ESTAMPAGEM &
CONFORMAÇÃO
BRASIL
Stamping & Forming Magazine Brazil Revista de Corte, Estampagem e Conformação de Chapas, Arames e Tubos
Abril 2020
PERFIL DA EMPRESA:
TRUMPF
Indústria 4.0 na Estamparia - Realidade Possível? Compensação do Spring Back em Modernas Carrocerias Leves Comparação Ferramenta Convencional e Modular - Parte II Retorno Elástico em Dobra “V” de Aços de Alta Resistência RETROSPECTIVA I SEMINÁRIO ESTAMPAGEM
LANÇAMENTO: 1º CONGRESSO CONFORMAÇÃO METÁLICA
INDUSTRIAL Conheรงa sobre a revista HEATING Acesse: aquecimentoindustrial.com.br/ publicacoes/revista-industrial-heating-brasil Contato: contato@aquecimentoindustrial.com.br contato@grupoaprenda.com.br grupoaprenda.com.br (19)3288.0437
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CONTEÚDO
28 ABRIL 2020 - NÚMERO 2
ARTIGOS Indústria 4.0 Aplicada a Estamparias, Ferramentarias e a Produtos Estampados. Uma 23 ARealidade a Ser Alcançada? César Batalha, AutoForm, São Bernardo do Campo - SP
Já há algum tempo temos assistido à utilização do termo “Indústria 4.0” em tudo o que se relaciona ao emprego de IA (Inteligência Artificial), gêmeos digitais, digitalização, virtualização dentre outros conceitos, a ponto do mesmo chegar a ser visto como bordão de marketing, perdendo sua essência e todo o sentido por trás da 4ª revolução industrial pela qual estamos passando.
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Rumo à Compensação do Spring Back na Conformação de Partes Estruturais de Modernas Carrocerias Leves Mathias Liewald, Ranko Radonjic, David Briesenick, 39º Senafor, IFU Stuttgart - Alemanha
Atualmente, a indústria automotiva é desafiada pelo aumento das regulamentações ambientais, bem como pelo aprimoramento contínuo dos requisitos padrão em relação à segurança dos passageiros. Essas tendências levam ao aumento do uso de chapas de aços avançados de alta (AHSS) e de ultra alta resistência (UHSS) na produção de componentes de carrocerias leves.Ao formar esses materiais de chapa metálica, no entanto, surgem sérios problemas em relação ao springback dos componentes produzidos.
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Comparação do Sistema de Ferramenta Convencional e Sistema Modular para Estampagem Parte II Alex Matias, Marcos André Gonçalves, Marcos Déo Palata, Nédis Brito, Odirley Freitas, Rafael Correia Santos, UNISTAMP Indústria e Comércio Ltda - São Paulo
Esta pesquisa tem por objetivo a análise de dois tipos de processos de fabricação que utilizam ferramentais distintos, visando-se mostrar dentre eles, qual pode ser empregado para determinado tipo de fabricação e qual será mais aplicável a processos fabris que necessitem de constante mudança, tornando-o versátil e competitivo no que diz respeito ao mercado.
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Análise do Retorno Elástico no Processo de Dobramento em “V” em Aços de Alta Resistência Rafael Pandolfo da Rocha, Luis Fernando Folle, Bruno Cordeiro, Matheus Riffel, Thaís Morato Bueno, Lírio Schaeffer, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre (RS).
Embora sejam empregados na indústria automobilística massivamente, para fins de fabricação de veículos mais leves e resistentes, os aços avançados de alta resistência (AHSS), mais especificamente, os aços bifásicos, ou Dual Phase, possuem pouca referência na literatura brasileira, quanto ao seu comportamento mecânico, sobretudo quando analisado o fenômeno de recuperação elástica, ou Springback. ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 3
ESTAMPAGEM &
CONFORMAÇÃO
BRASIL
DEPARTAMENTOS
Stamping & Forming Magazine Brazil
04 Índice de Anunciantes
EQUIPE DE EDIÇÃO
07 1º Congresso Conformação Metálica
SF Editora é uma marca da Aprenda Eventos Técnicos Eireli (19) 3288-0437 Rua Ipauçu, 178 - Vila Marieta, Campinas (SP) www.sfeditora.com.br
09 Retrospectiva Seminário Estampagem
Lirio Schaeffer Editor, schaefer@ufrgs.br • (51) 99991-7469 Udo Fiorini Publisher, udo@sfeditora.com.br • (19) 99205-5789
11 Produtos 18 Perfil da Empresa: TRUMPF - Preparadíssimos para o Futuro
ÍNDICE DE ANUNCIANTES Empresa
Pág.
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27
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Combustol
3ª Capa
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Contemp
06
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Iago Emerick Publicidade, iago@grupoaprenda.com.br • (19) 3288-0437
Grupo Aprenda
08, 15, 39
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Portal Aquecimento Industrial
03, 13, 2ª Capa
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As opiniões expressadas em artigos, colunas ou pelos entrevistados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião dos editores.
TRUMPF
4ª Capa
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Gabrielly Guimel Redação - Diagramação, gabrielly@sfeditora.com.br • (19) 3288-0437 André Júnior Vendas, andre@grupoaprenda.com.br • (19) 3288-0437
COLUNAS 5
Editorial Brasil Produtividade das indústrias brasileiras de Estampagem de Chapas Metálicas
No início da década de 70 do século passado eu ridicularizava meus colegas da área agrícola dizendo: “o futuro do Brasil são os metais”. Naqueles anos, na agricultura perdíamos em produtividade para todo mundo.
12
Simulação Melhor Previsão do Springback com o Mat-Wizard Na última coluna, eu apresentei o Mat-Wizard, um desenvolvimento relativamente recente da ESI-Group, disponível no software PAM-STAMP V2019.5 (http://www.sixpro.pro/software/pam-stamp/).
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BrDDRG Estruturas veiculares na era da eletrificação Os carros elétricos vieram par ficar. Uma nova era se inicia, isso não pode ser negado, e ela terá reflexos em todos os elos da cadeia de manufatura. A pergunta que eu me faço, e muita gente que trabalha com chapas e ferramentaria com certeza também se faz, é: como os carros elétricos serão construídos?
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Alumínio Rota 2030: Otimização de Ligas de Alumínio!
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PHS Work Force Team Universo PHS - Estampagem à quente
4 ABRIL 2020
Um dos pontos chave para inovar é a colaboração! Baseado nisso, o Programa Rota 2030 enxerga na união de know-how, força e comprometimento de empresas do setor automotivo a oportunidade para lançar produtos, serviços e soluções inovadoras para o ramo.
Caros leitores, nesta edição o grupo “PHS Task Force” pretende ampliar o campo de informação do universo de estampagem, mostrando este tema com uma visão nacional e por isto, estamos convidando o especialista Dr. João Henrique Corrêa de Souza que tem atuado fortemente na região do sul do Brasil. ESTAMPAGEM
EDITORIAL
PRODUTIVIDADE DAS INDÚSTRIAS BRASILEIRAS DE ESTAMPAGEM DE CHAPAS METÁLICAS
N
o início da década de 70 do século passado eu
a produção de chapas (nossa matéria prima) nas últimas décadas e
“o futuro do Brasil são os metais”. Naqueles anos, na
possíveis níveis de crescimento. O que será que acontece com as
ridicularizava meus colegas da área agrícola dizendo:
agricultura perdíamos em produtividade para todo mundo. Daquela época até hoje a área plantada no Brasil não chegou sequer a dobrar, mas a colheita quintuplicou chegando a termos uma produtividade
que compete com o meio-oeste americano. Não é necessário detalhar aqui os dados do sucesso do agronegócio. Onde ficaram os metais? Em relação a manufatura de componentes tendo os metais como matéria prima quase nada aconteceu nestes últimos 50 anos.
Na área da conformação mecânica de um modo geral e em
particular a fabricação de componentes a partir de chapas metálicas é insignificante a competitividade da indústria brasileira, quando
comparado com vários países de destaque no mundo atual. Tentei fazer uma busca no Google, procurando descobrir como evoluiu
nada foi encontrado. A fabricação da matéria prima poderia indicar nossas empresas que trabalham com chapas metálicas? Por que
não somos competitivos? Por que não conseguimos ser grandes
exportadores de produtos manufaturados com matéria prima oriunda de chapas metálicas? Porque nesta área não ocorreu o mesmo do que ocorreu no agronegócio? Faltou-nos tecnologia? Na área de estampagem o “cavalo passou e não montamos”? O que houve?
No 1º Seminário de Tecnologia de Estampagem, organizado
pelo Grupo Aprenda, ocorrido em Belo Horizonte nos dias 27 e 28 de Novembro de 2019, debateu-se, entre outros, o assunto
relacionado à formação de Recursos Humanos no Brasil na área
de Estampagem. Como e onde são formados atualmente nossos
projetistas de componentes estampados ? Como e onde são formados
ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 5
EDITORIAL os nossos projetistas de ferramentas? Nossos operadores de prensas,
trabalho) pode servir de base para os projetos convencionais onde
grandes problemas nacionais da nossa área? Como nossas indústrias
e-erro”.
em quais escolas tem-se estas formações? Serão estes alguns dos
conseguem uma alta produtividade e se aprimoram com necessárias
normalmente as etapas finais de fabricação ocorrem por “tentativaO segundo artigo, envolvendo aços AHSS, tem origem no IFU
inovações tecnológicas? Com certeza a competitividade de nossas
(Instituto de Conformação Mecânica da Universidade de Stuttgart/
Outro assunto que não tem sensibilizado nossas empresas
(Springback), mas traz importantes informações de como fugir dos
indústrias passa pela solução destes tipos de problemas.
ligadas à Conformação de Chapas Metálicas refere-se ao baixo
número delas que se beneficiam da utilização da Lei do Bem. Esta
Lei permite o desconto do Imposto de Renda de todos investimentos realizados com Inovações Tecnológicas. Se as empresas interagem com os Centros Pesquisa (Universidades, Centros Tecnológicos, etc...) estes descontos podem chegar a 300 %. A Lei do Bem é
relativamente semelhante ao programa Rota 2030 que beneficia a
indústria automobilística e a indústria fabricante de autopeças . Os dados das empresas que fazem projetos para se beneficiar, deste
fantástico apoio dado pelo governo, encontra-se no site do MCTIC (Ministério da Ciência e Tecnologia, Indústria e Comércio). O
Alemanha). Esse trabalho foca também no Retorno Elástico
processos convencionais (que muitas vezes levam seis meses até o
início da produção) para se conseguir a qualidade dimensional e as
tolerâncias especificadas em aços AHSS. Os resultados mostraram
uma grande minimização do Retorno Elástico. O material analisado foi o DP 980. O Prof Liewald (Diretor do IFU) denominou essa
mudança de processo como “Estampagem Pendular”. São discutidos ainda efeitos do Endurecimento Cinemático e a Variação com a Deformação do Módulo de Young. São muitos novos aspectos
aos projetistas de componentes a base de AHSS, cada vez mais empregados pela indústria brasileira.
Mais uma vez: parabéns a SF EDITORA que aceitou o desafio
número de empresas é ridiculamente pequeno. O uso da Lei do Bem
de publicar a Revista ESTAMPAGEM no Brasil. Espera-se que
com as universidades. Como se trata de uma renúncia fiscal os custos
Uma boa leitura a todos.
é um excelente mecanismo para uma boa aproximação das empresas investidos nas universidades praticamente não implicam em gastos adicionais das empresas.
Em relação às informações que a Revista ESTAMPAGEM
& CONFORMAÇÃO nos abrilhanta nesta edição destacam-se
as quatro colunas (Coluna Simulação, BrDDRG, Aluminio: Rota 2030; PHS; e TRUMPF) bem como os quatro artigos técnicos, sobre os quais segue um pequeno comentário:
No artigo da UNISTAMP de São Paulo (Parte II) é discutido
o efeito de algumas variáveis do Processo de Estampagem, as
quais, quando não avaliadas a nível de projeto, podem inviabilizar
posteriormente a produção. Este trabalho dá continuidade à Parte I, apresentada na Edição de Agosto 2019.
Mais uma vez mostrando a importância dos processos de
Simulação Computacional a AUTOFORM (de São Bernado do
Campo /SP) discute a grande mudança conceitual que atualmente nos traz a 4ª Revolução Industrial.
Dois últimos artigos abordam ainda o emprego dos aços de
altíssima resistência mecânica ( AHSS – Advanced High-Strenght Steel), focando no uso de Aços Dual Phase (DP). Os aços DP se
caracterizam por possuir uma matriz ferrítica e uma segunda fase que consiste em uma duríssima martensita, formando ilhas. Um
artigo, desenvolvido no LdTM/UFRGS (Porto Alegre/RS) trata do Processo de Dobramento, onde é feita uma comparação entre o DP 600 e o DP 780 focando o Retorno Elástico (Springback). A quantificação do Fator de Retorno Elástico (mostrado no 6 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
nossas empresas aproveitem as informações divulgadas pela Revista. Lirio Schaeffer, Editor.
CONGRESSO
1º Congresso Conformação Metálica 1st Metallic Forming Congress Coordenador técnico: Prof Dr Mauro Moraes de Souza - Centro Universitário3 FEI 03, 04 e 05 de Maio de 2021 no Vinhedo Plaza Hotel, Vinhedo, SP
O
Grupo Aprenda é conhecido
patrocinadores.
cessão gratuita por empresas ou escolas,
e pelos seminários e cursos técnicos
na maneira com que são realizados os
menor do que quando realizado em local
metalúrgica. De ano a ano, os seminários
de eventos. Por exemplo, o local onde são
pelas revistas que publica
que organiza a nível nacional na área
se sucedem e são completados com novos temas solicitados pelos participantes.
Com isso o número de eventos se amplia
chegando à realização de um por mês nos últimos tempos. Como os temas algumas vezes são complementares, pensou-se em
encontrar uma maneira de agregar eventos por áreas próximas, aproveitando assim a
sinergia de participantes. Sejam ouvintes ou
Entretanto, algumas particularidades
seminários dificultavam essa agregação realizados esses eventos – em geral em
empresas ou em instituições de ensino.
Em sua maioria excelentes auditórios com
o custo de um evento é substancialmente pago. Isso permitia ao Grupo Aprenda
repassar a participantes e patrocinadores
essa vantagem, em forma de condições mais acessíveis de participação no evento.
Porém ao longo do tempo a pressão
muito boa estrutura estavam disponíveis,
por eventos maiores e mais completos foi
instituição ou indústria. Isso dificulta ou
das necessidades dos participantes como
mas geralmente em número reduzido por praticamente impossibilita a realização
de eventos simultâneos. Outro fator é o
custo. Logicamente, ao realizar eventos por
se tornando mais forte. Tanto por parte
de própria estrutura interna da empresa. A entrada no segmento de estampagem por
parte do lançamento da revista Estampagem & Conformação permitiu o acesso a uma área de fabricação bastante ampla em
nosso país. Um ano após o lançamento foi realizado o I Seminário de Tecnologia da
Estampagem, em novembro de 2019. Este evento foi seguido da realização do VII
Seminário de Tecnologia do Forjamento em dezembro do mesmo ano. Esta sequencia muito próxima de eventos similares fez
com que se tomasse a decisão de lançar um evento único. Que englobasse a área de conformação metálica como um todo.
Lançou-se então a idéia da realização
do 1º Congresso Conformação Metálica. A ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 7
CONGRESSO primeira data prevista seria em Novembro
deste ano, mas a pandemia do corona vírus nos levou a adiar para 2021. Assim a nova data passa a ser 03, 04 e 05 de março de
2021. Sendo o dia 03 dedicado às visitas
técnicas setoriais, ou seja, segmentadas em função do tema do seminário em que o
participante se inscreveu. E nos dias 04 e 05 serão apresentado os ciclos de palestras, em salas separadas, dos seguintes eventos que serão realizados em paralelo:
VIII Seminário Tecnologia do
Forjamento - 8th Forging Technology Seminar
Plaza Hotel, situado na cidade de Vinhedo,
realização dos seus seminários por parte
Estampagem - 2nd Stamping Technology
determinante na escolha do local foi o
pandemia Covid 19 de ter áreas maiores
II Seminário Tecnologia de
Seminar - Coordenador: Prof. Dr. Gilmar Batalha - Poli/USP
I Seminário Manufatura Aditiva
Metálica / Tecnologias Metalurgia do Pó -
1st Metal Additive Manufacturing Seminar / Powder Metal Technologies
O congresso será realizado no Vinhedo
8 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
interior de São Paulo. Um fator que foi
fácil acesso. A partir de várias estradas que cortam a região, vindas do Aeroporto de
Viracopos, interior do estado ou da capital São Paulo, distante apenas 80 km de Vinhedo.
Outro fator importante que motivou
a escolha de locais mais amplos para a
do Grupo Aprenda foi a necessidade pós de coffee break e disponibilidade de
espaçamento maior dos assentos nas
salas de palestras. Só possível em salas
de eventos modulares. Como é o caso do
hotel escolhido para sediar o 1º Congresso Conformação Metálica.
RETROSPECTIVA
Retrospectiva I Seminário Estampagem Prof. Dr. Paulo Roberto Cetlin, UFMG 3
1° Seminário Tecnologia de Estampagem
E
m 27 e 28 de Novembro de 2019 o Grupo Aprenda promoveu
o 1º Seminário de Tecnologia
da Estampagem no Brasil. Realizado em Belo Horizonte no auditório da UFMG,
- Princípios Fundamentais para a
Competitividade da Indústria Brasileira na
na Conformação de Chapas Metálicas -
Lirio Schaeffer, UFRGS
Cardoso, AutoForm do Brasil
Área da Conformação de Chapas - Prof Dr - Avaliação do Atrito em Simulações
Universidade Federal de Minas Gerais, o
de Processos de Estampagem e sua
do Prof. Dr. Paulo Roberto Cetlin do
Filho, Leandro Guimarães Cardoso,
evento contou com a coordenação técnica Departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia da UFMG. Programação:
Uma rica e extensa programação de
palestras foi apresentada nos dois dias do seminário:
- O Que é e Como Se Passa o
Envelhecimento de Chapas de Aço? – Prof. Dr. Paulo Roberto Cetlin, UFMG
Prof. Dr. Lirio Schaeffer, LdTM / UFRGS
- Elementos Chave para a Industria 4.0
Influência nos Resultados - Jocilei Oliveira
Jocilei Oliveira Filho, Leandro Guimarães - Smart Monitoring System – a
resposta da Schuler à Indústria 4.0 -
Elienai Elisio Pereira, Prensas Schuler - Transformação de Superfícies
AutoForm do Brasil
Utilizando o OmniCAD – Prof. Dr.
Estamparias: Laser Blanking e Automatic
Process
- Tendências Tecnológicas para
Racking System - Gerson Ricardo da
Silva, Fábio Fernandes Bitencourt, Prensas Schuler
- Produtividade, Redução de Custos
e Gestão - Soldagem na Indústria 4.0 Ronaldo Heanna, Air Products
Alisson Duarte, SixPro Virtual&Practical - Estampagem na Indústria
Automotiva – Prof. Dr. Marco Antonio
Colosio, Diretor da Regional SP da SAE BRASIL / Engenharia de Produto da General Motors América do Sul
- Características da Folga de Corte/
Prof. Dr. Paulo Roberto Cetlin, UFMG ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 9
RETROSPECTIVA
Gerson Ricardo da Silva, Prensas Schuler
Ricardo Viana, SixPro Virtual&Practical Process
Prof. Dr. Alisson Duarte, SixPro Virtual&Practical Process
Fernando Okigami, MSC Software
Elienai Elisio Pereira, Prensas Schuler
Prof. Dr. Marco Antonio Colosio, Gerente Técnico de Engenharia de Produtos- General Motors
Cisalhamento na Perfuração de Chapas,
Luiz Silveira e Silva, Aethra
Variáveis do Processo - Diogo Pedroso,
Correções de Springback - Pedro
Tendências e Correlação com as Demais Unistamp
- PHS e Soldagem: uma Abordagem
Completa via Simulação Numérica,
- Simulação de Estampagem III:
Henrique Mendes Ferreira, Aethra
1º Congresso de Conformação Metálica
- 1º Seminário de Tecnologias
Metalurgia do Pó, Manufatura Aditiva Metálica, MIM, Sinter Hip,
- 2º Seminário de Conformação e
Aplicação de Aços de Alto Desempenho - 7º Seminário de Tecnologia do
Fernando Okigami, MSC Software
No final do evento o organizador do
Forjamento
Painéis Externos Automotivos - Ricardo
Eventos Técnicos apresentou aos presentes
Novembro, serão realizadas visitas técnicas
Tecnologia da Estampagem: 16 a 18 de
realizado o ciclo de palestras em salas
- Estratégias de Compensação de
Antonio Micheletti Viana, SixPro Virtual&Practical Process
- Simulação de Estampagem I:
Análises de Springback – Túlio Henrique Peixoto Costa, Aethra
- Simulação de Estampagem
II: Definições de Estratégias para
Compensação de Springback - Gustavo 10 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
evento, Udo Fiorini, da empresa Aprenda a data de realização do 2º Seminário de Novembro de 2020. A ser realizado no
Hotel Vinhedo Plaza, situado em Vinhedo, interior de São Paulo. O evento fará
parte do 1º Congresso de Conformação Metálica, que englobará também a realização dos seguintes eventos:
No primeiro dia do Congresso, 16 de
a empresas. Nos dois dias seguintes será
separadas. O coordenador do 1º Congresso de Conformação Metálica será o Prof. Dr. Mauro Moraes de Souza, Professor no
Centro Universitário FEI, Departamento Engenharia Mecânica.
PRODUTOS Medições de distância em tarefas de posicionamento de robôs Sensores de distância a laser para grandes faixas de medição
O AutoForm-Sigma permite o usuário analisar e aperfeiçoar a robustez dos produtos Na produção em série de veículos, várias etapas de produção são automatizadas e executadas usando processos de fabricação modernos baseados em tecnologias inovadoras. Sensores de precisão são uma parte essencial da produção automotiva. Eles permitem que os robôs de montagem localizem as posições de instalação dos componentes com precisão milimétrica. Isso também é válido para a montagem do cockpit. As carrocerias do veículo se
AutoForm-Sigma®
O AutoForm-Sigma permite o usuário analisar e aperfeiçoar a robustez dos produtos estampados e a consistência de seus processos. O software proporciona uma visão aprofundada e transparência no processo de conformação no estágio inicial de engenharia. Ele nos permite identificar
movem em ciclos para a respectiva posição na linha de montagem. A carroceria do carro deve parar exatamente na posição pretendida. Essa é a única maneira de garantir uma instalação suave através do robô, que deve guiar o cockpit entre as colunas A e B para dentro do veículo. A posição correta na qual a carroceria do carro deve parar é determinada pelos sensores a laser opto NCDT ILR10308 / LC1 da MicroEpsilon, Alemanha. Eles são particularmente adequados para essas e outras aplicações comparáveis devido ao seu curto tempo de resposta. O sensor está localizado no mesmo lado da linha de montagem que o robô de montagem para instalação do cockpit. As medições são realizadas a 100 Hz na altura das colunas A e B do veículo e a uma distância de aprox. 600 a 700 mm.
O sensor emite pulsos curtos de laser. Quando o carro chega em uma esteira, a luz do laser atinge o pilar A e é refletida de volta à ótica do sensor. O sistema de medição é configurado de forma que, na próxima vez em que atinja a coluna B, ele envie um sinal de saída analógico de 4 - 20 mA ao PLC, o que finalmente faz com que a correia transportadora pare. O veículo está agora posicionado corretamente e a garra com o cockpit é ativada pelo PLC. A garra agora pode guiar o cockpit entre as colunas A e B até a posição de instalação pretendida dentro da carroceria. As vantagens do sensor incluem fácil integração na linha de produção, laser classe 1, que não requer medidas de proteção adicionais para os funcionários e sua independência de superfície.
quais parâmetros de projeto influenciam a qualidade da peça e em que extensão. Também oferece suporte na determinação de medidas de correção apropriadas durante o try-out e a produção. Além disso, identifica as medidas corretivas que não têm nenhum efeito e aquelas que oferecem uma chance real de resolver o problema em questão. Com esta informação, pode-se facilmente identificar regiões críticas na peça, as medidas que podem ser tomadas para resolver tais questões, assim como o efeito que estas medidas terão em outras regiões. Analisando o desempenho do processo e, em particular, a capacidade do processo, pode-se validar o processo de estampagem,
minimizar rejeições de peças e maximizar a eficiência da produção. Com o AutoFormSigma o usuário atinge suas metas de qualidade graças ao processo de manufatura mais eficiente e estável. Vantagens: • Melhoria sistemática do processo • Estabilidade e confiabilidade do processo de conformação • Processo de manufatura consistente • Número de rejeições de peças estampadas reduzido ao mínimo • Ciclos de correção e custos associados reduzidos ao mínimo Recursos principais: • Variação automática dos parâmetros de projeto • Identificação dos parâmetros de projeto mais determinantes • Determinação do ruído e da variabilidade dos parâmetros de processo • Determinação da capacidade do processo • Simulações múltiplas automáticas ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 11
SIMULAÇÃO
››
MELHOR PREVISÃO DO SPRINGBACK COM O MAT-WIZARD
N
a última coluna, eu apresentei o Mat-Wizard, um
desenvolvimento relativamente
recente da ESI-Group, disponível no
A
A
software PAM-STAMP V2019.5 (http:// www.sixpro.pro/software/pam-stamp/). Esse recurso é baseado no encruamento
cinemático de Yoshida-Uemori e permite ao profissional de estampagem simular o springback com maior precisão.
A-A
0.500 0.300 0.100 -0.100 -0.300 -0.500
Referência Springback
Fig. 2. Quantificação do springback obtido com o Mat-Wizard
Fig. 3. Vista comparativa da seção A-A
desenvolvimento em conjunto com a VOA
por simulação (vermelho) e o CAD do
O modelo Yoshida-Uemori, aplicado
alguns benefícios desse recurso. No passado,
na Fig. 1, observa-se que houve distorções
condição, permitindo ao projetista propor
Desta vez, eu estou trazendo um
Ferramentaria, no qual nós utilizamos havia sido realizada uma simulação de previsão do springback, tendo essa se
diferenciado bastante da prática, levando
à maiores correções práticas da ferramenta durante o tryout. Vale ressaltar que
previsões imprecisas do processo podem levar a aumento de custos e de tempo
na entrega da ferramenta ou produto,
justamente por demandarem mais atividades de tryout, usinagem e Engenharia.
Agora, utilizando-se o PAM-STAMP,
verificou-se uma previsão de springback
condizente com os resultados em prática. Sobrepondo a peça final estampada
Referência Springback
Fig. 1. Comparação entre peça estampada por simulação e CAD de referência 12 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
produto desejado (azul), como mostrado
geométricas na peça estampada. A região
em vermelho na figura mostra distorções acima da referência, enquanto a região
em azul mostra que as distorções estão
abaixo da referência. Quantitativamente, é possível observar através da Fig. 2 valores
de springback de até 3.4 mm em relação ao CAD de referência. Os valores positivos
neste caso, prevê com clareza esta
modificações no produto ou no processo
para eliminar ou minimizar este efeito antes de partir para a construção das ferramentas. Assim conclui-se que é importantíssimo
utilizar modelos adequados para a previsão
do springback, principalmente em materiais complexos.
de springback indicam uma geometria
Agradecimento: A Sixpro gostaria de
negativos indicam uma geometria abaixo
desenvolvimento em conjunto relatado nesta
distorcida acima da referência e valores
agradecer a VOA Ferramentaria pelo
da referência.
coluna.
o springback é por seções, como
Ricardo Viana é gerente técnico na Sixpro
Fig. 3. Observa-se que a peça estampada
em consultoria com o auxílio da simulação
acentuado na ponta da chapa, além de
UFMG. Especialista em simulação do processo de
da peça. Essa configuração, também
full process, compensações de springback
difícil de ser corrigida em prática e se
simulações de estampagem à quente/ ricardo@
Uma outra maneira de visualizar
exemplificado através da seção A-A na
Virtual&Practical Process, empresa especializada
(vermelho) apresenta um springback
computacional. Engenheiro Mecânico pela
exibir uma “barriga” típica na parede
estampagem. Possui experiência em factibilidade,
conhecida como “wall side bend”, é muito
para painéis externos e produtos estruturais e
dá pela “memória” da dobra e desdobra
sixpro.pro.
da chapa ao passar pelo raio de entrada.
BrDDRG
››
ESTRUTURAS VEICULARES NA ERA DA ELETRIFICAÇÃO
O
s carros elétricos vieram par ficar. Uma nova era se
emoções, identidade, status, falam um pouco da personalidade do
em todos os elos da cadeia de manufatura. A
economias.
inicia, isso não pode ser negado, e ela terá reflexos
pergunta que eu me faço, e muita gente que trabalha com chapas
seu dono. Definem as cidades, os ritmos da vida. Impulsionam Os automóveis que fabricamos são fruto de mudanças
e ferramentaria com certeza também se faz, é: como os carros
incrementais realizadas paulatinamente, a cada novo lançamento,
usados, quais materiais, quais geometrias? Os estampados ainda
modelo trouxe uma nova tecnologia ou acessório, um novo
elétricos serão construídos? Que tipo de componentes serão
são a solução mais adequada? Antes de responder a essa pergunta devemos dar uma olhada na razão dos automóveis serem como são. Como chegamos a estrutura de Body in White que temos
em um processo lento de melhoria através dos anos. Cada novo material, uma estrutura um pouco melhor, um pouco mais segura, até atingirmos o que temos hoje.
Nós, engenheiros, adoramos inovações, mudanças, melhorias
hoje?
radicais, disruptivas. Porém, ainda temos muita dificuldade em
Da mesma forma, influenciam nas formas consideradas bonitas,
de cada vez! Para exemplificar essa afirmação, a Fig. 1 mostra
Necessidades e gostos variam com a época e seus modismos.
atraentes ou ideais para um determinado produto. O design e
o projeto precisam caminhar juntos, assim o “feasibility” acaba
implementar muitas mudanças ao mesmo tempo. Um problema uma típica carruagem, com tração animal.
A Fig. 2 seguinte mostra um dos primeiros automóveis
permitindo mais liberdade para o design. Da mesma forma, a
híbridos construídos, um Brougham 1904, da empresa
derrubar os limites existentes dos processos.
Voitures Électriques Système Kriéger). Na época ele já contava
necessidade de criar formas inovadoras motivam os engenheiros a De todas as tecnologias, a automotiva é a que mais
influenciou a sociedade humana até hoje. Muito mais do que nos transportar do ponto A ao ponto B, os automóveis transmitem
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francesa Kriéger Company of Electric Vehicles (Société des
com sistema regenerativo de frenagem, motor a combustão para auxiliar as baterias e motores acoplados nas rodas dianteiras.
Na verdade, dá para imaginar um outro meio de tração. Seria
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RECEBA
ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 13
BrDDRG
›› bomba relógio ambiental que está prestes a explodir, nos forçando a tomar uma atitude ou perder o planeta.
Hoje estamos vivendo um segundo
nascimento, ou um renascimento, da
eletrificação automotiva. E da mesma
forma que aconteceu no início do século
XX, será que hoje os carros elétricos não
se parecem demais com os carros movidos a combustão?
Quando pensamos nos carros
Fig. 1. Carruagem, com tração animal.
elétricos, muito mais do que somente retirar o motor a combustão e seus
periféricos, mantendo o resto mais ou
menos igual, precisamos passar a limpo todos os conceitos que levaram ao que temos hoje em estrutura automotiva.
De forma simplificada, podemos nos
perguntar:
1 - O que devemos tirar?
2 - O que devemos manter? 3 - O que podemos criar?
Como você responderia às três
perguntas acima?
São 3 perguntas muito importantes,
pois trazem influenciam diretamente nas
decisões de investimento das indústrias de manufatura.
Dentre as coisas que precisamos
manter, com certeza a SEGURANÇA PASSIVA é vital. Mesmo com toda a tecnologia embarcada, acidentes
eventualmente acontecerão. Continuamos na missão de buscar melhores projetos
Fig. 2. Primieiro automóvel híbrido construído só engatar uma junta de cavalos na frente
elétricos ficou cada vez mais difícil. E,
primeira imagem.
de motores a explosão acabou por sufocar
e pronto, não ficaria muito diferente da Comparados com carruagens de
tração animal as carruagens elétricas
tinham algumas vantagens, já que, em
como consequência, o desenvolvimento
quase que totalmente o desenvolvimento da eletrificação veicular.
É quase inacreditável, mas mesmo
questão de autonomia, manutenção e
com tanto desenvolvimento tecnológico,
bastante a desejar. Porém, assim que
a 120 anos atrás, porém com novos
disponibilidade, os cavalos deixavam a tecnologia de motores a combustão
começou a ficar mais eficiente, a vida dos 14 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
hoje estamos de volta aonde estávamos
materiais, novas baterias, novos processos de fabricação. E, é claro, com uma
estruturais, combinados a materiais
de alta resistência e alta capacidade de
absorção de energia. Isso me faz acreditar
que componentes estampados continuarão sendo a espinha dorsal das estruturas
veiculares, pois são ainda a melhor solução para combinar resistência e baixo peso. Vamos acompanhando!
João Henrique Coorea de Souza é secretário nacional da BrDDRG.
ALUMÍNIO
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ROTA 2030: OTIMIZAÇÃO DE LIGAS DE ALUMÍNIO!
U
m dos pontos chave para inovar é a colaboração!
interesse das empresas participantes em gerar tecnologia para
união de know-how, força e comprometimento
Brasil. Sabendo-se que para cada 10% de redução de peso
Baseado nisso, o Programa Rota 2030 enxerga na
de empresas do setor automotivo a oportunidade para lançar produtos, serviços e soluções inovadoras para o ramo.
É preciso ouvir quem entende do assunto para inovar:
os clientes. Assim, pensando na necessidade de melhorar o
desempenho energético dos automóveis, aliado a um custo-
benefício ideal ao consumidor e, ainda, a uma constante busca
itens de qualidade aos consumidores finais de automóveis no nos automóveis estima-se um aumento em torno de 5% em
eficiência energética, esse projeto com foco em alumínio tornase essencial. Além disso, a utilização de ligas de alumínio,
material com alta absorção de energia, contribui, ainda, para a segurança veicular.
Sem dúvida é necessário entender o comportamento do
em reduzir os níveis de CO2 , a iniciativa de se lançar novas ligas
material antes mesmo de aplicá-lo em peças produzidas por
Automobiles (FCA), Companhia Brasileira de Alumínio
da superfície “classe A”. Além disso, é importante não
de menor densidade foi assinada pelas empresas Fiat Chrysler
(CBA), Novelis, Aethra, SIXPRO Virtual&Practical Process e CIT Senai Fiemg.
O projeto “Otimização de Ligas de Alta Resistência
de Alumínio” une exatamente o conceito da Rota 2030 e o
estampagem, como itens estruturais ou outros que necessitam somente investigar o comportamento do material em serviço, mas também analisar o processo de fabricação de maneira
experimental e via simulações, como mostrado nas Figs. 1 a 4.
Firmado pelo conceito de inovação e sustentado por alguns dos
ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 15
ALUMÍNIO
››
Fig. 4. Impacto simulado pela Virtual CAE
pilares da Indústria 4.0, cada vez mais presente em nosso mercado, o uso da
simulação, por exemplo, poderá conferir ao projeto segurança e confiabilidade
Fig. 1. Propriedades do alumínio previstas via JMatPro Temperatura [Cº] 1150 1100 1050 1000 950 900 850 800 750 700 650 600
nos resultados destas ligas. Além
disso, a redução de tryouts e outros
custos envolvidos conferem agilidade e impactos positivos, contribuindo com
o desenvolvimento sustentável de nossa indústria automotiva.
O Rota 2030 é uma estratégia
elaborada pelo Governo Federal para
desenvolvimento do setor automotivo
no país e tem como objetivo ampliar a
inserção global da indústria automotiva brasileira, por meio da exportação de veículos e autopeças. Fazer parte de
alianças e agregar valor a sua empresa é dar um salto expressivo em direção ao
Fig. 2. Laminação de chapa metálica simulada via QForm
reconhecimento e sucesso a longo prazo. Em tempos de crise, retirar o “s”
desta palavra não é um desfalque, é fazer com que você “crie” oportunidades e
movimente-se. Instituições que queiram inovar necessitam de estratégias que
orientem para caminhos de otimização e
crescimento. Consórcios como esse estão trilhando este caminho, e você?
Mariana Medeiros, Engenheira Metalurgista pela PUC-MG atua no Departamento Comercial da Sixpro Virtual&Pratical Process, empresa Fig. 3. Estampagem de painel externo, superfície classe A, simulada via PAM-STAMP 16 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
especializada em simulação computacional.
MaterialSeries
››
UNIVERSO PHS - ESTAMPAGEM À QUENTE
C
aros leitores, nesta edição o
chamado aço PHS), fácil de ser fabricado,
realidade. A crise atual veio só a reforçar a
pretende ampliar o campo de
disso, com ele fica muito mais viável lidar
dutiva, competitiva, dentro de nosso país
que se tornaria praticamente indomável
estudo em específico, que está iniciando
1500 MPa.
LdTM, grupo do Professor Lírio Schae-
grupo “PHS Task Force”
[1]
informação do universo de estampagem, mostrando este tema com uma visão
nacional e por isto, estamos convidando
o especialista Dr. João Henrique Corrêa de Souza
[2]
que tem atuado fortemente
e de custo relativamente baixo. Além
com o retorno elástico na conformação, com níveis de resistência da ordem de
Hoje podemos afirmar que o processo
na região do sul do Brasil, mais especifi-
está em constante evolução desde sua
nossos colaboradores que gentilmente nos
principais frentes de pesquisa são:
camente no Rio Grande do Sul e é um de forneceu sua visão deste segmento, como
introdução a cerca de 20 anos atrás. As • Técnicas de aquecimento mais efi-
seguem suas palavras:
cientes (inclusive com patente brasileira);
com participação de várias institutos de
ção (sensorização de prensa e ferramenta,
gando a 20 anos desde o primeiro boom
red properties, monitoramento em tempo
“É um tema de repercussão nacional,
pesquisas e universidades. Estamos chedo processo de Hot Stamping na Europa, no início da primeira década do nosso
século. O potencial do uso do processo de Hot Stamping no Brasil é maior do que
em outros países que já o utilizam a mais
• Controle do processo de conforma-
controle de zonas de resfriamento, taylo-
importância de gerarmos capacidade proA exemplo deste universo, cito um
na UFRGS de Porto Alegre, dentro do ffer, sob a coordenação do bolsista de
doutorado Diego Alba. Entre os objetivos do projeto estão o desenvolvimento de
modelos de falha dúctil, caracterização do material e desenvolvimento da infraes-
trutura do Centro de Tecnologia para a
tecnologia de Hot Stamping. Conta ainda
com a participação do instituto de pesquisas alemão IBF [3].”
O grupo PHS Task Force, centraliza-
real, etc.);
do no IPEN/SP, tem apoiado iniciativas
com 2000 MPa, aços ligados ao Nióbio
contribuição está na integração da cadeia
• Desenvolvimento o aço PHS (aço
desenvolvidos no Brasil);
• Uso de revestimentos alternativos ao
dentro do setor automotivo e a sua maior nacional de conhecimento de produtos e processos em aços de alto desempenho. Obrigado e até a próxima coluna.
tempo, por algumas razões sobre as quais
AlSi, com destaque para o ZnFe.
conformadas a quente continua sendo um
desenvolvimento de modelos teóricos
Referências
mento maior quando comparado a proces-
na simulação.
[2] https://www.linkedin.com/in/joaohcde-
tura aditiva, controle de desgaste, projeto
[3] http://cbcm-metalforming.com/
discorro aqui. O fornecimento de peças
nicho promissor, com retorno do investi-
sos de estampagem convencionais já bem estabelecidos. Porém a necessidade de
investimento é alto, o que, no seu início, o fez ser visto com um certo descrédito
• Caracterização do material e
avançados para previsão de falhas ainda • Técnicas de ferramentaria (manufa-
No momento temos projetos de pes-
quisa aplicada sendo desenvolvidos com
mesmo destino do Hidroforming a vinte
leiras. Esses esforços são essenciais para
tecnológico passageiro. Não era.
mercado. Novos projetos estão sendo ges-
anos atrás, não sendo apenas um modismo Quem fez investimentos saiu na fren-
te. Se por um lado o processo trouxe mais complexidade à estampagem convencional, por outro lado temos um aço meta-
lurgicamente simples (22MnB5, também
souzametalforming/
de canais de refrigeração, etc.)
pelas indústrias. A dúvida, para exemplificar, era saber se Hot Stamping teria o
[1] http://materials-series.com.br/
algumas importantes indústrias brasi-
que consigamos ser competitivos nesse
tados, por meio de parcerias entre centros de pesquisa, universidades e as indústrias metal-mecânicas. O momento é propício para investirmos em gerar conhecimento e alternativas eficientes para a nossa
ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 17
PERFIL DA EMPRESA
TRUMPF: PREPARADÍSSIMOS PARA O FUTURO
Fig. 1. O CEO da TRUMPF Brasil, João C. Visetti (à esquerda), durante evento de inauguração da primeira linha de corte e dobra 4.0 das Américas, na estamparia da Randon Implementos. Foto: João Carlos Lazzarotto
Por Marcus Frediani
Embora incertezas existam, a TRUMPF Brasil continua firme, atualizada e totalmente preparada para, com proatividade e lado a lado aos seus clientes, vencer todos os desafios que vierem pela frente.
A
TRUMPF é uma empresa
fazer mais sentido sua produção local. A
soluções de produção nos
produzida localmente ser muito mais lenta,
de alta tecnologia que oferece
produção nacional parou devido à máquina
setores de máquinas-ferramenta utilizadas
cara e com menos recursos de programação
no processamento de chapas flexíveis,
do que a feita na Alemanha. Com a abertura
bem como no segmento de eletrônica e
do mercado no Brasil, decidimos oferecer
lasers para aplicações industriais. Fundada
um produto de última geração, por menos
como oficina mecânica por Christian
que o produzido localmente. Assim, toda a
Trumpf, em 1923, na cidade de Stuttgart,
nossa oferta ao mercado brasileiro passou e
na Alemanha – fabricando itens como
continua sendo de máquinas e equipamentos
desbastadoras, chanfradoras e máquinas
importados”, conta João Carlos Visetti,
de nipple –, a companhia evoluiu gradual
CEO da TRUMPF Brasil.
e consistentemente desse formato inicial,
Desde que começou a atuar dessa
ao longo de décadas, para se transformar
forma, a recepção dos clientes brasileiros
na gigante de alta tecnologia global que é
Fig. 2. João C. Visetti, CEO da TRUMPF Brasil
vêm sendo bastante responsiva. Tanto que
subsidiárias, que empregam perto de 14.500
comercializando seus produtos por aqui
vendas em torno de 68% ao fim do ano
no fornecimento de um enorme portfólio de
vendas da também alemã Ferrostaal. “Como
hoje. Sua estrutura atual integra mais de 70 funcionários ao redor do planeta e atuam
máquinas e equipamentos, cujas vendas lhe proporcionaram € 3,8 bilhões no ano fiscal de 2018/2019.
A TRUMPF começou sua história
no Brasil em 1981, com a instalação de
uma unidade de produção em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, 18 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
por meio de uma parceria com a área de
naquele tempo o mercado de importação de máquinas com Comando Numérico
Computadorizado (CNC) não era permitida pelo governo, a empresa as produzia em sua
unidade de Itapecerica da Serra. E foi assim até a abertura de mercado, quando, com a
possibilidade de importá-las, passou a não
a TRUMPF Brasil registrou aumento de
fiscal 2018/2019, encerrado em 30 de junho do ano passado. Os dados apontam vendas totais de R$ 177 milhões, ante R$ 105
milhões no período anterior. A entrada de pedidos cresceu 51%, chegando a R$ 172 milhões (R$ 114 milhões no ano fiscal
2017/18). O resultado confirma a liderança
da TRUMPF como fornecedora de sistemas e tecnologia laser para corte, dobra, solda
PERFIL DA EMPRESA sem dúvida alguma, uma empresa dona
de uma estrutura robusta, com operação solidificada para atender a seus clientes nas mais diferentes regiões do país,
bem como de dar suporte às operações do Grupo TRUMPF na América
do Sul. A fim de atender a crescente
demanda das máquinas e equipamentos industriais que levam sua marca, além de moderníssimas instalações de sua
sede localizada em Barueri, na Grande
São Paulo, a companhia apresenta ainda Fig. 3. A solução integrada via TruTops FAB permite a integração de equipamentos e tecnologias de outros fabricantes às máquinas TRUMPF. Foto: Divulgação
(incluindo cabeçotes para soda remota),
uma segunda máquina para melhorar
metálicas no Brasil. Dentro da proposta de
das máquinas novas terem um custo de
puncionamento e marcação de chapas
sustentabilidade, ela é a única a fornecer
o laser verde voltado à solda de cobre, este
tipo laser tem grande campo de aplicação na solda de baterias, principalmente para eletromobilidade (veículos elétricos) e
celulares ao mercado local. O laser verde é melhor absorvido pelo cobre, devido ao
seu comprimento de onda, proporcionando uma maior produtividade com a mesma
potência e consumo. Dessa forma, é possível obter, com o laser verde, o mesmo resultado de solda da máquinas convencionais, em
a produção”, destaca Visetti. Apesar
manutenção baixo, o setor de Services teve
alta de 45% no período. A explicação é que muitas máquinas que estavam desativadas voltaram à operação. E isso, entre outras coisas, demandou a reposição de peças e
alguns trunfos, como a manutenção de
uma equipe altamente capacitada no país,
composta atualmente por 70 funcionários, sendo 50 nas áreas de assistência técnica, treinamento e engenharia de aplicação, além de mais de 30 parceiros, sendo a
maioria regionalizada, ou seja, próximo aos clientes, e cerca de 30 parceiros atuando na área de assistência técnica.
“Nesse ponto em especial, o do capital
consumíveis e a geração de novos contratos
humano, trabalhamos rapidamente para
da equipe diferenciada e única no Brasil
inigualável, e investimos de forma constante
de manutenção, o que veio coroar o trabalho formada de representantes comerciais e vendedores, engenheiros de aplicação e técnicos de serviço da companhia.
“Para se ter uma ideia da aceitação e
conquistar um corpo de colaboradores
em aperfeiçoamento profissional, porque o conhecimento é a base de tudo. Por
exemplo, a gente não forma um profissional aqui nas áreas de engenharia de aplicação,
termos de velocidade e qualidade.
da dimensão de nossos negócios no país,
de suporte de vendas e de serviços em
Crescimento das Vendas
nos aproximando da comercialização
uma atenção enorme à proposta de retenção
No último ano fiscal encerrado em 30 de junho de 2019, a divisão de Máquinas-
ferramenta da TRUMPF Brasil cresceu
190%, o melhor resultado dos últimos anos. “Embora a economia não tenha crescido como esperado neste primeiro semestre,
os empresários querem investir. Eles estão
preocupados com o custo operacional e com a produtividade, e a TRUMPF está hoje melhor preparada do que a concorrência
para oferecer isso, seja na linha de máquinas de corte a laser de alta performance, seja auxiliando os empresários que querem se iniciar no segmento ou precisam de
entre sistemas laser e máquinas, estamos do equipamento de Nº 2.000 aqui no
Brasil. Estou na empresa há nove anos e tive o prazer de estar aqui na celebração
da máquina de Nº 1.000, da Nº 1.500 e,
agora, dessa nova marca. Foi um trabalho
duro, uma vez o que fizemos nesses últimos dez anos, levou praticamente outros 30
para ser conquistado. E vale lembrar que
atravessamos uma crise “brava” nos últimos
tempos. Se não fosse isso, mantendo o ritmo de vender 500 máquinas a cada três anos, já estaríamos comemorando a venda da máquina Nº 2.500”, salienta Visetti.
Com efeito, a TRUMPF Brasil é,
menos de dois ou três anos. E dedicamos
de talentos. E isso a gente comprova com exemplos bastante consistentes. Nosso
gerente de Engenharia de Aplicação tem
mais de 20 anos de empresa, assim como
nosso gerente de Vendas Internas e a nossa
gerente de Assistência Técnica, que cuida de todos os técnicos de campo. E olha que eles estão na faixa dos 40 anos de idade, o que
significa que eles praticamente começaram aqui na TRUMPF”, enfatiza João Visetti.
Soluções Peer-to-Peer Nessa toada, continuar o desenvolvimento de tecnologias de produção e conectáESTAMPAGEM
ABRIL 2020 19
PERFIL DA EMPRESA -las digitalmente para torná-las ainda mais eficientes, precisas
riu uma empresa que era uma startup dentro de uma universidade
nos dias atuais. Com isso, o objetivo da companhia é tornar a
Isso permitiu que nossas máquinas já venham de fábrica integradas
e prontas para o futuro é a maior missão da TRUMPF Brasil
fabricação e seus processos antecessores e sucessores ainda mais
eficientes, para construir o que titula como “o mundo industrial de amanhã”.
Como empresa líder no mercado de tecnologia em máqui-
nas-ferramenta e lasers para a aplicação industrial, com alta
carga de inovação, ela trabalha e atende a praticamente todos os
setores da indústria brasileira e mundial, oferecendo soluções de
para, além de outras fontes, desenvolver uma espécie de app store.
com a solução, via TruTops FAB. Esta aquisição permitiu a integração de outros equipamentos e tecnologias TRUMPF num sistema
de A até Z, que pode funcionar como um Sistema Integrado de Ges-
tão (ERP), de manutenção preditiva, análise, supervisão e controle de sua produção, com interconexão com sua cadeia. Isso a gente já tem em operação”, explica Visetti.
Segundo ele, embora a manutenção preditiva ainda esteja em
software que pavimentam o caminho para a Smart Factory e para
crescimento, a TRUMPF conseguiu acelerar o processo, graças a um
na eletrônica industrial.
qualquer chamado do cliente ou intervenção em um equipamento é
a Indústria 4.0 (i4.0), possibilitando processos de alta tecnologia “Nesse sentido, a empresa continua sendo uma fabricante de
máquinas. Mas, na verdade, é exatamente essa postura propositiva
de agregar soluções que nos inspira. A TRUMPF se engajou nesse
movimento da i4.0 bem no início aqui no Brasil. Desde os primeiros comitês criados pelas entidades nacionais ligadas à indústria, nós já
estávamos embarcados na transformação digital, já expunhamos aos
sistema que a empresa utiliza há mais de dez anos, por meio do qual registrado no sistema, e tem um histórico de causa, efeito e solução. Por meio dele, basta o cliente ligar para a TRUMPF e comunicar o problema para que se abra um chamado, que o técnico já entra em
contato remotamente na máquina para que a solução seja encontrada rapidamente.
“Usando este e outros aplicativos, já temos um sistema em teste
clientes as chamadas soluções peer-to-peer (P2P), ou seja, ponto a
que permite ao cliente abrir automaticamente um chamado, que é
cada um dos pontos - ou nós - da rede funciona tanto como cliente
as possíveis causas e ações a serem tomadas, tudo automaticamen-
ponto, uma arquitetura de redes de computadores por meio da qual quanto como servidor, permitindo compartilhamentos de serviços e dados sem a necessidade de um servidor central”, destaca João
Visetti. Para ele, o Brasil ainda vivencia um estágio embrionário na introdução da Indústria 4.0, por questões de desconhecimento do
conceito, equívocos na mecânica e sistemática de implantação, montante de investimentos necessários para a adesão ideal ao conceito e
a existência de marcos regulatórios que ainda impedem a sua maior
analisado e, dependendo da causa, é enviado um documento com te. Caso o sistema entenda que problema não possa ser resolvido facilmente, o chamado é encaminhado a um especialista que
remotamente, com a permissão do cliente, acessa a máquina para
um melhor diagnóstico e plano de ação frente ao problema. Criamos um acervo de technical guides que nos permite identificar automaticamente os códigos de erro e enviar para o cliente uma série de
instruções para ele resolver o problema de forma independente. Cla-
difusão. “Mas, trata-se de um movimento irrecorrível, cuja dinâmica
ro, o ideal é que o problema não aconteça, mas estamos no caminho.
Ainda acerca desse pioneirismo, o CEO da TRUMPF Brasil
analisando informações on line e muitos diagnósticos já estão sendo
tende a se acelerar muito rapidamente”, conclui.
enfatiza a proatividade da empresa em investir em soluções para a empresa e seus clientes adaptarem seus processos e equipamentos para estarem aptos a um sistema de rede, uma vez que, embora o
tema Indústria 4.0 seja recorrente em todas as reuniões de Diretorias nos dias de hoje, a maior parte das soluções redundam apenas, e
quase que exclusivamente, na criação de sistemas coletores de dados no âmbito do machine learning, enquanto que a real e urgente necessidade é, na verdade, “como” analisar essas informações.
“Nossa matriz, em Ditzingen, Alemanha é um ponto de parada
obrigatória da maioria das delegações brasileiras que estiverem em
viagem pela Europa, pesquisando e analisando o tema da Indústria 4.0. A proposta da TRUMPF vai além, e apresenta, por exemplo, uma solução integrada para o processo de corte e conformação de
chapas metálicas. Para manter-se sempre inovando, o Grupo adqui20 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
Cada nova geração de máquinas tem no mínimo o dobro de sensores feitos e informam o operador em tempo real do que é necessário
fazer. E como a tecnologia que está lá dentro é toda nossa, a gente
já domina o processo todo também”, detalha o CEO da TRUMPF Brasil. E, embora saliente que esse sistema por enquanto ainda não seja massivamente oferecido no país – porque a empresa ainda está aprendendo com ele –, os resultados são para lá de promissores em
termos de experiência mundial. “Para se ter uma ideia, na Daimler, um dos clientes que já têm amplo acesso a ele, conseguiu aumentar
a disponibilidade das unidades de laser da TRUMPF instaladas em
suas fábricas de 80% para um número superior a 97%”, complementa.
Case de Sucesso Como se pode imaginar, o portfólio de clientes bem atendidos pela
PERFIL DA EMPRESA que levaram a Randon a tomar a decisão de modernização de sua estamparia.
A TRUMPF Brasil participou do
projeto desde o início. Do alinhamento de
escopo, definição de alternativas, análise de custos que, segundo cálculos, vai gerar uma
economia de energia e gás que, trazida a va-
lor presente, pode chegar a 20% do valor do equipamento, ao longo de 5 anos, se comparada às soluções tradicionais disponíveis no
mercado. Desde os estudos de produtividade até a instalação das novas máquinas e solu-
ções tecnológicas e o treinamento dos operadores, tudo foi feito pela TRUMPF, com Fig. 4. Linha de corte e dobra da nova estamparia da Randon Implementos, em Caxias do Sul (RS): Exemplo de Indústria 4.0. Foto: Marcio Campos
apoio de especialistas alemães e americanos, em algumas fases.
“O projeto é altamente inovador. O sis-
TRUMPF Brasil ao longo de sua respeita-
alta tecnologia à produção, fazendo com que
tema conta com uma interface para troca de
é imenso. Para ilustrar essa premissa, vale
sua competitividade no mercado. O novo
série de tarefas automáticas de programação
díssima trajetória de quase 40 anos no país
destacar que recentemente a empresa foi escolhida pela Randon Implementos – maior fabricante de reboques e semirreboques na
América Latina e uma das maiores do mundo – para desenvolver, conjuntamente com a Diretoria daquela companhia, o projeto de
implantação do conceito de “Indústria 4.0”
na unidade de estamparia de Caxias de Sul, resultando na ampliação da capacidade de
produção da empresa em 50%, bem como na diminuição de custos e impactos ambientais. Complementarmente, o novo warehou-
se passou a comportar 815 posições de esto-
cagem e mais 17 estações de processamento, com uma capacidade de trabalho que chega a 280 toneladas por dia, em 2.500 metros
quadrados de área. A inauguração da nova
estamparia ocorreu no dia 28 de janeiro de 2020, celebrando a conclusão do primeiro
projeto completo de Manufatura Avançada das Américas, e um dos mais complexos
realizados pela TRUMPF no mundo. No total, ele levou cerca de dois anos para ser concluído e consumiu investimentos da ordem de R$ 30 milhões.
A inovação aplicada trouxe recursos de
a Randon disparasse na frente e melhore
sistema reduziu o número de máquinas de
51 para 28, que operam com média superior a 85% de eficiência. Nesse sistema, foram
acopladas quatro novas máquinas de corte a laser com fibra óptica, com previsão de
incluir mais uma até o final de 2020. “Para
se ter uma ideia, a média anterior de produção de implementos chegava a 100 por dia.
Hoje, após os avanços tecnológicos inseridos na fábrica, é possível produzir 130 produtos
no mesmo período, sem aumento do espaço físico”, registra João Visetti. Além disso,
um dos processos da TRUMPF também adquiridos pela Randon – o Highspeed
Eco – torna as máquinas mais econômicas e garante uma redução de até 70% de gás
durante o corte a laser. Com o uso do Laser
TruDisk desenvolvido pela própria TRUMPF, que possibilita um controle e modulação da potência e forma do raio em conjunto com o cabeçote e bicos de corte também
desenvolvido e patenteado pela empresa,
dependendo do material, a redução pode
chegar a 70%. Isso significa maior produ-
ção com um menor número de máquinas e
baixo impacto ambiental, principais motivos
dados com o SAP, de onde desencadeia uma das máquinas no pacote de softwares da
TRUMPF encabeçado pelo TtuTops FAB,
sistema integrado de gestão, planejamento e
MES, Manufacturing Execution System. O time da Randon consegue interagir com os
nossos softwares, programação, supervisão,
manutenção corretiva e preditiva das máquinas, bem como com os dados de produção
em tempo real. Tempo, custos, consumo de material e sucata retornam ao sistema SAP. Além disso, também é possível monitorar o estoque, tempo de programação, carga
de máquina, disponibilidade de máquina
etc. Essas informações, além de vitais para a programação da produção, fornecem a transparência necessária para melhoria dos processos e fluxo”, explica o CEO
da TRUMPF Brasil, ressaltando que foi
uma surpresa muito grata a forma como a
Randon enxergou e se engajou nesse projeto. “Foi uma demonstração de pioneirismo,
espírito empreendedor e coragem de inovar, que inicia um novo capítulo na história da indústria no Brasil”, celebra o executivo.
Impactos da Covid-19 ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 21
PERFIL DA EMPRESA Novidades na FEIMEC A conversa da reportagem da Revista Estampagem com João Visetti aconteceu no
momento em que a TRUMPF se preparava para sua participação na FEIMEC – Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos, que iria acontecer entre os dias 5 e 9 de maio, no São Paulo Expo, na capital
paulista. Contudo, em razão da pandemia
da COVID-19, o evento foi adiado sine die pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ ),
sua entidade realizadora. Porém, o execuFig. 5. TruLaser 5030 com 10kW de potência: maior velocidade de corte, melhor qualidade Foto: Divulgação
No momento em que o planeta vive a
precisam ter acesso à tecnologia de ponta
parece ser uma prática tão imprecisa e
4.0, competindo em igualdade com o resto
pandemia da COVID-19, fazer previsões arriscada como ler o futuro numa bola de cristal, porque nenhum modelo ou nada
para entrarem, efetivamente, na indústria do mundo”, destaca.
Agora, é claro, o futuro revela preo-
tivo-chefe da empresa diz que a TRUMPF mantém a intenção de estar presente nessa terceira edição da feira que é a maior do
setor na América Latina – assim que a nova data for definida, embora a forma de participação possa vir a sofrer alguns ajustes.
“Nela, vamos apresentar nosso portfó-
que existe vai conseguir criar um modelo
cupante grau de incerteza. Mas nada que
lio de inovação, que integra, por exemplo,
ineditismo da doença. Mas, não há dúvidas
em frente, graças à larga vantagem que o
que incorporam o que a gente chama de
de simular o efeito do problema, dado ao
de que o cenário do próximo ano fiscal da TRUMPF, que se iniciará no dia 1º de
julho, tendo a dimensão ainda não deter-
minada do espectro do coronarívus como
pano de fundo, com toda a certeza vai ser bem diferente dos períodos anteriores.
Antes da pandemia, a perspectiva da
companhia no Brasil era de que o novo ano fiscal começaria movimentado, em função do grande número de projetos em estudo.
A aprovação da reforma previdênciária e as
boas propostas relacionadas ao encaminhamento da reforma tributária traziam consigo a perspectiva da melhoria do ambiente
de negócios e administrativo, estimulando mais empresários e empresas a investirem no país. E o leitmotif era bem claro, na interpretação de Visetti: “O Brasil não
podia (e ainda não pode) esperar, porque as
indústrias brasileiras com vocação de serem competitivas, como aquelas do setor metalmecânico e da indústria de transformação, 22 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
aquebrante a intenção da TRUMPF de ir condão de sua liderança no segmento em
que atua lhe concede na oferta de produtos e soluções mirados no avanço da i4.0. “O
problema da pandemia é grave, mas estamos animados no que diz respeito à pos-
sibilidade de que o mundo irá contorna-lo
no menor tempo possível. Sou um otimista por natureza, mas, independentemente
da COVID-19, estamos num momento
no qual algumas áreas da nossa indústria,
que é extremamente competitiva, voltaram a crescer no Brasil, inclusive no que diz
respeito à sua atividade exportadora, até
porque as altas do euro e do dólar estejam
desincentivando as operações internas: nes-
te momento, ninguém está querendo fechar as importações de produtos e componentes.
E a TRUMPF estará lá, ao lado delas, para
minimizar impactos e dar o melhor suporte possível na condução dessa retomada”, garante o CEO da empresa.
a nova família das máquinas laser 5030,
‘Inteligência Artificial’ de análise de corte durante o processo, e que, conforme a
necessidade – início do grau de corrosão, soldagem no final do corte, o estado,
variação de espessura ou nível de corrosão, ajusta a velocidade do corte para garantir
que ele ocorra dentro da melhor qualidade possível. Considerando as mudanças na
espessura da chapa, por exemplo, a própria máquina acelera ou diminui a velocida-
de da operação. Já existem vídeos muito
interessantes sobre a família 5030 em nosso site, que ilustram muito bem o processo, e que podem mostrar aos clientes a eficiência produtiva desses novos equipamentos, finaliza João Visetti.
Para mais informações acesse: www.trumpf.com
ARTIGO
A INDÚSTRIA 4.0 APLICADA A ESTAMPARIAS, FERRAMENTARIAS E A PRODUTOS ESTAMPADOS. UMA REALIDADE A SER ALCANÇADA? César Batalha, AutoForm, São Bernardo do Campo - SP
J
á há algum tempo temos assistido à utilização do termo
“Indústria 4.0” em tudo o que se relaciona ao emprego de
IA (Inteligência Artificial), gêmeos digitais, digitalização,
virtualização dentre outros conceitos, a ponto do mesmo chegar a
ser visto como bordão de marketing, perdendo sua essência e todo o sentido por trás da 4ª revolução industrial pela qual estamos passando.
Em minha opinião estamos passando sim por uma mudança
conceitual muito significativa e uma grande alteração na maneira
de enxergar e fazer as coisas face a novos e ambiciosos objetivos de nossa indústria, conforme demonstrado abaixo na Fig. 1.
Apesar de nossa evolução no emprego de tecnologias que nos
auxiliam e direcionam a uma tomada de decisão mais assertiva e eficiente, nós ainda podemos ser considerados embriões quando
tentamos aplicar tais tecnologias em larga escala, especialmente nas áreas que serão destacadas neste artigo.
Nossa escola e experiências passadas ainda nos imputam alguns
paradigmas que, por estarem enraizados há algum tempo, ainda são difíceis de serem superados.
Iniciarei a escrita desta matéria com um breve histórico de como
evoluímos em relação ao emprego de simulações numéricas para o
auxílio na definição de processos e de ferramentais para a produção Tempo de ajustes
•Ligas de alumínio •HSS & UHSS •Hotforming •Tailored blanks
Projetos complexos
•Menor tempo de desenvolvimento (Hoje tem 18 meses, novo objetivo de 12 meses)
Excelência operacional •Melhora da robustez na produção •Redução nos custos de ferramentas
6σ
Processo de informação
Factibilidade
Função Geometria da peça
Fig. 1. Desafios da Indústria
Custo de produção
Custo do material em branco
Custo
Acurácia Diminuição do ciclo de vida do produto
Prazo
Qualidade da superfície
•Concorrência acirrada, evite o comum •Aumento das expectativas do cliente
Qualidade
Redução de peso e segurança contra colisões
Aceleração de produção
Custo do ferramental
Material da peça
Fig. 2. 4 fatores utilizados no balanceamento de decisões ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 23
ARTIGO Conceito, Estilo
Planejamento de produção
Design de produto
Desenho e Construção
Engenharia de processo
Ajustes
que se interligam e se sobrepõem seguindo
Produção
a maturidade de evolução do mesmo até sua
Factibilidade do produto
produção final.
Notem que a maturidade de um
Engenharia de custos
produto, segundo esta visão, nunca atinge
Defininição do conceito do processo de Estampagem
o seu nível máximo (100%), pois sempre
Definição do processo completo de Estampagem
existirão variações e melhorias durante a
produção do mesmo, atendendo aos critérios
Validação final do processo de Estampagem
de melhoria contínua. (Fig. 3)
Suporte aos ajustes
1 – Conceito e Estilo – Análise da
factibilidade do produto, levando em
Suporte e Produção
1
2
3
4
5
6
consideração material, processo, geometria e
7
espessura. (Notem que esta etapa se estende
Função Custo
Qualidade
invadindo a etapa seguinte e o mesmo
Prazo
ocorre sucessivamente)
Maturidade do processo
2 – Desenvolvimento ou Desenho
25%
10%
50%
90%
75%
do Produto – Finalização da definição
95%
Fig. 3. Processo de desenvolvimento de um produto estampado
do produto e seu estudo de viabilidade
de produtos metálicos estampados.
de aceitação.
para a coluna “Ferramentaria 4.0” visa
para o mercado.
simulação aplicada aos temas relacionados à
relacionados dependendo da velocidade que
passamos, onde estamos, onde pretendemos
e da segmentação do mesmo.
Com base nisto o nome sugestivo
nos levar a refletir sobre o emprego da
conformação de chapas metálicas. Por onde
chegar, quais benefícios já obtivemos e ainda
econômica. Obtenção dos custos de
• Prazo: Sempre relacionado ao tempo
produção, da peça e do ferramental
todos baseados em uma intenção real
Todos os itens acima estão inter-
de processo levando em consideração o
se pretende lançar o produto para o mercado Tendo em vista o discutido acima,
histórico dos produtos e suas características, proporcionando assim uma base orçamentária mais assertiva.
3 – Planejamento da produção –
obteremos com tudo isto.
tornando nossa reflexão ainda mais
Definição do conceito de produção e
mais compreensível gostaria de elencar 04
para a discussão deste e de futuros artigos
e realizando uma análise mais detalhada
Para tornar a discussão um pouco
grandes campos a serem observados no
desenvolvimento de um produto estampado / conformado. (Fig. 2)
• Função: Apesar de óbvio, refere-se
a onde o produto será empregado, ou seja,
completa e, de forma a consolidar uma base
plano de métodos, validando o orçamento
que serão abordados nesta série, dividiremos a definição e desenvolvimento de um
produto metálico conformado em etapas Cadeia do Processo de conformação
Conceito, Estilo
Desenho de produto
visando detectar e solucionar possíveis itens críticos ou implementando melhorias. 4 – Engenharia de processos –
Planejamento de produção
Engenharia de processo
Desenho e Construção
Ajustes
Produção
se o mesmo terá funções estruturais ou
de aparência por exemplo. Isto dita o tipo de material e qual deverá ser o processo adotado.
• Custo: Conforme o tipo ou classe do
Engenharia de estamparia
Ferramentaria
Produção
produto, sua aplicação e o segmento que o mesmo visa atender.
• Qualidade: Podendo ser observada
(visual) e ou geométrica, dependendo da
função e custo, bem como da aplicação do
produto. Apesar de soar estranho, a mesma
pode ter critérios variáveis e níveis diferentes 24 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
95% 0%
Maturidade do processo
Fig. 4. Diferentes departamentos do processo de desenvolvimento de uma peça estampada
ARTIGO Desenho de produto
Conceito, Estilo
Planejamento de produção
Desenho e Construção
Engenharia de processo
Ajustes
Produção
7 – Produção – Monitoramento da
Engenharia de custos
produção levando em consideração possíveis
Defininição do conceito do processo de Estampagem
ajustes de variações que foram previstas
em fases de engenharia e tryout, ajustando
Definição do processo completo de Estampagem
o processo conforme variações do dia a
Validação final do processo de Estampagem
dia, tais como propriedades de material,
parâmetros de processo ou até mesmo uma
Suporte aos ajustes Suporte e Produção
2
Função
3
4
5
6
os setores de desenvolvimento e produção
de um produto estampado foram atendidos.
Qualidade Prazo
(Fig. 4)
Maturidade do processo 10%
Como a sobreposição das etapas de
25%
50%
90%
75%
desenvolvimento, demonstradas na Fig. 3,
95%
e os seus descritivos sugerem, o trabalho
Fig. 5. Pontos únicos de simulação Desenho de produto
Planejamento de produção
Engenharia de processo
Desenho e Construção
Ajustes
Produção
considerado algo departamental ou a ser
disto, o mesmo deve fluir entre os diversos
Engenharia de custos
times envolvidos para a obtenção de uma
Defininição do conceito do processo de Estampagem
produção eficiente.
Se fossemos fazer uma analogia ao
Definição do processo completo de Estampagem
esporte, não estaríamos participando nem
Validação final do processo de Estampagem
de uma prova de 100 metros rasos e tão
pouco de uma maratona, onde os atletas
Suporte aos ajustes
Suporte e Produção
2 Função
de definição de um produto não pode ser finalizado dentro de uma etapa única, antes
Factibilidade do produto
1
simples variação de espessura na bobina.
Desta forma podemos dizer que todos
7
Custo
Conceito, Estilo
ajuste final e gerando os mapas para a produção.
Factibilidade do produto
1
alterações realizadas para a condição do
3
4
5
6
Estaríamos sim correndo uma corrida
7
de revezamento onde o time, de forma
Custo Qualidade
sincronizada, passa o bastão de mão em
Prazo
mão, do antecessor ao sucessor e ambos
Maturidade do processo 10%
são premiados pela conclusão de sua etapa.
em movimento e com a inércia já vencida, 25%
50%
75%
90%
95%
Fig. 6. Início da integração durante o desenvolvimento
seguem seu curso sem olhar para trás, pois o objetivo da produção de uma peça ideal e de
Definição do processo de produção final,
ferramental e de suas superfícies finais para
condizente com a realidade a ser construída,
processo definido, gerando todos os mapas
com maiores detalhes em matérias futuras,
todas as variáveis de engenharia e de
delas e da criação de um modelo
montando o modelo digital completo
inclusive, levando em consideração todas as variáveis inerentes ao mesmo e realizando
possíveis compensações de retorno elástico. (Alguns nomeiam esta etapa como a de
a manufatura. Validação e correção final do para os ajustes em tryout, considerando
produção que são inerentes ao processo. 6 – Ajustes ou Tryout – Tomando
criação do gêmeo digital).
como base todo o trabalho validado
do ferramental – Geração dos projetos do
estabelecidos, documentando todas as
5 – Desenho ou Projeto e Construção
anteriormente, respeitando os mapas
forma eficiente está à frente.
Abordaremos cada uma destas etapas
demonstrando ainda mais a importância
matemático realístico para que as mesmas
sejam vencidas estabelecendo um fluxo de trabalho harmonioso e gerando valor.
Com o exposto formando nossa base de
compreensão, acredito que podemos iniciar ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 25
ARTIGO Desenho de produto
Conceito, Estilo
Planejamento de produção
Desenho e Construção
Engenharia de processo
Ajustes
Produção
Conseguiu-se adicionalmente:
Engenharia de custos
• Qualidade: Melhoria no dimensional
e minimização dos riscos de defeitos de
Defininição do conceito do processo de Estampagem
superfície;
Definição do processo completo de Estampagem
• Prazo: Em média 3 loops de correção
Validação final do processo de Estampagem
do ferramental foram economizados; • Custos: Devido a maior
Suporte aos ajustes
Suporte e Produção
2 Função
3
4
5
6
7
previsibilidade e eficiência e com a
diminuição das correções, uma economia significativa foi gerada, quantificá-la
depende da estrutura de custos de cada
Custo Qualidade
operação e de cada empresa;
Prazo
• Função: Maior previsibilidade do
Maturidade do processo 10%
• Capacidade de analisar múltiplas
estratégias de compensação virtual;
Factibilidade do produto
1
engenharias iniciais;
25%
50%
75%
90%
95%
Fig. 7. Virtualização completa do processo
nosso breve histórico sobre os benefícios
• Qualidade: Rupturas e rugas
comportamento dos materiais especiais,
materiais de alta dureza e processos mais avançados que levam os desenvolvedores
a inovações e emprego de materiais ainda
que a virtualização e a geração de modelos
eliminadas no 1º tryout;
simulação numérica, nos trouxeram nos
economizados no tryout;
estamos presos a este modelo. Porém, com
custos de ferramentas, utilização ideal de
dirigir a um novo passo, obtendo assim um
matemáticos digitais, ou simplesmente últimos anos.
Anos 90 e 2000: Podemos chamar este período de inicial e, apesar de simulações já existirem a algum
tempo, foi entre estes anos que as mesmas
passaram a ser aplicadas de forma pontual
• Prazo: Semanas ou até meses • Custos: Redução significativa nos
material;
• Função: Design, projetos e utilização
de materiais mais próximos aos limites da manufatura;
e em fases distintas do desenvolvimento
2010 até 2020:
como finalidade determinar se operações
período pôde-se notar um primeiro
do produto estampado, seu foco tinha
Com certo ganho de maturidade, neste
seriam factíveis e prever o comportamento
esboço de integração, demonstrados na
do material sob as condições que seriam expostos.
Podemos nomear esta fase como a
introdução da simulação em pontos únicos
ou específicos “Pontos únicos de simulação” destacados em verde na Fig. 5 e que, apesar de uma visão ainda departamental e de
Fig. 6. Fluxos de trabalho começam a ser
desenhados visando aumentar a eficiência
ESTAMPAGEM
modelos digitais precisos e que refletem a realidade com detalhes, com a simulação numérica nos auxiliando na tomada de
decisões complexas, analisando diversas
variáveis de forma automática e propondo soluções ( IA ) e certamente suportando
todas as etapas construtivas e de produção ( Indústria 4.0 ), a qual chamaremos de
virtualização completa do processo. (Fig. 7) O emprego de um fluxo completo e
como:
Devido a…
patamar e trazer ainda mais benefícios tais Qualidade: Sem surpresas na qualidade
• Dados mais consistentes entre
e custos;
• Simulação Completa do Processo e
correção nos conjuntos completos, visando
criação de um modelo digital condizente
26 ABRIL 2020
fluxo constante de informações. Aplicando
onde:
forma aumentou a eficiência do processo. • Nesta fase os ganhos elencados
tecnologias desenvolvidas que podem nos
harmonioso pode nos levar a um novo
entre os diversos envolvidos no processo
engenharia e realidade;
segundo os 4 fatores de decisão foram:
Em minha humilde opinião ainda
e o retorno devido às sinergias encontradas
não funcionar como um fluxo de trabalho integrado, ela trouxe resultados e de certa
mais próximos aos limites da manufatura;
com a realidade;
• Análise de robustez em fases de
Prazo: Minimização dos loops de
sua montagem;
Custos: Menores perdas com scrap,
utilização ideal de matéria prima, taxas de
ARTIGO produção mais altas;
• Cuidados na simulação para garantia
Função: Conjuntos ou Carroceria
da precisão;
Mas para chegarmos a este patamar
fábrica, onde podem se notar ferramentas
Ainda existem empresas que trabalham
TryoutAssistant® dentre outras;
(BiW) e subconjuntos dentro da tolerância; ainda temos um caminho a trilhar, pois: com dados inconsistentes ao longo da
cadeia de processos sendo que os mesmos
permanecem estáticos dentro de cada etapa; Algumas empresas não consideram
todos os atributos (custos, função, prazo e qualidade) em todas as etapas relevantes; Ainda assim e apesar de várias
evidências quanto a eficiência, algumas
• Ferramentas digitais para o chão de
como o AutoForm-Sigma® o AutoForm-
Desafio Organizacionais: • Minimizar barreiras;
• Eliminar o pensamento do “problema
do outro”;
• Suporte ao gerenciamento e definição
clara dos objetivos;
• Relacionamento Fornecedor – Cliente
empresas não aproveitam todas as
ou se preferir Cliente – Fornecedor;
para acelerar tarefas posteriores;
envolvido, sejam eles técnicos, engenheiros,
ferramentais levando em consideração
tecnologias e processos;
informações disponíveis ou fáceis de gerar Em geral, as empresas desenvolvem
o produto individual, sem considerar
• Treinamento regular do pessoal
supervisores e gerentes, nas mais recentes
• Garantia da qualidade das simulações
o conjunto e adotando estratégias de
e modelos digitais;
nominal;
processo.
ainda existem elementos chave para que
detalhando as etapas dos processos aqui
deixe de ser um bordão e passe a ser uma
cadeia de desenvolvimento e como a sua
manufatura tendo como base o CAD Retornando ao tema e título da coluna,
o termo indústria 4.0 / Ferramentaria 4.0 realidade em nossa rotina no mundo do
produto metálico conformado / estampado.
Alguns desafios ainda precisam ser vencidos e precisamos de força pessoal, política e
organizacional para que esta realidade possa ganhar nossa indústria uma vez que boa
parte das tecnologias já estão disponíveis. Elementos para a Indústria 4.0
• Usar dados consistentes ao longo de
• Ajustes dos planos / melhorias do Nas próximas edições, seguiremos
citados, mostrando seu papel dentro da virtualização, quando bem realizada,
tende a reduzir o tempo global de execução
considerando a cadeia completa do processo, a aumentar a qualidade dos resultados e consequentemente reduzir os custos
envolvidos. Espero que apreciem o conteúdo que tem por finalidade trazer uma reflexão sobre o setor.
toda cadeia de processo;
César Augusto Batalha atua como Gerente Geral
PLM, ERP);
pela operação, pelo suporte técnico e vendas
departamentos;
técnico ao mercado argentino, tem mais de 20
repetibilidade e consistência;
com background nas áreas de carrocerias
de entrada dos modelos matemáticos e
a produção, a gestão e implementação de
• Conexão entre os sistemas (CAD,
da AutoForm do Brasil, sendo o responsável
• Transparência entre hierarquias e
em todo o território nacional e pelo suporte
• Padronização para obtenção de
anos de experiência na indústria automotiva
• Melhoria na consistência dos dados
e automação relacionadas a engenharia,
simulações numéricas;
projetos. ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 27
om ac
Alongamento [%]
a)
Aç io
RUMO À COMPENSAÇÃO DO SPRING BACK NA CONFORMAÇÃO DE PARTES ESTRUTURAIS DE MODERNAS CARROCERIAS LEVES
A lu
mí
nio
Aç r es o de i s t al t a ênc ia
Aço de ultra alta resistência
Resistência à tração [MPa] b)
Fig. 1. (a) Relação entre alongamento e resistência à tração de chapas metálicas e (b) sua aplicação frequente na estrutura da carroceria de um veículo elétrico [4]
Mathias Liewald, Ranko Radonjic, David Briesenick, 39º Senafor, IFU Stuttgart - Alemanha
Atualmente, a indústria automotiva é desafiada pelo aumento das regulamentações ambientais, bem como pelo aprimoramento contínuo dos requisitos padrão em relação à segurança dos passageiros. Essas tendências levam ao aumento do uso de chapas de aços avançados de alta (AHSS) e de ultra alta resistência (UHSS) na produção de componentes de carrocerias leves. Ao formar esses materiais de chapa metálica, no entanto, surgem sérios problemas em relação ao springback dos componentes produzidos. A este respeito, o presente artigo discute diferentes abordagens para a compensação de desvios de forma de peça relacionados à springback. Além disso, questões importantes relacionadas à modelagem de materiais e ao conceito de malha são discutidas em termos de uma simulação precisa de springback.
A
estrutura da carroceria é um
(NVH) [1]. Por esses motivos, hoje em
UHSS geralmente resultam em uma baixa
funcionais e de qualidade
metálica estrutural são fabricados em
a rugas e uma recuperação elástica
dos principais subconjuntos
em um veículo moderno. Ao mesmo
tempo, a estrutura da carroceria não só deve atender aos requisitos legais em
matéria de resistência a colisões e taxas de reciclagem, mas também deve ser
constantemente considerada em termos de projeto leve. A principal razão para
isso é a compensação de peso adicional
devido às futuras tecnologias alternativas de acionamento, como veículos elétricos e seus sistemas de bateria. Além disso,
uma estrutura rígida da carroceria protege efetivamente o habitáculo, contribui
para a dinâmica de condução do carro e influencia o ruído, vibração e aspereza 28 AGOSTO 2019
ESTAMPAGEM
dia, os componentes únicos de chapa
conformabilidade, uma forte tendência
aços de ultra alta resistência (UHSS),
pois dessa maneira a espessura da chapa pode ser reduzida e a rigidez necessária
mantida ao mesmo tempo. No entanto, a
alta resistência do material é acompanhada por ductilidade reduzida e, portanto, baixa conformabilidade, como visto na Fig. 1
pronunciada após a formação [3]. Enquanto essas novas ligas de aço estão se tornando
cada vez mais fortes, simultaneamente são mais difíceis de formar peças estruturais
automotivas, revelando faixas estreitas de precisão dimensional.
O retorno ocorre após o processo
(a). As propriedades avançadas do material
de formação da chapa ao remover a
de chapas metálicas, uma vez que cargas
como um fenômeno causado pela
levam a maiores desafios na conformação de processo relativamente altas surgem
para as prensas e ferramentas durante as operações de conformação e corte por
cisalhamento, acelerando seu desgaste . [2]
Além disso, as propriedades mecânicas do
peça da ferramenta. Pode ser entendido recuperação elástica do material após a
descarga. O desvio de forma resultante depende muito da geometria da peça, do processo de conformação e das
propriedades do material. No que diz
ARTIGO Se Se
ç ão
ç ão
Se L ad
y
z
x
alta tendência de springback, as altas taxas
2
1
z
caso. Como esses materiais mostram uma
Lado esquerdo
eit o dir
o
de curvatura necessárias causariam rebaixos ç ão
3
nas superfícies ativas da ferramenta [8].
Rdireito
da compensação de springback e aprimora-
Uma abordagem sofisticada adicional
Resquerdo Aesquerdo
a)
b)
Adireito Seção 1, 2, 3
d)
c)
mento das propriedades dos componentes representa o endurecimento direto por
prensagem a quente de aços de manganêsFig. 2. Gravação da parede lateral da peça; (a) peça após desenho profundo; (b) ferramenta para estampagem da parede lateral da peça; (c) peça após estampagem; (d) conceito de avaliação de springback, Aesquerdo, Adireito, mudança de ângulo, Resquerdo, Rdireito, raio de curvatura da parede lateral, curvatura da parede lateral = 1/R [1/mm] Gravação
18 15 12 9 6 3 0 -3 L a)
R
Seção 1
L
R
Seção 2
L
R
Seção 3
Desenho profundo Sidewall curl [1/mm]
Mudança de ângulo [º]
Desenho profundo
Gravação
0.016 0.014 0.012 0.008 0.006 0.004 0.002 0.000
a peça é fabricada dentro de duas operações R
Seção 1
L
R
Seção 2
L
R
Seção 3
de springback é a curvatura excessiva da
frequentemente usados para compensação peça . [6]
Por esse método, a peça de chapa metá-
essas propriedades do material, o processo
lica é formada inicialmente de tal maneira
da peça conformada e, portanto, a fração
atingidas sem considerar o retorno após a
elástica remanescente da tensão total, o
que pode ser considerado como uma das principais razões para a ocorrência de springbacks.
Abordagens para Compensação do Springback A compensação dos desvios de forma das peças relacionadas a springback é uma
questão desafiadora ao formar chapas de
aço de ultra alta resistência. Para garantir
a qualidade dimensional dentro das faixas de tolerância especificadas, vários méto-
dos de compensação foram desenvolvidos.
de conformação, uma etapa de pré-forma e
uma etapa de dimensionamento subsequen-
te. Nesse processo, as tensões de compressão
da tensão do material e a dependência
de moldagem influencia a plastificação
devido aos mecanismos de têmpera [9]. Por
sem acabamento (smartform). Nesse caso,
Aqui, um dos métodos bem conhecidos e
particular interesse [5]. Juntamente com
dimensional e um aumento na resistência
estampagem profunda de dimensionamento
respeito às propriedades do material,
da tensão do módulo de Young são de
em uma operação, levando a alta qualidade
processo de conformação a frio, chamado de
Fig. 3. Comparação do springback após estampagem profunda e gravação da parede lateral da peça, (a) mudança de ângulo, (b) curvatura da parede lateral
o comportamento de endurecimento
a conformação a quente e o resfriamento
outro lado, Kibben [10] apresentou um novo
L b)
-boro. As respectivas ferramentas permitem
que a forma e as dimensões desejadas sejam liberação. Posteriormente, a peça liberada
são sobrepostas, o que reduz significativa-
mente o retorno por springback. Além dis-
so, Radonjic e Liewald [11] propuseram uma modificação do processo convencional de
estampagem profunda, alternando a extração do blank durante o curso de formação.
A mudança inversa de fixação e extração das flanges da peça leva a uma sobreposição de
tensões de flexão e, portanto, a uma tremenda redução da quantidade de springback na parede lateral e na flange [12].
Uma possibilidade adicional de
é medida e, com base nos resultados da
melhorar as condições de tensão em áreas
iterativos baseados na experiência até que
reduzir o springback é a implementação
medição, são executados loops de correção o formato da peça atenda à geometria ne-
cessária. No entanto, no caso de geometrias de peças mais complexas, esses loops de
correção por tentativa e erro podem às vezes levar mais de seis meses até que a peça atenda aos requisitos de qualidade . Ao formar [7]
materiais de chapa de aço de resistência
ultra alta, o método de dobrar / coroar de-
mais nem sempre é apropriado em qualquer
específicas dos componentes e, assim,
de esferas de reforço adequadas na forma
dos componentes [13]. Tais características de rigidez das contas podem ser formadas na forma da peça diretamente por trefilação
profunda ou em uma operação de formação subseqüente (reprogramar operação), como mostrado na Fig. 2. Nesse caso, primeira-
mente houve estampagem profunda da peça e aplicada uma força de suporte do blank de ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 29
ARTIGO Como mencionado anteriormente, a
(a)
modificação do processo convencional de
matriz
h=h1+h2+h3
(c)
h3
Passo 2 Passo 1 direito de retirada gaveta esquerda
h3=40 mm
Mudança de ângulo [º]
18 15 12 9 6 3 0 -3 (a)
Se
L
ç ão
e ad o
squ
e
rdo
Se
2 La
Se
Seção 1
L
R
Seção 2
L
çã
do
e dir
ç ão
it o
3
(b) o1
R
(c)
Seção 3
[mm] 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10
Fig. 5. Comparação do springback, (a) alteração do ângulo, (b) desvios da forma da peça após a estampagem profunda convencional e (c) após a conformação com gravação alternada no blank
1500 kN. Como material do blank foi utili-
a forma da peça obtida após a gravação
da chapa era de 1 mm. Após a liberação
curvatura da parede lateral ocorrida após
zado o aço dual-phase DP 980. A espessura da peça, uma quantidade significativa de springback foi identificada (Fig. 2a). Por
esse motivo, uma operação de moldagem
adicional foi aplicada para reduzir o retorno
dos reforços na área da parede lateral. A
o desenho profundo foi significativamente reduzida devido à operação de gravação, como pode ser visto na Fig. 2d.
A Fig. 3 mostra a comparação da alte-
da peça com estampagem profunda. Desse
ração do ângulo e da curvatura da parede
nas paredes laterais da peça. A largura e a
como após a gravação da área da parede la-
modo, reforços verticais foram formadas
profundidade dos reforços foram de 10 mm
e 1 mm, respectivamente. A distância entre
os reforços foi de 40 mm. A Fig. 2b mostra a ferramenta usada nesta experiência. Aqui, a peça após o desenho profundo foi posicio-
nada adequadamente na superfície do fundo do punção. Depois, o aríete da prensa foi
movido para baixo até que a folga definida entre o punção e a matriz fosse alcançada
(espessura da folha + 10%). A Fig. 2c mostra 30 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
Os desvios elásticos de forma relacionados
da da ferramenta. A flexão alternada sobre
Desenho profundo
R
tamente na primeira operação de moldagem.
tensão que atua na peça antes de ser removi-
Fig. 4. Configuração experimental ao conformar com gravação alternada no blank, (a) representação do procedimento aplicado, (b) geometria do blank e (c) resultados experimentais para as profundidades de estampagem correspondentes
L
adicional para reduzir o springback imedia-
dependem amplamente da distribuição de
120
h2
490
Passo 3 conjunto de formas
h2=35 mm
h1
160
h1=21,5 mm
estampagem profunda, alternando com a
gravação do blank, segue uma abordagem
h3
R325
(b)
h2
h1
solto suporte em branco punção
lateral após a estampagem profunda, bem
teral da peça. O valor mais alto da alteração do ângulo após a estampagem profunda foi medido na seção 3 e atingiu 15°. Devido ao relevo das paredes laterais da peça, a
alteração do ângulo foi reduzida em todas
as seções de avaliação por aproximadamente
6°. Ao mesmo tempo, a curvatura acentuada da parede lateral após a estampagem foi
reduzida também pela gravação da parte lateral da peça.
os raios da ferramenta devido à alteração
da gravação de flanges de peças leva a um estado de tensão sobreposto e, portanto,
a um gradiente de tensão decrescente na
direção da espessura. Isso reduz os desvios angulares aparentes nas regiões de flange e parede lateral da geometria da peça. O
design do processo é aplicável em peças em
forma de canal de chapéu e muito vantajoso se o aço de ultra alta resistência for usado como material do blank.
A configuração experimental para
investigar a estampagem profunda com
desenho alternado mostrado na Fig. 4 é
definida como um processo de conformação de três estágios. Aqui, a chapa de DP 980 foi selecionada como material do blank e
conformada dentro de um procedimento
definido no final como chapéu tipo canal
de dupla curva. Os raios de matriz e punção foram de 6 mm e 5,8 mm, respectivamente.
Diferentes condições de atrito entre o blank e a matriz ou o porta blank possibilitaram uma gravação controlável. As diferentes
condições de atrito foram alcançadas através da lubrificação do lado apropriado do
flange, permitindo a gravação, enquanto o
lado oposto foi fixado devido às superfícies de contato secas. No início do processo, a peça foi conformada pela gravação exclusivamente no flange direito até que uma
profundidade de desenho de 21,5 mm fosse
alcançada. Depois de atingir a profundidade de conformação desejada, o movimento do
embolo da prensa foi interrompido. Depois
disso, a peça foi removida da ferramenta e as
ARTIGO
Z - Coordenada (mm)
quantidade de springback. Em média, a 60 50 40 30 20 10 0
mudança de ângulo mostra valores além de
9°. Em relação aos altos valores de alteração
CAD Experimento Mat_125 Mat_36 Material Mat_37 modelo
Critério de fluxo
*Mat_36 Barlat89
-40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
*Mat_37
Hill48
*Mat_125
Hill48
Y - Coordenada (mm)
Critério de fluxo Endurecimento isotrópico Endurecimento isotrópico Yoshida não linear endurecimento cinemático
angular das paredes laterais recuperadas
elasticamente, os desvios de forma das áreas do flange são adicionalmente influenciados
negativamente e mostram erros geométricos em 13 mm ou mais. Pelo contrário, a peça formada por estampagem profunda com
gravações alternadas no blank mostra um Fig. 6. Previsão de springback com diferentes modelos de materiais em relação aos resultados experimentais (material DP 980, força de 1500 kN aplicada ao suporte do blank; avaliado na seção 1 em relação ao princípio mostrado na Figura 2c)
comportamento de springback significativamente reduzido. Pode-se observar que a alteração do ângulo da parede lateral nas três seções de avaliação diminui em mais de 5°.
+0.11
[mm]
-0.16
+0.40
3 2
-0.19 -0.07 -1.20
-1.06 +0.11
-0.37 +1.50
0
-0.10 -1.10
+0.30 -0.49 -0.66 -0.79
(a)
1
+1.12 +0.03
+0.29 +0.22
-1
(b)
-3
-2
Isso leva a uma redução do springback em
todas as regiões das peças e principalmente na área da parede lateral. A parede lateral
direita, que foi gravada primeiro, parece es-
tar completamente endireitada. Além disso, os desvios máximos de forma são significativamente reduzidos em comparação com a
estampagem profunda convencional. A área do flange surge dimensionalmente estável, mostrando deflexões abaixo de 2 mm.
Fig. 7. Desvio entre simulação com modelo de material *MAT_125 e resultados experimentais; (a) após estampagem profunda e (b) após gravação da parede lateral da peça
condições de atrito na área do flange foram
ótica GOM ATOS 5M e comparadas
Na segunda etapa de conformação, a pro-
A alteração do ângulo da parede lateral
alteradas por uma reversão da lubrificação.
fundidade do desenho foi aumentada em até
35 mm, enquanto o blank foi gravado no seu lado esquerdo. No final, as superfícies da
peça e da ferramenta foram completamente
limpas e nos 5 mm restantes a profundidade do desenho nas paredes laterais foi esticada
até atingir a altura final da peça de 40 mm. Além disso, a mesma peça foi processada por estampagem profunda convencional
com uma lubrificação homogeneizada do
blank de 1,5 g / m² de óleo mineral M100 e uma força comparável do porta blank de 1500 kN.
Para analisar e caracterizar o sprin-
gback, as peças conformadas foram
digitalizadas usando o sistema de medição
geometricamente com a geometria nominal. esquerda e direita foi analisada em seções de acordo com o procedimento já apresentado
na Figura 2d. Uma análise global do desvio de forma das peças obtidas da estampagem
profunda convencional (b) e da estampagem profunda com desenho alternativo no blank (c) é ilustrada na Fig. 5. Para comparar a
deflexão geométrica, as distâncias entre a
geometria nominal e o da superfície da peça digitalizada foram calculadas pelo software de avaliação GOM Inspect 2018. Dessa
forma, a forma digitalizada da peça real foi primeiramente orientada adequadamente em relação à geometria da peça nominal. As peças formadas pela estampagem
profunda convencional mostram uma alta
Simulação na Conformação de Chapas A simulação por elementos finitos (FE - Finite Element) é uma ferramenta
importante na conformação de chapas metálicas e é frequentemente usada
durante o planejamento do método e o
projeto da ferramenta para garantir uma
fabricação sem falhas e dimensionalmente precisa de componentes de chapa
metálica. Ao configurar uma simulação
de modelagem, que também inclui análise de springback, é dada atenção especial à malha da superfície ativa do blank e
da ferramenta. Nesse caso, é necessário
definir mais nós de contato em áreas curvas da ferramenta do que o necessário para a simulação de conformação convencional (recomenda-se um nó por 5° de ângulo
de giro do raio). Além disso, o número de pontos de integração (NIP - Number of Integration Points) da malha do blank, ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 31
ARTIGO 490 2º
R325
x
y
50
55.2
120
z
40
A
A
Z - Coordenada (mm)
Z - Coordenada (mm)
Seção 1
0 -20
Seção 1
-40 -30
-10
10
30
A-A
120
R325
(a)
Seção 2
50
70
(b)
CAD
0
Simulação
Seção 2
-20 -40
-70
-50
Y - Coordenada (mm)
-30
-10
Experimento
10
30
Y - Coordenada (mm)
Fig. 8. Comparação entre simulação e experimento [12]
desempenha um papel importante. Ao
cinemático dos tipos modernos de chapas
os parâmetros do material do modelo de
Dyna, sete pontos de integração na direção
realizar experimentos não padronizados
ser encontradas em [16].
realizar simulações com o código LSda espessura da chapa já provaram ser suficientes para uma previsão precisa
de springback, uma vez que pontos de integração mais definidos aumentam enormemente o tempo da CPU [14].
Além do procedimento de malha,
de aço de alta resistência, é necessário
e frequentemente altamente sofisticados,
endurecimento Yoshida-Uemori, podem Além disso, o módulo elástico
além de ensaios regulares de tração. Aqui, o
desempenha um papel importante na
um dos modelos conhecidos que consideram
resultados de pesquisa mostraram que, com
modelo Yoshida-Uemori (Y-U) representa o endurecimento cinemático [15].
Para determinar os parâmetros de
simulação de springback, pois numerosos o aumento da tensão plástica na chapa,
diminui tanto o valor do módulo elástico de carga como o de descarga [5], [12], [17
também deve ser definido um modelo
material necessários para este modelo
resultados de simulação realistas.
cíclico de compressão-tensão, teste
springback, o valor do módulo de Young
ou mesmo teste cíclico de flexão) podem
enquanto é frequentemente considerado
de material apropriado para obter
Modelos de materiais que consideram
apenas mecanismos de endurecimento
isotrópicos ou anisotrópicos geralmente não são capazes de mapear a complexa
distribuição de tensão-deformação que aparece nos processos de formação de
chapas metálicas. Portanto, modelos de
materiais que incluem o endurecimento cinemático do material de chapa
metálica devem estar envolvidos na
simulação de retorno. No entanto, para a determinação de todos os parâmetros de material necessários que descrevem o comportamento de endurecimento 32 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
Y-U, diferentes tipos de testes (teste
cíclico de cisalhamento, teste de torção
ser realizados. Os testes de compressãotensão são muito desafiadores devido
ao aumento da tendência de flambagem da amostra de chapa fina na fase de
compressão. Portanto, no caso de chapas de aço de alta e ultra alta resistência, os
testes cíclicos de cisalhamento provaram
ser adequados, especialmente quando são necessários valores relativamente altos de
deformação. Informações mais detalhadas sobre a configuração experimental, bem como o procedimento para determinar
. Assim, para uma previsão precisa do
]
deve ser ajustado de acordo com o processo, constante em simulações numéricas simples de processos de conformação de chapas de metal. Para determinar a redução
dependente de deformação do módulo
elástico de descarga (módulo de Young
aparente), geralmente é realizado um teste cíclico apropriado de carga-descarga,
mantendo a mesma forma de amostra
usada no teste de tração padrão. A este
respeito, os resultados obtidos ao investigar a chapa de aço DP 980 mostraram que o
módulo aparente de Young diminui cerca
ARTIGO de 23% em comparação com o módulo elástico inicial quando o valor da tensão aumenta até 0,08 [12].
A Fig. 6 mostra uma comparação entre os resultados da
simulação em relação à previsão de springback obtidos usando diferentes modelos de material de LS-Dyna e resultados
experimentais. Como esperado, uma diferença relativamente alta entre os resultados da simulação e o experimento apareceu ao
do processo, conforme apresentado na Fig. 4. Deste modo, podese observar que ocorreram desvios muito pequenos da forma da peça em relação a geometria de referência da peça. Além disso, os resultados da simulação com o modelo de material definido
*MAT_125 correspondem quase completamente ao formato da peça obtido experimentalmente.
calcular com modelos de materiais que levam em consideração o
Conclusão
ao considerar o endurecimento cinemático e a redução dependente
podem ser usadas para reduzir os desvios de forma das peças rela-
endurecimento isotrópico (*MAT_36 e *MAT_37). No entanto,
Neste artigo, foram apresentadas diferentes abordagens que
de deformação do aparente módulo de Young no modelo de
cionadas à springback. As seguintes conclusões podem ser tiradas
material (*MAT_125), apenas pequenos desvios são obtidos entre a simulação e os resultados experimentais.
A Fig. 7 mostra o desvio entre a simulação e o experimento
para toda a geometria da peça após a estampagem profunda
(à esquerda) e depois da gravação (à direita). Para comparar os
resultados da simulação e do experimento, as formas das peças calculadas na simulação de springback foram exportadas para um arquivo STL. As partes estampadas em profundidade no
dos resultados fornecidos:
• Após a estampagem profunda convencional das peças em
forma de canal de chapéu da chapa de aço DP 980, uma quantidade enorme de springback é exibida.
• O uso de métodos tradicionais de compensação de sprin-
gback, como dobragem / sobrecortagem, geralmente leva a resultados insuficientes ao formar AHSS e UHSS.
• Os resultados experimentais e de simulação mostraram que,
experimento foram digitalizadas e, ao fazê-lo, suas superfícies
ao gravar as entrâncias de reforço apropriadas na área da parede
arquivo STL. A comparação entre a simulação e os resultados
ângulo e curvatura da parede lateral) pode ser significativamente
externas capturadas também foram exportadas para um
experimentais foi fornecida usando o software GOM Inspect 2018. Dessa forma, a superfície da parte liberada obtida na
lateral da peça, a quantidade de springback da peça (mudança de reduzida.
• A gravação alternada no blank provou ser uma abordagem
simulação foi definida como uma referência e a superfície externa
bem-sucedida ao fabricar peças em forma de canal de chapéu.
disso, essas duas geometrias foram posicionadas uma contra a
apropriadamente durante a moldagem, é ainda possível produzir
de uma parte formada no experimento como geometria real. Além outra. Depois disso, o desvio entre a simulação e os resultados experimentais foi investigado em cada área da peça. O maior
Por uma cinemática de gravação alternada no blank empregada a peça dentro de uma faixa de tolerância relativamente estreita. • A simulação com o modelo de material, que considera o
desvio foi identificado na área do flange e atingiu 1,2 mm. Em
endurecimento cinemático e a redução dependente de deformação
entre a simulação e o experimento aumentou ligeiramente (Fig.
resultados experimentais.
contraste, após a gravação da parede lateral da peça, o desvio
7b). A razão para esse aumento no desvio entre a simulação e o
do módulo de Young, mostrou pequenos desvios em relação aos
experimento após a gravação pode ser encontrada no fato de que as
Reconhecimento
ativas. No experimento, as peças da ferramenta se comportam
nos projetos de pesquisa Compensação de Springback por superpo-
simulações foram realizadas com superfícies rígidas de ferramentas
Os resultados experimentais e de simulação apresentados são obtidos
como elásticas e são extremamente carregadas em zonas de
sição de tensão na formação de chapas de aço de resistência ultra alta
gravação. Esse carregamento transversal do punção e do molde
por gravação pode causar certo aumento do espaço entre eles. Essa
deformação elástica da ferramenta pode influenciar as medições da forma da peça após a liberação.
Como já mencionado, a conformação com gravação alternada
(LI 1556 / 67-1) e Estampagem profunda alternada (EFB 13/217). Os autores gostariam de agradecer à Fundação Alemã de Pesquisa (DFG) e à Associação Europeia de Pesquisa para Trabalho com Chapas (EFB) por seu apoio financeiro.
no blank leva a uma quantidade significativamente reduzida de springback. Nesse sentido, a Figura 8 mostra uma comparação entre simulação e experimento no caso de conformação com
gravação alternada no blank, levando em consideração o parâmetro ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 33
COMPARAÇÃO DO SISTEMA DE FERRAMENTA CONVENCIONAL E SISTEMA MODULAR PARA ESTAMPAGEM - PARTE II
Conjunto extrator
Corpo
Elemento de corte
Fig. 17. Detalhamento de uma ferramenta modular
Alex Rodrigo Matias, Marcos André Gonçalves, Marcos de Matos Déo Palata, Nédis Fernandes Brito (TOX® PRESSOTECHNIK), Odirley Freitas, Rafael Correia Santos, UNISTAMP Indústria e Comércio Ltda - São Paulo
Esta pesquisa tem por objetivo a análise de dois tipos de processos de fabricação que utilizam ferramentais distintos, visando-se mostrar dentre eles, qual pode ser empregado para determinado tipo de fabricação e qual será mais aplicável a processos fabris que necessitem de constante mudança, tornando-o versátil e competitivo no que diz respeito ao mercado. Para isto, pretende-se expor as variáveis existentes em cada processo e que devido a tais, o mesmo pode ser comprometido e se tornar até mesmo inviável. A parte I do artigo foi apresentado na Edição de Agosto de 2019 da Revista Estampagem.
Ferramenta Modular
Conjunto Inferior
tais de uma ferramenta convencional, porém distribuídos de forma
O conjunto inferior é a parte fixa do estampo. É fixada à máquina e apresenta os seguintes componentes: • Placa guia;
Estas ferramentas têm exatamente os mesmos elementos fundamencompacta e absolutamente precisos, num único corpo, por isto, são denominadas modulares (independentes).
O sistema modular tem na troca dos elementos de corte, sua
• Guias laterais;
vantagem mais considerável, tornando-o assim um sistema eficaz e
• Placa base;
e complexo para cada tipo de furo, ou formato a ser estampado, o
• Placa matriz;
sistema modular utiliza uma única unidade de punção e matriz.
Fig. 13. Exemplo de ferramenta progressiva conjunto superior 34 AGOSTO 2019
efetivamente versátil. Enquanto se constrói um estampo completo
ESTAMPAGEM
Fig. 14. Exemplo de ferramenta progressiva conjunto inferior
ARTIGO 200
Tabela 2. Comparativo de custo dos processos Simples
Progressiva
Modular
Ferramenta (R$)
R$ 40. 500,00
R$ 94. 500,00
R$ 30. 291,00
Set - up (h)
0,5
1,33
0,125
Hora máquina (R$)
R$ 32,33
R$ 96,80
R$ 64,66
Hora - Homem - Operador (R$)
R$ 5,89
R$ 11,77
R$ 11,78
Hora - Homem - Preparador (R$)
R$ 10,09
R$ 10,09
R$ 5,89
Matéria prima (R$)
R$ 19,39
R$ 50400,00
R$ 19,39
Templo de ciclo (min)
0,33
0,05
0,08
Eficiência de produção
70%
80%
80%
Lançamentos de novos produtos,
alterações de peças existentes se concretizam em investimentos reduzidíssimos, quando
há padronização de furações e recortes com o sistema modular. Neste caso há somente a necessidade de novas montagens, com
praticamente custo zero no que se refere
ao investimento de ferramenta, porém são trocados somente o punção e a matriz.
No sistema modular, os punções e as
matrizes são desmontados e retirados em
alguns segundos e podem ser afiados a qualquer momento, sem prejuízos, posteriores
ajustes, acréscimo de peças ou partes novas, o extrator faz parte da unidade, portanto
independe da prensa. Também como forte característica, a saída de cavaco é frontal,
o que facilita grandemente sua montagem
em condição especial, quando utilizado em
prensas excêntricas, onde as unidades podem ser montadas em qualquer posição.
Suas dimensões permitem montagens
em equipamentos de pequeno porte, e se necessário, pode-se utilizar um número maior de unidades por montagem. Para melhor
A ferramenta é montada de forma que a única área de toque do martelo da prensa ocorra na cabeça do punção, transmitindo a força
1000
Lote
Item
2000 3000
sempre o mesmo corpo. Este sistema permite ainda a fabricação de vários formatos de
peças, desde chapas planas a perfis especiais, como tubos e alguns formatos complexos, necessitando para tal uma análise prévia.
Alguns exemplos de ferramentas modulares em utilização atualmente são demonstrados na Fig. 18.
de corte diretamente sobre a chapa e não
Estudo de Caso
da ferramenta não sofre nenhum esforço,
três processos de estampagem apresentado
sobre o braço superior do módulo. O corpo
O objetivo deste estudo é comparar dentre os
tendo como única e exclusiva finalidade de
neste trabalho, com a utilização de dados de
garantir o perfeito alinhamento permanente dos elementos de corte. O punção quando pressionado, leva consigo todo o conjunto
extrator, e a placa extratora, que agora atua
ferramenta simples, progressiva ou modu-
lar, aquele que será o mais vantajoso para a produção de um determinado produto.
O produto a ser analisado é uma chapa
como prensa-chapa, encosta no material a
perfurada de aço inox AISI 304 com 1,0mm
Continuando a descida do punção e da placa
estimada de 1000 peças/mês, e será utilizada
ser estampado prensando-o contra a matriz. superior, as molas pratos se comprimem,
e assim o punção dá inicio ao processo de
estampagem. Subindo o cabeçote da prensa, as molas prato auxiliam no retorno da ferramenta e o prensa-chapa terá agora a função de placa extratora.
A troca de punções e matrizes neste sis-
tema é um dos pontos mais fortes deste tipo de ferramenta, pois são intercambiáveis, e
permitem a variação de formatos, utilizando
de espessura, o qual terá uma quantidade
na fabricação de uma churrasqueira comer-
cialmente encontrada no mercado. A Fig. 19 representa o desenho de planta do produto
de uma das churrasqueiras onde o produto é montado.
Para que se possa avaliar com proprieda-
de tal produto apresentado, faz-se necessário o orçamento do mesmo nos diferentes
processos, e os mesmos estão divididos conforme segue:
aproveitamento desse sistema, equipamentos auxiliares para melhor utilização são neces-
sários tais como bases, limitadores, gabaritos universais entre outros.
As unidades de sistema modular são
basicamente compostas por três elementos: • Corpo;
• Elemento de corte; • Conjunto extrator;
Funcionamento
Fig. 15. Punções e matrizes intercambiáveis de uma ferramenta modular ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 35
ARTIGO
Fig. 16. Exemplo de bases, limitadores e gabaritos utilizados comercialmente
Ferramenta Simples Para a fabricação do produto proposto utilizando-se uma ferramenta
Fig. 18. Exemplos de ferramentas para sistemas modulares
da ferramenta, pois pelo esforço de corte seria necessário uma prensa de 60T, onde sua base não tem capacidade para fixar a ferramenta.
O tempo para preparação de ferramenta em máquina está plane-
simples, é necessária a construção de uma ferramenta de estampagem
jado para atingir a meta de 80min. Conforme tabela comparativa dos
A prensa necessária para a montagem de tal ferramenta deverá
a utilização de dois operadores o tempo de ciclo é estimado em 3s por
com valor estimado e orçado em R$ 40.500,00, conforme anexo 1.
ter capacidade mínima de 110T, com mesa de dimensões mínimas de 700 x 600mm e abertura (curso) de 500mm. Faz-se necessário a uti-
lização da prensa com tais especificações devido ao tamanho de base
da ferramenta, pois pelo esforço de corte seria necessário uma prensa de 40T, onde sua base não tem capacidade para fixar a ferramenta.
O tempo para preparação de ferramenta em máquina está plane-
processos, anexo 7, incluindo o tempo de liberação do produto. Com peça.
A matéria prima utilizada será comprada em bobinas de 1800kg,
a um preço de R$ 28,00/kg. Cada bobina será suficiente para estampar 2645 peças.
Vide esboço da ferramenta progressiva, anexo 5.
jado para atingir a meta de 30min. Conforme tabela comparativa dos
Ferramentas Modulares
a utilização de um operador o tempo de ciclo é estimado em 20s por
necessário a realização de 3 montagens distintas, conforme relação
processos, anexo 7, incluindo o tempo de liberação do produto. Com
Para a estampagem com a utilização de ferramentas modulares será
peça.
abaixo, com valor estimado e orçado em R$ 30.291,00, conforme
A matéria prima necessária será uma chapa de aço inox AISI 304
de 1,0mm de espessura, com 180,0mm de largura e 480,0mm de comprimento em formato de blank.
Vide esboço da ferramenta simples, anexo 4.
Ferramenta Progressiva
anexo 3.
As prensas utilizadas serão: 1 prensa dupla com capacidade de
40T, com mesa de dimensões mínima de 600 x 500mm e abertura de 450mm e uma prensa simples com capacidade de 30T, com mesa de 600 x 500mm e abertura 450mm.
Será utilizado chapas de aço inox AISI 304 já cortados em forma
Para a estampagem com a utilização de uma ferramenta progressi-
de blank com dimensões de 480 x 180x 1,0mm.
progressiva com valor estimado e orçado em R$ 94.500,00, conforme
jado para atingir a meta de 15min. Conforme tabela comparativa dos
A prensa necessária para a montagem de tal ferramenta deverá ter
a utilização de três operadores, o tempo de ciclo é estimado em 5s por
va será necessário a construção de um ferramenta de estampagem anexo 2.
capacidade acima de 110T, com mesa de dimensões mínima de 700 x 600 mm e abertura de 500mm. Será utilizado um desbobinador com
capacidade para rolos até 2T e largura acima de 510mm. Um alimentador para avançar o material também deverá ser acoplado a prensa.
Faz-se necessário a utilização desta prensa devido ao tamanho de base 36 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
O tempo para preparação da ferramenta em máquina está plane-
processos, anexo 7, incluindo o tempo de liberação do produto. Com peça.
A matéria prima será comprada em chapas comerciais 3000,0
x 1200,0 x 1,0mm, a um preço de R$ 28,00/kg. Cada chapa será suficiente para estampar 36 peças.
Vide esboço da ferramenta modular, anexo 6.
ARTIGO Elementos de corte
Caixa de Engrenagens
Ferramenta convencional
Ferramenta modular
Fixo não permite nenhuma alteração
Intercambiáveis, utiliza-se sempre o mesmo corpo, com troca rápida dos punções e matrizes, variando formas Concentricidade
Dada através das colunas, devem ser obrigatoriamente de grande precisão
Corpo único, grande e excepcional concentricidade
Afiação de punção e matriz
Mat.: Aço Inox AISI 304 #1,0mm
Necessário desmontar, a ferramenta com grande perda de tempo operacional
Necessário desmontar, a ferramenta com grande perda de tempo operacional
Montagem na prensa
Fig. 19. Desenho da peça utilizada para comparação dos processos
Obrigatoriamente parada para ajustes
Montagens fora da prensa. Tempo de parada insignificante
Reutilização para novos produtos
Comparação dos Resultados Pode-se comprovar através de cálculos matemáticos qual dos sistemas de ferramentas para estampagem é o mais viável para o produto apresentado conforme desenvolvimento abaixo:
Obs.: Para a ferramenta progressiva, o valor de lote x matéria
prima, foi considerado o peso total da bobina.
Impossível, pois esta ferramenta é especifica para os fins construídos. Não há chance de modificações
Insuperável. A simples troca de punção e matriz permite empregar em um número infinito de peças, não há ociosidade
Fabricação / custos Exige altos custos, em vista aos departamentos envolvidos, prazos de entrega sempre dilatados, manutenção também muito cara
Onde:
Produto totalmente definido, de entrega imediata, baixo custo para implantação. Não há necessidade de mãos de obra especializada
Set-up = X (hora)
Hora máquina = Y (R$)
Hora homem ( operador ) = Z (R$)
Hora homem ( preparador ) = W (R$)
Matéria prima = F (R$) ; em função do lote Tempo de ciclo = G (min)
Eficiência de produção = E (porcentual)
Lote de produção = L ( unidades de peça ) Fórmula matemática
Vp = Valor de produção
Para resolução da formula apresentada foi considerada para o
Vp = [1,33 x ( 96,8 + 10,09 ) ]+ [(1000x 0,05 / 3600x 0,8) x
(11,77+ 96,80 )] + (50400) Vp = 50544,04
Obs.: o valor de lote x matéria prima, foi considerado o peso total
da bobina
Valor de produção para ferramenta progressiva é de R$
50544,04
Para o modelo de ferramenta modular foi obtido o valor apresen-
tado a seguir:
valor de produção para as ferramentas um lote de 1000 peças mensais para o modelo de ferramenta convencional simples foi obtido o valor apresentado a seguir:
Vp = [0,5x (32,33 + 10,09) ]+[(1000x0,33 / 3600 x 0,7) x (11,77 +
32,33)] + (1000 x 19,39) Vp = 19006,98
Valor de produção para ferramenta simples é de R$ 19.006,98
Para o modelo de ferramenta convencional progressivas foi obtido
o valor apresentado a seguir:
Vp = [0,125(64,66+5,89)] + [(1000x0,08 / 3600X0,8) x
(11,78+64,66) + (1000x19,39) Vp = 18991,23
Valor de produção para ferramenta modular é de R$ 18.991,23 Ferramenta convencional simples:
Custo da ferramenta:______________ R$ 40.500,00 Custo de produção (1000 peças) : _____R$ 19.006,98 Ferramenta convencional progressiva:
Custo da ferramenta:________________R$ 94.500,00 ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 37
ARTIGO Custo de produção (1000 peças) : _____
Conclusão
R$ 50.544,04
A solução eficiente e eficaz contra os
Ferramenta com sistema modular:
problemas em produção com ferramentas
Custo da ferramenta:______________
de estampagem está em se ter objetividade,
R$ 30.291,00
rapidez, competitividade e versatilidade
Custo de produção (1000 peças): _____
Julga-se serem estes os quatro pontos
R$ 18.991,23
Após a realização destes cálculos pode-
principais de apoio para o combate e o
A ferramenta convencional progressiva
constante desenvolvimento técnico indus-
sucesso contra a crise e tempos difíceis. O
-se chegar a seguinte conclusão:
trial exige busca e evolução dos processos
se torna inviável para a fabricação deste
produtivos, meios mais rápidos e precisos,
produto, devido ao baixo lote de produção,
com custos cada vez menores.
pois os seus custos foram os que apresen-
Nos processos apresentados neste
taram o maior valor entre os três tipos de ferramentas.
estudo constam:
a viabilidade de utilização de ferramenta
vencionais sejam elas simples ou progres-
• Estampagem com ferramentas con-
A partir deste momento deve-se analisar
sivas
com o sistema simples ou modular. Para a
• Estampagem com ferramentas modu-
análise considera-se a seguinte condição:
lares (unidades independentes)
• Valor de produção ferramenta simples +
Vale lembrar que qualquer método ou
Valor para fabricação da ferramenta simples
processo deve ter os princípios e cuidados
VPfs + VFfs = 19006,98 + 40500 =
observados, pois são inúmeros os fatores
59506,98
que determinam a escolha, inicialmente,
Para a utilização do sistema com ferra-
do processo e, posteriormente, o método a
menta convencional simples é gerado um
ser utilizado.
gasto no valor total de R$ 59.506,98
Estes fatores flutuam desde a disponi-
• Valor de produção ferramenta modular
bilidade no investimento em equipamen-
+ Valor para fabricação da ferramenta
tos, passando pela quantidade de produção
modular
(lote), qualidade e custo final do produto.
VPfm + VFfm = 18991,23 + 30291 =
É importante neste momento lembrar que
49282,25
a escolha de um processo e posteriormente
Para a utilização do sistema com ferra-
o método, incorre sobre vários aspectos,
menta modular é gerado um gasto no valor
pois nem sempre o produto final é que
total de R$ 49.282,23
determina o método.
Com os valores de produção e o valor de
As ferramentas modulares apresenta-
fabricação das ferramentas encontrados, po-
das neste estudo de caso, de maneira geral,
ferramenta se torna viável para a fabricação
uma solução eficiente e eficaz para a pro-
de-se agora determinar qual dos sistema de
foram o método e processo que apresentou
do produto proposto para um lote de 1000
dução ou estampagem de peças em lotes e
peças mensais.
quantidades intermediários, pois o sistema
Através dos cálculos conclui-se que a fa-
possui os requisitos mais buscados pelos
bricação do lote e produto desejado o sistema
programadores de produção atuais, que são
mais vantajoso é o sistema de ferramentas modulares.
38 ABRIL 2020
objetivo, rapidez, versatilidade e competitiFig. 20. Aplicações de diversas ferramentas modulares
ESTAMPAGEM
vidade, pois apresenta unidades de trabalho independentes, ou seja, podem ser monta-
ARTIGO dos de acordo com as necessidades.
ferramentas de modulares:
é globalizada, lançamentos de novos
cálculos e definições anteriores, seguem
concretizam com investimentos reduzidís-
que o sistema com ferramentas modulares,
Nos dias de hoje onde a evolução
produtos ou alterações dos já existentes se simos, quando se utiliza uma ferramenta modular. As ferramentas convencionais
exigem uma construção nova para atender
a demanda, enquanto que nas ferramentas
modulares, só há a necessidade da troca dos punções e matrizes para o lançamento de
um novo produto e, neste momento é que a caracteriza com o que podemos chamar de
melhores pontos, que são rapidez, objetivi-
Com os resultados apresentado pelos
os fatores que nos levaram a conclusão de
dentre os sistemas estudados é o mais sig-
nificativo e o que apresenta o maior índice de vantagens nos quais se pode citar: • Baixo custo no investimento
• Fácil manuseio e adaptação em qual-
quer tipo de prensa
• Troca rápida de ferramenta
• Set-up reduzidíssimo (insignificante) • Rapidez no lançamento de novos
dade e competitividade.
produtos
bilitar o uso e a criação da estamparia nas
módulos, permitem realizar montagens
pequenos e intermediários de produção,
uma única operação.
Com a verdadeira intenção de possi-
pequenas e médias empresas, para lotes
foi desenvolvido as ferramentas modulares, onde seu baixo custo, facilidade de manuseio mesmo com equipes não especializadas, rapidez e precisão, vem contribuindo para a sua plena aceitação no mercado de
• Padronização de alturas e cursos dos
progressivas, furando e cortando peças em Abaixo alguns exemplos de aplicações
e utilizações de ferramentas modulares (Figs 20).
Referências
ferramentas modulares, compara-se agora
AGOSTINHO, Oswaldo Luis; VILELLA, Ronaldo Castro (In Memoriam); BUTTON, Sérgio Tonini - Apostila ‘Processos de Fabricação e Planejamento de Processos’ – UNICAMP, 2004
ou progressiva) para estampagem com as
FADANELLI, R.; O Embutimento Circular; Anais da IV Conferência Nacional
ferramentas para estamparia.
Para o melhor entendimento da cons-
trução verdadeiramente simplificada de uma ferramenta convencional (simples
de Conformação de Chapas, UFRGS/ LdTM, Porto Alegre (2001), pág. 12-28 HINES, Peter e TAYLOR, David. Guia para a Implementação da Manufatura Enxuta “Lean Manufacturing”, Instituto IMAM, 2004 JUNCÁ, Fernando A.; Set-Up Rápido - Projeto FFGA; Edição 1 – Julho de 2003 MESQUITA, Eduardo Luiz Álvares. RUGANI, Léo Lucas. Estampagem dos aços Inoxidáveis – 1997 - ACESITA OEHLER, G. e H. Kaiser; 7 edição, Schmitt Stanz-und Ziehwerzeuge; Springer Verlag, 1993 SCHAEFFER, L.; C Fundamentos do Projeto de Ferramentas para o Processo de Estampagem; Revista Ferramental, Edição Maio/Junho, 2006 SCHAEFFER, L.; Conformação de Chapas Metálicas; Imprensa Livre Editora, Porto Alegre, 2004 TSCHATSCH, H.; Praxiswissen Umformtechnik; Verlag Vieweg,1977 Site da Empresa UNISTAMP S/A. www.unistamp.com
ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 39
ARTIGO Martelo
ANÁLISE DO RETORNO ELÁSTICO NO PROCESSO DE DOBRAMENTO EM “V” EM AÇOS DE ALTA RESISTÊNCIA
Punção rp
Peso
R So W Onde: R: Raio da matriz rp: Raio do punção So: Espessura da chapa W: Aberuta da matriz
Matriz
Fig. 1. Representação do processo de dobramento [4]
Rafael Pandolfo da Rocha, Luis Fernando Folle, Bruno Cordeiro, Matheus Riffel, Thaís Morato Bueno, Lírio Schaeffer, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre (RS).
Embora sejam empregados na indústria automobilística massivamente, para fins de fabricação de veículos mais leves e resistentes, os aços avançados de alta resistência (AHSS), mais especificamente, os aços bifásicos, ou Dual Phase, possuem pouca referência na literatura brasileira, quanto ao seu comportamento mecânico, sobretudo quando analisado o fenômeno de recuperação elástica, ou Springback. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo analisar a influência de parâmetros do processo de dobramento, em específico o efeito do deslocamento do punção no retorno elástico em tiras de aço de alta resistência. Foram realizados quatro tipos de ensaios de dobramento em matriz “V”, os quais se diferenciavam entre si em função dos deslocamentos realizados pelo punção, empregando tiras metálicas provenientes dos aços DP600 e DP780. Nesse aspecto, foram analisados o efeito da força de dobramento e do retorno elástico nesses processos. Os resultados previstos pelas formulações empíricas, constantes na literatura, foram comparados com uma análise experimental para os processos, bem como para os materiais empregados. Para esses dois aços analisados, notou-se que, a partir de 10 e até 20 mm de deslocamento, a força aplicada pelo punção tinha uma tendência a se reduzir, o que era previsto na formulação empírica. No entanto, assim que assumida a posição de 23 mm, a força aumentou abruptamente, motivada em função do contato com o fundo da abertura da matriz. À medida em que o deslocamento do punção aumentava, reduzia-se, em contrapartida, os raios de dobra e os ângulos de abertura das tiras metálicas conformadas. O valor do retorno elástico esteve, por sua vez, interligado à força aplicada, sendo seu efeito menor com o aumento da força aplicada.
O
s aços bifásicos, ou Dual
e, inclusive, com a melhoria à
resistência na indústria automobilística
grupo dos aços avançados
obtidos por tratamento térmico, não é
motivada por dificuldades em manter
Phase, constituintes do
de alta resistência (AHSS), estão sendo empregados amplamente no setor
automobilístico, dada a peculiaridade
desses em combinar elevada resistência
mecânica a uma considerável ductilidade, o que contribui com a redução de peso quando da fabricação de automóveis 40 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
conformabilidade. Embora sejam
incomum empregar quaisquer processos de reaquecimento nos aços Dual Phase,
sobretudo quando da necessidade de lhes
conferir alterações à sua microestrutura e, por conseguinte, ao seu comportamento mecânico.
[1]
O emprego dos aços avançados de alta
vem sofrendo uma considerável limitação, a sua precisão dimensional quando
conformados. Assim, ressaltam que esse
problema se concentra no retorno elástico, sobretudo pela inviabilidade de montar
os componentes derivados dos AHSS e, inclusive, por questões estéticas, fatores esses que precisam ser correlacionados
ARTIGO qual passa de uma superfície plana para duas
LN
superfícies concorrentes, em ângulo, munida de raio de concordância em sua junção [5],
conforme pode ser averiguado através da Fig. 2.
Lado compromido
Durante o processo de dobramento,
Linha neutra
Lado tradicionado
ri
mais precisamente, na seção transversal da região em que está concentrada a dobra,
so
nota-se a existência de duas regiões, a saber: região de deformação elástica e região de
Fig. 2.Representação das zonas de tração e compressão [6]
deformação plástica. Dessa forma, destaca-se que, embora apresentem características de
deformação (elástica e plástica), essas duas
h
af
regiões são deformadas por esforços trativos e compressivos, cuja localização da zona de tração (+) e de compressão (-), em relação à
R0
a
Rf
0
linha neutra (LN), depende da orientação do esforço aplicado [3].
Em função da realização desse processo
de conformação, surge o fenômeno retorno elástico, o qual, também denominado de
Fig. 3. Representação do retorno elástico [8]
springback, é motivado pela concentração de energia elástica residual no metal
4 5
conformado, oriunda da deformação
a energia proveniente do processo fica
23
13
não-linear acometida à peça. Desse modo, armazenada durante a sua realização, ao
R3, 5
100 a)
b)
Fig. 4. Representação do punção metálico. Vista frontal (a) e Lateral Esquerda (b)
com os parâmetros de ferramenta e de processo, bem como levados em conta
durante o projeto dos seus produtos [2]. No que tange aos processos de
estampagem, o dobramento é considerado como uma operação unitária, a partir
da qual elementos retos de chapas são transformados em elementos curvos.
Além disso, salienta-se que esse processo é caracterizado pela não-uniformidade
Nesse viés, o dobramento é
descrito como o processo em que uma determinada chapa metálica sofre
deformação por flexão, proveniente
do movimento e da energia oriundos
de prensas. Dessa maneira, o formato
sua posição de equilíbrio, como se fosse a sua posição inicial, o que evidencia que o formato final da peça depende, além do contorno da matriz, da energia elástica
estocada no material enquanto esse está sendo deformado plasticamente [7].
Caracteriza-se o retorno elástico, ou
demonstrado na Fig. 1.
sofre quando removida a pressão exercida
punção e matriz específicos [4], conforme Quando da realização da operação de
entre essas e a posição da seção
desenvolver a flexão e a deformação plástica.
neutra da peça [3].
impõe à peça uma tendência de retorno à
recuperação elástica, como a variação
dobramento, a chapa é submetida a esforços
transversal, referenciada a partir da linha
aplicado pela ferramenta, a energia residual
da peça é obtido pela interação entre
e não-homogeneidade da deformação,
motivadas pela relação direta estabelecida
passo que, quando da remoção do esforço
aplicados em duas direções opostas, a fim de O resultado desse processo, por sua vez, é
a mudança superficial da chapa metálica, a
dimensional que uma determinada peça
pela ferramenta de dobra, motivada pela redução da deformação total devido à
recuperação elástica, cujas representações do ângulo desejado (α0) e do ângulo
efetivamente obtido (αf) podem ser
averiguadas pela Fig. 3. Ademais, é notório ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 41
ARTIGO NBR ISO 7438:2016, foram selecionadas 12
Tabela 1. Propriedades mecânicas do aço DP600 [1], [11] e [12] Autores
Tensão de Escoamento (MPa)
Limite de Resistência (MPa)
Alongamento máximo (%)
Tigrinho (2011)
385
602
23
Martins (2015)
388
631
16,8
Tepedino (2014)
368
633,3
26,3
MÉDIA
380,3
622,1
22,03
amostras de aço DP600 e 12 de aço DP780,
com dimensões de 250 mm de comprimento e 20 mm de largura. No entanto, no tocante à espessura, é imprescindível destacar que
o aço DP600 apresentava uma espessura de
1,5mm, enquanto a espessura do aço DP780
Tabela 2. Propriedades mecânicas do aço DP780 [13], [14] e [15] Autores
Tensão de Escoamento (MPa)
Limite de Resistência (MPa)
Alongamento máximo (%)
Caetano (2015)
464
791
13,4
Pereira, Bustamente e Ferreira (2015)
437
841
17,6
Faria Neto (2015)
604,9
864,43
23,73
MÉDIA
502
832,14
18,24
vez, assumiram o formato de tiras. Ademais, conforme constam das Tabelas 1 e 2,
foram extraídos as propriedades mecânicas desses aços em trabalhos científicos, com
que fenômeno de recuperação elástica
fatores, como, por exemplo, a conformação a
limite de escoamento, menor o módulo de
ao fundo da matriz, auxiliam na redução do
será mais contundente quanto maior for o
era de 1mm, materiais esses que, por sua
vistas a encontrar um valor médio dessas
informações e, consequentemente, adotá-lo
altas temperaturas e o calçamento do punção
É notório que o acréscimo da tensão
de escoamento do material, sobretudo dos
aços avançados de alta resistência (AHSS),
contribue para redução da conformabilidade
retorno elástico .
bifásicos, por intermédio da revisão de
Em concordância com a norma ABNT
três autores constantes da literatura,
113
seu respectivo retorno elástico. Ademais, elástica depende da combinação de uma
Ademais, é notório que a determinação
das propriedades mecânicas desses aços
Materiais e Método
das chapas e, em contrapartida, aumenta o ressalta-se que o fenômeno de recuperação
força de dobra e de retorno elástico.
[8]
R2
90° R4
,8
2 46,68
56
elasticidade e maior a deformação plástica . [8]
quando da realização dos cálculos teóricos de
série de parâmetros de processo, a saber:
27
formas e dimensões das ferramentas,
condições de atrito e de contato, bem como
da espessura e do comprimento das amostras do material, dentre outros aspectos do processo de dobra [9].
17
120
propriedades dos materiais, temperatura,
140
153
Fig. 5. Representação da matriz de madeira. Vista frontal (a) e Lateral Esquerda (b) 112°
No entanto, salienta-se que o retorno
Posição inicial da chapa
104°
Posição inicial da chapa
elástico depende, além do limite de
escoamento do material e do processo
de dobramento, do raio de dobramento, de forma que, quanto menor o raio de
1°Projeto de dobramento 2° Avanço do punção = 15 mm
e, consequentemente, menor o retorno
96,5°
dobra, menor serão as forças elásticas
elástico [10]. Ademais, considera-se que a
2°Projeto de dobramento Avanço do punção = 17,5 mm 90°
determinação do retorno elástico através do
método de tentativa e erro é mais apropriada para encontrar o perfil adequado da matriz. Concomitantemente, é dito que, além
de reduzir o raio de curvatura para uma
dimensão menor do que a desejada, outros 42 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
3°Projeto de dobramento
4°Projeto de dobramento
Avanço do punção = 20 mm
Avanço do punção = 23 mm
Fig. 6. Projeto dos processos de dobramento em V
ARTIGO Aço DP600 - Deslocamento de 15 mm
Força (N)
600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 0
CP 01 CP 02 CP 03
3
6
9
12
15
deslocamento do punção (mm)
Força (N)
Aço DP600 - Deslocamento de 20 mm
600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 0
CP 01 CP 02 CP 03
5
10
15
20
600 Aço 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0
DP600 - Deslocamento de 15 mm
0
deslocamento do punção (mm)
Sendo assim, o desenvolvimento dos
processos de dobramento em “V” foram
em divididos em quatro etapas distintas, CP 01 CP 02 CP 03
2,5
5
7,5
10
12,5
15
mm), de forma que, para cada valor de
deslocamento, eram realizados três ensaios de dobramento para cada aço Dual Phase.
Nesse aspecto, procedeu-se os processos de CP 01 CP 02 CP 03
20,7
23
Força (N)
CP 01 CP 02 CP 03
3
6
9
12
15
deslocamento do punção (mm)
10
15
Força (N)
e de seus respectivos ângulos de abertura podem ser vistos através da Fig. 6. CP 01 CP 02 CP 03
20
deslocamento do punção (mm)
Todavia, é de suma importância
destacar que, nos processos de
dobramento em “V” executados, a 2,5
5
7,5
10
12,5
15
limitação do deslocamento vertical do
17,5
punção foi determinada e programada
Aço DP600 - Deslocamento de 23 mm
CP 01 CP 02 CP 03
5
projeto dos dobramentos a serem realizados
deslocamento do punção (mm)
Aço DP600 - Deslocamento de 20 mm
600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 0
de dobramento para o aço DP780, processos avanços do punção, cuja representação do
Aço DP600 - Deslocamento de 17,5 mm
600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 0
DP600, ao passo que, quando concluídas as
que respeitaram à ordem crescente dos
deslocamento do punção (mm)
Aço DP600 - Deslocamento de 15 mm
dobra, primeiramente, às amostras de aço
quatro etapas de dobra, iniciou-se o processo
Fig. 7. Força de dobra efetiva para cada processo de dobramento empregado para DP600 600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 0
deslocamentos verticais assumidos pelo punção (15 mm, 17,5 mm, 20 mm e 23
17,5
600 Aço DP600 - Deslocamento de 23 mm 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 0 2,3 4,6 6,9 9,2 11,5 13,8 16,1 18,4
deslocamento do punção (mm)
diferenciadas entre si através dos quatro
600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 0 2,3
por intermédio do software da EMIC, o Tesc 3.04, de forma que, quando CP 01 CP 02 CP 03
atingido o valor programado, a máquina cessava o deslocamento. Destaca-se que os dobramentos foram realizados com
4,6
6,9
9,2
11,5
13,8
16,1
18,4
20,7
23
deslocamento do punção (mm)
Fig. 8. Força de dobra efetiva para cada processo de dobramento empregado para DP780
uma velocidade do punção de 20 mm/
min, a fim de que não sejam promovidos quaisquer empecilhos à deformação
pode culminar em imprecisão quando da
Ensaio de Dobramento em V
mínimo de dobra. Justifica-se tal assertiva
submetidos ao processo de dobramento
Metodologia de Cálculo Aplicada
conduzido na máquina universal de ensaios,
mento dos aços bifásicos quando subme-
plástica do material.
realização dos cálculos da força e do raio
Desse modo, esses aços Dual Phase foram
com base na prerrogativa de que, para
em matriz “V”, processo esse que fora
Com a finalidade de prever o comporta-
a EMIC DL 10000, com capacidade de
tidos ao processo de dobramento, através
cada lote de material, há oscilações das
propriedades mecânicas, evidenciando, assim, a necessidade de realização dos
ensaios de tração, o que não fora executado em função da quantidade de amostras limitada desses aços.
No tocante ao Módulo de Young,
ou Módulo de Elasticidade (E), mais
especificamente, para os aços DP’s adotados, é estimado em 200 GPa [9].
carga de, no máximo, 100 kN. Os dados coletados de deslocamento e de força
aplicada pelo punção são coletados pelo
software da máquina, o Tesc 3.04. Por sua
vez, o ferramental adotado fora um punção
de formulações constantes da literatura,
foram determinadas as variáveis indispen-
sáveis à realização dos cálculos, de acordo com as Tabelas 3 e 4.
Com a finalidade de estimar a força
metálico (Fig. 4) e uma matriz de madeira
de dobra (Fd) necessária para o proces-
de dobra.
varáveis do processo de dobra, a exemplo
(Fig. 5), para fins de execução dos processos
so, prevê-se a necessidade de associar as ESTAMPAGEM
ABRIL 2020 43
ARTIGO Nesse aspecto, percebeu-se que a
Tensão de escoamento (σe)
Módulo de eslasticidade (E)
20 mm 1,5 mm
46,68 mm 3,5 mm 0,1
380, 3 MPa
210 GPa
2º processo de dobra
17,5 mm 104°
38°
20 mm 1,5 mm
46,68 mm 3,5 mm 0,1
380, 3 MPa
210 GPa
3º processo de dobra
20 mm
96,5° 41,75°
20 mm 1,5 mm
46,68 mm 3,5 mm 0,1
380, 3 MPa
210 GPa
4º processo de dobra
23 mm
90°
20 mm 1,5 mm
46,68 mm 3,5 mm 0,1
380, 3 MPa
210 GPa
45°
Coeficiente de atrito (µ)
34°
Raio de punção (rp)
Largura da chapa (b)
112°
Distância entre apoios (W)
Ângulo externo de dobra (β/2)
15 mm
Expessura da chapa (S0)
Ângulo interno de dobra (α)
1° processo de dobra
Processo
Deslocamento do punção (h)
Tabela 3. Variáveis das tiras de aço DP600
de dobra para os processos de dobramento
executados, não é apropriada aos processos de dobramento em V, sobretudo quando voltada aos aços bifásicos, conforme o
percentual de erro demonstrado nas tabelas 5 e 6.
Raio de Dobra e Ângulo de Abertura No tocante ao raio de dobra, verificou-se
que esse está, de forma geral, interligado ao
2º processo de dobra
17,5 mm 104°
3º processo de dobra
20 mm
4º processo de dobra
23 mm
38°
46,68 mm 3,5 mm 0,1
Módulo de eslasticidade (E)
20 mm 1 mm
Tensão de escoamento (σe)
34°
Coeficiente de atrito (µ)
Largura da chapa (b)
112°
Raio de punção (rp)
Ângulo externo de dobra (β/2)
15 mm
Distância entre apoios (W)
Ângulo interno de dobra (α)
1° processo de dobra
Expessura da chapa (S0)
Deslocamento do punção (h)
Tabela 4. Variáveis das tiras de aço DP780
Processo
equação 1, destinada a previsão da força
502 MPa
210 GPa
20 mm 1 mm
46,68 mm 3,5 mm 0,1
502 MPa
210 GPa
96,5° 41,75°
20 mm 1 mm
46,68 mm 3,5 mm 0,1
502 MPa
210 GPa
90°
20 mm 1 mm
46,68 mm 3,5 mm 0,1
502 MPa
210 GPa
45°
do raio do punção (rp) e o ângulo externo
(K), o qual, inclusive, está atrelado ao
aos parâmetros fixos, a saber: espessura
largura (b) e à espessura da tira (s0), bem
no dobramento (β1), concomitantemente
(s0) e largura (b) da chapa, bem como a
distância entre os apoios (W), a tensão de
escoamento do material (σe) e o coeficien-
te de atrito (µ=0,1) , parâmetros esses [6]
módulo de elasticidade do material (E), à como ao momento de dobramento (Mz)
e ao raio de dobramento (r)
[10]
, conforme
demonstrado pelas formulações 3, 4 e 5.
correlacionados na equação 1.
deslocamento do punção, uma vez que, à
medida em que o deslocamento do punção
aumenta, reduz-se a intensidade do raio de dobra, conforme Fig. 9.
Por intermédio da equação 2, foram
mensurados os raios mínimo de dobra
para os aços DP600 e DP780, sendo esses 2,65 mm e 2,24 mm, respectivamente. Conforme sintetizado na Fig. 9, averí-
gua-se que a faixa de raio de dobra obtida
varia de 6 a 14 mm e que, portanto, não se encontra aquém aos valores do raio míni-
mo de dobra, fazendo com que a hipótese de propagação de trinca e/ou fratura seja
descartada. Tal assertiva é, ainda, validada pelos resultados experimentais, de tal
modo que não foram constadas trincas na região do raio de dobra das amostras.
Por sua vez, o comportamento do
ângulo de abertura em função do deslocamento do punção pode ser observado
pela Fig. 10. Dessa forma, notou-se que,
Por sua vez, para determinação do
à medida que o deslocamento do punção
raio mínimo de dobra (rmin), é necessário
considerar a espessura da chapa (s0), bem
aumenta, reduz-se o ângulo de abertura.
como o percentual de alongamento máxi-
Resultados - Força de Dobra
Retorno Elástico
mo da chapa quando submetida a ensaios de tração (Al %) [5], conforme descreve a
Conforme pode ser averiguado pelas
A determinação do fator do retorno elás-
equação 2.
Figs. 7 e 8, são representadas as forças
de dobra para cada processo executado,
ângulo de projeto, ou o ângulo de abertu-
em função do deslocamento do punção.
Destaca-se que esses dados foram coletados
Quantifica-se a recuperação elástica
com base num fator de retorno elástico 44 ABRIL 2020
ESTAMPAGEM
pelo software da Emic (Tesc 3.04) e,
posteriormente, inseridos no MS Excel para representação gráfica.
tico efetivo deu-se pelo quociente entre o ra, e o ângulo em que a peça permanece
efetivamente quando findado o processo de dobra (equação 3). Em contrapartida, o fator de retorno elástico teórico deu-se pela equação 4, cuja comparação entre o
ARTIGO Aço DP780 Raio de dobra (mm)
Raio de dobra (mm)
Aço DP600 14,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0,000
deslocamento do punção (mm) 15
17,5 20
16,000 14,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0,000
elástico. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO, 7., 2013, Curitiba. Anais eletrônicos. Itatiaia: Abcm, 2013. [3] FERREIRA, R. A. S.. Conformação deslocamento do punção (mm)
23
15
17,5 20
23
Fig. 9. Comparação do raio de dobra com o deslocamento do punção Aço DP780 Raio de dobra (mm)
Ângulo de abertura (mm)
deslocamento do punção (mm) 15
17,5 20
mecânicos I / prefácio de Ricardo Artur Universitária da UFPE, 2010. [4] SANTOS, R. A. dos. Influência da força
140 120
pós dobra e da geometria da ferramenta
100
no retorno elástico em processos de
80 60
dobramento de aços de alta resistência.
40 20 0
plástica: fundamentos metalúrgicos e Sanguínetti Ferreira. - 2. ed. Recife: Ed.
Aço DP600 140,0 120,0 100,0 80,00 60,00 40,0 20,0 0,0
de ferramenta na ocorrência do retorno
deslocamento do punção (mm)
23
15
17,5 20
23
2013. 114 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013.
Fig. 10. Comparação do ângulo de abertura com o deslocamento do punção
teórico e o efetivo pode ser contemplada
pelas Tabelas 7 e 8, constando-se, assim,
que a equação 4 é apropriada para previ-
são do fator de retorno elástico, dado que
o percentual de erro entre esses é inferior
[5] MORO, N. ; AURAS, A. P.. Processos
de dobra, constata-se que o material não
de Fabricação: Conformação mecânica
dado que os raios aferidos encontram-se
de Chapas. Apostila Curso Técnico de Me-
tem possibilidade de fraturar e/ou trincar,
II – Extrusão, Trefilação e Conformação
em maior módulo.
cânica Industrial. 2006. Centro Federal
O ângulo de abertura, por sua vez,
de educação.
a 10%.
reduziu-se à medida em que aumentava o
Conclusão
retorno elástico, notou-se que esse é, sig-
6656 LNE 380. 2017. 99 f. Dissertação
pelo punção. Dessa forma, para os pro-
Minas, Metalúrgica e de Materiais, Uni-
forças maiores, mais especificamente, no
Porto Alegre, 2017.
No tocante à previsão da força de dobra
através da equação, constatou-se que essa é inaplicável aos processos de dobra com
aços bifásicos, dado que os resultados dessa se encontram defasados a, no mínimo,
30% para os aços DP600 e DP780. Além disso, quanto à força de dobra promovida
durante os ensaios, percebe-se que, durante os deslocamentos do punção de 15, 17,5 e 20 mm, para os aços DP600 e DP780, a
[6] FREES, M. V. da S.. Avaliações sobre o
deslocamento do punção. No tocante ao
processo de dobramento de aço NBR
nificativamente, sensível à força aplicada
(Mestrado) - Curso de Engenharia de
cessos de dobra em que foram empregadas
versidade Federal do Rio Grande do Sul,
quarto processo de dobra, o retorno elástico apresentava uma tendência de atenuar-
[7] ARAÚJO, D. D.. Estudo do Springback na conformação mecânica de segmentos
-se para os aços DP600 e DP780.
toroidais em chapas grossas. 2007. 155
Referências
Engenharia de Materiais, Rede Temática
[1] MARTINS, S. C. S.. Análise da microes-
em Engenharia de Materiais, Ouro Preto,
força de dobra manteve-se, consideravel-
trutura e do comportamento mecânico de
direcionando à posição de 23 mm, a força
f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
2007.
mente, constante, ao passo que, quando se
aços bifásicos das classes de resistência de 600 MPa e de 1000 MPa revenidos
2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois,
acresceu-se demasiadamente.
e deformados plasticamente. 2015. 143
1981. Traduzido por Antonio Sergio de
Averiguou-se que os raios de dobra
f. Dissertação (Mestrado) - Curso de En-
Sousa e Silva, Luiz Henrique de Almeida,
para as tiras de aço DP600 e DP780 redu-
genharia de Materiais, Centro Federal de
Paulo Emilio Valadao de Miranda.
ziram-se com o aumento do deslocamento
Educação Tecnológica de Minas Gerais,
do punção, redução essa que, de certa
Belo Horizonte, 2015.
forma, foi equivalente a esses dois aços
bifásicos. Se considerados os raios mínimo
[2] LAJARIN, S. F.; MARCONDES, P. V. P.. Influência dos parâmetros de processo e
[8] DIETER, G. E.. Metalurgia Mecânica.
[9] MARTINS, M. S.; SCHAEFFER, L.. Avaliação do Retorno Elástico em Chapas de Aço Bifásicos através do Processo de Dobramento. In: CONFERÊNCIA INESTAMPAGEM
ABRIL 2020 45
ARTIGO TERNACIONAL DE CONFORMAÇÃO DE
Tabela 5. Percentual de erro entre as forças medidas e calculadas para o Aço DP600
CHAPAS, 5., 2015, Porto Alegre. Poster
Processo
contributions. RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015. p. 1 - 9. [10] SCHAEFFER, L. Manufatura por conformação mecânica. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2016. [11] TIGRINHO, L. M. V.. Análise da fratura de chapas do aço avançado de alta
Deslocamento do punção (mm)
Força Lange (1990, apud FREES, 2017) (N)
Força média aferida pela máquina (N)
Erro (%)
1° processo de dobra
15
304,7
520
41,40
2º processo de dobra
17,5
281,9
500
43,62
3º processo de dobra
20
4º processo de dobra 23
258,3
490
47,29
237
1480
83,99
Tabela 6. Percentual de erro entre as forças medidas e calculadas para o Aço DP780 Processo
Deslocamento do punção (mm)
Força Lange (1990, apud FREES, 2017) (N)
Força média aferida pela máquina (N)
Erro (%)
resistência DP600 quando submetido a
1° processo de dobra
15
176,5
270
36,63
diferentes estados de tensões. 2011. 128
2º processo de dobra
17,5
163
258
36,82
3º processo de dobra
20
149,3
265
43,66
4º processo de dobra 23
136,7
890
84,64
f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. [12] TEPEDINO, J. O. A.. Aplicação de Curvas
Tabela 7. Comparação do fator de retorno elástico efetivo com o teórico para os aços DP600 Amostra
Deslocamento do punção (mm)
Fator de Retorno Elástico Efetivo
Fator de Retorno Elástico Erro (%) - Schaeffer (2016)
Limite de Conformação na previsão de
CP01
15
0,868
0,868
7,7
rupturas em bordas de peças estampa-
CP02
17,5
0,868
0,868
7,7
das. 2014. 93 f. Dissertação (Mestrado)
CP03
20
- Curso de Engenharia Metalúrgica, Ma-
Média Geral
teriais e de Minas, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. [13] CAETANO, R. A.. Avaliação da Conforma-
0,875
0,875
7,0
0,870
0,870
7,5
CP01
17,5
0,912
0,952
4,2
CP02
17,5
0,912
0,952
4,2
CP03
17,5
Média Geral
0,920
0,952
3,3
0,915
0,952
3,9
CP01
20
0,928
0,957
3,0
CP02
20
0,919
0,957
4,0
Plasticity (TRIP780) Eletrogalvanizado
CP03
20
e Dual Phase (DP780) Galvanizado Por
Média Geral
bilidade do Aço Transformation Induced
Imersão a Quente. 2015. 102 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Metalúrgica, Materiais e de Minas, Escola
0,919
0,957
4,0
0,922
0,957
3,7
CP01
23
0,918
0,913
0,6
CP02
23
0,918
0,913
0,6
CP03
23
Média Geral
0,947
0,913
3,6
0,928
0,913
1,6
de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. [14] PEREIRA, J. F. B.; BUSTAMANTE, G.
Tabela 8. Comparação do fator de retorno elástico efetivo com o teórico para os aços DP780 Amostra
Deslocamento do punção (mm)
Fator de Retorno Elástico Efetivo
Fator de Retorno Elástico Erro (%) - Schaeffer (2016)
O.; FERREIRA, R. F.. Aços TRIP– Carac-
CP01
15
0,842
0,877
3,98
terísticas e Aplicação. In: CONGRESSO
CP02
15
0,842
0,877
3,98
CP03
15
ANUAL DA ABM - INTERNACIONAL, 70., 2015, Rio de Janeiro. Proceedings... . [S.I.]: ABM Week, 2015. p. 1095 – 1104. [15] FARIA NETO, A. dos R. de. Aços avançados de alta resistência: avaliação da
Média Geral
0,842
0,877
3,98
0,842
0,877
3,98
CP01
17,5
0,832
0,907
8,27
CP02
17,5
0,839
0,907
7,53
CP03
17,5
Média Geral
0,839
0,907
7,53
0,839
0,907
7,78
microestrutura e propriedades dos aços
CP01
20
0,836
0,917
8,49
DP 600 e DP 780. 2015. 68 f. TCC (Gra-
CP02
20
0,839
0,917
10,06
CP03
20
duação) - Curso de Engenharia Mecânica, Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Guaratinguetá, 2015.
Média Geral
ESTAMPAGEM
0,917
9,28
0,917
9,28
CP01
23
0,900
0,834
7,33
CP02
23
0,891
0,834
6,41
CP03
23
Média Geral
46 ABRIL 2020
0,825 0,832
0,900
0,834
7,33
0,897
0,834
7,02
Como líder global em tecnologia com foco no processamento flexível de chapas metálicas, tecnologia laser e eletrônica, acreditamos firmemente que você pode melhorar ainda mais seus processos. E não nos referimos apenas a produtos. Ao melhorar nossa cultura corporativa, desenvolver e promover nossos colaboradores e impulsionar ativamente o compromisso social, criamos um ambiente que, além da inovação, proporciona o crescimento de algo acima de tudo: a paixão. www.trumpf.com.br info.br@trumpf.com