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 CONEXÃO PERIFERIA PAG

O Movimento Eu Amo Minha Quebrada, foi fundado em 2013 pelo Líder Comunitário Júlio Fessô, 46 anos, nascido e criado no Morro do Papagaio o projeto nasceu do descontentamento sobre a mídia reproduzir apenas notícias negativas sobre a Favela, e ignorar a realidade. Com a ideia inicial de promover uma imagem positiva da Favela através da fotografia. “O objetivo inicial era

apresentar a Quebrada como ela é de fato, e então veio a ideia de criar uma oficina de fotografia com os adolescentes, onde eles tiravam as fotos e escreviam um relato breve do local. E também como forma de despertar nos moradores a questão do pertencimento e va-

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lorização da Favela” conta Júlio

Júlio Fessô e o terceiro mais velho de 8 oito irmãos foi criado por uma mãe solo começou trabalhar aos doze anos de idade, mas antes já catava lavagem pra ajudar sua avó, carregava água pra encher tambor, catava lenha pra fazer comida , teve em si uma infância de muito trabalho e luta .

Durante sua adolescência trilhou caminhos tortuosos até se tornar o Julio Fessô, conhecido líder comunitário do aglomerado Morro do Papagaio, o vício em crack o fez praticar diversos delitos que o levaram a passar oito anos, entre idas e vindas, no sistema penitenciário de Minas Gerais. Depois de pagar a sua dívida com a sociedade, decidiu trabalhar para que os jovens da comunidade não trilhassem por este mesmo caminho de violência e dependência em drogas.

“Sempre ouvi dizer que as crianças são o futuro do Brasil, mas pensava: „Quais crianças? Com certeza as que não precisam trocar a escola por tra-

balho”, afirma.

Entretanto toda esta trajetória fortaleceu em seu coração a vontade de lutar pelos jovens de sua comunidade e assim fundou o projeto com sede espaço no Aglomerado Morro do Papagaio em Belo Horizonte no Local acontece várias para atividades, oficinas, reuniões, cursos, e usado também para guardar livros, objetos pedagógicos, brinquedos, material de futsal, material de estudos, material administrativo, além de guardar doações para posteriores entregas, dentre outros.

O coletivo promove oficinas de arte, fotografia, serigrafia, inglês roda de leitura, futsal infanto-juvenil e cursos de pré-vestibular e já atendeu Direta e indiretamente 2000 mil ou mais pessoas da comunidade do morro papagaio com o foco nos jovens e nas mães solos. Um dos projetos que implantou na comunidade e se destacou foi o projeto a rua do livro onde expõe livros em bancas nos becos com o intuito de promover e incentivar a leitura dos moradores.

Com a pandemia do Coronavírus ele viu o aumento da fome no morro, a sede do projeto se tornou, também, ponto de arrecadação e distribuição de cestas básicas e produtos de higiene pessoal, entre outros, mas também foram criadas ações específicas voltadas para orientação e prevenção a transmissão do vírus. Avaliação de saúde e testagem-rápida para detecção do vírus.

Para conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção à Covid-19, o projeto Eu Amo Minha Quebrada abandonou o tom protocolar e pouco acessível das informações divulgadas pelos órgãos públicos e aproximou todos do debate usando uma linguagem mais jovem. “Criamos

cartazes parecidos com chamados para um baile funk e todos paravam para ler, mas na verdade a gente reforçava a importância de usar máscaras, lavar as mãos e manter o dis-

tanciamento”, conta Julio

Júlio também viu na cultura hiphop um canal ainda mais efetivo de comunicação com a população periférica e compôs, em parceria com MC Jhonata, a música Corona, Cerol Fininho. Para que todos ouvissem a mensagem, ele alugou um carro de som por R$ 20 a hora, com o objetivo de circular durante todo o dia pelos becos e vielas do Morro do Papagaio até os moradores decorarem o refrão.

Ele ensinou empreendedorismo às senhoras que não podiam sair de casa. Fez oficinas de confecção de más

caras de pano e as ajudou a vender os produtos na cidade e pela internet. “Elas participaram de uma reportagem, ganharam visibilidade e conquistaram clientela em outras regiões do país” revela

Empenhou-se em movimentar também a economia local e estimulou os doadores de cestas a adquirirem os produtos de comerciantes do próprio Morro. “Criamos vales para compras

em açougues, verdurões, de gás.”

Relata Júlio

Todo este trabalho realizado na pandemia foi reconhecido através do recebimento de um certificado do Movimento Nacional Dos Direitos Humanos, pelos serviços que o projeto desempenhou na pandemia.

"Estendo essa homenagem à todas as pessoas que direta e indiretamente fazem parte desse processo. Eu sou apenas a pontinha do iceberg, pois, nos bastidores, o volume desse povo gente boa é bem maior. Como costumo dizer: Não faço nada sozinho, e todos (as) nós que fazemos parte da história, somos elos fortes dessa importante Corrente do Bem, que só cresce e se fortalece cada dia

mais e mais” fala emocionado . Durante o mês de Dezembro o projeto recebeu as cartinhas para o Papai Noel , foram recebidas mais de 200 cartinhas com pedidos como material escolar, roupa, chinelo, fralda... Nem parece, mas esses são alguns dos pedidos que as crianças que o projeto buscou atender com a ajuda de patrocinadores e amigos

O projeto recebe apoio de algumas empresas, do terceiro setor, e de pessoas físicas mas há sempre algo faltando para fechar as contas do projeto que vive de doações , e segundo Julio os sonhos são muitos, mas, o maior deles é tornar grande o projeto Eu Amo Minha Quebrada, pra poder alcançar cada vez mais pessoas.

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