Billboard Brasil 37

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EDIÇÃO 37 DEZ 2012 R$ 10,90

www.billboard.br.com

KE$HA AGORA É ROCK! ronnie von LISÉRGICO CARETA GARY CLARK JR. NEGRO BLUES

ROCK NA ISLÂNDIA NOVA COLUNA GOSPEL Katy Perry: a mulher do ano

bruno

mars PÕE VENENO NA MISTURA

O novo ídolo pop ataca de sexo animal e superporre


KE$HA, em boa companhia: Iggy Pop, Julian Casablancas e grande elenco em Warrior

28

p.

GARY CLARK JR.: guitarrista e cantor texano mostra por que caminha, a passos largos, rumo à notoriedade internacional

42

James Mooney/DIVULGAÇão

p.

BRUNO MARS chega ao segundo álbum, Unorthodox Jukebox, dono do próprio nariz

INTRO

para voltar a lançar no Brasil

Nº 1 das Paradas nacional Pg

Artista/ Título LUAN SANTANA/

BRASIL HOT 100 AIRPLAY

84

10 SANDY: sem tempo para a crise dos 30

BRASIL HOT POP SONGS

85

PSY/

BRASIL HOT POPULAR SONGS

85

LUAN SANTANA/

10 DANNY ELFMAN: o rei das trihas

BELO HORIZONTE HOT SONGS

86

MUNHOZ & MARIANO/

TRIÂNGULO MINEIRO HOT SONGS

86

MICHEL TELÓ (PT. SORRISO MAROTO)/

BRASÍLIA HOT SONGS

86

EDUARDO COSTA/

CAMPINAS HOT SONGS

86

CLAUDIA LEITTE/

CURITIBA HOT SONGS

86

FERNANDO & SOROCABA/

florianópolis HOT SONGS

86

GUSTTAVO LIMA/

FORTALEZA HOT SONGS

86

ROBERTO CARLOS/

GOIÂNIA HOT SONGS

86

EDUARDO COSTA/

PORTO ALEGRE HOT SONGS

MICHEL TELÓ (PT. SORRISO MAROTO)/

pela Billboard

86

RECIFE HOT SONGS

86

IVETE SANGALO/

72 BAD BRAINS: pioneiros do hardcore

RIBEIRÃO PRETO HOT SONGS

86

FERNANDO & SOROCABA/

lançam álbum depois de 35 anos

RIO DE JANEIRO HOT SONGS

86

SEU JORGE/

SALVADOR HOT SONGS

86

IVETE SANGALO/

74 KISS incendeia São Paulo em show com

SÃO PAULO HOT SONGS

86

KATY PERRY/

vale do paraíba hot songs

86

LUAN SANTANA/

GOSPEL BRASIL 50

87

fernandinho/

sonoras para cinema

13 A casa noturna nova-iorquina CBGB vai

parar nas telonas

MÚSICA

71 KATY PERRY é eleita Mulher do Ano

quatro décadas de hits

75 PULP: performance intensa em primeira passagem pelo Brasil

E MAIS

54 DA ALMA 56 LOOK DE ARTISTA 58 MÚSICA&MODA 60 CLOSET

64 OUR STUFF 82 AGENDA 83 RANKINGS 94 BACKSTAGE

internacional PG

TE VIVO

GANGNAM STYLE TE VIVO

CAMARO AMARELO

É NÓIS FAZÊ PARAPAPÁ ANJO PROTETOR LARGADINHO LIVRE

GATINHA ASSANHADA ESSE CARA SOU EU ANJO PROTETOR

É NÓIS FAZÊ PARAPAPÁ

NO BRILHO DESSE OLHAR LIVRE

AMIGA DA MINHA MULHER no brilho desse olhar WIDE AWAKE TE VIVO

teus sonhos

Artista/ Título RIHANNA/

the billboard hot 100

89

the billboard 200

90

ONE DIRECTION/

HOT DIGITAL SONGS

93

RIHANNA/

HOT DANCE CLUB SONGS

93

CALVIN HARRIS FEAT. FLORENCE WELCH/

SOCIAL 50

93

ONE DIRECTION

INDEPENDENT ALBUMS

92

JASON ALDEAN/

HEATSEEKERS SONGS

92

RANDY HOUSER/

TRADITIONAL JAZZ ALBUMS

92

TONY BENNETT/

CONTEMPORARY JAZZ ALBUMS

92

KENNY G/

4 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

DIAMONDS

TAKE ME HOME DIAMONDS

SWEET NOTHING

NIGHT TRAIN

HOW COUNTRY FEELS VIVA DUETS

THE CLASSIC CHRISTMAS ALBUM

FOTO DE CAPA: James Mooney/ Divulgação

adriano vizoni

9 BEN KWELLER: à procura de parcerias

FilmMagic/FilmMagic

18

p.

yu tsai/divulgação

dezembro 2012/ janeiro 2013

36

p.

RONNIE VON: vem novidade por aí


CARTA AO LEITOR Publisher Antonio Camarotti Conselho Editorial ALEXANDRE KTENAS, Bruno setubal, JOÃO MARCELLO BÔSCOLI, MARIO VELLOSO E PEDRO SÓ Editorial EDITOR-CHEFE Pedro Só Editora Executiva Gabriela Arbex EDITOR-assistente José Flávio Júnior Editora de moda Isadora Lopes Projeto Gráfico Marcos Kotlhar

Livres, leves e soltos

Mesmo no privilegiado e, convenhamos, mimado mundo dos astros pop, são

Arte Editor de Arte Bruno Lenarducci Antonucci ASSISTENTE DE ARTE Beatriz Midon Tratamento de Imagem André Ricci Romano Tradução Luiz Marcondes Revisão Marisa Ribeiro Colaboradores Adriano Vizoni, Luciano Oliveira e Sergio Frega (fotos); André Kassu, Filipe Albuquerque, Luciano Vianna, Lucio Branco, Marcelo Ferla, Mariana Sewaybricker e Tárik de Souza (textos)

muito poucos os que conseguem fazer exatamente o que querem, do jeito que querem. Com Bruno Mars, de sucessos adocicados como “Just The Way You Are” e “Grenade”, isso acaba de acontecer. Aos 27 anos, o cantor demonstra em seu novo disco Unorthodox Jukebox outros lados de sua personalidade, espalhando em diversos gêneros e referências o leque criativo. Se isso vai dar certo e o público vai acolher esse Bruno – ou esses Brunos? – ainda é cedo para saber, mas o editorchefe Pedro Só foi a Los Angeles para revelar um pouco da personalidade desse supertalento em momento de emancipação artística e tiração de onda. Outro fenômeno pop que investe na porção “com credibilidade” é a cantora Ke$ha, com um segundo álbum reforçado por roqueiros como Iggy Pop e Julian Casablancas, dos Strokes. Em processo quase inverso, o guitarrista e cantor texano Gary Clark Jr., fundado no blues e no blues rock, estende tentáculos em direção a outras vertentes black. Em São Paulo, o editor-assistente José Flávio Júnior visitou o príncipe Ronnie Von em sua mansão e ouviu histórias da lenda da psicodelia que habita o mesmo corpo que o apresentador de TV. Estreamos nesta edição a coluna Da Alma, dedicada ao universo gospel. Assinada por Filipe Albuquerque, a seção pretende falar da produção atual do segmento a partir de visões jornalísticas, sempre com a intenção de aproximar qualquer tipo de leitor, independentemente de sua fé.

Billboard Brasil É Uma Publicação da BPP Promoções e Publicações Ltda. Rua Urussuí, 238, 2o andar, cj. 22 - Itaim Bibi, São Paulo - SP - CEP 04542-051 redacao@billboard.br.com Departamento Comercial gerente Sidney Esposito se@billboard.br.com EXECUTIVOS DE NEGÓCIOS Adriana Gorni ag@billboard.br.com Eduardo Rosa Filho er@billboard.br.com Juliana Moura jm@billboard.br.com São Paulo – Tel. (11) 3078-7711 comercial@billboard.br.com anuncie@billboard.br.com Operações Comerciais José Antonio opec@billboard.br.com Assinaturas www.billboard.br.com/assine assinaturas@billboard.br.com Impressão IBEP Gráfica Distribuição Dinap

Boas festas e feliz 2013 para todos!

Os editores

Publisher Lisa Ryan Howard Diretor Editorial Bill Werde Editor Danyel Smith Diretor De Arte Andrew Horton Diretor De Rankings Silvio Pietroluongo DiretorA de Marketing Lila Gerson

Presidente James A. Finkelstein Diretor Executivo Richard Beckman Diretor de tecnologia Gautam Guliani Vice-Presidente de Criação Dana Miller Vice-Presidente de Negócios Online Rory McCafferty Vice-Presidente de Marketing Doug Bachelis Vice-Presidente de Circulação Madeline Krakowsky Diretor de Produção Meghan Milkowski Vice-Presidente de finanças Richard Tang Vice-Presidente de Recursos Humanos Rob Schoorl Vice-Presidente de licenciamento Andrew Min Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos ou imagens sem prévia autorização dos editores.

6 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013


feedback

edição 36

buzz

veja o que nossos leitores acharam da última edição

tuitadas que repercutiram no mundo da música:

No mês do show mais rock’n’roll do ano, a Billboard mandou bem em colocar nove páginas de Kiss. Feliz em ver que não é só de pop lixo que as revistas musicais são feitas. Lúcio Pereira da Costa, São Paulo,SP

voltaram para fazer som reciclado e ganhar dinheiro, Mozz prova que não há dinheiro que compre a dignidade de um artista de verdade. Giovanna Guimarães, São José do Rio Preto, SP Gabriel O Pensador estava sumido. Bom saber que ele está de volta, principalmente tão bem acompanhado, com Jorge Ben Jor. Khalil Mattar, Cotia, SP

Gene Simmons é um dos maiores empresários do mundo do rock. Já vi até caminhão da Hot Wheels com a marca da banda! Vitor Varela, Rio de Janeiro, RJ

Gostei muita da entrevista com Mick Hucknall. É bom ver que ainda sobra energia em músicos com mais de 50 anos para tocar projetos paralelos ou até criar novos projetos. A Billboard acertou de novo. Parabéns! Clara Amarantes, Rio de Janeiro, RJ

Muito boa essa matéria com o Otto. O cara é doidão mesmo, mas simpatizo muito com ele. João Lucas Guariglia, São Gonçalo, RJ

Termômetro DIVULGAÇão

As notícias mais acessadas no último mês no billboard.br.com

A revista tá ótima, nove páginas de KISS. Parabéns, BILLBOARD BRASIL! Leonardo Siqueira, São Paulo, SP

@adamlevine

“Alguém da plateia me disse que eu pareço com o Woody, do Toy Story. Agradeço?” – Adam Levine

@EdMotta

“Hoje eu vou ficar tipo artistinha brasuca ignorante, respondendo cada pergunta com um “é”, “tá certo”, “semana que vem”. Que vergonha...” – Ed Motta

@BuchechaOficial

Adoro as coberturas de festivais que a Billboard faz. Show o texto do Pedro Só sobre o Austin City Limits. Fico sempre esperando pra saber qual será o evento da próxima edição. Eduardo Silva Pereira, Santos, SP

Que belo contraste entre as matérias do Soundgarden e do Morrissey. Enquanto uns são uns vendidos, que

“Na vida há 50% de chance de dar certo e 50% de dar errado, se você não é feliz pelo que pode dar certo, por que se entristecer pelo que pode dar errado?” – Buchecha

Madonna

Nicki Minaj x Steven Tyler

A troca de farpas entre os músicos recebeu milhares de acessos. One Direction x The Wanted

A guerrilha em 140 caracteres entre as boy bands britânicas foi amplamente lida e comentada. Rihanna

twitter

PERGUNTA DA REDAÇÃO

Qual a melhor música para aproveitar o fim do mundo e por quê?

A @BillboardBrasil perguntou:

Qual a melhor música de 2012?

24%

“Diamonds” – Rihanna

15,5%

“Trespassing” – Adam Lambert

11,5%

“Die Young” – Ke$ha

6,8%

“Triumphant” – Mariah Carey

5,8 %

“Your Body” – Christina Aguilera

5,8 %

“Somebody That I used To know” – Gotye

Em 13 de novembro, a cantora caribenha revelou os sete países pelos quais passará com a turnê 777.

5,8 %

“Try” – P!nk

4,8%

“We Are Young” – Fun

Madonna

4,8%

“Call Me Maybe” – Carly Rae Jepsen

3,8%

“Scream & Shout” – Will.i.am e Britney Spears

11,4%

Outras

A divulgação do vídeo em que a loira dança “Gangnam Style” com Psy, em 14 de novembro, foi um sucesso.

cante para a billboard

Entre em contato conosco pelos canais ao lado. As mensagens selecionadas serão publicadas nesta seção. Nos reservamos o direito de resumir, corrigir e adaptar os textos enviados, sem que isso altere o conteúdo das mensagens.

8 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

“2012”, de Jay Sean e Nicki Minaj, porque só os otários acreditam nesse papo de fim do mundo na data indicada pelos maias! Fabricio Lopes, de Nova Itaguaí, RJ

“Goodbye Blue Sky”, do Pink Floyd. Lembra os velhos tempos de céus azuis no mundo, diante de todo fogo, sofrimento e devastação, corpos para todos os lados... Christian Patrick, de São Paulo, SP

“Dançando”, do Agridoce. Como diz a letra: “O mundo acaba hoje e eu estarei dançando”. Liiu Costa, de São Paulo, SP

“Tempos Modernos”, do Lulu Santos. O fim do mundo para alguns pode ser o começo de uma nova era para outros! Enquanto o mundo não acaba, vamos viver tudo que há pra viver e nos PERMITIR!!! Pedro Henrique Felix, de Vespasiano, MG

Site www.billboard.br.com Facebook www.facebook.com/billboardbrasil Twitter @BillboardBrasil E-mail redacao@billboard.br.com

@PaulaFernandes7

“Acabou o show em Pirapora! Adorei a recepção do público e até comi um espetinho! O cheiro estava tão bom lá em cima do palco que não resisti!” – Paula Fernandes

@PretaGil

“Madonna tem 30 anos de carreira, passou por várias gerações, a cada dia se reinventa e surge melhor. Gaga começou agora.” – Preta Gil

@ErasmoCarlosBR

“Liquidações coletivas são bemvindas para todos, mas porque o nome Black Friday? Eu acho pura vira-latice... Assim como o Halloween...” – Erasmo Carlos

fOTOs: divulgação

A notícia de que a diva pop levou um soco durante show na Colômbia foi a mais acessada do mês.


HOLLYWOOD

DIGITAL

BITS

&

INTRO

BEATS

p.

CANAIS

10

sandy

Pré-balzaquiana, cantora conta como foi escrever “Aquela Dos 30”

p.

WWW

12

BRUNA CARAM Admiração inusitada por babás e novo CD na praça

p.

CIFRAS

13

DUDU AZEVEDO

Ator confessa gostar das músicas batidas, enfiadas goela abaixo pelas rádios

ANTES

p.

&

DEPOIS

13

CINEMA

A lendária casa noturna nova-iorquina CBgb vai parar nas telonas

Negócios no Brasil

Michael Kovac/WireImage/Getty Images

Ben Kweller procura parceiros para voltar a ter por José Flávio Júnior seus discos lançados por aqui No dia 4 de dezembro, Ben Kweller começou sua primeira turnê pelo país. Pena que nem todos os interessados conseguiram um lugarzinho no Teatro do Sesc Vila Mariana, na zona sul de São Paulo. Os 600 ingressos evaporaram em duas horas. Nada mal para um indie rocker californiano que só conhecia a América do Sul como turista – sua namorada é argentina. Antes de seguir para Rio de Janeiro, Belém e Fortaleza, o cantor e compositor de 31 anos pediu uma força para a Billboard Brasil. Surpreso ao saber que apenas dois de seus discos foram editados no país, ele está atrás de gente para lançar o restante do material, especialmente Go Fly A Kite (2012). “Agora que montei a The Noise Company, minha busca é por parceiros ao redor do mundo”, diz o músico, que começou a carreira aos 12, como líder da banda grunge Radish. Seu primeiro álbum solo saiu em 2002, pela gravadora de Dave Matthews, a ATO. Hoje, Kweller detém o próprio catálogo e não quer mais saber de ficar preso a um selo que não seja o seu. “O tempo que passei na ATO foi incrível. Crescemos juntos. Mas, quando meu contrato chegou ao fim, quis tentar alguma coisa nova e fresca. Hoje é bem mais fácil ser autossuficiente. Como eu já tinha uma carreira estabelecida, pude montar um escritório em Austin, Texas. Sabíamos que os fãs nos dariam apoio. E eu queria tomar minhas decisões sem pedir autorização.” Uma delas foi soltar Go Fly A Kite numa embalagem dobrável, que se transforma num diorama. “Nenhuma gravadora ia me deixar fazer uma caixinha dessas. Mas agora eu vejo como isso sai caro”, reconhece. Enquanto faz planos de um álbum – para breve – com o The Bens, projeto paralelo que montou com Ben Folds e Ben Lee e até hoje só tem um EP no currículo, Kweller vai aproveitando as oportunidades do mundo moderno. “Há muito trabalho em cinema e TV para compositores como eu. E sou muito sortudo, pois consegui formar uma base de fãs antes do Napster, do iTunes. Essa turma é muito leal ao que produzo”, afirma. Se você tem um selo ou gostaria de representar o artista por aqui, o canal é benkweller.com/contact.

www.billboard.br.com 9


INTRO

insight

Sem crise

No dia 28 de janeiro, Sandy Leah Lima completará 30 anos. É nessa idade que muitos artistas começam a despontar. Para citar uma cantora contemporânea, Tulipa Ruiz estreou nessa faixa etária. Já a filha de Xororó vem lançando discos há mais de duas décadas. O mais recente é o EP Princípios, Meios E Fins, puxado pela boa “Aquela Dos 30”, uma reflexão de nova balzaquiana. “A letra é autobiográfica, mas muito brincalhona, com várias metáforas. Eu não estou realmente sentido dor nas costas, como diz a letra. É só uma maneira de ilustrar que o corpo vai ficando mais velho enquanto ainda tenho sonhos de adolescente”, diz a compositora. O marido Lucas Lima divide os créditos com ela. Há mais de um ano, ele guardava um riff de piano, que foi usado na introdução da faixa. A letra veio de um poema escrito por Sandy. “Ele era mais sério. Quando decidi transformá-lo em música, adicionei um toque bem-humorado. Essa coisa da chegada dos 30 não precisa ter uma conotação pesada, sofrida.” Mas, ainda que o resultado

seja divertido, a passagem favorita de Sandy é justamente a mais profunda, que fala: “O tempo falta e me faz tanta falta/ Preciso de um tempo maior/ Que a vida que não tenho toda pela frente/ E do tamanho do que a alma sente”. Já os versos “Dou valor ao que a alma sente/ Mas já ouvi Bon Jovi” não pegaram bem com os fãs da banda americana, que deram uma chiadinha básica na internet. Sandy minimiza: “As pessoas têm o direito de se expressarem e de se ofenderem também. Não escrevi isso para atacar o Bon Jovi. É mais uma referência ao tempo, para contextualizar minha adolescência, época em que ele estava mais estourado”. A cantora não sabe precisar se Lucas estava com alguma coisa em mente quando veio com a melodia ao piano, mas confirma que o esposo sempre se baseia nos gostos dela quando estão trabalhando juntos. E Sandy gosta do que ela chama de pop britânico. De KT Tunstall a Jamie Cullum, de Damien Rice a Coldplay. “Aquela Dos 30” deixa isso claro.

por

José Flávio Júnior

NPL/Divulgação

Sandy sente prazer aos 30 e escreve canção bem-humorada sobre o momento de transição

SANDY: os fãs de Bon Jovi que a perdoem, mas hoje ela curte KT Tunstall

HOLLYWOOD

Danny Elfman fala das trilhas que fez para quatro promissores filmes que vêm aí Homenageado em outubro no Billboard/Hollywood Reporter Film & TV Music Conference com o prêmio Maestro por sua carreira de compositor de trilhas sonoras de filmes, Danny Elfman continua trabalhando intensamente. Depois da animação Frankenweenie, de Tim Burton, os próximos lançamentos com trilha do californiano de 59 anos são O Lado Bom da Vida (Silver Lining Playbook, que chega ao Brasil em fevereiro); Hitchcock, estrelado por Scarlett Johansson e Anthony Hopkins, que estreia aqui em março, e Promised Land, sexta colaboração com o diretor Gus Van Sant, ainda sem data de estreia no Brasil. Como as trilhas marcantes de Bernard Hermann afetaram o seu trabalho no filme Hitchcock? Hitchcock e Hermann foram enormemente responsáveis por eu ser quem eu sou. Minha ligação com música de filmes veio por meio de Hermann e muito da conexão de Hermann veio por Hitchcock. Considero Hitchcock uma enorme parte do meu DNA. Eu abracei a oportunidade de ir para o set e isso realmente me deixou viciado. Fiquei assistindo a eles filmando e perguntei se podia voltar no outro dia. Assistir a Anthony Hopkins e Helen Mirren foi um presente. Eu quase nunca tenho a oportunidade de ver filmes sendo feitos. Isso não é incomum? Afeta sua composição? DANNY ELFMAN: “Hitchcock é parte do meu DNA” Normalmente tem um dia em que vou ao 10 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

por Phil

Gallo

set de um filme de Tim Burton, mas tem mais a ver com o cenário. No caso de Hitchcock, não queríamos zombar de Hermann e eu me peguei compondo diferentes deixas e dizendo: ‘Não, isso soa demais como Hermann’. Você mencionou que as quatro trilhas sonoras de seus próximos filmes são muito diferentes. Em que sentido? Muito da história de Hitchcock é sobre o caso amoroso que durou meio século entre sua mulher [Alma] e Hitchcock, é sobre eles tanto quanto é sobre a produção de Psicose. É personalizado, emocional e, até certo ponto, romântico. O Lado Bom da Vida é uma comédia romântica – gênero a que raramente vejo ou trabalho com – e David queria que eu inserisse os momentos de maneiras estranhas e incomuns. Gus e eu temos uma boa comunicação e, de um jeito estranho, ele me estimula a fazer o oposto do que a maioria dos diretores quer que eu faça. A partir do roteiro [de Promised Land], minha primeira ideia foi usar violão e cordas, com uma pegada mais do Meio Oeste americano. Acabamos fazendo a trilha do filme com marimbas. Aprendi com Gus – tente algo e depois faça algo 180 graus diferente. Como estão as coisas com Sam Raimi em Oz: The Great and Powerful? Sam vem aqui e ouve a música de vez em quando. Ele está me deixando fazer uma trilha bastante narrativa. É uma tarefa grande, 110 minutos de música e, a esta altura, é divertido. Está saindo com facilidade.

Jimmy Ienner/ divulgação

Mr. Soundtrack


Se liga no SoundCloud

12

DIGITAL • NÚMERO

Up no Face

divulgação

Startup DE Berlim lança uma experiência semelhante ao rádio e faz parcerias com diversas emissoras por John Paul Titlow

BITS & BEATS

Passou disso o número de visualizações no YouTube do vídeo de “Scream & Shout”, de will.i.am, nos primeiros cinco dias após o lançamento, em 28 de novembro. A música faz parte do próximo álbum do rapper, #willpower, que será lançado no começo de 2013, e conta com a participação especial de Britney Spears, de barriguinha de fora, decote e saia justíssima.

DIGITAL • CANAIS WWW

Boas conexões

Promessa do pop nacional, o capixaba Silva caça vídeos, mixtapes e boas risadas pela rede

Passinhos de rap

divulgação

O SoundCloud quer ser a sua estação de rádio preferida. A plataforma de áudio social pode parecer um candidato pouco provável para isso, mas está estendendo seu foco e apostando em seu papel no futuro de uma das mídias mais antigas que existem. Pra isso, está fazendo parceria com estações de rádio terrestre e lançando uma nova versão que permite tocar sem interrupções. Cinco anos, mais de 20 milhões de usuários e muitos milhares de dólares em capital de risco depois, o SoundCloud se estabeleceu como uma espécie de “YouTube para áudio”. Por meio de sua interface de programação aberta, integração com terceiros e funcionalidade de hospedagem de áudio fácil de usar, o serviço tem se infiltrado lentamente por toda a web. A empresa agora foca no futuro do produto, que vai começar a se parecer muito mais com rádio. Espera-se que o SoundCloud Next, a mais nova versão de sua interface web, saia em versão beta limitada até o fim do ano. A plataforma virá com todos os aperfeiçoamentos visuais e capacidade extra de compartilhamento social que já eram de se esperar, mas apresenta uma funcionalidade muito maior: a capacidade de tocar sem interrupções. Não é uma funcionalidade de rádio de internet completa baseada em algum algoritmo complexo, mas algo que toca as faixas de uma playlist ou executa a partir do stream de um usuário. Esse parece ser um detalhe insignificante, mas, ao tocar clipes de áudio do início ao fim sem interrupções, o SoundCloud se torna uma experiência auditiva do tipo “se recoste para ouvir”. Igual ao rádio. O SoundCloud começou como um centro de conexão de músicos, DJs e artistas de remix – e continua sendo – mas também se provou o destino natural para outro grupo de criadores de conteúdo: os comunicadores. Desde o começo, isso incluía podcasters e algumas personalidades de rádio menos conhecidas, mas isso cresceu, passando a abranger programas estabelecidos, que buscam a plataforma para hospedar e disponibilizar links para “embutir” seus episódios e clipes antigos. É um caso de uso que foi gerado de forma espontânea, mas foi algo que a empresa percebeu e acabou encorajando. “Estamos tão focados nos criadores que essas conversas ocorrem naturalmente”, diz o presidente de áudio da empresa, Manolo Espinosa. Essas parcerias muitas vezes impulsionam o desenvolvimento de produtos, à medida que canais de mídia fazem solicitações de funcionalidades. A mais recente atualização para aplicativos de SoundCloud para celular, por exemplo, inclui funcionalidades de edição de som embutidas que há muito eram desejadas por jornalistas.

De acordo com um recente levantamento da Dito, empresa especializada em monitoramento e gestão das redes sociais, a página de Michel Teló no Facebook cresceu 7% em outubro e voltou a figurar no ranking dos maiores na rede social após dois meses de ausência. Teló – o único artista da música a figurar entre os primeiros lugares – ficou na 10ª posição, com 5.130.280 fãs, atrás de Kaká, Paulo Coelho, Guaraná Antarctica, Skol, Luciano Huck, Neymar Jr., Programa Pânico, Brahma Futebol e Vagalume.

Milhões

Não foi só o sobrenome Dogg que Snoop – agora Lion – deixou pelo caminho. Na campanha natalina da Adidas, a versão ilustrada do ex-rapper perde seu espírito natalino e faz uma viagem no tempo com fantasmas do passado, presente e futuro, em busca do sentimento, numa versão meio gangsta de Ebenezer Scrooge, personagem principal do Conto de Natal, de Charles Dickens. No vídeo, Snoop e fantasminhas, como David Beckham e Rita Ora, viram desenho pelas mãos de JJ Sedelmaier, criador do debochado Beavis & Butt-Head. Como em todo vídeo natalino, o final de Dogg Lion Scrooge é mais feliz que sua decisão de cantar reggae. O vídeo estará disponível em http://youtu.be/w1bIl7tqi8o.

1 2 3 4 5

jorge bispo/ divulgação

DIGITAL

nowness.com Um site que sempre publica vídeos interessantes de música, cinema, design, moda e cultura em geral, do mundo inteiro. Todo dia tem alguma coisa legal pra assistir.

boilerroom.tv

Transmite todos os dias sets de DJs da cena eletrônica do mundo inteiro, ao vivo. Geralmente, das 19h às 23h. Dá para ouvir muita coisa interessante.

lifeandtimes.com

Site criado pelo rapper Jay-Z, em 2011. Traz postagens de diversos temas, de tecnologia a esporte. Visualmente, é impecável. Como ele mesmo diz: “Just a bit of inspiration” (só um pouquinho de inspiração).

mtv.uol.com.br/programas/trolala

Tatá Werneck é a melhor humorista do Brasil, na minha opinião. Esse é um programa que sempre me faz rir.

factmag.com

Um dos sites de música que eu mais gosto. Vai do pop ao experimental. As críticas são bem escritas e disponibiliza mixtapes de uma centena de artistas. www.billboard.br.com 11


INTRO

AUTORRETRATO

CIFRAS

Voz ainda mais jovem

Bruce Springsteen

para cantar aqui todo o dia”. É legal ver essa reação das pessoas. De repente você está em um lugar lotado e começa a cantar sozinha, no gogó, filmando... Você tem vontade de atuar? Mais no teatro. Na verdade, meu grande sonho é fazer um musical, porque reúne as minhas duas paixões: a música e também a dança. que musical você gostaria de fazer? Vários, mas principalmente todos esses das babás, desde Noviça Rebelde até Mary Poppins. Eu estudo balé clássico, mas cheguei a fazer um pouquinho de sapateado. Parei porque eu tive um problema no pé, mas na época lembro que ia fazer uma apresentação e eu seria a Mary Poppins. Ficou um sonho não realizado. Eu quero... A sapatilha era vermelha [risos]. se o mundo acabar mesmo, onde você quer estar? Quero estar em casa com o meu cachorro e meu namorado, não mais que isso.

BRUNA CARAM: louca por Mary Poppins e A Noviça Rebelde

Stevie Wonder

2012

Sem uma agenda constante, Stevie escolhe os compromissos a dedo. Dois dias antes do pleito que definiu a reeleição de Barack Obama, ele apoiou o candidato em Cincinnati.

Chip Somodevilla/Getty Images

Evening Standard/Getty Images

Um ano após o show inesquecível no Rock In Rio, o mestre volta a pisar o solo carioca para apresentações natalinas

Stevland Hardaway Morris era conhecido apenas como Little Stevie. Com sua gaitinha na mão, o jovem entoava seu primeiro clássico, “Fingertips (Pt. 2)”.

Minutos é o quanto chega a durar um show de Springsteen. Quando se exibe em festivais, a apresentação tende a não ser tão longa.

120.000.000

De álbuns ele vendeu no mundo todo aproximadamente, ao longo de 40 anos de carreira fonográfica.

20

É o número de vezes que Springsteen foi agraciado com um Grammy. O mais recente foi em 2009, por “Working On A Dream”.

antes e depois

1965

250 Marcos Hermmes/ divulgação

Que comentário sobre seu novo disco mais a surpreendeu até agora? O que mais me deixa feliz é as pessoas dizerem que a minha voz está mais livre e mais solta. Até porque – acho que eu nunca falei isso em uma entrevista – durante minha carreira toda, a minha voz só melhorou e rejuvenesceu. Eu lancei meu primeiro disco com um problema meio sério nas cordas vocais. Então tive que estudar muito, correr muito atrás do sucesso e reinventar minha maneira de cantar para conseguir ir para estrada. Qual a reação mais inusitada que uma pessoa já teve enquanto você cantava na rua com o projeto Cantorices? A gravação mais legal, sem dúvida, foi na feira. Quem trabalha por lá tem essa relação direta com você, essa coisa de ficar chamando. E eu lembro que quando estava cantando, um cara de uma barraca falou: “Vou pagar você

O cantor é uma das atrações principais do próximo Rock In Rio. “The Boss” só veio ao Brasil uma vez, em 1988

Uma música que Stevie adora lembrar sempre que passa pelo Brasil é “Você Abusou”, sambão joia da dupla baiana Antonio Carlos e Jocafi, que fez muito sucesso no começo dos anos 70. Nos shows que fará no Imperator e na praia de Copacabana, acompanhado por Gilberto Gil ele certamente puxará o tema mais uma vez.

7

Músicas de Born In The U.S.A., álbum de 1984, atingiram o Top 10 da Billboard. “Dancing In The Dark” é a que foi mais longe, conquistando o segundo posto da parada.

84

Foi o número de semanas consecutivas em que Born In The U.S.A. permaneceu no Top 10 da Billboard. Apenas dois álbuns conseguiram marca maior: Glen Miller, do maestro de mesmo nome, e Music For Lovers Only, de Jackie Gleason.

10

Álbuns do “Boss” chegaram ao primeiro lugar do Billboard 200. É a mesma marca de Elvis Presley.

53.206

Foi o quanto vendeu a caixa comemorativa de 30 anos do álbum Born To Run, o mais cultuado de Springsteen.

divulgação

Aos 26 anos, Bruna Caram mistura inéditas e canções de Djavan, Zé Rodrix e Ben Jor no seu terceiro disco, Será Bem-Vindo Qualquer Sorriso


trilha pessoal

Paradoxo musical

Como é a trilha sonora de Blue Lips (estreia prevista para o segundo semestre de 2013)? A trilha sonora do filme ainda não está completamente definida, mas o teaser tem uma versão da música “Creep”, do Radiohead, cantada por um coral de crianças. É uma versão já conhecida desta música. Sei também que cada protagonista tem um instrumento e sonoridade específico, particular. O Guido, personagem que faço, tem a percussão como trilha, o personagem italiano vivido por Simone Càstano tem o piano e por aí vai. Um show a que gostaria de assistir: Gostaria de ter assistido ao Led Zeppelin completo e aos Beatles também. Outro show a que gostaria de ter ido, mas perdi a chance, foi o do Paul [McCartney]. Seu gênero preferido de música: Sempre gostei de muitos estilos – toco bateria desde os 12 anos e, de lá pra cá, tive como referência, além da música brasileira com Novos Baianos, Gil, Caetano e Nação Zumbi, o jazz, um pouco da música cubana e, principalmente, o rock, seja inglês, seja americano. Como seria a trilha sonora da sua vida? Acho que se dividiria entre batidas percussivas e canções

melodiosas, diretamente ligadas e ditadas pelo meu estado de espírito. Minha cabeça não para de pensar, de planejar. Ao mesmo tempo, sou uma pessoa que busca a paz o tempo todo, um paradoxo de intenções. E assim eu gosto de ser, embora algumas vezes me canse. Mas quem não se cansa de si mesmo deve ter algum problema existencial. O que não dá pra fazer sem música? Não dá pra viver sem música! Faz parte do meu dia, respiro música desde muito cedo. Quando eu tinha quatro ou cinco anos, lembro do meu irmão ouvindo música muito alto. Aquilo me intrigava. Eram sempre vinis de Pink Floyd, AC/DC, Queen... Me apaixonei por música tendo a mente sugestionada pelos sons que o Murilo, meu irmão, me obrigava a ouvir . Sou grato a ele por isso. Um guilty pleasure musical? Curtir aquelas músicas pra lá de batidas, enfiadas goela abaixo pelas rádios e pelo mercado fonográfico. Ao chegar à Espanha, a maior sensação da festa era “Ai Se Eu Te Pego”, do Michel Teló. Me bateu um misto de achar bacana ver o reconhecimento do cara fora do Brasil e certa culpa de achar que tem muita música boa escondida, não reconhecida nem no nosso próprio país. O melhor baterista do mundo:

Fernando Torquatto/ divulgação

Recém-chegado da Espanha, onde atuou em Blue Lips, o ator e baterista Dudu Azevedo se pauta, musicalmente, pelo seu estado de espírito

DUDU AZEVEDO: mente sugestionada pelos vinis de Pink Floyd, AC/DC e Queen que o irmão ouvia

John Bonham [do Led Zeppelin], mas gosto muito de outros ainda na ativa, como Billy Cobham, Marcio Bahia, Jorginho Gomes... E gosto também do Pupilo, do Nação Zumbi. Pra mim, é um dos grandes! Você viveu o baterista Guto Goffi no filme Cazuza – O Tempo Não Para, em 2004. Que outro artista da música você gostaria de interpretar? Nunca pensei nisso... Talvez o Chico Science, talvez o Erasmo Carlos. Adoraria interpretá-los!

FILME ROCK

A parte podre da Grande Maçã

A lendária casa noturna de Nova York CBGB vira ficção no cinema em 2013 Quando Jody Savin escreveu o roteiro de CBGB, violou a regra fundamental da atividade ao incluir “Metal Machine Music”, de Lou Reed, sem sondar antes sobre sua permissão. “Quando eu era criança, esse era notoriamente conhecido como o pior disco já gravado, e agora é um clássico avant-garde”, diz Brad Rosenberger, supervisor musical e produtor do filme independente, que chega aos cinemas americanos em 2013. Reed era apenas um entre os nomes associados à lendária casa noturna que marcou os anos 70 — Talking Heads, Television, Dead Boys, Blondie...“O fato de muitos grupos terem concordado em nos deixar usar sua música

por preços dentro do nosso orçamento ajudou muito”, diz Rosenberger. Quinze performances vocais foram filmadas em Savannah, no sul dos EUA, onde o clube nova-iorquino foi recriado em estúdio. O baterista do Foo Fighters Taylor Hawkins fez o papel de Iggy Pop; a sueca Malin Akerman dá vida a Debbie Harry e Mickey Summer, filha de Sting, surpreende como Patti Smith. O estúdio de gravação foi preenchido com objetos reais do clube, incluindo mais de cinco metros de bar, a caixa registradora e até mictórios. CBGB é a história do proprietário Hilly Kristal. “Foi um lugar, foi uma época, foi um movimento”, diz Savin. “Mas

divulgação

O CBGB recriado num estúdio de Savannah, no sul dos Estados Unidos

por

Phil Gallo

os filmes são, em última análise, sobre pessoas. Existem filmes a serem feitos sobre o Blondie, sobre os Ramones e sobre os Dead Boys, mas não é este. É sobre o cara que abriu a porta e deixou rolar.” Chris Franz, do Talking Heads, Tom Verlaine, do Television, Tommy Ramone e o baterista do Blondie, Clem Burke, contaram histórias verdadeiras para o filme. Richard Lloyd, do Television, falou por telefone com Luke Dressler, o ator que o interpreta. O cofundador da revista Punk John Holmstrom passou uma semana no set, presenciando os atores recriarem a noite em que ele e seus colegas punks, Legs McNeil e Mary Harron, abordaram Lou Reed para uma entrevista. Akerman assistiu às primeiras entrevistas de Debbie Harry no YouTube para capturar seu sotaque novaiorquino, enquanto Summer ficou particularmente fascinada com a entrevista que Patti Smith deu a Tom Snyder num episódio do The Tomorrow Show em 1978 e Joel David Moore viu diversos documentários dos Ramones. “Joey ficava lá e cantava”, diz Moore. “Ele nem se mexia no palco. Agarrando o microfone com a mão esquerda e brandindo o punho. Existe algo de mágico nisso.” O mesmo pode ser dito do CBGB. www.billboard.br.com 13


De grão em grão

Quer entender por que o folk com banjo dos londrinos Mumford & Sons faz tanto sucesso nos EUA? A resposta está na poeira das estradas por Jason Lipshutz “Esse foi um pôr do sol incrível!” Marcus Mumford está um pouco sem fôlego depois de abrir o show de sua banda Mumford & Sons em Hoboken, N.J., com o novo hino “Lover's Eyes”. Às suas costas está o skyline de Nova York. À esquerda, Ted Dwane prepara um baixo acústico e “Country” Winston Marshall pega o banjo. À direita, Ben Lovett está a postos no teclado. Em frente a Mumford, estão 15 mil espectadores apertados no Pier A Park de Hoboken – alguns homens com mais de 60 anos e muitas meninas com menos de 15, todos aplaudindo. Para quem se admira deste quarteto folk londrino de aparência desleixada – e suspensórios! – ter vendido 600 mil cópias de seu segundo álbum, Babel, na primeira semana de vendas nos EUA (segundo o Nielsen SoundScan), a plateia daquele pôr do sol pode responder. O Mumford & Sons cultivou esse público assiduamente, não só com shows famosos pelo alto volume da música, mas com a criação de experiências diferentes a cada noite.

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A estratégia da Glassnote para divulgar Babel, o segundo trabalho do grupo, lançado em 25 de setembro, teve múltiplas frentes, começando com a viagem inaugural da banda a Hoboken. A data de 1º de agosto foi a primeira numa turnê de 15 cidades que permitiu ao Mumford & Sons apresentar o álbum aos fãs. “A banda ficou nos EUA por quase dois meses, tocando metade do álbum novo a cada noite, uma atitude corajosa”, diz o fundador da Glassnote, Daniel Glass. Em vez de canibalizar as vendas de álbuns, os serviços de streaming liberados com antecedência ajudaram o Mumford & Sons a conquistar ainda mais fãs na semana de estreia de vendas de Babel. O trabalho quebrou recordes no Spotify para um álbum em sua primeira semana, com quase oito milhões de execuções. Um a cada dez usuários do serviço nos EUA tocou uma música de Babel em seus primeiros sete dias de lançamento. Desde que Daniel Glass viu o grupo pela primeira vez, tocando

no Mercury Lounge para 200 pessoas, em março de 2009, em Nova York, diz que teve vários “momentos epifânicos”. A noite em que o quarteto tocou “Maggie’s Farm” no Grammy, ao lado de Bob Dylan e dos Avett Brothers, em fevereiro de 2011. Em 23 de setembro deste ano, Glass abraçou os integrantes e o empresário Adam Tudhope às três da manhã, depois que o Mumford & Sons estreou no Saturday Night Live, coroando dois anos de campanha para aparecer no programa. E, na noite de 2 de outubro, Babel, lançado três dias depois da apresentação no SNL, conquistou a melhor semana de vendas de estreia do ano. A marca só durou 28 dias, quando


divulgação/rebecca miller

três anos. Assim como bandas como Phoenix e Foster the People tiveram aceitos seus pendores eletrônicos, outras, como Avett Brothers e The Lumineers fizeram uma volta ao básico. Sigh No More teve um humilde começo no Billboard 200: 127ª posição depois de seu lançamento nos EUA em fevereiro de 2010, com cinco mil cópias vendidas. De lá pra cá, os singles de Sigh No More “Little Lion Man” e “The Cave” cresceram lentamente nas rádios, sendo que o primeiro chegou ao terceiro lugar da parada Rock Songs em novembro de 2010, e o último subiu para a segunda posição em abril de 2011 – ambos tiveram seus ápices em suas 22as semanas nas paradas. Depois de conquistar duas nomeações ao Grammy em 2011 (incluindo Melhor Artista Novo), o Mumford & Sons conquistou mais quatro em 2012 e foi o ponto focal da transmissão. Mais importante, porém, foi o trabalho incansável nas estradas dos EUA – pelas contas de Lovett, o Mumford & Sons embarcou em dez turnês separadas nos EUA desde sua

O quarteto tenta fazer algo diferente a cada show: em Hoboken, terra de Sinatra, tocou “New York, New York” com metais

temporada inaugural em 2008 – e atendeu públicos maiores a cada mês que passava. Sigh No More já vendeu 2,6 milhões de cópias, de acordo com o SoundScan, e não saiu do top 75 do Billboard 200 desde 17 de julho de 2010. Os integrantes do Mumford & Sons agora são rock stars, mas em seus próprios termos. “Não é que tenhamos começado a usar lápis de olho e começamos a distorcer todos os nossos instrumentos”, diz Lovett. Segundo álbum, Babel, vendeu 600 mil cópias na primeira semana e deu ao quarteto inglês o melhor resultado para qualquer CD de rock desde que o AC/DC lançou Black Ice, em novembro de 2008

Red, de Taylor Swift, bateu o 1,2 milhão de unidades comercializadas nos primeiros sete dias, demolindo também um recorde que vinha desde 2002. Mas isso não tira o feito do quarteto inglês, que superou Believe, de Justin Bieber, com a semana de melhores resultados para qualquer álbum de rock desde que o AC/DC vendeu 784 mil cópias de Black Ice em novembro de 2008. Lovett, multi-instrumentista que também canta backing vocals, diz que Mumford, Dwane e Marshall não tinham grandes aspirações quando o Mumford & Sons surgiu na cena folk de Londres em 2007. A primeira indicação de que

estavam no caminho de algo especial veio em 2009, quando eles abriram para os roqueiros indie Maccabees em 11 datas no Reino Unido. No contraste, as canções folk acústicas reluziram e ganharam fãs. “Foi antes de Sigh No More ser lançado”, diz Lovett. “De repente todo mundo falou: ‘É legal gostar desses caras se você gosta de rock’.” Nos três anos desde que Sigh No More chegou ao Reino Unido em outubro de 2009, o mainstream do rock nos EUA abriu espaço para o banjo. Novos artistas como Of Monsters and Men e The Lumineers ocuparam rádios alternativas. Artistas que estão na ativa há mais tempo, como Avett Brothers e Edward Sharpe & the Magnetic Zeros, lançaram álbuns que tiveram estreias no top 10 do Billboard 200 e semanas de melhores vendas em suas carreiras em 2012. James Steele, diretor de programação da rádio alternativa WROX-FM (96X) de Norfolk, diz que as rádios de rock tiveram que ampliar seus horizontes nos últimos

“ELES ESTAVAM ENLOUQUECENDO”

No dia 14 de junho de 2010, o Mumford & Sons tocou no Bluebird Nightclub em Bloomington, Ind., cidade do MeioOeste com uma população de 80 mil pessoas (metade delas, alunos da Universidade de Indiana). Os ingressos para o show num espaço para 700 pessoas foram vendidos a US$ 10 cada, e Adam Voith, agente responsável pela agenda da banda, não ficou otimista quanto ao público que obteria numa segunda-feira à noite. Um dos motivos é que ele morava em Bloomington na época, e conhecia a área. “Pensei que seria um showzinho pequeno, pra umas 200 pessoas”, diz Voith. A casa lotou – e de rostos que ele nunca havia visto. Àquela altura, Mumford & Sons só tinha vendido 50 mil cópias de Sigh No More nos EUA, mas o público demonstrava devoção. “Eles estavam enlouquecendo, simplesmente pirando. Isso acontece, mas normalmente leva tempo.” O Mumford & Sons tocou em festivais como Coachella, Bonnaroo e Lollapalooza nos últimos três anos, mas também prestou atenção à crescente base de fãs em mercados menores como Bloomington; Marfa, Texas; Telluride, Colo; e Council Bluffs, Iowa. Voith diz que desde o início o Mumford & Sons www.billboard.br.com 15


divulgação/rebecca miller

O mainstream do rock nos EUA abriu espaço para o banjo. Novos grupos como Of Monsters and Men e The Lumineers ocuparam rádios alternativas e artistas na ativa há mais tempo, como Avett Brothers, também se deram bem

Em pé, o vocalista MARCUS MUMFORD (à esq.) e o baixista TED DWANE; sentados, o banjoman “COUNTRY” WINSTON MARSHALL (à esq.) e o tecladista BEN LOVETT: sem preguiça da estrada

estava impressionado com o modo como os Avett Brothers desenvolveram sua base de fãs em mercados menores. A banda não apenas fez das turnês nos EUA prioridade, mas se apresentou em cantinhos que a maioria dos artistas ignora – e voltou nos anos seguintes. Conforme o público do grupo cresceu, também aumentou sua fama como banda ao vivo. “Cada show é uma experiência diferente”, diz Glass, lembrando que os parceiros de turnê, Old Crow Medicine Show, Dawes e The Very Best, já subiram ao palco com eles na hora do bis. No show em Hoboken, o Mumford & Sons fez uma cover com metais de “New York, New York”, homenageando o herói local Frank Sinatra. Após a apresentação em Portland, Maine, Lovett decidiu atacar de DJ numa after-party na Space Gallery. A apresentação em Portland foi a 16 billboard brasil Dezembro 2012/Janeiro 2013

primeira dos quatro shows da série Gentlemen of the Road, com paradas em pequenas cidades durante quatro finais de semana consecutivos em agosto. No intervalo entre as 11 apresentações de verão nos EUA usadas para mostrar uma prévia das músicas de Babel, o Mumford & Sons foi atração principal de eventos que incluíram palcos múltiplos, comida local, bandas de abertura únicas para cada espetáculo e oportunidades de acesso exclusivo para os superfãs. Em 2011, o Mumford & Sons se juntou a Edward Sharpe & the Magnetic Zeros e Old Crow Medicine Show para viajar pelo país em vagões ferroviários vintage na turnê Railroad Revival em seis cidades. Mas os shows de Gentlemen, que começaram com duas paradas no Reino Unido em junho, e passaram por Dungog, na Austrália, no dia 20 de outubro, foram as mais ambiciosas empreitadas ao vivo da banda até hoje, combinando o foco em cidades pequenas com experiências que não podem ser duplicadas. Para o empresário Adam Tudhope, “existe um autêntico benefício no fato de a banda ir a uma cidade levando 16 mil pessoas com ela”. A transição para teatros em cidades fora do circuito convencional rendeu resultados financeiros impressionantes:

Mumford & Sons amealhou US$ 716 mil em 19 shows relatados à Billboard Boxscore em 2010. Em 2011 a banda faturou US$ 3 milhões em 14 shows. E não há sinal de parada à vista: uma temporada na Austrália, que começou em 12 de outubro, levou a um show em 10 de novembro no Hollywood Bowl em Los Angeles. E outra turnê no Reino Unido, antes do fim do ano, irá anteceder muitos dos shows nos EUA e festivais de verão em 2013. Lovett diz que ele e seus companheiros de banda nunca se importaram de viver na estrada. “Uma turnê é mais um modo de vida do que uma viagem específica”, diz ele. Juntando-se novamente ao produtor Markus Dravs, Babel foi composto na estrada e gravado em diversos estúdios no Reino Unido durante os intervalos de turnê. Para Dravs, que coproduziu álbuns de rock com proporções de arena como The Suburbs, do Arcade Fire, e Mylo Xyloto, do Coldplay, o truque é expandir as qualidades de Sigh No More em um hino e “ser mais revelador sem requentar os hits anteriores”. “Não queríamos fazer uma segunda parte de Sigh No More, mas, ao mesmo tempo, também não queríamos fazer um Kid A [álbum do Radiohead], como se de repente o Mumford & Sons fizesse música eletrônica”, diz Dravs. O resultado é um épico com 12 músicas coloridas por arranjos mais intrincados, e título e letras que com certeza são bíblicas – apesar de Tudhope ressaltar que o Mumford & Sons não é “uma banda cristã”... “Esses são claramente os temas que são relevantes para todos os seres humanos, não apenas para os religiosos”, diz o empresário. Babel vendeu 600 mil cópias em sua primeira semana sem se valer do expediente de conceder superdescontos a grandes varejistas – o iTunes vendeu o álbum por US$11,99. Bateu o milhão no começo de novembro. A nova pergunta é: de que tamanho eles serão capazes de ficar? Será que Babel fará deles um headliner em festivais, como The Suburbs fez com o Arcade Fire há dois anos? Será que o próximo comentário de Marcus Mumford sobre um pôr do sol acontecerá num estádio? “Eles vão tocar nos lugares grandes e nos pequenos”, prevê Glass. “Existe a vontade de se divertir e de ser uma grande experiência rock'n'roll. É com isso que eles realmente se importam.”


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Zona de GUERRA A mais zoada das estrelas pop retorna com Warrior, na companhia de roqueiros como Iggy Pop e Julian Casablancas. E ainda na luta pelo direito de fazer a festa

Quando Ke$ha surgiu na cena em 2009 – cantando rap através de um filtro de autotune sobre escovar os dentes com uísque e rapazes que tentavam tocar seu corpo –, a artista, então com 22 anos, rapidamente se posicionou como a encrenqueira de plantão na música pop e fez das paradas americanas seu lar. O insolente single de estreia “TiK ToK” quebrou o recorde de melhor semana única de vendas para uma artista feminina solo com 610 mil downloads digitais, de acordo com o Nielsen SoundScan (a recordista anterior, “Just Dance”, de Lady Gaga, vendeu 419 mil em sua primeira semana), e decolou para o número um do Billboard Hot 100. O hino produzido por Dr. Luke e Benny Blanco ficou nove semanas no topo, marca que cantora alguma conseguia desde 1977. Com quase 14 milhões de downloads pagos, “TiK ToK” é o segundo single mais vendido de toda a era digital, perdendo apenas para “I Gotta Feeling”, do Black Eyed Peas. O álbum de estreia de Ke$ha, Animal, chegou ao primeiro lugar do Billboard 200 em 2010. Em novembro de 2011, ela mais uma vez foi ao topo do Hot 100 com “We R Who We R”, o single principal do EP Cannibal: coautora de suas músicas, Kesha Rose Sebert se firmou como fábrica de hits antes de completar 25 anos. Depois de cantar como atração de abertura na etapa americana da turnê de Rihanna, Last Girl On Earth, em 2010, e, em seguida, como atração principal da Get $leazy Tour no ano passado (com faturamento de US$ 2,1 milhões em nove shows), a cantora, criada em Nashville, tirou um mês de férias antes de começar a trabalhar em seu segundo LP, Warrior ((RCA/ Kemosabe). Agora, com o lançamento do álbum em 4 de dezembro e o single principal “Die Young” crescendo nas rádios, Ke$ha está de volta. “O pessoal da gravadora estava em cima de mim e eu meio que tive que dizer a todo mundo para ir se ferrar por um mês”, diz. Em setembro de 2011, ela sumiu dos holofotes depois do Rock in Rio, fazendo paradas na África do Sul e em outros locais antes de voltar aos EUA no fim de outubro. Ke$ha chama isso de “jornada espiritual”. “Eu precisava colocar minha cabeça no lugar e dormir no chão por um tempo. Então voltei e, desde então, só fiz trabalhar pelo meu álbum.” O presidente/COO da RCA Music Group, Tom Corson, enxerga um futuro brilhante para Warrior. “Nossa intenção é consolidá-la como pop star. Quando você ouve o álbum e vê todas as possibilidades que existem nele, temos grandes esperanças.” Depois de encharcar seus vocais de auto-tune na estreia, dando aos críticos motivos para crer que sua voz era produto de truques tecnológicos, Ke$ha resolveu banir o auto-tune quase que totalmente e incorporar mais guitarras, que havia eliminado de Animal. “Fiquei cansada de gente dizendo que eu não sabia cantar. São poucas as coisas que

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Peter Kramer/NBC/NBC NewsWire via Getty Images

por Steven J. Horowitz

KE$HA durante apresentação no programa Today, da NBC, em 20 de novembro



Divulgação

KE$HA logo depois de seu primeiro grande show no Lollapalooza em 2009

faço com confiança na minha vida. Uma delas é cantar”, diz. Ke$ha estava tão determinada em provar sua capacidade que primeiro cogitou fazer de Warrior um álbum de rock. “Eu queria combinar o som do primeiro disco com a música que gosto de ouvir fora do palco. Misturar o pop eletrônico dançante com um pouco de rock’n’roll. Queria mais guitarras, e acho que deixei várias mensagens subliminares e tentei buscar a essência do rock’n’roll – que é a irreverência, a atitude ‘foda-se’ – nas letras. E depois de ler algumas resenhas dizendo que eu não sabia cantar, pensei: ‘Dane-se essa história de vozes alteradas’.” O vice-presidente sênior de Artistas e Repertório e Operações da RCA, Rani Hancock, observa que os críticos com frequência confundem o uso de auto-tune com falta de talento. “Ke$ha realmente é uma das melhores cantoras com as quais já estive no estúdio”, diz Hancock, que, como representante da gravadora, acompanhou todos os seus trabalhos diretamente. “Ela tem uma voz incrível, realmente canta pra caramba.” Warrior tem os colaboradores que fizeram de Animal uma potência pop – Dr. Luke, Benny Blanco e Cirkut – mas também abre espaço para o que Ke$ha chama de seu “dream team”, formado por Patrick Carney, baterista dos Black Keys, Iggy Pop, Wayne Coyne, dos Flaming Lips, e Nate Ruess, do fun., que é coautor de “Die Young”, e Julian Casablancas e Fabrizio Moretti, vocalista e baterista do The Strokes, respectivamente.Algumas das faixas são da Ke$ha que já conhecemos, com melodias memoráveis e letras falando espirituosas besteiras. “Supernatural”, um hino pop meio torto, com fortes influências de Justice e Daft Punk, foi inspirado pelo que Ke$ha descreve como seu encontro sexual com um fantasma na vida real, que acabou por forçá-la a se mudar para sua residência atual em Nashville. (“Foi um homem com certeza e foi muito intenso”, disse ela.) Em “Crazy Kids” ela vira uma baladeira total, reposicionando-se como menina má, e cantando um rap: “Ke$ha don't give two fucks, I came to start that ruckus/And you want to party with us, because we crazy motherfuckers” (“Ke$ha tá c****** e andando, eu vim pra começar a confusão/ e você quer cair na balada com a gente porque somos uns malucos filhos da mãe”). Mas, para fãs familiarizados com as primeiros demos acústicas de Ke$ha, algumas das quais podem ser encontradas no YouTube, o lado mais suave do álbum oferece faixas como “Past Lives”, produzida por Wayne Coyne, que apresenta um arranjo de cordas do ídolo indie Ben e soa como uma balada esfumaçada (em setembro, ela cantou ao vivo com o Ben Folds Five e Wayne a impagável “You’re The Reason Our Kids Are Ugly”). Os vocais vão para o centro das atenções

Caseira, mas com direito a ‘festcheeeenhas’

Frases recentes demonstram o estilo Ke$ha de canalizar energias sexuais “Adoro dar festas lá em casa. Convidei os Flaming Lips recentemente, e em 20 minutos, Wayne Coyne já estava ganhando sua primeira tatuagem no pé com a máquina que tenho.(...) Eu tenho também a maior cama do mundo. Couberam os cinco caras da banda naquela noite.” “Eu tenho a maior atração pela Florence Welch (do grupo Florence + the Machine). Eu a encontrei no Coachella e foi ‘uau!’.” “Não tenho namorado. Mas rolam alguns amigos especiais espalhados pelo planeta. Quando estou na cidade de um deles, saímos, bebo um vinho e tomo um banho de espuma com um cara bonitinho.”

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em “Wonderland”, uma música com influência de country, enquanto “Last Goodbye” fica na corda bamba entre balada com um p**a som e o pop alternativo. “Dirty Love”, dueto com Iggy, a deixou chorando de felicidade e totalmente abalada no estúdio. “Foi o melhor dia da minha vida”, define a cantora. O talento e a atitude evidentes em Warrior foram os principais motivos que atraíram Dr. Luke, que selecionou a demo de Ke$ha em meio a uma centena de outras. O produtor, que fomentou a carreira de Katy Perry e teve seu início no pop moldando “Since U Been Gone”, de Kelly Clarkson, viu seu potencial imediato e a contratou para seu selo Kemosabe Records e sua editora musical Prescription Songs em 2005. Ele deu a Ke$ha sua primeira oportunidade ao colocá-la no refrão do hit global de Flo Rida “Right Round”, que estabeleceu um recorde de vendas digitais numa única semana de 636 mil cópias. Apesar de não ter sido creditada na versão americana do single – e nem remunerada –, o sucesso da música a levou de desconhecida para artigo conhecido e Ke$ha logo assinou com a RCA depois de receber ofertas de diversas outras gravadoras. Dr. Luke – que atuou como produtor-executivo nos três projetos de estúdio de Ke$ha – a vê como uma cantora, compositora e entertainer versátil. “Ela tem enorme potencial”, diz. “Warrior tem muito daquilo a que me refiro como ‘burrice inteligente’. Coisas intencionalmente

Livro com fotos do fundo do baú revela momentos nada glamourosos da cantora Ke$ha, assim como outras estrelas pop, desenhou uma linha de joias feita de “elementos naturais” em parceria com uma empresa, e irá lançar uma linha de peles falsas para comemorar o fato de West Hollywood ter banido a venda de artigos desse material. Mas poucas lançariam memórias ilustradas como My Crazy Beautiful Life, recém-editado pela Touchstone, selo da Simon & Schuster. Ela descreve a obra como “um passe de acesso livre para tudo desde quando eu era pequena até minha família e a estrada: fotos de bebê, fotos agarrada com exnamorados, eu como garçonete, eu chorando... Merdas assim contam minha história real”. Um exemplo? “Lambi o sal da minha mão, tomei o último shot de tequila e veio a ideia: ‘Vou botar um cifrão no meu nome’.” Outro: “Em uma das músicas que trabalhamos para Warrior, minha mãe sugeriu uma frase sobre a sexualidade dos personagens Ênio e Beto, da Vila Sésamo”.

the strokes Fab Moretti e Julian Casablancas, do Strokes, participam da faixa “Only Wanna Dance With You”. “Eu sou fã deles e essa é uma das minhas músicas favoritas no álbum”, diz Ke$ha.

Wayne Coyne O vocalista da banda Flaming Lips foi o produtor de “Past Lives”, parte de um dos lados mais suaves do álbum.

DREAM TEAM

O segundo álbum tem por trás os mesmos nomes que fizeram de Animal uma potência pop – Dr. Luke, Benny Blanco e Cirkut – e ainda conta com reforços

Vida louca

IGGY POP O cantor americano participa da faixa “Dirty Love”. A gravação da música em estúdio deixou Ke$ha abalada, aos prantos.

BEN FOLDS “Past Lives”, uma balada esfumaçada, conta com um arranjo de cordas do ídolo indie.

fotos: Annabel Staff/Redferns, Rick Diamond/Getty Images, Daniel Zuchnik/Getty Images e divulgação

burras, mas que são boas”, diz. Ele destaca a frase de abertura de “TiK ToK” (“Wake up in the morning feeling like P. Diddy”, algo como “Acordei de manhã me sentindo igual ao P. Diddy”) como um exemplo. “São apenas frases bobas que são estúpidas, mas boas. Frases que um compositor profissional jamais escreveria.” Enquanto gravava Warrior, Ke$ha interagiu com ouvintes no espaço digital para manter seu nome na mente do público e fazer crescer sua base de fãs. Assim como os Little Monsters de Lady Gaga e a Rihanna's Navy, Ke$ha conquistou uma forte legião de seguidores aos quais ela se refere como “seus Animais”. No Twitter, conquistou mais de 3,1 milhões de seguidores e tem quase 22 milhões de “curtir” no Facebook. Assim como aconteceu com Gaga meses antes, sua recente aparição no American Music Awards, em novembro, despertou críticas pelo ganho de peso (em relação ao que os brasileiros viram no Rock in Rio, nenhuma novidade). A controvérsia com look bizarro também remeteu a Stefani Germanotta – a partir dos múltiplos insetos colados na orelha, um acessório realmente aflitivo para quem a via. O mais importante, porém, foi a performance vocal de “Die Young”, elogiada até pelos que a acusavam de não saber cantar ao vivo.

Divulgação

“Fiquei cansada de gente dizendo que eu não sabia cantar. São poucas as coisas que faço com confiança na minha vida. Uma delas é cantar”

“Assim contam a minha história real”

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foto: ale torres

SEU JORGE avisa: devem vir aí mais quatro lançamentos. Os dois próximos volumes de Música Para Churrasco Ao Vivo, cada um com seu respectivo DVD ao vivo


ESPETO

MAIS CARNE NO Ao lançar DVD ao vivo com participações de Caetano, Racionais MC’s e Zeca Pagodinho, Seu Jorge fala da casa que deu à mãe e do futuro que planeja para a filha

Com Seu Jorge, não tem tempo ruim, o cara é “impermeável”. Após cinco horas de atraso, o cantor carioca chega para a entrevista à Billboard Brasil com olhar cansado, cerveja na mão e desarmante sorriso no rosto. Assim não é difícil esquecer o longo chá de cadeira, amenizado pelos comes e bebes no coquetel “classe média alta” (expressão que Jorge gosta de usar) na produtora XYZ Live, na Av. Cidade Jardim, em São Paulo. Culpa do aeroporto, garante o cantor, recém chegado do Rio, onde participara das gravações do novo DVD de seu primo Dudu Nobre. No espeto da conversa, o recém-lançado DVD dele mesmo, Música Para Churrasco Ao Vivo Vol.1 (que conta com participações de Alexandre Pires, Zeca Pagodinho, Caetano Veloso, Racionais MC’s, Sandra de Sá, Bonde do Passarinho, Trio Preto + 1 e Flor de Maria, sua filha de nove anos) e o sucesso no exterior, em caminho “capinado por Tom Jobim e Pixinguinha”. O show foi gravado no Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro de 2011. E o lançamento foi seguro por um ano, até coincidir novamente com a data. A questão racial vai estar sempre presente no seu trabalho, mesmo em repertórios mais “de festa”? A questão racial não está colocada neste trabalho. De maneira alguma. Neste DVD, especificamente, não existem elementos que remetem ao tema do Dia da Consciência Negra. Não é um show com esse tema. O tema é música para churrasco mesmo, é pra botar a carne no fogo, ficar dançando e curtindo. Agora, o fato de ser neste dia, tinha tudo a ver comigo por eu ser negro. Como você escolheu os artistas para participar do projeto? O Zeca [Pagodinho] eu escolhi porque queria muito cantar “Parceiro” com ele e dedicar essa música para ele. Porque ele é meu parceiro e porque foi meu parceiro, na vida, de coisas importantes. Em determinado momento da minha vida – eu já estava trabalhando – me encontrei com ele no Rio Grande do Sul e ele me disse: “Jorge, cuida

da sua mãe. Tá cuidando da sua mãe?”. Aí contei para ele que estava na batalha para comprar uma casa para ela. Falei: “Tô correndo atrás, o jogo não tá ganho, não”. Faz muito tempo isso, não? Ah, faz bastante tempo. E foi em uma época em que eu estava fora do país e não via a galera aqui em casa, não via os filhos. Aí, quando eu estava na Bélgica, recebi um telefonema dele me convidando para participar do comercial da Brahma. E, com a graninha que eu ganhei, comprei uma casa para minha mãe. E ele fez na “maldade”. Me chamou de propósito para eu ganhar uma grana e comprar a casa da minha mãe. Então, cara, ele é meu parceiro da vida. E o Alexandre Pires? O Caetano? O Alexandre foi escolhido pelo amor que ele tem pelo público e porque eu também gravei uma música no disco dele e nunca pude ir a um show cantar com ele. Então, achei que as pessoas iam adorar ver a gente cantando junto [começa a cantarolar “Eu Sou O Samba”]. O Caetano eu convidei pela possibilidade, pela liderança, pelo mestre e professor que ele é. Também pelo fato de ele ser o primeiro cara que falou de mim lá em Portugal. Em 1998, eu fiz um disco com o Farofa Carioca e era o início da minha companhia... Mandei um disco para ele, que falou [imitando o sotaque do Caetano]: “Olhe, você tem uma das vozes mais bonitas da Música Popular Brasileira. Seu Jorge é genial”. E foi assim, a gente ficou amigo e eu queria muito que ele cantasse essa música comigo, que ele oferecesse isso para aquela plateia, para o povo de São Gonçalo, que sofre naquela ponte. Queria que eles tivessem a oportunidade de escutar o Caetano Veloso cantando aquela música que fala de São Gonçalo. Na verdade, essa música é uma carta pra minha ex-mulher dizendo: “Pô, pretinha, não faz isso”. Eu resolvi musicar e o Caetano reparou que a música tem uma contestação social, que fala do direito de ir e vir por causa do engarrafamento, do direito de se comunicar, de a pessoa não conseguir se comunicar porque não há telefone público. E como os Racionais entraram nessa história? Eles resolveram participar por conta do Dia da

por Mariana Sewaybricker

Consciência Negra e por ser eu, outro negão, que compactua. Por eu ter vindo viver aqui em São Paulo e reforçar o coro nas coisas que realmente se fazem necessárias de ser colocadas nesta cidade. O que aconteceu naquele show na Fundição Progresso, no Rio, quando você foi vaiado ao recitar versos de “Negro Drama”? Não percebi na hora. Estava de fone e o negócio começou pequeno e foi aumentando, mas não foi uma coisa que todo mundo vaiou. Foi um bolinho mesmo. Era um bolinho na direita e um bolinho menor ainda na esquerda. Para 90% do público, estava tudo certo. Eu estava cantando bem, o som, ótimo. Na minha avaliação, foi febre da carne. Tinha uma meia dúzia de seis ou quatro que estava lá pela balada, pelo goró, pelas gatinhas... Sábado à noite, Lapa, em certo estado onde tudo é permitido: pode fumar maconha, pode cheirar pó, pode sair com puta, pode sair com travesti, pode ir a um show maneiro, pode comer. A Lapa é um playground dos playboys. Os caras ficaram gritando, mas eu não ouvi nada e fiquei quieto. Vai que eu enfrento, falo alguma coisa e os caras saem na porrada? Puxam o cabelo das meninas, puxam uma arma... Sei lá. Eu achei melhor deixar quieto. Incomoda que sua música tenha virado, de certa forma, som para playboys? Cara, eu faço música. Não tenho controle de quem ela vai atingir... Voltando a falar sobre as parcerias, como foi cantar com a sua filha Flor, de 9 anos? Foi tudo de bom, porraaaa... A Flor tem meu DNA, ela é minha filha, né? Ela compreende a música já de maneira bastante profissional. Ela é artista. Não vou fazer minha filha estudar química, biologia, esperar chegar aos 25 anos para descobrir que ela quer mesmo ser cantora. Ela é artista e pronto, acabou. Vou mandar todos os meus filhos para os EUA para eles poderem ter uma escola bacana, que estimule isso, porque aqui no Brasil nós não temos uma escola que ensine matemática, português, artes cênicas, música... Nos EUA tem. www.billboard.br.com 25


SEU JORGE pagou com “Vizinha” e “Eu Sou O Samba” a dívida de se apresentar junto com o amigo ALEXANDRE PIRES

Com CAETANO VELOSO, grato pela superforça, desde os tempos de Farofa Carioca

A filha mais velha do cantor, FLOR DE MARIA, rouba a cena em “Dois Beijinhos”

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Bitoca de SANDRA DE SÁ, que divide com ele “Olhos Coloridos”


fotos: Marcos Hermes

SEU JORGE com MANO BROWN: alinhado com osSó Racionais MC’s por Pedro

O Música Para Churrasco Vol.1 tem letras populares. Você enxerga nas músicas personagens etc. Essa concepção bastante comum foi proposital ou aconteceu de maneira natural? Não, eu queria fazer um disco bem popular, com crônicas para que os brasileiros se sentissem homenageados. Então, a japonesinha ouve “Japonesa” e pensa: “Opa, tá falando comigo mesmo?”. Queria chegar mais perto das pessoas. É uma herança que eu tenho da Ana Carolina, do disco com ela, que me trouxe esse público. Você vai mesmo fazer do Música Para Churrasco uma trilogia? Vai rolar... E o DVD é Vol.1, né? Acho que cada volume vai merecer um DVD. Já tenho algumas músicas gravadas para o segundo volume. Vai ser engraçado, vai ser legal. Em 16 de dezembro você participa de um show com o violinista e maestro americano Miguel Atwood-Ferguson (tem no currículo trabalhos com Ray Charles, Dr. Dre, Marisa Monte e Artur Verocai), em Los Angeles. Como estão os trabalhos com ele? A gente ainda está gravando um disco para os EUA. Quero lançar pelo Blue Note Records, não sei se vai ser possível. Mas pintaram outras propostas de gravadoras do Brasil. A Universal Music também quer fazer um projeto bacana comigo e eu estou estudando tudo isso. Aí você vai deixar o samba um pouquinho de lado? Nunca deixaria o samba rock de lado. Você vai cantar com Roberto Carlos no especial de final de ano. Tem uma relação especial com alguma canção dele? Eu tenho uma história com ele de admiração. Admiro a entidade que ele é para o Brasil. Ele é o nosso rei. Nem todos os países têm um rei da música; os

EUA tiveram o Elvis Presley e o Michael Jackson. No Brasil, o rei é Roberto Carlos e ele tá lado a lado com os maiores reis do mundo. Como foi a gravação? Maravilhosa. Porque ele é um homem de luz, um homem de Deus, que tem muita força espiritual. É muito importante estar do lado dele. Ele é um homem que acompanhou Chico Xavier durante muito tempo. É um homem que tem uma mensagem ecumênica importantíssima. Você enxerga alguma semelhança entre o sucesso que você conquistou fora do país há alguns anos com o sucesso que o Michel Teló e outros artistas estão fazendo? Sim. Isso vem de Tom Jobim, né? Aliás... Vamos lá: em 1920 saiu daqui o Villa-Lobos e chocou a Europa com a sabedoria dele. Depois, foram os Oito Batutas com Pixinguinha [na verdade, a viagem do maestro se deu em 1923; o regional de Pixinguinha e Donga foi à França em 1922, para ficar seis meses tocando em Paris}. Daí segue a história da música brasileira. Então, eu e o Michel estamos em uma mata capinada, uma grama aparada para a gente poder caminhar. Michel, assim como eu, não fez nenhum esforço específico para alcançar esse sucesso lá fora. A força da música dele fez isso por ele. E ele é maravilhoso. Inclusive, nós somos antagonistas no Grammy [Latino, concorrendo por Melhor Canção em Língua Portuguesa]. E eu sei que ele vai ganhar [Teló saiu de mãos abanando; “Querido Diário”, de Chico Buarque venceu a categoria, e Seu Jorge venceu em Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro]. Como surgiu o convite para cantar o tema de abertura da novela Salve Jorge? Quando o convidaram você sabia que a trilha ia ter duas inéditas do Roberto Carlos? Não sabia de nada não, amor. Eu simplesmente

ZECA PAGODINHO: parceiro que ajudou no projeto “casa própria da mãe”

queria cantar uma música em turco, porque eu canto em turco. Aí ofereci isso e a Paula Lavigne armou um encontro com a Glória Perez. Então foi você quem se ofereceu para compor? Na verdade, quem falou disso... [perde o raciocínio] Eu sabia que ia ter a novela, eu tenho uma relação forte com a Turquia, gosto de lá, canto em turco. Tanto que eu canto isso lá com uma galera: eu, Criolo, Mano Brown, uma turma. Junta todo mundo lá na casa da Paula [Lavigne] para fazer um som... Mais a Marisa [Monte], juntamos uma galera mesmo. É uma verdadeira sucursal da Nascimento e Silva [rua de Ipanema onde viveram Tom Jobim, Elizeth Cardoso e que ficou conhecida pelas canções da Bossa Nova que exaltavam composições que foram inspiradas ali], é muito bom. Junta todo mundo, vem a Fernanda Torres, o Caetano de vez em quando vai. Aí a Paula convidou a Glória para um jantar, chamou vários amigos e a gente mostrou a música na ocasião. Ela achou interessante, mas, entre tantas canções que tocamos , estava “Alma De Guerreiro”. Já existia uma ideia de fazer uma música pra São Jorge, que é um santo guerreiro. Aí veio a novela, eu sou Jorge, a novela é Jorge, o santo é Jorge, juntou a fome com a vontade de comer. O que achou de um grupo evangélico ter tentado um boicote à novela? Os evangélicos são fundamentalistas às vezes. E fundamentalismo é uma coisa que a gente quer afastar de qualquer forma do Brasil. O Russomano [Celso, candidato a prefeito de São Paulo nas últimas eleições] estava mandando nas pesquisas. No final, perdeu de lavada, não foi para o segundo turno. Por quê? Porque muita gente entende a gravidade que é esse fundamentalismo. Não é o evangélico, não é o pastor: Deus continua em alta, Deus continua sagrado. O que está sendo contestado é a postura das igrejas. www.billboard.br.com 27


GARY CLARK JR.: um cometa ascendente rumo Ă notoriedade internacional

BLUES EM TODAS

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Clark Jr. Garyto ca no /3/2013 SáBado 30

Formado no celeiro de Stevie Ray Vaughan e outras feras, o guitarrista e cantor texano Gary Clark Jr. mostra pontaria certeira em várias direções por Bonsu Thompson

AS CORES

Para olhos destreinados, parecia uma típica noite na casa de espetáculos Hotel Cafe. O guitarrista – e orgulho local de Austin, Texas – Gary Clark Jr. e sua banda saíram do palco depois de terem botado a casa abaixo, como costumam fazer. Mas aquela exibição no início de 2011 foi diferente, essencialmente mais uma audição do que uma jam session, uma vez que a plateia incluía alguns líderes do Warner Music Group – entre eles Rob Cavallo, presidente da Warner Bros. Records. Enquanto o público de pé, recém-acordado do transe induzido pelo wah-wah elétrico de Clark, aplaudia, gritava e assobiava entusiasmado, Cavallo se inclinava no ouvido de Elyse Rogers, vice-presidente sênior de turnês mundiais e desenvolvimento de artistas, para perguntar: “O que acha?”. “Acho que ele será um enorme sucesso no mundo todo”, respondeu Rogers. “Vou lembrá-lo de ter dito isso”, respondeu Cavallo. “Não vai precisar fazer isso”, respondeu Rogers. Quando Rogers relembra a história hoje, suas palavras pulsam com assertividade – porque Gary Clark Jr. é, de fato, um cometa ascendente rumo à notoriedade internacional. O músico de 28 anos, um bufê de rock’n’roll, R&B e blues, acolhe novos ouvidos e conquista os corações dos puristas. Alguns são colegas: Alicia Keys solicitou que Clark se juntasse a ela para seu baile beneficente anual, o Black Ball, em Nova York, no ano passado, depois exclamou no tapete vermelho: “Ele é tão especial”. Jay-Z concordou, assim como o presidente Barack Obama. Eles não estão sozinhos. Quem esteve em qualquer um dos grandes festivais americanos este ano, não importa qual o gênero – de Bonnaroo e Coachella ao Lollapalooza –, sabe como é ouvir Clark ao vivo. Ao longo de todo o ano de 2012, ele tocou em grandes festivais mais do que qualquer outro músico (em março, é atração confirmada no Lollapalooza Brasil). Foi proposital. Logo que assinou com a Warner, em dezembro passado, o método de trabalho da gravadora ficou claro. “Colocá-lo na frente do maior número possível de pessoas que sejam verdadeiros fãs de música”, resume Rogers. Um EP eletrizante, Bright Lights, foi lançado em agosto de 2011 para conseguir exposição (80 mil cópias até agora, de acordo com o Nielsen SoundScan), e o guitarrista caiu na estrada. Clark passou 75% dos últimos 18 meses fazendo turnê, algo de que não reclama. “Eu com certeza amo excursionar”, diz ele, apropriadamente, no aeroporto de Orlando, Flórida, esperando por um voo para fazer um show beneficente em Austin. “Este é o melhor modo para fazer isso – cair na estrada e ver o rosto das pessoas, em vez de lançar um single e torcer por um bom resultado.” www.billboard.br.com 29


fotos: Kevin Mazur/WireImage e Robert Knight Archive

JAY-Z e CLARK no festival Made in America, em setembro, na Filadélfia

A guitarrista JENNIFER BATTEN, sem o moicano: inspiração

O herói da guitarra teve entre suas inspirações uma guitarrista, Jennifer Batten, da banda de Michael Jackson. “Ela tinha um moicano enorme e tocava solos alucinantes antes de ‘Beat It’ começar” O sucesso foi construído por simples adição. A cada performance, a base de fãs de Clark crescia. Depois, com o começo de 2012, vieram alguns grandes destaques: ele foi convocado pela Casa Branca para tocar com B.B. King e Mick Jagger no evento Red, White and Blues; a EPSN uniu Clark a um de seus ídolos, o rapper Nas, para criar o tema da seleção da NFL de 2012; e a faixa-título de Bright Lights foi gravada para o videogame Max Payne 3. “Estou vivendo um sonho”, diz Clark. “Eu tenho a oportunidade de tocar sem fronteiras e as pessoas me aceitam. É uma excelente sensação.” O vício de Clark em música remonta a 1988, quando, aos quatro anos, ele viu Michael Jackson na turnê de Bad. Mesmo assim, não foi o próprio MJ quem abriu seus ouvidos. “Jackson tinha uma guitarrista, com um monte de luzes em cima dela, brilhando”, lembra. O nome da fera: Jennifer Batten. “Ela tinha um moicano enorme e tocou solos alucinantes antes de ‘Beat It’ começar.” Apesar de Clark ter tido contato com diversos instrumentos ao longo de sua infância, ele não adotou a guitarra até a sexta série. Logo ficou evidente que ele havia nascido para isso: tocou com grandes músicos do Texas como Jimmie e Stevie Ray Vaughan quando adolescente e até ganhou o Austin Music Award aos 17 anos. Por isso, não é de surpreender que a exibição assistida pelos executivos da Warner no Hotel Cafe tenha sido mais um êxito para o talentoso texano. Ele vem tocando Epiphones e Gibsons ao longo de metade de sua vida. “Eu tento não prestar atenção no papo de ‘fulano’ ou ‘sicrano’ estão na plateia”, diz Clark. “Não sinto pressão alguma depois que piso no palco. Ou eles gostam ou não gostam.” Mas a pergunta mágica é: será que as massas vão gostar do trabalho de Clark no palco? Não existe nada nas lojas atualmente que se equipare à versatilidade quase esquizofrênica de seu primeiro álbum completo, Blak And Blu, que foi coproduzido por Mike Elizondo (Dr. Dre, Fiona Apple). Como era de se esperar, 30 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

o álbum é uma mistura intensa de suas experimentações e influências. Sly Stone é saudado com a saltitante “Ain't Messin’ Around”; um pouco da vibe de Bill Withers vaza de “Numb”; influência de Smokey Robinson pode ser ouvida na ambiciosa “Please Come Home”. E há também faixas como “When My Train Pulls In”, na qual o jeito de Clark tocar talvez seja o mais próximo de Hendrix da geração atual. Mas o possível problema de Blak And Blu é o fato de a obra amorfa não se encaixar numa seção específica nos grandes varejistas. Que Clark é capaz de compartilhar um palco com qualquer artista, de Sheryl Crow e Eric Clapton a Ryan Bingham e The Roots, parece ser uma virtude indiscutível, mas será que tal alcance pode acabar atrapalhando? “Eu realmente não sei”, diz ele. “As pessoas dizem que eu atiro pra todo lado, mas não creio que isso possa me prejudicar. Isso só ajuda a atrair pessoas.” Por sorte, sua gravadora, a Warner, tem um longo histórico de roqueiros bem-sucedidos e focados na estrada, sendo o mais notável deles o duo Black Keys, que também têm o blues como referência (ainda que em outra concepção). A dupla formada por Dan Auerbach e Patrick Carney passou anos fazendo turnês em casas noturnas pequenas antes de finalmente colher grandes dividendos com seus sexto e sétimo álbum, Brothers, de 2010, e El Camino, de 2011 – que estrearam no Billboard 200 nas posições número 3 e 2, respectivamente – apesar de terem sido em grande parte ignorados pelas rádios tradicionais. A Warner prevê uma jornada parecida, porém mais rápida, para Clark. A ideia não é apresentar ao mundo o novo salvador do blues. Ele não tem tempo para esse tipo de definição e consequente cobrança: precisa tocar. E depois tocar mais ainda, como se sua vida dependesse disso. “Tem momentos em que penso: ‘O que estou fazendo? Dormir um pouco até que cairia bem agora’. Mas tudo bem. Eu tenho a oportunidade de sair por aí fazendo shows. Não poderia ser muito melhor do que isso.”

Lollapalooza Brasil SÃo paulo Data: 29, 30 & 31 de março Local: Jockey Club – SP Mais informações: www.lollapaloozabr.com


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Hasselblad

“Amo o Rio, amo o país, amo a música brasileira. Queria ver o que aconteceria se eu tocasse as minhas canções acompanhado por músicos brasileiros”, diz JESSE HARRIS sobre o álbum Sub Rosa


Fã da farofa carioca e à vontade no Baixo Gávea, Jesse Harris mostra que Norah Jones não é a única boa companhia em seu trabalho por José Flávio Júnior

Quem já foi a algum show de Norah Jones no Brasil sabe e compartilha a dica: “chegue cedo para ver o show de abertura”. Uma das cantoras mais bemsucedidas deste milênio, ela sempre vem ao país com a mesma atração para aquecer a plateia: Jesse Harris, autor de “Don’t Know Why”, canção que projetou Norah em 2002. Trazer Harris não é só uma forma de agradecer-lhe pela contribuição no início de tudo. É que, como o cantor e violonista de 43 anos fez muitos amigos nas vezes em que esteve aqui, Norah acaba se beneficiando de seu conhecimento local. Neste mês de dezembro, em que a dobradinha se repete em Porto Alegre (dia 12, no Teatro Araújo Vianna), São Paulo (15, no Via Funchal) e Rio de Janeiro (16, no Vivo Rio), não será diferente. “Eu a obrigo a me levar para a América do Sul”, brinca Harris, pelo telefone, de sua casa, em Nova York. “A verdade é que nos damos muito bem e nos divertimos muito no Brasil graças à turma que formei aí. Virou meio que ‘a viagem que a gente faz’, não um compromisso profissional”, completa. Após a última visita com Norah, em 2010, Harris achou que era o momento de realizar um sonho: fazer um disco no país. Gravado no Rio em 2011. “Eu amo a cidade, amo o país, amo a música brasileira. Queria ver o que aconteceria se eu tocasse minhas canções acompanhado por músicos brasileiros.” Harris fez amizade com Dadi, músico de 60 anos que integrou os Novos Baianos, A Cor do Som e tem sido o grande

parceiro de Marisa Monte em seus últimos discos. A partir dele, chegou em Daniel Carvalho, seu filho e sócio do estúdio Monoaural com Berna Ceppas e Kassin. Foi lá que as 14 faixas de Sub Rosa começaram a ir para a fita. Um personagem importante na confecção do disco é Maycon Ananias, pianista e compositor que acompanha Maria Gadú desde a turnê do primeiro álbum da cantora. O paranaense, natural de Sabáudia, cidadezinha de pouco mais de cinco mil habitantes (e que, segundo o verbete na Wikipédia, é lar do “ativista muçulmano Osama Bin Laden, entre outros heróis”), tocou em todas as faixas. No meio do processo, foi convidado por Harris para finalizar o disco em Nova York. Lá, ele ajudou nos arranjos e conduziu uma pequena orquestra em algumas músicas. Os dois já tinham sido parceiros em “Long Long Time”, presente no segundo disco de Gadú, que também assina o tema. Ananias elogia a generosidade do novo colega americano e se diz viciado em Sub Rosa. “O grande diferencial do álbum é que o Jesse só veio e pegou o astral, o clima da nossa música. Foi feito com a maior elegância, sem tentar necessariamente ser música brasileira”, observa. Décimo segundo álbum de Harris, contando com o lançado com a banda Once Blue na década de 90, Sub Rosa encanta justamente por essa aproximação ma non troppo da MPB. O cantor e compositor usa de

batidas e detalhes que o fascinam na bossa nova e no samba, porém sem pesar a mão e sem nunca sair do seu próprio elemento. Na discografia de Harris, que tem registros formidáveis como While The Music Lasts (lançado no Brasil em 2004) e o todo instrumental Cosmo (2010), Sub Rosa não soa como um trabalho alienígena. “O Jesse é muito criativo, além de ser um trabalhador da música. O cara se dedica mesmo às composições, com o maior afinco, afirma Dadi, que virou seu parceiro em “Rocking Chairs”. Com participação de Norah Jones, a canção se destaca no disco, assim como “It’s Been Going ‘Round” (em que Harris tenta imaginar como seria uma bossa nova tocada no pique de Ray Charles), “Tant Pis” (cantada em francês com outra estrela americana que ama o Brasil, Melody Gardot) e “Patchouli” (“sobre alguém que sai de casa, deixando para trás o materialismo e se ligando mais no meio ambiente, virando hippie”, segundo o autor). Harris conta que sua relação com os sons daqui começou ainda na adolescência. “Meu pai amava música. A primeira coisa que ele me mostrou do Brasil foram as gravações de fusão com jazz, tipo Stan Getz com Tom Jobim, Herbie Mann com Jobim. Mas ele ouvia muito Djavan também, especialmente o álbum Seduzir (1981). Aí eu passei para as compilações que o David Byrne fazia. Depois, escutei o Refavela (1977), do Gilberto Gil, e realmente www.billboard.br.com 33


me empolguei com a música brasileira. Mas foi só quando visitei o Brasil pela primeira vez, em 2003, que comecei a comprar vários discos que não encontrava facilmente nos Estados Unidos. Fiquei obcecado por música brasileira por um bom tempo. Foi como se eu nunca tivesse ouvido falar em Neil Young, Paul Simon e Joni Mitchell e, de repente, pudesse ouvir todos eles ao mesmo tempo”, relata. Um caso semelhante se deu com Josh Rouse, outro cantor e compositor americano de raro talento que ficou siderado com os ritmos brasileiros e inseriu alguns em suas canções. “Josh é meu amigo. A gente sempre conversa sobre essa coisa que temos em comum”, diz Harris. No Rio de Janeiro, o convívio com Dadi no começo de 2011 foi fundamental para sua aclimatação. O “muso inspirador” de “O Leãozinho” é quem conta: “Começamos a nos encontrar aqui em casa. Tocávamos um violão, gravávamos umas coisas de brincadeira. O Vinicius Cantuária mora em Nova

Corriola estrelada

York, mas tem uma casa na Gávea. Falei para o Jesse ficar hospedado lá, já que a casa está sempre vazia. Criamos esse núcleo e ficamos superamigos”. Numa saída para gravar O Que Você Quer Saber De Verdade, mais recente trabalho de Marisa Monte, Dadi lembrou do amigo gringo. “Quer gravar um violão no disco da Marisa?” Fã da cantora, Harris aceitou o convite imediatamente. O resultado está em “Amar Alguém”, uma das mais delicadas do álbum de Marisa. Dadi conta que Harris rapidamente virou uma pessoa independente no Rio. “Ele pegava a bicicleta e ia para todo canto. Ia caminhar na praia, tomava água de coco, almoçava no La Cigale [bistrô localizado no Leblon]...” Ananias revela outro encantamento de Harris: a picanha com farofa do restaurante Braseiro, no Baixo Gávea. “E sempre com ‘um chopinho, porrr favorrr’”, entrega, imitando o sotaque do chapa nova-iorquino. Com mais uma baciada de músicas prontas, Harris

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já faz planos para um novo álbum em 2013, com repertório baseado em voz e violão de náilon. “Se fosse comparar com algo brasileiro, diria que vai ser numa onda meio Jóia”, antecipa, citando o registro de 1975 de Caetano Veloso. O próximo lançamento coincidirá com o aniversário de dez anos da premiação que mudou sua vida, o Grammy de “música do ano” por “Don’t Know Why”. “Esse acontecimento me tirou do anonimato”, reconhece. “Eu já tinha feito vários discos. Nos anos 90, fui contratado da EMI com o Once Blue. Também já tinha lançado meus próprios álbuns. Mas ninguém me ligava querendo trabalhar comigo. Foi esquisito deixar de ser uma pessoa de que ninguém tinha ouvido falar para virar um artista premiado. Tive de lidar com muita pressão na época, mas foi excitante.” Com tantos estrangeiros buscando inspiração aqui, em breve Harris poderá concorrer ao Grammy Latino também. Já está na hora de ser criada a categoria “melhor trabalho de um gringo apaixonado pelo Brasil”.

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Estes são alguns dos músicos tarimbados que acompanham Jesse Harris em Sub Rosa 1-Dadi – o músico carioca toca em todas as músicas e coassina “Rocking Chairs” 2-Norah Jones – canta em três faixas, incluindo “Rocking Chairs”

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3-Maria Gadú – a paulistana canta discretamente em “I Know It Won’t Be Long” 4-Richard Julian – um dos compositores favoritos de Bonnie Rait e Randy Newman participa de “The Maiden”

6-Conor Oberst – voz do Bright Eyes e xodó da cena indie americana, ele canta em “I Won’t Wait” 7-Melody Gardot – a cantora americana gasta o francês em “Tant Pis” 8-Bill Frisell – o guitarrista que já acompanhou meio mundo faz a diferença em “It’s Been Going ‘Round”

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fotos: Tim Mosenfelder/Getty Images, Dimitrios Kambouris/wireimage, Tim Mosenfelder/Getty Images, David Redfern/Redferns via Getty Images e divulgação

5-Nick Zinner – o guitarrista do Yeah Yeah Yeahs está presente em “I Won’t Wait”

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RONNIE VON, em sua mansão, no Morumbi: “Minha carreira teria tomado um rumo diametralmente oposto se aquele disco mais psicodélico tivesse sido entendido na época”

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Príncipe Mesmo após sucesso de show com filho e de dueto com Bibi Ferreira, Ronnie Von quer distância dos palcos. Mas vem biografia por aí...

por José Flávio Júnior fotos Adriano Visoni

Ronnie Von não lança um disco desde 1996, quadro que não tende a mudar. Confortável como apresentador do Todo Seu, programa de variedades exibido diariamente pela paulistana TV Gazeta, o niteroiense de 68 anos alega não ter mais tempo para a carreira musical. Mesmo afastado dos palcos, causou comoção ao participar de um show do filho caçula em um café em Moema, há quatro meses. Foram duas noites em que Leo Von, de 25 anos, homenageou o pai cantando músicas de sua fase psicodélica, no fim da década de 60, entre outras gemas perdidas. O cantor/apresentador recebe Billboard Brasil em sua nova mansão no Morumbi. Da sala onde a entrevista foi feita, embaixo do dormitório principal, de módicos 140 metros, é possível avistar a quadra de tênis e ouvir o barulho de diversas aves que Ronnie cria em um dos jardins. As duas horas de conversa não são suficientes para repassar os 46 anos de carreira (musical e na TV) do cantor que afirma ter vendido dez milhões de discos – e batizado os Mutantes. Mas vem biografia por aí. Ronnie já começou os depoimentos para o livro que contará sua vida em detalhes. Só não há previsão de lançamento. A participação no show do seu filho foi algo pontual, isolado? Absolutamente pontual. Eu sabia que ele ia me fazer uma homenagem, um agrado no Dia dos Pais. Só que acabou virando um show mega, com pancadaria para

entrar, lotado. Era um show baseado no meu lado B, minhas coisas psicodélicas, as mais estranhas, avantgarde, com alguns hits costurando. Tem uma canção que gravei no começo dos anos 80 com arranjo do Cesar Camargo Mariano chamada “Visagem”, do Fagner e do Fausto Nilo. Tecnicamente, foi a coisa mais importante que gravei, mas ninguém tocou. Meu filho mandou essa e eu subi para cantá-la. Fiquei muito emocionado, tive de tomar água depois para me acalmar. Não há nenhuma intenção minha em seguir carreira musical agora. Se eventualmente gravo um disco, tendo de bancá-lo, não me olho mais no espelho. Não acho isso legal. Não depois de 46 anos de estrada. Música sempre foi a minha vida, não a minha sobrevivência. Devo tudo o que tenho materialmente e emocionalmente à música, claro. O complexo é que disco não vende mais. Se alguém investir tempo e dinheiro numa produção fonográfica comigo, o retorno vai ter de ser outro. Não tenho tempo para fazer shows. Ainda vai à sua agência de publicidade pela manhã? Vou duas vezes, trabalho de casa, sem o estresse do trânsito. Isso porque andei tendo uns piripaques. Tive um transtorno de ansiedade. Que se manifesta como? A sintomatologia é de problema cardíaco: pressão monumental, batimento de 160 em repouso, adormecimento do braço, enjoo, tontura. Fui internado quatro vezes no ano passado. Um dia, às três da manhã,

tive a mais absoluta sensação da morte. Virei para a minha esposa e disse: na gaveta tal está o documento tal, na outra está o documento tal. Ela, que já teve síndrome do pânico, me pediu para respirar e ligou para o cardiologista. Ele me receitou um ansiolítico. Dez minutos depois, eu estava normal. De manhã cedo, ele me ligou e disse que se eu não tinha um psiquiatra, me recomendaria um. Meu problema não era cardiológico, era transtorno de ansiedade. Você acha que vai morrer e começa a se sentir mal. E não tem nada a ver com o físico. O seu programa é assistido e elogiado por pessoas influentes, como o Silvio Santos. Nesse tempo todo de Gazeta, você não sofreu assédio para ir para outra emissora? Tive 14 propostas. Mas existem dois vetores. Um é a busca desenfreada pela audiência a qualquer preço, o que acho muito perigoso. Um programa em que você tem de mostrar desfile de travestis, peito de fora, escatologia, sangue, tem o seu nicho. Só que não é o meu. Não tenho talento para fazer isso. Outra coisa: alguns contratos que chegaram para mim diziam que a emissora teria o direito de sugerir pautas quando fosse de interesse da casa. Isso me assusta. Tudo que me chegou foi muito sombrio. Tenho o conforto emocional de trabalhar num lugar que me cobra qualidade, não audiência. As propostas mais atraentes que recebi vieram de TVs a cabo. Segundo os meus pares das mega-agências de publicidade, só tenho www.billboard.br.com 37


um concorrente: o cabo. Talvez não seja a hora de eu migrar. A única sedução possível é o dinheiro. Mas eu quero estar contente comigo mesmo. Vou fazer nove anos de Gazeta em 2013. Um cara de quase 70 anos não pode se dar ao luxo de cometer errinhos, de se arriscar. Tenho muito pouco tempo de vida útil, com muito para realizar, e já sei que talvez não dê tempo. Você acha que se beneficia do programa, já que, no campo musical, recebe muitos talentos da nova geração, o que te deixa atualizado com o que está rolando? Claro. A Ana Cañas declarou que deve parte da carreira ao meu programa. Adoro a Bruna Caram. Essa menina tem um Pro-Tools dentro dela, não semitona nunca. Fora as surpresas que a produção faz para mim. Eu tenho paixão pela Jane Monheit, a cantora de jazz americana. Um dia eu estou no camarim e essa moça bate na minha porta: “May I?”. Minhas pernas tremiam, comecei a gaguejar. O John Pizzarelli virou meu brother. Estava no programa cantando Beatles faz pouco tempo. E qual é o espaço que essa gente vai ter na TV brasileira? Sua relação hoje com a música é só de apreciador mesmo, não tem maiores pretensões? De apreciador e de agradecimento. À música eu devo tudo o que me aconteceu de bom. A minha geração foi a primeira a começar a ganhar bem com shows e discos. Nossos salários em televisão eram coisas absurdamente gigantescas para a época. Consegui ter uma vida correta, confortável, me dedicando às coisas que gosto, à literatura, à arte, viajando o mundo inteiro, conhecendo outras culturas quando minha carreira estourou lá fora. Isso tem um preço impossível de ser dimensionado. A música que me deu. Mas você não teve uma carreira convencional na música... Foi totalmente esculhambada. Sem nenhuma assessoria, sem ninguém para me dizer o que fazer. Isso te fez falta? Fez. Eu gostaria de ter tido uma carreira linear. Mas aí você poderia não ter feito carreira na TV. Mas eu apresento televisão há 46 anos. Meu primeiro programa, O Pequeno Mundo de Ronnie Von, foi em 1966. O Todo Seu é meu 13º programa. O país rotulador determina que você só possa ser uma coisa. Ou é cantor ou apresentador ou motorista de caminhão. Eu poderia confessar uma coisa aqui: gosto mais de apresentar do que de cantar. Sou um cantor medíocre. Não que eu seja um apresentador maravilhoso. Mas fico mais à vontade na TV. Você imaginava que um dia seus discos seriam redescobertos e valorizados? Nunca imaginei. Eu só era assessorado pelo departamento de vendas. Me sentia um ignorante. Um dia decidi me libertar desse jogo. Houve uma 38 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

“Se eventualmente gravo um disco, tendo de bancá-lo, não me olho mais no espelho. Não acho isso legal. Não depois de 46 anos de estrada” “Gosto mais de apresentar do que de cantar. Sou um cantor medíocre. Não que eu seja um apresentador maravilhoso. Fico mais à vontade na TV” “Quebravam meu disco em público. Na rádio, diziam que eu tinha jogado o dinheiro da gravadora fora. Que eu era um alucinado, um alienado, um débil mental. Não adiantava dizer que aquilo era uma tela de Magritte, que era um trabalho surrealista” “A minha geração foi a primeira a começar a ganhar bem com shows e discos. Nossos salários em televisão eram coisas absurdamente gigantescas. Consegui ter uma vida correta, confortável, me dedicando às coisas que gosto, à literatura, à arte, viajando o mundo inteiro, conhecendo outras culturas quando minha carreira estourou lá fora” “Nunca queimei um baseado. De medo. Tive um amigo no Rio que começou na maconha, passou para a heroína e acabou se jogando do décimo andar dizendo ser o Super-Homem”

mudança de diretores na minha gravadora e, por um mês, ela ficou acéfala, enquanto o Andre Midani não chegava dos Estados Unidos. Eu tinha uma obra a cumprir. Entrei no estúdio com o produtor Damiano Cozzella e arrebentamos. Na época, quebravam esse disco em público. Na rádio, diziam que eu tinha jogado o dinheiro da gravadora fora. Que eu era um alucinado, um alienado, um débil mental. Não adiantava dizer que aquilo era uma tela de Magritte, que era um trabalho surrealista. Alguns desses seus discos mais cultuados ainda não foram lançados em CD. O que deveria sair é o A Misteriosa Luta Do Reino De Parassempre Contra O Império Do Nuncamais, de 1969. Reeditaram a minha estreia, que eu odeio e deixei isso claro no texto do CD. É uma coisa muito equivocada. Eu queria aproximar a música erudita da guitarra elétrica. Ouvi “Eleanor Rigby” e achei sensacional. Só que aqui ninguém entendeu. Me botaram num estúdio com uma megaorquestra, com tudo o que eu queria: fagote, oboé, clarone, corne inglês. Só que eram músicas para dançar. Deu tudo errado. O segundo LP bombou por causa de “A Praça”. O terceiro, que tem “Pra Chatear”, o dueto com o Caetano Veloso, eu quis gravar com Os Mutantes. Esse é um disco muito maluco, feito com o produtor Rogério Duprat de cabo a rabo. Não vendeu nada, foi um fracasso. Os discos que eu mais gosto foram fracassos. O quarto é o mais maluco. No quinto, já tirei o pé um pouco, a pedido do Midani. Quando fiz “Viva O Chopp Escuro”, estava almoçando com ele num restaurante. A letra é literal. Uma pessoa foi atropelada na rua, bem na nossa frente. Daí vem o verso “Vamos todos viver a vida/ Pois ela acaba na avenida”. E sua fase romântica, do final dos anos 70? De certa forma, ela também está sendo reavaliada, já que o Otto gravou “Pra Ser Só Minha Mulher”. É, essa eu fiz para o Roberto Carlos gravar. Mas não tenho muita admiração por esse período. Estava seguindo a visão comercial da gravadora. Eles me viam como um cantor romântico, me chamavam de príncipe. Mas era um lugar-comum. Estava todo mundo nessa. Eu não gostava. E “Cavaleiro De Aruanda”, de 1972? Ah, dessa eu gostei! Foi a única gravação minha que tocou na Inglaterra. O Emerson Fittipaldi me ligou de lá para contar. Letra e música de Tony Osanah, meu parceiraço! Hoje, ele dá aula de música na Alemanha. Um argentino apaixonado por folclore brasileiro que acabou virando orixá, se meteu em umbanda. Tocou comigo durante 12 anos, foi diretor musical da minha banda. Eu o conheci em


O cantor lamenta não ter feito parte da Tropicália. Seu empresário achou que o movimento seria efêmero


1966, quando ele tocava nos Beat Boys. Eu que os apresentei ao Caetano, assim como apresentei os Mutantes a ele. Esses eram os meus amiguinhos. O Tony mora numa cidadezinha perto de Frankfurt, mas passa o Natal aqui comigo. Muita gente não sabe que o Arnaldo Saccomani, atual jurado do SBT, é autor de várias das suas músicas mais psicodélicas. O Arnaldo é extremamente criativo. É um compositor brilhante, mas enveredou pelo caminho da produção fonográfica. E o que é o mainstream hoje? É sertanojo, breganojo, sambanojo. A determinação das gravadoras é que ele faça disco com essas pessoas. Aí todo mundo acha que o Arnaldo é só isso. Essa não era a praia dele como compositor. O cara é um craque. “Anarquia” é dele. Nenhum censor sacou a intenção na época. Os militares já tinham começado a vir para cima de mim, por eu ter formação acadêmica. Fui chamado duas vezes para conversar com os militares por ter reclamado da aposentadoria dos oficiais na Jovem Pan, afinal, sou aviador. Uma vez me avisaram, outra vez me avisaram, na terceira mandaram me buscar. Achei que eles iam começar a esmiuçar as minhas letras. E eu comentei com o Arnaldo que minha vontade era sair pichando tudo, fazendo uma anarquia.

RONNIE VON: “Um cara de quase 70 anos não pode se dar ao luxo de cometer errinhos. Tenho muito pouco tempo de vida útil, com muito para realizar, e já sei que talvez não dê tempo”

Sempre disse que sou anarquista. Não gosto da direita, não gosto da esquerda. Aí, no dia seguinte, ele veio com “Anarquia” para mim. Agora ela é cantada pelo Mombojó, o que me devolve à juventude. Como você ficou sabendo do seu “redescobrimento”? Foi meu filho foi quem me alertou que minha obra estava sendo reavaliada. Primeiro, recebi uma publicação austríaca que colocava o meu quarto disco na lista dos melhores trabalhos psicodélicos de todos os tempos. Ele saiu na Argentina, na Polônia, na Inglaterra. Tudo pirata. Nem eu tinha cópia do disco quando isso começou a acontecer. Pipocaram várias comunidades no Orkut falando dessa minha fase rock’n’roll. Só não gostei muito de uma que dizia que eu era o primeiro emo do Brasil. Veio muita gente nova falar comigo, fizeram um tributo. A primeira banda que me procurou foi a Video Hits, do Diego Medina, lá de Porto Alegre. Isso foi em 2000. Fui para o Rio e gravei “Silvia 20 Horas Domingo” com eles. Acho que minha carreira teria tomado um rumo diametralmente oposto se aquele disco mais psicodélico tivesse sido entendido na época. Os Mutantes acabaram realizando as ideias que você esboçou, mas não conseguiu dar continuidade? A Tropicália, como um todo, fez isso. Até me envolvi inicialmente com eles, mas nossos empresários bateram de frente. Falaram que aquilo não ia dar em nada, que era efêmero, ia passar. Saí da Tropicália e me arrependo até hoje. A história de misturar eletrônico com acústico, que eu tanto buscava, estava ali. A Elis Regina me cobrava, dizia que eu fazia música de alienado, com guitarra elétrica. Ela sabia que eu gostava de jazz e blues. Só que eu adorava rock também. Chegou a ter aquela passeata contra a guitarra elétrica. O Gil estava lá, mas depois enfiou a guitarra no saco e foi para a guitarra. Ele entendeu tudo, foi a mola propulsora da mudança. “Domingo No Parque” é algo antológico. Não tentaram te impingir fama de dedo-duro na época do regime militar? Não. Eu fui censurado. Era da UNE. Tomava era borrachada. Mas você tinha um vínculo com a Aeronáutica, assim como o Simonal havia tido uma trajetória no Exército. Meu vínculo é que fui cadete-aviador da Força Aérea. O que aconteceu com o Simonal é que a esquerda o odiava. Eu fui solidário a ele em todos os momentos, assim como o Chico Anysio e o maestro Erlon Chaves. O Simoninha foi criado com os meus filhos, é padrinho de casamento da minha filha. Éramos vizinhos no Morumbi. O Simonal não tinha qualquer visão ideológica. Não estava aí para coisa nenhuma. Depois que ele morreu, fiz um documento com o Chico Anysio e mandamos para Brasília pedindo a reabilitação dele. Você gravou uma faixa para o disco natalino da Bibi Ferreira. Como foi isso? Ela me convenceu. E ainda pediu para eu escolher a música. Fui de “Ave Maria”, de Schubert. Bibi foi a única pessoa que conseguiu me fazer voltar a um estúdio e gravar. Disse que queria fazer um disco inteiro comigo. No meu programa, contou que queria que eu tivesse sido o professor Higgins, na versão de My Fair Lady que fez nos anos 70. Só que eu estava estourado na Europa com “Deje Mi Vida”. Você nunca usou drogas mesmo? Nunca. Aconteceu uma coisa quando conheci a Rita Lee, que era deslumbrantemente linda e beatlemaníaca como eu. O amigo que nos apresentou estava fazendo experiências lisérgicas e fui assistir a uma. Eu vi esse cara gritando, dizendo que estava saindo sangue da parede, que tinha um morcego o perseguindo pela casa. Vão achar que é mentira, mas nunca queimei um baseado. De medo. Tive um amigo no Rio que começou na maconha, passou para a heroína e acabou se jogando do décimo andar dizendo que era o Super-Homem. Tudo isso povoou minha adolescência. Por isso tenho pavor de drogas.


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foto: Ethan Miller/Getty Images

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BICHO SOLTO Depois do imenso sucesso na estreia, Bruno Mars lança o disco que sempre quis fazer e tenta equilibrar o status de darling pop com o de dono do próprio nariz por Pedro Só

BRUNO MARS: carta-branca da gravadora para fazer o segundo álbum do jeito que bem entendesse

de Los Angeles*

“Agora você vai ter the real Bruno. Sem vídeo”, brinca a assessora. Peter Gene Hernandez – nome verdadeiro do cantor – recebe a Billboard Brasil em uma suíte do hotel SLS, em Beverly Hills, no sexto dia de maratona para promover seu segundo álbum, Unorthodox Jukebox (lançado mundialmente em 11 de dezembro). Está cansado e, aproveitando-se do fato de se ver, finalmente, livre das câmeras e refletores (a maioria das entrevistas anteriores tinha sido para TV), esparrama-se na cama king jumbo superplus size que o faz parecer menor do que já é. É assim, na horizontal, que conversa por 40 minutos. Com simpatia e jovialidade que resvala na fanfarronice, o cantor nascido no Havaí há 27 anos ri sozinho várias vezes ao longo do encontro. Não é difícil entender por quê. Depois da platina dupla do álbum de estreia, Doo-wops & Hooligans, e de vender mais de 45 milhões de singles (dois deles, “Just The Way You Are” e “Grenade”, chegaram ao topo da parada Billboard Hot 100), Bruno Mars teve carta-branca do tradicional selo Atlantic (no Brasil, Warner) para fazer o novo disco do jeito que quisesse. Dois meses antes do lançamento, a Billboard americana saudou o trabalho com uma reportagem de capa intitulada “As canções de liberdade de B.M.”. Doze dias antes de nosso encontro, ele havia feito uma participação antológica no Saturday Night Live, não só como convidado musical, mas como “anfitrião” – multitarefa só confiada antes a blockbusters como Justin Timberlake, Britney Spears e... Mick Jagger. Bruno não tinha nenhuma experiência prévia como ator, mas sua performance como comediante agradou em cheio e, mais importante, rendeu ao tradicional programa da rede NBC a maior audiência do ano (leia mais no boxe à pag. 48). Um excelente indício de popularidade e do potencial dele para ser mais do que “o cara que canta parecido com Michael Jackson” na percepção do público médio. Intuitivo também como vocalista – “nunca tive aulas de canto ou preparador vocal, eu provavelmente deveria ter um, né? –, ele desafiou regras de marketing preparando um disco totalmente eclético. Tem pancadão sem esquadros (“Money Maker Her Smile”, com toque do produtor Diplo, adepto do funk carioca), reggae fora da linha “som digestivo” (“Show Me”, com efeitos dub), o baladão piano e voz “When I Was Your Man”, o funk oitentista “Treasure”, e uma legítima herdeira do trabalho anterior, “Young Girls”, com romantismo doo-wop e característicos “yous” com vocal yodel. www.billboard.br.com 43


“A gravadora sabia que, se eu não gostasse do que estava fazendo, não iria rolar. Então acertamos que seria do meu jeito, e tudo bem”


fotos: divulgação

PORÇÃO BLACK O single “Locked Out Of Heaven”, que chegou ao quarto lugar no Billboard Hot 100 (segundo lugar no Reino Unido), foi produzido em associação com o inglês Mark Ronson. O responsável pelo som retrô de Amy Winehouse (e também por discos de Duran Duran e Lilly Allen) acionou sua máquina do tempo para uma década menos distante, operando uma bateria eletrônica Lynn Drum, típica dos anos 80, na canção, um híbrido de rock com Jamaica que, todo mundo que ouviu diz, lembra The Police. Ronson saiu dizendo maravilhas um tanto quanto exageradas de Bruno, como se fosse seu mais novo BFF (best friend forever): “Esse cara vai revolucionar o som da música pop com este novo álbum”. A jukebox não ortodoxa do disco não tem nada de transgressora, mas apresenta elementos capazes de cortar o apelo “de oito a 80 anos” do jovem mestiço (mãe filipina, pai filho de porto-riquenho e judeu). “Moonshine” não tem nada a ver com o astro que inspirou seu hit “Talking To The Moon”, fala do destilado de milho feito de modo artesanal, com alta graduação alcóolica. “Eu, Ari Levine [parceiro de Bruno e de Philip Laurence no ‘time’ de produtores The Smeezingtons], e Mark Ronson tomamos um porre de moonshine. Eu nunca tinha bebido isso antes, e você fica num estado diferente de embriaguez. É bêbado em outro nível. A gente se divertiu muito e rolou a música. E uma ressaca monstra para todos, no dia seguinte.” Os três “motherfucker” espalhados pelo disco não preocupam Bruno, que é coautor de “Fuck You”, o hit de Cee-Lo Green que virou “Forget You” para tocar nas rádios americanas. “O de ‘Treasure’ é rapidinho, só pra divertir as pessoas”, minimiza. Bruno foi preso com cocaína em setembro de 2010 e, para ter a ficha criminal limpa, precisou pagar U$ 2 mil de multa e prestar cerca de 200 horas de trabalhos comunitários. É um assunto que ele claramente evita abordar, mas a nova canção “Gorilla”, a primeira que fez para este novo disco, começa com a frase “tenho um corpo cheio de álcool e o embalo da cocaína”. A letra fala, segundo ele mesmo, de “sexo animal”. “É sobre ser totalmente sem medos, sem inibições. Eu estava dizendo a mim mesmo quando compus: ‘Não pense no que vão pensar, não pense no rádio, faça o que você gosta, lembre-se de porque você começou na música... E traga a festa para a sua casa!’[risos].” Apesar de não ter tido a mais feliz das experiências em sua passagem pelo Brasil (sofreu uma intoxicação alimentar) em janeiro de 2012, Bruno não termina a entrevista antes de avisar que voltará em 2013. Mais para o fim do ano, provavelmente. “Quero ir quando começar a ficar frio aqui, vou para o verão de vocês.” Mas, se pintar convite para o Rock in Rio ou outro festival, antes, tudo bem. “Para qualquer coisa que me chamarem na América do Sul, eu tento dar um jeito de ir. Clubes menores, show na praia...” O vocabulário em português não é vasto, mas é significativo. “Obrigado e eu te amo. É quase tudo que você precisa dizer, né? [Risos] Se isso não funcionar [risos]...” Confira a seguir como foi a entrevista com o popstar deitado...

Conheça um pouco do que ferve no caldeirão dos sons híbridos do mestiço de filipina com porto-riquenho Ao longo de 40 minutos de entrevista, houve tempo para conhecer mais sobre o gosto musical que formou Bruno Mars, para além das lendas repetidas em todas as entrevistas (Michael Jackson, Little Richard) e de bacanas da composição como Randy Newman. Partindo do discofunk dos anos 80, influência da melhor faixa de Unorthodox Jukebox, “Treasure”, Bruno cita o grupo de synth funk Cameo (fundado nos anos 80, mas que só estourou na metade da década seguinte). Ao ouvir mencionado o nome do cantor Keith Sweat, ícone do R&B do fim dos 80 e começo dos 90, Bruno sai cantando “Right And A Wrong Way”: “You may be young bout you’re readyyyyy...”. E arremata: “Puxa, essa é a melhor frase de abertura para uma balada R&B”. Mas fica claro para quem ouve seu novo álbum: o espírito eclético/ misturador que Bruno persegue tem como mestre supremo outro baixote. “Prince pra mim é o melhor. Prince & The Revolution”, destaca, sublinhando a fase do ídolo. “Eles partiram do que os anos 70 tinham de bom, adotando a tecnologia que foi surgindo: novos teclados e sintetizadores como o Juno... A [bateria eletrônica] Lynn Drum, que era muito importante no som dele. Nós tivemos todos esses instrumentos para tocar e nos divertir neste disco.” Claro, dentro do panelão de influências e elementos que Bruno Mars usa em suas receitas, o lado black é só uma parte. “Existem um milhão de outros sons e estilos que fazem parte da minha personalidade”, exagera.

Entre as maiores influências de BRUNO no disco novo, Prince & The Revolution


malucos. E que é correto brigar para fazer o tipo de música que você quer, que é certo tentar ser diferente. Eu fiquei enojado com o lado business da coisa, sabe? Acho que essa foi a grande lição que ficou. Todo mundo tenta te dizer que tipo de negócio é esse, “os negócios”, “a indústria”, “a estratégia” etc. e tal. E eu era só um garoto tentando fazer música, compor. Chega a um ponto em que pode deixar de ser prazeroso cantar e se apresentar ao vivo. Por isso é que o meu novo disco soa do jeito que soa, por isso é que tentei trabalhar em estúdio de um jeito diferente do que tinha feito antes. Você gravou este disco do jeito que você queria, com as pessoas que você queria – um time bastante variado, eclético, com ritmos e padrões de produção variados. Acha que, se der certo, talvez possa ajudar a indústria a perceber que o mundo pop não é mais compartimentado assim, não é mais preto ou branco? Mudar as coisas, como disse Mark Ronson? Espero que sim. Estamos mais para o cinza, né? Eu sou todo misturado. Meus pais vêm de Porto Rico e das Filipinas, nasci no Havaí e moro na Califórnia há mais de dez anos. Sou um produto... do mundo. E a minha música tem esse sentimento. Por que eu deveria ser um rapper? Por que deveria ser um artista de reggae? O fato de ser mestiço me fez soar desse jeito, ou melhor, desses jeitos todos. Porque andei com certos tipos de pessoas que me influenciaram, porque ouvi determinados gêneros musicais, sem me prender. Como você compararia as relações entre seus parceiros na sua equipe de produção e composição, os Smeezingtons (nome adotado por Bruno, Philip Lawrence e Ari Levine) e as de músicos em uma banda? É bem o que somos, uma banda mesmo. Três caras que trabalham juntos e cada um tem seu papel. Eu tenho minhas forças e minhas fraquezas. Esses caras compensam essas fraquezas, consertam coisas, tornam tudo mais fácil.

bre ser so , al im an xo se e br so é ’ la il or ‘G “A música ições. Eu estava ib in m se , os ed m m se te en lm ta to s: ‘Não pense pu m co do an qu o m es m im m a o dizend faça o que o, di rá no e ns pe o nã , ar ns pe o no que vã ou nisso’.” eç m co cê vo e qu r po de se ebr m você gosta, le

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foto: Flanigan/WireImage

Você diz que odeia críticos, mas com este novo disco é possível que receba mais palavras amigas da parte deles... [Risos] Você acha? Fodam-se eles! [risos] Se alguns deles passarem a falar bem do seu trabalho, não há uma chance de rever essa posição? Eu não gosto de críticos. Sabe, é difícil pra mim entender o que um crítico é. Pra mim, o crítico é alguém que escreve. Não é? Eu sou um compositor, alguém que escreve canções, e tenho me saído bem até agora. Então, de escritor para escritor, como você vai dizer pra mim o que estou fazendo de errado? Eu tenho um público, tem pessoas que me apoiam desde o comecinho e que apreciam o que faço desde as minhas primeiras demo. É pra o meu público que escrevo canções e trabalho. E que me permite viajar o mundo inteiro, me apresentando em lugares como o Brasil, onde tive algumas das minhas melhores experiências no palco. Na Argentina, cantei na praia [em Mar Del Plata, concerto diurno], vendo as pessoas todas dançando na areia e se divertindo muito. Então quando alguém diz ou escreve que não gosta da minha música, sinto muito. “Sinto muito se você não gosta”, eu digo [risos]. Você mencionou, em entrevista recente à Billboard americana, que chegou a ouvir de um presidente de gravadora que sua música era uma porcaria (“your music sucks”). Já teve a oportunidade de encontrar esse cara depois de se tornar um artista de sucesso? [Tossida seca] Não. Sabe, eu nunca chegaria para esse cara e buzinaria algo do tipo “viu só como você estava errado”. Porque tudo acontece por um motivo, está nos desígnios de Deus. Havia um motivo pelo qual eu precisava passar por aquilo, sofrer essa rejeição. E é por isso que eu aprecio tanto [risos] o que tenho agora, porque já passei pelo outro lado. Essa rejeição o motivou a trabalhar mais duro ou de certa forma o inspirou, por raiva, a provar seu valor? Não. Mas eu diria que me inspirou a provar que eles estavam


BRUNO MARS durante um dos shows da Hooligans In Wondaland Tour, em S茫o Francisco, Calif贸rnia, em 8 de junho do ano passado


PICO DE AUDIÊNCIA Aparição no Saturday Night Live leva cantor a novo patamar de ídolo pop Apesar de acostumado a imitar Elvis Presley desde os quatro anos, quando cantava e dançava em um grupo com a família, no Havaí, Bruno Mars ficou supertenso antes de encarar o desafio de atuar em esquetes do mais tradicional programa humorístico americano. “Poderia ter sido um desastre [risos]. Mas foi uma das coisas mais excitantes e incríveis – ao mesmo tempo, exaustiva e aflitiva – que já fiz”, define. “Já considero difícil cantar e dançar num estúdio de TV, com uma plateia micro, tentar reproduzir ali o que em um show é totalmente espontâneo. Tem sido um aprendizado nos últimos três anos: você tem que se preocupar com o cara da câmera, a luz, a marcação... A gente vê e fica aflito porque eles perdem o melhor da ação muitas vezes – o momento certo do baterista na música, por exemplo –, mas o resultado nunca é ruim. Tenho que relaxar com isso.”

Durante a gravação, em 7 de novembro, de sua participação no Victoria's Secret Fashion Show 2012, em Nova York, exibido no início de dezembro pela ABC

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No SNL, as coisas evoluíram em poucos dias, como, por exemplo, as hilárias imitações que fez de Katy Perry, Justin Bieber, Steven Tyler, Billie Joe, do Green Day, e, claro, seu grande ídolo e referência, Michael Jackson.... “Seth Meyers [comediante americano, redator-chefe do programa] me sugeriu um esquete em que eu faria várias canções do Michael. ‘Cool, isso eu faço’, pensei. Mas em cima da pinta, porém, a coisa mudou para todas essas sátiras que eu nunca tinha feito antes, nem de brincadeira. Fui criando tudo na base da palhaçada mesmo.” Depois de aprovado com louvor, o trabalho maior para Bruno agora é recusar convites para participar de filmes e outros projetos do gênero. “Eu trabalhei tanto nesse disco e estou tão focado no meu show ao vivo, que não penso em atuar. Talvez algum dia...”

Partindo desse trio acostumado a se autoproduzir, não é complicado trabalhar com mais uma penca de produtores externos, como neste disco? Chamamos Diplo, Mark Ronson, Jeff Bhasker, Emile Haynie e The Supa Dups como se traz um novo guitarrista para a banda. Nós os desafiamos nessas bases: o que eles podem nos dar de diferente, para onde podem nos levar, para que limites que sozinhos não exploraríamos... Tem um quê de experiência científica nisso, poderia ter explodido na minha cara quando eu pensava estar brincando de montar a banda dos sonhos. Foi um risco, mas acabou dando certo. Ao mesmo tempo, nenhuma das faixas é dividida com outro artista, como virou praxe no pop e no rhythm & blues, em especial. O famoso “featuring” (“apresentando”), tão querido pela indústria, foi barrado neste disco. Por quê? No disco anterior, tive B.O.B. e Cee-Lo [Green], com quem já estava trabalhando antes, fizemos “Forget You”, ou melhor, “Fuck You”. E tive Damian Marley, ambos de uma maneira natural. Mas, para fazer este álbum agora, eu tranquei as portas, ficamos só nós no estúdio, e ninguém saía até que a canção estivesse terminada. Trabalhamos da maneira mais orgânica. O combinado antes de gravar era que você

iria entregar o disco pronto, exatamente do jeito que queria? Ou acabou acontecendo de ninguém da gravadora sugerir ou pedir nada? Não, eles sabiam que se eu não gostasse do que estava fazendo, não iria fazer. Então acertamos que seria assim e tudo bem. A ideia foi de trazer a festa para casa mesmo. Existe a ideia de que o tipo de música que embala o começo da sua adolescência, do seu despertar sexual, é aquele que fica pra sempre no seu coração. Você concorda com isso? Em que tipo de música você se ligava nessa fase da vida? Era muito R&B, Jodeci [quarteto associado ao estilo New Jack Swing]... Me lembro de ficar ligado nas garotas com uns 14 anos, e começar a dançar na escola, correr atrás delas. Para conseguir alguém, tinha que saber dançar. Ritmicamente, naquela época [anos 90], era tudo mais reto, tum-tum-tumtum, four on the floor, e você nem precisava dançar direito, era só pular. Não me interprete mal, mas o que fez minha cabeça, por ser ritmicamente mais intrincado, foi o que veio depois, as batidas do Timbaland [que começou a se destacar produzindo o cantor de R&B Ginuwine, em 1996] e dos Neptunes. E aí, já nos anos 2000, o funk que aparece em hits, como “Hot In Here” [Nelly] ou “I’m A Hustla” [Cassady com Jay-Z], com o som de Rick James e outros caras entrando numa receita atual.


FOTOS: Kevin Kane/FilmMagic e Dana Edelson/NBC/NBCU Photo Bank via Getty Images

Como foi que você acabou cantando “Ah, Se Eu Te Pego” (em inglês, como “Oh, If I Catch You”) ao vivo no Rio de Janeiro? No primeiro show, acho que foi em... São Paulo. Isso. Lá pelas tantas, a plateia começou a cantar e eu não sabia que diabo era aquilo, se era vaia, se era alguma das minhas músicas... Aí, depois do show, me disseram que era “Oh, If I Catch You”, e no dia seguinte eu cantei. Infelizmente, não pude aproveitar nem conhecer muito do país. Eu fiquei muito doente no Rio. Foi alguma coisa que eu comi no backstage. Passei muito mal. Me hidrataram, tomei injeções e consegui fazer o show, que foi legal, apesar da minha condição. Durante a audição do disco para a imprensa, aqui em Los Angeles, algumas jornalistas ficaram sensibilizadas, houve quem chorasse durante “When I Was Your Man”, uma canção romântica, do ponto de vista de um cara sensível que perde seu amor. Já em “Natalie”, você é o cara que fala mal da mulher que “tomou todo meu dinheiro”.... É assim que é a vida, né? [risos] São as experiências, né? Eu tenho outra música no disco chamada “Young Girls”, que no fundo é um blues, sobre como fico fazendo o mesmo erro sempre, é minha culpa, procurar amor no lugar errado. Depois de preso por posse de cocaína em 2010, você foi condenado a fazer mais de 200 horas de trabalho comunitário. Como essa experiência o afetou? Eu sempre fiz trabalhos assistenciais e beneficentes. Já há alguns anos, sempre que surgiu a oportunidade de levantar algum dinheiro para boas instituições cantando, eu ajudei. Mas que tipo de atividade? Visitar hospitais, trabalho de caridade. Quem teve a ideia brilhante de usar o MPC (bateria eletrônica bastante usada no funk carioca) que dá uma das assinaturas sonoras do hit “Locked Out In Heaven”? [Imita o som do gaguejar eletronicamente processado] Aquilo fui eu mesmo quem inventou de colocar. É a minha própria voz gravada. A gente ainda usa o MPC, que é uma coisa do hip hop que morreu. Mas no Rio, no estilo baile funk que o Diplo gosta, ele ainda é muito importante. É mesmo? Eu nunca fui muito expert em tecnologia. Então, uma vez que aprendo a usar um troço, sigo com ele. Por isso nunca deixei de usar MPC. E também porque sempre há um jeito de fazêlo soar diferente. Neste disco, experimentamos com sons que são incorretos, estranhos. Mas que o deixam num estado de espírito, passam uma certa crueza... Em todas as entrevistas, citam que você é muito baixinho... [Risos] Sim, sim... Voce sofreu bullying por isso na escola? Apanhou muito? Não, não, não. Não mesmo! [Risos] O único problema era como jogador de basquete [risos]. Qual é a sua altura? Tenho 5’5 pés [cerca de 1,65 metro – mas certamente é menos que isso]. Futebol, para mim, era o esporte mais difícil. Tinha que correr muito. Eu gostava de andar de skate. Puxa, mas se você não podia jogar basquete, nem futebol, nem futebol americano... É melhor que você saiba cantar, né? [risos] * O jornalista viajou a convite da gravadora Warner Music Brasil

No Satudady Night Live, cantar foi a parte mais fácil

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Você já foi à

Islândia?

Mais que exotismo gelado, o festival Iceland Airwaves mostra o melhor da música do país de Sigur Rós e Björk Por Luciano Vianna, de Reikjavik

a ndo pela ru Björk anda ar tr n co n E gur Rós show do Si m u a r ti is Ass e e um show a ao sair d ra boreal m ci a pr Olhar auro dido pela ser surpreen em um dia e sol, tu do e ev n , va Chu

Se você é fã de música islandesa, o melhor lugar do mundo no comecinho de novembro era Reikjavik, capital do país. Mesmo para quem conhece só algumas canções de Björk, a cidade que sedia o festival Iceland Airwaves também poderia ser uma opção inesquecível. Foram 230 bandas se apresentando ao longo de cinco dias em dezenas de lugares dos mais variados – do tradicional ginásio Laugardalshöllin, palco de um show do Led Zeppelin em 1970, passando por pubs, restaurantes, salões de baile, centro de convenção e até uma igreja. Mais de três mil turistas lotaram todos os hotéis, guest houses, albergues e casas de aluguel da cidade, movimentando a menor capital da Europa na maior edição do evento – que estreou em 1999 – até hoje. Era impossível andar pela cidade sem encontrar alguém carregando um instrumento ou turistas correndo para um novo show. A abertura, em 30 de outubro, chegou junto com o furacão Sandy aos EUA, o que obrigou os veteranos do pós-punk Swans a cancelar seu show. Nada que tenha sido um grande problema, porque a noite mostrou um verdadeiro best of da cena islandesa recente, com Prins Polo (algo como um Arcade Fire sem pretensões), Soley (a grande estrela feminina do festival, com suavidade arrebatadora), Sin Fang (um clássico local, com membros de diversas outras bandas da cena) e a eletrônica divertida do FM Belfast. Quinta-feira viu a chegada em peso de jornalistas, bandas e turistas americanos e canadenses, reféns do furacão e da grande sensação local, Of Monsters and Men. Com mais de 250 mil cópias

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vendidas de seu disco de estreia nos EUA, turnês lotadas e show marcado para o Brasil em 2013, no Lollapalooza, os novos heróis locais não decepcionaram diante de um público que cantava todas as músicas. Como um presente em casa, os fãs ainda ganharam uma versão de “Skeletons”, dos Yeah Yeah Yeahs. Antes, o grupo Leaves, que há alguns anos lançou um badalado álbum na Inglaterra, mostrou seu power pop ainda bem interessante. O Purity Ring apresentou sua eletrônica para uma galera em que se destacava Björk, dançando à vontade entre amigos. Uma das revelações do festival, porém, foi o Samaris, que arrastou bom público para sua mistura de EDM e trip hop, com formação das mais diferentes: cantora, uma clarinetista e um programador com laptops. Sexta-feira amanheceu com Reikjavik em estado de alerta. A rabeira do furacão Sandy tinha atingido a Islândia e ventos fortíssimos pareciam jogar as pessoas de um lado para o outro na rua. Nada que impedisse o vaivém do público em busca de novidades como o pianista clássico Ólafur Arnalds e sua música climática, ou os garotos do For a Minor Reflection, com uma raivosa mistura de post-rock e hardcore digna de deixar bandas como Mogwai orgulhosas pela influência. Na hora do almoço, o grupo americano Shabbazz Palace se juntou às moças do Thee Satisfacton para um show conjunto com hip hop, soul e batidas quebradas. Fim de tarde e uma das sumidades locais, Dr. Gunni (imagine uma cruza de Fabio Massari com Kid Vinil), tocou numa livraria para lançar um livro sobre o rock local, atraindo centenas de pessoas e canjas de astros do rock do passado, como o ex-vocalista e

Conselho de islandês: “Nunca fale com Björk; você não sabe qual pode ser sua reação”


OF MONSTERS AND MEN: a grande sensação local estará na próxima edição brasileira do Lollapalooza

SIGUR RÓS: som cinematográfico no primeiro show no país após longos quatro anos

fotos: Tim Graham/Getty Images, Matthew Eisman/WireImage

DIRTY PROJECTORS, atração principal do sábado: batidas quebradas com ecos africanos fizeram Björk dançar na plateia

parceiro de Björk no Sugarcubes, Einar Orn, que reviveu clássicos da sua antiga banda Purkurr Pillnik, uma das precursoras do punk local. À noite, foi a vez de uma das atrações estrangeiras mais esperadas, The Vaccines, que não decepcionou e teve músicas de seus dois álbuns cantadas em coro pelo público. Sábado chegou com pequena melhora no tempo e muita música. Foi o dia de maior programação, mais de 150 shows pela cidade. O grande barato do Iceland Airwaves é que você não precisa ter comprado o ticket para se divertir (foram esgotados todos os ingressos faltando dois meses para o evento), pois a programação de dia é gratuita e praticamente todos os artistas islandeses (exceto o Sigur Rós) e muitos estrangeiros fizeram shows grátis pela cidade. Depois de um dia de idas e vindas pelos palcos da cidade, veio o anúncio do cancelamento de uma das atrações mais esperadas, o grupo escocês Django Django, por doença de um dos integrantes. Impossível se decepcionar tendo pela frente o trio Daughter, com som suave que lembra Cowboy Junkies, encontrando seu refúgio ideal numa das igrejas católicas da cidade. Da calmaria à tempestade, haveria tempo ainda para a banda sueca I Break Horses mostrar seu shoegazer clássico e barulhento, ótima introdução para as batidas quebradas com ecos africanos dos Dirty Projectors. Principal atração da noite, o grupo americano também teve Björk dançando em sua plateia. A islandesa mais famosa foi quase onipresente no festival, aparecendo em diversos shows, sempre com amigos em volta e não sendo incomodada pelos fãs em nenhum momento. Afinal, uma das regras que você aprende dos islandeses é “nunca fale com Björk, você não sabe qual pode ser a sua reação”. Depois de uma noite caótica com milhares de pessoas rodando a madrugada pela cidade em busca de diversão, a cidade amanhece

A revelação islandesa SAMARIS: trip hop com momentos dançantes

Três mil turistas circularam pelas ruas de Reikjavik, a menor capital da Europa, ao longo dos cinco dias do festival

DICA QUENTE

no domingo em clima de ressaca, com poucos shows e todas as atenções voltadas para o islandesas Cinco revelações primeiro show do Sigur Rós no país após longos ube a conferir no YouT quatro anos. O local escolhido foi um ginásio no subúrbio de Reikjavik, com capacidade para dez • Ólafur Arnalds mil pessoas, onde o grupo desfilou grande parte • Samaris de seus hits e apenas duas músicas do novo disco, • Prins Polo Valtari. O palco com um grande telão circular • Soley ction de 180 graus dava a moldura perfeita para o • For a Minor Refle característico som cinematográfico do Sigur Rós. Foi um show para fãs que vieram do mundo todo e eles foram recompensados com músicas como “Ny Batterí” “Svefn-g-Englar”, “Hoppipolla”, “Glósóli” e a raramente tocada ao vivo “Hafsól”, do primeiro álbum, Von. Fim de show, a banda surpreende ao voltar para o bis avisando, em islandês, que iria tocar uma música inédita. “Brennisteinn”. Lenta, alta e raivosa, ela deu o clima ideal para o final de um festival onde, mais que as grandes atrações, o que importa mesmo é a sensação de, ao entrar num bar para tomar uma cerveja, poder descobrir um grupo de garotos que será a grande sensação do futuro. E se não for, quem mais se importa com isso?

iceland airwaves festival COMO IR: A melhor maneira é por Londres, de onde sai o voo mais barato, pela Iceland Express (http://www.icelandexpress.com).Com antecedência razoável, é possível comprar ida e volta por US$ 200. Pela Iceland Air, em grande estilo, os preços começam em US$ 400 ida e volta. ONDE FICAR: Reykjavik Downtown Hostel (Verstugata, 17) - Camas a partir de US$ 30 por dia em quartos coletivos com banheiro Center Hotel Plaza (Aðalstræti, 4) - Quartos duplos a partir de US$ 135 Icelandair Hotel Natura (Nauthlsvegur, 52) - Quartos duplos a partir de US$ 160

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Diatônica

por

André Kassu

O meu King favorito

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considero para caralho” no fim da noite. Vi o Grande Rei Albert numa noite em 1992. Poderia ser um de seus cavaleiros, poderia lutar por ele, não fosse o próximo nome da lista. Se eu tivesse que lutar por um desses Reis, lutaria por Freddie King. “Burglar” é a minha Excalibur, “Pack It Up” é o meu hino. Freddie é o meu King favorito, por mais profano que seja dizer isso quando B.B. King está na disputa. Seu reino não é o maior, mas é onde eu me sinto melhor. Tecnicamente era um guitarrista imbatível. Ele e Buddy Guy são os meus favoritos nesse quesito. Buddy que poderia muito bem ter um King no seu nome. A voz é poderosa, daquelas que derrubam um exército. E desde sempre ele apontava para o futuro. “Pack It Up” é um primor. É blues, rock, funk e tem as convenções mais intrincadas. É daquelas canções de calar a boca de quem acha que blues é simples. O Rei Freddie fez de mim um súdito fiel e a ele serei devoto por todo sempre. Por “Getting Ready”, por “Texas Cannonball”, pelo luxo de ter Eric Clapton na guitarra base. Na minha subida aos céus, troco as harpas pela guitarra de Freddie. No inferno já deve ter uma banda de blues boa, só peço que ele faça os solos. Conto com a clemência de B.B. e de Albert. Meu reino é de Freddie. Por ele, fui a uma encruzilhada na esperança da bênção de Robert Johnson. Aliás, pedir bênção a um sujeito que fez pacto com o diabo é pecado? Pouco importa. Preciso é entender que raios ele fazia com um band-aid da Hello Kitty.

André Kassu é diretor de criação da AlmapBBDO. E ao lado de Marcos Medeiros tem criado as campanhas publicitárias da Billboard Brasil. Já foi gaitista de blues, passou temporadas em Chicago aprendendo com os mestres e tocando com alguns deles. Dentre as grandes honras, gravou com Erasmo Carlos, tocou no especial com o Rei Roberto e abriu um show do Buddy Guy. É rubro–negro, daltônico, pai de duas lindas meninas.

Freddie King

B.B. King

albert king

fotos: Michael Ochs Archives/Getty Images, Divulgação e Charles Paul Harris/Michael Ochs Archives/Getty Images; andré kassu: divulgação

Caminho pela beira da estrada 61. Acho difícil que ele vá aparecer. É gente demais em volta. O lugar do pacto virou um ponto turístico. Penso que se ele apareceu para o Ralph Macchio, o Karatê Kid, por que deixaria de aparecer pra mim? Preciso da bênção do senhor de todos os blues. Na dúvida pelo ritual necessário, tento todos. Corto o dedo e deixo o sangue gotejar na encruzilhada. Acendo uma vela. Começo a tocar gaita na tentativa de evocar um trem. Nada. Já estava desistindo, quando eis que surge Robert Johnson em carne e osso. Ou quase isso. Eu: – Salve, salve, meu São Crossroads. Estou prestes a cometer um sacrilégio, preciso do seu aval. Ele está sentado numa cadeira, na mesma posição da sua foto imortal. Pernas cruzadas e chapéu. E me diz: – Sacrilégio? É comigo mesmo, malandragem. Manda a letra. Estranho ele usar uma gíria atual, mas beleza. Sigo: – Seu Robert, sabe o que é, o B.B. King não é o meu King favorito. Não é para ele que eu luto. Tem solução? Ele sorri: – Hmmmm, seu caso é grave, my son. Reza 15 “The Thrill Is Gone” e open um Jack Daniels pro Satã. Com B.B. King não se mexe. O Robert Johnson começou a falar como o Joel Santana. Evito comentar. Pergunto na mesma língua: – Only isso? Robert Johnson: – You didn’t need to cut o dedo. Quer um band-aid? E some. Andei até Clarksdale à toa. Faço um curativo no dedo. Band-aid da Hello Kitty? Porra, Robert! Putz, esqueci de perguntar se ele não ficou puto com o Steve Vai duelando com o Karatê Kid. Ele merecia algo melhor. Depois de cantar o hino do condado de B.B. King 15 vezes, crio coragem. São três os Kings do blues. B.B., Albert e Freddie. B.B. King é o dono do maior reino e do maior número de súditos. Nada mais merecido. Basta uma nota na guitarra para saber quem está tocando. Um estilo único que ajudou a fundamentar o blues no cenário mundial. Carismático, dono de uma voz que beira à perfeição, um showman como poucos. Meu primeiro contato com o Rei foi no disco Live At Cook County Jail, gravado em 1971. Escutava em loop. Está tudo ali. Todos os mandamentos para adentrar ao reino do blues. Sem trombetas anunciando, apenas Lucille. B.B. King é e sempre será o maior dos Reis. Albert King é o canhota de ouro da trinca. Trajando uma Flying V com as cordas invertidas, era capaz de dar aquelas notas que você sente na espinha. Para pisar no seu reino é preciso cantar o hino “Born Under A Bad Sign”. Mas para ser um súdito é preciso aprofundar-se no seu estilo. Harmoniza bem com o piso grudando de cerveja, shots de whisky e aquele clima “te


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da alma por Filipe Albuquerque* movimentações do som gospel

novos ares

Fora da caixa

É como uma volta ao passado, ou o encerramento de um ciclo para o início de um novo. A música cristã – ou gospel – produzida no país segue a corrente e ensaia arrancar de dentro de si algo que ficou estacionado ali entre o final dos anos 80 e início dos anos 90. Com mais frescor e menos amarras religiosas do que no passado. Hoje, Palavrantiga, Tanlan, Crombie, Os Oitavos, Hélvio Sodré reprocessam o que gerações anteriores da música evangélica nacional tentaram e não conseguiram: a transcendência. Agora, sem medo de citar influências que passam por U2, Coldplay, Strokes, Bon Iver, Foo Fighters e Los Hermanos e vão a Nelson Cavaquinho, Jorge Ben Jor e Moraes Moreira. Estes artistas sinalizam uma “terceira via” do som cristão jovem, com vontade de subir nos palcos que lhes abrirem as cortinas, sejam ou não sejam ligados à fé que defendem. Tudo isso com o auxílio mais do que luxuoso de duas majors que entraram de vez no mercado: Sony Music e Som Livre. Há uma porta que se abre entre dois universos, que dialogaram algumas vezes, sem consolidar um intercâmbio maior. Maurício Soares, diretor-executivo do braço gospel da Sony Music, enxerga toda uma vertente diversa. “Acho que realmente a música cristã no Brasil está buscando uma nova identidade. Para esse novo estilo artístico, dei o nome de ‘nova música cristã brasileira’, que reúne uma turma cristã com propostas artístico-musicais bastante diferentes do que estamos habituados no meio. As letras falam de assuntos além dos tradicionais abordados na música tradicional evangélica.” O executivo destaca a banda Tanlan, do cast gospel da Sony, que em suas excursões encara palcos de bares, festivais alternativos e evangélicos. “Fazem música e são cristãos... há uma singela diferença nisso tudo e creio que este crossover poderá ser uma tendência para a música cristã para os próximos anos.” Formada em 2005, a Tanlan defende sua música como um reflexo da visão de mundo dos integrantes, sob a ótica do cristianismo, “utilizando a linguagem do rock moderno”, atesta o baterista Fernando Garros. “Não fazemos música cristã nem gospel. Fazemos música, como qualquer outro artista.” Na

TANLAN: sem medo de citar influências como Doves, Foo Fighters e o rock inglês dos anos 90

marcos castro/imaginar design

cartilha de influências, os gaúchos citam Doves, Foo Fighters e o rock inglês dos anos 90. Um Dia A Mais, lançado pela Sony neste ano, é a carta de intenções da banda: redemoinho de guitarras e letras que sugerem a crença em algo maior, sem explicitar detalhes da religiosidade. Garros credita o livre trânsito em qualquer palco e com públicos diferentes à postura da banda de não se fechar no contexto religioso e de ir além nas referências estéticas. “O problema é que no meio evangélico existe ainda muita resistência a isso. Em muitos momentos, você tem a impressão de estar vivendo numa bolha: só escuta música evangélica, só lê literatura evangélica, até usa roupa evangélica. Não é isso que faz de você um seguidor de Cristo.” Marcelo Soares, diretor-geral da Som Livre, compartilha da ideia de que a conexão da música cristã com o pop secular vai se dar por esse novo perfil de artista. Para ele, a tradição da Igreja Evangélica em revelar bons cantores e instrumentistas joga a favor de uma geração que não quer pregar apenas para convertidos. Ou pregar como obrigação. “Esse é o caminho natural”, afirma Marcelo. “A diversidade e a qualidade na música religiosa são muito grandes [...] E com o tempo, esses artistas de alta qualidade tendem a conquistar novos terrenos e novos públicos, sem perder a honestidade de sua mensagem.” Marcelo veste a camisa da Palavrantiga, que assinou com a Som Livre e lançou este ano o álbum Sobre O Mesmo Chão: “Para mim, um dos melhores discos de rock do Brasil”, vibra. Lançado no mês passado primeiro na loja virtual iTunes, ficou entre os três mais baixados em menos de dois dias após ir para a rede, atrás apenas de Roberto Carlos e Maria Rita. PALAVRANTIGA: álbum lançado em outubro Ele acredita que a livre circulação de chegou a ser o terceiro mais baixado no iTunes, atrás apenas de Roberto Carlos e Maria Rita artistas do meio gospel entre o público de

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música não evangélica deve ser ampliada diante de uma tendência de redução de preconceitos. “Em meio a isso, vão sempre existir artistas mais ligados ao núcleo do discurso formal e tradicional, enquanto outros vão experimentar uma linguagem nova e mais moderna.” Palavrantiga é uma banda jovem, apesar do nome. Na estrada desde 2008, traz nos bolsos das camisas xadrezes referências de Strokes, Coldplay, Travis e alguma coisa de Los Hermanos – há algo de Rodrigo Amarante na voz de Marcos Almeida – mais elementos da MPB no som; o samba entre eles. Marcos dispensa a dicotomia mercado gospel ou mercado “secular”. “Quem trabalha com esses maniqueísmos está, sim, reforçando os muros. Não faz sentido”, comenta, sem perder a ternura. “Ainda mais se pensarmos que a experiência do Evangelho nos permite enxergar o mundo sobre um único chão de dádiva e beleza.” Assim como a Tanlan, recusa rótulos religiosos. Para defender a postura da banda, cita intelectuais brasileiros como Sérgio Buarque de Hollanda e Darcy Ribeiro, que derrubam a ideia de um único Brasil com o conceito de “brasis”. E a novidade que ela pode representar para o segmento. “Não fazemos da nossa mensagem um fator de distinção estilística. Utilizamos parâmetros musicais para fazer distinções musicais. É por isso que nos sentimos mais à vontade com o termo ‘rock nacional’.”

ricardo bess/divulgação

Para além de rótulos e segmentos, artistas evangélicos buscam circular livremente no pop brasileiro


RODOLFO ABRANTES: a transformação de maior impacto

Alguns nomes do cenário musical brasileiro se tornaram cristãos. A transformação mais impactante talvez tenha sido a do ex-Raimundos Rodolfo Abrantes, que largou a loucura da estrada e os aditivos químicos pelo rock cristão. Em julho deste ano, lançou RABT (Rompendo A Barreira Do Templo), seu quarto álbum solo. O violonista Baden Powell, um dos principais instrumentistas da bossa nova e parceiro de Vinicius de Moraes nos afrossambas (sambas com elementos do candomblé) se tornou cristão pouco antes de morrer, em 2000. O mestre da malandragem Bezerra da Silva, morto em 2005, trocou, em 2001, a filosofia dos morros pelos bancos de uma igreja. Regis Danese, ex-Só pra Contrariar, é hoje um dos maiores nomes do gospel nacional.

Experiências há duas décadas

Foi na virada dos 80 para os 90 que jovens retomaram uma ideia surgida nos Estados Unidos dos anos 60, com ecos no Brasil da década de 70, de inserir pop em músicas religiosas. Nos anos 70, Vencedores por Cristo, Grupo Elo, Som Maior e outros levaram eletricidade a cânticos evangélicos, mas permaneceram intramuros. Nos fim dos 80, Rebanhão, Katsbarnea, Oficina G3, Actos 2 e Resgate ameaçaram pôr o pé para fora das igrejas. Mas, engolidos por maneirismos e por certa precariedade de um cenário ainda em construção, acabaram restritos a igrejas, eventos cristãos e FMs do segmento. Nos EUA, nomes mais recentes da cena cristã como Sixpence None the Richer, Paramore, Mutemath, Anberlin e Switchfoot atravessaram a arrebentação rumo ao mar aberto do cenário pop convencional – algumas delas, como Anberlin e Switchfoot, ainda são vistas também em festivais cristãos. No Brasil, a banda carioca Catedral assinou com a Warner em 1999 e por um breve período esteve no pop secular. A banda hoje está no elenco da gravadora gospel Line Records.

do rei ao rei

De Elvis a U2

Elvis Presley foi talvez o artista pop que mais se achegou à música religiosa. Sua aproximação com o Todo-Poderoso ficou registrada em álbuns gospel marcantes. His Hand In Mine (1962), How Great Thou Art (1967) e He Touched Me (1972) são alguns dos discos do rei dedicados ao Rei. Em 1978, Bob Dylan se tornou cristão e se juntou a nomes fundamentais do segmento, como os músicos Larry Norman e Keith Green. A fase durou até 1981 e rendeu três álbuns: Slow Train Coming (1979), Saved (1980) e Shot Of Love (1981). Um dos muitos pais do rock, Little Richard se converteu pela primeira vez em 1958 e chegou a se tornar pastor de uma igreja adventista. Até o Kiss, que por anos teve sua imagem associada ao capiroto, registrou uma versão de “God Gave Rock'n'Roll To You”(da banda inglesa dos anos 70 Argent) no álbum Revenge (1992) e na trilha sonora do filme Bill e Ted: Dois Loucos no Tempo (1991). Mas, de todos os nomes do pop, o mais ligado ao universo cristão é o U2. As referências à fé cristã estão espalhadas pela obra da banda irlandesa. Bono, The Edge e o baterista Larry Mullen foram colegas de um grupo de estudo bíblico na adolescência. Bono chegou a confessar que a letra de “I Still Haven't Found What I'm Looking For”, de The Joshua Tree (1987), se refere à sua busca pelo Espírito Santo.

divulgação

CATEDRAL: uma pitada de pop nas músicas religiosas

Presente de Natal

A aproximação de ídolos da música pop com a religião costuma acontecer também na data mais cristã do ano. O Natal se tornou interessante para o lançamento de álbuns especiais, tanto pela simbologia da comemoração quanto pela possibilidade comercial. Dylan gravou Christmas In The Heart, em 2009. Em algumas décadas, entre 1963 e 1969, os Beatles gravaram uma série de compactos natalinos disponíveis apenas para o fã-clube da banda. John Lennon, acompanhado da mulher Yoko Ono, gravou o clássico “Happy Xmas (War is Over)”, que ganhou versão em português gravada pela cantora Simone, com o nome de “Então É Natal”, e disputa com “Jingle Bells” o posto de mais executada nas festas da época. Natal Bem Brasileiro (2008) da Biscoito Fino, reuniu gravações de Vinicius de Moraes, Maria Bethânia e Elba Ramalho, entre outros nomes. ELVIS: o artista pop que mais mostrou intimidade com a música religiosa

divulgação

divulgação

De Baden Powell ao ex-Raimundos Rodolfo

*Filipe Albuquerque é jornalista e acompanha a música cristã desde o início dos anos 90. Passou por Veja, Valor Econômico e revista Jovem Pan; atualmente é repórter do Portal R7. www.billboard.br.com 55


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George Craig

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Além de ser líder da banda inglesa de indie rock One Night Only, o estiloso cantor tem vários atributos que contribuem para a fama de garoto cool que o leva a estrelar campanhas importantes do mundo da moda. George Craig foi, por exemplo, o modelo da renomada grife Burberry, ao lado da atriz e ex-namorada, Emma Watson. O estilo despojado e moderninho do cantor costuma servir de inspiração para homens que curtem moda e, claro, para arrancar suspiros da mulherada dentro e fora dos palcos. O cabelo compridinho e bagunçado destaca os “inocentes” olhos azuis e é sua marca registrada. Sempre imprimindo muita personalidade aos looks, Craig é fã de misturas hi-low e adora combinar uma camiseta “podrinha” e divertida com um belo e elegante blazer de alfaiataria. Mas não dispensa a sofisticação dos sapatos de grife e peças bem cortadas de tecidos refinados.

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Ashlee Simpson Irmã mais nova de Jessica Simpson, a cantora, atriz e fashionista americana ganhou destaque em 2004 ao participar de um reality show que mostrava a gravação de seu primeiro álbum, Autobiography. Ashlee nunca aceitou ficar na sombra da irmã e buscou diferenciar-se por meio de seu pop-rock e da maneira moderna de se vestir. Por conta do seu estilo high-low elegante, que une achados vintages às últimas tendências das grandes grifes, tornou-se um ícone da moda. Ao contrário de Jessica, Ashlee foge do gênero sexy e prefere peças com modelagens mais elaboradas e acessórios sofisticados, como it-bags e sapatos ultrafemininos. A garota de 28 anos não tem medo de encarar as tesouras e adora mudanças radicais. E o guarda-roupa muda com a mesma frequência do corte das madeixas. No começo da carreira, apresentava um visual meio punk, com roupas escuras. Agora, mais madura, adora misturar tendências e não dispensa uma calça skinny e blusas larguinhas. Óculos XXL dos mais variados completam e dão um charme extra a seus looks. À noite, preza a feminilidade e elegância dos vestidos tipo lápis, transparências delicadas, rendas, silhuetas cilíndricas, scarpins e joias clássicas.

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música&moda

por

Isadora Lopes

Inspirada na liberdade de expressão e no romantismo da década de 70, a tendência “boho”, que mistura diferentes estilos, cores, padronagens e texturas, chega com força total neste verão. Mais do que bordados, franjas, rendas, florais, estampas étnicas e peças soltas, esse termo, que vem da junção das palavras boemia e hippie, reflete um comportamento que preza a autoexpressão e solta as amarras na hora de se vestir, uma tendência que começou em 2003/ 2004, quando algumas fashionistas resolveram misturar estilos em um mesmo look. A boemia chique é a cara do verão em Ibiza e serviu de modelo nas passarelas internacionais dos desfiles de Roberto Cavalli, Etro, Bluemarine e Diane Von Fürstenberg. Está presente, ainda, em inúmeros e copiadíssimos looks de street style das it

girls mundo afora. Sienna Miller, Kate Moss, Nicole Ricchie e Margherita Missoni são algumas adeptas desse estilo romântico e propositalmente “largado” de combinar sem medo peças de brechós com produtos de grife e roupas populares. O guarda-roupa de uma boho do século 21 é um verdadeiro acervo de peças compradas em viagens exóticas, heranças da vovó, roupas de grife e customizadas. Nada de regras ou padrões preestabelecidos. A ordem para uma produção boemia é a liberdade. Inspire-se nos looks dos festivais de música como o Coachella, na Califórnia, onde a tendência boho é o dress code das belas e famosas, e expresse sua personalidade por meio de uma moda despojada, leve e sem estereótipos — a cara do verão. Peace and love!

Christopher Polk/Getty Images

Verão em clima largado chic

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Astrid Stawiarz/Getty Images

Em um evento de moda em Los Angeles, a cantora sueca LYKKE LI apostou em uma produção boho com pegada étnica. Para completar, máxi clutch e sandálias com meias.

Michael Kovac/Getty Images

Durante um desfile no Lincoln Center, em Nova York, a cantora dinamarquesa OH LAND combinou um vestido de renda com cara de brechó com sapatos masculinos e uma bolsa tipo “carteiro” na cor pink vibrante.

Com certeza VANESSA HUDGENS chamou a atenção com esse dress code boho na edição 2012 do Coachella Music Festival, na Califórnia. O acessório de cabelo com flores deu um charme extra aos fios longos e ondulados da cantora.


Em sua coleção primavera-verão 2013, a estilista belga Diane von Fürstenberg apostou Roberto Cavalli também se inspirou nas em batas soltinhas ao estilo oriental com micro culturas orientais e apresentou uma coleção de shorts de couro e megaplataformas. verão boho-chic em seu desfile em Milão.

/Getty Images

A estilista e editora de moda russa ANYA ZIOUROVA circulou pelas ruas de Milão com um look boho muito sofisticado.

Venturelli/WireImage

Elena Braghieri/FilmMagic

Nas ruas

Vittorio Zunino Celotto/Getty Images

Frazer Harrison/Getty Images

Nas passarelas

Stephen Lovekin

Jon Kopaloff/Film

Em um evento de gala em Los Angeles, FLORENCE WELCH, líder da banda Florence and the Machine, arrasou com um penteado boho-chic de tranças. A cantora e atriz JOSEPHINE DE LA BAUME destacou seu rosto delicado e madeixas cor de cobre com uma coroa de flores estilo hippie, na semana de moda de Nova York.

Magic

Iluminadas!!!

MARGHERITA MISSONI, herdeira da marca que leva o nome da família e “embaixadora da tendência boho”, usa um vestido longo turquesa e flores no cabelo em um evento em Milão.

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closet

A força do essencial

De volta com Piano & Voz, Nico Rezende lembra, com humor, a moda da época, mas reconhece as boas lições oitentistas Mariana Sewaybricker por

O ano era 1987. O Brasil conhecia, naquele momento, o hit “Esquece E Vem”, canção que inaugurava a carreira solo de Nico Rezende e parte da trilha sonora da novela O Outro, da TV Globo. Dessa época, o músico, que passou os últimos dez anos compondo trilhas para publicidade, guarda boas lembranças ligadas aos camarins do programa Cassino do Chacrinha e aos figurinos bizarros da década. “Ah, aquela coisa new wave, os topetes, cabelinho mullet... Cheguei a fazer uma capa de disco assim. Hoje a gente olha e dá risada, né? Ainda bem que passou”, brinca ao relembrar a calça colada e as ombreiras que faziam sucesso em frente às telas. Hoje, o paulistano que adotou o look – e o sotaque Óculos HB

– carioca, diz que prefere chamar menos atenção. “Meu estilo é despojado total. Gosto de bermuda, camiseta, óculos de sol... Não curto camiseta polo”, explica, garantindo que essa simplicidade de estilo se estenderá à nova etapa de sua carreira. Nico está lançando o disco Piano & Voz, releitura minimalista de seus 25 anos na estrada. “É um disco muito simples, feito sem retoque nenhum. Essa época atual é a era dos retoques, da afinação eletrônica de voz, então quis fazer uma coisa meio assim ao vivo no estúdio.” Com versões nuas e cruas de seus antigos sucessos, o compositor espera encantar as novas gerações, agora sem constrangimentos pelo figurino. Camiseta

“Ele é bem básico. E eu gosto porque é apertadinho, então eu posso usar também como tiara, pra segurar o cabelo. Acabo usando pra tudo, inclusive pra correr.”

“Foi a minha mulher quem me deu... A gente estava passeando pelo Pelourinho [Salvador] e eu adorei aquela foto, adorei a camiseta. Eu gosto muito de usar, às vezes faço show com ela. Mas procuro até lavar pouco, porque eu tenho medo de gastar [risos].”

Relógio esportivo

FOTOs: LUCIANO OLIVEIRA

“Foi um presente da minha mãe. É um Speedo esportivo para nadar, bem levinho.”

Tênis All Star

Flauta transversal Eagle

“Eu só uso esse tipo de tênis, tenho uma coleção... E, por acaso, eu uso o mesmo número que a minha esposa, então ela vai comprando e a gente vai trocando. Tenho vermelho, roxo...”

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“Escolhi porque é um instrumento que eu toco. Acho muito bonito...” 2013


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billboard INFO-TREND

j o d r i

MODA FESTA Criada com o objetivo de trazer ao mercado de moda vestidos atemporais, com caimento perfeito e acabamento impecável, a Jodri tem, em seus modelos feitos em renda, seda e crepe, que seguem uma paleta clássica que passa pelo off white, preto, nude, metalizados e transparências, muito do que as grandes artistas da música internacional usam em suas aparições nos tapetes vermelhos. A cantora country Taylor Swift, por exemplo, com seu estilo romântico, usa e abusa de

vestidos curtos rendados, principalmente em preto e cores claras, e muitas vezes com transparências. Lea Michele, estrela do seriado Glee, é outra adepta do visual clean e das rendinhas. Até Rihanna, conhecida por seus looks extravagantes, já cedeu aos encantos das peças rendadas e usou um vestido preto num réveillon – com um decotão, é verdade. Seja com brilhos, cavas, fendas, mangas longas ou curtas, um ombro só ou duas cores, a renda é sempre uma ótima alternativa para celebrar a noite, onde quer que você esteja. Cheers!

Vestido de paetês com detalhes em tule transparente Vestido de renda preta e forro cor da pele, com mangas e costas de tule transparente com renda aplicada à mão

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Vestido de renda branca com decote profundo nas costas

Vestido de paetês com detalhes de renda e tule transparente


Vestido de crepe branco e renda preta Vestido com busto de seda e renda e saia de paetês

Vestido de paetês pretos, com aplique bordado em cristais transparentes da famosa tecelagem Jakob Schlaepfer. Detalhe de tule transparente cobrindo todo o decote das costas

Vestido de renda com forro cor da pele e tule ilusion nas laterais

Vestido de crepe branco

Vestido de renda francesa com forro cor da pele

A JODRI está presente em 14 estados do Brasil e possui mais de 50 pontos de venda, além de uma flagship localizada na Rua Peixoto Gomide, 2.004, Jardins, São Paulo. Tel. 11 3063-1430/ 30622202 www.jodri.com.br www.billboard.br.com 63


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2013 feliz

Dicas de presentes para surpreender e garantir a trilha sonora do Natal e do próximo ano inteiro

leve zeppelin

Um novo sistema de áudio com dock para os produtos da Apple chega ao Brasil pelas mãos da Som Maior, distribuidora no país da Bowers & Wilkins. O Zeppelin Air – novidade que se junta à versão original e mini – é considerado o primeiro reprodutor com a tecnologia Apple Airplay, que permite a transmissão wireless para o dispositivo das músicas armazenadas em computadores, iPod Touch, iPad, iPhone (inclusive o cinco) ou do gerenciador de mídias iTunes. Liberdade total, já que os brinquedinhos da Apple só precisam ser acoplados à dock para recarregar a bateria. Custa R$ 2.999 e pode ser comprado diretamente em www.lojasommaior.com.br.

SOM DE GRIFE

Já faz algum tempo que os fones de ouvido deixaram de ser meros acessórios eletrônicos e se tornaram parte importante do street style. Pensando nisso, a Monster colocou no mercado o Vektr On-Ear Headphones, criado em parceria com a Diesel, que agora pode ser adquirido também na cor branca. Além do estilo assinado pela famosa grife, o fone traz a qualidade de áudio da Monster, assegurada por um driver revestido por titânio e por almofadas auriculares com vedação acústica. Eles vêm com um case especial e podem ser comprados no www.monsterproducts.com por US$250.

A Sennheiser chega ao final do ano cheia de novidades em fones de ouvido. Uma delas é a versão HD419 (R$ 299), que ostenta design leve e confortável, acústica bass enhancement, que garante graves acentuados, e conchas fechadas com isolamento acústico mesmo com volumes baixos. Graças ao conector P2 e ao adaptador P10, pode ser usado em diversos tipos de equipamentos, de computadores e videogames a dispositivos móveis. Já o modelo Amperior, um dos mais luxuosos da marca, destaca-se pelo design inspirado na moda urbana e na tecnologia de áudio para DJs, sendo um dos preferidos de nomes da música eletrônica como Bob Sinclair. A outra novidade é o Momentum, com estilo minimalista e arco que permite o ajuste das conchas revestidas em couro. O cabo com microfone faz com que o fone possa ser usado em celulares e smartphones. Os dois últimos lançamentos só chegam ao mercado em 2013 e ainda não têm preço definido. 64 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

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Trio parada dura


Som na caixa!

Que criança não adoraria carregar seus lanches, carrinhos e coisinhas dentro de uma maletinha que ainda por cima é uma caixa de som com duas saídas de som de 500mw cada? E que adulto não voltaria a ser criança com uma lancheira dessas? A caixa de som portátil é compatível com os players de celulares e dispositivos de áudio como o MP3 e funciona com quatro baterias AA. O preço é bem amigo e sai por R$ 89 no site www.osegredodovitorio.com.br.

Baixo risco

Atire a primeira pedra quem nunca teve problemas com um equipamento eletrônico porque ele foi molhado. Esse risco não faz parte do ECOXBT, o speaker à prova d’água criado para animar a festa à beira da piscina ou na praia e voltar intacto. O radinho flutuante conta com uma entrada de áudio padrão e outra por bluetooth, o que permite que exploradores mais corajosos possam se aventurar longe da costa ouvindo um sonzinho. Tem microfone à prova d’água e bateria que dura mais de dez horas. O produto deve ser lançado no verão americano e chegará ao mercado custando US$ 129.

VERSATILIDADE Com o intuito de potencializar o volume de televisores, computadores, notebooks e celulares, a Semp Toshiba criou o Multimedia Speaker XB 4321, um equipamento com alta qualidade sonora e diversas possibilidades de uso. Com design planejado para economizar espaço, possui entrada auxiliar, controle de volume e subwoofer. Disponível nas principais lojas do varejo.

Quase valvulado

conectividade automática

Com o objetivo de oferecer maior “tocabilidade” aos músicos, a Yamaha convocou uma equipe de guitarristas para desenvolver um amplificador que atendesse às necessidades do profissional também fora do palco. O resultado é o amplificador THR que, graças a uma tecnologia de modelagem de circuito virtual, recria a sonoridade de um amplificador valvulado. Além disso, o novo brinquedinho dos guitarristas traz áudio estéreo e playback. Afinal, músico que é músico precisa estar equipado com bons instrumentos até de pijama. Custa R$ 1.250 nas revendas autorizadas da marca.

O BDV-N990W, novo home theater da Sony, é boa companhia para quem deseja montar um cinema em casa. Compacto, o novo dispositivo reproduz imagens com qualidade full HD e 3D. A tecnologia chamada DLNA permite que o aparelho acesse um computador via wireless e transforme qualquer smartphone em controle remoto. Com essa tecnologia, é claro que você não vai precisar se preocupar em ajustar tantas funções. O aparelho verifica automaticamente a conectividade com as caixas acústicas e faz todos os ajustes necessários. O BDVN990W pode ser adquirido em qualquer Sony Store ao preço de R$ 2.999. www.billboard.br.com 65


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ESTILO E COMODIDADE

A Semp Toshiba anunciou uma série de novidades em sua linha de dock stations para iPod e iPhone STi. O modelo DS 2525i (R$639) tem 40W RMS de potência, rádio FM digital, relógio, despertador, controle remoto, entrada auxiliar, subwoofer integrado e dois alto-falantes. As versões DS 4545i (R$710) e DS 4555i (R$1.049) têm as mesmas características, mas potência de 80W RMS, seis alto-falantes de alta-fidelidade que, com a tecnologia Sonic Emotion Absolute, permite reproduzir o efeito de som 3D, e saídas de vídeo para assistir a filmes do iPod e iPhone em dispositivos de vídeo externo, como aparelho de TV. As três docks estão disponíveis em preto, branco, cinza e laranja.

MADE IN FRANCE

VELHINHO MODERNO

Nada mais em moda do que um objeto retrô como parte da decoração. Melhor ainda se ele servir para animar a noite. A Imaginarium oferece, em seu portfólio de produtos de fun design, um portátil rádio amplificador produzido com madeira, plástico e componentes eletrônicos. Além de sintonizar AM/FM, tem entrada USB e hot plug. Funciona com pilhas ou ligado na tomada. Custa R$ 349,90.

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Gatinha sonora

Sucesso mundial em licenciamento, a gatinha Hello Kity agora é também personagem de dock station. Compatível com iPod, iPhone, PSP, XBox, MP3, MP4, notebooks e computadores em geral, possui tweeter de 31 mm e subwoofer de 88 mm. Fácil de transportar, vem com controle remoto, adaptador e cabo de conexão de áudio. Custa R$ 329,90 na loja virtual O Segredo do Vitório (www.osegredodovitorio.com).

E VAI ROLAR A FESTA

Se a ideia é ouvir música pelo celular e compartilhá-la com os amigos, comece a pensar na possibilidade de ter uma dock station universal. Pelo menos essa é a proposta da novidade trazida ao país pela Multilaser: um sistema de som que permite ouvir seu playlist favorito de telefones móveis e iPods com potência de 10W RMS. A conexão é feita por um cabo auxiliar. Com design moderno, estrutura de metal, controle de volume e adaptador bivolt, custa R$ 79,90.

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Acabam de chegar ao mercado brasileiro duas linhas de fones de ouvido bluetooth da marca francesa Beewi. O Headset Slim BBH 210 (de R$ 699 a R$ 729) é um fone leve, fino e que pode ser dobrado na hora de guardar, ideal para a prática de esportes. Já a versão BBH 100 (de R$ 499 a R$ 529) tem o visual moderno dos fones usados pelos DJs, graves potentes e sistema de cristalização, que deixa o som mais limpo e nítido. Ambos são fabricados nas cores branca e preta e estão sendo trazidos pela distribuidora Mobimax. Disponíveis nas lojas A2You, Fast Shop, Saraiva, iTown e Zeppelin Store.


EVOLUÇÃO

Os sistemas wireless para residências já se provaram extremamente populares, com produtos versáteis e preços competitivos A americana Bose, por exemplo, uma das principais fabricantes de caixas acústicas do mundo, apresentou recentemente dois novos alto-falantes wireless da linha SoundLink. O sistema de música digital SoundLink Air é o primeiro produto da marca que funciona com Apple Airplay (US$ 350), enquanto o SoundLink Bluetooth Mobile Speaker II (US$ 300) é uma versão atualizada do popular modelo original. Ambos são de fácil instalação e estão disponíveis em lojas online como a Amazon.

Bem na hora!

Novidade no mercado de MP4, o dispositivo da NewLink chegou para fazer a cabeça – e ocupar o pulso – de quem não pode perder tempo. O MP4 Play permite curtir vídeos, músicas, fotos e arquivos de texto e ainda serve como relógio digital. Suporta cartões micro SD de até 32 GB, tem rádio FM e gravador de voz. Em duas versões (PM101 e PM102), tem visor LCD de 1,5 polegada e vem com duas pulseiras de cores diferentes para o uso como relógio: preta e vermelha, para o primeiro modelo, e branca e roxa para o segundo. Outra opção é usar a presilha do produto para prendê-lo na capa do livro ou na roupa. Disponível no varejo por R$ 199.

STREET ART

Recém-chegada ao Brasil, a Canyon, marca holandesa de acessórios de tecnologia, está fazendo sucesso com seus produtos inspirados na arte de grafitar. Os fones de ouvido Railwhip, por exemplo, são supercoloridos, possuem conchas auriculares grandes e acolchoadas e controle de volume integrado ao cabo. As caixas de som seguem a mesma linha visual. Com entrada USB 2.0, são compactas, não necessitam de energia externa e podem ser usadas em notebooks, netbooks e PCs. Ambos custam R$ 44,90 cada e estão à venda em lojas de informática e eletrônicos.

Bom e barato

Qualidade e preço acessível são itens da proposta do Powerphone Hot Beat, headphone recém-lançado no Brasil pela Multilaser. O acessório alia design moderno, conforto e som de alta-fidelidade, garantido por drivers modernos e por um superbass reforçado para sons graves. A potência chega até 150 MW. Disponível nas cores preta, branca e rosa, com acabamento premium piano, possui cabo flat vermelho, earpads almofadados e haste ajustável e dobrável. Custa R$ 49,90.

TRÈS CHIC

Elegante e robusto, o Zikmu Solo, da Parrot, é um produto único criado pelo polêmico designer francês Philippe Starck. Com 100W de potência, o dispositivo tem três altofalantes que podem se ajustar com base no tamanho da sala, conectividade via bluetooth, Wi-Fi, tecnologia wireless NFC 2 e uma porta Ethernet para levá-lo além da rede residencial. Os usuários podem abandonar tecnologias mais sofisticadas e simplesmente usar a dock do iPhone e do iPod. Disponível, em branco e preto, para vendas apenas nos Estados Unidos, por enquanto, por US$ 999. www.billboard.br.com 67


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ESTILIZADO

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Mais do que a funcionalidade por si só, hoje os equipamentos eletrônicos ainda carregam nas costas a responsabilidade de agregar personalidade aos ambientes. No caso da coleção Artist Series Boombots, desempenho e estilo são um casamento com amor. As caixas de som foram customizadas pelos artistas UberPup, DGPH e Sket One, que transformaram os decks em caixinhas superestilosas. A Boombot 2 é compatível com o sistema iPhone e Android. Além disso, o driver é resistente à queda e à água. Quer mais? A bateria é recarregável e vem com conexão bluetooth. Os preços variam de US$ 55 a US$ 80 e, por enquanto, só estão disponíveis fora do Brasil.

BUSINESS MAN

Pra quem está sempre reclamando da capacidade de áudio dos altofalantes embutidos no computador, a Logitech lançou o speaker system Z506, que promete turbinar o som inclusive das televisões. O conjunto 5.1 de caixas acústicas (dois pares de satélites estéreos, um satélite central e subwoofer) é compacto, possui 75W RMS de potência e é fácil de montar e de operar os controles. Custa R$ 450 nas principais lojas do varejo.

Pequena potente

Mais novidades da Semp Toshiba na linha de mini dock stations. O modelo DS 555i – que tem lançamento prometido para dezembro – tem potência de 130 W RMS, subwoofer integrado, bass para reforço dos graves, saída de vídeo, entrada auxiliar, dois alto-falantes, dois tweeters e controle remoto. Reproduz e carrega diferentes tipos modelos de iPod e iPhone. 68 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

COISA DE AGENTE SECRETO

No mais recente episódio da franquia 007 – Missão Skyfall, a chefe do MI6, serviço secreto britânico, lança mão de um dispositivo sem fio para conversar viva-voz com James Bond. O mais interessante é que o gadget existe de verdade e já está disponível no mercado brasileiro (R$ 489). É o On Tour IBT, da JBL, som portátil de alto desempenho com tecnologia bluetooth compatível com iPhones e demais aparelhos da Apple, além de smartphones, laptops, players de música, televisores, desktops e até telefones sem fio.

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SOM TURBINADO

Mais uma novidade da linha de equipamentos para áudio do rapper e produtor musical Dr. Dre. Depois dos headphones, agora é a vez da caixa de som portátil Pill Wireless Audio System que, além do design diferenciado em forma de pílula, possui conexão 3,5 mm ou bluetooth com alcance de até 9 m, microfone interno e carregador USB/AC. Disponível em três cores – preta, vermelha e branca – por US$ 200 em www.beatsbydre.com.


Sonzão

O novo Sound Box 2.1, da Multilaser, chega com a finalidade de garantir som de cinema a PCs e notebooks. Com duas caixas satélites e um subwoofer, tem potência de 15W RMS, é construído todo em madeira, tem alimentação USB e pode ser conectado a qualquer computador, independentemente da voltagem. Design moderninho e ótimo custo-benefício: R$ 79,90.

AMPLI MODERNO

HEADPHONES CUSTOMIZADOS

Em parceria com a Viacom, a Monster inova mais uma vez na linha de headphones. Com formato triangular, o modelo DNA On-Ear promete som cristalino, função auxiliada pelas almofadas redutoras de ruído externo. Fácil de transportar, já que são dobráveis, possuem controle remoto compatível com iPod, iPhone e iPad. Fabricados, originalmente, em quatro cores (preta, branca, azul e verde água), podem ser customizados com skins superoriginais. À venda diretamente no site da Monster (www.monstercable.com) por US$ 200.

Ouvir um som potente a qualquer hora e em qualquer lugar não é pra qualquer um. Essa é a proposta do amplificador portátil Blockroker, um sistema com dock integrado para iPhone e iPod, além de entradas para microfones e instrumentos musicais. Com bateria interna recarregável que funciona por até 12 horas, possui rádio AM/ FM, rodas e alça telescópica. Custa R$ 1.690 na loja online da Imaginarium.

E a saga continua...

Quer acertar no presente de Natal? Basta aliar visual original e funcionalidade. A Fun Pen Drives (www.funpendrives.com.br) oferece uma linha destes dispositivos da franquia Star Wars. Tem o Darth Vader, o jedi Luke Skywalker, o contrabandista Han Solo, o garoto de ouro C-3PO, mestre Yoda e, claro, o robô R2-D2. Todos eles possuem capacidade de armazenamento de 4GB e custam R$ 100 cada.

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MARTINHO DA VILA • LADY GAGA • PULP • JOSS STONE • EL MAPA DE TODOS • RAUL DE SOUZA • CAETANO VELOSO

MÚSICA

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BAD BRAINS Veteranos do hardcore lançam sequência de Build A Nation

72 BIGBANG Trio mostra que a Noruega é muito mais do que arenque e black metal

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AARON NEVILLE Com doo-wop nas veias, cantor cavuca raízes em novo CD

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74 KISS Pirotecnia e 40 anos de hits em espetáculo à prova do tempo

Momento

mulherzona

Adorada por garotas e mocinhas em todo o planeta, Katy Perry recebe o prêmio Woman of The Year da Billboard

DIVULGAÇÃO

“Eu não sou feminista, mas acredito mesmo na força das mulheres”, disse Katy Perry, em seu discurso ao receber o prêmio Billboard de Mulher do Ano (Woman of the Year) 2012. “Eu não gosto de me ver como modelo de comportamento para minhas fãs. Espero é ser uma inspiração para elas, especialmente as mais jovens”, completou. Na cerimônia, realizada em 30 de novembro no Capitale, em Nova York, Carly Rae Jepsen também foi homenageada, como Estrela em Ascensão (Rising Star) 2012. Katy Perry lembrou um valioso conselho que recebeu de sua grande “ídala” Alanis Morissette: “Eu acreditava em mistério e mística, achava que havia um tempo e um lugar para ser estrela. Mas hoje vejo que a transparência é melhor que tudo”. A cantora de 28 anos acrescentou que “hoje as pessoas não olham para você como se estivesse num pedestal”: “Eu sei que se sair da linha, quando chegar em casa minha irmã vai me dar uma bofetada na cara. E minha equipe também”. Carly Rae Jepsen dedicou o prêmio à mãe e à madrasta, além da presidente de promoção da Interscope, Brenda Romano. Lembrando que, na edição de 2009, Beyoncé e Lady Gaga estiveram na mesma posição de Katy e da cantora do hit “Call Me Maybe” e logo engataram uma colaboração, o vídeo de “Telephone”, o diretor editorial da Billboard, Bill Werde, brincou: “Katy e Carly,sem pressão agora, ok?”. Em entrevista à Billboard americana, Katy lembrou que, na infância, aprendeu com a mãe a amar Edith Piaf. Depois de citar Patty Griffin e Jonatha Brooke entre suas cantoras favoritas, ela fez questão de manifestar admiração por nomes jovens como Sia e a inglesa Jessie Ware. E reservou a Alanis e a Fiona Apple a categoria “minhas heroínas”: “Fiona é doida de pedra e não tem medo de demonstrar isso. Todas nós somos assim, ela apenas tira as palavras das nossas bocas. É isso que os grandes compositores fazem”. Sobrou confete também para Taylor Swift, vencedora do Woman of the Year em 2011. “A minha canção favorita atualmente é dela, ‘Begin Again’. Acho genial.” Katy será a voz da Smurfete em Smurfs 2 e alimentou os boatos de que vai fazer um dueto com Rihanna. “Tem que ser algo muito grande, porque eu e ela não gostamos de perder.”

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AGORA

LENDAS DO UNDERGROUND

Marketing zero

BAD BRAINS: sem pressa nem planejamento

frank ockenfels III/ DIVULGAÇÃO

Depois de oito álbuns em 35 anos, os pioneiros do hardcore Bad Brains curtem fazer música como querem e quando querem A influente banda punk hardcore Bad Brains, que foi constituída em Washington, D.C., em 1977, e reuniu sua formação original em 1994, já teve diversas encarnações diferentes e viveu em muitas gravadoras (incluindo a Epic e a Maverick). Mas a essência inovadora de hardcore misturado com reggae e rock permanece. O álbum anterior do grupo (o oitavo), Build A Nation, foi produzido pelo falecido integrante dos Beastie Boys Adam “MCA” Yauch e saiu em 2007, associado ao 30º aniversário da banda, pela Megaforce Records. O trabalho chegou à 100ª posição do Billboard 200 e vendeu 40 mil cópias até hoje. Cinco anos depois, a banda lança uma sequência, Into The Future, pela Megaforce. “No estágio em que estamos, você volta ao início, quando pensa: ‘Estamos fazendo música. Por que a pressa?’”, diz o baixista Darryl Jenifer, de sua casa, perto de Woodstock, estado de Nova York. “Não estamos tentando chegar ao topo das paradas ou algo assim. Apenas sentimos que estamos aqui para continuar nossa música,

por

Emily Zemler

nossa irmandade.” O grupo – Darryl, o vocalista H.R., guitarrista Dr. Know e o baterista Earl Hudson – começou o álbum há mais de um ano, e foi trabalhando lentamente, em estúdios próximos de Woodstock. “Quando decidimos gravar, a coisa fluiu naturalmente”, diz Darryl. Anthony Courtney, empresário da banda desde 1982, fala sobre a abordagem de marketing com que trabalha. “A banda avisa que deseja entrar em estúdio e vou atrás do selo, tento ver se rola. Não existe plano nenhum.” O Bad Brains não sai mais em longas turnês, mas faz quatro ou cinco shows num fim de semana com várias semanas de descanso entre eles. Na primavera, o foco muda para festivais europeus. “Desde que os conheci, eles enchem shows. Mas é um mundo meio isolado. Eu acho que o que sempre queremos é que pessoas que ainda não ouviram Bad Brains conheçam a banda. Quanto mais isso acontecer, mais ativos eles se manterão”, diz o empresário.

INVASÃO VIKING

Trio BigBang rala para mostrar que a Noruega não é só o país do black metal

A Noruega, no imaginário roqueiro, está consagrada como a terra do black metal. São do país nórdico bandas como Mayhem, Emperor e Burzum, que seguem à risca os mandamentos mais sem noção desse subgênero radical, que já rendeu em igrejas incendiadas e homicídios entre músicos. O trio BigBang, formado há 20 anos, não tem nada a ver com tal cena. Mas é inevitável perguntar ao líder do grupo sua opinião sobre essa turminha do barulho. “É uma subcultura curiosa, que musicalmente nunca me tocou. Não consigo levar aquilo a sério. Conheço pessoas que tocam black metal e são ótimos homens de negócios, gente esperta, que curte o que faz. Mas eu não sinto nada sobre essa música além de um alívio cômico”, diz Øystein Greni. Em novembro, o BigBang encerrou sua terceira turnê pelo Brasil em menos de dois anos. A paquera com o país está tão séria que o grupo lançou uma compilação exclusiva para o mercado nacional, intitulada To The Mountains. “Na primeira vez que tocamos em Brasília, não havia mais do que 50 pessoas na plateia. Quando voltamos, lotamos uma casa com mil lugares”, celebra o vocalista e guitarrista. Durante o papo telefônico, questiono se posso classificar o som do BigBang como 72 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

um “rock’n’roll smorgasbord”, em alusão ao banquete escandinavo, que reúne vários tipos de pratos, entre peixes, embutidos e pães. “Essa é uma boa definição. Eu diria que temos uma influência forte de rock clássico, pois crescemos ouvindo isso. Mas também dá para achar melodias folk nórdicas em algumas faixas, entre outras coisas”, confirma Greni. O músico soa mais feliz do que pinto no lixo com a aceitação por aqui. Fã de Nelson Cavaquinho e Cartola, ele recorda com carinho da primeira vez que tomou contato com a música brasileira, ainda na infância: “Meu pai trabalhava na Levi’s e viajava muito. Em Londres, conheceu um taxista brasileiro que lhe deu de presente um LP de Wilson Simonal. Era uma capa vermelha, com o Simonal vestido de azul e um sorrisão na cara”. Muito provavelmente, era o disco A Vida É Só Pra Cantar, de 1977. Enquanto prepara um novo álbum em Oslo e planeja a quarta visita ao Brasil, em 2013, Greni deixa três dicas de artistas noruegueses que provam que o black metal não é o único som relevante de lá: o cantor Sondre Lerche, a cantora Susanne Sundfør e a banda Motorpsycho.

por

José Flávio Júnior

ØYSTEIN GRENI, do BigBang: após tocar para 50 gatospingados, o grupo já lota lugares para mil pessoas por aqui

Stian Andersen/ DIVULGAÇÃO

Arenque’n’roll


TODO MUNDO BOLE

Casa cheia de bambas

No estúdio Play Rec, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, Paulinho da Viola, João Donato, Luiz Melodia, Elza Soares, Ney Matogrosso, João Bosco, Jair Rodrigues, Pedro Luís, Paula Lima, Zeca Baleiro, Diogo Nogueira e outras feras registraram em novembro suas participações no segundo Sambabook, centrado desta vez na obra de Martinho da Vila. Assim como aconteceu no primeiro, dedicado a João Nogueira e lançado em abril, a direção musical está nas seguras mãos de Alceu Maia. Aos 45 anos de carreira, Martinho recebeu também os talentos da família (Mart’nália e Maíra Freitas) com alegria

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maior ainda que a de costume. “Muita coisa já foi feita com meu trabalho, mas nada igual a esse projeto. O samba também pode se envaidecer, porque nunca foi tratado dessa maneira”, comemorou o mestre. O diretor artístico Afonso Carvalho, um dos sócios da produtora Musickeria, resume: “Conseguimos reunir 23 grandes artistas para celebrar um cara que compôs algumas das obras mais significativas da história da nossa música”. O Sambabook compreende CD duplo, DVD, discografia e partituras, além de aplicativos. Sem data de lançamento ainda, deve vir à tona a partir de março, com exibição no canal Brasil.

MARTINHO, com PAULA LIMA: 23 convidados em projeto que homenageia o sambista

Marcos Hermes/ DIVULGAÇÃO

Novo Sambabook homenageia Martinho da Vila em projeto multiplataforma com 23 convidados

versatilidade

para Aaron Neville

A voz suave de tenor lhe valeu 19 nomeações ao Grammy em 11 gêneros, incluindo R&B, gospel e country. Agora, em My True Story, seu primeiro álbum para a Blue Note, Aaron Neville cavuca as próprias raízes doo-wop. Coproduzido pelo presidente do selo, Don Was, e por Keith Richards, o disco revisita clássicos como “Tears On My Pillow”, “Under The Boardwalk”, “TingA-Ling” e “Work With Me Annie”. Ajudando o autoproclamado “aluno de doowopologia”, uma banda que inclui o próprio Keith , o guitarrista Greg Leisz (Beck) e o baterista George Receli (Bob Dylan). “O doo-wop está em minhas veias. Eu posso acordar às três da manhã com um doo-wop na cabeça e tenho que cantar a música inteira algumas vezes antes que consiga dormir novamente. Hoje de manhã foi ‘Sincerely’”, conta Aaron. Aos 71 anos, ele pretende criar mais dois projetos no gênero. “Também quero fazer um álbum de standards e um tributo a Nat King Cole. Quero continuar produzindo isso até não poder mais.” Por que um álbum de doo-wop agora? É algo que eu queria fazer há muito tempo. Se você ouvir minha música, verá que tudo que faço tem alguma inflexão de doo-wop. Esse tipo de música sempre foi mágica para mim. Ela permaneceu no meu coração e me ajudou a moldar quem sou hoje. Don, com quem já

por

Gail Mitchell

trabalhei antes, entendeu o jeito como eu queria fazer um álbum como este. A primeira coisa em que ele pensou foi em chamar Keith Richards. Quando Don estava produzindo Voodoo Lounge, dos Rolling Stones, ele estava em um quarto debaixo do de Keith e lembrava dele tocando “My True Story”, do Jive Five sem parar. É uma das minhas músicas favoritas. Muitas dessas músicas são clássicas. Como você coloca sua marca nelas? Eu queria ser verdadeiro para com as músicas, mas também queria colocar meu próprio “ismo” nelas, meus próprios sentimentos. Era uma questão dos vocais em torno dos quais as músicas de doo-wop giram, mas também questão de enfatizar o lado musical. A banda era simplesmente incrível. Eles ouviam quando eu explicava o que queria e depois seguiam as instruções. Eu até dançava um pouco para me fazer entender [risos]. Eu tinha de transmitir o clima a eles, tipo, “É assim que eu ouço, cara. Eu tinha 12 anos e estava andando pelos bairros pobres quando essa música foi lançada. Se você ouvir, dá para ouvir os sorrisos deles. Todo mundo estava sorrindo durante toda a sessão de gravação”. Hollywood Bowl, do Neville Brothers, foi considerado o último trabalho do grupo, isso é verdade? Bom, nunca diga nunca. Mas estou em carreira solo agora.

AARON NEVILLE: o cantor favorito de Keith Richards

Sarah A.Friedman/ DIVULGAÇÃO

perguntas

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AO VIVO

kiss – Arena Anhembi – São Paulo (SP) – 17/11

Maquiagem milagrosa

Com pirotecnia e quatro décadas de hits, Kiss mostra um espetáculo praticamente à prova do tempo aglomerava tão caricato quanto os monstrinhos de Gaga. Com apenas cinco minutos de atraso, suspensos por uma plataforma que ainda iria dar o ar da graça várias vezes, o quarteto sessentão formado por Gene Simmons, Paul Stanley, Tommy Thayer e Eric Singer aparece diante do público pela primeira vez. Ao som da dobradinha – literalmente – explosiva de “Detroit Rock City” e “Shout It Out Loud”, os mascarados gastaram logo de cara o estoque de pirotecnia e maquiagem que Gaga utilizou em todos os seus modestos sete anos de carreira. O barulho diminuiu durante a execução anticlimática de “Hell Or Hallelujah” e “Wall Of Sound”, ambas do recém-lançado Monster, disco que comemora os 40 anos na estrada. A encenação com fogos protagonizada por Gene Simmons em “Hotter Than Hell” reconquista fatia da plateia perdida com o desvio de rota das não muito expressivas músicas novas. Os próximos minutos de show seguem com as estripulias individuais de cada integrante: Thayer ganha sua própria plataforma elevatória, enquanto o baterista Eric Singer dispara tiros com uma bazuca cenográfica.

luciano oliveira

No táxi rumo ao show do Kiss em São Paulo, o motorista pergunta: “É a tal da Lady Gaga que vai se apresentar hoje?”. A essa altura, a Mãe Monstro, que havia suado o vestido de carne para encher o Morumbi seis dias antes, já estava em outro hemisfério. Ainda assim, a confusão do taxista era compreensível. Na fila, o séquito de fãs do lendário grupo americano se

KISS: 40 anos lotando estádios com rock’n’roll a JON ANDERSON: carisma e voz totalmente recuperada noite inteira e festa todos os dias

por Mariana

Sewaybricker

Na conta dos únicos membros originais do grupo, Gene Simmons e Paul Stanley ficam com as missões mais complexas. Cabos de aço elevam o baixista – já com a língua “ensanguentada”– para o topo do palco em “God Of Thunder”. Do alto de seus 60 anos, Stanley provou com guitarra, salto plataforma e muito rebite que ainda se segura bem na tirolesa que leva a um segundo palco bem no meio do público. Como tantos outros, o número já é esperado pelos fãs do grupo. Assim como o set list engessado, com muitos hits e sem espaço para qualquer tipo de improviso, que a banda repetiu religiosamente em toda esta temporada de shows pelo Brasil. Sob uma chuva de papel picado, o show termina ainda grandioso com o trio “Lick It Up”, “I Was Made For Lovin’ You” e a clássica “Rock And Roll All Nite”, catarse máxima da noite. Na era dos hologramas, o circo dos roqueiros pode até soar ultrapassado. Mas o mérito do Kiss, como marca e como banda, vai além da capacidade admirável de se equilibrar em saltos plataforma. O grupo ainda lota estádios, vende produtos e oferece para um público de todas as idades um espetáculo que, como poucos, resistiu à prova do tempo.

Lady Gaga – Estacionamento da FIERGS – Porto Alegre (rs) – 13/11

Armação quase ilimitada Born This Way Ball carrega todos os clichês dos grandes shows musicais. Só que não. No palco, Lady Gaga acrescenta um imaginário contemporâneo a velhos truques do pop. O resultado é um espetáculo pouco contagiante, em que a trilha sonora é apenas mais um elemento e a estrela principal sofre em vez de sorrir: o que importa é se afirmar como uma sobrevivente, se equiparar aos maiores fãs. Foi o que cerca de dez mil pessoas viram no Estacionamento da FIERGS, em Porto Alegre, na última data da miniturnê brasileira que antes incluiu São Paulo e Rio de Janeiro. A superprodução tem um castelo cenográfico e reflete uma época em que tudo se resume a 140 toques, mas é arrastada e tem tantas mensagens que daria um livro. Apesar da surrada proposta teatral, evidente na divisão em atos (os manifestos), marcados por frases vindas de um holograma high tech com um rosto desfigurado da própria cantora, o show se conecta aos novos tempos e assimila a dinâmica de um jogo de videogame: ultrapassa diversos níveis até chegar ao clímax. A cada nível mais elementos são acrescidos, sobretudo figurinos mais sofisticados, e Gaga tem mais liberdade para cantar. Aliás, ela canta bem, mas canta pouco ao longo das quase duas horas e meia de show. 74 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

Lady Gaga entra em cena em cima de um unicórnio, em “Highway Unicorn”. Depois simula sexo oral ao som de “Government Hooker” e sai de uma vagina gigante em “Born This Way”. O começo é uma colcha de retalhos da cultura pop oitentista, com The Wall, David Cronenberg e Anton Corbijn ao som de um tecnopop ultrarreciclado e pobre. Na medida em que o show prossegue, há uma progressiva sofisticação sonora e visual, da esperada aparição da diva usando um vestido de carne, em “Americano”, a bons momentos musicais, embora poucos e nada originais: “Just Dance” remete a Madonna, “Heavy Metal Lover” emula Daft Punk”, “Scheisse” se alinha ao pop eletrônico de David Guetta. Os clichês continuam, de declarações do tipo “eu te amo, Porto Alegre”, à cena clássica da roqueira-comjaqueta-de-couro-de-motocicleta. Mas em paralelo ao mais-do-mesmo, o conceito crucial do show toma forma. Para difundir e dividir a ideia de desconforto, descontentamento e inadequação que catapulta sua carreira, Lady Gaga sacrifica a própria performance. Presa às artimanhas cenográficas e estéticas, ela tem pouca mobilidade para cantar e dançar. Mas abre mão do protagonismo, paradoxo que a identifica definitivamente como um produto contemporâneo,

Da carne ao couro: Mãe Monstro se vestiu a caráter para comandar o baile dos monstrinhos

jorge torquatto/ divulgação

Show da cantora americana concede imaginário contemporâneo a velhos clichês por Marcelo Ferla

ícone de uma era em que todos podem emitir opiniões e ser ouvidos. Em Porto Alegre, o conceito tomou forma quando ela convidou três fãs ao palco. Nada de novo, até que Laura Pinzon pedisse para cantar uma música, fosse atendida e interpretasse “You And I” com extrema competência – Gaga acabou fazendo um dueto com a garota de 13 anos e proporcionou um momento tão atípico que boa parte do público pensou em armação. Não era. Ícone do showbiz, Lady Gaga mente para dizer suas verdades, mas também sabe ser apenas verdadeira.


Pulp – Via Funchal – São Paulo (SP) – 28/11

Primeira vez inesquecível Assim como várias bandas que voltaram aos palcos recentemente após um longo hiato, o Pulp decidiu usar fotos de divulgação antigas em seus cartazes e publicidades. A tática é traiçoeira. O Pixies fez isso em seu retorno e teve de lidar com comentários sobre envelhecimento e aumento de peso por onde passou. Mas com o Pulp a história é outra. Em sua primeira aparição no Brasil, na megacasa de shows paulistana que deixará de funcionar em janeiro, a banda inglesa parecia aquela mesma que víamos em videoclipes nos anos 90. É que o Pulp já apareceu velho. Na verdade, o grupo nasceu no final dos anos 70, mas só foi acontecer no vácuo de Oasis e Blur, quando os integrantes já passavam dos 30 e poucos anos. Jarvis Cocker também nunca fez questão de soar moderno. Seus heróis eram e continuam sendo Serge Gainsbourg, Scott Walker, Lee Hazlewood, Leonard Cohen. Ele sempre quis pertencer a esse panteão de veteranos safadinhos. Aos 49 anos, Jarvis definitivamente se tornou um, com cabelos e barba grisalha ajudando na caracterização. O mais importante é que o peso da idade não diminui seu pique. Ao longo das vinte canções do repertório, o magricela

de Sheffield escalou caixas de som, tirou doces do bolso (como um bom velhinho) e jogou para a plateia, mencionou o aniversário do poeta e pintor William Blake (1757-1827), rebolou sua bunda murcha e buscou interação com frases e expressões em português que iam de “showdeboula” a “sinistro”. A banda, acrescida por uma violinista em alguns momentos, foi perfeita tecnicamente. Só daria para questionar o roteiro montado para São Paulo. Ao mesmo tempo em que foi interessante ouvir no bis “O.U. (Gone, Gone)”, que só os fãs que colecionaram os singles do Pulp conheciam, fizeram falta hits e músicas poderosas como “Help The Aged”, “The Trees”, “Bad Cover Version”, “Dishes”, “I Spy” e “Lipgloss”. Mas “Common People”, “Disco 2000”, “Babies” e “This Is Hardcore” não foram ignoradas. Só esses quatro hinos do britpop já pagariam o ingresso dos cerca de dois mil presentes. Sim, o público não foi suficiente para encher metade da casa. Mas Jarvis se portou como se cantasse para um milhão de pessoas. “Do you remember the first time?”, ele perguntou logo no primeiro refrão da noite. Quem estava lá não esquecerá jamais.

Sergio Frega

por José Flávio Júnior

Pulp acerta as contas com o país em noite de performance intensa do cantor Jarvis Cocker

JARVIS COCKER, do PULP: reboladinhas e doces para a plateia

MADONNA – PARQUE DOS ATLETAS – RIO DE JANEIRO (RJ) – 2/12

MDNA em noite de violência verbal

Armada e tediosa, cantora só não espanta os mosquitos e os fãs mais renegados Your Heart” e “Like A Virgin” descontruídos, qual múmia dylaniana? Pelo amor de Deus! A queima de estoque de ingressos na semana anterior ao show não evitou um público decepcionante – alegados 67 mil onde cabem 90 mil. Gente que se despencou ao cafundó jacarepaguense e alimentou a mosquitama local. Só entornando mesmo. Às 21h30, não havia mais vodca. As bebidas ice secaram antes do fim da primeira música. “O pessoal tá que tá hoje: nunca vi... Olha que eu já trabalhei em rave”, espantava-se uma das caixas. Biritada ou não, boa parte do público vazou com uma

horinha de show, caso do ex-tenista Guga Kuerten. A batucada basca está ótima, sabe, mas o dia seguinte era segunda-feira. Sem noção, Madonna dos revólveres ainda encaixou uma pregação chata (tal qual Gaga!) disparada pela pergunta: “Vocês conhecem a palavra paz?”. A homenagem às “periguetes” ( todo mundo sabe que o certo é “piriguetes”) com tatuagem de hena depois do strip-tease foi bacana, mas não poupou a poupança magra da estrela da maldade nativa. “Isso aí, só Jesus segura”, fuzilou um segurança, fazendo outro gargalhar. Vir com armas pro Rio de Janeiro não é uma boa ideia. MADONNA: repertório cheio de músicas recentes não segurou a plateia

Nestor J. Beremblum

“Ei, Madonna, vai tomar no c**!” A julgar pelo coro sodomita que ecoou, lá pelas 22h40, se aqueles eram os súditos, então a monarquia estava para cair. Uma hora e cacetada de atraso fazem isso com os (homo ou hétero) afetivos cariocas... E quando a estrela de 54 anos entrou em cena, com um trabuco na mão, ficou a dúvida: Lady Gaga ou senhora gagá? Por que ir na mesma linha da concorrência que chegou – décadas – depois? O superproduzido teatrinho de bangue-bangue se mistura a grandiosas imagens religiosas medievais, em inócua transgressão. Quase 2013 no calendário, hellooo! Será que o papa Bento 16, o mais novo arrobinha da praça, vai protestar e xingar muuuito no Twitter? E tome músicas fracas, da produção recente. O público médio, boiando – e, pior, sem conseguir dançar. Dessa parte cuido eu, deve ter pensado Madonna, preocupada em exibir os dotes e a boa forma física em coreografias exigentes. Na ânsia de esconder a idade, ela fez um lifting radical demais no repertório. Para quem não é obcecado por seu trabalho, boa parte daquelas músicas ali tinha cara de Zezé Macedo (ao Google, novinhas!). Regular a mixaria com “Music”, êxtase coletivo certo, se tocada na íntegra? Fazer picadinho da melhor penca de seus hits iniciais? Macaquear dueto com colega popozuda presente em vídeo? Apresentar clássicos pop como “Open

por Pedro Só

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AO VIVO

JOSS STONE – CREDICARD HALL – SÃO PAULO – 11/11

Musa abriu turnê brasileira com muito charme e pouco do repertório próprio Joss Stone gosta muito do Brasil. E a recíproca é verdadeira. Enquanto Lady Gaga comandava a festa dos monstrinhos no Morumbi, do outro lado da cidade, Joss subia ao palco para enfrentar um Credicard Hall lotado e completamente indiferente às estripulias da Mãe Monstro.O belo sorriso e a excepcional simpatia deram as caras antes mesmo que o vozeirão tivesse a chance de aparecer em “Give Power To The People”, canção que abriu a noite. À vontade em solo brasileiro, a cantora fez da casa de shows um grande bar, com som ambiente agradável o suficiente para embalar os fãs em beijos apaixonados, dancinhas vergonhosas e coros desafinados, sempre mesclando as covers repaginadas de The Soul Sessions Volume 2 – disco de versões para sucessos e faixas obscuras do universo do rhythm’n’blues – com algumas músicas de sua própria autoria. Nesse mix teve espaço para uma versão de “You’ve Got The Love”, de Florence and the Machine, e até para improvisação. “Vai ser ‘meio merda’ porque não estamos preparados. Mas vamos fazer porque vocês pediram”, disse, levando as mãos à boca como

autorrepreensão por ter deixado escapar um palavrão antes de puxar “Karma”. O show teria uma segunda pausa, desta vez para que Joss pudesse recolher os presentes atirados ao palco. Diferentemente de sua companheira na noite paulistana, Joss teve mais sorte e nenhum objeto acertou o seu rosto. Entre os mimos, um boné que, por poucos segundos, descansou em sua cabeça. “Obrigada, mas não acho que seja o visual adequado para esta noite”, brincou a cantora, o corpo esguio emoldurado por longo vestido lilás. Brincadeiras desse tipo não faltaram. E o sorriso ostentado no segundo em que pisou no palco sobrou até em músicas dramáticas. A dobradinha “Fell In Love With A Boy” e “First Taste Of Hurt” preparou o público para o fim da apresentação. Cinco minutos de intervalo manjado e Joss reaparece, linda e loira, com “Righ To Be Wrong”, para, entre juras de amor e promessas de voltar em breve, deixar o palco definitivamente. Ela não decepciona em nada, mas, após quase duas horas de música, pode soar estranho sair de um show mais encantado com a simpatia do que com a superconhecida habilidade vocal do artista.

por Mariana

Sewaybricker

camila cara/ divulgação

Miss Simpatia

JOSS STONE: cantora recebeu uma enxurrada de mimos e prometeu voltar – como sempre

El Mapa deTodos – Bar Opinião – Porto Alegre (RS) – 6 a 8/11

Sangue e cerveja latinos

Festival ibero-americano se consolida com “primos” bacanas como El Cuarteto de Nós e Nenhum de Nós “Lavei a alma”, festejava Thedy Corrêa no camarim, após o encerramento da terceira noite do festival que reuniu 15 atrações de sete países latinoamericanos. Atingido por um copo de plástico com cerveja, o cantor do Nenhum de Nós parou o show para dar merecido esporro na autora da cretinice, mas

belisa giorgis/ divulgação

THEDY CORRÊA, do Nenhum de Nós: copada de cerveja, mas de alma lavada

76 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

não perdeu a alegria por estar ali fechando um evento que concretiza várias pontes que a veterana banda porto-alegrense vem desenhando desde os anos 80. Nenhum outro grupo merecia mais a honraria. Com repertório de gala para a ocasião, o quinteto tocou “Clara”, do grupo uruguaio No Te Va Gustar, “Rezo Por Nós” (versão de “Rezo Por Vos”, de Charly García e Spinetta) e “El Amor Despues El amor” (Fito Paez) acoplada à emblemática “Sangue Latino” (Secos & Molhados). Não faltaram palavras de elogio ao organizador Fernando Rosa, pela “construção de todo um universo” na capital gaúcha e o anúncio da vontade de lançar um disco inteiro em espanhol. “Sem pensar em mercado, mas porque a gente gosta mesmo”, explicou Thedy, cujo maior ídolo é o argentino Gustavo Cerati (ex-Soda Stereo). Naquela mesma noite, que também teve o grupo chileno Dënver, o duo gaúcho Medialunas já havia mostrado competência com letras em espanhol. E rolaram ótimos shows de Autoramas, banda carioca acostumada a cruzar a Latinoamérica, e do bandolero mexicano Juan Cirerol, uma revelação. No primeiro dia,o Franny Glass (projeto do uruguaio Gonzalo Deniz cujo nome homenageia a célebre personagem de J. D. Salinger) foi o melhor

por Pedro Só

gringo. Entre os gaúchos, Esteban, nova empreitada de Rodrigo Tavares (ex-Fresno), causou comoção – e o Apanhador Só fez a festa dos fãs, com direito a inéditas do disco que está sendo gravado. A apoteose do evento, porém, foi na segunda noite. Depois do rock acelerado do grupo argentino Norma, a Bidê entrou “a fudê”. Com disco novo no forno, a banda local botou pressão empilhando hits e muitas estripulias do vocalista Carlinhos, que desafiou expectativas em uma espécie de parkour insano do palco para a plateia. Foi sucedida pelo septeto peruano Bareto, com sua cumbia atualizada e hiperdançante: os glúteos de muitos presentes viraram músculos involuntários comandados pelo ritmo quente. No repertório, uma versão de “Mulher Rendeira” que já é tradiconal em nosso vizinho andino. O nível altíssimo da noite culminaria com El Cuarteto de Nós, uma das melhores bandas do planeta. Saudados por bandeiras e uma hinchada fanática, a cada hino que tocavam, os carismáticos vizinhos de baixo deram uma aula de refrão e dinâmica rock. “Nada Es Gratis En La Vida”, contabiliza o poeta Alberto Musso em seu hit. Mas o ingresso para cada uma dessas noites maravilhosas saía só por 20 pilas.


Back2Black – Estação Leopoldina – Rio de Janeiro (RJ) – 23 a 25/11

Shows inspirados de artistas de variadas matizes garantem êxito da terceira edição brasileira do festival Houve quem reclamasse da escalação, da qualidade do som, do preço das coisas dentro da charmosa estação ferroviária desativada no centro do Rio. Dois dias tiveram pouco público e os atrasos foram para lá de irritantes – festival com mais de um palco que permite atrasos estraga a experiência para quem faz a lição de casa e chega com um plano para assistir a um pouco de um show, a um pouco de outro. Mas a real é que, enquanto as principais atrações da edição 2012 do Back2Black se apresentavam, tais pecados eram facilmente esquecíveis. A estrela Lauryn Hill, conhecida pela irregularidade e o blá-blá-blá nas performances, estava num ótimo dia – e amparada por vigorosa banda com o baixista Doug Wimbish na batuta. Mesmo Santigold, contestada na condição de headliner do último dia, deu o seu recado. Conhecida por transitar em diversas searas, a americana começou o show só com os rocks new wave do repertório: “Lights Out”, “L.E.S. Artistes” etc. Aos poucos, a apresentação foi ganhando balanço e as duas dançarinas da cantora (lá fora costuma ser mais) empolgaram o público. Igualmente marcada pelas coreografias foi a performance de Missy Elliott. A rapper encheu o palco de bailarinos, incluindo dois gêmeos frenéticos, que não deixavam espaço para alguém se queixar da falta de banda. Os hits é que não podiam faltar. E de “Get Ur Freak On” a “Work It”, Missy Misdemeanor Elliott entregou tudo. Pelo Brasil, Dona Onete e Gal Costa se encarregaram de justificar a parte “almost white” (como brincou a baiana) do evento. A paraense exibiu seu carimbó chamegado e quente com a ajuda de Pio Lobato na guitarra e o fiel escudeiro Vovô na bateria. Quando a apresentação

chegava ao auge, Gal soltou a voz no palco principal e a plateia debandou. O show baseado no álbum Recanto está em seu melhor momento, com a baiana passeando confortavelmente pelas letras desconfortáveis escritas por Caetano Veloso. Na plateia, o trompetista sul-africano Hugh Masekela (mais sobre o grande nome do Back2Black a seguir) tinha orgasmos a cada agudo. Chegou a dar uma pirueta com a mão na cabeça quando Gal imitou Tim Maia em “Um Dia De Domingo”. No habitual diferencial do evento, o Brasil foi apresentado a talentos africanos como a malinesa Fatoumata Diawara, a nigeriana Nneka, Manecas Costa, da Guiné-Bissau, que animou o show de Martinho Da Vila, e Jupiter & Okwess International, a grande surpresa do festival, com seu rock percussivo made in Kinshasa, Congo. A VISITA MAIS ANSIADA Somente agora, aos 73 anos, o trompetista e compositor sul-africano Hugh Masekela aportou no país que homenageia em “A Song For Brazil”, de seu álbum The Boys Doin’ It, de 1975. Acompanhado de um quinteto também sul-africano (à exceção do percussionista, de Serra Leoa), Masekela começou o show com “Languta”, faixa de abertura de Masekela Introducing Hedzoleh Soundz, de 1973. Sem o mesmo arranjo funky de guitarra da versão original, a tendência jazzística que predominaria ao longo da noite já se mostrou aí. “Chileshe”, com o timbre característico do seu trompete, foi pelo mesmo caminho, lembrando sua condição de precursor do african pop dos anos 1980. “Halese”, com guitarrada no melhor estilo mbaqanga – ritmo popular

MISSY ELLIOTT: em sua primeira vez no país, a rapper entregou todos os hits da carreira

por José

Flávio Júnior e Lucio Branco

da África do Sul –, foi a oportunidade para a primeira comunicação direta de Masekela com a plateia, que correspondeu, acompanhando-o no vocalize. Com a turma no bolso, emendou a sua versão de “Mas Que Nada”, não sem antes afirmar que realizava o sonho, acalentado por 50 anos, de nos fazer uma visita. Os que porventura o acharam demagogo nessa hora, saibam que a sua gravação do standard de Jorge Ben Jor é de 1965 – mérito de Sivuca, seu principal introdutor à música brasileira, quando atuou como violonista da banda de apoio da sua conterrânea e então esposa Miriam Makeba. Aproveitando o momento cover do show, Hugh Masekela apresentou uma versão mais contida e cheia de nuances do clássico “Lady”, do amigo nigeriano Fela Kuti. Após uma versão irreconhecível de seu maior hit, “Grazing In The Grass”, a tradicional “Khawuleza” (que Makeba também cantava) foi a deixa para a despedida. No bis, “Rekpete”, que encerra o referido álbum de 1973, foi outra a ganhar arranjo de mbaqanga, proporcionando o ponto alto da noite.

HUGH MASEKELA: o sul-africano promoveu o encontro de Jorge Ben Jor e Fela Kuti

FOTOS: divulgação

Alma não tem cor

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LANÇAMENTOs • CDs

COLEÇÃO POPERÔ Barão Vermelho

Garotinhos do mal Barão Vermelho 30 anos

Som Livre

divulgação

O trabalhão técnico, o esforço artesanal coordenado pelo baixista Dé Palmeira para restaurar a obra foi fundamental, isso não se discute. Mas quem ajuda mesmo a aumentar a reputação deste disco são as três décadas passadas desde seu lançamento, naquele momento raro, no começo dos anos 80. Seria lindo se hoje surgisse algo semelhante a essa estreia do Barão Vermelho, com uma banda de rock’n’roll cheirando a leite e um Cazuza pé na porta em termos de poesia e personalidade. “Rock’n’Geral”, “Posando De Star”, “Todo Amor Que Houver Nesta Vida” e “Down Em Mim” são alguns dos tesouros no meio de uma safra algo ingênua, mas sempre destemida, empolgada e capaz de surpreender. Extraído nos estúdios da Som Livre, no Rio, esse leite malvado jorrou na cara dos caretas do Brasil de 1982 e hoje é um dos marcos inaugurais de toda uma geração do rock nacional. Paradoxalmente, é um trabalho cuja mixagem se deu sem a presença dos músicos, que só agora estão podendo apresentar algo mais próximo de suas intenções originais. Detectar hoje em “Ponto Fraco” ecos da garagem sessentista de Question Mark & The Mysterians (uma das bandas protopunks favoritas do crítico americano Lester Bangs, e que obviamente o Barão não conhecia na época) interessa mais do que as descobertas agregadas às dez faixas originais. Basta ouvir a versão de “Nós” como reggae pouco à vontade para entender a decisão de deixá-lo de fora em 1982. A desenterrada “Sorte E Azar” tampouco é uma gema, ganha valor mais por “cuestão” (como canta Cazuza) de curiosidade. Já a inesperada versão em espanhol “dicionário na mão” de “Down Em Mim” é um momento algo bizarro e kitsch que tende a ganhar com o tempo. Afinal, o tempo está do lado de certas bandas. (Pedro só)

80 billboard brasil

ÓDIOS JUSTIFICADOS

Devotos

CALVIN HARRIS 18 MONTHS

Póstumo SONY

Independente

Aqui está o resumo dance de 2012. Se você caiu na balada ao longo do ano, as chances são grandes de ter dançado músicas do terceiro álbum do DJ e produtor escocês. O trabalho saiu no fim do ano, mas pelo menos sete das 15 faixas viraram hits de pista antes. São os casos de “Let’s Go”, com vocais de Ne-Yo, e “Feel So Close”. O grande sucesso é “We Found Love”, que Harris produziu para o penúltimo CD de Rihanna e ganhou videoclipe bafônico. Mas, desde que apareceu, com músicas como “Acceptable In The 80s”, o DJ de 28 anos mostrava ter vários coelhos na cartola. É por isso que , apesar de tantos racha-assoalhos consagrados, 18 Months ainda é capaz de surpreender. Três parcerias se destacam. Uma é “Bounce”, que conta com o timbre bonito de Kelis, cantora cada vez mais próxima da eletrônica e distante do r&b. Florence Welch também vai bem na dramática “Sweet Nothing”. A cereja quem coloca é Dizzee Rascal em “Here 2 China”. O rapper inglês repete a dobradinha de “Dance Wiv Me”, agora numa faixa menos amistosa. (J.F.J.)

Antes que a banda acabe e em tempo de ainda pegar comemorações de 25 anos de fundação, o punk favelado de Cannibal e seus companheiros revisita o passado e limpa as gavetas neste sexto álbum (em contagem que não inclui o EP de 2004). Com vocação para hino, a contagiante “Devotos Do Ódio” remonta à fase pré-fonográfica da banda do Alto José do Pinho, no Recife, que começou no fim dos anos 80, mas só foi gravar disco em 1997. “Para Que Beber”, também dessa fase, tem frescor semelhante. Entre as menos brutais e mais nuançadas, há a hipnótica abertura com “Elas”, que denuncia a prostituição infantil, o regggae que vira rock “Orixás”, e a bem camisa-de-venusiana “Alienação”, com participação do tecladista Astronauta Pinguim. Tudo com ambiências ímpares e, dentro de certa tosqueira com método e criatividade, soluções particulares e sons nunca dantes ouvidos. Nas mensagens, destaque para o anticonsumismo embalado em Cramps/surf rock de “Já É Natal”, e a surpreendente “A Morte Do Messias”. (p.s.)

MÁGICA NO ABSURDO

QUEM É ESSE CARA?

Roberto Carlos

AEROSMITH

Esse Cara Sou Eu

MUSIC FROM ANOTHER DIMENSION! Sony BMG

Com este produtinho barato, com apenas quatro faixas (duas delas, inéditas), Roberto entra em dividida mercadológica com Wesley Safadão e outros seres do planeta Brasil. A canção “Esse Cara Sou Eu”, escrita sem o parceiro habitual Erasmo Carlos, soa como um “Buchecha sem Claudinho” pouco intencional em sua tristeza simplória. Tem um quê de autoimpostura que por pouco não supera o lado positivo, o fato de ser novidade no quase imutável reino do Rei. Registrado com músicos de Lulu Santos,“Furdúncio”, o funk melody com tamborzão em volume tamborzinho e gaiatices, é que é “a verdadeira revolução” (clichê intencional, ok?) aqui. Quem é esse cara? Ele precisava aparecer mais vezes para animar o castelo. Completam a tabela a fantasmagórica “A Mulher Que Eu Amo”, de 2009, até agora só incluída na trilha da novela Viver A Vida, e “A Volta”, hit que Roberto propiciou aos Vips ainda no tempo da Jovem Guarda , em releitura avulsa de 2004. (p.s.)

SONY

O 15º álbum do Aerosmith tinha tudo para dar errado. Sem soltar material inédito há mais de uma década, o grupo passou um tempão mexendo e engavetando o pacote de canções revelado agora. Steven Tyler e Joe Perry, as principais figuras, andaram se estranhando e a banda quase acabou na virada da década. Mas, de certa forma, a baixa expectativa acaba beneficiando o registro. Claro que ele soa desconjuntado – e não seria o veterano produtor Jack Douglas (Rocks, Toys In The Attic) quem uniria todas as pontas soltas. A surpresa é quando uma música com oito autores (incluindo o roadie do guitarrista Brad Whitford e o filho do baterista Joey Kramer) funciona, caso de “Lover Alot”. Ela vai na linha do potente rock setentista “Legendary Child”, que começou a tocar em maio. A melhor balada do álbum é “Closer”, com o nível de açúcar controlado e um desempenho de Tyler que dificilmente se repetirá nos shows. E as tretinhas entre os gêmeos tóxicos abriram espaço para Perry cantar duas faixas, o que dá um sabor diferente ao final do álbum. (J.F.J.)


NOSTALGIAS INÉDITAS

GAÚCHOS IRREDUTÍVEIS

BIDÊ OU BALDE ELES SÃO

Tio Samba

DECKDISC

INDEPENDENTE

Após um disco revisionista no ano passado, o adorável É Batata!, voltado para o repertório de Carmen Miranda, a orquestra de samba liderada por Carlos Mauro volta disposta a desconcertar máquinas do tempo. Com um repertório todo original e olhar supercontemporâneo nas bem-humoradas letras, a formação niteroiense propicia inéditas nostalgias ao sopro de tuba, trombone, clarone, clarineta, fagote, trompete, flugel, sax soprano, sax tenor e sax alto. Aqui os metais não dão ataque, embalam melodiosamente sambas amaxixados e sucedâneos, com espaço para a marcha capibenha “Carnaval Sem Celular”, o xote “Insônia Dá Coelho” e o coco que dá nome ao álbum, o terceiro da carreira do pessoal. Arranjos cultos (vale reparar a introdução de “Nunca Mais”) e inventivos dialogam expressivamente com os vocais de Carlos e Luciana Lazulli, sempre com saborosos detalhes percussivos para distrair dedos, pés e mentes inquietas. Em três faixas, o quarteto Mulheres de Máscaras pastoreia.(p.s.)

Perto de completar 15 anos de carreira, a Bidê Ou Balde lança seu quarto álbum soando como em 2002. Naquele ano, o hoje quarteto gaúcho soltou Outubro Ou Nada, seu melhor trabalho, recheado de vinhetas e experiências em estúdio que só enriqueceram seu pop rock de matizes alternativas. A busca pelo diferente desapareceu em É Preciso Dar Vazão Aos Sentimentos! (2004), mas está de volta, representada pelas frases em alemão que separam as faixas. Seguindo um padrão gringo, o grupo já antecipara um pouco do clima do CD num EP puxado por “Me Deixa Desafinar”, uma das melhores dessa safra. “+Q1 Amigo” também entra para o rol de canções redondinhas com refrão fácil de memorizar, a especialidade de Carlinhos Carneiro. Frank Jorge, da Graforreia Xilarmônica, contribui com três composições. Mas os convidados que chamam a atenção são outros. Serginho Moah, do Papas Da Língua, coloca sua voz rouca na quase balada “João Da Silva”, guiada pela bela gaita ponto de Renato Borghetti (J.F.J.)

PASSADO VOLUPTUOSO

dignidade já!

FAFÁ DE BELÉM

NASI

TRÊS TONS DE FAFÁ DE BELÉM

PERIGOSO UNIVERSAL

Numa época em que a música paraense experimenta grande exposição, nada mais oportuno do que revisitar a obra da cantora que melhor simbolizou a exuberância daquele estado. TambaTajá (1976), o insuperável álbum de estreia, não entrou nessa caixinha de três CDs. Mas os seguintes: Água (1977), Banho De Cheiro (1978) e Estrela Radiante (1979) fotografam com nitidez o grande momento de Fafá. O vínculo com a Amazônia era fortíssimo em Água, expresso nos versos de Paulo André e Ruy Barata, autores dos sucessos “Pauapixuna” e “Foi Assim”. A última ainda aparece em espanhol, o que seria o maior chamariz da reedição não fossem as inclusões do compacto com “Emoriô” e do rock “Não Há Dinheiro Que Pague”. No terceiro disco, Fafá já dá umas escorregadas gravando Gonzaguinha. O timaço de arranjadores, incluindo João Donato e Wagner Tiso, é que garante o interesse. Com a proximidade dos 80, o repertório embolerou de vez, mas o arranjo de Arthur Verocai para “Pacará” resistiu ao tempo com galhardia. (J.F.J.)

COQUEIRO VERDE

Quem teve a oportunidade de escutar Onde Os Anjos Não Ousam Pisar (2006), primeiro disco de Nasi sem o Ira! ou Os Irmãos do Blues, sacou que o cantor poderia desenvolver uma trajetória solo digna. O álbum era irregular, mas os bons momentos justificavam a audição. Em Perigoso, a história se repete. O principal acerto é a versão de “Dois Animais Na Selva Suja Da Rua”, composição de Taiguara gravada de maneira espetacular por Erasmo Carlos no clássico Carlos, Erasmo (1971). Nasi preferiu não alterar tanto o arranjo, mas deu uma bela acelerada na canção. As cordas é que poderiam estar mais destacadas na releitura. Também ficou simpática a cover de “Tudo Bem”, música da banda paulistana Garotas Suecas. O grupo caminha pelo mesmo universo retrô que é referência para Nasi: soul music, blues, jovem guarda. Tanto que o cantor também foi buscar uma relíquia sessentista de Renato Barros (a mesma citada na resenha da caixa de Fafá de Belém): “Não Há Dinheiro Que Pague”. Pena que a metade autoral do disco não mantenha o mesmo nível.(J.F.J.)

fernando young/ divulgação

ASSIM. E ASSIM POR DIANTE

Mais pra cá do que pra lá

CAETANO VELOSO

Afeto que se encerra

ABRAÇAÇO

UNIVERSAL

Que figura é Caetano Veloso! Há sete anos, era praticamente impossível encontrar um indie que tivesse o baiano em boa conta. Com a sequência de três discos em que buliu com o rock alternativo, a partir do acima da média Cê (2006), o cantor reverteu esse quadro e hoje é ovacionado pela mesma racinha que o desprezava – em novembro, foi assistir ao grupo americano Dirty Projectors na casa de shows paulistana Cine Joia e saiu aplaudido pelos presentes mesmo sem ter dado canja. A turma perdoa até a turnê com Maria Gadú, que poderia ter comprometido essa boa fase. Abraçaço não avança muito nas ideias propostas nos dois CDs anteriores. Também é o mais curto da trilogia, o que dá a impressão imediata de um álbum inferior – são menos músicas legais, afinal. Mas a única coisa ruim de verdade em Abraçaço é que ele pode marcar o fim da parceria com a BandaCê e iniciar um período menos interessante musicalmente na trajetória de Caetano. Em vez de sofrer por antecipação, a pedida é curtir o que dá para ser curtido nesse provável desfecho. A melhor letra já pinta na abertura. “A Bossa Nova É Foda” faz um paralelo delirante entre o feitiço da bossa e dos lutadores de MMA, citando pelo caminho João Gilberto, Tom Jobim, Bob Dylan e até o porqueiro Eumeu, da Odisséia, de Homero. “Quero Ser Justo” é uma adorável balada sobre aproximação, que desemboca nos bonitos e exagerados versos “Eu vi você: /Uma das coisas mais lindas da natureza/ E da civilização”. Já nas sacolejantes “Parabéns” (um e-mail transformado em canção) e “O Império Da Lei” (guitarrada inspirada no filme Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios), o holofote persegue Pedro Sá, Marcelo Callado e Ricardo Dias Gomes. A BandaCê é especial não só porque conhece Pavement e Pixies, mas também porque sabe suingar. A união do trio com Caê foi tão feliz que eles nem se importaram em aparecer no encarte sem camisas e se tocando. Uma despedida afetuosa. (josé flávio júnior)

www.billboard.br.com 81


agenda • Dezembro / Janeiro

Dezembro quarta,

Norah jones

12

Porto Alegre (RS) Auditório Araújo Vianna

NIGHTWISH

Gary Brown

São Paulo (SP) Bourbon Street

13

Andrea Bocelli

São Paulo (SP) Credicard Hall

17

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

Brasília (DF) Teatro Oi Brasília

Maria Bethânia

Florianópolis (SC)

victor & leo

São Paulo (SP) Credicard Hall

Brasília (DF) Estacionamento do Estádio Mané Garrincha

victor & leo

São Paulo (SP) Credicard Hall

18

19

Dezembro quarta,

Gary Brown

São Paulo (SP) Bourbon Street

roupa nova

OTTO

São Paulo (SP) SESC Belenzinho

Paula Lima

São José dos Campos (SP) SESC

BOB SINCLAR

Fortaleza (CE) Mucuripe Club

Rio de Janeiro (RJ) Maracanãzinho

victor & leo

LUIZA POSSI

thiaguinho, Jeito Moleque, sambô e turma do pagode

São Paulo (SP) Credicard Hall

São Paulo (SP) Sesc Ipiranga

ANTONIO ZAMBUJO São Paulo (SP) Sesc Bom Retiro

Osasco(SP) Sesc Osasco

Planet Hemp

Dezembro quinta,

Gary Brown

São Paulo (SP) Bourbon Street

20

São Paulo (SP) SESC Belenzinho

28

Fatboy Slim

Recife (PE) Pavilhão do Centro de Convenções

OTTO

Dezembro sábado,

BOB SINCLAR

Natal (RN) Beach Event

Alcione

São Paulo (SP) Espaço das Américas

victor & leo

São Paulo (SP) SESC Pompeia

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

Arnaldo Baptista

São Paulo (SP) Credicard Hall

Alcione

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

Norah jones

Niterói (RJ) Teatro Popular de Niterói

Janeiro terça,

BOB SINCLAR

Búzios (RJ) Pacha

Dezembro sexta,

roupa nova

Rio de Janeiro (RJ) Citibank Hall

21

jorge & mateus

Rio de Janeiro (RJ) Vivo Rio

29

Gary Brown

CRIOLO

Janeiro quinta,

Danilo Caymmi

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

São Paulo (SP) Credicard Hall

Dezembro domingo,

BOB SINCLAR

Florianópolis (SC) Parador 12

Fernando de la Rua

São Paulo (SP) Sesc Ipiranga

25

Dezembro terça,

Stevie Wonder E Gilberto Gil

Rio de Janeiro (RJ) Praia de Copacabana

jorge & mateus

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

30

31

Dezembro segunda,

BOB SINCLAR

Recife (PE) Cabanga Iate Club

Fatboy Slim

Sorocaba (SP) SESC

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

3

Gary Brown

Fundo de Quintal

São Paulo (SP) Blackmore

Moraes Moreira e Davi Moraes

Rio de Janeiro (RJ) Imperator

Rio de Janeiro (RJ) Circo Voador

Chris Slade

23

Dezembro domingo,

Stevie Wonder E Gilberto Gil

jorge & mateus

Monobloco

Rio de Janeiro (RJ) Fundição Progresso

Fundo de Quintal

João Pessoa (PB) Centro de Convenções

Rio de Janeiro (RJ) Citibank Hall

22

São Paulo (SP) Bourbon Street

Thiaguinho

Fatboy Slim

Dezembro sábado,

roupa nova

São Paulo (SP) Credicard Hall

São Paulo (SP) Credicard Hall

São Paulo (SP) Bourbon Street

Rio de Janeiro (RJ) Circo Voador

São Paulo (SP) SESC Belenzinho

Rio de Janeiro (RJ) Citibank Hall

TULIPA RUIZ

CRIOLO

São Paulo (SP) SESC Belenzinho

27

Planet Hemp

Florianópolis (SC) Centro Integrado de Cultura

CRIOLO

Dezembro sexta,

TULIPA RUIZ

São Paulo (SP) Via Funchal

São Paulo (SP) SESC Pompeia

São Paulo (SP) Credicard Hall

Lenine

São Paulo (SP) Credicard Hall

Dezembro quinta,

Norah jones

Rio de Janeiro (RJ) Fundição Progresso

Roberto Carlos

São Paulo (SP) SESC Pinheiros

Dezembro terça,

Nando Reis

São Paulo (SP) Bourbon Street

Arnaldo Baptista

São Paulo (SP) Carioca Club Centro Integrado de Cultura

16

Dezembro domingo,

kid abelha

Gary Brown

Rio de Janeiro (RJ) Citibank Hall

São Paulo (SP) Sesc Ipiranga

Racionais MCs

15

Dezembro sábado,

kid abelha

TULIPA RUIZ

Milton Nascimento

roupa nova

São Paulo (SP) Sesc Bom Retiro

Mônica Salmaso & Convidados

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

Dezembro segunda,

ANTONIO ZAMBUJO

14

Belo Horizonte (MG) Novo Chalezinho

Cícero

São Paulo (SP) SESC Pinheiros

Dezembro sexta,

Chris Slade

São Paulo (SP) Jockey Club

Milton Nascimento

Alcione

Dezembro quinta,

Arraial D’Ajuda (BA) Uiki Parracho

Funk Como Le Gusta

São José dos Campos (SP) SESC

São Paulo (SP) SESC Belenzinho

Janeiro sexta,

Ivan Lins

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

4

Fatboy Slim

Janeiro sábado,

BOB SINCLAR

Camboriú (SC) Space

5

Fatboy Slim

Guaratuba (PR) Café Curaçao

Janeiro quarta,

Maria Bethânia

Porto Alegre (RS) Teatro do Sesi

9

Janeiro quinta,

João Bosco

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

10

Goiânia (GO) Centro de Esporte e Lazer da OAB

Ivan Lins Janeiro sexta,

Wiz Khalifa

11

São Paulo (SP) Memorial da América Latina

Zezé di Camargo & Luciano São Paulo (SP) Credicard Hall

João Bosco

Roupa Nova

São Paulo (SP) Credicard Hall

Rio de Janeiro (RJ) Citibank Hall

12

18

Janeiro terça,

Alcione

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

15

Roberto Carlos

Lulu Santos

Rio de Janeiro (RJ) Vivo Rio

Janeiro sexta, São Paulo (SP) HSBC Brasil

marisa monte

Fortaleza (CE) Siará Hall

REVELaÇão

São Paulo (SP) Credicard Hall

25

Janeiro sábado,

Roupa Nova

São Paulo (SP) Credicard Hall

19

CHARLIE BROWN JR.

Janeiro sábado,

Creamfields Brasil

Rebeldes

Atrações: Afrojack, Luciano, Laidback Luke, Phonique Feat. Ian Whitelaw, D Nox & Beckers, Tale Of Us, Art Department, Danny Daze, tINI, Mirko Loko, Life Is A Loop, Rodrigo Ferrari, Renato Ratier, Leo Janeiro, Old Is Cool, Teclas, Talking Props

São Paulo (SP) HSBC Brasil Rio de Janeiro (RJ) Citibank Hall

Planet Hemp

Florianópolis (SC) Stage Music Park

17

Rio de Janeiro (RJ) Maracanãzinho

João Bosco

LULU SANTOS

São Paulo (SP) HSBC Brasil Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

Janeiro quinta,

Baile do Simonal (Wilson Simoninha e Max de Castro)

24

São Paulo (SP) Bourbon Street

Rio de Janeiro (RJ) Citibank Hall

LULU SANTOS

Janeiro quinta,

SURFER BLOOD Alcione

Roberto Carlos

São Paulo (SP) Bourbon Street

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

16

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

Vanguart

São Paulo (SP) Credicard Hall

Janeiro quarta,

SURFER BLOOD Alcione

Rio de Janeiro (RJ) Maracanãzinho

Belém (PA) Hangar

Zezé di Camargo & Luciano

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

Janeiro sexta,

Janeiro sábado,

NALDO

Rio de Janeiro (RJ) Teatro Rival Petrobras

26

Janeiro domingo,

PALAVRA CANTADA São Paulo (SP) HSBC Brasil

27

Rebeldes

São Paulo (SP) Credicard Hall

Fortaleza (CE) Biruta

ANOTE elton john 2013 BMW Jazz Festival

27 de fevereiro e 5 & 8 de março SP, Porto Alegre e DF junho SP e Rio

Lollapalooza Z Festival

29 a 31 de março SP

outubro SP e Rio

Rock in Rio

13, 14, 15, 19, 20, 21 & 22 de setembro, Rio

Monsters of Rock

novembro SP

As datas e locais estão sujeitos à alteração por parte dos organizadores. sugerimos consultá-los para confirmação das informações. fotoS: divulgação

82 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013


POP & POPULAR • REGIONAL • GOSPEL • heatseekers songs • traditional jazz albums • COnTEMPORARY JAZZ • hot digital songs • hot dance club songs • SOCIAL 50

Paradas

p.

84

ROBERTO CARLOS

O rei emplaca, pela primeira vez, uma música no Brasil Hot 100

p.

89 KE$HA

Loira tem o maior aumento de unidades/streaming do Hot 100

p.

90

ONE DIRECTION

Boyband britânica ocupa o topo do Billboard 200 com “Take Me Home”

p.

93

JASON ALDEAN

“Night Train” chega a sua quinta semana no Independent Albums

divulgação

Uma informação diz tudo sobre o poder fonográfico de Rihanna: apenas Beatles, Mariah Carey e Michael Jackson chegaram mais vezes ao topo do Hot 100. Com “Diamonds”, a cantora conquista o primeiro lugar pela 12ª vez, empatando com Madonna e o grupo vocal The Supremes. Também pela 12ª vez, a caribenha lidera o Hot Digital Songs. “Diamonds” saiu da terceira para a primeira posição, acumulando 171 mil downloads vendidos no período. De acordo com o Nielsen SoundScan, a faixa já foi baixada mais de um milhão de vezes desde que chegou ao mercado. O nome disso é hit. Não bastasse o sucesso lá fora, Rihanna também é muito benquista por aqui. Ela disputa com sertanejos e pagodeiros de igual para igual no Brasil Hot 100. Atualmente, aparece com a estreante “Diamonds” no 43º posto e com “Where Have You Been” colada, em 45º.

www.billboard.br.com 83


1º dez

dados de vendas compilados por

european hot 100 singles

dados de vendas compilados por

®

2012

5

Novo

Cities 97 2012 EX | (25.98)

Novo

9

Novo

10 7 6 Novo 11

12 3 2 13 4 2 Novo 14

15 12 107 Novo 16

The Lumineers

novo 29

The Lumineers Dualtone 1608 | (13.98)

Pentatonix

Various Artists Travis Barker & YelaWolf

Infamous

34 16 4

The Heist

35 13 4

Silver & Gold

36 9 2

A War You Cannot Win

37 19 3

Fearless 30171 | (14.98)

Macklemore & Ryan Lewis Macklemore 152229 | (13.98)

Sufjan Stevens Asthmatic Kitty 100 | (44.98)

All That Remains Razor & Tie 83318* | (13.98)

Various Artists

Punk Goes Pop: Volume 5

Fearless 30170 | (14.98)

The Issues

Black Diamonds (EP)

Velocity 185 EX | Rise | (6.98)

Jason Aldean

41 37 9

Rock Of Ages

42 36 6

Best Days

43 39 6

Album Title Goes Here

44 40 8

Megalithic Symphony

45 27 3

23 18 91 24

30

6

25

31 33

TillyMann 004 | (12.98)

AWOLNATION Red Bull 1086 | (9.98)

In This Moment The xx The Civil Wars sensibility 017* | (11.98)

nº de Semanas

SEMANA DE 24/11

47 50 5

Barton Hollow

48 45 9

Tame Impala

Lonerism

Modular 157* | (12.98)

Alabama Shakes

Boys & Girls

ATO 0142* | (11.98)

Título

artista (Gravadora/promotora)

retorno 46

Coexist

Young Turks 080* | (14.98)

heatseekers songs SEMANA DE 1º/12

Blood

Century Media 8874 | (15.98)

1 2 11 Nº 1 HOW COUNTRY FEELS 1 SEMana Randy Houser STONEY CREEK

1 1 4

2

4 4 F**KIN PROBLEMS

2

retorno 49

50

novo

3

Greg Bates REPUBLIC NASHVILLE

3 14 DID IT FOR THE GIRL

4

6 4 WICKED GAMES

5

8 14 READY OR NOT

6

5 17 TAKE A WALK

ARTISTA

TÍTULO (Gravadora & número de série/distribuidora)

Nº 1 Viva Duets  RPM 47310/COLUMBIA 4 semanas

Bishop Paul S. Morton

Best Days Yet

Tehillah/Light 7248 | eOne | (12.98)

Yolandita Monge

Mas Para Dar

Roma 8965 | (9.98)

Dethklok

Metalocalypse: Dethalbum III (Soundtrack)

Williams Street 60023* | [adult swim] | (13.98)

Colt Ford

Declaration Of Independence

Average Joes 239 | (14.98)

Dustin Lynch

Dustin Lynch

Broken Bow 7277 | (12.98)

Stephen Lynch

Lion

What Are Records? 61012 | (13.98)

Soundtrack Soundtrack

The Man With The Iron Fists

Soul Temple 101* | (14.98)

E-40 And Too $hort

History: Function Music

Heavy On The Grind 000254 | (18.98)

Parkway Drive

Atlas

Epitaph 87215* | (15.98)

Five Finger Death Punch

American Capitalist

Prospect Park 50104 | (15.98)

Apocryphon

E-40 And Too $hort

History: Mob Music

Heavy On The Grind 000253 | (18.98)

Lindsey Stirling

Lindsey Stirling

BridgeTone 01 | (14.98)

Coheed And Cambria

Afterman: Ascension

Everything Evil 001* | Hundred Handed | (13.98)

All Time Low

Don’t Panic

Hopeless 760 | (13.98)

As I Lay Dying

Awakened

Metal Blade 15139 | (13.98)

Black Country Communion Jonathan McReynolds

Life Music

Tehillah/Light 7273 | eOne | (12.98)

Matt And Kim

Lightning

FADER Label 0922* | (11.98)

Grizzly Bear

Shields

Warp 10229* | (15.98)

Cat Power

Sun

Matador 773* | (14.98)

Murs And 9th Wonder

The Final Adventure

It’s A Wonderful Music Group 04* | (16.98)

CONTEMPORARY JAZZ ALBUMS

TONY BENNETT

1 1 5

ARTISTA

Título (Gravadora & número de série/distribuidora)

KENNY G Nº 1 The Classic Christmas Album  ARISTA 41311/LEGACY 3 SEManaS

3 4 53 FRANK SINATRA Sinatra: Best Of The Best  REPRISE 79764/CAPITOL

3

6 36 ESPERANZA SPALDING

4

4

4 9 FOURPLAY

5 6 42 PAUL MCCARTNEY Kisses On The Bottom  MPL/HEAR 33369*/CONCORD

5

7 8 JONATHAN BUTLER

6 5 31 CHRIS BOTTI Impressions  COLUMBIA 60352

6

3

7 7 7 YOUNG & GETTIN’ IT Meek Mill Featuring Kirko Bangz MAYBACH/WARNER BROS.

7

7

11 8 LEE RITENOUR

8

Rita Ora Featuring Tinie Tempah ROC NATION/COLUMBIA

8 novo KURT ROSENWINKEL Star Of Jupiter  WOMMUSIC DIGITAL EX

8

12 6 DON DIEGO

9 10 11 CRYING ON A SUITCASE Casey James 19/COLUMBIA NASHVILLE

9 7 38 ROBERT GLASPER EXPERIMENT Black Radio  BLUE NOTE 88333*

9 8 15 MARCUS MILLER Renaissance  3 DEUCES/CONCORD JAZZ 33794/CONCORD

10

10 5 3 STREETWIZE Feelin’ Sexy  SHANACHIE 5198

Bridgit Mendler HOLLYWOOD

Passion Pit FRENCHKISS/COLUMBIA

9 8 R.I.P.

2 8 DIANA KRALL

Glad Rag Doll  VERVE 017191*/VG

3 62 TONY BENNETT

Duets II  RPM 66253/COLUMBIA

8 6 ELLA FITZGERALD

10 Great Christmas Songs  CAPITOL 04579

Afterglow

J & R Adventures 935488 | (17.98)

2

The Weeknd XO/REPUBLIC

Halo 4

Microsoft Studios/343 Industries/7Hz 12001 | The End | (12.98)

2

A$AP Rocky Feat. Drake, 2 Chainz & Kendrick Lamar A$AP WORLDWIDE/POLO GROUNDS/RCA

8 EUGE GROOVE

House Of Groove  SHANACHIE 5197 Radio Music Society  MONTUNO/HEADS UP 33174/CONCORD

1

Esprit de Four  HEADS UP 33738/CONCORD Grace And Mercy  RENDEZVOUS 5146/MACK AVENUE

6 ROBERT GLASPER EXPERIMENT

Black Radio Recovered: The Remix (EP)  BLUE NOTE 40482 Rhythm Sessions  CONCORD 33709 Fun  AGO MUZIK 1905

10

9 25 MELODY GARDOT

11 11 7 BEER WITH JESUS Thomas Rhett VALORY

11

12 49 SOUNDTRACK

Midnight In Paris  MADISON GATE 63482 EX

Just Kickin’ It  QUEEN OF SHEBA/HUSH 91273/ORPHEUS

11

13 21 ROB WHITE

12

14 9 LITTLE BLACK SUBMARINES The Black Keys NONESUCH/WARNER BROS.

12

15 11 BIG BAD VOODOO DADDY

12

10 23 BRIAN CULBERTSON

13

15 17 I DON’T LIKE Chief Keef Featuring Lil Reese GOD IS GOOD/GLORY BOYZ/INTERSCOPE

13 retorno BELA FLECK AND THE MARCUS ROBERTS TRIO Across The Imaginary Divide  J-MASTER/ROUNDER 619142/CONCORD

13

16 22 GERALD ALBRIGHT / NORMAN BROWN

14 16 20 10,000 REASONS (BLESS THE LORD) Matt Redman SIXSTEPS/SPARROW/EMI CMG

14 10 8 KURT ELLING 1619 Broadway: The Brill Building  CONCORD JAZZ 33959/CONCORD

14

9 28 RAHNI SONG

15 20 2 WHO BOOTY John Heart Featuring iamSU COOL KID CARTEL/EPIC

15

22 25 SOUNDTRACK

15 14 12 THE RIPPINGTONS FEATURING RUSS FREEMAN Built To Last  PEAK 5165/EONE

16

16

21 37 Gregory Porter

12 5 MERRY GO ‘ROUND

Kacey Musgraves MERCURY

The Absence  DECCA/VERVE 016816*/VG

Rattle Them Bones  SAVOY JAZZ 17898*/SLG

Treme: Season 2: Music From The HBO Original Series  HBO/ROUNDER 619130/CONCORD

Dreams  VERVE 016842/VG

24/7  CONCORD JAZZ 33445/CONCORD

Breakin’ The Rules  QUEEN OF SHEBA/Y3K 91267/HUSH

Be Good Motema 75

16 15 22 Paul Hardcastle The Chill Lounge: Volume 1 Trippin ‘n’ Rhythm 57

17 21 5 MISSIN’ YOU CRAZY Jon Pardi EMI NASHVILLE

17 14 5 John McLaughlin And The 4th Dimension Now Here This Media Starz 037/ Abstract Logix

17 17 62 Trombone Shorty For True Verve Forecast 015586/ VG

VIDEO GAMES 18 RETORNO Lana Del Rey POLYDOR/STRANGER/INTERSCOPE

18 retorno Chick Corea & Gary Burton Hot House Concord Jazz 33363/ Concord

18 18 4 Jackiem Joyner Church Boy Mack Avenue 7033/ Artistry

19 18 5 REDEEMED Big Daddy Weave FERVENT/WORD-CURB

19

17 10 ALGO ME GUSTA DE TI

Wisin & Yandel Featuring Chris Brown & T-Pain MACHETE/UMLE

That’s Life SYCO 99178/ Columbia

19 19 36 Peter White Here We Go Heads Up 32905/ Concord

20

23 3 KILL YOUR HEROES

20 novo ABIAH Life As A Ballad MADOH 8/ NIA

Unity Band Metheny/Nonesuch 531257/ Warner Bros.

21

COUGH SYRUP RETORNO

21 18 31 Tony Bennett Isn’t It Romantic?, Concord 33463

21

22

ANNA SUN RETORNO

Walk The Moon RCA

22 13 2 Jan Garbarek/Egberto Gismonti/Charlie Haden Magico: Carta de Amor ECM 017361/ Decca

22 Richard Elliot retorno In The Zone Artistry 7026/ Mack Avenue

23 25 22 PROMISES Nero MTA/MERCURY/CHERRYTREE/INTERSCOPE

23 23 8 Brad Mehldau Trio Where Do You Start Nonesuch 532029/ Warner Bros.

23 23 20 Kenny G & Rahul Sharma Namaste Concord 33816

24

Swizz Beatz Feat. Chris Brown & Ludacris EVERSET/MONSTER MUSIC/SWIZZ BEATZ

24 20 14 Branford Marsalis Quartet Four MFs Playin’ Tunes Marsalis 0018

24 24 26 Kat Edmonson Way Down Low Spinnerette 1202

novo 25

25

25 21 5 Scott Henderson/Jeff Berlin/Dennis Chambers HBC Tone Center 4073/ Shrapnel

AWOLNATION RED BULL

Young The Giant ROADRUNNER/RRP

novo EVERYDAY, BIRTHDAY

YOU & I

Avant Featuring KeKe Wyatt MO-B/CAPITOL

92 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

Landau Eugene Murphy, Jr. retorno

Lloyd Price

retorno

I’m Feeling Good!: Standards In Swing, LPM 22475

CERT.

Lux

Warp 10231* | (17.98)

TRADITIONAL JAZZ ALBUMS nº de Semanas

22 20 10

Tamela Mann

Brian Eno

The Sword

Adventus

Underground Sound 478963* | Thirty Tigers | (12.98)

Gravity

Reach 8234 | Infinity | (12.98)

39 32 4 Razor & Tie 83356* | (13.98) 40 10 2

The Departed

Mau5trap 7841 | Ultra | (16.98)

38 35 58

My Kinda Party

Broken Bow 7697 | (18.98)

deadmau5

32 28 13 novo 33

Motionless In White

SEMANA DE 24/11

21 22 14

31 25 15

Psycho White (EP)

Lasalle 00001 | Killer | (6.98)

sEMANA DE 1º/12

20 24 78

30 17 5

Under The Mistletoe

Universal Special Markets 017607 EX | Starbucks | (12.98)

17 11 18 WaterTower 39281 | (14.98)

19 21 8

PTXmas (EP) Sigh No More

Madison Gate 64060 EX | (7.98)

Soundtrack

18 15 14

nº de Semanas

novo 28

Mumford & Sons

8

semana dE 24/11

Cities 97 Sampler 24: Live From Studio C

6 6 144 Gentleman Of The Road 0109* | Glassnote | (12.98) Novo 7

SEMANA DE 1º/12

novo 27

Gentleman Of The Road 0130* | Glassnote | (14.98)

Various Artists

26 23 11

Babel

Lecrae

20

20 23 Pet Metheny novo

Robert Glasper

iTunes Festival: London 2012 (EP) Blue Note DIGITAL EX/ Capitol

CERT.

4 5 33

Mumford & Sons

Título

Gravadora & Número de série / Distribuidora (preço em dólar)

nº de Semanas

Grande Estreia

Night Train

Broken Bow 7617 | (18.98)

ARTISTA

SEMANA DE 24/11

3

Jason Aldean

sEMANA DE 1º/12

2 2 8

Título

Gravadora & Número de série / Distribuidora (preço em dólar)

CERT.

1 1 5

ARTISTA

CERT.

nº de Semanas

SEMANA DE 1º/12

SEMANA DE 24/11

INDEPENDENT albums


1º dez

entenda os

Dados de vendas compilados por

rankings

2012

ÁLBUNS

TíTuLo

ARTISTa (Gravadora/promotora)

26

28 7 Hall Of Fame

51

27

16 11 Girl On Fire

52

7 Locked Out Of Heaven

28

23 3 Better Dig Two

53

8 Die Young

29

38 14 The A-Team

54

47 12 Kiss Tomorrow Goodbye Luke Bryan Capitol Nashville 55 31 Payphone

5

8 24 Ho Hey THE LUMINEERS  DUALTONE

1

30

21 20 As Long As You Love Me

55

61 21 Little Talks

6

10 7 Skyfall

0

31

24 20 Don’t Wake Me Up

56

novo

7

5 20 One More Night

32

18 30 Wanted

57

novo

8

7

33

64 3 Try

58

novo

34

— 1 Just A Fool

59

35

34 12 Feel Again

60

56 9 No Worries

1

36

22 21 Blown Away

61

54 7 Begin Again

0

37

33 11 Swimming Pools (Drank)

62

58 8 Finally Found You

63

3

2

1 13 Gangnam Style

3

2

4

4

9

8

1 semana

PSY  SCHOOLBOY/REPUBLIC

BRUNO MARS  ELEKTRA/ATLANTIC KE$HA  KEMOSABE/RCA

ADELE  XL/COLUMBIA

MAROON 5  A&M/OCTONE/INTERSCOPE

7 I Cry

FLO RIDA  POE BOY/ATLANTIC

9 22 Home

PHILLIP PHILLIPS  19/INTERSCOPE

2

THE SCRIPT FEAT. WILL.I.AM  PHONOGENIC/EPIC

ALICIA KEYS FEAT. NICKI MINAJ  RCA THE BAND PERRY  REPUBLIC NASHVILLE ED SHEERAN  ELEKTRA/ATLANTIC JUSTIN BIEBER FEAT. BIG SEAN  SCHOOLBOY/RAYMOND BRAUN/ISLAND/IDJMG

1

CHRIS BROWN  RCA

HUNTER HAYES  ATLANTIC NASHVILLE/WMN

1

P!NK  RCA CHRISTINA AGUILERA FEAT. BLAKE SHELTON  RCA

51 46 I Won’t Give Up Jason Mraz Atlantic/ RRP 71 37 What Makes You Beautiful

Maroon 5 Featuring Wiz Khalifa A&M/Octone/ Interscope

Kiss You

Miss America J. Cole Roc Nation/ Columbia

The Only Way I Know

retorno Jason Aldean With Luke Bryan & Eric Church Broken Bow

6 31 Some Nights

11 15 Cruise FLORIDA GEORGIA LINE  REPUBLIC NASHVILLE

13

— 1 A Thousand Years, Pt. 2 CHRISTINA PERRI FEAT. STEVE KAZEE  SUMMIT/CHOP SHOP/ATLANTIC/RRP

38

39 4 F**kin’ Problems

14

12 13 Let Me Love You (Until You Learn To Love Yourself) NE-YO  MOTOWN/IDJMG

39

46 7 Every Storm (Runs Out Of Rain)

15

26 6 Beauty And A Beat

40

37 36 Everybody Talks

1

Catch My Breath retorno Kelly Clarkson 19/ RCA Still The One 64 novo One Direction SYCO/ Columbia 65 57 31 Titanium

16

13 13 We Are Never Ever Getting Back Together

41

45 15 I Will Wait

0

66

novo

49 25 Pontoon

JUSTIN BIEBER FEAT. NICKI MINAJ  SCHOOLBOY/RAYMOND BRAUN/ISLAND/IDJMG TAYLOR SWIFT  BIG MACHINE/REPUBLIC

2

1

KENDRICK LAMAR  AFTERMATH/INTERSCOPE

A$AP ROCKY FEAT. DRAKE, 2 CHAINZ & KENDRICK LAMAR  A$AP WORLDWIDE/POLO GROUNDS/RCA GARY ALLAN  MCA NASHVILLE

NEON TREES  MERCURY/IDJMG

MUMFORD & SONS  GENTLEMAN OF THE ROAD/RED/GLASSNOTE

David Guetta Featuring Sia What A Music/Astralwerks/ Capitol

27 21 Good Time

1

43

42 39 Call Me Maybe

6

68

74 9 Thinkin Bout You

19

31 7 Thrift Shop

44 32 24 Hard To Love

0

69

novo

20

15 5 I Knew You Were Trouble

45

48 20 Blow Me (One Last Kiss)

70

66 11 Madness

21

— 32 A Thousand Years

0

46

50 10 Bandz A Make Her Dance

71

68 14 Adorn

22

29 16 It’s Time

0

47

52 6 Anything Could Happen

72

novo

23

40 8 Don’t You Worry Child SWEDISH HOUSE MAFIA FEAT. JOHN MARTIN  ASTRALWERKS/CAPITOL

48

41 27 Whistle

73

retorno Imagine Dragons KIDinaKORNER/ Interscope

24

20 35 Too Close

1

49

— 2 Don’t Stop The Party

74

62 3 Goodbye In Her Eyes

25

19 18 50 Ways To Say Goodbye

0

50

— 1 She’s Not Afraid

75

65 12 Birthday Song

TAYLOR SWIFT  BIG MACHINE

CHRISTINA PERRI  SUMMIT/CHOP SHOP/ATLANTIC/RRP IMAGINE DRAGONS  KIDINAKORNER/INTERSCOPE

ALEX CLARE  REPUBLIC TRAIN  COLUMBIA

P!NK  RCA

JUICY J FEAT. LIL WAYNE & 2 CHAINZ  KEMOSABE/COLUMBIA ELLIE GOULDING  CHERRYTREE/INTERSCOPE FLO RIDA  POE BOY/ATLANTIC

2

PITBULL FEAT. TJR  MR. 305/POLO GROUNDS/RCA ONE DIRECTION  SYCO/COLUMBIA

Muse Helium-3/ Warner Bros.

7

2

Calvin Harris Feat. Florence Welch  DECONSTRUCTION/FLY EYE/ULTRA/ROC NATION/COLUMBIA

1 SEMana

0 Certificação da RIAA para 500 mil downloads pagos (Ouro). 1 Certificação da RIAA para 1 milhão

de downloads pagos (Platina). Números junto ao símbolo de platina indicam o nível multiplatina da canção. ) Certificação da RIAA para distribuição de 500 mil singles (Ouro).

Zac Brown Band Southern Ground/ Bigger Picture 2 Chainz Featuring Kanye West Def Jam/ IDJMG

SOCIAL 50 0 Maior ganho de pontos.

ARTISTa (Gravadora/promotora)

semana de 24/11 nº de Semanas

TíTuLo

Semana de 1º/12

SOCIAL 50 semana de 24/11 nº de Semanas

Nº 1

SWEET NOTHING

Semana de 1º/12

semana de 24/11 nº de Semanas

Semana de 1º/12

2

ARTISTa (Gravadora/promotora)

Músicas

Lista os artistas mais ativos nas principais redes de relacionamento. A popularidade é medida por um sistema de pontos baseado em uma fórmula que contempla as adições, na semana, de amigos, seguidores e fãs do artista em suas redes sociais, o número de page views em seu website e o total de execuções de suas músicas, na semana, no MySpace, YouTube, Facebook, Twitter e iLike.

hot dance club songstm TíTuLo

Certificado de distribuição de 500 mil álbuns (Ouro) emitido pela Associação Americana da Indústria de Gravação (RIAA – Recording Industry Association of America). 1 Certificado da RIAA de

0

distribuição de 1 milhão de cópias (Platina). 0 Certificado da RIAA de distribuição de 10 milhões de cópias (Diamante). Números junto aos símbolos de Platina ou Diamante indicam nível multiplatina do disco. Para boxes e discos duplos com 100 minutos ou mais de tempo corrido, a RIAA multiplica a distribuição pelo número de discos e/ou fitas. ) Certificação de distribuição de 100 mil unidades (Ouro). ! Certificação de 200 mil unidades (Platina). @ Certificação de 400 mil unidades (Multiplatina).

Trap Back Jumpin T.I. Grand Hustle/ Atlantic

Compilado a partir de uma amostra (EUA) de dados fornecidos por DJs de casas noturnas. 0 Maior aumento de execuções. Indica o título que, abaixo do top 20 e presente na semana anterior, teve o maior crescimento em pontos.

ÁLBUNS

Miguel ByStorm/ Black Ice/ RCA

Radioactive

HOT DANCE CLUB Songs

NÍVEIS DE CERTIFICAÇÃO

Frank Ocean Def Jam/ IDJMG

Rock Me

1

2 0

Little Big Town Capitol Nashville

One Direction SYCO/ Columbia

Single disponível em CD . Download Digital disponível M Single disponível em DVD , Maxi-single disponível em vinil v Single disponível em vinil x Maxi-single disponível em CD. Estas configurações não estão em todos os rankings de singles. C

Tornado Little Big Town Capitol Nashville

Quando incluído, indica o título com maior aumento de reprodução online.

CONFIGURAÇÕES

42

LEE BRICE  CURB

streaming

35 3 Va Va Voom

CARLY RAE JEPSEN  604/SCHOOLBOY/INTERSCOPE

Quando incluído, indica o título com maior venda digital (por download).

Enrique Iglesias Featuring Sammy Adams Republic

14 11 Clique

MACKLEMORE & RYAN LEWIS FEAT. WANZ  MACKLEMORE/ADA

Músicas

Quando incluído, indica o título com maior aumento de execuções nas emissoras de rádio.

18

NICKI MINAJ  YOUNG MONEY/CASH MONEY/REPUBLIC

Preços de CDs/cassetes seguem tabelas ou preços equivalentes, calculados a partir dos preços do atacado, em dólar. / depois do preço indica álbum disponível apenas em DualDisc. CD/DVD depois do preço indica disponibilidade somente no formato combo CD/DVD. / DualDisc disponível. b combo CD/DVD disponível. *disponível em LP (vinil). Os preços e a disponibilidade de LPs não aparecem em todas as listas. EX depois de número de catálogo indica que um título é exclusivo de determinada conta ou tem distribuição limitada.

Taylor Swift Big Machine

17

OWL CITY & CARLY RAE JEPSEN  604/SCHOOLBOY/INTERSCOPE/REPUBLIC

Lil Wayne Featuring Detail Young Money/Cash Money/ Republic

67

KANYE WEST, JAY-Z, BIG SEAN  G.O.O.D./DEF JAM/IDJMG

Quando incluído, indica o título que passou para o top 100 do ranking The Billboard 200 e saiu da lista Heatseeker.

PREÇOS/CONFIGURAÇÃO/DISPONIBILIDADE

O ranking é baseado nas vendas (digitais e físicas) e no quanto a música tocou nas rádios naquela semana. A semana de contagem das vendas vai de segunda a domingo, enquanto a semana de medida de audiência vai de quarta a terça-feira. Toda quinta-feira é criado e publicado um novo ranking. O número de vendas é levantado pelo sistema Nielsen SoundScan, enquanto a preferência da audiência é rastreada pela Nielsen Broadcast Data Systems (BDS), que inclui o monitoramento de estações de rádio em mais de 140 mercados dos EUA. Os rankings de audiência são compilados a partir de uma amostra norte-americana de dados fornecida pela BDS. As paradas são ranqueadas a partir de um número de impressões totais, computadas por meio de referência cruzada entre os números exatos de execução em rádios e os dados de ouvintes da Arbitron. 0 Músicas que mostram aumento de execuções com relação à semana anterior, independentemente da movimentação do ranking.

One Direction SYCO/ Columbia |

12

CARRIE UNDERWOOD  19/ARISTA NASHVILLE

1

11

FUN.  FUELED BY RAMEN/RRP

3

Nobody Compares

— 1 Little Things

ONEREPUBLIC  MOSLEY/INTERSCOPE

Of Monsters And Men Republic

10

ONE DIRECTION  SYCO/COLUMBIA

3

One Direction SYCO/ Columbia

One Direction SYCO/ Columbia

Quando incluído, indica o título com a maior porcentagem de crescimento. Ex Heatseeker

26

26 10 I WAS HERE

1

2 54

Beyonce  PARKWOOD/COLUMBIA

artista

Gravadora/promotora

Nº 1 SYCO/COLUMBIA

ONE DIRECTION

2 SEManaS

Dados FORNECIDOS POR semana de 24/11 nº de Semanas

1

Semana de 1º/12

Quando incluído, indica o título com o maior crescimento de unidades.

Cert.

semana de 24/11 nº de Semanas

ARTISTa (Gravadora/promotora)

Semana de 1º/12

TíTuLo

Cert.

Nº 1 Diamonds RIHANNA  SRP/DEF JAM/IDJMG

semana de 24/11 nº de Semanas

ARTISTa (Gravadora/promotora)

Semana de 1º/12

TíTuLo

Dados de vendas compilados pela ferramenta Nielsen SoundScan a partir de uma cadeia de lojas de música nos EUA. 0 Álbuns com maiores ganhos em vendas na semana.

Cert.

Semanas

semana de 24/11 nº de

Semana de 1º/12

hot digital songstm

artista

Gravadora/promotora

26

19 103 LIL WAYNE

CASH MONEY/REPUBLIC

3

6 YOUR BODY

27

32 4 DANCING IN MY HEAD

2

3 104 RIHANNA

27

20 33 MILEY CYRUS

3

9

4 DIAMONDS

28

30 5 INVINCIBLE Kelly Divan  THEIA

3

1 104 JUSTIN BIEBER SCHOOLBOY/RAYMOND BRAUN/ISLAND/IDJMG

28

28 94 DEMI LOVATO

4

4

9 I’M MOVING ON

29

34 4 LOVE’S GOT A HOLD ON ME

4

6 15 PSY

29

29 19 LANA DEL REY

5

7

7 SOMETHING FOR THE WEEKEND

30

35 4 DON’T STOP THE PARTY

5

4 104 TAYLOR SWIFT

30

30 7 CHRISTINA AGUILERA

6

10 5 FINALLY FOUND YOU

31

22 11 EMERGENCY

6

14 103 EMINEM

31

31 92 USHER

7

6 12 DON’T YOU WORRY CHILD

32

39 3 FIYACRAKA

7

7 104 KATY PERRY

32

33 68 P!NK

8

5

33

41 3 TRESPASSING

8

11 50 ALICIA KEYS

33

37 100 COLDPLAY

9

13 6 LIVE WHILE WE’RE YOUNG

34

44 2 THE CITY

9

9 94 ADELE

34

34 80 LMFAO

10

1 10 SHE WOLF (FALLING TO PIECES)

35

16 15 R.I.P.

10

8 104 LADY GAGA

35

32 100 WIZ KHALIFA

11

15 6 DIE YOUNG

36

29 10 BAD 2012

11

10 93 BRUNO MARS

36

35 92 SNOOP DOGG

12

18 8 I DON’T DESERVE YOU

37

37 7 FINALLY FREE

12

5 102 SELENA GOMEZ

37

36 72 SKRILLEX

13

12 12 SEND ME YOUR LOVE

38

45 2 WANNA SAY

13

12 90 JENNIFER LOPEZ

38

39 38 FLO RIDA

14

19 5 SHE’S SO MEAN

39

25 11 WINNER

14

15 102 PITBULL

39

41 3 RITA ORA

15

14 14 MY EVERYTHING

40

47 2 KEEP YOUR HEAD UP

15

13 104 SHAKIRA

40

42 96 THE BLACK EYED PEAS

16

24 3 ANYTHING COULD HAPPEN

41

28 10 AS LONG AS YOU LOVE ME

16

21 104 DAVID GUETTA

41

40 93 50 CENT

17

11 9 GANGNAM STYLE

42

36 15 BLOW ME (ONE LAST KISS)

17

23 104 LINKIN PARK

42

38 54 BOB MARLEY

18

8 10 DON’T FAIL ME NOW

43

18

22 22 CARLY RAE JEPSEN

43

43 22 THE BEATLES

19

17 11 EVERYTHING THAT I GOT

44

43 8 GOOD MORNING TO THE NIGHT

19

25 94 MICHAEL JACKSON

44

47 61 GREEN DAY

20

20 6 WHERE DID YOU GO?

45

42 16 POUND THE ALARM

20

17 104 NICKI MINAJ

45

46 100 DRAKE

21

23 6 PICKING UP THE PIECES

46

50 2 SOMETHING ABOUT YOU Irina  CITRUSONIC STEREOPHONIC

21

16 101 BRITNEY SPEARS

46

44 2 2PAC

22

27 4 PARKING LOT

47

40 14 TRIUMPHANT (GET ‘EM)

22

18 103 BEYONCE

47

45 3 ED SHEERAN

23

31 4 GOLD

48 LLOVE NOVO Kaskade Feat. Haley  ULTRA

23

26 43 MAROON 5

48

50 5 THE WANTED

24

33 3

49

24

27 102 CHRIS BROWN

49

25

21 9 ZOON BALOOMBA

25

24 101 AVRIL LAVIGNE

50

Christina Aguilera  RCA Rihanna  SRP/DEF JAM/IDJMG Ono  MIND TRAIN/TWISTED

Dave Aude Feat. Luciana  AUDACIOUS

Enrique Iglesias Feat. Sammy Adams  REPUBLIC Swedish House Mafia Feat. John Martin  ASTRALWERKS/CAPITOL

9 LET ME LOVE YOU (UNTIL YOU LEARN TO LOVE YOURSELF) Ne-Yo  MOTOWN/IDJMG

One Direction  SYCO/COLUMBIA

David Guetta Feat. Sia  WHAT A MUSIC/ASTRALWERKS/CAPITOL Ke$ha  KEMOSABE/RCA Paul Van Dyk Feat. Plumb  VANDIT/CURB

Taryn Manning Feat. Sultan + Ned Shepard  CITRUSONIC STEREOPHONIC matchbox twenty  EMBLEM/ATLANTIC Noelia  PINK STAR/PCM

Ellie Goulding  CHERRYTREE/INTERSCOPE PSY  SCHOOLBOY/REPUBLIC

Melanie Amaro  SYCO/EPIC

Kristine W & Bimbo Jones  FLY AGAIN

Morgan Page, Andy Caldwell & Jonathan Mendelsohn  NETTWERK Paloma Faith  EPIC

Nelly Furtado  MOSLEY/INTERSCOPE Neon Hitch Feat. Tyga  REPRISE/WARNER BROS.

escalada

SUPERLOVE Lenny Kravitz  ROADRUNNER/ATLANTIC/RRP

David Longoria  DEL ORO

50

Eric Turner vs Avicii  CAPITOL

Frenchie Davis  FRENCHIE DAVIS

Pitbull Feat. TJR  MR. 305/POLO GROUNDS/RCA Audio Playground Feat. Snoop Dogg  CANWEST MUSICWORKS Korr-a  DAUMAN

Adam Lambert  19/RCA Madeon  POPCULTUR

Rita Ora Feat. Tinie Tempah  ROC NATION/COLUMBIA Michael Jackson Feat. Pitbull  MJJ/LEGACY/EPIC Kimberley Locke  I AM ENTERTAINMENT Kat Graham  A&M/OCTONE/INTERSCOPE Pet Shop Boys  ASTRALWERKS/CAPITOL Amoray  KNOCKOUT FASHION

Justin Bieber Feat. Big Sean  SCHOOLBOY/RAYMOND BRAUN/ISLAND/IDJMG P!nk  RCA

EVERY DAY

Grande Estreia

Eric Prydz  ASTRALWERKS/CAPITOL Elton John v. PNAU  MERCURY/CASABLANCA/REPUBLIC Nicki Minaj  YOUNG MONEY/CASH MONEY/REPUBLIC

Mariah Carey  ISLAND/IDJMG

48 5 LIFE OF THE PARTY Bex  SYBASONIC

NOVO

I CRY Flo Rida  POE BOY/ATLANTIC

SRP/DEF JAM/IDJMG

YG/SCHOOLBOY/REPUBLIC BIG MACHINE

WEB/SHADY/AFTERMATH/INTERSCOPE CAPITOL RCA

XL/COLUMBIA STREAMLINE/KONLIVE/INTERSCOPE ELEKTRA

HOLLYWOOD

ISLAND/IDJMG

MR. 305/FAMOUS ARTIST/POLO GROUNDS/SONY MUSIC LATIN/RCA SONY MUSIC LATIN/EPIC WHAT A MUSIC/ASTRALWERKS/CAPITOL MACHINE SHOP/WARNER BROS. 604/SCHOOLBOY/INTERSCOPE MJJ/EPIC

YOUNG MONEY/CASH MONEY/REPUBLIC RCA

PARKWOOD/COLUMBIA A&M/OCTONE RCA

EPIC

HOLLYWOOD HOLLYWOOD

POLYDOR/INTERSCOPE RCA RCA RCA

CAPITOL

PARTY ROCK/WILL.I.AM/CHERRYTREE/INTERSCOPE ROSTRUM/ATLANTIC

DOGGYSTYLE/PRIORITY/CAPITOL BIG BEAT/OWSLA/ATLANTIC POE BOY/ATLANTIC

ROC NATION/COLUMBIA INTERSCOPE

SHADY/AFTERMATH/INTERSCOPE TUFF GONG/ISLAND/UME APPLE/CAPITOL

REPRISE/WARNER BROS.

YOUNG MONEY/CASH MONEY/REPUBLIC DEATH ROW ELEKTRA

GLOBAL TALENT/MERCURY/IDJMG

novo SWEDISH HOUSE MAFIA ASTRALWERKS/CAPITOL

49 7 NE-YO

MOTOWN/IDJMG

www.billboard.br.com 93


ACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE

1 3

6 94 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

5 Rodrigo Rosa/ Divulgação

4

Augusto Mestieri/ Divulgação

fotos: Divulgação

2

7


BACK

BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE

stage

9

3&4. JUNIOR LIMA a todo vapor: em estúdio, na gravação do primeiro CD da banda ARSENIC, do qual é produtor; e com a sua DEXTERZ, no camarim do Sirena, em Maresias, com os parceiros JULIO TORRES e AMON LIMA 5. LEONARDO e CRISTIANO ARAÚJO no programa Mais Você, da TV Globo

8 11

6. Em sua passagem pelo Brasil, o grupo mexicano Maná aproveitou para visitar o estúdio do Jota Quest em Belo Horizonte. Na foto, o encontro entre PJ, ALEX, MARCO TÚLIO, SERGIO e PAULINHO FONSECA

10

7 . ZECA BALEIRO, após participar do programa A Máquina, em outubro, com o apresentador FABRÍCIO CARPINEJAR (à dir.) e os diretores da atração ROBSON VALICHIERI (à esq. de Zeca), MÁURIO GALERA e ROSS SALINAS

Gee Rocha/ Divulgação

2. ROBERT PLANT, ex-Led Zeppelin, aproveitou sua estada na Capital Federal para visitar o Templo da Boa Vontade, no dia 25 de outubro

Rodrigo Trevisan/ Divulgação

1 . EMICIDA com JUÇARA MARÇAL, KIKO DINUCCI, FREDDY BIRUBA e BRUNO ALCYONE na gravação dos teasers do Festival em Cena, realizado em 8 de dezembro, em Guarulhos

8. MARKY RAMONE na inauguração da Evoke Wood Series na DenOptika, em SP, com a cantora MARINA DE LA RIVA 9. FERNANDINHO BEAT BOX visita o projeto beneficente Matéria-Prima, do Instituto Eurofarma, em Itapevi, SP

11. TULIPA RUIZ e JORGE MAUTNER gravam o último episódio da série RayBan 75: Meet The Legends, projeto que comemorou os 75 anos da marca 12. WANESSA e a família na gravação de seu novo DVD, em São Paulo: a mãe, ZILU, o irmão, IGOR e o pai, ZEZÉ DI CAMARGO

12 13

Adriel Douglaws/Divulgação

10. MANU GAVASSI apostou em poses divertidas no ensaio fotográfico para o programa Pop Up, da Mix TV, no início de novembro. A foto foi tirada por Gee Rocha, guitarrista do NX Zero Luciano Santos/Talentmix

E

13. STEVE AOKI com o bolo pra jogar na plateia – exigência em todos os seus shows – no Dream Valley Festival, em novembro no Beto Carrero World, SC 14. KOBA, durante a gravação do clipe do cantor PE.H MORAES. Junto com Pe Lu, colega de Restart, montou uma produtora e agora trabalha, atrás dos bastidores, com outros artistas 15. DANIELA MERCURY e DEBORAH SECCO durante sessão de fotos para a campanha de Natal da Água de Cheiro

14

15 www.billboard.br.com 95


fotos: Bรกrbara Dutra e Luiza Ferraz / House of Photo

ACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE

2 1

4 3 5

6 96 billboard brasil Dezembro 2012/ Janeiro 2013

7


E

BACK

BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE BACKSTAGE

stage 1 . Os músicos do PLAYING FOR CHANGE, projeto que reúne artistas de rua de diversos países, uma das atrações da quarta edição do Planeta Brasil, realizada em 1º de dezembro, em BH 2. ROGÉRIO FLAUSINO, do Jota Quest, coloca o papo em dia com DADO VILLALOBOS, da Legião Urbana

10

8

9

3. PODÉ, vocalista da banda mineira Tianastácia, com MARCO TÚLIO, guitarrista da banda conterrânea Jota Quest 4. A galera do RoodBoss, projeto inspirado na cultura sound system da Jamaica dos anos 50 e que começou em 2008 nas ruas e praças de BH. Trata-se de um sistema de som constituído por amplificadores, falantes, crossover, equalizadores, toca-discos e periféricos somados à equipe que controla este equipamento. A seleção musical é focada na era de ouro da música jamaicana

11

5. MAT MCHUGH (de camiseta branca), vocalista do Beautiful Girls, com integrantes da banda 6 . O produtor de eventos LÉO ZILLER, IGOR CAMPOLINA e HENRIQUE CHAVES, da Sleep Walkers Entretenimento e organizadores do Planeta Brasil, e o DJ NEGRÁLIA, do Rappa 7. MARQUIM, DIGÃO, CANISSO e CAIO CUNHA, do Raimundos 8. O quinteto mineiro CÂMERA, cuja sonoridade remete ao rock alternativo dos anos 90 e ao indie contemporâneo 9. GABRIEL O PENSADOR com o músico de New Orleans GRANDPA ELLIOT, do Playing For Change

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10. LUIS MAURICIO e ALEXANDRE CARLOS, da banda de reggae Natiruts 11. MARCELO LOBATO, FALCÃO, ALEXANDRE MENEZES e LAURO FARIAS: O RAPPA animou a galera 12. CITIZEN COPE, projeto do compositor e produtor americano CLARENCE GREENWOOD (o quarto, da esq. para a dir., na foto com integrantes da banda), que mistura blues, soul, folk e rock 13. O quinteto TRANSMISSOR levou ao festival sua sonoridade nostálgica 14. Os RACIONAIS MCS, uma das atrações mais aguardadas do festival

14 www.billboard.br.com 97


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