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CULTURA E ARTE NA QUEBRADA PAG
Claudeci José
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Com 22 anos de caminhada pelo movimento social e cultural da cidade Russo APR , morador da região do barreiro, na divisa de BH com Ibirité conquistou seu espaço com um trabalho fantástico nas áreas da cultura , do social e da educação.
Nascido de família simples começou a trabalhar aos 12 anos para ajudar a família a comprar alimentos, isso impactou diretamente na sua educação “Eu ia trabalhar às 4 horas da ma-
nhã saia do trabalho as 18 horas e ia correndo para a escola , não conseguia estudar direito sempre chegava no segundo horário quebrado porque dormia pouco , isso refletiu diretamente no meu aprendizado na época repeti de ano algumas vezes e até abondei a escola algumas ve-
zes também” Afirma Russo
Entretanto mesmo diante das dificuldades entre trabalho e escola e a realidade da sua vida na comunidade o Por Sheila Castro Hip Hop entrou em sua vida em 1990, e viu ali a oportunidade de levar suas ideias através da música para a comunidade , segundo ele naquela época fazer música era algo complicado pois havia somente discos de venil ou fitas cassetes disponíveis , e tudo isso era caro “comprávamos as fitas gra-
vávamos os bits que seriam usados
na música “ conta russo
Mas ao longo desta caminhada da música sentiu a necessidade de obter mais conhecimento e fazer um produto com mais qualidade, assim conforme ele, conheceu um DJ de Belo Horizonte que fazia os bits em um computador 386 ( um dos primór-
dios dos computadores ).
A partir desta experiência de fazer um trabalho musical de qualidade, sentiu também a necessidade de fortalecer outros grupos das comunidades que também não tinham condições de gravar suas músicas com equipamentos de maior qualidade mas não tinham esse acesso por falta de grana.
Nasceu ali um sonho de construir um Studio de gravação que ajudasse os artistas da comunidade a produzir suas musicas e para colocar isso na prática transformou um espaço de sua casa em um Studio de gravação , e assim escrevia, produzia e gravava suas próprias musicas.
Este trabalho voltado para fortalecer os artistas da comunidade começou a crescer e o próximo passo foi catalogar os grupos de Rap, Hip Hop das comunidades . “Cataloguei mais de 300 grupos e
fizemos inúmeros CDS de coletâneas que unia essa toda essa galera independente... depois íamos no viaduto Santa Tereza vender
estes CDS baratinhos “ revela russo sorrindo .
O impacto deste trabalho na cena do Rap e do Hip Hop na cidade foi direto, porque fortaleceu quem antes não tinha visibilidade, mesmo havendo hoje diversos aplicativos que fazem isso , não é a mesma qualidade uma música trabalhada em um Studio e uma produzida em um aplicativo que simula um Studio .
Russo oferece auxilio desde da etapa inicial para ajudar o futuro artista a construir o seu sonho “Para for-
talecer os artistas que são em sua maioria independentes e de comunidades ajudamos a construir uma vaquinha virtual para arrecadar a grana que ele vai p precisar para as etapas posteriores e também , promovemos festas, alugamos nosso som para festas, assim ajudo o artista a se fortalecer e fortaleço o studio que também têm seus gas-
tos” afirma
Também são ofertadas aula de teatro, performance corporal , desinibição e outras ,voltadas para o crescimento de postura no palco , ajudamos até com a construção do figurino, fazemos a sublimação e até a personalização da roupas destes artistas. Para fechar o processo há sessões de fotos, para produção de flays , cartões, e capas de CDS , produção dos vídeo clipes e auxilio na etapa do marketing e divulgação do produto final .
Ao mesmo tempo em que se movimentava dentro da área da cultura nas comunidades , Russo sentiu a necessidade de concluir seus estudos, assim mais de dez anos depois de largar a escola concluiu sua formação em Pedagogia na UFMG.
Essa necessidade também fez Russo participar de diversas frentes de lutas sociais, como a luta contra a homofobia, contra o racismo, movimentos negros, pelos direitos de moradia e outros na busca de ampliar seus conhecimentos.
Trabalhou como educador e mediador de conflitos em vários lugares como o projeto Fica Vivo, agente jovem , escola aberta, SEIP, Projovem , Juventude Cidadã , Semi liberdade, liberdade Assistida , Provisório , Dopcad.
Ministrou palestras por toda Minas Gerais e em outros estados brasileiros “Realizei vários trabalhos
com o fórum das juventudes e com o observatório da Juventudes, dando formações e palestras , atuei também na UEMG , na PUC enfim em várias faculdades da cidade e de todo brasil, e fiquei muito feliz quando fui convidado para participar do Fórum mundial da edu-
cação ” revela.
Assim Russo descobriu em sua trajetória que mescla um rolê de arte, cultura e educação a importância de lutar por uma educação de qualidade e mais includente. E para amenizar esta questão ele funda o Coletivo Terra Firme que nasce com o propósito de criar uma escola de arte, comunicação ,cultura e cidadania.
Cria um espaço de construção de conhecimento colaborativo voltado para os jovens das comunidades “A nos-
sa ideia com o coletivo Terra Firme e fomentar e descobrir novos talentos em diversas áreas como o cinema, música, teatro, e assim trabalhar a comunicação através do fortalecimento, do empoderamento e da auto valorização do jovens, fornecendo ao jovem periférico
uma oportunidade de construir algo realmente representativo e significati-
vo para ele e para sua comunidade” declara Russo
Para Russo é primordial fomentar a cultura que nasce nas comunidades e potencializar essa cultura com uma educação de qualidade , pois por serem artes produzidas de forma independente o artista cria um processo potente para narrar sua vivência e história nas comunidades através de sua arte.
Ele relembra a história de um jovem tímido que começou a participar de um dos saraus de poesia organizado por ele em uma praça do barreiro, segundo ele o jovem que no inicio era calado começou a recitar e escrever poesias fantásticas e tempos depois este mesmo jovem tímido se formou em letras pela UEMG. Tal fato mostra como a oportunidade e o contato com a cultura e a educação pode modificar a vida e os sonhos dos jovens das comunidades. Russo vai mais longe e deixa um recado para os jovens da comunidade
“Coloquem suas ideais nos papel, acreditem lutem e criem sua própria história e trajetória na cultura da sua comunidade, porque o que produzimos de cultura nas comunidades e muito rico mesmo que com poucos recursos acredite na sua arte, pois somente através dela reescrevemos a história das comunidades com o nosso olhar , com nossa verdade ... e isso torna a arte
e a cultura das comunidades eternas” finaliza.