#02
PT - Julho/Agosto 2009
SHAREMAG DAILY PILGRINS VIRGÍLIO FERREIRA
ELLEN D.B. VIRGÍLIO FERREIRA HUGO OLIM PAULA ABREU ANA PEREIRA ANA PAIS RUI HERBON DUMA TAMARA ALVES ANDRÉ CHIOTE MARIANA SANTOS MR. ESGAR CURTAS METRAGENS RAQUEL PINTO FILIPE LEITE INÊS GUEDES MANHÃ MANHÃ JOANA BELEZA TIAGO LOPES MARIANA DA SILVA MARQUES MOSH TRYANGLE BACCHUS CORRENTES D’ESCRITAS RICARDO CAMPOS
#02 SHAREMAG
E-mail: jcgmarques@gmail.com Internet: http://www.sharemag.blogspot.com Responsável: José Carlos Marques - www.josecarlosmarques.com Design e Paginação: José Carlos Marques
A Era Digital e as dúvidas que se levantam Por José Carlos Marques
Admito que sou bastante céptico no que respeita às mudanças. E que antes de experimentar qualquer bem ou serviço, estou sempre de pé atrás em relação à sua defesa. Mas quando a Internet e a Era Digital começaram a dar os maiores passos dentro da extensão popular, e quando vi aquilo que esses avanços podiam significar para o meu “estilo preguiçoso” e para o meu gosto pelo imediato, fui dos primeiros a querer experimentar os computadores ligados em rede, os programas informáticos que anunciavam as últimas técnicas e, consequentemente, as primeiras câmaras fotográficas digitais. Penso que a primeira marca a anunciar uma câmara fotográfica deste género foi a Sony – na altura em que as imagens ainda eram guardadas em disquetes de 3,5’’, mas foi com uma Canon EOS 10D que dei os primeiros passos dentro da Fotografia Digital, e foi esse o fabricante que me prendeu desde então. Os anos foram passando, a tecnologia foi avançando, os preços das câmaras foram baixando (o que ajudou em muito à proliferação da Fotografia Electrónica), e quase sem darmos por isso, num espaço de tempo curtíssimo dentro da História da Fotografia, assistimos e fizemos parte de uma das maiores reviravoltas do Processo Fotográfico. É verdade que continuamos a obter imagens da mesma forma desde o início da Fotografia, mas com a mudança do suporte que agora “aprisiona” a luz, muitos hábitos foram alterados, muitas práticas reformuladas, e muitas dúvidas colocadas. A questão da Manipulação é aquela que mais se discute, mas não é assim tão recente quanto isso. Aquilo que agora se faz num programa de pós-produção era antes feito na câmara escura, e mais atrás, ou ao mesmo tempo que isso, em frente da própria objectiva. Lembro-me por exemplo de editores que colocavam bolas de futebol onde elas não existiam (porque no momento do disparo a bola já tinha fugido do enquadramento), ou até mesmo da história de determinado fotógrafo que durante a reportagem de um acidente de comboio andou com um dedo decepado dentro do bolso para o colocar em cima dos carris e ganhar a capa do dia seguinte. As coisas apenas se fazem de forma mais rápida, e essa é outra questão que o digital veio levantar – a da Obsessão pelo Imediato. O primeiro ministro ainda não acabou o discurso, mas a imagem já está na capa do jornal, que deve cumprir o prazo de fecho. Ganham trabalho os editores de imagem que acompanham o fotógrafo, de
forma a que este não seja obrigado a sair da sala no meio de um serviço e perca alguma coisa que possa acontecer. Perdemos em termos de Qualidade de Imagem. Não em termos de enquadramento ou de exposição, por exemplo, mas em termos de tamanho. As antigas películas de Médio e de Grande formato continuam com uma qualidade muitíssima superior à do sensor electrónico, e para termos um sensor que se possa comparar às mesmas temos que despender valores exorbitantes. O fluxo de trabalho não compensa a diferença, e estamos a criar uma História que é feita com imagens limitadas em centímetros. A maior questão que agora se levanta, no entanto – aquela que me levou a pensar neste texto, é a dos Arquivos Digitais. Com o desaparecimento da película, desapareceu também o Original. Pondo já de parte as pessoas que trabalham o original, e gravam por cima do mesmo (o que se revela um autêntico absurdo), a verdade é que muitas vezes as centenas de disparos que o fotografo faz em determinada situação não se traduz em centenas de fotografias guardadas num disco externo, no disco do
computador ou até no próprio cartão de memória. E mesmo quando guardados os originais, não temos tempo suficiente ainda para perceber qual o melhor suporte para estes serem ar mazenados. Os mais obsessivos, como eu, fazem cópias de cópias e rezam para que os discos não avariem ou os CD’s não sejam destruídos por um fungo qualquer. O problema é que isso não impediu que há cerca de dois meses, dois dos meus discos tenham decidido entregar a alma ao criador. Alguns dos CD’s onde estão guardadas as cópias não funcionam porque foram mal gravados, outros apresentam já sinais de degradação, e a verdade é que o meu arquivo ficou com um buraco entre os anos de 2007 e 2009. Acreditem que não é muito agradável perceber por uma mensagem no ecrã do computador que três anos de trabalho se transformaram num espaço em branco. E por isso a pergunta fica lançada: Quantas cenas da História Mundial, quantos Momentos Familiares ou Trabalhos de Autor vão conseguir sobreviver à actual Era Digital?
ÍNDICE: Ellen D. B.
pag. 04
Curtas Metragens
pag. 54
Virgílio Ferreira
pag. 06
Elevetor Now
pag. 56
Hugo Olim
pag. 12
Cinema
pag. 58
Paula Abreu
pag. 16
Música
pag. 60
Ana Pereira
pag. 18
Literatura
pag. 62
Ana Pais
pag. 22
Culinária
pag. 64
Flores Vermelhas
From Isolation
Para Lola
pag. 28
Towards Beauty
pag. 66
DUMA
pag. 30
MOSH
pag. 70
Tamara Alves
pag. 34
Tryangle
pag. 72
André Chiote
pag. 40
Bacchus Wine Bar
pag. 74
Mariana Santos
pag. 44
Correntes d’Escritas
pag. 76
Mr. Esgar
pag. 48
Ricardo Campos
pag. 78
SHAREMAG
O Movimento Inverso na passagem analógica para digital Por Ellen D. B. (Porto Alegre, Brasil)
O século XXI está completando sua primeira década. Se pararmos para pensar no que mudou n e s s e s p o u c o s a n o s, a q u e c o n c l u s ã o chegaremos? Pode-se resumir os anos iniciais deste novo milênio numa frase curta e simples: a passagem da era analógica para a era digital.
motivos. Pode-se dizer que nunca antes tantos recursos estiveram disponíveis para a captura e edição de fotos. As propagandas fotográficas parecem mais apetitosas, tentadoras... e irreais. Fotografias que há alguns anos não chamariam a atenção de ninguém se transformam sem dificuldades em figuras espetaculares com auxílio de editores de imagem. Esses fotógrafos dividem-se em duas vertentes principais: aqueles que trocaram suas câmeras profissionais por modelos compactos e com recursos limitados, e aqueles que utilizam equipamento profissional mas não recorrem a pós-edição das imagens obtidas. E por que? Sobretudo, para mostrar que boas fotografias não dependem apenas de um bom equipamento ou de quaisquer recursos de edição: deve prevalecer a criatividade do fotógrafo, que só fluirá se não estiver amarrada a pesados aparatos tecnológicos.
PROPOSTA A proposta desta seção da revista é justamente apresentar o trabalho de fotógrafos profissionais que utilizam câmeras amadoras.
01
04
Embora curta e simples, esta frase representa mudanças profundas - as formas de perceber o mundo dependem agora de uma delicada mistura, mistura na qual a realidade tangível está intimamente interligada a muitas outras coisas que não podem ser tocadas. Nessa era de inovações tecnológicas constantes, onde cada vez mais é difícil surpreender, onde facilmente se consegue saturar, é o movimento inverso - a busca pela simplicidade, pela crueza, pela naturalidade – a exceção. Esse movimento inverso pode ser percebido em diversas áreas: na música, nas artes visuais, na literatura, na fotografia. O intuito do movimento não é regredir, negar a tecnologia existente e se rebelar contra isso; é, pois, apresentar obras interessantes sem abusar da tecnologia e apesar da tecnologia. É o desprendimento em relação a todas as facilidades contemporâneas a marca central do movimento. Esse movimento está ganhando cada vez mais adeptos no ramo da fotografia, por diferentes
TERRY RICHARDSON Richardson utiliza basicamente duas câmeras: uma Contax T3 e sua adorada Yashica T4, preferida em quase todos os seus projetos. Não gosta de trabalhar com qualquer tipo de câmera SLR ou semi-profissional: ele acredita que a conexão estabelecida entre o fotógrafo e o objeto a ser fotografado deve prevalecer sobre os aspectos técnicos. E Terry realmente estabelece uma conexão poderosa com seus modelos! Prova disso é seu livro temático sobre o Rio de Janeiro, “Rio, Cidade Maravilhosa”, em cujas páginas são retratadas a famosa modelo Luiza Brunet e sua filha, Yasmin, completamente nuas e sem maquiagem. Terry nasceu na cidade de Nova York, filho do fotógrafo de moda Bob Richardson. Ingressou no mundo da fotografia após o fim da banda de punk rock “The Invisible Government” (onde tocava baixo), quando foi apresentado por sua mãe ao fotógrafo Tony Kent, que o contrataria como assistente. No currículo dele, constam campanhas para marcas como Gucci, Levi’s, Miu Miu, Hugo Boss, e editoriais para as revistas Vogue, GQ e Sports Illustrated. Apesar de fotografar para marcas de renome internacional, Terry sempre apresenta trabalhos marcantes e muito peculiares; por vezes, também transparecem em suas fotografias alguns traços autobiográficos. Mais trabalhos de Terry Richardson estão disponíveis em www.terryrichardson.com.
02
05
06
07 03 01 - Obama - ensaio feito em 2007 para a revista Vibe, com o actual presidente B. Obama (pormenor) 02 - Mary Kate - a actriz Mary Kate Olsen 03 - Amy - a cantora Amy Winehouse 04 - Presidiárias - na penitenciária do Rio de Janeiro, presidiárias vestindo roupa da marca Diesel 05 - Mom - da série intitulada “Mom” 06 - Courtney - a cantora Courtney Love
04
07 - HK - da série de imagens feitas em Hong Kong
PORTFÓLIO VIRGÍLIO FERREIRA
DAILY PILGRINS
Em todas as grandes cidades do mundo encontramos estes indícios, estes sinais do tempo que vivemos – estes neons, estes entardeceres, esta agitação de corpos, de máscaras e de olhares. A cidade contemporânea faz-se fotograficamente abrindo ou mostrando as brechas da inquietação da sua disciplina. As fotografias, que nos oferecem uma sugestão de realidade, são fragmentos imprecisos de totalidades ausentes; é o nosso olhar cultural que reconstitui o sentido do cenário, que lhe empresta ruído e significado num inequívoco consenso de memórias e desejos: um fotógrafo é predador, sabe utilizar as argúcias de um predador. Mas cada cidade tem também a sua atmosfera, a sua história colectiva, a luz e cor que esclarecem sobre os gestos e os sorrisos. Virgílio Ferreira aprisiona esses quase invisíveis
que o sobressaltam no transitório urbano, as especificidades de cada lugar branqueadas no multiculturalismo do progresso: estas são cidades que se aproximam do Pacífico, que dizemos do Japão, da China ou da Tailândia, mas que são também lugares de trânsito da globalização, flutuações em movimento contínuo. O fotógrafo, que sabe inventar a cor a partir de processos tradicionais, (ópticos e químicos pois não utiliza a mínima manipulação digital) e um e n q u a d r a m e n t o f e i t o d a e vo l u ç ã o d e processamentos pessoais, levou consigo um conceito sociológico e soube destacar, aqui e ali, em contextos e atitudes, a singularidade que sempre persiste na população universal dos peregrinos do quotidiano urbano. Maria do Carmo Séren
SHAREMAG
Julho/Agosto 2009
SHAREMAG
Este Projecto foi desenvolvido em 2006 em algumas cidades asiáticas, Bangkok, Macau, Hong Kong, Pequim, Xangai e Tóquio. Em todas elas, território e comportamentos estão em acelerada alteração. As cidades parecem espelhar o nosso estado de alma, revelam segredos que podem ser descodificados quando o olhar valoriza mínimos detalhes: é entre linhas que procuro as ambiguidades e contradições. De uma forma intuitiva e aleatória caminho pelas ruas, sou atraído por luzes, cores, cenários, pessoas anónimas que se cruzam comigo e que convido a posar. Os retratos são realizados muito rapidamente mas, de uma forma rigorosa e selectiva, procuro relacionar a pessoa com o fundo. Como o foque e o desfoque criam tensão, os rostos desfocados transformam-se em máscaras fugidias; esse deficit de informação conquista a atenção do observador e atribui maior protagonismo, mas também enigma ao retratado, - o anonimato é sempre intrigante. As imagens sem gente contextualizam e criam diálogo com os retratos, são atmosferas emotivas, jogos de descodificação. As fotografias sugerem inquietação e, com isso, poderão provocar um confronto perante o que entendo como um certo estado de amnésia de uma sociedade carregada de estereótipos, alienada de uma rede social. Essencialmente colocam questões à sobrecomplexidade em que vivemos, remetendo, por vezes, para uma posição reflexiva em relação ao outro e ao próprio sujeito. Sem recorrer a qualquer manipulação digital o trabalho foi realizado em médio formato com uso de color reversal film. Virgílio Ferreira
10
Julho/Agosto 2009 Entre 2007 e 2009, DAILY PILGRINS esteve em exposição em alguns Festivais e Museus: Photo LA, representado por Oswald Gallery, Los Angeles, 2009; Photo Miami, representado por Oswald Gallery, Miami, 2008; European Month of Photography, Food For Your Eyes Slideshows, Curador: Nathalie Belayche, Vienna, November 2008; Centro Português de Fotografia, Porto, Julho 2008; Fotofestiwal Lodz, Curador: Krzysztof Candrowicz, Poland, May 2008; BAC Festival - CCCB (Centre of Contemporary Culture of Barcelona), Curador: Natasha Christia, Spain, November 2008; 2nd Fotofestival Mannheim, Ludwigshafen e Heidelberg, with exhibition at the Wihelm Hack Museum, Curador: Christoph Tannert, Germany, September 2008; Stichting BEP, Amsterdam, Curador: Belinda Claushuis, March 2008. Publicações 2007/2009 Monografia, “Daily Pilgrims”, edição de autor. European Photography Magazine nr. 82. Katalog, Museu for Fotokunst Brandts, Dinamarca. Catálogos de exposições: 2nd Fotofestival Mannheim,Ludwigshafen and Heidelberg; BAC Festival; Lodz Fotowestiwal e Photo Miami.
11
PORTFÓLIO HUGO OLIM
ORGÂNICOS
“Orgânicos” é uma série de 10 retratos sobre a identidade e a decomposição da vida. Partindo de um retrato familiar impresso em papel, procurei reflectir sobre a vida orgânica e sobre toda a identidade que, mais dia menos dia, terá um fim anunciado. Sem interferir no resultado original – sem manipulações apropriei-me da fotografia impressa realçando toda a sua degradação física e temporal, por forma a sublinhar a ideia de que o tempo evolui, manipulando-nos e transformando lentamente toda a nossa identidade embrionária. Em “Orgânicos”, as identidades estão rasuradas e agastadas pelo tempo. A decomposição da matéria é um factor a que todo o material orgânico está sujeito; matéria gera matéria num ciclo de vida limitado e evolutivo. Neste conjunto de fotografias da minha família, podemos ver as várias gerações que evoluíram no seio familiar. Há crianças, jovens e adultos, netos, filhos, pais, tios, avós... Existem pelo menos três gerações distintas com os mesmos genes que marcaram a nossa identidade familiar, escrevendo a história de uma árvore genealógica com raízes bem profundas. Aquilo que sou e toda a minha identidade é uma parte integrante desta árvore. Nestas imagens, existe também uma multiplicidade orgânica que passa pelas pessoas retratadas, pelo papel e pelo aparecimento dos fungos e das rasuras provocados pelas humidades e má conservação. Aqui, é bem visível uma perda de identidade das pessoas fotografadas provocada pela degradação da imagem e por todos os riscos e fungos. Como escreveu Philippe Dubois: “Por vezes, estes efeitos de ocultação e apagamento, não sendo deliberados, são puros produtos do acaso, ou marcas do tempo que corrompem certas zonas do cliché, dissolvem, comem, corroem a partir do interior, em estranhas eflorescências químicas, os traços de um rosto ou de um décor.” (O Acto Fotográfico, p.199) Um dia, estas imagens derivadas de um original apodrecido que agora apresento, também irão ser consumidas pelo tempo, irão se decompor, dando origem a uma outra matéria orgânica. Hugo Olim
SHAREMAG
Julho/Agosto 2009
PORTFÓLIO PAULA ABREU
HABITAR
Habitar à face da estrada, é um modo de demonstração social comum em Portugal. Em quase toda a paisagem do território proliferam habitações difíceis de ignorar. Após finais dos anos 70, os emigrantes sentenciam a paisagem das terras de origem, pelo poder económico conseguido. Esta sentença continua, não só com os emigrantes, que também se tornaram construtores civis, mas também pelas populações locais que não queriam ficar para trás e competem como podem com os vizinhos sofisticados. Em jornadas de pesquisa entre Porto e Vila Franca de Xira, por pequenas estradas nacionais ou pela N1, é comum observar a desmedida arquitectura dos desenhadores e o gosto espampanante dos moradores. São já muito famosos os azulejos de cozinha na fachada, os alumínios luzidios, os leões de cimento a defender a casa, ou as deusas no centro das fontes do jardim. Também afamadas, são as casas esqueleto que ficaram por construir, ou por pintar (tantas casas de cimento liso!), ou os jardins por tratar. Chalés, palácios, casarões , prédios, contaminam a paisagem. Durante as inúmeras viagens por estas estradas, onde também nos é familiar a condução dos habitantes que as percorrem, do motociclista que leva o capacete no cotovelo, ou o tunning de gel sempre acelerado, acabei por encontrar o que pensava não procurar. Nos arredores de uma pequena cidade industrial, encontrei um grande tecido habitacional com recentes loteamentos, com casas muito similares às que se encontram à beira da estrada. As estradas aqui surgem porque há novas casas. A massificação desta habitações continua, e parece não parar. A intencionalidade do projecto centrou-se assim no registo imagético destas novas moradias. Estas casas recentes em nada diferem com as que existem nas velhas estradas, não se vê nestas uma ruptura cultural. O desenho das habitações e a utilização dos materiais continua a ser extraordinariamente ornamentado. A massificação destas habitações continua, e parece não parar. Casas fachada, que projectam o desconforto dos salões vazios, e de salas para visitas, que raramente aparecem. Outra questão que se tornou importante para o projecto, foi o desenho do solo destes inúmeros loteamentos, estradas com grandes desníveis, e arruamentos por acabar, análogos ao desconforto destas fachadas. Esse desânimo que se sente também se deve à quase inexistência de vida nestes lugares. Casas impecavelmente novas em lugares quase inóspitos, em que a janela do quarto tem vistas para a janela do quarto do vizinho em frente. O título que dá nome ao trabalho “Habitar”, pretende questionar esta tipologia de casas de habitação que permanece e insiste no desenho urbano e rural. Pretendo também chegar a chegar a questões mais divergentes do que é a Portugalidade, por isso o título de cada imagem ser “Portugal”. METODOLOGIA DE TRABALHO A metodologia do trabalho fotográfico começou pela observação, por uma pesquisa divergente, já que estava aberta a interpretações a vários níveis num processo de construção do objectivo principal do trabalho, até convergir na formulação do assunto principal. Entre a observação e a formulação do objectivo principal houve a experimentação no registo fotográfico a nível técnico e teórico para tirar conclusões a nível do objectivo pretendido. Depois da análise das experimentações, que se basearam essencialmente no tipo de registo fotográfico que se pretendia para o corpo do trabalho, cheguei às asserções finais. O trabalho foi produzido como um trabalho de estúdio, e executou-se o corpo de trabalho de forma de mostra serial, organizado por conjunto de imagens uniformizadas pelo ponto de vista frontal, enquadramento e iluminação. Paula Abreu
PORTFÓLIO ANA PEREIRA
GARBAGE STORIES
PARTE I - 2006 Abandonamos os objectos como abandonamos as pessoas, às vezes com calma, às vezes friamente e às vezes sem nos apercebermos de que o fizémos. Não conseguimos transportar durante toda a vida os objectos de que nos vamos rodeando, como os brinquedos que as crianças vão preterindo a cada novo que chega. Estes objecto-lixo que encontro na rua, aparecem sempre isolados, como se alguém os tivesse colocado ali, naquele espaço específico, como se o mundo se organizasse em volta deles, deixando sempre um vazio, imenso e estranho em volta de tudo aquilo que fica para trás. PARTE II - 2009 Alargar os enquadramentos, de forma a chegar a uma contextualização geog ráfica, já não abstracção pictórico, minimal e romântica, para entender de que forma estes objectoslixos se relacionam com a cidade e com as nossas vivências. Ana Pereira
SHAREMAG
Julho/Agosto 2009
PORTFÓLIO ANA PAIS
CHROMATICS
“Chromatics” mostra-nos um corpo que é pintado pela cor e pela luz, num jogo musical entre o que é bidimensional e tridimensional. Se repararmos em tudo o que nos rodeia, vamos aperceber-nos que até na realidade podemos encontrar sinais de bidimensionalidade como é o caso da sombra. A sombra foi o elemento-chave para sugerir uma nova intervenção gráfica, que iria encaminhar o que seria uma sessão fotográfica normal a um novo conceito e luz, neste caso a cor. A cor é o terceiro elemento que consegue trazer uma certa magia e musicalidade únicas, aliadas à forma como o corpo se move e sugere sentimentos e sensações. Neste sentido, procurei expressar estes sentimentos através da manipulação gráfica elevando uma série de imagens comum a um nível de estimulação visual maior. Costuma
dizer-se que “less is more” mas, neste caso, todos o s e l e m e n t o s c o nv i ve m e m h a r m o n i a completando-se e tocando a barreira entre o que é real e o digital. Não é meramente um projecto fotográfico ou gráfico, nem mesmo de performance, é a expressão da minha visão sobre o mundo e a transposição daquilo que sinto através de técnicas aprendidas durante este último ano. Com este projecto sinto que, de uma forma espontânea, atingi uma das ambições que sempre tive: aliar a experiência proveniente de duas das áreas com as quais me identifico (a Fotografia e o Design Gráfico) num projecto diferente de todas as referências visuais, e mesmo conceptuais, recolhidas até então. Ana Pais
24
SHAREMAG
25
Julho/Agosto 2009
26
SHAREMAG
27
Julho/Agosto 2009
SHAREMAG
28
Flores Vermelhas para lola Por Rui Herbon - Imagem de José Carlos Marques
Flores vermelhas para Lola. Belo título para um conto, mas quem é Lola? Por quê flores vermelhas? A cara de Almodóvar vem-me à memória. Talvez um filme, um guião, não sei. E, para cúmulo, não conheço nenhuma Lola. Gosto do nome. Agora como unir o nome, o barco onde estou e o realizador de cinema? Navego à deriva, deixo-me levar pela corrente mais profunda, mais impetuosa, por onde sopra mais vento. As luzes, reflectindo-se na água como sóis diminutos, são tão perfeitas… Há pássaros em redor, e qualquer um se perguntaria o que faço a escrever a altas horas da madrugada, nesta Lisboa quase deserta. As janelas do edifício em frente estão apagadas. É fim-de-semana prolongado. Três dias. São muitos. Gosto de partilhar a minha vida com os da frente. Observo o que eles fazem: são jovens, estudam, recebem amigos, divertem-se, dançam. Eles observarão o que faço eu: escrever ou ler, rodeado de livros empilhados no chão, por todo o lado, conversar com os amigos por telefone – porque há anos que não recebo ninguém em casa – e ouvir música. Almodóvar poderia escrever uma bela história com este título, pelo menos um guião. E eu aqui, teclando no computador, desejando que Lola apareça. Adivinho as suas feições, a cor do seu cabelo, tão escuro, a sua cara quase de menina. Parece-se com uma amiga, afastada no tempo e na distância… A tua ausência tão profunda. Estavas longe, Lola – vou chamar-te assim –, nessa noite de réveillon, quando decidi esperar o ano novo num barco. Todos, absolutamente todos, estávamos longe. Até tu, Lola, que agora és só uma recordação, débil, imprecisa, que se vai desenhando enquanto escrevo. Éramos poucos nessa festa, pelo menos ao princípio. Depois foram chegando mais. Jamais saberei por que me convidaste, e jamais te perdoarei por têlo feito. Também, agora recordo, estávamos perto do fim de ano, há muitos, muitos anos. Uma época má para mim, Lola, porque costumo fazer o ajuste de contas com a vida. Passado algum tempo, quando todos já tinham bebido bastante, aproximaste-te de mim para dizer-me algo, falar-me de um poema. Herberto? Whitman? Não me recordo. Mantinha-me distante. Mal te conhecia. Não era o meu habitat. Insististe tanto para que fosse… Conheceria os teus amigos, a tua gente, a tua
casa. E, finalmente, fui. Havia tanta gente importante aí. Estavas orgulhosa disso, Lola, mas a mim não me comoviam: eram importantes, mas não para mim. Continuaste a falar de poemas e eu, com a minha curiosidade, quis saber mais sobre o livro e o autor, e levaste-me até à biblioteca. Mostraste-me os teus livros. Algumas palavras – ou expressões, por vezes frases inteiras – estavam sublinhadas. Não podia adivinhar a intenção. As intenções não se adivinham: conhecem-se, confessam-se, comprovam-se. Quis ler nas entrelinhas. Tinhasme tocado com os olhos. Foi uma noite de suposições. Ao sair, esqueci um livro que tinha comprado para mim: já não recordo se era de Rimbaud ou de Henry Miller. O livro ficou num saco, pendurado num cabide, seguramente amachucando-se. Quis recuperá-lo no dia seguinte, mas era feriado. Depois viajaste para o estrangeiro e, durante muito tempo, não nos tornámos a ver. Continuo navegando, Lola, porque Almodóvar não faria melhor que eu. As ondas levam-me para um folhetim sem saída, se é que, nesta vida – vivida ou ficcionada – se pode esperar alguma. Não queria deixar isto assim. Com o meu hábito de adivinhar como vivem as pessoas apenas por ver as cores das suas casas, entrei no teu quarto. Na casa de banho havia plantas, muitas, frescas e belas. Perguntei-me se era ali, exactamente, que tinhas instalado a tua vida: na casa de banho; porque os demais lugares me pareceram mortos. Sim, Lola, mortos. Como quando me confessaste, certo dia, meses depois, quando nos arriscámos a continuar vendo-nos, tantas coisas tuas, e eu pensei que não tínhamos nada a dizer um ao outro, que mortos estavam também os teus ideais, se é que alguma vez existiram. Mortos e espalhados pelo chão do sofisticado bar de Lisboa onde conversávamos. Servi-te de psicanalista, Lola, porque me contaste tudo, absolutamente tudo o que ia passando pela tua mente. Escutava-te pacientemente, mas, ao sair para a rua, o vento gelou a minha cara, intranquilizando-me, deixando-me perplexo. Cheguei a casa sem saber exactamente o que tinha estado a fazer nesse bar, durante duas horas ou mais. Seguramente Almodóvar tê-lo-ia feito melhor. Teria inventado algo gracioso, humorístico, uma
Julho/Agosto 2009 empregada atirando-nos uma bebida forte à cara, e um personagem que gritasse. Agora ocorrem-me tão poucas coisas para te dizer, Lola. Talvez te devesse ter dito tudo de uma assentada. Creio que te disse muitas coisas, nessa noite, a primeira, a última, não sei; ou nalguma dessas vezes que conversámos durante tanto tempo. Mas estás tão longe, e eu também, Lola, e é tão difícil encurtar distâncias, preencher ausências. A tua ausência. Saber que não estás. O rio leva-me por lugares inesperados. A primeira estrela da noite indica-me o caminho. Não resta mais que prosseguir o relato, a navegação, deixar-me levar pelas ondas, tão altas, pensar no mar onde desembocaremos em algumas horas, dias, tanto me faz, Lola. No princípio do conto pensei numa frase: enquanto o homem espera por Lola, coloca as flores vermelhas num vaso. Ao longo do conto as flores apareceram no vaso, quietas, indiferentes, frescas, apenas para que as veja enquanto escrevo. Parece mentira que uma recordação tão morta como a de Lola tenha ressuscitado agora, justamente agora que todos partiram, que as luzes do apartamento em frente, sempre povoado de jovens estudantes, estão apagadas, que a rádio e a televisão cessaram, que as vozes das crianças não se escutam, que os jogos já não existem, pelo menos durante algumas horas, e o silêncio nocturno se apropria da casa, interrompido apenas pelo gotejar de uma torneira. Vejo as flores na minha imaginação. Pego-lhes pelos caules e atiro-as à água, desde este bote débil no qual o meu barco se transformou, e onde navegarei até que se desfaça. Parece mentira que a imaginação me tenha dado para isto. As palavras acabam, como tudo na vida, Lola. Até que alguém – quem? – as resgata, as reescreve, e renascem. Almodóvar tê-lo-ia feito melhor, muitíssimo melhor. Teria feito um filme connosco. É uma história que só tu e eu conhecemos. Atrás de tudo, ou exactamente no centro, há um romance e vários poemas cruzando-se. Queridos poemas. Malditos poemas. Não quero recordá-los. Este relato cumpre a teoria de Hemingway, a do iceberg: é só um oitavo da totalidade da história. O resto está submerso, a muita profundidade.
DUMA
FACETAS DA FIGURA FEMININA
A pintura é a minha principal forma de expressão, desde que me conheço. Represento, sobretudo, a figura feminina, que nunca se mostra na sua totalidade, mantendo o anonimato e vivendo dentro de um mistério que espicaça a mente do espectador. A figura feminina, no meu trabalho, é algo natural em mim, é como um bocado de mim mesma que se representa em cada tela. É como uma necessidade de me abrir para o exterior, já que me considero uma pessoa introvertida. Cada personagem contém uma nuance da minha personalidade. Procuro mostrar pequenas facetas do feminino de uma forma suave, mas ao mesmo tempo provocativa a nível imaginativo. Procuro instig ar essa imaginação de forma a que o espectador não seja apenas um receptor de informação. Apresento imagens de mulheres com uma aparência mais simples ou mais sofisticada,
contemporânea ou até um pouco clássica. Poses que podemos captar no dia-a-dia de cada individuo, como se se tratasse de disparos rápidos de uma máquina fotográfica que capta um momento fugaz de um movimento ou posição, os quais deixamos passar inconscientemente durante todo o dia. Em cada enquadramento há um universo ilimitado de acções, pensamentos, emoções. O espectador pode entrar em cada cenário e criar o seu próprio filme. Pode captar cada personagem de uma forma livre e imaginativa, consoante o seu filtro mental e emocional. Toda a sua experiência anterior será depositada na figura que lhe é apresentada, a qual, através da sua forma e expressão, redirecciona-a novamente para o espectador, já com uma carga própria incluída. É, portanto, cada tela, um reflector do próprio espectador e de mim mesma. No meu processo criativo há uma pesquisa e apropriação de imagens que
fazem parte do meio físico e social em que nos inserimos na actualidade. São imagens que nos chegam através da comunicação social, imprensa, publicidade, cinema, contacto com outras pessoas, etc. Há um bombardeamento constante de informação e imagens, de influências de todos os meios, países e culturas. Tudo pode ser uma inspiração. Procuro criar algo sereno e um pouco minimal, apresentando uma pintura muito lisa, limpa e serena. As gradações de sombra são bem definidas e demarcadas c o m o i l u s t r a ç õ e s ve c t o r i z a d a s e m computador, cujo resultado final faz lembrar uma impressão. Tenho, claramente, influências das tecnologias do séc. XXI, mas apresentadas pela forma tradicional da pintura a óleo. Sou fortemente influenciada pelo design gráfico e ilustração actual. São aspectos muito presentes no meu trabalho e pelos quais tenho um gosto especial.
32
Julho/Agosto 2009
TAMARA ALVES
CHINA PAINT
Tamara Aleixo Alves licenciou-se em Artes Plásticas na ESAD (Escola Superior de Artes e Design) nas Caldas da Rainha, em 2006, e fez o Mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas na Faculdade de Belas Artes do Porto, onde reside. O período em que viveu em Birmingham, Inglaterra, uma experiência proporcionada pelo programa Erasmus, foi decisivo para a definição de uma linguagem plástica inspirada na vivência urbana. Utilizando suportes com características multifacetadas – da pintura, à ilustração, da instalação à performance. Tamara interessa-se por uma arte “contextual”, que se insere no mundo, abandonando lugares comuns como museus ou galerias, para apresentar as suas obras na rua ou em espaços públicos. Com notórias alusões à arte do graffiti, o seu trabalho desconstrói os signos, retirando o significado e abrindo possibilidades de impacto estético e social. Esta série intitulada "China Paint" é uma mistura da técnica do desenho com a expressivade da pintura, o traço rígido encontra-se com uma explosão acidental de tinta provocando uma sensação antagónica de liberdade. O "dripping", a linha e a mancha formam uma geração jovem, frenética, urbana e intemporal que é frequentemente representada nas obras da artista. “Eu vi as melhores mentes da minha geração, destruídos pela loucura, esfomeados, histéricos, nus (…)” – Allen Ginsberg
SHAREMAG
Julho/Agosto 2009
SHAREMAG
Julho/Agosto 2009
ANDRÉ CHIOTE
SEM TÍTULOS
SHAREMAG
Julho/Agosto 2009
MARIANA SANTOS
MIL IDENTIDADES
Quando era pequena queria ser florista, mas cedo tomou a liberdade de seguir uma vida de "miséria, fossa e rock 'n' roll". Tem feito parte de bizarros triângulos amorosos e de coisas ainda mais quadradas, e quando não acha que é deus, acredita que este é um senhor divorciado que não ouve bem. A um passo da queda e a outro do casamento por conveniência, vendeu o seu coração numa loja de souvenirs para pagar a conta da água. Mariana é a menina das mil identidades: já foi miserável, fetichista, voyeurista, homem, cmyk is my best friend, rainha falhada, e outras que entretanto esqueceu; não sabe qual lhe assenta melhor porque todas lhe assentam bem. Um dia (talvez uma noite), descobriu, enquanto se espreguiçava, que gostava de desenhar, compor e fotografar coisas estranhas – de desconstruir o mundo para construir outros, não necessariamente melhores, mas que aos seus olhos fizessem mais sentido. Na origem de tudo o que faz está uma grande compota de estórias de si própria vista à lupa, da vizinha do lado, de gente má como as cobras, de flores que não se cheiram, de amor, de desamor, de despedidas, de bizarrias, de desassossegos, de animais raros ou inexistentes, de finais infelizes ou de finais apenas, de cárdio citologias (seja lá isso o que for) e de homens feios, porcos e maus. Depois, sentindo que devia partilhar as suas intimidades gráficas com alguém para além da mãe, de opinião sempre suspeita, optou por fazê-lo num blog, onde é visitada por umas quantas pessoas de "mau gosto" e por outras que o fazem por obrigação. Há um ano, recebeu uma folha de papel como reconhecimento da sua licenciatura expresso em design gráfico, pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Começou recentemente a comercializar as suas criações e acredita que mais cedo ou mais tarde vai dominar o mundo. Andou estes últimos meses perdida por Barcelona, de onde voltou há uns dias e, apesar de saber as ruas de cor, continua à sua procura ou à espera que a encontrem.
MR. ESGAR
HOOKED ON GRAPHICS
Julho/Agosto 2009 Desde a mais tenra infância, Esgar Acelerado vivia obcecado com a ideia que o céu lhe caísse na cabeça. Para aliviar a sua vida atormentada, dedicou-se a desenhar e a tentar encontrar harmonias de cores. A terapia parece ter dado resultado. Hoje, os tormentos são outros. Não lhe parece provável que o céu caia, antes que o nível do oceano suba e o seu apartamento num terceiro piso se transforme numa ilha isolada. A convite da Share Mag, o artista seleccionou uma série de posters desenhados nos últimos dois anos para bandas e eventos espalhados por todo o globo.
SHAREMAG
Julho/Agosto 2009
SHAREMAG
Julho/Agosto 2009
SHAREMAG
Curtas Metragens em vila do conde Por Carolina Medeiros - Imagens com Direitos Reservados
De 4 a 12 de Julho de 2009, o Curtas Vila do Conde - Festival Internacional de Cinema está de regresso para a sua 17ª edição. Este ano terá à disposição o novo Teatro Municipal, uma obra que resulta da recuperação de um edifício emblemático (o antigo Cine-Teatro Neiva) que
54
encerrou as suas portas no final dos anos 80. Este edifício permitirá concentrar todos os espaços necessários à realização do evento. Conta com uma sala principal com 560 lugares, repartidos pela plateia, primeiro e segundo balcão e galerias dispostas no seu prolongamento, existindo ainda mais duas salas complementares, uma polivalente e uma experimental, com mais 260 lugares. A dimensão é excelente para certos programas que
normalmente esgotavam o Auditório Municipal – abertura e encerramento, sessões nocturnas da Competição Internacional, filmes-concerto, ou outras sessões mais concorridas. O Festival estende-se ainda a outros espaços da cidade, como a Solar Galeria de Arte Cinemática e o Centro de Memória. O Curtas continua atento a todas as manifestações que têm lugar no campo do Cinema e do Audiovisual. As secções de Competição Nacional e Internacional de Curtas Metragens constituem o núcleo da programação, sendo complementadas pelas secções In Progress, um espaço onde é habitual ver regressar alguns realizadores que estiveram ligados ao passado do festival, e que para além de longas metragens desses autores inclui a exposição “No Cinema”, patente no Centro de Memória, o Take One! que mostra o melhor que se fez este ano nas escolas de cinema do país, e o Remixed, uma proposta de programação que promove interacções entre a criação visual, audiovisual, musical e performativa e que este ano inclui uma competição de filmes experimentais. Os já tradicionais filmes concerto estarão a cargo de Tigrala (PT), projecto de Norberto Lobo, com “Tabu”, de Robert Flaherty e F. W. Murnau, Dean & Britta (US), com os Screen Tests de Andy Warhol, e Vinicius Cantuária (BR) e Takuya Nakamura (JP), com Manhatta, De Paul Strand, entre outras curtas metragens. As retrospectivas da obra de cineastas de relevo estão incluídas na secção In Focus, que este ano é dedicada aos cineastas Khalil Joreighe e Joana Hadjithomas. Quanto à artista em foco, será a finlandesa Salla Tykkä, que apresentará uma exposição na Solar – Galeria de Arte Cinemática, e ainda uma sessão de curtasmetragens e uma masterclass. A pensar no público mais jovem, o Festival apresenta em 2009 a nova secção Curtinhas, uma aposta na formação e sensibilização de públicos que resulta das experiências anteriores do Curtas e do projecto anual ANIMAR, iniciado no final de 2005 e dirigido a crianças e jovens de diferentes idades. Partindo deste conceito de aproximação das crianças e jovens ao universo cinematográfico, nasce então uma nova competição dedicada aos mais novos. Um conjunto de curtas-metragens para jovens de diferentes faixas etárias, apreciado pelo novo júri do festival, formado por crianças de idades compreendidas entre os 6 e os 16 anos. As crianças que irão compor o júri “Curtinhas” estão e ser seleccionadas pela sua participação em diferentes actividades do projecto Animar. Para além disto, o programa do Curtinhas inclui sessões de cinema, workshops para crianças e para pais e filhos e, ao longo de 10 dias, um espaço infantil que permitirá aos espectadores do Festival – grande público, convidados e membros do júri -, assistir às sessões, sabendo que em simultâneo os seus filhos usufruem de um lugar
Em cima, Khalil Joreighe e Joana Hadjithomas. Ao lado, Dean & Britta. de diversão e aprendizagem, sob a orientação de uma equipa de formadores. Este espaço terá, num horário coincidente com o das sessões de cinema, uma prog ramação per manente constituída por ateliers de construção de brinquedos ópticos, ateliers de animação, oficinas de expressão plástica e outras experiências, tendo como ponto de partida o cinema de animação. Para mais informações e reservas disponíveis através do e-mail animar@curtas.pt. Back To the Future: O Futuro Já Não é o Que Era, é um programa temático de curtas metragens que são utopias do século passado que nos levam de regresso ao futuro, tal como sonhado pela imaginação humana em vários aspectos da vida quotidiana, da ciência, da sociedade, do design, da arquitectura ou do urbanismo. Será igualmente organizado o 13º Mercado da Curta Metragem, dedicado exclusivamente a profissionais, que permite o visionamento em vídeo de todos os títulos inscritos e curtasmetragens recentes de todo o mundo listadas com todos os dados mais importantes. Para além de bilhetes para todas as sessões (que variam entre os 3,00 euros e os 12,50 euros), o Festival coloca à disposição cartões de livre trânsito (a partir de 30,00 euros) que dão acesso a toda a programação. Para mais informações consulte o site www.curtas.pt.
SHAREMAG
ELEVETOR NOW Projecto Artístico desenvolvido Raquel Pinto e Filipe Leite, no contexto do Mestrado em Tecnologia e Arte Digital. Universidade do Minho, 2009.
CONCEITO
56
A exploração do espaço numa expressão física designada por ELEVETOR NOW procura perspectivar a forma como as pessoas se relacionam num elemento vulgar mente designado de elevador. Trata-se de um espaço comum a um conjunto variado de pessoas e a frequência da sua utilização varia de acordo com o lugar onde está implementado. Pode estar situado num prédio habitacional, comercial, institucional, num aeroporto entre outros. Este produto das sociedades modernas surge como resposta à imposição das linhas arquitectónicas que exploram o espaço na sua verticalidade. É curiosa a ligação da grandeza altura com o distanciamento entre aqueles que percorrem essas estruturas. Notamos ainda que estão associadas a este objecto várias fobias englobadas num conjunto designado por fobias urbanas e que resultam genericamente de estados de ansiedade. Muitas são as causas para este tipo de distúrbios. A abordagem a um objecto que tem tanto de vulgar como de impessoal sugere-nos algumas questões, como a questão tão comummente referida: para onde caminha a Humanidade? Ligada a um ritmo que provoca doença, fazendo-se transportar em caixas despidas de estética, gosto ou tradição a Humanidade impõe um estilo para si que não é sequer questionado. A sua ocupação do espaço de forma imperativa transporta-a para estádios menos agradáveis como a convivência, ainda que por poucos instantes, com pessoas estranhas que lhe provoca constrangimento. Com características impessoais e sem qualquer tipo de tratamento personalizado o elevador
alberga, por escassos momentos, pessoas que na maior parte dos casos não estabelecem qualquer tipo de ligação com aqueles que se juntam nas pequenas deslocações. Existe aqui uma frieza implícita capaz de acentuar o constrangimento provocado pela convivência com estranhos. As pessoas usam então de pequenos artifícios como a palavra e o pequeno gesto de ocasião para quebrarem com a rigidez que ali é imposta. Verifica-se que no momento em que as portas do elevador se abrem e as pessoas chegam aos seus destinos parece ocorrer uma espécie de libertação contagiante o que torna estes momentos curiosos. O elevador é neste projecto uma plataforma de reflexão em torno do espaço e da sua ocupação. Visa provocar o observador. De que forma? Procura apresentar um objecto personalizado e estático onde a sua vertente ligada aos movimentos ascendente e descendente é portanto, nula. Trata-se de um convite à entrada numa caixa que transportará o observador para uma experiência e não para uma deslocação. TECNOLOGIA Neste projecto foi usado o Processing (http:// processing.org) como ferramenta de criação digital. Procurou-se explorar as características do desenho digital num conjunto que engloba vídeo, som digital e desenho. O ritmo imposto às linhas vive de um desenho constante, de acordo com a envolvência do sujeito fruidor. A Visão por Computador possibilitou utilizar as acções desenvolvidas pelos participantes no registo do desenho das silhuetas apresentadas sobre o vídeo.
INÊS GUEDES RECOMENDA
CINEMA
DER HIMMEL UBER BERLIN
Y TU MAMA TAMBIEN
Todos conhecem o filme Cidade do Anjos, pois bem, este é o filme original que lhe deu a ideia principal. A história passa-se na Berlim cicatrizada dos anos 80 e foca-se em dois anjos que guardam os seus habitantes. Damiel apaixona-se por Marion, uma trapezista, e deseja tornar-se mortal. A sua busca pela totalidade da experiência humana leva-o a perseguir Marion, num encontro sonorizado por um dos cantores mais brilhantes de sempre: Nick Cave. Wim Wenders assina aqui o melhor filme da sua carreira, com uma história poética e negra em que o uso da cor é sublime.
Uma mulher cativante (Ana López Mercado) e dois atraentes rapazes com muito para conhecer (Diego Luna e Gael Garcia Bernal). Os três embarcam numa viagem à procura de uma praia virgem, formando um triângulo interessante e, por vezes, intrigante. O filme, escrito e realizado por Alfonso Cuarón (que em 2007 levou El Laberinto Del Fauno ao tapete vermelho), tem acima de tudo três ingredientes com a profundidade no denominador comum: sexo, amizade e aprendizagem dura e crua. Classificação: 8/10
Classificação: 9/10
58
DATA DE LANÇAMENTO: 1987
DATA DE LANÇAMENTO: 2001
WIM WENDERS
ALFONSO CUARÓN
Julho/Agosto 2009 ANNIE HALL
12 ANGRY MAN
Realizador - WOODY ALLEN
É inegável que Woody Allen é um génio, tanto na realização como na representação. Em Annie Hall (1977), atinge o seu auge. Mas tal não seria possível sem Diane Keaton, que fornece a ponte para a simbiose perfeita. Ele é um comediante judeu e ela uma divertida cantora em inicio de carreira. À paixão que os une, segue-se a vida em conjunto. Mas esta vida em conjunto culmina numa inevitável crise conjugal. No filme, os diálogos são fluidos e os monólogos incomparáveis. É improvável não sorrir, mas é impossível não mergulhar na dinâmica e cumplicidade construída por todos os elementos deste clássico. Por tudo isto, é imperativo vê-lo e revê-lo.
Juntem Sidney Lumet como realizador ao olhar metálico de Henry Fonda. A estes dois elementos, adicionem um argumento brilhante que tem na base o processo de influências que ocorre em vários contextos. Neste em específico, doze jurados têm a incumbência de decidir o destino de um jovem que está acusado de homicídio. O problema é que apenas um acredita na sua inocência. Todo o filme se desenrola numa sala e são 96 minutos de pura tensão que cresce à medida que os planos se vão apertando sobre as faces de esperança ou descrédito numa juventude incerta.
Nasceu em 1935, em Nova Iorque, e cedo revelou um enorme talento para compor comédias. Começou por escrever para talkshows de televisão, mas é como realizador que Allen atinge o seu reconhecimento. Em 1966 realizou What’s Up, Tiger Lily?, e a partir da década de 70 os verdadeiros clássicos começaram a emergir. Os aclamados Everything You Always Wanted To Know About Sex (But Were Afraid To Ask), Sleeper e Love And Death foram os degraus que lhe permitiram chegar ao topo. Com Annie Hall, em 1977, atingiu a proeza de ganhar 4 Óscares da Academia, e com este filme desenvolve a persona neurótica que todos percepcionam nos seus filmes, abordando temas que se tornam transversais à sua obra como a psicanálise, o judaísmo, arte, psicologia, filosofia ou a literatura. Desde então tem lançado um filme por ano, tornando-se assim um dos mais prolíferos realizadores dos últimos tempos.
Classificação: 9/10
Classificação: 10/10
DATA DE LANÇAMENTO: 1977
DATA DE LANÇAMENTO: 1957
WODDY ALLEN
SIDNEY LUMET
www.woodyallen.com
MANHÃ MANHÃ RECOMENDA
MÚSICA
LOOPLESS
EL TEN ELEVEN
Pico, pico, saranico, Quem te deu Tamanho bico? Salta a pulga Da balança. Dá um salto E vai à França. Ver o rei D. Luís Que está preso pelo nariz. Os cavalos a correr As meninas a aprender. Qual será a mais bonita Que se vai esconder?
Duo maravilha que produz melodias rockeiras com doses adicionais de danceteria. Óptimo para indivíduos/as com uma preparação física superior. Género: Rock // Pézito // Tropa
Deixem-se de brincadeiras e ouçam “Loopless”. Género: Nu-Jazz // Mikado
60
www.myspace.com/looplessnet
www.myspace.com/elteneleven
Julho/Agosto 2009 KASABIAN
THE XX
Disco - FEVER RAY
Agora que o calorzinho aperta e todos querem estar em forma para mostrar a barriguinha, aqui está um som para ajudar a fazer mover até os mais preguiçosos, para poderem acompanhar os pandas nas suas loucas danças.
Bambu fresquinho de qualidade. Pode parecer dieta mas é um saborzito requintado que engorda qualquer ouvido.
Banda: Fever Ray Existem monstros maus por baixo da cama? Cuidado com a garra…
Género: Pop // Verdíssimo Género: Electrónica // Medo
Género: Rock // Pézito
www.myspace.com/kasabian
www.myspace.com/thexx
www.myspace.com/feverray
JOANA BELEZA RECOMENDA
LITERATURA
62
DOUTOR PASAVENTO, de Enrique Vila-Matas
A OBRA AO NEGRO, de Marguerite Yourcenar
Doutor Pasavento do escritor espanhol Enrique Vila-Matas é sobretudo um elogio ao gosto por passar despercebido. Inspirado pela vida do autor Robert Walser, VilaMatas cria Passvento, cujo objectivo na vida é existir sem que reparem nele.
A Obra Ao Negro conta não só a vida de Zenão, médico e alquimista do século XVI, mas consegue também retratar tempos de sombras e luzes, quando a Idade Média e o Renascimento se tocam. No fundo, são os ciclos de mudança e as grandes questões que atormentam desde sempre o Homem que Marguerite Yourcenar interpreta magistralmente dando origem a uma obraprima.
EDIÇÃO/REIMPRESSÃO: 2007
EDIÇÃO/REIMPRESSÃO: 2009
EDITORIAL TEOREMA
DOM QUIXOTE
Julho/Agosto 2009 Autor - CHICO BUARQUE
LEITE DERRAMADO, de Chico Buarque
OLHOS AZUIS CABELO PRETO, de Marguerite Duras
Além de reconhecido cantor e compositor, Chico Buarque afirma-se já como uma das "vozes" literárias brasileiras. Leite Derramado, em forma de monólogo, vai revelando a história de uma família marcada pela decadência social. O dito popular "pai rico, filho nobre, neto pobre" resume a teia que Chico vai cosendo com a história do Brasil sempre em pano de fundo.
Olhos Azuis Cabelo Preto é um pequeno livro que se lê num só fôlego. Fala de um homem, de uma mulher e de um amor que é e não é em simultâneo. Uma obra intensa e enigmática da autoria de Marguerite Duras.
EDIÇÃO/REIMPRESSÃO: 2009
EDIÇÃO/REIMPRESSÃO: 2001
DOM QUIXOTE
DIFEL
Que ele canta bem historias já muitos sabem, mas talvez alguns desconheçam que o mesmo tem vindo a ganhar notoriedade ( dentro e fora do Brasil) como contador de histórias em prosa. Falamos de Francisco Buarque de Holanda, nascido no Rio de Janeiro em 1944. Célebre cantor e compositor, Chico Buarque publicou nas décadas de 60 e 70 várias peças ("Roda Viva", "Calabar", "Gota d'Água" e "A Ópera do Malandro") e ainda a novela "Fazendo Modelo". Na arte do romance, Chico aventurou-se apenas na década de 90 e desde aí não tem parado. Em 1991 lançou "Estorvo", em 95 "Benjamim", em 2003 "Budapeste" e em Março de 2009 "Leite Derramado". O terceiro livro terá sido a obra que despoletou uma série de elogios à sua escrita depurada e engenhosa. Chico Buarque surge então como uma das principais "vozes" literárias brasileiras contemporâneas ao provar em forma de romance que é um mestre a juntar palavras. Vale a pena descobri-lo em prosa este Verão.
www.chicobuarque.com.br
TIAGO LOPES RECOMENDA
CULINÁRIA
APFELSTRUDEL À MINHA MODA
Shot de Maçã (ingredientes):
Massa (ingredientes):
- 100 gr de Maçã - Canela em Pó e Pau - 1 dl de Água - 50 gr de Açucar - Anis Estrelado - Sumo de Laranja e Zestes
- Massa brick ou - 120gr de Farinha - 1 Ovo - Água QB Recheio (ingredientes):
64
- 200 gr de Maçã - 10 gr de Canela - 1 dl de Licor de Morango - 100 gr de Pão - 100 gr de Açucar - Noz - Pinhões - Sultanas - Puré de Figos Secos
Confecção da Massa: Juntar tudo e tender finamente. Confecção do Recheio: Juntar a maçã ralada e os frutos secos picados com o resto dos ingredientes e juntar zestes de laranja. Shot de Maçã: Cozer a maçã com a casca em pedaços na calda aromatizada com canela e anis estrelado.
Julho/Agosto 2009 Confecção Final: - Tender a massa brick e sobrepor 3 folhas intercalando com um pouco de manteiga derretida para as colar. Colocar o recheio e enrolar de modo a fazer um canudo, pincelar com ovo batido e levar ao forno a 180 graus até a massa ficar estaladiça e douradinha (+/- 30 min). - No caso de ser a massa normal enrolar do mesmo modo e pincelar com ovo. Levar ao forno 30 min a 180 graus. - Desidratar a maçã, cortada às rodelas, a 60 graus. - Fazer um molho com um pouco de morangos açúcar e água, e depois passar tudo com a varinha magica.
65
SHAREMAG
66
From Isolation Towards Beauty a reading of philip larkin poetry Por Mariana da Silva Marques - Imagem de José Carlos Marques
Larkin’s sceptical persona is characterized by some religious insights. A chronological perspective on his work shows that each volume erratically immerses into sacramental motifs. This culminates in the last three poems of The Whitsun Weddings that are explicitly religious focused. Although High Windows (the following volume) appears initially to retreat to a persona untouched by sacramental motifs, a closer examination reveals that the visionary insight still impacts notably on the persona and tempers its scepticism. Nevertheless, his unillusioned inclination, manifest on the extensive use of irony is obviously a sign of loneliness that sometimes gives place to detachment of society. It is through an isolated persona that Larkin shows his perception of reality, “an affair of sanity, of seeing things as they are” (“Big Victims” 368). However, his mood is never of despair and there is a struggle to escape from futility. In this effort, what we find is an isolated figure, with a very harsh sense of humour, never leaving behind his unillusioned view of reality, as well as trying to transcend, without being glib, his own habit of attention to the bleaker aspects of human experience. These are the main lines which I purpose to explore in some poems of High Windows, Philip’s Larkin volume of poetry of 1974. Larkin’s success as a poet has a lot to do with his wearing pessimism but also with his great effort to go beyond that pessimism and get to a statement of the value of beauty. At the end, is quite difficult for the reader to measure Larkin’s final point of view, and I believe there’s no unique line which allow us naming his poetry as a whole. Larkin’s work is a continual fight to accomplish an unusual eloquence, a poise of tone and attitude which is specific of authenticity, one that resists both the sentimental and the cheap cleverness. This authenticity is often marked by a clear detachment of a specific situation, not just as a result of boredom and irony, but also as a product of selfexploration. Usually, as the same exploration proceeds, what we observe is the gradual ascension of a more serious voice. This occurs through a stimulus of something external to the subject. In this sense, many times, “the early defensive irony is (now) transformed into a
satirical good humour.” (Terry Whalen 16) On one way, the extensive use of irony can be seen as a device of self-exploration, both of the self and of the world around it. On the other way, its sarcasm is a combination of loneliness and awareness, which makes of many of Larkin’s speakers kind of outsiders or solitary figures. These final lines are more visible in the poems “High Windows”, “Vers de société” and “Cut Grass”, the texts I purpose to study more accurately. In “Vers de Société” there is the persona’s aspiration of staying absent of society, to turn back to “being filled/with forks and faces, rather than repaid” and as an alternative the persona wants to “stay under a lamp, hearing the noise of wind.” However, this doesn’t mean that the subject has an inactive posture facing the world. In fact, his attitude is of a voyeur, as well as of a persona who is looking for meaning in the actual world. A paradigmatic illustration of this is in the poem “High Windows” which starts with a detached, cynical voice: When I see a couple of kids and I guess he’s fucking her and she’s taking pills or wearing a diaphragm, I know this is paradise. (Collected Poems 129) This confidence emphasises a kind of blindness which will progressively disappear in the course of the reading – the lyrical persona will get something as greater as freedom at the end of the poem: “the deep blue air, that shows/ Nothing, and is nowhere, and is endless.” In the first stanza, the couple is “allowed” to escape from narrow sexual taboos. It seems that the voyeur is pleased by this new understanding of moral values, but there is a satirical tone in his speech. As the poem continues, the voice acquires a gloomy tendency: “Everyone old has dreamed of (paradise) all their lives - /Bonds and gestures pushed to one side/ Like an outdated combine harvester/”. These two ideas allow us to define this poem as a self-explorative one: at the beginning, the persona tends to adopt a
Julho/Agosto 2009
SHAREMAG
conservative attitude which he tries to transcend, and finally by the end of the poem it realises something more profound than its initial cynical posture. Rather than words comes the thought of high windows: The sun-comprehending glass And beyond it, the deep blue air, that shows Nothing, and is nowhere, and is endless. (CP 129) The language of the first stanzas shows us that this persona is utterly sceptical, recollecting what people might have thought of him, exchanging places with a hypothetical bystander: I wonder if Anyone looked at me, forty years back, And thought, That‘ll be the life; No god any more, or sweating in the dark About hell and that, or having to hide What you think of the priest. (CP 129)
68
The speaker sees in this couple an “ironic freedom”, and believes that life must be more than this “going down the long slide”, seeing himself in retrospective in his younger years. In this way, the speaker looks for meaning in the tangible world. What we find in the poem is a clearly solitary figure and its gestures reveal a world-wearied personality. However, this personality suffers a significant change by the end of the poem. Consequently, what was in the first place a mind intent on moving its way through appearance, with a tone of glib with glimpses of defeat in an ironic arrangement, is suddenly modified by an extraordinary reflection given through the image of “high windows”. The moment is one of multiple possibilities of an “imaginative freedom” which encourages the persona beyond the “nothing” it firstly felt when it glanced at the “couple of kids”. In this sense, the persona connects itself with a primary region of imagination (its own) that is “endless”, and, in spite of the gloomy tone, there is also a pleasant
contemplative state. Therefore, the pessimistic attitude is weakened by this new, yet feeble, vision. Nevertheless, there will always be “the sun-comprehending glass” that helps him, and the “deep blue air” which is “endless”. Larkin’s protagonist often feels stuck in an agnostic position which he feels like a hardone, and at the same time necessary. In this poem the “pill” and the “diaphragm” are both symbols of “sexual revolution”. Yet they seem quite decadent, given the fact that they are related to the idea of freedom from religious conventions. Therefore, in Larkin’s opinion, the difficulty of modern man’s position is that he cannot either fully condemn or embrace religious belief. He feels a sense of impotent anger because a congenital residue of morality continues to disturb him and to ruin possible pleasures. In this sense, what connects us all is the irony of the discrepancy between our spiritual desires and the designs of a world that fails to satisfy them. Yet, this registration of an ambiguous quality in life is an odd mixture of the tragic with an essential beauty, what gives us the sense that Larkin’s personas aren’t in a situation of simple despair, even if they come close to a situation of fatigue and isolation, just like Terry Whalen affirms: ”Larkin’s predisposition toward beauty mitigates his sadness and keeps it from falling to mere spiritual fatigue.” (Terry Whalen 29) The demand of beauty isolates Larkin’s lyrical subjects in High Windows, but alongside with poems of intense gloom, the affirmative features are also revealed. The exquisiteness of creative solitude is sharpened, and the ritual observance is more strongly stressed. And finally, the sense of hope to be found somewhere is “endless”. Obviously “High Windows” is bleak in the way it demonstrates that the freedom obtained by the “pill generation”, and the freedom Larkin’s generation got from religious forebodings seem unimportant, in spite of the contemplation of some indefinable purity given by the “thought of high windows”. Isolation can also be studied in the way by which Larkin’s personas stay in a room, marking it as protective. This sense of delineate space, and the division between him and nature are focused on High Windows. This also has a lot to do with Larkin’s own process of getting old which he wrote about,
Julho/Agosto 2009 and nature often comes to represent the youth and romanticism he feels like loosing. In this sense, nature isn’t represented in the realistic tradition, such as the poem “High Windows” reveals – the act of seeing outside through a window becomes a way of expressing feelings which are ethereal. In the poem “Vers de Société”, the room appears has the ideal place for solitude. The attraction for solitude is crucially attached to the poet’s sense of nature outside, immediately away from the imprisonment of his room. He than creates a romantic atmosphere of loneliness, being the time spent “Under a lamp, hearing the noise of wind, / And looking out to see the moon thinned/ To an air-sharpened blade.” Larkin “romanticises” his isolation by giving it a consoling relationship with nature. Therefore, Larkin becomes a kind of modern hermit, and that’s the reason why he is being so sardonic and wit when his persona says: “My wife and I have asked a crowd of craps / To come and waste their time and ours: perhaps/ you’d care to join us? In a pig’s arse, friend.” The initial tone is of a bored and detached cynical, but the devastating impression of society’s judgement remains to disturb him: “Funny how it is hard to be alone”. In the fourth stanza, he adds: “No one now/ Believes the hermit with his gown and dish/ Talking to god (who’s gone too);” The figure of the hermit is a discarded one, which nobody respects anymore because “Virtue is social”, in spite of the invitation that was declined: “Dear WarlockWilliams: I’m afraid -” Therefore, the persona is in completely exile, even god is absent. What we see is a life spent in isolation, spent with the writing activity. In this way, the poet is damn by his own choices. In trying to surpass this, the lyrical persona ends up accepting the invitation. But this acceptance means that there are no choices available. It finally gives up when confronted with the adversities of the real world: “The time is shorter now for company, / And sitting by a lamp more often brings/Not peace, but other things.” There is a struggle to go beyond these “other things”, to transcend solitude in spite of its sceptical position. Sadness and beauty comprise another insight of the poet, emphasised in the poem “Cut Grass”. There is a subdued moment of careful
observation in which a recognized feebleness in the natural world is also captured as a human metaphor. The strengthening of rich images moves from the close impression of the “cut grass”, to the immense reach of the “highbuilded cloud”. The most visible tone of the piece is a sad one; nevertheless, the sensitivity to beauty is inseparable from the persona’s very silently stated awareness of the universality of pain in the world. “Cut Grass” is a more mature poem when dealing with pessimism - the lyrical persona tries to justify the emotion of sadness. There is a conscious tone, as well as sympathy for a human condition governed by the rush of the hourglass and the inevitability of the scythe, the latter a metaphor for death. When the lyrical persona says: “Cut grass lies frail” there is a strong analogy with human condition which is, in its perspective, a feeble one. There is the unity of the human and natural world controlled by a clear perception of transience. Along with this feeling of transience, there are images of soft beauty in nature, as well as in life, which, in a certain way, comfort this isolated figure: the “chestnut flowers”, the “white lilac bowed”, and finally, “that high-builded cloud/Moving at summer’s pace.”
Bibliography: - Brownjohn, Alan. Writers & their work: Philip Larkin. London: Longman, 1975. - King, Don. Sacramentalism in the poetry of Philip Larkin (1994). - www.montreat.edu/dking/General%20essays/ SacramentalisminthePoetryofPhilipLarkin.htm. - Larkin, Philip. Collected Poems. London: Faber and Faber, 2003. - Rossen, Janice. Philip Larkin: His Life’s Work. London: Harvester Wheatsheaf, 1989. - Whalen, Terry. Philip Larkin & English Poetry (1986). London: Macmillan, 1990.
69
JOSÉ CARLOS MARQUES ENTREVISTA
MOSH alvo”, ou apenas a vontade de tocar e tirarem prazer daquilo que fazem? MA: Para todos os efeitos o que fazemos é Rock, claro que podemos descriminar sub géneros que se encaixam no nosso repertório como o Southern Rock, Stoner e o Metal. Em relação ao “publico alvo” não temos essa preocupação no entanto é lógico que tentamos ser o mais coerentes no que toca à composição de temas novos e aos alinhamentos apresentados ao vivo. E claro que o principal objectivo é tirarmos o máximo de prazer possível. JCM: Partilharam o palco com bandas que t ê m j á a l g u n s a n o s d e p ro j e c ç ã o internacional, e participaram em concertos onde tocaram com bandas que têm muito menos experiência que vocês. Existe uma atitude ou uma preparação diferente para os dois tipos de espectáculo?
José Carlos Marques (JCM): Os MOSH juntaram-se no Porto em Março de 2005, e o seu EP de estreia (The Damage Done) surgiu poucos meses depois, em Outubro do mesmo ano. Com o primeiro álbum prestes a ser lançado, qual foi o caminho que vocês decidiram seguir entretanto para conseguirem reunir o grupo de fãs que vos acompanha? Miguel Azevedo (MA): Temos um grupo de fãs??? Penso que não decidimos um caminho a tomar ao longo destes 4 anos, simplesmente fomos fazendo as coisas e
tomando decisões à medida que elas iam aparecendo à nossa frente. Em relação ao espalhar o nome da banda, que é isso que faz com que se vá criando uma base de seguidores, fomos um bocadinho chatos com os nossos autocolantes e o Myspace nos primeiros tempos! JCM: Tendo em conta a vossa sonoridade, e a vossa postura no universo musical, podemos estabelecer um “estilo” que define a vossa música? Existe uma preocupação para serem acolhidos por um “público
MA: Não, a preparação garanto-te que é igual seja para o coliseu do porto ou para uma tasca qualquer no meio do nada, adoramos ensaiar e sentir as musicas na ponta dos dedos. O mesmo se aplica com a atitude em palco, já tocamos num palco gigante ao ar livre numa terra qualquer aonde estavam para aí 7 pessoas a assistir e 5 deles eram o pessoal do P.A. Para nós era como se tivesse cheio, damos sempre o litro. Penso que o que pode variar é o nível de ansiedade e nervosismo em relação ao concerto, que não tem necessariamente a ver com o número de pessoas que estão a assistir. Para mim pessoalmente basta o concerto ser no Porto que já fico mais nervoso, não sei bem porquê. JCM: Podemos encontrar na vossa carreira alguns momentos que se destacam. Tendo em conta o percurso que cada um dos membros teve antes dos MOSH, gostava de saber qual foi o momento mais marcante na vossa carreira, e porquê.
No início de 2007, os MOSH lançaram o vídeo da música “Were Are You Now”, e foram nomeados para o prémio “New Sound of Europe” dos “MTV Europe Music Awards”. Apesar de pouco tempo passado, desde que começaram a tocar ao vivo, participaram já em alguns dos maiores festivais de Música em Portugal, e partilharam o palco com nomes como os Soulfy, Cradle of Filth, Moonspell, Ill Niño, Alabama Thunder Pussy, e os FireBird (Ex-Carcass, Napalm Death), entre outros. Mais recentemente tocaram com os Marilyn Manson, no Coliseu do Porto. www.myspace.com/moshmusic Imagens com Direitos Reservados
MA: Vou ter de responder em nome pessoal mas penso que falo por toda a banda se disser que o nosso primeiro concerto, no extinto HardClub, foi o momento mais marcante da carreira da banda até agora. Ainda há dias estive a ouvir o registo áudio desse concerto e sentia-se que estávamos com uma “pica” tremenda, foi o dia em que tudo fez sentido. JCM: Entre a preparação dos espectáculos, os ensaios e a promoção da banda, sobra tempo para mais alguma coisa? O que fazem os elementos dos MOSH quando não estão a trabalhar para a Música? MA: Infelizmente é exactamente o contrário que acontece, ou seja, entre o trabalho de cada um é que sobra tempo para a banda! Eu e o Miguel (baixista) só fazemos música e quando não estamos à volta dos MOSH estamos a trabalhar noutros projectos musicais de carácter variado. O Lima e o Beto mantêm os seus trabalhos do dia a dia, e fazem a gestão do seu tempo o melhor possível para poder trabalhar para a banda. JCM: Em relação ao futuro, suponho que o lançamento do novo álbum seja aquilo que vos dá mais que pensar. Existem outras metas que possamos conhecer? MA: Andamos a pensar num novo Vídeo Clip, em remodelar o Myspace e na criação de um Site. Talvez uma ida ao estrangeiro, mais prolongada, mas para já não passam de ideias. Como disseste, o que nos dá mais que pensar para já é o novo disco.
JCM: Os MOSH caracterizam-se por terem crescido de forma independente. Pa r a a l é m d e t r a t a r e m d o vo s s o agenciamento e da vossa produção, fazem t a m b é m a p a r t e d a p ro m o ç ã o, e desenvolveram uma linha de “merchandising” que já define a imagem da vossa banda. E m j e i t o d e c u r i o s i d a d e, g o s t ava
apenas de levantar uma última questão: alguma vez foram surpreendidos pelo vosso “logótipo” em algum sítio inesperado? MA: Sim. O sujeito do programa de televisão “A Revolta dos Pastéis de Nata”, chamado Luís Filipe Borges, apareceu numa revista cor-de-rosa com a nossa camisola vestida. Incrível, hã?
APRESENTAÇÃO
TRYANGLE Está marcado para o próximo dia 7 de Julho o lançamento do primeiro álbum dos Tryangle. A banda surgiu nos primeiros anos do século XXI, mas como os próprios membros costumam dizer, ninguém sabe ao certo quando se reuniram e tocaram pela primeira vez Gonçalo Nova (voz e guitarra), Nuno Maio (baixo) e Ricardo Castro (bateria). Os grupos que lhes serviram de inspiração passam por todo um leque de estilos e variações musicais, pelo que seria injusto estar a nomear alguma banda que possa ter influenciado o seu percurso. De qualquer maneira, afirmam-se como pertencentes ao universo Rock, e é dentro dele que tem tentado mostrar o seu valor. Amigos de longa data, gostam de pensar que a união dos três aconteceu de forma natural. Desde o início que tocam por prazer, e não tinham as aspirações muito bem definidas, mas há pouco tempo decidiram gravar alguns temas para tentarem a sorte junto de algumas editoras, e acabaram por bater à porta da Lockjaw
Records, que concordou em trabalhar com eles e apoiar o primeiro trabalho oficial dos Tryangle: um álbum com o mesmo nome da banda, que conta com onze faixas originais. A gravação desse albúm é apontada como um marco na carreira do grupo, mas aguardam com muita expectativa a data do lançamento para poderem começar a tratar da sua divulgação. Têm já agendados dois espectáculos no GSM Fest (Barcelos) e na FNAC do Mar Shopping (Matosinhos), espaços que vão juntar-se a muitos outros por onde a banda já passou: a Fábrica do Som, Uptown, Breyner 85 e o B-Flat, no Porto; o Puzzle Bar, em Braga; o Burburinho, em Fão; a Azenha D’Zameiro (onde deram o primeiro concerto), em Vila do Conde; ou os Auditórios Municipais de Vale de Cambra e da Póvoa de Varzim. Actualmente os Tryangle permanecem independentes, e quando lhes falámos em ambições futuras, os projectos passam sempre pelo prazer de tocar, pelo gozo de fazerem música e pela diversão que tudo
isso implica. Mas se as oportunidades aparecerem prometem que vão estar atentos. Nesse caso, e não colocando de lado uma ligação a uma promotora, que facilitaria em muito a agenda de espectáculos ao vivo, acreditam que o céu pode mesmo ser o limite.
Para acompanhar a agenda dos Tryangle ou procurar outro tipo de informação, pode consultar o MySpace do grupo. www.myspace.com/ tryangletheband Imagens com Direitos Reservados
SUGESTÃO
Bacchus Wine Bar Inaugurado em 2006, o Bacchus Wine Bar é um espaço diferente que vale a pena visitar. Prima pela aposta nos vinhos, e por proporcionar vinhos de qualidade a copo. Os responsáveis oferecem um ambiente muito agradável para se petiscar e conversar, e uma óptima alternativa aos cafés e aos bares tradicionais. O espaço tem exposições regulares de Pintura e de Fotografia, e ocasionalmente proporciona aos seus clientes a oportunidade de assistir a performances teatrais ou participar em provas de vinho. Simultaneamente, o cliente tem a oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos gerais e científicos recorrendo à literatura que o Bacchus dispõe. Praça José Régio70 4480 Vila do Conde, Portugal Rute Silva - 917374970 Rui Pinheiro – 960327082
w w w. b a c c h u s - w i n e b a r. n e t Imagens com Direitos Reservados
SHAREMAG
Prémio Literário Casino da Póvoa correntes d’escritas Por José Carlos Marques - Imagens de José Carlos Marques
Está aberto o concurso para o Prémio Literário Casino da Póvoa, atribuído no âmbito do Encontro de Escritores Correntes d' Escritas. O vencedor será anunciado na Sessão de Abertura do Correntes d’Escritas 2010, a 24 de Fevereiro, e o prémio será entregue na Sessão de Encerramento, no dia 27.
6 – O Júri será constituído por 5 elementos, só podendo decidir com a presença de maioria dos membros, sendo 4 designados pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, como organizadora do CORRENTES D’ ESCRITAS e 1 designado pelo Casino da Póvoa, dele não podendo fazer parte escritores ou editores com obras a concurso.
REGULAMENTO
7 – A composição do Júri será renovada, todos os anos, em pelo menos 3/5, não podendo os membros designados pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim participar nele mais de dois anos seguidos.
1 – O PRÉMIO LITERÁRIO CASINO DA PÓVOA, instituído no dia 11 de Fevereiro de 2003, (então com a designação de PRÉMIO LITERÁRIO CORRENTES D’ ESCRITAS CASINO DA PÓVOA) destina-se a galardoar, anualmente, uma obra em português, editada em Portugal, escrita por autores de língua portuguesa, castelhana e hispânica. 2 – Apenas serão aceites a concurso, as obras publicadas em Portugal (1ª. Edição), excluindo as obras póstumas, editadas entre Julho de 2007 e Junho de 2009. 3 – Não serão admitidas a concurso quaisquer obras cujo autor tenha sido galardoado com o PRÉMIO LITERÁRIO CASINO DA PÓVOA nos últimos 6 anos. 4 – O valor do PRÉMIO LITERÁRIO CASINO DA PÓVOA é, em 2010, de 20 mil euros.
76
5 – O prémio será atribuído nos anos pares a novela/romance e nos anos ímpares a poesia. Assim, em 2010, o Prémio distinguirá Prosa.
8 – Reunirá o Júri as vezes que entender por forma a que o prémio, em 2010, seja anunciado e atribuído na XI Edição do CORRENTES D’ E S C R I TA S – E N C O N T RO D E ESCRITORES DE EXPRESSAO IBÉRICA, que se realizará entre 24 e 27 de Fevereiro. a) Não haverá atribuição de prémios ex aequo do PRÉMIO LITERÁRIO CASINO DA PÓVOA, nem de menções honrosas; b) O Júri lavrará uma circunstanciada acta final contendo, em anexo, as declarações de voto dos seus membros, podendo, se assim o entender, não atribuir o Prémio, caso nenhuma das obras a concurso o justifique. Da decisão do Júri não haverá recurso. 9 – A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim prestará, nas sessões que vierem a realizar-se, todo o apoio necessário ao funcionamento do Júri.
Julho/Agosto 2009 10 – O anúncio da obra premiada será feito na sessão de abertura da XI Edição do CORRENTES D’ ESCRITAS – ENCONTRO D E E S C R I TO R E S D E E X P R E S S Ã O IBÉRICA, em Fevereiro de 2010, dando-se a conhecer os fundamentos da selecção, através da divulgação das declarações de voto. 11 – A entrega do PRÉMIO LITERÁRIO CASINO DA PÓVOA ao autor galardoado ocorrerá na sessão de Encerramento – Cerimónia Pública – do CORRENTES D’ ESCRITAS, em Fevereiro de 2010. 12 – As edições subsequentes da obra premiada deverão referenciar, em lugar destacado, a menção PRÉMIO LITERÁRIO CASINO DA PÓVOA atribuído no âmbito do Correntes d’ Escritas, bem como na cinta, obrigatória. 13 – A organização divulgará o presente Regulamento através dos órgãos de comunicação social, junto de editores, livreiros e autores, no sentido de que de cada livro, lhe sejam enviados, pelos meios correntes, até 30 de Agosto de 2009, sete exemplares em português, destinados ao Júri e à Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, e, no caso dos livros traduzidos, uma versão original, por forma a poder ser consultada pelos elementos do Júri, se necessário. 14 – As obras a concurso deverão ser enviadas para a seguinte morada: PRÉMIO LITERÁRIO CASINO DA PÓVOA, ao c/ de Manuela Ribeiro, Correntes d’ Escritas, Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Praça do Almada, 4490 – 438, Póvoa de Varzim.
Em conjunto com a abertura deste concurso, foi aberto também o concurso para o Prémio Literário Correntes d’Escritas/Papelaria Locus. Este prémio é destinado a jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos, naturais de países de expressão portuguesa e este ano distingue trabalhos em prosa. Os concorrentes podem entregar, no máximo, dois trabalhos apresentados por escrito e sob pseudónimo, até 30 de Novembro de 2009. O valor do prémio é de mil euros, sendo que o conto premiado será publicado na próxima edição da Revista Correntes d’Escritas. Os interessados em concorrer a este prémio juvenil têm ainda que ter em atenção que deverão enviar três exemplares dactilografados. Já o regulamento do Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d'Escritas/Porto Editora será divulgado muito em breve, juntamente com a apresentação do livro com os trabalhos premiados na edição de 2009. Para mais informações sobre os três prémios atribuidos no âmbito do Encontro de Escritores Correntes d’Escritas, consulta de regulamentos ou outras informações, pode pesquisar a internet através da página http://www.cm-pvarzim.pt/ povoa-cultural/pelouro-cultural/areas-de-accao/ correntes-d-escritas. FONTE http://www.cm-pvarzim.pt/groups/staff/ conteudo/noticias/correntesd2019escritas-2010-regulamentos-de-concursosliterarios-ja-disponiveis/
77
SHAREMAG
78
Andy Warhol Por Ricardo Campos
FAÇA PARTE DA SHAREMAG: A ShareMag está aberta a colaborações. Envie as suas propostas de conteúdos com imagens em JPG, textos e dados pessoais para: jcgmarques@gmail.com.
HIPERLIGAÇÕES: ShareMag ShareMag (Blog) José Carlos Marques Ellen D.B. Virgílio Ferreira Hugo Olim Paula Abreu Ana Pereira Ana Pais Rui Herbon DUMA Tamara Alves André Chiote Mariana Santos Mr. Esgar Curtas Metragens Inês Guedes Manhã Manhã Joana Beleza Tiago Lopes MOSH Tryangle Bacchus Wine Bar Correntes d’Escritas Ricardo Campos
AGRADECIMENTOS: ELLEN D.B. VIRGÍLIO FERREIRA HUGO OLIM PAULA ABREU ANA PEREIRA ANA PAIS RUI HERBON DUMA TAMARA ALVES ANDRÉ CHIOTE MARIANA SANTOS MR. ESGAR CURTAS METRAGENS RAQUEL PINTO FILIPE LEITE INÊS GUEDES MANHÃ MANHÃ JOANA BELEZA TIAGO LOPES MARIANA DA SILVA MARQUES MOSH TRYANGLE BACCHUS CORRENTES D’ESCRITAS RICARDO CAMPOS CAROLINA MEDEIROS JOAQUIM MAIA GIL MIGUEL AZEVEDO MANUELA RIBEIRO
#02
Julho/Agosto
2009