> PAULO GOMES responsável do Departamento de Comunicação & Imagem
Em duas vertentes (Qualidade e Ambiente), a SGS apresenta um esquema inovador de qualificação e certificação de edifícios, que pretende responder às necessidades do sector da Construção.
As chamadas Energias Alternativas ou Energias de Fontes Renováveis constituem um objectivo primordial para o Desenvolvimento Sustentável em Portugal. Por esta razão, dedicamos o tema de capa desta edição da SGS Global a algumas das Energias Alternativas que se encontram em franca expansão no nosso país: solar, biodiesel, geotérmica, eólica e energia das ondas. Para nos ajudar a ilustrar a verdadeira aposta nacional nas Energias Alternativas contamos com o testemunho de algumas das mais inovadoras e empreendedoras empresas portuguesas, bem como da APREN - Associação Portuguesa de Produtores Independentes de Energia Eléctrica de Fontes Renováveis. A par das fontes renováveis de energia, outra importante medida para o Desenvolvimento Sustentável é a Eficiência Energética, que nesta edição tratamos na vertente de Edifícios. Apresentamos, por isso, uma entrevista com Carlos Nascimento, director de Projecto da ADENE - Agência para a Energia; e fazemos o balanço do Seminário ‘Certificação de Edifícios: Energia, Ambiente e Segurança’, onde foi apresentado o novo projecto da SGS neste âmbito: DomusQual e DomusNatura. Em duas vertentes (Qualidade e Ambiente), a SGS apresenta um esquema inovador de qualificação e certificação de edifícios, que pretende responder às necessidades do sector da Construção, quer do lado da oferta quer do lado da procura. E como nos encontramos em pleno período de férias de Verão, a SGS Global decidiu abordar uma modalidade de turismo que não tem recebido muita atenção dos diversos stakeholders: o Campismo. Olhado habitualmente como o parente pobre do turismo, é um sector que se tem transformado radicalmente em toda a Europa, oferecendo excelentes equipamentos para quem opta pelo ‘turismo natureza’. Embora a quantidade de parques de campismo em Portugal tenha vindo a crescer, a realidade é que a qualidade, o ambiente e a segurança dos mesmos se encontram muito aquém das exigências do novo tipo de ‘turista natureza’. A partir dos testemunhos de clientes e parceiros concluímos que, apesar da necessidade de melhorias, os parques de campismo são cada vez mais procurados por portugueses e estrangeiros, podendo vir a tornar-se um forte agente do turismo nacional.
Fotografia da capa Pedro Gomes
E porque a SGS ICS é líder em serviços de Certificação, sendo uma das afiliadas do Grupo SGS com maior experiência no âmbito da Certificação do Serviço, damos a conhecer aos nossos leitores a visita às nossas instalações, em Lisboa, de uma Delegação da China, constituída por representantes da SAC – Standardization Administration of the People’s Republic of China, da Divisão de Acreditação do CNCA - Certification and Accreditation of People’s Republic of China, e do CNIS - China National Institute of Standardization. Por último, desejo boas férias a todos os parceiros do Grupo SGS!
> FICHA TÉCNICA Propriedade SGS Portugal – Pólo Tecnológico de Lisboa, Lote 6, Pisos 0 e 1, 1600-546 Lisboa (www.pt.sgs.com) Tel 217 104 200 Fax 217 157 520 Direcção Paulo Gomes Redacção, Design e Produção Gráfica Editando, Edição e Comunicação (www.editando.pt) Fotografia Bruno Barata, Photos.Com, SGS Image Bank Impressão IDG-Imagem Digital Gráfica, Lda Distribuição Gratuita
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> ENERGIAS ALTERNATIVAS
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Energias alternativas que futuro, que caminho?
A
promoção do desenvolvimento das energias renováveis, um dos cinco eixos da estratégia nacional para a energia, tem por objectivo reduzir a dependência energética do país face ao exterior e de reduzir as emissões de CO2, contribuindo para o cumprimento do Protocolo de Quioto. Cerca de 85% da energia primária consumida em Portugal é importada e tem origem em combustíveis fósseis, o que agrava substancialmente a factura energética nacional. Em 2004, o valor das importações de petróleo representava 11% do total das importações, e, embora não sejam conhecidos os valores actuais, é previsível que sejam mais elevados, uma vez que são conhecidos os valores que o preço do barril do petróleo tem vindo a atingir nos últimos meses.
Portugal assumiu o compromisso de, em 2010, produzir 39% da electricidade final a partir de fontes renováveis de energia. Não é um objectivo difícil de alcançar, atendendo aos concursos lançados e a lançar no campo das fontes renováveis. Inclusive, essa meta já foi atingida pontualmente no passado em anos húmidos. Mas também não será fácil, uma vez que a taxa de crescimento do consumo de electricidade (entre 5 a 6%/ano, em média) é superior à capacidade de incremento da produção a partir de fontes renováveis e que a produção hídrica varia consoante os anos são mais ou menos húmidos, o que afecta seriamente os resultados. Depois, há a questão da (in)eficiência energética. A elevada ineficiência energética no país tem sido induzida pelo crescimento dos consumos nos sectores doméstico, dos serviços e dos transportes. Os edifícios e os transportes são
os que mais consomem, sendo os primeiros (residenciais e serviços) responsáveis pelo uso de 60% da electricidade disponibilizada para consumo. Neste domínio impõe-se, por isso, a necessidade de tornar os edifícios e transportes energeticamente eficientes e educar e sensibilizar os cidadãos para mudanças de hábitos e padrões de consumo.
MW. Actualmente, apenas está em funcionamento a Central de Mortágua, com 10 MW de potência instalada, mas estão em processo de licenciamento projectos para 140 MW. Os 100 MW adicionais a atribuir às 10 novas centrais representam um investimento total estimado da ordem dos 225 milhões de euros e deverão proporcionar a criação de 500 a 800 novos postos de trabalho (incluindo a parte florestal). Forte investimento na produção Para a energia solar, o Governo equaciona o lançamento de De acordo com a Estratégia Nacional para a Energia, aprovada um concurso para centrais fotovoltaicas, por forma a licenciar em Outubro de 2005 pela Resolução do Conselho de os cerca de 22 MW que faltam para se atingirem os 150 Ministros n.º 169/2005, estima-se que o volume de MW assumidos para 2010. Contudo, no que respeita à investimento em produção de energia eléctrica a realizar até energia solar, a aposta vai para a instalação de painéis solares 2010 seja superior a 7 mil milhões de euros, cabendo a maior térmicos, obrigatória para todas as novas construções já a fatia às energias renováveis. partir de 2007, visando a maior eficiência energética dos O Governo conta também que, dadas as condições técnicas edifícios. específicas de inserção na rede de transporte e distribuição, No domínio dos biocombustíveis, o destaque vai para a da energia eléctrica com origem em fontes renováveis, assim transposição da Directiva sobre Biocombustíveis, que como de toda a fileira das actividades associadas à eficiência promove o fabrico deste combustível amigo do ambiente, energética, nomeadamente os serviços de energia, constituam e incentivos fiscais à sua utilização, designadamente pela estímulos à inovação e ao desenvolvimento tecnológico alteração do código de Impostos Especiais sobre o Consumo aplicados à energia por parte dos (ISP) e definição das regras de centros de I&D nacionais. “O isenção deste imposto aos biocomdesenvolvimento de indústrias bustíveis. A Isenção do ISP, já De acordo com a Estratégia fornecedoras de bens de equipaaprovada pelo Governo, é concedimento e de serviços para as energias Nacional para a Energia, estima-se da por um período de 6 anos a renováveis, se for bem sucedido, que o volume de investimento em cada operador em função de pode ser uma resposta às necessidacritérios de produção definidos e produção de energia eléctrica des de crescimento e de modernizadesde que exista uma incorporação a realizar até 2010 seja superior ção do país e, bem assim, potenciar mínima de produção agrícola as exportações portuguesas, à a 7 mil milhões de euros, cabendo nacional, em especial proveniente semelhança do que já aconteceu de regiões deprimidas. Os pequea maior fatia às energias noutros países”, salienta o docunos produtores de biocombustíveis mento do Governo. que utilizem óleos residuais ou renováveis. Por outro lado, a produção de elecprocessos inovadores e coloquem tricidade a partir de fontes renováos seus produtos em frotas dedicaveis irá também propiciar a entrada de novos actores neste das beneficiam de isenção total do Imposto. Com estas mercado, o que acarretará maior concorrência, outro dos medidas de incentivo, o Governo espera que em 2010 mais objectivos do Governo para o sector energético. de 5% de todos os combustíveis rodoviários (gasolina ou gasóleo) utilizados em Portugal tenham origem em biocomConcretizar a estratégia bustíveis. A hídrica e a eólica são as fontes renováveis encaradas como No que à eficiência energética diz respeito, o Governo fundamentais para o cumprimento dos objectivos estabelecidos publicou em Abril a legislação referente ao Sistema de para 2010 - porque são as que apresentam menor custo de Certificação Energética de Edifícios, que vai ser gerido pela produção e, consequentemente, as que terão menor impacto Agência de Energia (ADENE), e as versões actualizadas do nas tarifas médias dos consumidores. RSECE - Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Para atingir a meta dos 5100 MW de capacidade de produção Climatização nos Edifícios e do RCCTE - Regulamento de electricidade a partir do vento, o Governo lançou um das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios, concurso para a atribuição de licenças para implementação aplicáveis a partir de Janeiro de 2007. de parques eólicos até 1800 MW, a potência que ainda falta, Finalmente, e com o objectivo de incentivar a investigação prevendo-se para breve a divulgação dos consórcios vencedores. e o desenvolvimento tecnológico necessários à criação dos A biomassa, os biocombustíveis, o sol e os oceanos são as equipamentos a usar na produção de electricidade a partir outras fontes alternativas a que o Governo está a dar prioridade. da energia das ondas, o Governo prepara-se para aprovar Em Janeiro deste ano, o Governo lançou concursos para a legislação que vai facilitar os processos de licenciamento de construção de 10 centrais de produção de electricidade a parques para a instalação daquele tipo de empresas e criar partir de biomassa florestal com uma potência total de 100 uma zona piloto para o teste de tecnologias.
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> ENERGIAS ALTERNATIVAS
Investir nas energias renováveis 4 SGS Portugal
Agilizar o processo de licenciamento dos projectos de investimento em energias renováveis deve ser uma prioridade para o Governo.
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m anos húmidos e ventosos, Portugal já consegue produzir quase cerca de 35% da energia consumida a partir de fontes alternativas (centrais hidroeléctricas e energia eólica). Por enquanto, o preço das energias renováveis alternativas ainda é marginalmente mais caro, “mas com o aumento dos preços do petróleo, do gás natural e do carvão, e com o aumento da produção a partir de fontes renováveis, é de prever que a curto/médio prazo o custo final da energia produzida a partir de fontes renováveis venha a aproximar-se e até mesmo baixar face ao da electricidade produzida a partir de combustíveis fósseis”, defende António Sá da Costa, presidente da Direcção da APREN - Associação Portuguesa de Produtores Independentes de Energia Eléctrica de Fontes Renováveis. Mas para isso é necessário que o peso das energias renováveis na rede eléctrica nacional aumente efectivamente. E tudo indica que sim. O compromisso de Portugal para o sector estabelece que, em 2010, 39% da electricidade consumida tenha origem em fontes renováveis. “Para atingir esta meta, é preciso
instalar entre 500 a 600 MW ano. Conseguimos fazê-lo, mas há que licenciar 600 MW/ano. Por exemplo, em relação ao concurso em curso para a nova potência eólica, ainda não ouvi o Governo dizer clara e inequivocamente que vai garantir que atribui as licenças nos prazos que permitam aos vencedores instalar os parques por forma a estarem operacionais em 2014”, salienta António Sá da Costa. A afirmação não é feita de ânimo leve. De acordo com o presidente da APREN, actualmente um parque eólico demora entre 3 a 8 anos a licenciar e uma pequena central hídrica (até 10 MW) entre 8 a 16 anos. Importa reter que, para o promotor do investimento, o processo começa no dia em que se entrega o primeiro documento na DGGE e termina no dia em que se recebe a licença camarária que finalmente lhe permite iniciar a construção/instalação. E se para os projectos de investimento no domínio da hídrica, eólica, solar e biomassa o processo já é complicado e moroso, e só passa por dois ministérios (o da Economia e Inovação e o do Ambiente), sem esquecer os municípios, para os projectos no domínio da energia das ondas, a situação complica-se ainda mais: aos dois anteriores acrescem o Ministério da Defesa Nacional, o da Agricultura e Pescas e o das Obras Públicas e dos Transportes. Agilizar o processo de licenciamento dos projectos de investimento em energias renováveis é, por isso, um dos grandes “cavalos de batalha” da APREN. Inclusive, a Associação - que foi fundada há 18 anos e que agrega 56 associados que representam 93% da produção eléctrica a partir de pequenas centrais-hídricas, 95% da produção de
energia eólica, 100% da biomassa dedicada e, em percentagens muito inferiores, a fotovoltaica - já elaborou uma proposta nesse sentido para apresentar ao Governo. “A proposta tem por base a experiência dos associados em matéria de licenciamento e, sobretudo, vai ao encontro do objectivo de simplificação e desburocratização que o Governo tem vindo a defender. Queremos cumprir os passos todos que há para dar mas também queremos celeridade nos processos e que se evite o chamado veto de gaveta”, enfatiza António Sá da Costa.
Tarifas penalizam investimento nas renováveis Outro aspecto que preocupa a APREN é o das tarifas praticadas nas energias renováveis. E na questão das tarifas há pelo menos duas vertentes a considerar: a tarifa paga aos produtores e a alocação desse custo aos consumidores. O sistema tarifário em vigor até final de 2006 (DL 339 C/2001) é, no entender de António Sá da Costa, justo e equilibrado. Por exemplo, no caso dos parques eólicos, o valor da tarifa é constante até às 2000 horas de produção e depois vai baixando à medida que aumenta a produção (que nunca é constante uma vez que a matéria-prima é o vento: a tarifa média do MWh de um parque que trabalhe 3000 horas/ano é de cerca de €83; se o parque trabalhar 2000 horas, a tarifa é de cerca de €93). Porém, “o Governo anterior, a 16 de Fevereiro de 2005, estabeleceu que a tarifa a partir de 2007 passará a ser constante e que o seu valor é de €72 por MWh, não sendo actualizável de acordo com
uma boa percentagem do investimento em infra-estruturas foi feito pelo Orçamento do Estado (pipelines, linhas de caminho de ferro, etc.) e não pelas empresas responsáveis pelas centrais, o que, bem vistas as coisas, coloca os investidores em energias renováveis numa posição mais desfavorável para poder competir no mercado da electricidade”, realça o presidente da APREN. Apesar de ainda não estar em vigor, a fórmula encontrada pelo Governo para alocar a diferença entre o custo da energia eléctrica ordinária e o tarifário previsto para as energias renováveis, merece também algumas críticas da APREN, designadamente por passar uma mensagem errada aos consumidores domésticos, que são quem, de acordo com o que está previsto, irá pagar o grosso do diferencial. O custo acrescido que vai aparecer na factura da electricidade do consumidor doméstico é marginal, “mas não deixa de estar lá, e a mensagem não deixa de ser a de que pagam mais por causa da energia renovável que é injectada na rede”. Contudo, e quanto a isso o responsável da APREN não tem dúvidas: o tempo da electricidade barata acabou. “O kWh mais barato é aquele que não gastamos. 60% da energia consumida em Portugal é gasta nos edifícios e, desta, 60% é desperdiçada. Temos todos de mudar os hábitos de consumo; é preciso construir edifícios com maior eficiência energética, usar lâmpadas e equipamentos mais eficientes e, acima de tudo, poupar energia. Mas também é um disparate (e está errado) termos a possibilidade
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“O kWh mais barato é aquele que não gastamos. Temos todos de mudar os hábitos de consumo; é preciso construir edifícios com maior eficiência energética, usar lâmpadas e equipamentos mais eficientes e, acima Bruno Barata
de tudo, poupar energia.”
> António Sá da Costa, presidente da APREN
a inflação enquanto o parque ou a central não entrarem em funcionamento. Isto representa uma quebra de 17% no valor da tarifa, sem contabilizar os 2,5% da taxa de inflação anual (se não for mais). Por outro lado, recordo que os subsídios a fundo perdido concedidos aos investimentos em energias renováveis acabaram em 2005, e mesmo assim representaram entre 3 a 4% do total investido até hoje em todos os parques eólicos. Nas energias clássicas
de aproveitar o Sol, a chuva, o vento e as ondas e continuarmos a importar petróleo, carvão e gás, inclusive pelos efeitos que tem no ambiente. Não será possível ao país produzir electricidade somente a partir das fontes renováveis, mas havemos de nos aproximar de um patamar mais elevado. Temos de investir e de pagar um bocadinho mais agora para mais tarde podermos ter os respectivos benefícios”, conclui António Sá da Costa.
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Energia solar pouco aproveitada em Portugal 6 SGS Portugal
Em termos solares, Portugal tem uma localização privilegiada no planeta, mas aproveita muito pouco as potencialidades desta fonte renovável de energia.
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uando comparada com fontes de energia renováveis como a hídrica, a eólica ou a biomassa, a produção de electricidade a partir da energia solar não é uma das prioridades da Estratégia Nacional para a Energia, aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros nº169/2005. Mas o aproveitamento dos raios solares para a produção de energia térmica – produção de água quente sanitária e industrial – é-o, inquestionavelmente, inclusive pela continuidade que dá ao Projecto Água Quente Solar para Portugal, lançado em 2001 no âmbito do Programa E4-Eficiência Energética e Energias Endógenas. O objectivo, neste domínio, é o de atingir 1 milhão de m2 de painéis solares instalados até 2010. É um objectivo bastante ambicioso uma vez que, de acordo com um estudo realizado pelo Observatório Solar Térmico, em 2004, existiam apenas 16 088 m2 de colectores solares instalados em Portugal, 44% dos quais em sistemas domésticos. É expectável que a obrigatoriedade de instalação de painéis solares térmicos em novos edifícios residenciais ou remodelados, introduzida com as alterações feitas ao RCCTE contribua para exequibilidade da meta definida para o solar térmico. Em Portugal, a energia fotovoltaica - transformação directa da energia solar em electricidade -, com todas as vantagens e benefícios ambientais que lhe são conhecidos (não polui o ambiente, não provoca ruído nem gases,..) está ainda
muito aquém dos níveis de aplicação registados noutros Estados Membros da União Europeia, nomeadamente da Alemanha que, juntamente com o Japão, dominam cerca de 80% do mercado mundial (em 2004 a capacidade mundial instalada era de 3,5 GW). Em Portugal, a meta a atingir em 2010 na área da produção de energia fotovoltaica é de 150 MW. Segundo Maria João Rodrigues, secretária da SPES (Sociedade Portuguesa de Energia Solar) e investigadora do IN+, Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento,
“Em Portugal, a meta a atingir em 2010 na área da produção de energia fotovoltaica é de 150 MW.” do Instituto Superior Técnico, estima-se que a actual capacidade instalada no país ronde os 2,5 MW, dos quais cerca de 1/3 estarão ligados à rede pública de electricidade. Também nesta área os números estão aquém do estabelecido. Contudo, “dados da Direcção Geral de Geologia e Energia permitem aferir que foram já aprovados pedidos de informação prévia que totalizam cerca de 128 MW, o que deixa uma capacidade não comprometida de 22 MW face à meta instituída na Resolução de Conselho de Ministros
n.º 63 de 2003 para o horizonte temporal de 2010. A expectativa, veiculada nos órgãos de comunicação social, é a de que a capacidade remanescente venha a ser atribuída por concurso público, tal como aconteceu para a energia eólica e mais recentemente para a biomassa”, acrescenta a investigadora. Mas o que impede o crescimento deste tipo de energia renovável em Portugal e noutros mercados? Desde logo, o preço final da electricidade produzida. Apesar da evolução das tecnologias e dos processos produtivos dos painéis fotovoltaicos, designadamente dos cristalinos, ainda dominantes no mercado, o custo de produção vs. eficiência ainda é muito elevado quando comparado com outras energias renováveis (“em 1978 o custo de produção situavase nos €21/Wp (Wp = Watt-pico, potência nominal) para uma eficiência da ordem dos 2%, enquanto que em 2001 estimou-se um custo inferior a €4/Wp para uma eficiência da ordem dos 14%”). Porém, e como salienta a secretária da SPES, poderá não ser esse o factor determinante, pelo menos no caso português, pois os sistemas de incentivos ao investimento inicial e à produção de energia fotovoltaica são dos mais favoráveis da Europa. No seu entender, a falta de informação, de divulgação e de sensibilização dos cidadãos em geral para os benefícios decorrentes da energia fotovoltaica e das possibilidades de aplicação deste tipo de sistemas nos edifícios (inclusive como materiais de construção) constituem, a par das 'barreiras' burocráticas do processo de licenciamento, os principais entraves ao efectivo incremento da instalação deste tipo de energia renovável. “Os incentivos são interessantes e muitos particulares poderiam de facto equacionar o investimento em sistemas fotovoltaicos, na medida em que o Estado garante não só a compra da energia produzida como paga uma tarifa bastante atractiva durante um período determinado, mas o processo de licenciamento é extremamente complexo e moroso. Não há grande distinção entre os passos que um particular tem de dar se quiser instalar um sistema fotovoltaico para produção de energia eléctrica na sua casa ou no condomínio e ligá-lo à rede pública e o processo de licenciamento para a instalação de uma central fotovoltaica capacitada com dezenas de MW. Na prática, e apesar da distinção que existe em termos de capacidade instalada (abaixo dos 5 kW e acima dos 5 kW), os sistemas de incentivos acabam por ser usados maioritariamente pelos grandes investidores em energias renováveis, privilegiando as instalações em grande escala, que são aplicadas no solo”, acrescenta Maria João Rodrigues. Com efeito, a Central Fotovoltaica da Amareleja, em fase de instalação em Moura, e com uma capacidade de 62 MW, é um bom exemplo.
Bruno Barata
Simplificar, educar e informar
> Maria João Rodrigues, secretária da SPES
“É necessário desenvolver competências nacionais na área da energia fotovoltaica em todos os domínios do mercado, desde a arquitectura, .... aos instaladores especializados e aos fabricantes de estruturas com potencial de desenvolvimento de produto, entre outros.” A par da divulgação da informação e da desburocratização do processo administrativo de licenciamento, outro aspecto que, na opinião desta investigadora, contribuirá para o aumento da produção de energia fotovoltaica é o da criação de medidas de apoio ao desenvolvimento de centros de competência nacionais, ou seja, medidas de incentivo à abertura do mercado. “É necessário desenvolver competências nacionais na área da energia fotovoltaica em todos os domínios do mercado, desde a arquitectura, à engenharia, à indústria de materiais de construção, aos instaladores especializados e aos fabricantes de estruturas com potencial de desenvolvimento de produto, entre outros. Ao contrário das aplicações no solo, cujos painéis e sistemas são maioritariamente importados, requerem pouca manutenção e não necessitam de grandes qualificações em termos de know-how nacional, uma orientação das políticas públicas para a aplicação de sistemas em edifícios (como aconteceu na Alemanha e no Japão), tem muito maior potencial de desenvolvimento de novas tecnologias e integração de produtos nacionais, para não falar das potencialidades de instalação dos sistemas nos edifícios construídos e a construir”, conclui Maria João Rodrigues.
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> ENERGIAS ALTERNATIVAS
Apostas fortes na energia verde
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m 2010 mais de 5% de todos os combustíveis rodoviários utilizados em Portugal terão origem vegetal. Ao transpor para a ordem jurídica nacional a Directiva 2003/30/CE, o Governo assumiu a meta indicativa de 5,75% de biocombustíveis em todo o gasóleo e gasolina utilizados nos transportes e estabeleceu um conjunto de incentivos que irão permitir o desenvolvimento de um mercado que só agora está a dar os primeiros passos em Portugal. Contudo, os biocombustíveis, como o biodiesel, são conhecidos há mais de um século. Basta lembrarmo-nos, por exemplo, que a invenção que Rudolf Diesel levou à Exposição Universal de Paris, em 1900, funcionava a óleo de amendoim. Mas os baixos preços do petróleo acabaram por adiar o seu uso. Hoje, o cenário é inverso. A intensificação das pesquisas e o interesse por combustíveis substitutos da gasolina e gasóleo convencionais têm crescido na mesma proporção que o preço desses óleos minerais nos mercados internacionais. Simultaneamente, as crescentes preocupações ambientais vêm dar outro impulso à questão. Actualmente, a Europa produz mais de dois milhões de toneladas de biodiesel, por ano. Este valor conheceu um crescimento exponencial nos últimos cinco anos, tendência que se deverá continuar a registar. Só a Alemanha é responsável por mais de metade da produção europeia e conta já com várias centenas de postos de venda. Com algumas pequenas unidades de
A Martifer quer inaugurar dez fábricas de biodiesel nos próximos dez anos. A alternativa ao petróleo é cada vez mais uma realidade. produção de biodiesel e apenas um posto de venda, inaugurado em Setembro do ano passado, Portugal está bastante atrasado nesta matéria mas as autoridades prometem acelerar o ‘passo’.
Oportunidades de negócio No prazo de quatro anos, Portugal terá uma necessidade anual de 300 milhões de litros de combustíveis/ano. Para fazer face à crescente procura, e aproveitando as medidas de incentivo à produção de biocombustíveis, designadamente a isenção de Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), foram várias as empresas que apostaram em projectos para a produção de biodiesel. O plano nacional para a energia prevê a construção de quatro novas fábricas de transformação, num investimento total superior a 100 milhões de euros, que deverão ser responsáveis pela criação de mais de 100 novos postos de trabalho. “Com o ritmo de crescimento imposto pela directiva comunitária e a manter-se o cenário actual de alta do preço do petróleo, o biodiesel apresentar-se-á como uma alternativa viável ao crude muito mais rapidamente do que se
julga”, sustenta António Pontes, administrador da Martifer Energia. O grupo português tem projectos ambiciosos neste novo segmento de mercado. “Ao longo dos próximos dez anos, sensivelmente, contamos inaugurar dez novas unidades de produção de biodiesel, ao ritmo de uma por ano. Neste momento estão programadas duas. A primeira irá arrancar ainda este ano na Roménia e no primeiro trimestre de 2007 contamos inaugurar a unidade em Portugal”, avança António Pontes. Com localização prevista para o porto de Aveiro, a refinaria terá uma capacidade inicial de 100 mil toneladas de biodiesel/ano, a partir da transformação de oleaginosas. No entanto, “dependendo do dinamismo e do desenvolvimento do mercado”, a capacidade de produção da unidade poderá crescer nos próximos anos. O investimento global deverá rondar os 16 milhões de euros e vai criar cerca de 25 postos de trabalho directos. “Este projecto é uma réplica do que estamos a construir na Roménia, onde também investimos cerca de 16 milhões de euros numa unidade de biodiesel, que será a primeira do país”, afirma
“Um dos atractivos desta energia é o facto de ser totalmente compatível com os combustíveis mais utilizados, para além de ser realizável agora. Não é necessário inventar um novo motor
António Pontes. No Leste, o projecto da Martifer inclui ainda uma componente agrícola, que visa suprimir entre 30 a 40% das necessidades de matéria-prima desta unidade. “Ao contrário da Roménia, Portugal não tem vocação para a produção de colza ou outras grandes culturas de regadio, pelo que a matéria-prima que será utilizada é o óleo vegetal, adquirido no mercado internacional”, justifica o mesmo responsável. O biodiesel pode ser obtido por diferentes processos, sendo o mais usual a transesterificação, uma reacção química entre óleos vegetais e álcool ou o metanol, estimulada por um catalisador. “Este processo vai quebrar a molécula do óleo vegetal diminuindo em muito a sua viscosidade e tornando-o compatível com os sistemas de injecção dos automóveis”, explica António Pontes. Na prática, o biodiesel pode ser utilizado puro mas o mais usual é a sua mistura com o gasóleo. “Um dos atractivos desta energia é o facto de ser totalmente compatível com os combustíveis mais utilizados, para além de ser realizável
agora. Isto é, não é necessário inventar um novo motor ou montar um canal de distribuição próprio”, sublinha. Apesar dos custos elevados de produção que ainda se verificam, António Pontes admite que o biodiesel possa vir a ser competitivo a curto/médio prazo, mesmo sem o pacote de incentivos apresentado pelo Governo. “A intensificação do uso desta tecnologia vai acelerar a sua evolução e, por esta via, melhorar o rendimento do processo de transformação”. Até 2010 a Martifer conta inaugurar mais três unidades, para além das duas já anunciadas, num investimento total que ronda os 50 milhões de euros e que irá aumentar a capacidade de produção do grupo para mais 300 mil toneladas de biodiesel/ano. “Estamos ainda numa fase preliminar, pelo que temos muitos aspectos por decidir, a começar pela localização destas refinarias”, afirma António Pontes. Sem margem para dúvidas é o interesse do grupo neste segmento de mercado, o qual promete registar um forte crescimento nos próximos anos.
Um player nas energias renováveis Ao longo dos últimos dois anos, a empresa metalomecânica de Oliveira de Frades tornou-se um importante player nas energias renováveis. Actualmente, a par dos interesses e investimentos no biodiesel, possui entre 25 a 30% da Repower, o sexto maior produtor mundial de aerogeradores; controla a Repower Portugal, empresa que vai construir um pólo industrial ligado à energia eólica no porto de Aveiro; integra o consórcio liderado pela Galpenergia para o concurso público de atribuição de 1700 MW de potência eólica; e possui uma fábrica de torres eólicas em Oliveira de Frades. Aos projectos no mercado nacional acrescem ainda os interesses no exterior. A internacionalização da empresa assenta, cada vez mais, no desenvolvimento das energias renováveis em mercados tão distintos como o americano (norte e centro) e o europeu, para onde canalizará nos próximos anos vários milhares de euros em investimentos. E a aposta nas energias renováveis não se circunscreve apenas ao biodiesel ou à eólica, em estudo estão outros projectos na área da energia das ondas e solar.
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ou montar um canal de distribuição próprio.”
> António Pontes, administrador da Martifer Energia
As vantagens do biodiesel Energéticas • Utilizável em qualquer percentagem de mistura com o diesel; • Boas propriedades lubrificantes; • Não requer armazenamento especial; • Não é facilmente inflamável. Ambientais • Matéria-prima renovável; • Menor efeito de estufa; • Redução de emissões; • Biodegradável e não tóxico. Económicas • Menor dependência energética; • Diminuição do pagamento sobre emissões de C02 (Protocolo de Quioto); • Retorno de receitas fiscais. Sociais • Criação de postos de trabalho; • Fixação da população rural; • Desenvolvimento de zonas carenciadas; • Criação de novas indústrias.
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> ENERGIAS ALTERNATIVAS
Iberol participa na construção de 2º fábrica de biodiesel Depois de Alhandra, a Iberol, através da associada Biovegetal, vai participar na construção de uma nova unidade em Matosinhos com capacidade para produzir 100 mil toneladas/ano do combustível 'amigo do ambiente'.
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a sua isenção do Imposto sobre Produtos Petrolíferos, aprovada pela Comissão em 2004, que só agora, depois de o Estado português ter sido processado, começou a ser transposta para o ordenamento jurídico português. Ultrapassados os entraves da legislação, a Iberol continua a investir no aumento da produção de biodiesel. Depois da zona centro, a Iberol, com o Grupo SGC e a Unifac, através da associada Biovegetal, vai participar na construção de uma nova fábrica em Matosinhos. “Queremos que a fábrica esteja operacional antes do final de 2006”. A capacidade de produção instalada será igual à da unidade de Alhandra, sendo que o escoamento do biodiesel produzido nas duas unidades está assegurado pela GalpEnergia. Quanto à origem da matéria-prima a usar nas fábricas da Iberol (soja), João Rodrigues assegura que só será importada na medida em que a agricultura nacional não responda em termos de produção. “Por agora, o recurso à importação em substituição da farinha de soja é a única saída. O principal obstáculo à produção de soja no nosso país resulta do sistema de subsídios à agricultura para a produção de oleaginosas, que só contempla aquelas em que a produção de óleo é superior à produção de farinhas ou bagaços, o que não acontece no caso da soja”. Em segundo lugar, trata-se também de aproveitar sinergias no Grupo Unifac, que há muito importa farinha de soja para a produção de rações para animais.
“Queremos que a fábrica esteja operacional antes do final de 2006. A capacidade de produção instalada será igual à da unidade de Alhandra, sendo que o escoamento do biodiesel produzido nas duas unidades está assegurado pela GalpEnergia.” Quem o diz... João Rodrigues, presidente do Conselho de Administração da Iberol
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unidade de produção de biodiesel da Iberol - Sociedade Ibérica de Oleaginosas SA, situada em Alhandra, arrancou no final de Abril, colocando a empresa entre as pioneiras do negócio dos biocombustíveis em Portugal. A fábrica, onde foram investidos perto de 50 milhões de euros, tem uma capacidade de produção instalada de 100 milhões de quilos de biodiesel por ano. João Rodrigues, presidente do Conselho de Administração da Iberol e do Grupo Unifac SA, esperou nove anos pela concretização deste projecto. “Comprei a Iberol em 1997 com o objectivo de construir uma fábrica de biodiesel. Só em Abril deste ano foi possível concretizar o projecto”, desaba o presidente da Iberol. O ordenamento jurídico português é apontado pelo empresário “como o maior entrave” ao crescimento da economia. “Tudo o que não é expressamente permitido por lei é proibido, daí a necessidade do Estado tudo regulamentar. Um empresário pode ter o melhor projecto de desenvolvimento, mas vai ter de esperar pelo regulamento. É a economia que vai atrás dos regulamentos e não o contrário. Como o Estado é naturalmente lento, a economia sofre as consequências. Trata-se de uma situação que obriga muitas vezes o próprio Estado a não poder cumprir atempadamente os compromissos que assume com a União Europeia”, salienta. E aponta como exemplo a Directiva Europeia que promove a utilização do biodiesel e permite
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> ENERGIAS ALTERNATIVAS
SOGEO investe no aumento da capacidade de produção 12 SGS Portugal
Em 2007, as centrais geotérmicas da Ribeira Grande e do Pico Vermelho, nos Açores, contribuirão com 38% da produção de electricidade na Ilha de São Miguel.
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SOGEO, S. A., empresa detida maioritariamente pela Electricidade dos Açores, S. A., tem por missão aproveitar os recursos geotérmicos com vista à produção de electricidade ou à utilização directa do calor em processos industriais ou domésticos. A empresa, que detém duas centrais, a Central Geotérmica da Ribeira Grande (CGRG) com uma potência de 13 MW e a Central Geotérmica de Pico Vermelho (CGPV) desactivada em 31 de Maio de 2005 e que possuía uma potência de 3 MW -, produziu no ano transacto 70,7 GWh, o que correspondeu a 18% da estrutura de produção da ilha de S. Miguel (a produção térmica Diesel corresponde a 77% e a hídrica a 5%). Dos investimentos em curso, a SOGEO destaca o projecto de remodelação da CGPV, orçado em 30 milhões de euros. “O projecto compreende a instalação de um grupo gerador com uma potência de 10 MW, a execução e interligação de três poços de produção de geofluído e de dois de injecção para receber todo o efluente líquido da central, além da interligação de outros dois poços existentes. No ano transacto foram executados cinco poços geotérmicos profundos (com profundidades da ordem dos 1000 m) que servirão a CGPV,
além de um poço que visa reforçar a capacidade produtiva na CGRG”, explica Carlos Bicudo Ponte, administrador delegado da SOGEO. O início da exploração industrial da nova CGPV está planeado para Outubro de 2006, prevendo-se para o ano de 2007 uma produção de cerca de 80 GWh. “Em conjunto, as duas centrais contribuirão para 38% da estrutura de produção da Ilha de S. Miguel”, salienta o administrador delegado da empresa.
Prospecção de novos campos geotérmicos Tendo em vista a preparação de novos projectos que contribuirão para a expansão do aproveitamento da energia geotérmica nos Açores, a SOGEO está também a desenvolver actividades de prospecção e pesquisa que visam identificar novos campos geotérmicos na ilha de S. Miguel e na do Faial. De acordo com Carlos Bicudo Ponte, a SOGEO perspectiva também proceder à realização de um estudo de reconhecimento do potencial geotérmico disponível nas ilhas de S. Jorge, Graciosa e Pico. Na opinião do administrador delegado da empresa, “a expansão do aproveitamento dos recursos geotérmicos nos Açores dependerá da oportunidade de se configurarem projectos viáveis, que dependem não só da sua dimensão, justificada pela procura, mas também, dos custos da produção de energia eléctrica por fontes alternativas disponíveis, nomeadamente a que recorre à queima de combustíveis derivados do petróleo. Tendo por base o potencial geotérmico disponível nos Açores, a experiência de exploração contínua com sucesso de duas centrais, com os benefícios económicos, ambientais e sociais associados, estou convicto que a
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Energia Geotérmica
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“Tendo por base o potencial geotérmico, estou convicto que a geotermia é a fonte de energia, de entre as renováveis disponíveis, que de modo relevante pode contribuir para a satisfação da procura de energia eléctrica e para a redução da dependência energética do arquipélago dos Açores”. > Carlos Bicudo Ponte, administrador delegado da SOGEO
geotermia é a fonte de energia, de entre as renováveis disponíveis nos Açores, que de modo relevante pode contribuir para a satisfação da procura de energia eléctrica e contribuir para a redução da dependência energética do arquipélago”. Paralelamente às actividades da SOGEO em São Miguel, Faial, São Jorge, Graciosa e Pico, a Geoterceira, empresa detida pela EDA e pela EDP, está também a desenvolver o Projecto Geotérmico da Terceira, o qual compreende a execução dos poços de produção e de reinjecção e a construção de uma central geotérmica de 12 MW. “Actualmente, em consequência da identificação de uma anomalia geofísica e de uma temperatura máxima medida de 240 ºC num dos furos termométricos executados, condições indiciadoras da provável presença de um reservatório geotérmico, as actividades em curso centram-se na execução dos poços de avaliação. Perante os resultados dos poços de avaliação, executar-se-á o estudo de viabilidade da central, cujo resultado positivo suportará a decisão de contratação do fornecimento dos grupos geradores e auxiliares e a execução dos poços de produção e injecção, prevendo-se o início de exploração industrial para o final de 2009”, explicou ainda à SGS Global o administrador delegado da SOGEO e da Geoterceira. Esta central contribuirá com uma produção anual de 90 GWh, o que corresponderá a 35% da satisfação das necessidades da ilha Terceira em energia eléctrica. “No universo dos Açores, a produção geotérmica conjunta na Terceira e em S. Miguel corresponderá à quota de 27 %”, conclui Carlos Bicudo Ponte.
Central Geotérmica da Ribeira Grande As centrais geotérmicas são normalmente constituídas por poços geotérmicos de produção (que captam o geofluído), por grupos geradores e sistemas auxiliares e por uma subestação, que tem por missão transformar o calor em electricidade e de a injectar na rede. Após o aproveitamento da energia geotérmica, o geofluído é direccionado para os poços de injecção, através dos quais retorna para o reservatório geotérmico. As tecnologias usadas para a transformação do calor em electricidade (ciclo convencional ou ciclo binário) dependem fundamentalmente da energia contida e da composição do fluído geotérmico. A CGRG, localizada no sector de Cachaços-Lombadas do campo geotérmico da Ilha de São Miguel, foi instalada em duas fases: a fase A, em 1994, constituída por dois grupos turbo-geradores duplos (2 x 2,5 MW); a fase B, em 1998, implicou a instalação de mais dois grupos turbo-geradores (2 x 4 MW); a central é servida por um parque de cinco poços de produção que produzem para um colector comum que alimenta os permutadores de calor e um poço de injecção destinado a receber o caudal total do efluente líquido. A tecnologia de produção usada para a conversão do calor em energia é a de sistema binário, segundo o ciclo de Rankine.
Recursos geotérmicos A energia geotérmica provém do calor existente no interior da Terra e na crosta terrestre, que se liberta continuamente em consequência do arrefecimento natural do planeta. A libertação do calor pode ocorrer por três processos: condução, convecção e radiação. As tecnologias usadas para a execução destes processos (ciclo convencional ou ciclo binário) dependem fundamentalmente da entalpia e da composição do fluído geotérmico. Em termos médios, o fluxo de calor libertado à superfície terrestre é de 82mW/m2, o que, considerando a área da superfície da Terra, resulta num fluxo de calor dissipado para
o espaço de cerca de 42 milhões de MWh (a temperatura estimada para o núcleo terrestre é de cerca de 4000ºC). É esta quantidade gigantesca de energia que é responsável pelos processos dos movimentos das placas tectónicas, dos vulcões, das cadeias de montanhas e da ocorrência de sismos. O arquipélago dos Açores, em consequência do seu processo de formação geológico, é, de todo o território português, o que dispõe de condições mais favoráveis ao aproveitamento da energia geotérmica para a produção de energia eléctrica.
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> ENERGIAS ALTERNATIVAS
Flywheels DR
Máxima penetração de energia eólica nos Açores* Com esta tecnologia, pioneira a nível mundial, é possível maximizar os níveis de penetração da fonte renovável (vento) sem prejudicar ou interferir com a qualidade de fornecimento da electricidade injectada na rede.
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EDA (Electricidade dos Açores) iniciou o seu percurso no aproveitamento da energia eólica em 1989 com a instalação de um parque, constituído por 9 turbinas de 30 kW, na ilha de Sta. Maria. Em 1991, estendeu o aproveitamento eólico às ilhas de Graciosa e S. Jorge, onde instalou mais 2 e 5 turbinas de 150 kW, respectivamente. Em 2002, a EDA deu início à 2ª fase do Plano de Desenvolvimento de Energia Eólica e instalou mais 15 turbinas de 300 kW nas ilhas de Sta. Maria, Graciosa, S. Jorge, Faial e Flores. Em 2005, foi a vez da ilha do Pico, com 6 aerogeradores de 300 kW. Com a instalação destas potências, a contribuição eólica anual média, nas ilhas referidas, cifra-se nos 10%. Nas ilhas Graciosa e Flores, com contribuições anuais de 18%, em termos de potência instantânea, a eólica chega a atingir valores de 60%
Flywheel
e 70% dos consumos. Este nível de penetração é inédito no mundo em redes eléctricas de serviço público, e representa um grande desafio em termos de garantia da estabilidade dos sistemas eléctricos e da qualidade da electricidade fornecida, em virtude da inconstância e imprevisibilidade do recurso eólico. Nesta conformidade, e tendo em vista a maximização da potência eólica instalada, a EDA desenvolveu, no decorrer de 2005, um projecto que denominou de Definição e Instalação de Demonstradores Reais Facilitadores da Máxima Penetração de Energias Renováveis, que candidatou ao Programa Regional de Acções Inovadoras, co-financiado pela União Europeia e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, para maximizar a componente renovável na produção de electricidade nas ilhas Graciosa e Flores.
Esquema da Flywheel
As vantagens da nova tecnologia Das soluções técnicas existentes no mercado, as que se revelaram mais interessantes foram as de armazenamento de energia por meio de volantes de inércia (Flywheels). Estes dispositivos utilizam a velocidade de rotação de uma grande massa para absorver ou libertar energia cinética que é convertida de modo reversível em energia eléctrica. Este sistema tem como principais vantagens suportar elevados ciclos de carga e de descarga com tempos de resposta muito rápidos, quando comparados com outros sistemas de armazenamento de energia eléctrica (baterias). Estas características, associadas aos sistemas de controlo do volante de inércia, permitem atenuar em tempo real as variações de potência, associadas principalmente ao inconstante recurso que é o vento, evitando instabilidades
Princípio de funcionamento da Flywheel
Contentor
no restante sistema electroprodutor. Isto possibilita que se maximizem os níveis de penetração renovável sem prejudicar ou interferir com a qualidade de fornecimento de electricidade, exigidas por lei. Nas ilhas escolhidas - Graciosa e Flores -, a potência eólica instalada é elevada face ao consumo da ilha nas horas de vazio, razão pela qual, nas noites de maior intensidade de vento, é necessária a redução da potência proveniente do parque eólico. Como este sistema permite aumentar a estabilidade do sistema electroprodutor, e como o volante de inércia consegue armazenar energia e rapidamente devolvê-la à rede, podemos, assim, melhorar a exploração dos grupos térmicos, evitando o seu funcionamento a cargas baixas em alguns períodos e permitindo que essa energia possa ser assegurada pelo parque eólico. Isto traduz-se num aumento da produção eólica e num maior aproveitamento da potência nominal dos aerogeradores instalados. No caso particular da ilha das Flores, o sistema permite a integração dos vários sistemas de produção (hídrico, térmico e eólico), aumentando a estabilidade deste sistema electroprodutor, o que possibilitará uma produção 100% renovável com base na energia hídrica e eólica. A solução implementada foi a apresentada por uma empresa Australiana. Por uma questão logística e de fácil integração dos componentes, os vários equipamentos foram instalados em contentores de 20 pés e ensaiados na
Instalação do contentor nas Flores
Austrália, tendo sido expedidos para os Açores completamente equipados.
Benefícios a curto e longo prazo Os benefícios expectáveis são o incremento de energia produzida por via eólica e os consequentes consumos evitados de combustível e de óleos lubrificantes, bem como a consequente redução de emissões de CO2. Este projecto integra-se na estratégia que a EDA, S.A. tem encetado nos últimos anos e que consubstancia uma forte aposta nas energias renováveis, nomeadamente a geotérmica, a hídrica e a eólica; na rentabilização das estruturas existentes; e na utilização de tecnologias inovadoras. A título de exemplo, apresentamos uma situação ocorrida no dia 4 de Outubro de 2005, pelas 17 horas, em que se verificou a paragem repentina das turbinas eólicas. Face a esta
Este projecto integra-se na estratégia que a EDA, S.A. tem encetado nos últimos anos e que consubstancia uma forte aposta nas energias renováveis, nomeadamente a geotérmica, a hídrica e a eólica.
Aspecto final da Instalação na Ilha da Graciosa
Leitura do Sistema de Monitorização da Rede
* Por Luís Barreiro Gomes, Coordenador Geral de Projectos da Empresa de Electricidade e Gás, Lda. (Grupo EDA)
situação, o sistema do volante inércia Flywheel reagiu, fornecendo a potência necessária para garantir a manutenção da estabilidade do sistema eléctrico, evitando, deste modo, a desligação de alguns consumos ou até mesmo o blackout do sistema. Sendo este projecto pioneiro a nível mundial, pretende-se com ele trazer para o país e região, em particular, os conhecimentos técnicos e experiência necessários à resolução dos problemas emergentes das altas penetrações de energias renováveis (sobretudo eólica) em sistemas eléctricos em geral e isolados de fraca capacidade, como são os das ilhas dos Açores. Tal facto tem permitido a maximização da energia eléctrica produzida a partir de recursos renováveis. Estes projectos-piloto, nestas duas ilhas, quando associados ao know-how adquirido pelos técnicos envolvidos, poderão certamente potenciar e conduzir a investimentos deste tipo noutras regiões do país e da Europa, que contribuirão para o desejado incremento não só da produção pela via eólica mas também pela via solar e geotérmica, que serão, sem dúvida, recursos endógenos que poderão representar, no futuro, grande potencial, em termos de oferta de energia primária para a produção de electricidade no território nacional.
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Energia das ondas com elevado potencial
Portugal está entre os primeiros no aproveitamento comercial da energia das ondas Photos.com
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s três sistemas conversores de energia das ondas Pelamis, produzidos pela escocesa Ocean Power Delivery (OPD) e a instalar a cerca de 5Km da costa ao largo da Póvoa do Varzim, deverão estar operacionais no próximo Verão. Quando operacionais, e se tudo correr como previsto, os três sistemas terão capacidade para gerar 2.25 MW de electricidade para a rede eléctrica nacional, o suficiente para responder à procura de electricidade correspondente ao consumo de 15.000 habitações e para evitar a emissão de 60.000 toneladas/ano de dióxido de carbono (CO2) para atmosfera. O consórcio proprietário, liderado pela Enersis, uma das maiores empresas portuguesas do sector das energias renováveis, foi dos primeiros, a nível mundial, a apostar na instalação de sistemas conversores offshore com o objectivo de produzir electricidade a partir da energia das ondas. É que, apesar da investigação que se faz a sério desde os anos 70 do século XX, a realidade é que, neste momento, “ existem apenas seis sistemas de tecnologias distintas que chegaram a protótipos testados no mar. Há outras tecnologias em desenvolvimento a nível mundial, mas estão ainda em fase experimental. A única tecnologia que já tem uma experiência para além do protótipo é a Pelamis, o que torna a OPD na única empresa produtora de uma encomenda industrial de três unidades e que tem uma efecti-
va noção dos custos de produção dos equipamentos. Com a instalação e a entrada em funcionamento, o consórcio proprietário vai ter a noção dos custos de produção da energia, confirmar a capacidade de produção anual, quanto vai custar a manutenção dos equipamentos, etc.. As estimativas existem, obviamente, mas este projecto constitui um enorme contributo para determinar a fiabilidade desta tecnologia, a competitividade da energia das ondas face a outras fontes renováveis e qual o impacto ambiental que provoca, entre outras questões que ainda se colocam “, explica António Sarmento, director do Centro de Energia das Ondas (CEO), uma associação privada sem fins lucrativos que tem por objectivo promover o desenvolvimento da energia das ondas e a sua comercialização. A tarifa definida pelo Governo para a produção de electricidade a partir da energia das ondas e as directrizes no sentido de se criar, a curto prazo, uma zona marítima licenciada para a instalação de protótipos (evitando, assim, o complexo sistema de licenciamento que, no caso da energia de ondas, tem de passar por cinco ministérios) são incentivos determinantes para a instalação de sistemas em Portugal nesta fase ainda tão inicial de exploração desta fonte renovável de energia em todo o mundo. “O facto de existir uma diversidade de tecnologias em
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António Sarmento, director do Centro de Energia das > Ondas e António Falcão, professor e investigador do IST
desenvolvimento e em protótipo, e de estarem constantemente a aparecer novas abordagens técnicas, significa que há boas perspectivas de aproveitamento da energia das ondas. Por enquanto estamos longe da maturidade tecnológica mas, tal como aconteceu na eólica, por exemplo, as tecnologias acabarão por convergir e ficarão apenas as que forem mais fiáveis, mais económicas e rentáveis. Mas o que importa reter, também, é que os custos de produção de electricidade através das ondas têm vindo a decrescer e que as expectativas são de que os preços ainda baixem mais por forma a atingir os custos da eólica. Portugal acompanha desde o início o investimento na energia das ondas, fundamentalmente do ponto de vista científico aqui no IST e no INETI, mas também no desenvolvimento de projectos, tanto nacionais como internacionais, designadamente desde que, em 1991, o Parlamento e a Comissão Europeia incluíram a energia das ondas no Programa de apoio às Energias Renováveis”, explica António Falcão, professor e investigador do IST, que, juntamente com António Sarmento, foi pioneiro no estudo da energia das ondas em Portugal.
Os projectos em Portugal A Central piloto costeira do Pico, nos Açores, construída em 2001 por iniciativa da Electricidade dos Açores e equipada com tecnologia nacional (coluna de ar oscilante) desenvolvida pelo Instituto Superior Técnico (IST) e pelo Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI) ao abrigo de um projecto europeu, foi o primeiro projecto instalado em Portugal no âmbito da energia das ondas. Vicissitudes técnicas várias levaram, entretanto, ao seu quase encerramento, mas, em 2003, com financiamentos do Estado (PRIME) e de empresas como a EDP, EFACEC, Consulmar, entre outras, e por iniciativa do Centro de Energia das Ondas (CEO), a unidade foi novamente recuperada e prepara-se para entrar em funcionamento como central de demonstração. Outro projecto em curso é o da central para aproveitamento das ondas nos molhes da foz do Douro. O projecto é liderado pelo grupo EDP e pelo Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, e nele estão também envolvidos o IST, o INETI e o CEO. “É a segunda central, uma nova versão da tecnologia usada no Pico e tem uma forte componente de demonstração e inovação, embora o objectivo da EDP seja o de rentabilizar o investimento”, acrescenta António Sarmento. Finalmente, destaque ainda para os investimentos que a Martifer Energia, outra das grandes empresas portuguesas do sector das energias renováveis, está a realizar em energia das ondas, designadamente através do desenvolvimento de tecnologia própria. A empresa tem vindo a estudar diferentes conceitos, contando com o apoio do IST e do INETI na parte da simulação matemática desses dispositivos de extracção de energia.
Energia das Ondas. O que é? Convém não confundir ondas com marés.As ondas que têm energia são geradas por acção do vento sobre grandes superfícies no oceano. As ondas com mais conteúdo energético são geradas, a maior parte das vezes, no Atlântico Norte e propagam-se durante milhares de quilómetros até à costa portuguesa (e de outros países e continentes), praticamente sem perderem energia. Este modo de geração de energia tem características que fazem com que apresente maior valor económico que outras fontes renováveis: a relativa estabilidade da fonte, que resulta da acção integrada do vento em grandes extensões do oceano e que não desaparece de um momento para o outro (como acontece com o vento ou o sol, por exemplo), e a previsibilidade da fonte.As metodologias actuais de previsão do clima das ondas permitem facilmente estimar quando e onde ocorrem as tempestades e quando e qual a intensidade das ondas que vão chegar à costa. Essa previsibilidade possibilita que a capacidade de integrar na rede a electricidade gerada pelas ondas seja relativamente elevada, quando comparada com outras fontes renováveis. “Ultrapassadas que sejam algumas barreiras, nomeadamente tecnológicas, que implicam um esforço conjunto entre entidades públicas e sector privado, Portugal tem na energia das ondas um potencial de desenvolvimento sócio-económico muito elevado, existindo condições para vir a ter um papel de relevo no panorama internacional. Temos um enorme potencial de desenvolvimento de tecnologias/equipamentos e de criação de postos de trabalho com elevado conteúdo tecnológico, a que acresce um grande potencial de exportação dessas mesmas tecnologias para outros países”, concluem os professores e investigadores do IST.
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tendências
> CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA DE EDIFÍCIOS E DA QUALIDADE DO AR INTERIOR
Inéditas no mercado português, as duas metodologias de certificação, DomusQual e DomusNatura, visam garantir a sustentabilidade dosempreendimentos.
SGS avança para a qualificação e certificação de edifícios com serviços inovadores 18 SGS Portugal
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s edifícios e a actividade de construção têm um impacto significativo sobre o meio ambiente onde se inserem. Basta lembrarmo-nos, por exemplo, que 40% da energia produzida anualmente é gasta com o funcionamento dos edifícios e que só a actividade de construção consome perto do 40% da pedra, gravilha e areia extraídas mundialmente, e 25% da madeira virgem. A estes números o Worldwatch Institute acrescenta, ainda, que em cerca de 30% das novas construções ou reabilitações mundiais a qualidade do ar interior é prejudicial à saúde humana. Estas são razões mais do que suficientes para que o desenvolvimento de uma estratégia sustentável, que tenha em conta todas e cada uma das fases de 'vida' dos edifícios, desde a sua concepção à construção, da vida útil à sua demolição, seja uma prioridade. Em Portugal, a SGS assumiu a preocupação e desenvolveu duas metodologias de certificação inéditas no mercado que visam responder às novas e prementes exigências: o DomusQual e o DomusNatura. A primeira abrange o cumprimento dos requisitos legais, regulamentares e normativos aplicáveis, bem como assegura a conformidade da qualidade técnica da construção. A certificação DomusNatura confere a qualificação em termos de sustentabilidade. “Esta última tenta responder aos três pilares - o económico, o social e o ambiental - inerentes ao próprio conceito de sustentabilidade. Na prática, o que se pretende é que o edifício seja uma mais-valia para quem o utiliza e para o meio envolvente, que consuma o mínimo de recursos possíveis e que tenha reduzidos impactos ambientais”, sublinha Sara Ramos, técnica superior da SGS e autora do projecto DomusQual/DomusNatura.
Ambas as metodologias podem ser implementadas separada ou paralelamente, embora o DomusNatura exija uma garantia da qualidade da construção, e ambas têm início logo na fase de projecção do edifício.
Uma garantia de qualidade A metodologia DomusQual encontra-se dividida em duas grandes fases, sendo a verificação do “cumprimento dos requisitos legais, regulamentares e normativos aplicáveis à construção em análise”, o primeiro passo do sistema. “É feita uma correcta identificação de toda a legislação aplicável ao projecto - e em Portugal existem vários diplomas e portarias que incidem directamente sobre esta matéria - e elaborada uma 'Lista de Verificação da Legislação'. O projecto é depois analisado e verificado o cumprimento de todos os requisitos inseridos nessa lista”, explica Cláudia Rocha, gestora do serviço DomusQual/DomusNatura. Uma vez concluída esta primeira etapa, tem início então uma segunda fase, que vai aferir a qualidade da construção. Já no 'terreno', é verificado se a construção está a correr conforme o projecto e os respectivos cadernos de encargos. São definidos os planos de inspecção e os ensaios para cada actividade, indicando-se claramente quais as frequências, os critérios de aceitação e os responsáveis pela sua realização. Finalmente, são elaborados os Dossiers Técnicos de Execução, “que deverão conter toda a informação relevante que permita evidenciar o cumprimento das características técnicas estabelecidas para a execução dos trabalhos”, bem como todo um conjunto de documentação suplementar, onde se incluem, entre outros, as instruções básicas de segurança, os manuais de utilização dos equipamentos das fracções e as fichas técnicas
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Vantagens da certificação DomusQual e DomusNatura Redução do consumo de água até 70%; Redução do consumo de energia até 30%, podendo ser auto-sustentado;
> Sara Ramos e Cláudia Rocha, autora do projecto e gestora do Serviço DomusQual/ DomusNatura, respectivamente
dos edifícios. A emissão do certificado DomusQual só é efectuada depois de terminada a fase de construção do empreendimento e depois de compilada e verificada toda a documentação referida.
A um passo da sustentabilidade A preocupação ambiental, a eficiência energética e a gestão eficiente dos recursos são os factores de eleição do DomusNatura, conjugados, é claro, com o factor qualidade do DomusQual. O objectivo é o de aumentar o conforto do edifício, ao mesmo tempo que se reduzem os custos, ambientais e económicos, da sua utilização. As seis categorias abrangidas pelo DomusNatura - local sustentável e segurança; utilização racional de água; energia e poluição atmosférica; materiais e recursos; conforto e qualidade; e inovações e ecologia - encontram-se divididas entre as pré-exigências, os requisitos mínimos de eficiência do edifício cruciais para a obtenção do selo de certificação, e os créditos, os requisitos existentes em cada uma das categorias, aos quais é atribuída pontuação que vai determinar o nível de certificação. “Existem quatro níveis de certificação, sendo que a definição do objectivo pretendido é feita logo na fase de projecto do empreendimento”, esclarece Sara Ramos. “Através de uma primeira consultoria técnica são analisados os projectos, os cadernos de encargos e toda a documentação relevante, e são identificadas as necessidades de implementação de medidas para que o empreendimento possa obter a certificação”, continua a técnica superior da SGS. As medidas abrangem as seis categorias identificadas. “Começa, desde logo, pela localização do edifício, que, por exemplo, não pode estar localizado numa zona que faça parte da rede ecológica nacional, mas obtém uma pontuação extra se vier reabilitar uma zona degradada, se apresentar um estudo de impacto ambiental ou se contemplar áreas destinadas à implementação de espaços verdes”, acrescenta Cláudia Rocha. No que diz respeito à utilização racional da água é aconselhado, entre outras medidas, o uso de equipamentos mais eficientes, a redução e, se possível, a eliminação do uso de água potável na irrigação dos espaços verdes.
Menores custos de manutenção; Redução da emissão de GEE; Diminuição dos impactos nos ecossistemas; Preservação da natureza; Correcto ordenamento do território; Imagem inovadora; Diferenciação e reconhecimento no e do mercado; Qualidade do ar interior; Garante ao comprador que o edifício cumpre a legislação em vigor;
Tranquilidade no pós-venda; Mais-valias na transacção do imobiliário; Garantia do cumprimento dos projectos; Certifica como sustentável a habitação adquirida; Ficha técnica do edifício; Eficiência energética; Racionalização de consumos; Controlo dos custos de manutenção.
A qualidade do ar interior e a eficiência energética são duas das áreas também abrangidas pela certificação DomusNatura. O cumprimento da legislação aprovada recentemente pelas autoridades portuguesas - a criação do Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior, o qual está consubstanciado no Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios e no Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização dos Edifícios - são elementos vitais para a obtenção do certificado, mas no que se refere a estas matérias o DomusNatura vai mais longe e reserva ainda créditos para outras acções. Uma das mais-valias do sistema desenvolvido pela SGS Portugal reside exactamente na sua ampla abrangência. “A legislação portuguesa deu agora um passo extremamente importante com a aprovação dos três diplomas, mas a metodologia DomusNatura vai mais longe e abrange, como vimos, outras questões. Esta característica torna-a bastante inovadora, mesmo quando comparada com outros sistemas utilizados noutros países”, sustenta Sara Ramos. Uma vez iniciada a construção do empreendimento, é feita a avaliação. “Para cada medida implementada, estabelecem--se pontos de inspecção e ensaio e são elaborados relatórios provisórios por forma a existir um controlo em relação ao processo”. O certificado DomusNatura é válido para cinco anos, ao fim dos quais é efectuada, caso seja esse o desejo do dono da obra, uma nova reavaliação.
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semináros temáticos
> CERTIFICAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Seminário Certificação de Edifícios
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Discutir e analisar soluções para os desafios que os sectores da fileira da construção vão enfrentar com a entrada em vigor da nova legislação, e sensibilizar as empresas para a importância da segurança em edifícios foram os objectivos do seminário promovido pela SGS.
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s fileiras dos sectores da construção e imobiliário enfrentam actualmente novos desafios decorrentes do aumento da exigência do mercado e da legislação sobre o desempenho energético dos edifícios e a qualidade do ar interior. “É neste novo contexto que a SGS se propõe actuar. Por força da nova Di-
rectiva comunitária sobre o Desempenho Energético de Edifícios, todos nós vamos ter que nos começar a preocupar com o consumo, sejam os edifícios residenciais ou de serviços. Os cerca de 3,3 milhões de edifícios existentes residências, escritórios e comércio - consomem 66% do total da electricidade produzida. A certificação energética de edifícios vai entrar em vigor e permitirá controlar melhor o seu desempenho energético. No futuro, muito próximo, ter bons edifícios não vai ser suficiente, vai ser necessário prová-lo ao mercado e ao cliente", afirmou Ana Pina Teixeira, administradora executiva do Grupo SGS Portugal na abertura do seminário “Certificação de Edifícios: Energia, Ambiente e Segurança”, promovido pela SGS Portugal no dia 18 de Maio na Exponor, no âmbito da Cimeira do Ambiente, Segurança e Qualidade. José de Matos, secretário geral da Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC), moderador dos diferentes painéis, considera que o tema da eficiência energética dos edifícios deve ser analisado e discutido sob várias perspectivas - técnica, oportunidades de mercado, consumidor, sustentabilidade - mas, e sobretudo,
na perspectiva das actividades ligadas à construção civil. Para que a imagem de ‘falta de transparência’ que o sector da construção tem junto do consumidor deixe de existir. "Na construção, o processo não está orientado para o consumidor; o consumidor não é determinante para a qualidade dos edifícios que se constroem, mas é nesse sentido que o mercado deve caminhar", defendeu o secretário geral da APCMC.
Segurança e Planos de Emergência É também de actuação responsável que se trata quando se fala de Segurança e Planos de Emergência em Edifícios, o tema do primeiro painel do seminário. "A planificação da segurança e das situações de emergência não decorre unicamente da necessidade de dar resposta às exigências legais. É uma responsabilidade social que as organizações têm perante os ocupantes do edifício e a sociedade em geral", sustentou Rogério Correia, técnico superior da SGS, durante a sua intervenção. No que foi corroborado por José Aidos Rocha, engenheiro especializado em Engenharia da Segurança, cuja intervenção esteve focada na legislação aplicável à segurança e planos de emergência em edifícios públicos (hospitais, escolas, edifícios do tipo administrativo e outros edifícios onde estejam instalados serviços públicos). Da vasta e pormenorizada informação veiculada por Rogério Correia aos cerca de 200 participantes no seminário, destacam-se alguns dos principais aspectos a ter em conta na elaboração de um plano de segurança: primeiro, o conhecimento e a caracterização rigorosa do espaço físico e humano do edifício (descrição das instalações, determinação dos ocupantes e identificação da sua localização no dia-a-dia da organização); o levantamento dos riscos internos (que decorrem das próprias instalações, dos materiais existentes e da actividade da organização) e externos, isto
é, dos que têm a ver com a localização do edifício e que podem dividir-se em riscos de origem natural (sismos, inundações, etc.) e riscos tecnológicos (relacionados com a proximidade de instalações perigosas como bombas de gasolina, armazéns, indústrias químicas, etc.) e, ainda, identificação das vias de acesso. Outro aspecto determinante é a definição das responsabilidades e da partilha da informação, tanto a nível interno como com os intervenientes terceiros, como os Bombeiros ou a Protecção Civil. Todos sem excepção devem conhecer o Plano de Evacuação e o Plano de Emergência do edifício e saber qual o papel ou responsabilidades a desempenhar em caso de emergência.
Certificação energética e qualidade do ar interior Uma grande percentagem dos sistemas de climatização instalados não tem a devida manutenção. A constatação foi feita por Stephan Cramér, da Comissão Técnica da Associação Portuguesa da Indústria de Refrigeração e Ar Condicionado (APIRAC), para quem este cenário é motivado pelo facto de, até agora, não ter havido legislação que regulamentasse a qualidade do ar interior. “Com a aprovação do Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização nos Edifícios (RSECE) a situação só pode melhorar”, sublinhou Stephan Cramér. De facto, o aumento significativo do número de edifícios climatizados e a ocorrência de situações susceptíveis de colocarem em risco a saúde dos seus ocupantes faz desta uma questão premente. De acordo com Elisabete Martins, técnica superior da SGS, a falta de manutenção dos sistemas, os contaminantes químicos e os microbiológicos contam-se entre os principais factores que contribuem para a diminuição da qualidade do ar que se respira no interior dos edifícios. Aprovado em Abril último, o RSECE estabelece os parâmetros
> (à esq.) Rogério Correia, técnico superior da SGS, José Aidos Rocha, especialista em Engenharia da Segurança e José de Matos, secretário geral da APCMC > (à dir.) Carlos Nascimento, director de Projecto da ADENE, Sara Ramos, técnica superior da SGS Portugal, e José de Matos
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> CERTIFICAÇÃO DE EDIFÍCIOS
> Stephan Cramér, da Comissão Técnica da APIRAC
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> Miguel Tomé, director da Qualidade, Segurança e Ambiente da Somague, e Rui Fazenda Branco, director da Divisão ESQS da SGS Portugal
relativos ao conforto térmico e da qualidade interior e os requisitos mínimos de renovação e tratamento do ar que devem ser assegurados. Simultaneamente, a lei assegura as condições de manutenção dos sistemas de climatização, de monitorização e de auditoria de funcionamento dos edifícios e os requisitos mínimos de formação profissional a que os técnicos responsáveis pelo projecto, instalação e manutenção dos sistemas de climatização devem obedecer. Estão abrangidos pelo RSECE todos os edifícios de serviços com uma área útil superior a 1000 m2, bem como centros comerciais, supermercados, hipermercados e piscinas aquecidas cobertas, cuja área útil seja superior a 500 m2. O documento tem 150 páginas, que, na opinião de Stephan Cramér, contêm, ainda, “alguns erros e omissões”. Mas “há uma salvaguarda: de acordo com o estabelecido, a Lei será actualizada por portarias conjuntas de vários ministérios, o que significa que haverá oportunidade de corrigir alguns erros que entraram”, referiu. Para além do RSECE, foi ainda aprovado o Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE). Em conjunto, os dois documentos consubstanciam o, também recente, Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar em Edifícios. O Sistema de Certificação será gerido pela ADENE - Agência para a Energia e, em entrevista concedida à SGS Global, que poderá ler nas páginas seguintes, Carlos Nascimento, director de Projecto desta instituição, explica como vai funcionar. Também de certificação falou Sara Ramos. A técnica superior da SGS explicou as duas novas metodologias de qualificação e certificação de edifícios desenvolvidas pela SGS: DomusQual e DomusNatura, as quais anteciparam e aprofundaram o espírito dos novos regulamentos: a sustentabilidade ambiental. O seminário foi encerrado por Rui Fazenda Branco, director da Divisão ESQS da SGS Portugal, e por Miguel Tomé, director da Qualidade, Segurança e Ambiente da Somague.
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Certificação Energética e da Qualidade do Ar de Edifícios obrigatória em 2007 A Certificação Energética e da Qualidade do Ar de Edifícios vai arrancar em 2007. Carlos Nascimento, director de projecto da ADENE - Agência para a Energia, explica as novas regras que vão orientar o sector da construção em Portugal.
A
ADENE - Agência para a Energia tem um papel de destaque no Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios recentemente criado... A Agência tem uma função de suporte que é a gestão do Sistema, o qual é supervisionado pela Direcção Geral de Geologia e Energia (DGGE) e pelo Instituto do Ambiente (IA). Na prática, a gestão do Sistema compreende duas vertentes fundamentais. A ADENE vai passar a ser, por um lado, a entidade fiscalizadora dos agentes e peritos
qualificados, sendo a sede de registo de todos os processos de certificação e de declarações de conformidade que vão existir, de acordo com a aplicação da regulamentação em vigor. A segunda vertente compreende as alterações das metas que estão previstas na Lei. O legislador achou que com toda a informação relativa aos processos de certificação a convergir para a ADENE, esta teria condições para propor às entidades responsáveis, o IA e a DGGE, as alterações dos parâmetros técnicos que regulamentam e condicionam a actividade de certificação, designadamente o RCCTE e o RSECE, tendo em atenção quer a evolução tecnológica quer o comportamento do parque edificado. Este é, quanto a mim, um dos papéis mais importantes da ADENE neste processo. A legislação foi aprovada em Abril. Quando é que o processo de certificação vai arrancar? Será faseado. A primeira fase vai arrancar em Janeiro de 2007 e vai ser aplicável a todos os novos edifícios que estão abrangidos pelo RCCTE e pelo RSECE. Ou seja, todos os edifícios que se encontrem em fase de licenciamento em Janeiro do próximo ano. Em Janeiro de 2008 ficarão abrangidos os grandes edifícios de serviços com mais de 1000m2. E um ano depois, fim do prazo estipulado para a transposição da directiva comunitária, ficarão abrangidos
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> CERTIFICAÇÃO DE EDIFÍCIOS
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No âmbito da Lei A nova legislação - Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização nos Edifícios (RSECE) e o Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) - estabelece os requisitos mínimos sobre: • Eficiência energética; • Qualidade do ar interior; • Ensaios de recepção de sistemas após a conclusão da sua construção; • Manutenção e monitorização do funcionamento dos sistemas de climatização; • Inspecção periódica de caldeiras e equipamentos de ar condicionado; • Responsabilidade pela condução dos sistemas.
os edifícios residenciais e de pequenos serviços. Em três anos contamos cobrir todo o parque edificado português. E como é que na prática isso se vai processar? Ao nível dos edifícios de serviços, abrangidos pelo novo RSECE, as intervenções estão bem definidas. A periodicidade de intervenção nos grandes edifícios de serviços é de seis anos para a vertente energética e de dois, quatro ou seis anos para a qualidade do ar, consoante a tipologia do empreendimento. No que se refere aos edifícios residenciais e aos pequenos serviços enquadrados no RCCTE, o certificado só será necessário se houver uma transacção comercial de aluguer ou venda do mesmo, e tem uma validade de dez anos. Isto significa que os pequenos edifícios que não forem 'comercializados' nunca entrarão no sistema. Outra diferença significativa entre um e outro caso prende-se com a obrigatoriedade do cumprimento dos regulamentos. Enquanto que para os edifícios de serviços existe um limite máximo de consumo admissível por tipologia, que caso seja ultrapassado obriga a uma intervenção, para o mercado da habitação essa obrigatoriedade não existe. A única exigência é a apresentação de um documento válido que ateste sobre os consumos energéticos e da qualidade do ar do edifício. Como é que será evidenciada essa certificação? O modelo do certificado já está definido? O modelo do certificado está ainda em discussão mas, à partida, será muito semelhante ao sistema de etiquetagem que é utilizado nos electrodomésticos. Aliás, a ideia base da directiva comunitária é a de transmitir para o público informação sobre a boa ou má qualidade energética do edifício e o modelo de etiquetagem funcionou muito bem.
No caso, por exemplo, dos frigoríficos a procura generalizada por modelos de baixo consumo obrigou a alterações no processo de fabrico e à melhoria da qualidade dos materiais utilizados. Em menos de três anos as últimas quatro classes simplesmente desapareceram do mercado. Este é um exemplo que gostaríamos de repetir ao nível dos edifícios. Muito embora seja necessário actuar não só ao nível das equipas que fazem a concepção e implementação do edifício como ao nível do utilizador. Os consumos dependem tanto da qualidade da envolvente e dos sistemas activos de que o empreendimento dispõe como do uso que o utilizador lhe dá. Mas em Portugal não há uma cultura de poupança energética... De facto, de uma maneira geral, estamos muito pouco preocupados com a subida do preço do petróleo nos mercados internacionais. Aliás, a grande maioria da população não faz ideia de qual é o seu consumo médio de electricidade por mês, nem alterou o seu comportamento de forma a responder de forma mais racional a um aumento de custos que não consegue controlar. É preciso criar uma cultura a este nível, porque a energia é um factor de custo no sector industrial e de serviços e representa também um custo acrescido nas nossas habitações.
Inspecções, peritos e formação As inspecções são realizadas por peritos qualificados mas a legislação não é clara na identificação destes agentes ou no nível de qualificação que estes têm que ter. Concorda? Os peritos qualificados são os engenheiros, arquitectos e técnicos reconhecidos como tal pelas associações profissionais (Ordem dos Arquitectos, Ordem dos Engenheiros, Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos), os quais podem intervir no processo em termos individuais ou integrados em empresas. A legislação é clara neste aspecto. Durante algum tempo pensou-se que a certificação deveria ser realizada por empresas acreditadas pelo Sistema Português da Qualidade. Depois, chegou-se à conclusão que seria mais vantajoso para o processo atribuir a responsabilidade pela certificação ao técnico. Neste momento, não existe nada na lei que impeça o projectista de ser perito qualificado no seu próprio projecto. E, a meu ver, esta é a melhor solução. Primeiro, não há ninguém melhor do que o projectista para fazer o acompanhamento da obra, dado o conhecimento que ele tem sobre a mesma. Depois, se ao nível dos edifícios de serviços o processo é mais diluído, devido à complexidade dos empreendimentos, ao nível residencial o facto de se exigir o pagamento de duas intervenções distintas poderia ser um factor dissuasor da aplicação do Sistema. Mas é preciso não esquecer que o próprio Sistema vai fiscalizar a intervenção do projectista. A fiscalização não recai sobre o projecto mas sim sobre o perito qualificado, a título individual. Ou seja, há, simultaneamente, uma maior responsabilização deste em todo o processo.
De que forma é que essa fiscalização vai ser feita? A ADENE, enquanto entidade gestora, terá essa responsabilidade, embora possa recorrer a elementos terceiros para efectuar as auditorias. Na nossa perspectiva, estes terceiros devem ser empresas reconhecidas e acreditadas pelo Sistema Português da Qualidade. Toda a comunicação entre os peritos e a ADENE será feita por via electrónica. Estamos a criar um suporte informático próprio que vai identificar à entrada se o processo vai ser, ou não, auditado. De acordo com o disposto na legislação, o perito é fiscalizado de cinco em cinco anos mas, durante o primeiro ano de funcionamento do sistema, porque existe uma necessidade pedagógica e porque queremos verificar como é que o mercado está a reagir, a fiscalização por amostragem será mais apertada. A qualificação dos técnicos é um tema que está a gerar alguma confusão. Quais as qualificações necessárias? Vão ser realizadas acções de formação? As qualificações técnicas dos peritos são reconhecidas pelas respectivas ordens profissionais. Porém, os peritos qualificados têm que ter uma habilitação específica na óptica da certificação, e esta terá que ser alvo de um protocolo entre as associações profissionais, a DGGE, o IA e o Conselho Superior de Obras Públicas (CSOP). O objectivo é o de criar uma uniformização de critérios e metodologias utilizadas pelos técnicos envolvidos no processo de certificação, independentemente da sua formação base. Se não houver um acordo, então caberá às diferentes Ordens decidir quais os agentes capazes de intervirem no processo. Embora ainda não se tenha chegado a uma decisão final, as primeiras acções de formação para formadores estão já programadas para finais de Junho e deverão estar concluídas até meados de Outubro. Está prevista a realização de três cursos, os quais terão uma capacidade para 15 a 20 elementos, cada. Estas acções compreendem, em princípio, quatro módulos: um sobre RCCTE, outro sobre o RSECE na vertente energia e outro sobre a vertente da qualidade
do ar. Um quarto módulo incidirá sobre a certificação. Estes formadores vão ser reconhecidos pelas associações respectivas como peritos qualificados e constituirão a primeira 'carteira' do mercado. No futuro, tanto as entidades formadoras como os cursos que irão ministrar terão que ser reconhecidos pelas associações profissionais respectivas. Estimamos que sejam necessários entre 1500 a dois mil técnicos qualificados na vertente energética, ao passo que na vertente da qualidade do ar esse número poderá ser superior, uma vez que a periodicidade das intervenções é mais reduzida (dois, três ou seis anos, consoante a tipologia do edifício). Como é que o mercado da construção está a reagir a esta nova legislação? Muito bem, apesar de haver alguma preocupação. Julgo que o atraso na aprovação dos regulamentos levou a que o choque do mercado se tenha diluído no tempo, permitindo que os agentes se tenham adaptado às novas regras. Há um conjunto de entidades, públicas e privadas, que já manifestaram interesse em certificarem os seus edifícios. Estamos a falar de grandes empresas de construção civil e de empresas públicas como a ANA e a Caixa Geral de Depósitos. Inclusive, estes dois processos estão a ser conduzidos pela ADENE. É uma espécie de 'balão de ensaio' para toda a mecânica que está a ser desenvolvida. Isto não invalida que exista alguma apreensão, porque o mercado está parado. Obviamente que o processo de certificação traz custos, como, aliás, toda a actividade profissional. Mas a certificação não vai aumentar os custos das habitações porque estas não reflectem aquilo que são os custos reais de construção. Acredito que a certificação irá, isso sim, melhorar a qualidade da construção e dos próprios agentes, engenheiros, técnicos e arquitectos, envolvidos. Irá abandonar-se um pouco a noção de 'obra de arte' para se passar a olhar para questões mais prementes, como a eficiência energética do edifício. Simultaneamente, a certificação irá funcionar, ela própria, como um instrumento de marketing ao serviço dos promotores imobiliários.
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As qualificações técnicas dos peritos são reco“nhecidas pelas respectivas ordens profissionais. Porém, os peritos qualificados têm que ter uma habilitação específica na óptica da certificação, com o objectivo de criar uma uniformização de critérios e metodologias.”
Carlos Nascimento, director de Projecto da ADENE
Bruno Barata
Quem o diz...
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> RESPONSABILIDADE SOCIAL NO ENSINO
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Estabelecimentos de ensino em Portugal Primeiros passos para um mundo melhor A SGS juntou professores, educadores e responsáveis pela gestão dos estabelecimentos de ensino portugueses para promover a responsabilidade social nas escolas.
D
o jardim infantil à universidade, as escolas têm hoje uma responsabilidade acrescida na formação das crianças e dos jovens, um grande poder sobre a forma como a sociedade evolui e uma capacidade de intervenção social que se estende também às famílias e comunidades que servem. Com o objectivo de sensibilizar para este tema professores, educadores e responsáveis pela gestão dos estabelecimentos e equipamentos de ensino, a SGS Portugal, em colaboração com a APSI - Associação para a Promoção da Segurança Infantil, organizou o seminário “Estabelecimentos de Ensino: Primeiros Passos para a Responsabilidade Social”. O evento realizou-se em Lisboa, em meados de Maio, e reuniu um grupo prestigiado de especialistas em diversas vertentes da Responsabilidade Social, designadamente no
âmbito da Qualidade, Ambiente, Segurança Alimentar, Instalações e Transporte. “Este é um conceito que está na moda mas que tem que ser tratado com rigor e seriedade. Ficámos pelos 'primeiros passos' da responsabilidade social porque não ousámos num único dia abordar todos os aspectos que estão subjacentes a este conceito”, justifica Helena Cardoso de Menezes, presidente da APSI, associação privada que luta há treze anos pela redução do número e da gravidade dos acidentes e das suas consequências nas crianças e jovens. “A escola deve ser um projecto global, centrado no desenvolvimento coeso e integrado da criança, alcançando de forma natural a família e a comunidade onde está inserida. Desta forma estaremos a contribuir para a existência de crianças mais felizes e participativas, mais exigentes e tolerantes”, sublinha Helena Cardoso de Menezes. Mas os estabelecimentos de ensino têm que ser, antes de mais, locais seguros e de promoção da saúde e do bem-estar das crianças. Infelizmente, verificamos que muitos deles apresentam graves contradições. É o que acontece, por exemplo, ao nível da segurança alimentar, onde a alimentação saudável que é promovida nas salas de aula contrasta vivamente com os alimentos que são depois disponibilizados nos bufetes das escolas. “Realizámos um estudo re-
cente sobre as ementas escolares e verificámos que existe, para além do que é desejável, uma grande quantidade de fritos e de doces, embora numa avaliação final as cantinas não apresentem grandes problemas em termos nutricionais. Já no que se refere aos bufetes, apesar de não se ter feito nenhum estudo, existe a percepção que abundam os alimentos hipercalóricos”, referiu Fernanda Santos, da DECO, à margem da conferência. Uma situação que contribui para agravar aquela que é, actualmente, uma das doenças pediátricas mais graves: a obesidade infantil. De acordo com Carla Rego, da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, registam-se cada vez mais casos de obesidade infantil em crianças cada vez mais novas. “Em Portugal existem dois estudos transversais que apontam para valores de prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças entre os 7 e os 10 anos, de 20,3% e de 11,3%, respectivamente. Ao passo que entre os adolescentes de 11, 13 e 15 anos esses valores ficam-se pelos 12,9 a 16,6% e os 2,7 a 3,6%”, informou a especialista. Esta realidade é bem conhecida da Fundação Bissaya Barreto. Um estudo realizado em 2001 pela Fundação, e que incidiu sobre vários jardins de infância na zona de Coimbra, concluiu que num universo de 2400 crianças entre os 3 e os 6 anos, 10,5% eram obesas.
Escola (in)segura
Instituto de Desporto de Portugal, chamou a atenção para a falta de capacidade de intervenção do Instituto naquelas que são as suas obrigações legais, designadamente ao nível das inspecções dos equipamentos desportivos, e apelou a uma maior consciência da responsabilidade social das instituições de ensino neste campo. “Este não é um problema da disciplina de educação física. É um problema da comunidade escolar no seu todo”, sublinhou Luís Gomes da Costa. “A temática da segurança tem que estar integrada no projecto educativo da escola”, reforçou Rogério Correia. Para o técnico da SGS é importante criar uma “cultura de segurança, nomeadamente interiorizando procedimentos e comportamentos e adoptando as necessárias medidas de prevenção”.
Os novos desafios da gestão Para além de apelar a uma maior consciencialização sobre os factores susceptíveis de colocar em risco a saúde das crianças, é preciso sensibilizar os responsáveis para a urgência de adopção de novas práticas de gestão, que respondam aos novos e constantes desafios que se colocam aos estabelecimentos de ensino. Neste âmbito, a implementação de sistemas de gestão da qualidade nas escolas, e sua posterior certificação, constitui uma mais-valia, como o comprovam as experiências do infantário Torre dos Pequeninos, do externato de Vila Meã e do Instituto Politécnico do Porto. (ver caixa na página seguinte). A certificação ou 'qualificação' será, em breve, uma realidade de todas as creches e infantários do país, públicos e privados.
Bruno Barata
Mas a segurança nos estabelecimentos de ensino não se restringe apenas à área alimentar, estendendo-se a outras vertentes. Desde a própria concepção e boa conservação do edifício, à qualidade do ar interior, não esquecendo os espaços de recreio e de desporto escolar, ou o próprio transporte colectivo de crianças, cuja nova legislação entrou em vigor um dia após a realização do seminário. A realidade é particularmente preocupante ao nível dos recreios escolares e dos equipamentos desportivos. Enquanto os primeiros são, na maior parte das vezes, “espaços pequenos e pouco ou nada preparados para promover a possibilidade de um verdadeiro processo de socialização das crianças”, os últimos são, com demasiada frequência, palco de graves acidentes. Luís Gomes da Costa, delegado distrital de Lisboa do
“A certificação ou 'qualificação' será, em breve, uma realidade em todas as creches e infantários do país, públicos e privados”
O painel sobre Segurança Alimentar foi um dos mais participados pela assistência.
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> RESPONSABILIDADE SOCIAL NO ENSINO
Helena Cardoso de Menezes, presidente da APSI
Bons Exemplos Muitos estabelecimentos de ensino em Portugal reconhecem e assumem o papel que lhes cabe na educação e formação das crianças e jovens. E porque os bons exemplos devem ser destacados e divulgados deixamos três realidades, em diferentes níveis de ensino, de escolas que apostaram na promoção de elevados padrões de exigência na organização e na obtenção de um factor de inovação e diferenciação do seu projecto educativo.
Torre dos Pequeninos
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O novo “Manual de avaliação da qualidade das creches” já foi aprovado pelo Governo e pretende “harmonizar a nível nacional as regras de funcionamento para os serviços prestados por estes estabelecimentos, tanto a nível público como privado”, explicou Elisabete Mateus, directora do Departamento da Qualidade e do Departamento de Planeamento e Sistemas de Informação do Instituto da Segurança Social. Apoiado em critérios de qualidade (orientados para os resultados, enfoque no cliente, desenvolvimento e envolvimento das pessoas, gestão por processos, melhoria contínua, parcerias e responsabilidade pública), este manual vem acompanhado de dois outros instrumentos: o manual de processos, “onde estes estão descritos, sendo facilmente adaptáveis às diferentes realidades das instituições”; e os questionários de avaliação da satisfação, “para colaboradores, clientes e parceiros”. O modelo confere ainda às instituições a possibilidade de implementarem gradualmente este sistema, uma vez que são reconhecidos três níveis distintos de certificação ou qualificação: A, B e C. “Temos que dar oportunidade às instituições de evoluírem de acordo com as suas próprias capacidades e meios, no sentido da melhoria contínua”, justificou Elisabete Mateus. Uma questão tanto mais importante uma vez que não há certezas quanto ao apoio financeiro do Estado à imple-mentação do modelo. Uma vez adoptados os requisitos impostos pelo manual, os estabelecimentos têm que pedir uma inspecção/auditoria, a qual será realizada por entidades externas, que se encontrem acreditadas no âmbito do Sistema Português da Qualidade para este efeito.
Foi a primeira instituição privada de ensino pré-escolar a obter a certificação do seu sistema de gestão da qualidade de acordo com o referencial NP EN ISO 9001:2000. O colégio, localizado em Santo Tirso, tem capacidade para 100 crianças e está instalado numa propriedade com uma área total de 5000 m2, dos quais 2100 m2 são ocupados por edifícios e equipamentos modernos e funcionais. Em funcionamento há cinco anos, com as valências de creche e jardim-de-infância, prepara-se para receber os primeiros alunos do 1º ciclo já no próximo ano lectivo.
Externato de Vila Meã De acordo com António Barbeitos, director do Externato, o seu papel enquanto única instituição de serviço público de educação na região reforçou a componente de responsabilidade social, de ligação à comunidade local e aposta num “projecto de excelência, responsável pela formação de crianças e jovens dotados de elevada competência técnica, científica e humana”. Aposta essa que encontrou na implementação e certificação do seu sistema de gestão da qualidade a solução para a promoção do “sucesso educativo” e do “reforço do serviço público de educação”.
Instituto Politécnico do Porto Localizado entre Porto, Matosinhos,Vila do Conde e Felgueiras, o IPP tem uma comunidade académica com mais de15 mil alunos, oferecendo 78 cursos, distribuídos por sete escolas, dotadas de autonomia científica, pedagógica, administrativa e financeira. Foi a primeira instituição portuguesa de ensino superior a implemen-
tar um sistema de gestão da qualidade de acordo com a norma ISO 9001:2000 e a adoptar uma política ambiental. Hoje, como explicou Mónica Vieira, directora da Qualidade do Instituto, “a certificação abrange os serviços centrais do IPP e duas das suas escolas, o Instituto Superior de Engenharia e a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras”.
Fundação Bissaya Barreto Um estudo pioneiro, realizado por Ana Rito, nutricionista da Fundação Bissaya Barreto (FBB), e que envolveu 2.400 crianças entre os três e os seis anos, de 73 jardins de infância da rede pública, privada e cooperativa do concelho de Coimbra, revelou que 10,5% das crianças eram obesas. O estudo, realizado em 2001 e único em Portugal, indicava que na maioria das instituições a oferta alimentar era monótona, com excesso de fritos, gorduras e doces, sendo que a doença prevalecia em crianças de famílias com níveis sócio-económicos baixos. Para inverter a situação da alimentação desequilibrada, a FBB, instituição privada mas dedicada ao serviço social, tem vindo a desenvolver, nas suas 11 escolas, um programa de nutrição orientado para as crianças do pré-escolar e do ensino básico. O programa foca diversas áreas de interesse, nomeadamente a prática de exercício físico, a vigilância do estado nutricional das crianças e a oferta alimentar variada e orientada para os gostos infantis. As ementas são agora divertidas, cheias de cor, capazes de estimular a curiosidade e o apetite, e os espaços de refeição são decorados por forma a que as crianças gostem do convívio à mesa. O importante, explicou Ana Rito, é que “tudo comece o mais cedo possível, para que as crianças adoptem estilos de vida saudáveis. Se assim for, vamos assistir a um retrocesso da obesidade e de outros hábitos menos bons”. Os resultados do Programa que a FBB desenvolve há mais de 14 anos provam que esta convicção faz sentido. Comparando com a taxa de obesidade encontrada nos outros estabelecimentos estudados pela nutricionista,nas escolas da FBB a prevalência de obesidade varia apenas entre os 2,5% e os 3%.
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Porque é urgente sensibilizar os responsáveis pelos estabelecimentos de ensino para uma nova gestão da segurança alimentar, a SGS dá o exemplo, garantindo a qualidade, a segurança e a higiene dos espaços frequentados pelas nossas crianças.
SGS tem proposta inovadora para
Gestão Integrada nas Cantinas
A
s crianças passam a maior parte do tempo na escola, o que significa que, no que toca à segurança alimentar, a cantina é agora um espaço nobre. Para evitar perigos ao longo da cadeia de produção e conseguir que os alimentos cheguem à mesa nas melhores condições, é necessário detectar e evitar os riscos atempadamente. E a SGS Portugal tem, neste domínio, uma nova proposta de valor que aposta no trabalho em parceria com instituições públicas e privadas. O programa chama-se 'Gestão Integrada nas Cantinas' e contempla, para além de aspectos voluntários, o cumprimento obrigatório dos requisitos dispostos nos regulamentos n.º 852/2004, de 29 de Abril e n.º 178/2002, de 28 de Janeiro, assim como o cumprimento do Sistema HACCP - Sistema Preventivo de Segurança Alimentar. Dos pontos principais deste novo programa da SGS Portugal destacam-se:
Infra-estruturas e materiais
O programa desenvolvido pela SGS Portugal contempla a separação das áreas de funcionamento das cantinas e dá especial atenção à ventilação e iluminação dos espaços, assim como ao material utilizado nas viaturas que transportam os alimentos.
Qualificação do pessoal e práticas de higiene
A competência dos colaboradores é sustentada, neste programa, por acções de formação sobre temas multidisciplinares. Os métodos de controlo de pragas, gestão de resíduos e
rastreabilidade dos produtos garantem a prática de uma boa higiene.
Ementas seleccionados desde a origem
Os alimentos têm que ser mensalmente avaliados em termos de risco, estando prevista a criação de ementas rotativas, dietéticas e étnicas. A avaliação alimentar começa na selecção dos fornecedores. Uma vez comprados, os produtos devem ser rigorosamente tratados em termos de transporte, temperatura e armazenamento.
Informações e serviços personalizados
Para facilitar a aquisição das senhas de almoço, a SGS Portugal desenvolveu, no âmbito deste novo serviço, um sistema que simplifica o processo e permite dar sugestões. Estão prontos para serem implementados programas de sensibilização para alunos, pais e educadores sobre a importância da roda dos alimentos para uma vida saudável.
Monitorização e auditorias que garantem os serviços
Para garantir o sucesso de todas as operações contempladas neste ambicioso programa, a SGS possui também um plano de monitorização que recolhe amostras preventivas para análise, obtendo assim os indicadores de qualidade dos produtos. No âmbito da higiene e segurança alimentar há auditorias predefinidas, check-lists e verificação do cumprimento dos sistemas de validação e gestão da unidade. O objectivo é satisfazer os utentes, que podem deixar expressa a sua opinião em inquéritos de satisfação.
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> CAMPISMO COM QUALIDADE
Há futuro para o campismo em Portugal
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ernando Cipriano, presidente da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, entidade que congrega as associações e clubes desportivos dedicados ao campismo e/ou montanhismo, acredita que há espaço para o crescimento de ambas as actividades. Como refere na entrevista concedida à SGS Global, o objectivo da FCMP é o de conquistar os segmentos mais jovens e voltar a ultrapassar os 100 mil portadores de licença desportiva. Como é que os parques de campismo estão organizados em Portugal? Estão divididos em três tipologias: os parques públicos, os parques privados e os privados associativos. Dos 220 parques existentes actualmente no país, a Federação é responsável por 8, sendo que o universo dos parques privados associativos explorados pelas associadas desta Federação é cerca de 40. Estes parques privados associativos, que só podem ser utilizados pelos utentes portadores de licença desportiva da FCMP, localizam-se em vários pontos do país. Os parques federativos vão desde Mondim de Basto a Santo André. Qual é o número de portadores de licença desportiva? A FCMP possui actualmente mais de 670 associadas que congregam um número elevado de pessoas. No entanto, por razões de ordem económica e sociológica, os portadores de licença desportiva têm vindo a decrescer e, neste momento, são pouco mais de 50 mil, quando já registámos o dobro nos anos de 92/93. O nosso objectivo é voltar a ultrapassar os 100 mil. Que medidas devem então ser tomadas para revitalizar o movimento campista português? A nossa aposta passa pela criação de infra-estruturas nos
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Conquistar os jovens, através da criação de infra-estruturas adequadas à prática de desportos, é um dos principais objectivos da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.
parques de campismo para a prática de diferentes modalidades desportivas para conquistarmos a juventude. Por exemplo, o Clube de Campismo do Porto vai instalar uma parede de escalada no Parque de Esmoriz e estão previstas outras acções noutros parques. É nossa intenção apostar também na credenciação de professores para estas áreas, uma vez que o desporto deve ser bem orientado e praticado em segurança. Além da escalada, a FCMP tutela outras modalidades como o alpinismo, o canyonning, a escalada de competição, o montanhismo e o pedestrianismo.
Não confundir hotelaria e campismo A legislação que regulamenta os parques de campismo é, no seu entender, omissa em algum aspecto relevante? Penso que a legislação deve ter em consideração as especificidades de cada realidade, mas isso não acontece em Portugal. Não podemos equiparar o campismo à hotelaria e, neste momento, o diploma é muito genérico, por forma a abranger todas as áreas do turismo. Ao verificar-se este tratamento, há, naturalmente, situações mal resolvidas. Então, que aspectos urge resolver com brevidade? É importante que as entidades que tutelam a área do turismo, juntamente com as pessoas que trabalham regularmente neste domínio, reúnam e definam as especificidades de cada área, porque mesmo dentro do campismo, os parques públicos, privados e privados associativos devem ser orientados com base em regras diferentes. Os parques públicos têm de ser a imagem de marca do país. Claro que as condições de higiene e segurança deverão ser iguais para todas as infra-estruturas, sejam públicas ou privadas, mas não faz sentido exigirem que a
Inovar para competir O 'Camping Resort' e o 'Camping SPA' são já alternativas em alguns países europeus. Portugal poderá vir a adoptar estes novos formatos para conquistar mais adeptos? Sem dúvida. É fundamental que Portugal comece também a diferenciar-se e a criar alternativas. Ainda há pouco tempo participei num seminário em Aveiro, cujo tema foi o 'Turismo em 2010' e no qual se concluiu que o mar, como produto turístico, tem tendência a acabar. Outros factores serão enfatizados e Portugal tem de preparar-se e diversificar a oferta, pois 'sol e praia' deixará de constituir, por si só, uma vantagem competitiva. Outra conclusão interessante foi a de que serão os asiáticos a procurarem-nos cada vez mais para passar férias.
É importante que as entidades que tutelam a área do turismo, juntamente com as pessoas que trabalham regularmente neste domínio, reúnam e definam as especificidades de cada área.
Concorda com os pontos críticos apontados pela DECO no estudo que divulgou no primeiro trimestre de 2006? Não concordo com muitas das observações, pois só revelam que quem elaborou o trabalho desconhece a legislação e a realidade. Acho que há muita gente a falar do que não sabe e que pensa que o campismo é só acender o carvão e assar sardinhas. Chegou o momento de alterarmos esta situação, de nos sentarmos todos à mesa e definirmos bem as 'regras do jogo'. Na sociedade em que vivemos continuará a haver 'espaço' para o campismo em Portugal? Sem dúvida, que sim. De resto, e convém relembrá-lo, o apogeu desta actividade em Portugal aconteceu quando atravessámos um período de grandes dificuldades económicas, em tudo idêntico ao actual. E, obviamente, que numa conjuntura difícil, o campismo pode bem ser uma alternativa acessível, gratificante e saudável, quer na versão de campista de montanha, de caravana ou de autocaravana.
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Quando se promove Portugal em termos turísticos, nunca se divulgam os parques de campismo como uma alternativa. Enfatiza-se a oferta hoteleira, e esquece-se permanentemente que há um número significativo de pessoas a optar pelos parques de campismo, inclusive muitos estrangeiros.” Quem o diz... Fernando Cipriano, presidente da FCMP
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pessoa da recepção domine x línguas, num parque onde só entram associados portugueses. O campismo é habitualmente encarado como o 'parente pobre' do turismo. Concorda com esta apreciação? Infelizmente, assim é entendido. Quando se promove Portugal em termos turísticos, nunca se divulgam os parques de campismo como uma alternativa. Enfatiza-se a oferta hoteleira, a existência das pousadas e de variadíssimos turismo de habitação e/ou rurais (entre outros), e esquecese permanentemente que há um número significativo de pessoas a optar pelos parques de campismo, inclusive muitos estrangeiros. Há manifestamente uma atitude reactiva e não pró-activa relativamente ao campismo. O mesmo não acontece noutros países, onde há muito se valoriza esta prática de desporto ligada ao turismo.
certificação
> CAMPISMO COM QUALIDADE
Parques de campismo em Portugal
Segurança como factor de competitividade A segurança nos parques de campismo é cada vez mais uma responsabilidade repartida entre todos os intervenientes do sector: entidades públicas e privadas e utilizadores.
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competitivo. Não basta apelar-se ao 'vá para fora cá dentro' ou promover Portugal como um destino turístico inesquecível. É fundamental apostar numa oferta turística que corresponda, no mínimo, à imagem criada. E nem sempre isso acontece. No domínio do campismo, considerado o 'parente pobre' do alojamento turístico, há ainda muito a fazer. “A par de um enquadramento legal mais claro e atento às especificidades deste produto, importa relembrar a questão da sazonalidade do sector - o que dificulta a gestão dos recursos humanos - e a inexistência de entidades competentes para a fiscalização desta actividade”. Face a este cenário, não é difícil encontrarem-se, de norte a sul, parques de campismo que não cumpram os requisitos mínimos relativos à segurança. São por demais > Rogério Correia, consultor da SGS na área da HST
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ecenteme, a DECO inspeccionou 20 parques de campismo em Portugal e todos 'chumbaram' na vistoria por apresentarem falhas de segurança graves. Rogério Correia, consultor da SGS na área da Higiene e Segurança no Trabalho, considera lamentável que as entidades portuguesas, quer públicas quer privadas, continuem a desvalorizar a segurança e não a encararem como um factor de competitividade. No seu entender, torna-se urgente pensar estratégias que preparem a oferta turística para os novos desafios impostos por um turista cada vez mais exigente e mais culto, que procura orientar as suas escolhas em função da qualidade, da segurança e da inovação dos produtos turísticos colocados à sua disposição. E Portugal (designadamente as entidades públicas competentes e as empresas que laboram no sector) não pode ficar parado nem continuar a actuar como tem feito até ao momento. O turismo, que se perfila como uma das actividades económicas com maior potencial de crescimento no país, merece uma atenção redobrada. As entidades, públicas e/ou privadas, devem articular acções com vista a promoverem Portugal como um destino turístico de qualidade, diferenciado e
evidentes os atropelos às boas práticas. “Por exemplo, é importante que se definam de uma vez por todas os espaços específicos para a colocação das garrafas de gás de uso doméstico e dos grelhadores. Verifica-se também um índice de carga térmica elevadíssimo dentro das tendas, factor que nem sempre é considerado quando se faz uma avaliação externa dos focos de risco. Outro aspecto negativo é o do excesso de veículos no interior dos parques, que pode impedir a rápida evacuação dos utilizadores, assim como uma resposta eficaz por parte das entidades externas envolvidas em caso de emergência. Para solucionar este problema, é fundamental que se defina a ocupação máxima de veículos dentro de cada parque e se criem zonas de estacionamento. Outro problema grave que acontece de um modo generalizado e que está directamente relacionado com a segurança é o da falta de informação aos campistas. Seria importante que os proprietários dos parques distribuíssem na recepção a planta do parque com recomendações de segurança, uma vez que a eficácia na resposta a um sinistro passa pela sensibilização de todos os intervenientes”, conclui o consultor da SGS.
Certificação do Serviço Uma solução à medida
A Certificação do Serviço promovida pela SGS ICS é a que atribui a marca da Qualidade do Serviço com maior projecção a nível mundial. E Portugal, depois de França, é o país onde o Grupo atribuiu, até ao momento, o maior número de certificações de serviço. Bruno Barata
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ão já muitas as organizações dos mais diversos sectores de actividade que, em Portugal, ostentam a marca da Certificação do Serviço SGS ICS. Patrícia Pereira, responsável pela Certificação do Serviço na SGS ICS, confirma a franca expansão deste sistema voluntário de certificação em Portugal, facto que, na sua opinião, demonstra o empenho dos empresários portugueses em se diferenciarem no mercado. “São cada vez mais as organizações empenhadas para com as boas práticas no domínio da prestação de serviços, porque entendem que esta certificação demonstra a sua preocupação em satisfazerem as necessidades e expectativas dos seus clientes e em reforçarem a credibilidade dos seus serviços”. A criação de referenciais próprios, capazes de responderem às necessidades específicas de cada organização, torna a Certificação do Serviço SGS ICS adequada a qualquer empresa ou instituição, independentemente da dimensão e do ramo de actividade onde se posiciona. A certificação do Parque de Campismo do Rio Alto, na Póvoa do Varzim, detido e gerido pela Orbitur, empresa líder no campismo em Portugal, é um bom exemplo. A Certificação do Serviço SGS ICS atribuída ao parque da Orbitur, além de pioneira a nível europeu - foi o primeiro parque de campismo a obter esta certificação em toda a Europa - é demonstrativa da preocupação da empresa no domínio da satisfação dos seus clientes e, naturalmente, do aumento da competitividade e da respectiva quota de mercado. No caso em apreço, a especificação técnica criada, e pela qual o Parque da Orbitur veio a obter a certificação, abrange as áreas do atendimento, os serviços de restauração e minimercado, a prática de actividades de campismo em tenda, caravana, autocaravana ou instalações de alojamento de carácter complementar, a prática de desportos ao ar livre, a prática de actividades aquáticas de lazer e a prática de actividades de animação/jogos. As mais-valias decorrentes da certificação do serviço no Parque de Campismo do Rio Alto irão estender-se aos restantes parques da Orbitur em todo o país, pois é intenção da empresa uniformizar os padrões de serviço que oferece aos clientes em toda a sua rede. Tal como acontece nos restantes sectores de actividade, também no do campismo a inovação e a qualidade da oferta são vectores essenciais à competitividade. E é precisamente por isso que a Certificação do Serviço SGS ICS se reveste de particular importância: é o meio de garantir a efectiva qualidade do serviço junto do utilizador deste tipo de infra-estruturas turísticas.
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> Patrícia Pereira, da SGS ICS
Orbitur
certificação
> CAMPISMO COM QUALIDADE
Orbitur na linha da frente da certificação do serviço
Depois do parque de campismo do Rio Alto, o primeiro a obter a certificação do serviço a nível europeu, a Orbitur prepara-se para alargar a experiência aos restantes parques de que é proprietária. E sempre em parceria com a SGS ICS. 34 SGS Portugal
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arantir a qualidade dos diferentes serviços que presta aos seus clientes de forma sistematizada, continuada e controlada, foi o objectivo que esteve na origem do processo de certificação do serviço no Parque Orbitur Rio Alto, na Póvoa de Varzim. Perante o sucesso do processo de implementação e das mais-valias obtidas com a certificação, atribuída em 2004 pela SGS ICS e já renovada, a empresa prepara-se para estender a certificação aos restantes parques de campismo da sua rede. Responsável por mais de um milhão de dormidas por ano, cerca de 50% das quais de turistas estrangeiros, provenientes maioritariamente de Espanha e França, seguindo-se o Reino Unido, Países Baixos e Alemanha, a Orbitur detém actualmente a maior cadeia de parques de campismo da Europa. “A Orbitur aposta na diferenciação dos seus produtos e numa política de rigor e qualidade do serviço orientado para a satisfação do cliente, a par da dotação dos seus parques com os recursos adequados a uma melhoria contínua. Ao desenvolvermos um processo de certificação do serviço, pretendemos criar um sistema de constante melhoria da qualidade que queremos garantir, através de instrumentos de auto-regulação com as características adequadas e previamente definidas. Contamos desde o início com o apoio da SGS ICS, entidade que seleccionámos como parceira pela vasta experiência, idoneidade e credibilidade que tem no mercado e que efectua periodicamente as auditorias de cliente mistério e de verificação do cumprimento dos requisitos que estão estabelecidos”, explicou Beatriz Santos,
administradora da Orbitur Intercâmbio de Turismo SA, à revista SGS Global. A certificação do serviço no Parque do Rio Alto abrange o atendimento, os serviços de restauração e mini-mercado, a prática de actividades de campismo em tenda, caravana, auto-caravana ou instalações de alojamento de carácter complementar, a prática de desportos ao ar livre, de actividades aquáticas de lazer e, ainda, a prática de actividades de animação/jogos. Para verificar a conformidade dos serviços com a especificação técnica criada para a certificação do serviço, a Orbitur estabeleceu um plano de controlo interno que inclui auditorias, recolha regular de inquéritos para avaliação da satisfação dos clientes e um sistema de tratamento de sugestões e reclamações, entre outros procedimentos. A nível externo, e a par das auditorias de 'cliente mistério' e para revalidação da certificação do serviço (esta última anual) elaboradas pela SGS ICS, a Orbitur conta com uma série de outras colaborações regulares para aferição e garantia dos padrões que definiu, para além dos requisitos legais, designadamente ao nível de laboratórios certificados e outras empresas credenciadas, desenvolvendo conjuntamente acções específicas de formação dos colaboradores ao nível do atendimento, da vigilância e segurança de pessoas e bens, socorrismo, saúde e segurança alimentar, entre outras, para assegurar os padrões de qualidade do serviço. De acordo com Beatriz Santos, uma das principais mais-valias que decorre da certificação do serviço no Parque do Rio Alto é a da unidade ter não apenas mantido os clientes habituais mas ter também conseguido captar novos clien-
tes. “Nos dias que correm é uma grande vitória, pois o mercado não tem estado fácil e quando as pessoas pensam em poupar nas despesas, cortam nas férias. Mas, no Parque Orbitur Rio Alto, além das crescentes manifestações de agrado, verificou-se, de Janeiro a Abril deste ano, um incremento de 29,3 % de dormidas, comparativamente com o período homólogo anterior”.
Campismo de qualidade Dois anos de experiência bem sucedidos no parque da Póvoa de Varzim, a que acresce a satisfação com o prémio atribuído pela DCC (Deutsch Camping Club) ao Parque de São Pedro de Moel, (o primeiro que a organização alemã atribui a um parque de campismo em Portugal), constituem incentivos ao investimento que a Orbitur está a realizar na melhoria dos serviços e modernização dos equipamentos em toda a rede. “O próximo parque da Orbitur a implementar os procedimentos que conduzirão à certificação do respectivo serviço já está identificado, e, embora os timmings ainda não estejam completamente definidos, pretendemos estender a certificação a toda a nossa rede”, explica Beatriz Santos. “A par de um serviço de excelência para os nossos clientes, temos outros objectivos bastante exigentes, como, por exemplo, aumentar a competitividade da nossa oferta e, ao mesmo tempo, contribuir para prestigiar Portugal e o campismo no contexto do turismo a nível europeu.
Sonae, que iniciou o processo de expansão da rede. Em 1998, a Sonae vendeu a empresa ao actual accionista, Jaime Teixeira, que, por sua vez, deu início a um profundo processo de modernização das unidades, tendo em vista dotá-las com as infra-estruturas e os equipamentos adequados à procura actual. Os 24 parques de campismo que ostentam a insígnia Orbitur estão espalhados de norte a sul do país, com predominância no litoral. “A praia é o destino favorito da maioria dos turistas que nos procuram para gozar as férias. Mas temos também alguns parques localizados no interior, como por exemplo em Évora, cidade que, por estar classificada como Património Mundial pela UNESCO, é uma das zonas mais procuradas por visitantes estrangeiros. A quota de estrangeiros em geral, no total de clientes da Orbitur, ronda os 50%, mas a sua distribuição quanto aos mercados de origem varia ao longo dos meses do ano e os portugueses predominam na época de Verão. Durante a época baixa aumentam os turistas oriundos dos países do norte da Europa, Reino Unido e Países Baixos, em busca do clima ameno, sendo os espanhóis em maior número na Primavera”, explica a administradora da Orbitur. Além de Espanha, para onde a empresa perspectiva expandir a sua actividade, é também naqueles mercados de origem que mais tem apostado para a divulgação dos seus produtos e serviços. “Temos participado em feiras de tu-
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O campismo deve ser visto não como o parente pobre do turismo, mas como uma verdadeira opção de férias de qualidade para quem gosta de sentir os prazeres da vida ao ar livre e de estar mais próximo da natureza.” Bruno Barata
Quem o diz... Beatriz Santos, administradora da ORBITUR
O campismo deve ser visto não como o parente pobre do turismo, mas como uma verdadeira opção de férias de qualidade para quem gosta de sentir os prazeres da vida ao ar livre e de estar mais próximo da natureza, no campismo e caravanismo como na modalidade de alojamentos complementares, com todas as comodidades, em qualquer época do ano. Esta é uma tendência a que assistimos por toda a Europa e não só, verificando-se um movimento crescente da 'hotelaria de ar livre', e Portugal não foge à regra”, sublinha a administradora da empresa.
A acampar com a Orbitur desde os anos 60 A Orbitur foi constituída em 1961 e começou a operar com sete parques. Nos anos 80 foi adquirida pelo Grupo
rismo na Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Bélgica, Alemanha, França e Espanha. Em Portugal, estivemos este ano na Expo-lazer Batalha e na Nauticampo, em Lisboa”. A segurança dos parques e o desenvolvimento e a formação dos recursos humanos são as duas áreas prioritárias para 2006. Consciente do seu posicionamento de liderança no sector do campismo, a Orbitur compromete-se a prestar o melhor serviço em todos os seus parques, com responsabilidade acrescida no Parque do Rio Alto, onde a qualidade do serviço está certificada pela SGS ICS. “Queremos que os clientes gostem de nós, que se sintam bem nos nossos parques e que nos recomendem, porque essa é a melhor publicidade que de nós pode ser feita”, conclui Beatriz Santos.
Campinanda Fornecedor de sonhos com qualidade
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Superar as expectativas dos clientes é a prioridade absoluta da Campinanda, uma das maiores empresas de comercialização e aluguer de equipamentos de turismo de ar livre.
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onstituída em 1988, a Campinanda tem por actividade a compra, a venda, a troca e o aluguer de equipamentos de turismo de ar livre (caravanas, autocaravanas, autovivendas e residenciais). A empresa, com um total de 17 colaboradores, está sedeada em Leça da Palmeira e detém pontos de venda e oficinas na Maia, em Lisboa e Viseu. Em entrevista, Amélia Silva, sócia gerente, explica porque é que a Campinanda se tornou a primeira empresa do sector a obter a certificação ISO 9001:2000 em Portugal. Porquê a certificação da Campinanda, uma vez que os equipamentos que comercializa ou aluga são eles próprios certificados? Garantir a satisfação do cliente sempre foi uma preocupação da Campinanda, que era concretizada de forma mais ou menos empírica. Inclusive, a primeira vez que ouvimos falar de sistemas de gestão da qualidade e certificação foi através de clientes, a quem sempre procurámos auscultar para obtermos o registo das suas preocupações e sugestões para melhorarmos o nosso serviço. Após uma profunda pesquisa sobre a ISO 9001:2000, percebemos que implementar um SGQ era um meio muito importante para organizarmos e sistematizarmos a forma como trabalhamos internamente e, consequentemente, uma ferramenta que nos permitiria melhorar continuamente o serviço prestado aos clientes.
Sobretudo, melhorar no serviço após-venda, pois a relação com o cliente começa verdadeiramente quando ele sai da nossa casa com a unidade que lhe vendemos. Implementar o SGQ foi difícil e moroso (quase dois anos), mas foi também fantástico pois todos nos empenhámos e conseguimos construir um sistema que funciona, e funciona bem. A certificação, atribuída pela SGS ICS, em Setembro de 2005, é o meio de garantirmos, de > Amélia Silva, sócia gerente da Campinanda forma sustentada, a melhoria contínua do serviço que prestamos ao cliente. E quais são os benefícios que a certificação da Campinanda trouxe para os clientes? A política da qualidade que definimos está totalmente orientada para o cliente, desde a forma como comunicamos, às soluções de venda ou retoma dos equipamentos, às entregas e, fundamentalmente, no tratamento após-venda. Costumo dizer que a nossa missão é sermos líder com ‘Alma’, é o estarmos cá para concretizar os sonhos, mas, também e sobretudo, resolver os problemas ou anseios dos nossos clientes, sejam quais forem as circunstâncias, e, se possível, (pelo menos tentamos arduamente), superar as suas expectativas. Qual o índice de satisfação dos clientes da empresa neste momento? De acordo com o último inquérito, ao qual responderam cerca de 50% dos clientes, o nível de satisfação ronda os 85%. É bom mas queremos que seja melhor, queremos atingir a excelência!
Uma forma de encarar a vida Quem são os utilizadores dos equipamentos ? O nosso público-alvo, em termos de poder aquisitivo, é muito diversificado. Vendemos equipamentos desde os 5 mil euros aos 125 mil euros, aos quais estão associados soluções de crédito à medida, caso o cliente o pretenda. Hoje em dia uma caravana ou uma autocaravana estão acessíveis à maioria dos agregados familiares portugueses. A nossa experiência demonstra, porém, que a compra de um equipamento deste tipo não depende tanto assim do poder aquisitivo, mas sim da filosofia e forma de vida das pessoas. Os nossos clientes são fundamentalmente famílias que optam por fazer turismo ao ar livre com toda a comodidade, conforto e mobilidade. As caravanas e autocaravanas estão equipadas quase como as nossas casas - têm camas confortáveis, cozinha com fogão e frigorífico incorporado, casa de banho com duche), sofás, mesa, e mais
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tudo aquilo que lá quisermos pôr - e vamos a qualquer lado com elas. Tem noção de quantas caravanas e auto-caravanas se vendem em Portugal? E quantas comercializa a Campinanda? Vendem-se cerca de 1200 caravanas/ano e entre 400 a 600 autocaravanas/ano. De acordo com dados da ACAP, nos primeiros 4 meses deste ano verificou-se uma quebra de cerca de 13% no número de matrículas de caravanas e reboques. Julgo que esta quebra se deve quer à situação económica que o país atravessa quer à inexistência de uma política de marketing adequada por parte do sector em Portugal. Nas autocaravanas, o mercado está ainda em crescimento. Há dez anos vendiam-se poucas autocaravanas em Portugal. A quota de mercado da Campinanda no segmento das caravanas situa-se entre os 23 e os 25%. Nas autocaravanas não tenho números totais precisos relativamente ao mercado, mas vendemos uma média de 60 por ano. Quais são os projectos futuros da Campinanda? Há uma política clara de consolidação da nossa posição no mercado, pelo que os nossos projectos futuros prendem-se com a melhoria e com o aperfeiçoamento da relação com os nossos clientes.
“A nossa missão é sermos líder com ‘Alma’, é o estarmos cá para concretizar os sonhos, para resolver os problemas ou anseios dos nossos clientes e, se possível, para superar as suas expectativas.” Temos alguns projectos em estudo e outros em vias de execução. Por exemplo, é nossa intenção recorrer às tecnologias de informação e comunicação para incrementar acções de marketing personalizado junto dos clientes. Estamos também a estudar a criação parcerias que nos permitam disponibilizar novos serviços aos nossos clientes. Finalmente, mas não menos relevante, queremos desenvolver acções no campo da solidariedade social, que é uma vertente muito importante da responsabilidade social da empresa para com a comunidade.
> Rosa Maria e Fernando Gonçalves Santos
Fernando Gonçalves Santos e a sua mulher, compraram a primeira caravana na Campinanda em 1995. Desde então, já vão na 5ª, uma Osiris 520 equipada com diversos extras, entre os quais um sistema com comando à distância para desatrelar, arrumar e nivelar a caravana. “É económico, muito confortável e prático. Viajamos com toda a comodidade, sem termos de nos preocupar com reservas em hotéis, horas de chegada, horas de refeições… Temos mobilidade e conforto, pois estar na caravana é quase como estar em casa, temos tudo o que precisamos. Vamos para onde queremos e se há algo de interessante para ver, deixamos a caravana num parque e vamos passear de carro pela região ou cidade onde estamos”, salienta Fernando Santos. Já viajou para Espanha, França, Alemanha e Itália.
Fernando Cunha e Silva, 54 anos, e a sua mulher, são adeptos do autocaravanismo. Em 8 anos já vão na 4ª autocaravana, uma Eura Mobil da última geração, todas adquiridas na Campinanda. “Quanto mais viajamos em autocaravana, mais sentimos necessidade de ter algo superior, mais conforto, mais liberdade, mais velocidade. Queremos chegar mais longe mais cedo!”, explica. Já teve caravanas, mas prefere autocaravanas. “Sinto-me de férias assim que parto, tenho a liberdade de parar onde quero e vou mais longe que com uma caravana”, esclarece.“Paro a au- > Fernando Cunha e Silva tocaravana num parque e ando de bicicleta ou de transportes públicos nas aldeias ou cidades que visitamos, e sem a preocupação de ter de estacionar o carro”. De caravana viajou por Espanha, França, Suíça e Alemanha. Com a autocaravana já foi à Dinamarca, Suécia, Áustria, Hungria, República Checa, Roménia, Eslovénia, Croácia e Grécia.
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Viajar com conforto, em liberdade
eventos e notícias
Delegação da China visita a SGS ICS em Portugal O pioneirismo e a experiência da afiliada portuguesa do Grupo SGS na área da certificação do serviço desperta interesse a organismos de certificação, acreditação e normalização chineses.
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têm expectativas e exigências cada vez mais elevadas, querem ter um serviço melhor, querem que os fornecedores cumpram os seus compromissos, e a certificação do serviço, pelo que conhecemos nesta visita, da qual retirámos ensinamentos muito importantes, pode de facto ajudar as empresas a corresponderem às expectativas dos clientes” - explicou o responsável do CNCA à revista SGS Global. “Na China, até há pouco tempo competia ao Governo fazer tudo (acreditação, certificação, normalização, inspecções, auditorias,..). Agora estamos a tentar que o mercado funcione e que sejam empresas como a SGS ICS, que são independentes do Governo, dos fornecedores e dos consumidores, a realizar as auditorias de 3ª parte e a avaliarem a conformidade com as normas e as especificações técnicas”, esclareceu, por sua vez, o director da SAC. Os responsáveis chineses visitaram também as instalações do Jumbo de Almada, mais um cliente pioneiro da SGS ICS pois foi o primeiro hipermercado do Grupo Auchan em Portugal a obter a certificação do serviço no Departamento dos Produtos Frescos.
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ang Zeshi, director da SAC - Standardization Administration of the People's Republic of China, Zhao Zongbo, director geral adjunto e responsável pela Divisão de Acreditação do CNCA - Certification and Accreditation of People's Republic of China, e Chen Yuanqiao, engenheiro sénior do CNIS - China National Institute of Standardization, aproveitaram a sua estada em Portugal - enquanto delegados à 3ª reunião do grupo de trabalho ISO/TMB da Responsabilidade Social, que se realizou entre 15 e 19 de Maio no Centro de Congressos de Lisboa - para visitar o Grupo SGS Portugal. “A SGS ICS é um organismo de certificação que actua a nível global, incluindo na China. Solicitámos esta visita à SGS ICS em Portugal para conhecermos as metodologias e a sua experiência no domínio da certificação do serviço. É uma área da actividade de certificação que encaramos cada vez como mais importante para a indústria chinesa. A China está a passar por profundas transformações a todos os níveis, e é importante que os vários ramos da indústria apostem na melhoria da qualidade dos produtos, da segurança e do serviço. Os clientes
> Chen Yuanqiao, Zhao Zongbo e Yang Zeshi, na sede do Grupo SGS Portugal
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SGS Portugal
Inauguração oficial da sede da SGS Portugal Pólo Tecnológico de Lisboa, 6 Pisos 0 e 1 • 1600-546 Lisboa Tel: 217 104 200 • Fax: 217 157 520 E-mail: pt.informations@sgs.com
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SGS Portugal inaugurou oficialmente, no dia 16 de Maio, as novas instalações do Grupo. O acto inaugural contou com a presença de Alcides Rodrigues Pereira, presidente do INETI (Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação), com Fernando Basabe, Chief Operating Officer para a Western Europe, Jose Maria Hernandez, Human Resources Manager para a South Western Europe, e com os membros da Administração da SGS em Portugal. Estiveram também presentes altos quadros da afiliada portuguesa, representantes oficiais e inúmeros clientes e parceiros do Grupo. Este acto simbólico decorreu no mesmo dia em que a SGS Portugal organizou em Lisboa o seminário ‘Estabelecimentos de Ensino em Portugal: Primeiros Passos para a Responsabilidade Social’.
eventos e notícias
Formação e Qualificação de Pessoas no Sector da Reparação Automóvel
SGS ICS certifica primeiro Serviço de Gastrenterologia em Portugal A SGS ICS certificou, de acordo com os requisitos da norma ISO 9001:2000 (Sistema de Gestão da Qualidade), o Serviço de Gastrenterologia do Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco, o primeiro do género a obter esta distinção no nosso país. O certificado foi entregue à Administração do Hospital por Patrícia Pereira, responsável pela Certificação do Serviço na SGS ICS, no dia 23 de Maio. A implementação do Sistema de Gestão da Qualidade e a sua posterior certificação permitem aos Serviços de Saúde em geral aumentar a qualidade do atendimento e de todos os serviços prestados aos cidadãos.
O CEPRA - Centro de Formação Profissional da Reparação Automóvel vai realizar um Seminário comemorativo dos 25 anos de actividade, subordinado ao tema "Formação e Qualificação de Pessoas no Sector da Reparação Automóvel", que terá lugar no Centro de Congressos de Lisboa, a 3 de Novembro de 2006. A SGS apresentará o tema "Qualidade e Ambiente para o Sector", com uma comunicação sobre as
vantagens da implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade nas Empresas do Sector. Os destinatários deste Seminário são do sector Automóvel, como empresários/oficinas, importadores/representantes de marcas de automóveis, fornecedores de equipamentos, ferramentas e consumíveis, formadores e técnicos ligados à Formação, Qualidade e Gestão de Resíduos. Para mais informações contactar: CEPRA Rua Francisco Salgado Zenha, 3 2685-332 Prior Velho Tel. 219 427 870 Fax. 219 411 962 geral@cepra.pt www.cepra.pt
Nos passados dias 11 e 12 de Maio, a Universidade do Minho, a Castro, Pinto & Costa e a Biotempo apresentaram a 3ª edição dos Encontros Técnicos de Segurança Alimentar. Dirigido a técnicos, quadros superiores e consultores da indústria alimentar e afins, estudantes das licenciaturas em engenharia alimentar ou áreas afins, este evento teve como principal objectivo a discussão/ reflexão sobre as potencialidades das novas tecnologias de processamento e dos novos ingredientes e/ou
Novos Desafios da Indústria de Madeira e Mobiliário Realizou-se nos dias 1 e 2 de Junho de 2006, no Europarque, em Santa Maria da Feira, o 2º Congresso das Indústrias de Madeira e Mobiliário. O Congresso, subordinado ao tema “Os Novos Desafios da Indústria de Madeira e Mobiliário”, contou com alargado leque de oradores nacionais e internacionais de reconhecido mérito, que asseguraram um necessário debate sobre a situação actual e
alimentos junto dos profissionais dos vários ramos do sector alimentar. A SGS ICS foi representada pela Auditora Carla Lima, que apresentou a “Certificação como uma Mais-Valia para o Sector Alimentar”, nas suas diversas vertentes de Qualidade, Ambiente, Produto e Segurança Alimentar. Outros temas discutidos incluíram Legislação e Fiscalização, Sistemas de Incentivos a I&DT, Novas Tecnologias de Processamento de Alimentos e Novos Produtos (Bio) Tecnológicos.
perspectivas futuras da indústria da madeira em Portugal e na Europa, o quadro comunitário de apoio e os sistemas de incentivos, e a internacionalização das empresas do sector. Nos workshops simultâneos foram debatidos, entre outros, temas como: a inovação em matérias-primas; design, preço, marketing e novas tecnologias de informação; o consumidor e as marcas. Num dos workshops, este dedicado ao tema “Os Recursos Humanos, a Produtividade, Qualidade e Ambiente”, a SGS foi representada por Ana Barbosa, que contribuiu para o debate com uma intervenção sobre “Responsabilidade Social Corporativa,
do Cepticismo à Acção”. Introduzindo conceitos de Desenvolvimento Sustentável e de Responsabilidade Social das Empresas, Ana Barbosa exemplificou ainda como a Indústria da Madeira e Mobiliário pode contribuir para a protecção do ambiente e para uma maior produtividade e igualdade social.
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