, que incluiu o seu nome na famigerada lista vetada de Hollywood. O roteiro do filme foi desenvolvido por Dalton Trumbo, que também faz a voz do marido de Susan, ouvida pelo espectador através de conversas de rádio. Um dos grandes roteiristas norte-americanos, Trumbo encontrava-se, na época do filme, na lista vetada do macarthismo, por isso seu nome foi omitido dos créditos do filme, tanto pelo roteiro quanto pela voz de John Gilvray.

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PANAHI E O IRÃ

CORTINAS FECHADAS

(Dir. Jafar Panahi, Irã, 2014, 106 min,. Cor) Vivendo em prisão domiciliar após ter sido condenado pela justiça iraniana, sob a acusação de manchar a imagem do governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad com seus filmes, o cineasta Jafar Panahi tem seu cotidiano apresentado neste filme, drama feito na clandestinidade com a ajuda do seu amigo Kambozia Partovi.

Dia 17/6, sábado, 14h Auditório Grátis |

Dentre outras punições, Panahi foi condenado a 20 anos sem produzir filmes, escrever roteiros, viajar ao exterior ou dar entrevistas à imprensa dentro ou fora do país.

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PANAHI E O IRÃ

Dia 24/6, sábado, 14h Auditório Grátis |

ISTO NÃO É UM FILME

(Dir. Jafar Panahi, Irã, 2011, 76 min., Cor) Preso pela primeira vez em julho de 2009, Jafar Panahi teve o passaporte apreendido e foi proibido de sair do Irã. Preso novamente em março e em dezembro de 2010 foi condenado a seis anos de prisão e a vinte anos de proibição de filmar ou deixar o país. Em prisão domiciliar, decide “contar” um filme. Assim, usando um tapete como maquete, Panahi desenha um cenário imaginário e constrói um filme onde demonstra o poder do cinema contra a repressão e a liberdade de expressão, seja no Irã ou em qualquer parte do mundo.

Devido às restrições do realizador, este filme, em competição no festival internacional de cinema de Cannes, França, em 2011, chegou escondido em um pen drive dentro de um bolo.

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MOSTRA

A CENSURA NA HISTÓRIA DO CINEMA: FILMES SELECIONADOS PELA CINEASTA LÚCIA MURAT Nesta mostra, a cineasta Lúcia Murat, que viveu intensamente o período da ditadura militar no Brasil, selecionou filmes censurados que influenciaram sua carreira e que são símbolos de momentos históricos de autoritarismo estatal.

PALESTRA

LÚCIA MURAT E VLADIMIR CARVALHO IMPRESSÕES SOBRE A CENSURA NO CINEMA Nesta conversa com o público, a cineasta Lúcia Murat explica o recorte curatorial dos filmes que serão exibidos durante os meses de junho e julho, dentro do projeto Cortina Fechada: Territórios da Arte. As histórias dos filmes se unem a relatos da sua juventude como presa política e o cenário de censura a artistas durante a ditadura militar. Como convidado especial, o cineasta Vladimir Carvalho, relata experiência de ter tido seu filme O País de São Saruê censurado pelo regime militar e ter vivido na clandestinidade.

Dia 6/6, terça, 20h Auditório Grátis |

Lúcia Murat é uma cineasta brasileira nascida no ano de 1948. Estudou economia e se envolveu com o movimento de política estudantil. Com a decretação do AI-5 em dezembro de 1968, entrou para o grupo MR-8. Presa em 1971, foi torturada e encarcerada por três anos e meio. Seu primeiro longa-metragem, o semi-documentário Que bom te ver viva (1988), estreou internacionalmente no Festival de Toronto e revelou uma cineasta dedicada a temas políticos e feministas. Vladimir Carvalho é um dos mais importantes documentaristas do país, foi corroteirista de Aruanda (1960), de Linduarte Noronha, um dos documentários que marcaram o início do Cinema Novo. Em 1962, foi assistente de produção da primeira fase de Cabra marcado para morrer (1984), de Eduardo Coutinho. Com o golpe militar de abril de 1964, Vladimir Carvalho e Eduardo Coutinho tiveram de interromper as filmagens e viver na clandestinidade.

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A CENSURA NA HISTÓRIA DO CINEMA

O PAÍS DE SÃO SARUÊ

Dia 13/6, terça, 20h Auditório Grátis |

(Dir. Vladimir Carvalho, Brasil, 1971, 80 min., P&B) Documentário sobre a região sertaneja do Rio do Peixe (localizada no polígono nordestino da seca, região fronteiriça entre Paraíba, Pernambuco e Ceará) e a evolução de suas atividades econômicas. Inspirado no título de um cordel do autor paraibano Manoel Camilo dos Santos, O País de São Saruê é um filme sobre a relação do homem e da terra. Em 1971, ano em que foi finalizado, O país de São Saruê foi selecionado para o Festival de Cinema de Brasília, porém, por decisão da Justiça, foi substituído por Brasil Bom de Bola, de Carlos Niemeyer, em que se mostra o jogador Pelé sendo recebido e abraçado pelo presidente Médici. Por mais de dez anos a censura no Brasil impediu que o filme fosse exibido.

A CENSURA NA HISTÓRIA DO CINEMA

Dia 20/6, terça, 20h Auditório Grátis |

MANHÃ CINZENTA

(Dir. Olney São Paulo, Brasil, 1969, 40 min., P&B) Baseado em conto homônimo de Olney São Paulo, o filme é uma alegoria de regimes autoritários, e é ambientado em um país fictício da América Latina. Retrata um casal de estudantes que segue para uma passeata onde o rapaz, um militante, lidera um comício. Eles são presos, torturados e sofrem um inquérito absurdo dirigido por um robô e um cérebro eletrônico. Ao longo de sua carreira, Olney São Paulo realizou algumas das produções fundamentais para a cinematografia do período, como Manhã cinzenta (1969) e Sob o Ditame do rude alma gesto: sinais de chuva (1976). Em 8 de outubro de 1969, a obra foi projetada em um voo sequestrado pela organização MR-8, motivo pelo qual o cineasta teve seu nome ligado aos revolucionários. Por esse motivo, Olney São Paulo foi preso, torturado e processado. Os negativos e cópias de Manhã cinzenta foram confiscados em 1969, mas duas cópias do filme ficaram guardadas por 25 anos na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

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A CENSURA NA HISTÓRIA DO CINEMA

SÃO BERNARDO

(Dir. Leon Hirszman, Brasil, 1972, 110 min., Cor) Paulo Honório é um sertanejo de origem pobre que, em uma empreitada financeira, se torna dono da decadente fazenda de São Bernardo em Viçosa, Alagoas. Determinado a fazer fortuna e ascender socialmente ele recupera a fazenda, consegue entrar para a economia rural e casa-se com a professora da cidade, Madalena. Os problemas começam quando as diferenças entre Paulo e sua esposa se acentuam.

Dia 27/6, terça, 20h Auditório Grátis |

Leon Hirszman foi um dos fundadores do Cinema Novo. Ainda estudante de Engennharia iniciou suas atividades em cineclubes e ligou-se a Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Oduvaldo Viana Filho, no movimento estudantil no Rio de Janeiro, tendo sido um dos fundadores do CPC – Centro Popular de Cultura, da União Nacional dos Estudantes. Em 1965, para evitar a repressão da polícia Hirszman refugiase no Chile. De volta no ano seguinte fundou a Saga Filmes que foi a falência com as dívidas de São Bernardo, interditado pela censura. 45


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A CENSURA NA HISTÓRIA DO CINEMA

Dia 4/7, terça, 20h Auditório Grátis |

BATALHA DE ARGEL

(Dir. Gillo Pontecorvo, Árgelia e Itália, 1966, 120 min., P&B) Entre os anos de 1954 e 1957, o povo da Argélia decidiu que não seria mais explorado: assim teve início o conflito que levou o país à sua independência. No entanto, a França, através de seu numeroso exército, não estava disposta a deixar que a Argélia se tornasse independente. Gillo Pontecorvo foi um cineasta italiano de origem judia, comprometido com a causa antifascista desde sua juventude. Durante a II Guerra Mundial fez parte da resistência contra o regime fascista e dedicou-se a fazer um cinema de denúncia com estilo documental.

O filme foi rodado em Argel, nos mesmos locais em que os fatos ocorreram, e foi censurado na França em 1966, apesar de ter conquistado o Leão de Ouro na Mostra de Venez. Em 2004, o filme teve finalmente uma reestreia na França, depois de uma passagem excepcional pelo Festival de Cannes, quando a Argélia comemorava seus 50 anos de independência. 46


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A CENSURA NA HISTÓRIA DO CINEMA

Z

(Dir. Costa-Gavras, Grécia, 1969, 120 min., Cor) Tendo como trama básica o assassinato de um político liberal cometido como se fosse um acidente, é retratado o caso Lambrakis, fato acontecido na Grécia no início da década de 1960, no qual a investigação sobre a morte do político foi escandalosamente encoberta por uma rede de corrupção e ilegalidade na polícia e no exército.

Dia 11/7, terça, 20h Auditório Grátis |

Costa-Gavras é um cineasta grego, naturalizado francês, que se notabilizou por seus filmes de denúncia política e, mais recentemente, de ficção social. Fez muitos filmes sobre os regimes ditatoriais, também na América Latina, dentre os quais um dos seus mais famosos, Desaparecidos, Um Grande Mistério (Missing), de 1982, que aborda a ditadura de Pinochet no Chile. Z foi ganhador do Oscar e Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e prêmio do jurado no Festival de Cinema de Cannes. Foi censurado no Brasil por ser considerado subversivo para o governo da época e somente pode ser exibido 12 anos depois do seu lançamento. 47


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A CENSURA NA HISTÓRIA DO CINEMA

Dia 18/7, terça, 20h Auditório Grátis |

EU VOS SAÚDO, MARIA

(Dir. Jean-Luc Godard, França, 1985, 108 min., Cor) Duas histórias paralelas são organizadas no filme para mostrar a difícil convivência entre corpo e espírito. A primeira é a de Maria, uma jovem estudante que trabalha no posto de gasolina do seu pai, e de José, um jovem que trabalha de taxista. A segunda história é a de um professor de ciências que estuda a origem da vida e que tem um caso com uma de suas alunas. Jean-Luc Godard é um cineasta franco-suíço reconhecido por um cinema vanguardista e polêmico, que tomou como tema e assumiu como forma, de maneira ágil, original e quase sempre provocadora, os dilemas e perplexidades do século XX.

Por ter um roteiro que praticamente recria a história da virgem Maria, o filme gerou polêmica e foi censurado em diversos países, inclusive no Brasil. No Festival de Cinema de Cannes um homem atirou uma torta com creme de barbear na cara do diretor Godard e o Papa João Paulo II afirmou que a película feria profundamente os sentimentos dos crentes. 48


CURSO

A CENSURA NO CINEMA

Com Luis Carlos Pavan e Careimi Ludwig Assmann O curso aborda a censura no cinema brasileiro e mundial, passando pelos mecanismos e regras que a sétima arte segue em nosso país e em outros países mundo afora. Entre os conteúdos do curso, estarão temas como: estratégias e rumos para sobrevivência aos tipos de censura; o cinema de autor e suas estratégias frente à censura; e os novos rumos das produções e as novas censuras/controles.

De 12/4 a 10/5, quartas, 19h30 às 21h30 Sala 2, 5º andar Torre A R$30 | R$15 | R$9

Luís Carlos Pavan, músico de formação, vivenciou o cineclubismo paulistano trabalhando nos cineclubes Bexiga e Oscarito como divulgador e programador. Desde 1997 desenvolve trabalho de pesquisa e composição de trilhas sonoras, organizando mostras de cinema mudo com acompanhamento musical ao vivo. Careimi Ludwig Assmann, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC (SP), desenvolve trabalhos de pesquisa sobre as conexões entre cinema, ciência, meio ambiente e educação. Desde 1997 atua como narradora de filmes mudos e produtora cultural.

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Edu Pimenta

Kriz Knack

SHOW

CALA A BOCA, BÁRBARAS

com Fabiana Cozza, Assucena Assucena e Raquel Virgínia Inspirado na peça Calabar - o Elogio da Traição, de Chico Buarque e Ruy Guerra, e no filme Terra em Transe, de Glauber Rocha, o espetáculo tem repertório de canções brasileiras censuradas. As personagens Bárbara e Ana de Amsterdam, da obra de Buarque e Guerra, saltam da obra para o palco e se revezam na pele das intérpretes.

Dias 31/3, 1 e 2/4, sexta e sábado, 21h; domingo, 18h Teatro R$40 | R$20 | R$12

Em cena, três personagens darão voz a diferentes personas sociais. O elenco será composto pelas intérpretes Fabiana Cozza, Assucena Assucena e Raquel Virgínia, as duas últimas do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira, que ganham pseudônimos tal qual os artistas, ativistas políticos, estudantes e outros que lutaram contra a ditadura militar no Brasil e foram perseguidos nessa época. O Espetáculo Calabar: O Elogio da Traição foi escrito no ano de 1973, em parceria com o cineasta Ruy Guerra. Foi um grande empreendimento ousado para época e empregava diretamente cerca de oitenta profissionais. No entanto, a censura do regime militar deveria aprovar e liberar a obra em um ensaio exclusivo para isso. Após três meses de intensa espera para aprovação da obra, sem motivo aparente algum, o general Antônio Bandeira, da Polícia Federal proibiu a estreia da obra e proibiu também que a própria proibição fosse divulgada ou noticiada. Tal situação gerou um grande mal estar nos atores que tiveram prejuízos homéricos em virtude da grandiosidade estética do espetáculo. Entre eles, o ator Fernando Torres. Somente seis anos após o episódio, uma nova montagem estrearia para o grande público liberada finalmente pela censura do período militar. 51


Camilla Guimaraes

SHOW

MPB 4 De 5 a 7/5, sexta e sábado, 21h; domingo, 18h Teatro R$40 | R$20 | R$12

O grupo vocal apresenta repertório preparado especialmente para este projeto, com peças que sofreram censura, seja de caráter político ou de costumes. MPB4 é um grupo vocal e instrumental brasileiro, formado em 1965. Seu repertório é marcado por composições de personalidades da música popular brasileira, como Noel Rosa, Milton Nascimento, Chico Buarque, João Bosco, Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc, Vinicius de Moraes e Tom Jobim. O cantor e compositor Adoniran Barbosa, cujas peças integram o repertório do show do MPB4, teve suas composições censuradas em 1973 por “falta de gosto”, de acordo com parecer da censora Eugênia Costa Rodrigues, no qual circulou palavras como “tauba”, “revorve” e “artormove”. Para liberar as letras, exigia a correção das palavras. Adoniran optou por não regravar as peças, já gravadas na década de 50, e manter assim uma de suas principais marcas, o uso do coloquialismo paulistano.

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Divulgação

Dia 15/4, sábado, 18h30 Auditório R$17 | R$8,50 | grátis

CONCERTO

PROGRAMA

CRISTIAN BUDU

Arnold Schoenberg (1874-1951) 6 Kleine Klavierstucke op.19

O pianista apresenta repertório de compositores censurados. Dentre eles, Scarlatti, banido pelo Papa Celementi XI; Arvo Part, compositor estônio ainda vivo, que sofreu censura soviética e se viu obrigado a deixar a URSS em 1980; e Shostakovich, que ao mesmo tempo em que sofreu censura, foi paradoxalmente um dos compositores da propaganda soviética.

Serguei Prokofiev (1891-1953) Visions Fugitives Op.22 1. Lentamente 2. Andante 3. Allegretto 4. Animato 5. Molto giocoso 6. Con eleganza 7. Pitoresco (Arpa) 10. Ridicolosamente 11. Con vivacita 12. Assai moderato 15. Inquieto Arvo Part (1935) Fur Alina Béla Bartók (1881-1945) 6 Danças Romenas Dmitri Shostakovich (1906- 1975) Prelúdios e Fugas op.87 N.1 - Dó Maior N.24 - ré menor 53


Eduardo Sardinha

Dia 22/4, sábado, 18h30 Auditório R$17 | R$8,50 | grátis

PROGRAMA

Mario Castelnuovo-Tedesco (1895-1968) Les Guitares bien tempérées Op. 199 Preludio y Fuga n.4 Preludio y Fuga n.18 Alexandre Tansman (1897-1986) Suite Cavatina Preludio Barcarole Danza Pomposa Fernando Sor (1778-1839) Gran Solo Op.14 Manuel De Falla (1876-1946) La vida breve Astor Piazzolla (1921-1992) Invierno Porteño Primavera Porteña George Gershwin (1898-1937) I got rythm

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CONCERTO

DUO SIQUEIRA LIMA O duo de violões formado por Cecília Siqueira e Fernando de Lima tem como principais características o virtuosismo técnico e entrosamento entre os instrumentistas. Nesse concerto, apresenta repertório de obras que sofreram censura ou cujos compositores, também por conta da censura ou perseguição política, tiveram de deixar seus países para continuar a produzir. Dentre as obras apresentadas estão algumas do compositor espanhol De Falla, que se exilou na Argentina após a vitória de Franco na guerra civil, e Tedesco, italiano de ascendência judaica que exilou-se na Califórnia em 1939, fugindo do fascismo, entre outros.


Valeria Mendonça

CONCERTO

FÁBIO ZANON O violonista apresenta repertório de obras ou compositores que tenham sofrido censura, seja por motivo político, seja religioso, ou ainda, por questões ligadas à sexualidade, sendo muitas vezes obrigados a deixar seus países de origem para poderem se expressar livremente. Dentre os compositores escolhidos, temos Peter Philips que em 1582 foi obrigado a se exilar da Inglaterra, por perseguição religiosa, devido ao fato de ser católico e Fernando Sor que, mesmo tendo lutado contra a invasão napoleônica na Espanha em 1808, foi taxado de traidor pelo fato de ter aceitado um cargo administrativo quando a França efetivamente ocupou o país.

Dia 24/6, sábado, 18h30 Auditório R$17 | R$8,50 | R$5

PROGRAMA

Peter Philips Chromatica Pavana Galliard to the Chromatic Pavan Fernando Sor Introdução e Variações sobre “Marlborough s’en-va-t’en Guerre”, op.28 Benjamin Britten Nocturnal, after John Dowland, op.70. Manuel de Falla Homenaje pour le Tombeau de Debussy Alexander Tansman Mazurka Oscar Esplá 2 Impressiones Levantinas Jan Nepomucen Bobrowicz 1a. Grande Polonaise, op.24

O músico Benjamin Britten, assumidamente homossexual e pacifista declarado no período da segunda guerra mundial, foi severamente perseguido pela mídia inglesa, a ponto de sair do país para os EUA em 1939. Mais tarde em sua carreira, uma de suas obras mais famosas, a ópera The Rape of Lucretia, foi taxada como obscena e censurada antes mesmo de estrear, e só foi permitida depois de diversas partes serem reescritas/removidas. 55


CICLO DE PALESTRAS MÚSICA E CENSURA*

*Todas atividades desse ciclo acontecem no CPF – Centro de Pesquisa e Formação O objetivo deste ciclo é desnudar as conexões que possibilitaram o diálogo entre artistas que, tomando a canção como meio de expressão, buscaram fazer da arte um espaço de engajamento e mobilização popular. De 19/6 a 5/7 segundas e quartas, 19h30 R$ 80 | R$ 40 | R$ 24 Inscrições a partir do dia 25 de maio, às 14h, pelo site do CPF Sesc sescsp.org.br/cpf ou nas Unidades do Sesc São Paulo. Telefone: 11-3254-5600

Dia 19/6, segunda, 19h30 às 21h30

EIS O LIXO DO MEU CANTO QUE É PERMITIDO ESCUTAR: RESISTÊNCIA E CONEXÕES TRANSNACIONAIS NA CANÇÃO ENGAJADA LATINO-AMERICANA.

Mariana Roseli

Aborda a experiência de resistência às ditaduras militares, período no qual ocorreu a aproximação entre músicos latino-americanos que fizeram de suas canções instrumentos de atuação política.

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Com Caio de Souza Gomes, doutorando em História Social pela FFLCH-USP, desenvolve pesquisas sobre as conexões transnacionais entre músicos latino-americanos nas décadas de 1960 e 1970.


ENTRE MUROS QUE CAEM E PONTES QUE UNEM: MÚSICA POPULAR, PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E EXÍLIO. Discute as experiências de músicos que, em virtude da participação política em seus países – Brasil, Argentina, Chile – sofreram perseguições e partiram para o exílio. Problematiza as vivências e sua relação com a produção musical antes, durante e depois do exílio.

Dia 21/6, quarta, 19h30 às 21h30

DA CANÇÃO DE PROTESTO À CANÇÃO GOVERNISTA: A NOVA CANÇÃO CHILENA DE FINS DOS ANOS 1960 A 1973. A palestra aborda as seguintes questões: como a chegada de Salvador Allende ao poder, em 1970, impactou o movimento da Nova Canção Chilena? É possível falar em uma mudança de enfoque no discurso engajado dos músicos?

Helena Duarte

Com Geni Rosa Duarte, doutora em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora dos cursos de licenciatura em História e pós-graduação em História da UNIOESTE.

Dia 26/6, quarta, 19h30 às 21h30

Com Sílvia Sônia Simões, possui graduação e mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com a dissertação Canto que ha sido valiente siempre será canción nueva: o cancioneiro de Víctor Jara e o golpe civil-militar no Chile.

Dia 28/6, quarta, 19h30 às 21h30

Fernandes

Aborda a Nova Canção Chilena, desde sua estruturação, desenvolvimento e término com a deflagração do golpe civilmilitar de 11 de setembro, e o papel exercido por Víctor Jara neste movimento artístico e político.

Ananda Simões

A NOVA CANÇÃO CHILENA E A DITADURA CIVIL-MILITAR NO CHILE

Divulgação

Com Natália Ayo Schmiedecke, mestra e doutora em História pela UNESP-Franca. Autora do livro Não há revolução sem canções: utopia revolucionária na Nova Canção Chilena, 1966-1973.

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A RESISTÊNCIA DA NOVA CANÇÃO CHILENA

Bruna Watanabe

Dia 3/7, segunda, 19h30 às 21h30

Violeta Estrela

Dia 5/7, quarta, 19h30 às 21h30

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Busca compreender os canais de resistência, meios de sobrevivência e ferramentas empregadas pela Nova Canção Chilena - com destaque para os grupos Quilapayún e Inti-Illimani para permanecer ativa e prosperar durante o exílio decorrente da ditadura militar chilena (1973-1990). Com Rafael Rodrigues Cavalcante, mestre e graduado em História pela UNESP-Franca tendo desenvolvido a sua dissertação de mestrado sobre o exílio da Nova Canção Chilena.

“TE DOU UMA CANÇÃO”: A MÚSICA DE SILVIO RODRIGUEZ E PABLO MILANES, PATRIMÔNIO DE UMA AMÉRICA DO FUTURO Aborda o estudo da criação artística e musical dos cantores e compositores cubanos Silvio Rodriguez e Pablo Milanes como parte do “Movimento Nueva Trova”, assim como o desdobramento de seus desempenhos musicais como exemplo de luta e resistência de esquerda nos espaços de Cuba, Latinoamerica e o Caribe, para depois transcender a um espaço patrimonial global como parte de uma história das inter-relações culturais e musicais no espaço atlântico. Com Julio Moracen Naranjo, antropólogo e doutor em Estudos da América Latina e Caribe pelo PROLAM-USP, com pós-doutorado na Université de Perpignan Via Domitia. Fez especialização em Antropologia na Universidade da Havana e Etnologia ed Etnoantropologia na Universitá Degli Studi Sapienza, Roma. Atualmente é professor do Patrimônio Cultural Imaterial da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH) - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), campus de Guarulhos.


Inteira Aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante Trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculados no Sesc e dependentes (Credencial Plena) Retirada de ingressos 1h antes na Central de Atendimento

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Apoio

Realização

Centro de Pesquisa e Formação Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar TEL.: +55 11 3254 5600 Sesc Vila Mariana Rua Pelotas, 141 TEL.: +55 11 5080 3000 sescsp.org.br


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