Ponto Turismo 25

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Mais clareza no alojamento turístico Tecnologia

A Fórmula 1 do Facility Management: A Hotelaria

análise

Burnout no turismo: quando o stress atinge níveis demasiado altos

lifestyle

As novas tendências na construção no turismo

em foco

Perder bagagens: Novas tecnologias ao serviço do handling

GRANDE entrevista Raul Martins presidente AHP



Ficha Técnica

Propriedade Amadeus Soluciones Tecnologicas, S.A. Sucursal em Portugal

Sede Rua de São José, 35 - 4º andar 1150-321 Lisboa, Portugal Tel.: 21 321 30 99 - Fax: 21 322 58 75 E-mail: pontoturismo@pt.amadeus.com

Diretor Geral Miguel Ángel Puertas

Índice

“O alojamento turístico precisa de ser melhor definido e melhor qualificado”

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Em entrevista Raul Martins, presidente da AHP revelou os cinco pilares da agenda do seu mandato, entre os quais a exigência de ver clarificada a questão do alojamento local.

Diretora da Ponto Turismo Helena Torres Bimestral · Ano - 2016 - Edição 25

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Coordenação Editorial

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pontoturismo@pt.amadeus.com · Tel.: 21 321 30 99

Produção de Conteúdos e Edição Mediapearl - Comunicação e Serviços, Lda. Tel.: 214 037 656 · mediapearl@mediapearl.pt

Publicidade htorres@pt.amadeus.com · Tel.: 21 321 30 99

Ilustração Capa Pedro Taquelim

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Opinião

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Grande Entrevista Raul Martins - Reforçar a AHP para

Fotografia

ET 2027: Uma estratégia para a década

Mediapearl

Produção Mediapearl - Comunicação e Serviços, Lda. Rua de Xabregas, 2, Piso 2, Sala 2.06 / 2.07 1900-440 Lisboa mediapearl@mediapearl.pt

Impressão e Acabamento

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Em Foco

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Entrevista Caderno

Tiragem Registo na ERC N.º 126281

Depósito Legal

Tecnologia

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Análise

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10 Insights

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Lifestyle

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Viagem de: Fernando Borges

aumentar o peso do Turismo e Hotelaria junto do Poder

RBM - Artes Gráficas

1300 exemplares

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Novas tecnologias ao serviço do handling - Stress das bagagens é cada vez menor

Lucília Ribeiro - “Sem fugir do tradicional apostamos em novos conceitos de viagens”

N.º 350109/12

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Soluções

A revista Ponto Turismo é uma publicação da Amadeus Portugal. A empresa não se identifica necessariamene com o conteúdo dos artigos nem com as opiniões dos seus colaboradores. É proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização prévia da empresa editora.

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Notícias

A Fórmula 1 do FM: A Hotelaria

- S ociedade moderna - Burnout nos profissionais de turismo -M arketing: O Futuro do Betterment – em busca do aperfeiçoamento

Dez ideias-chave sobre festivais de música portugueses

Novos produtos - O Turismo, a Construção, e a sua evolução conjunta

“Gosto de sentir a alma do local”

Amadeus Selling Platform Connect

Shaping the Future of Luxury Travel Vários tipos de luxo definem o futuro deste segmento

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Editorial

A “extra-mile” e a diferenciação

A

semana passada perdi a mala num voo entre Lisboa e Madrid. Levava o meu computador, o tablet, alguns documentos entre outras coisas. Tudo objetos importantes para mim. Os que já passaram por uma situação semelhante sabem a que é que me refiro quando digo o que me passou pela cabeça: o que é que aconteceria se perdesse aqueles objetos para sempre? O que é que iria acontecer se caíssem nas mãos de alguém que utilizasse a informação que existisse no disco rígido de forma danosa? E se alguém acede a uma password importante que tenha gravada no meu computador? Francamente, o panorama não era auspicioso. Sem entrar em detalhes digo-vos que em menos de 12 horas já tinha recuperado a mala com todo o seu conteúdo. O final deste episódio foi feliz. Algo impensável há apenas uns anos se tivesse tido o azar de perder algo num avião. O avião que me transportou levava pelo menos umas 200 pessoas num só trajeto. E o aeroporto onde aterrei, sem contar com os profissionais que ali trabalham, presta apoio diário a cerca de 40 mil passageiros. Tenho a mania de converter em valor tudo aquilo que vejo como intangível. Quando deteto uma empresa que acrescenta um valor que vai mais além do esperado; quando noto, como cliente, que há alguém que está a oferecer-me algo mais do que se espera, um “extra-mile”, creio que temos a obrigação, enquanto clientes e utilizadores, de compreender qual é o valor que essa empresa traz. Temos pelo menos de compreender quanto custa a essa empresa dar-me o serviço que está a prestar-me. Qual é o valor da diferenciação que traz ao seu cliente. Foi isso que fiz com o episódio da mala perdida. E dei-me conta que, se traduzir em dinheiro o tempo despendido por todos os profissionais que ajudaram a localizar e a devolver a minha mala, a companhia

Transformar uma possível queixa numa oportunidade de prestar um serviço excecional é algo que devemos aprender

e o aeroporto investiram, pelo menos, 500€ em conseguir algo fundamental. Que o seu cliente ficasse mais do que satisfeito com algo que podia ter sido apenas um motivo de reclamação. Transformar uma possível queixa numa oportunidade de prestar um serviço excecional e fidelizar ainda mais este cliente, é algo que todos os que gerimos empresas ou trabalhamos em empresas de serviços devemos aprender. Dito isto, atrevo-me a dizer: no contexto dos profissionais do setor do turismo, já fizeram esse exercício? Se não o fizeram, proponho-vos um jogo. É simples: escolham os vossos cinco melhores fornecedores. Podem ser fornecedores com os quais trabalham ou com que gostariam de trabalhar. Desenhem três colunas e escrevam na primeira coluna o que esperam deles, na segunda o que eles vos estão a dar e na terceira, o valor diferencial que vos traz ou poderia trazer esse fornecedor. Se a terceira coluna não trouxer algo realmente diferenciador ou é algo que não é sustentável no tempo, comecem a pensar em procurar outro fornecedor para esse serviço. Recomendo-vos que sejam estratégicos. Não procurem apenas esse valor no dia-a-dia, mas no crescimento da vossa empresa ou do vosso negócio com projeção no tempo. Lembrem-se da expressão “pão para hoje e fome para amanhã” quando fizerem este jogo irão descobrir que possivelmente irão ter de fazer alterações estratégicas na hora de decidir o vosso companheiro de viagem para fazer crescer o vosso negócio. Voltando ao episódio da mala perdida, neste número da Ponto Turismo vão encontrar um artigo interessante sobre como a tecnologia pode ajudar a detetar e a encontrar bagagem perdida. Falamos também sobre o síndroma de “burnout” no turismo. Entrevistamos o novo presidente da AHP, Raul Martins e, falando de alojamento, abordamos a arquitetura e o Facility Management. Vão encontrar conteúdos muito interessantes neste número e espero também que o pequeno jogo que propus vos ajude a perceber os pequenos detalhes pelos quais um fornecedor pode trazer uma grande diferença que às vezes permanece oculta a quem não olha com a suficiente profundidade. Desejo-vos um verão feliz, boas férias a todos os que as irão poder desfrutar já e um pouco de paciência aos que ainda vão ter de esperar. Já agora, muito obrigado à equipa da TAP e a todos os que me ajudaram a encontrar a minha mala. Eles são a “extra-mile”.

Miguel Ángel Puertas Acting General Manager #25 JUN/JUL 2016

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Opinião ET 2027: Uma estratégia para a década

José Luís Elias Diretor do Turisver

ET 2027:

Uma estratégia para a década Desde há vários anos tenho vindo a frisar que é necessário, e até imperioso para Portugal, definir uma estratégia de desenvolvimento turístico muito para além do turismo, ou do Plano Estratégico Nacional de Turismo que foi sendo readaptado por sucessivos secretários de Estado do Turismo que mais não faziam que provocar-lhe um “lifting” e apresentá-lo como novo.

O

s sucessivos PENT serviram, basicamente, para afirmar que Portugal tinha um projecto e uma estratégia para o turismo, embora este não fosse mais do que uma “bússola” de curto prazo, um conjunto de medidas avulsas, e em muitos casos pontuais, sem grandes desideratos e com metas pouco realistas. Um plano de circunstância que em várias ocasiões nem sequer recebeu contributos (nem parecer favorável) de uma parte significativa do sector. Os anos mais recentes tiveram o condão de desvalorizar, no pensamento de muitos, a necessidade da existência de um projecto a médio prazo, essencialmente por dois motivos. Primeiro, porque poucos reconheciam valor aos sucessivos Planos Estratégicos, e em segundo porque o turismo receptivo começou a crescer mesmo sem uma política clara, estruturada e duradoura. É quase uma verdade de “La Palisse”, crescer é doloroso e mesmo na actividade turística o crescimento não se faz sem dores e estas tendem a ser mais fortes quando falta orientação. Nos últimos anos o turismo cresceu em Portugal (os números estão aí e não podem ser escamoteados) mas a falta de uma estratégia clara e consensualizada acentuou as “dores de crescimento”, tornando mais clara a necessidade de definir uma estratégia mobilizadora, que envolvesse e responsabilizasse tanto o sector público como o privado no qual assenta a economia do sector. Uma estratégia que levasse a actividade económica do turismo a crescer de forma sustentável e a aproveitar da melhor forma possível o Portugal 2020.

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Num momento em que já nem o várias vezes “remendado” PENT estava em vigor, o governo entendeu – e bem - a necessidade de traçar uma estratégia de curto e médio prazo para o turismo e deu o “pontapé de saída” para a discussão pública de um plano a que chamou Estratégia Turismo 2027 (ET 2027). Um plano que vai muito além de uma Legislatura, o que pressupõe que, independente do governo em funções, todos os intervenientes no sector conhecem as linhas a seguir, o plano a implementar e os objectivos a perseguir. Dois outros factores que poderão contribuir para o sucesso e oportunidade desta iniciativa são, na minha perspectiva, o estar previsto que Portugal vá continuar a crescer pelo menos nos dois próximos anos, e mesmo que tal não aconteça ao ritmo dos últimos anos e do que se espera para 2016, é preferível que a discussão do ET 2027 se faça com espírito positivo e nesse aspecto os resultados ajudam. Outro factor positivo da elaboração de um plano duradouro no tempo reside no facto de este abranger também o próximo Quadro Comunitário de Apoio, o que permitirá mais e mais criteriosos apoios em função do que este instrumento agora criado ditar.


Nome Conteúdo do Capítulopara Nome do Capítulo ETdo 2027: Uma estratégia a década Opinião

a Confederação do Turismo Português tem-se mostrado incapaz de gerar consensos mesmo nas grandes causas, o que penaliza mais ainda as discussão divisões do sector sejaumaconstrutiva. Por

A participação no debate e os contributos do sector privado para que o documento - Estratégia Turismo 2027 – seja fundamental para o futuro do nosso turismo, iniciou-se aquando da apresentação oficial da proposta do Governo. O sector privado participou num dos painéis de discussão, com os representantes das associações a mostrarem-se pouco preparados para darem um primeiro contributo. Que o movimento associativo do sector não vive o seu melhor momento é do conhecimento de muitos. Essa fragilidade começa no fraco número de associados, em especial das pequenas empresas, que são filiados nas associações, passa por divisões entre associações e pelos protagonismos pessoais e atinge o clímax na situação de algumas serem extremamente cooperativistas, olhando muito mais para a árvore e do que para a floresta, muito mais para o seu subsector de actividade do que para o turismo em geral, e isto turva demasiado os pensamentos para que

outro lado a Confederação do Turismo Português tem-se mostrado incapaz de gerar consensos mesmo nas grandes causas, o que penaliza mais ainda as divisões do sector. Talvez por estas razões não existiu proactividade e o sector vai reagir a este documento de forma reactiva. Independentemente do “estado” das associações, o sector privado não pode deixar de participar e contribuir de forma muito activa para que o ET 2027 se constitua no programa deste e dos próximos governos. A discussão e a mobilização que o movimento associativo possa vir a protagonizar irá, estou certo, gerar inúmeros contributos e acabará mesmo por dinamizar e revitalizar as empresas e as suas próprias estruturas. Esta é uma oportunidade única que não deve ser desperdiçada. A actividade económica do turismo irá ter uma “bíblia” que orientará o seu futuro independente dos governos serem mais à direita ou à esquerda. Espero assistir nos próximos meses a discussões e debates sobre este “programa” que o governo colocou sobre a mesa. Não contribuir para ele de forma construtiva é deixar o nosso turismo continuar a correr ao sabor da maré. l

* Texto escrito ao abrigo do antigo acordo ortográfico

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Grande Entrevista Raul Martins

Raul Martins Presidente da AHP

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Raul Martins Grande Entrevista

Raul Martins

Reforçar a AHP para aumentar o peso do Turismo e Hotelaria junto do Poder Reforçar a representatividade nacional da AHP para assim aumentar o seu peso junto do poder público e político é um dos cinco pontos da agenda do novo presidente da AHP que, além de outros, também pretende ver a questão da qualificação do alojamento turístico, nomeadamente do alojamento local, resolvida.

Ponto Turismo › Já sabemos que o programa do seu mandato assenta em cinco pilares. Um deles prende-se diretamente com a associação. Raul Martins › O nosso programa assenta em cinco pontos e um deles é o reforço da Associação da Hotelaria de Portugal. A implantação da AHP representa hoje 60% de todos os hotéis de Portugal e ilhas, mas há regiões em que a associação está mais implantada do que noutras. Nós pretendemos que haja mais sócios em todas as regiões e que a situação seja mais equilibrada. Para isso foi criado o cargo de “representante regional da AHP” que tem como papel interagir com os sócios e poderá captar não-sócios ao divulgar o que é a AHP, o que é que representa, quais os benefícios que traz… Esse trabalho permitirá trazer mais sócios para a associação e aumentar a sua representatividade e assim poder, em termos políticos e públicos, ter mais peso. Hoje os hotéis em Portugal têm 230 mil camas e representam sensivelmente 16 mil milhões de euros de investimento. A hotelaria representa um ativo do País muito importante e, em termos de valor de investimento, deve ser rentabilizado. Por outro lado, tem a componente do emprego, sendo uma das atividades com maior percentagem de emprego face à faturação e tem também uma maior empregabilidade. Isto é muito importante numa altura em que Portugal tem no crescimento das ex-

é importante que o alojamento local regulado e monitorizado porque a situação demasiado liberal está a provocar tensões

portações, um dos vetores do programa do Governo. A hotelaria é, no fundo, também uma exportação porque é uma prestação de serviços. Portanto este reforço da AHP, que tem vindo a ser feito desde a direção anterior, é naturalmente, um ponto importante.

Ponto T. › A qualificação do alojamento turístico, nomeadamente o local, é outro dos pontos que constam na agenda da AHP até 2018. R. M. › Nós consideramos que o alojamento turístico precisa de ser melhor definido e melhor qualificado. Desde logo estivemos contra a legislação que previu que podiam haver hotéis sem estrelas. Isso criava uma confusão enorme apesar de hoje o mercado querer outras referências, como por exemplo das plataformas de reservas, e que são cada vez mais importantes, mas que têm também distorções. A existência de hotéis sem estrelas provocava uma falta de referência para o consumidor e para o investidor. Felizmente já tivemos a resposta do Ministro da Economia de que essa situação ia acabar. #25 JUN/JUL 2016

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10 Grande Entrevista Raul Martins

Não estamos contra o alojamento local, estamos preocupados com a reação e carga sobre os habitantes e cidades

Naturalmente que, dentro desta área da qualificação, é importante que o alojamento local também seja enquadrado porque hoje em dia tem uma situação demasiado liberal e que se não for devidamente regulamentado pode trazer algum desconforto porque os turistas que estão no alojamento local, são vizinhos dos habitantes e uns estão para descansarem e outros chegam para se divertirem. Cria-se um conflito social que está a provocar uma reação que é dizer que “eu não quero turistas”. Quando nós temos os turistas nos hotéis, estes não fazem desacatos no prédio do lado. Hoje em dia, a situação do alojamento local quase que não tem regras, quase que basta ter licença de habitação. Já há casos em que há alojamento local não regulado que se instala em sítios que nem sequer são para habitação! E depois existe também o problema da sobrecarga urbana que isso traz. A utilização do alojamento local por exemplo por 12 turistas quando a fracção previa 6 obviamente traz uma sobrecarga para tudo: rede eléctrica, instalações de águas e esgotos e até comércio de proximidade como um simples supermercado ou um café começarem a ser “inundados” e os habitantes se sentirem “invadidos”. Há que ponderar e encontrar um equilíbrio. Ponto T. › Ou seja devia haver um sistema de quotas? R. M. › Às vezes é melhor haver um número do que não haver número algum para não acontecerem situações como em Paris ou Barcelona, que já têm situações de contenção e quando essas situações não são acauteladas, há países, que sendo mais drásticos nas resoluções, fazem o que se fez em Berlim. #25 JUN/JUL 2016

Os turistas gostam do alojamento local, mas quando é genuíno, quando o acolhimento é proporcionado, o convívio com os habitantes. Agora a situação deve ser contida. O alojamento local é na sua base alojamento para turistas. O espaço tem que ser certificado para alojamento local, naturalmente que a base é uma habitação mas tem que ser vistoriado e esperamos que a Secretaria de Estado vá legislar nesse sentido.. Note que no alojamento local cabe tudo: um quarto, um apartamento, um bloco de apartamentos, um hostel de 100 camas. Além de tudo há a segurança porque ninguém controla quem é que entra nessas casas. Felizmente somos um país em que a segurança é um ponto forte e não queremos que deixe de o ser. Não estamos contra o alojamento local, estamos preocupados com a reação que o seu uso provoca nos habitantes e depois tudo é chamado de hotelaria. Ponto T. › Falemos agora da competitividade da oferta hoteleira que é outro dos pontos do programa… R. M. › Na competitividade da oferta hoteleira temos várias situações. A legislação laboral é importante porque a hotelaria é uma atividade específica e é sazonal. O financiamento para a remodelação dos hotéis ou a requalificação das instalações também é importante, por isso nós aplaudimos o protocolo que o TP assinou com os bancos, ,se bem que há outros instrumentos que estão previstos e que nós também achamos importantes que são a capitalização das empresas,


Raul Martins Grande Entrevista 11

na medida em que as empresas ficaram descapitalizadas pelo esforço que tiveram que fazer durante a crise; e o capital de risco, que pode ser uma forma de apoiar as empresas. A formação é para nós um ponto muito importante porque quando somos competitivos não é só entre nós, dentro do país. Temos de competir com outros destinos, portanto é muito importante que haja qualidade no atendimento, na limpeza, na cozinha. Não basta que as instalações sejam boas, profissionalismo no pricing, no marketing, no posicionamento, em suma na operação hoteleira no seu todo.. Tem-se também falado muito sobre a situação do IVA turístico e da contribuição do IVA turístico para as cidades, este é um aspeto importante da competitividade. Os custos de contexto também são importantes e têm que ser combatidos porque começam a aparecer de todas as formas e mais alguma, taxas sobre tudo e burocracia inútil.

promoção através de criação de condições vantajosas, conforme tem sido feito às low-cost e o caso dos Açores é o melhor exemplo disso.

Ainda temos um preço médio inferior ao de 2007, por isso o RevPAR tem estado a melhorar por força da ocupação

Ponto T. › Inerente à hotelaria está evidentemente o fluxo turístico, que é o quarto ponto de agenda. R. M. › Não queremos dizer que não se devem fazer mais hotéis, porque esta é uma via para que as condições económicas do país melhorem e consequentemente, melhore qualidade de vida dos portugueses. O que podemos dizer é que precisamos de mais turistas porque a taxa de ocupação média do País é baixa. Se Lisboa, Algarve, Porto ou a Madeira têm boas taxas de ocupação, a média nacional é inferior ao desejável. Só temos uma forma de fazer isso que é trazendo mais turistas e como sabemos que eles querem vir, isso faz com que o aeroporto de Lisboa tenha de oferecer condições para que isso aconteça e certamente num prazo de dois ou três anos terá que estar feita uma nova instalação aeroportuária para Lisboa e que nós há 10 anos que estamos a dizer que deve ser o Montijo. Ponto T. › Tudo indica que sim, que será o Montijo… R. M. › Sim, mas estamos preocupados. Apesar de já haver estudos que escolhem o Montijo como a melhor alternativa, sabemos que entre a decisão e pôr os aviões a aterrarem demora entre dois ou três anos. Não se resolve hoje e amanhã o aeroporto está pronto. Estamos a insistir com o Governo para que este terminal para as low-cost no Montijo seja decidido. Ponto T. › Finalmente o quinto ponto é o reforço da importância do Turismo junto do Governo... R. M. › Sim, reforçar que o turismo é importante para a economia do País, para a melhoria das condições de vida, tem sido entendido pelo ministro da Economia que tem-se mostrado muito atento às pretensões do turismo. Para que haja esse reconhecimento e para que haja mais procura é preciso um reforço na promoção e nesse aspeto há dois vetores que consideramos muito importantes que são a criação de eventos nas épocas baixas e o websummit em novembro, é um exemplo e que vai trazer turistas numa altura de época baixa. E a

Ponto T. › Há pouco tocámos um pouco no aspeto da oferta hoteleira nacional, de ainda haver espaço para crescer. Mas temos o problema da maioria das dormidas ser no litoral. R. M. › Nós não podemos obrigar os turistas a fazerem o que não querem e há pessoas que têm apetências para um determinado tipo de atividade. Por exemplo, hoje em dia há hotéis que fazem parte do circuito de ciclistas em França e acaba de ser comprada uma quinta na Serra da Arrábida para ser transformada num hotel para ciclistas. Ou seja, tem de haver uma especialização. Hoje em dia o consumo está estratificado. Quando são feitos hotéis no interior eles têm que estar relacionados com a vida do interior e com aquilo que se possa fazer. Se me disser que vai fazer um hotel de cidade no interior, não vai resultar. Mas se fizer um hotel com uma proximidade de uma produção vinícola e que tem um spa com base no vinho, como já existe, é uma atratividade. Agora é preciso ir à procura dessas pessoas. Não é assim tão fácil encontrar os turistas que têm essas especificidades… e os hotéis, ou outro alojamento, referenciados para ciclistas, por exemplo, têm que ter condições para suprir as necessidades específicas desses mercados, por exemplo uma oficina no caso das bicicletas. Quando se inova, e a hotelaria está cheia de inovação, tem que se ter o cuidado da oferta ser toda integrada e depois há que fazer a promoção. Felizmente hoje as regiões de turismo têm meios financeiros para comunicação que devem ser utilizados para fazer a promoção desses equipamentos. Temos que mostrar às pessoas que existe aquela oferta no interior para uma determinada atividade. Ponto T. › Quais foram os resultados do trimestre do Hotel Monitor? R. M. › A taxa de ocupação de acumulado até Março aumentou cerca de 8% mesmo contando com a Páscoa, mas nós sabemos que a tendência se está a manter. Nós prevemos que para este ano, Portugal tenha um aumento da taxa de ocupação que pode chegar aos 8%, o que é muito bom. E temos sinais que para o ano seja ainda melhor do que 2016 porque o que há de reservas para eventos já revela essa tendência. Ponto T. › E em termos de RevPAR? R. M. › Ainda temos um preço médio inferior ao de 2007, por isso o RevPAR tem estado a melhorar por força da ocupação, que é uma forma que não podemos deixar de considerar mas está na hora dele aumentar por força do preço. Para lá do que Portugal tem para oferecer, temos hotéis de muita qualidade, temos infraestruturas como as autoestradas que são das melhores da Europa, temos instalações balneares das melhores da Europa, portanto podemos vender por mais. A ocupação já #25 JUN/JUL 2016


12 Grande Entrevista Raul Martins

melhorou mas há zonas que o Hotel Monitor nos mostra que são menos boas e essas ainda têm um percurso a fazer, mas a partir do momento que temos uma determinada ocupação temos que ver o preço e melhorá-lo para melhorar a rentabilidade dos investimentos. Ponto T. › É a zona centro que tem mais problemas? R. M. › Sim, é a zona centro. Depois temos o caso concreto dos Açores, que está a crescer a ocupação por força da mudança no transporte aéreo com a abertura das rotas low-cost. Ponto T. › E este Verão também vai ser bom… R. M. › E este Verão, especialmente para o Algarve, vai ser muito bom. As reservas para o Algarve que ultimamente eram feitas três meses antes, começaram

tituído um comité, de que fazem parte a Câmara, a ATL e a AHP - Associação da Hotelaria de Portugal, para aprovar esses investimentos, dos quais os lisboetas também beneficiam. Aqueles que estão previstos para este ano são os meios de acessibilidade ao Castelo, a recuperação da frente do Cais do Sodré e claro que os lisboetas também irão usufruir. Portanto estes compromissos que existem é importante que estejam equilibrados. E depois também acontecem coisas como por exemplo a Feira Popular que a câmara vai concretizar com meios próprios e com meios que decorrem das receitas das bilheteiras, sem recorrer ao Fundo, e onde os turistas também irão. Quando as taxas turísticas são para utilizar para financiar as construções que melhorem as condições de utilização pelo turista nós estamos de acordo. Dentro em breve serão anunciados novos investimentos importantes em Lisboa, e que só foram possíveis graças a esse Fundo, e as pessoas vão ficar agradavelmente surpreendidas, porque vão dar-se passos importantes na melhoria das infraestruturas da cidade. Não estamos de acordo quando debaixo da capa de uma taxa turística simplesmente se visa resolver os problemas financeiros das autarquias. As taxas turísticas em Lisboa vão permitir fazer melhor, os turistas contribuem e como tal é natural que as verbas sejam utilizadas em espaços que vão ser utilizados maioritariamente por eles. Nós em Lisboa vamos ter Polos dos Descobrimentos para mostrar os Descobrimentos portugueses em vários pontos da cidade e isso é uma opção para criar dispersão, para os turistas não estarem todos concentrados num sítio. Vai haver como que uma rota dos Descobrimentos por três ou quatro pontos. Um deles já está em preparação na Ribeira das Naus, mas outros pontos estão previstos e estão a ser preparados com recursos entre a Câmara e o Fundo. Ponto T. › E quais são os outros pontos da cidade? R. M. › Ainda não se pode saber. Já lhe disse um, mas o mais importante de todos, só o presidente da Câmara é que pode dizer. Ponto T. › E vai ficar pronto quando? R. M. › A instalação mais importante e que vai ter o maior investimento vai demorar pelo menos dois anos.

a ser feitas em Janeiro. Ponto T. › Ou seja a janela de reservas está a aumentar R. M. › Está a aumentar. Em Janeiro e Fevereiro os britânicos começaram a marcar para o Algarve. Ponto T. › Ainda não falámos das taxas turísticas que é um assunto também quente. R. M. › Sobre as taxas turísticas a posição é muito simples. O primeiro confronto com as taxas turísticas passou-se em Lisboa e foi resolvido a contento de ambas as partes, da CML e dos hoteleiros de Lisboa. O que foi acordado entre os hoteleiros e a CML foi que as taxas turísticas seriam utilizadas para se fazerem investimentos com interesse para o turismo e foi cons#25 JUN/JUL 2016

Ponto T. › Que comentário faz à estratégia para o turismo que foi apresentada pela secretária de Estado do Turismo? R. M. › Os 10 desafios que foram apresentados pareceram-me muito bem. Alguns deles estão no nosso programa como sejam a acessibilidade, a sazonalidade por força de criar eventos nas épocas baixas, o crescimento em valor, a coesão que passa por mitigar as assimetrias regionais em que nós temos opinião sobre como se pode fazer. Definir novas abordagens para dar resposta a novas exigências dos turistas como a digitalização da oferta ou a disponibilização de internet em monumentos nacionais. Estimular a inovação, que nos últimos anos na hotelaria tem sido uma constante. Temos hotéis temáticos como nunca tivemos. A sustentabilidade, o património natural e cultural de Portugal que nós apoiamos, a simplificação…. Foi apresentado o simplex onde vai ser efetiva a possibilidade de se poder abrir um hotel que o projetista declare que a construção está conforme o projeto. E o investimento, que o Ministério da Economia está atento e já pôs em prática uma das vias e que esperamos que as outras duas vias, a capitalização e o capital de risco, também venham a ser postas em prática. l


Stress das bagagens é cada vez menor Em Foco 13

Novas tecnologias ao serviço do handling

Stress das bagagens é cada vez menor

Quem viaja muito (ou viaja pouco…) de avião sabe que depois do maior ou menor stress dos voos em si, o momento de maior ansiedade concentra-se naquela “serpente contínua” que expele as bagagens. “Será que se perdeu, será que chega?” Perguntamo-nos sempre… e o nervoso aumenta à medida que as bagagens são expelidas e a nossa teima em não aparecer.

F

inalmente o martírio chega ao fim com um de quatro desfechos: aparece e está tudo bem, aparece e está maltratada, não aparece mas está localizada e chegará no voo seguinte daquele destino ou não aparece e está perdida algures e não se sabe se aparecerá. Mas é preciso ser justo, tendo em conta os milhões de bagagens que são manipuladas diariamente, são realmente poucas as que se perdem efetivamente. E a tendência é para serem cada vez menos. Não só porque a tecnologia cada vez mais avançada nos aeroportos, o esforço e o investimento das companhias aéreas e das empresas de handling nesta matéria fazem com que a perda de bagagens seja um fenómeno cada vez menos habitual, mas também porque os fabricantes de malas começam a integrar tecnologia que nos diz “por onde é que elas andam”. Os anos do abrandamento económico global não atingiram o movimento de passageiros aéreos que continuou a aumentar. Em 2015, de acordo com o relatório de bagagens da SITA houve mais 218 milhões de passageiros do que no ano anterior. As mais recentes estimativas da IATA indicam que o número de passagens aéreas cresceu 7%, para 3,54 mil milhões de passageiros em 2015, sendo a expectativa para 2034 que o número chegue aos 7 mil milhões. No entanto, os dados fornecidos pelo WorldTracer dizem que os problemas com

as bagagens estão a diminuir graças às iniciativas. Em 2015 o número de incidentes com bagagens decresceu quase 5%, para 23,1 milhões. Tendo em conta o aumento do número de passageiros em 2015, isto significa que a média do número de bagagens com problemas desceu para 6,53 malas por 1000 passageiros, uma descida de 10,5% em relação a 2014. Um mínimo recorde para a indústria o que revela o impacto positivo dos investimentos e inovações nesta questão. Se pensarmos nos custos, o mesmo relatório da SITA diz que os problemas com bagagens custaram à indústria 2,3 mil milhões de dólares em 2015, um decréscimo de 3,75% face a 2014, passando o custo de mala perdida por passageiro a ser de 0,65 dólares, menos 9,7% em relação a 2014. A tendência para o crescimento nas viagens aéreas não parece abrandar e a procura coloca pressão sobre a indústria no que diz respeito à manipulação das bagagens, exigindo novas mudanças. O rastreamento das bagagens vai estar na ribalta nos próximos três anos e até junho de 2018, as companhias terão #25 JUN/JUL 2016


14 Em Foco Stress das bagagens é cada vez menor

os fabricantes estão a desenvolver sistemas de localização ou de deteção para implementarem nas malas

de conseguir cumprir a resolução 753 da Associação do Transporte Aéreo e que implica conseguir seguir o caminho das bagagens em todos os pontos por onde ela passa e partilhar a informação com todos os elementos envolvidos. Por outro lado, também os fabricantes de malas e bagagens, conscientes da necessidade do passageiro em saber por onde anda a sua bagagem e da ansiedade que isso provoca, estão a desenvolver sistemas de localização ou de deteção para implementarem nos produtos. Um desses casos é o da marca Samsonite que recentemente anunciou o lançamento do Track&Go. Trata-se de um dispositivo de deteção que será construído em malas da marca e que irá permitir que a bagagem seja rastreada pelo proprietário de forma fácil e privada. O detetor usará os Eddystone Ephemeral Identifiers (EIDs), um protocolo de privacidade/segurança aberto pela Google. O dispositivo Bluetooth, projetado e fabricado pela Accent Systems, será construído no interior da mala Track&Go e tem de ser registado pelo proprietário através da app Travlr by Samsonite, que foi desenvolvida e está disponível gratuitamente. Esta app foi lançada em setembro de 2015 para localizar voos, oferecer dicas e lembretes em viagem. A nova solução Track&Go será, em breve, inserida na aplicação existente, permitindo aos utilizadores verificarem de forma fácil a localização da mala numa distância de 70 metros, e também serem notificados se está a ser movida para mais perto ou mais longe. Caso a mala desapareça, o proprietário pode sinalizá-la como perdida na aplicação. Uma vez marcada como “perdida”, a aplicação usa

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a sua base de utilizadores para ajudar o proprietário da mala a encontrá-la. Caso algum utilizador da app Travlr by Samsonite passe a menos de 70 metros da mala perdida, um sinal baseado no EID é captado. Isto desencadeia uma notificação com os detalhes da da hora e localização da mala para ser enviada ao proprietário. Tanto o processo de monitorização como o processo de notificação não têm qualquer custo adicional para o utilizador. Com este conceito, a marca pretende reduzir o stress das viagens graças à comunidade de utilizadores de uma app, que podem entreajudar-se na localização e recuperação das malas perdidas, de forma totalmente anónima e segura. Quanto maior a comunidade, maior a probabilidade de recuperar uma mala perdida, tornando-se necessário expandir a comunidade da app Travlr by Samsonite. Outro passo importante será colaborar com as companhias de handling dos aeroportos e bagagem, para aumentar a rede de dispositivos fixos Bluetooth nas proximidades de centros de viagem importantes. Eventualmente, a marca espera que qualquer pessoa com um smartphone seja capaz de ajudar a recuperar malas perdidas (ou sacos e artigos de negócio), graças à rápida expansão de dispositivos conectados sem fio. As primeiras malas com esta solução estão previstas chegarem ao mercado europeu no final deste ano e dado o potencial da solução, poderá ser estendida a uma ampla gama de sacos de viagens e artigos de negócios em 2017. Os preços serão competitivos para um produto com este tipo de tecnologia para poder torna-la numa solução real para os viajantes em todo o mundo l


Lucília Ribeiro Entrevista Caderno 15

CADERNO 16

Estamos a apostar em novos conceitos”

Lucília Ribeiro

Diretora Rondatur viagens e turismo

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Soluções

Amadeus Selling Platform Connect é o único sistema de reservas totalmente online para servir os profissionais de turismo

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Notícias

Novo estudo sobre turismo de luxo encomendado pela Amadeus identifica seis novas tribos de turistas

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Caderno Amadeus 16 Entrevista Caderno LucĂ­lia Ribeiro

LucĂ­lia Ribeiro Rondatur viagens e turismo

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Caderno Amadeus Lucília Caderno 17 Nome do Conteúdo doRibeiro CapítuloEntrevista Nome do Capítulo

Lucília Ribeiro

“Sem fugir do tradicional apostamos em novos conceitos de viagens” Apesar da menor procura, os produtos estrela da Rondatur Viagens e Turismo continuam a ser os circuitos e que foram a génese da agência. A estratégia da agência passa pela aposta no marketing e na programação com novos conceitos de viagem.

Ponto Turismo › A Rondatur já tem alguns anos no mercado. Como é que começou? Lucília Ribeiro › Sim, a Rondatur já conta com 57 anos de atividade, iniciou em 1959 (alvará 73/1959) como VIAGENSSÁ e era propriedade de Eugénio Gomes de Sá, que tinha uma oficina e táxis. Posteriormente adquiriu autocarros que alugava a outras agências de viagens e efetuava imensas viagens de autocarro pela Europa com grupos de brasileiros. Depois começou a ter programação própria, em 1975 ele quis vender a agência de Viagens (porque tinha outros negócios) e propôs a venda aos funcionários que aceitaram comprar, em 1977 passou a designar-se Rondatur-Viagens e Turismo, Lda.

Ponto T. › Como é que a Rondatur se posiciona enquanto agência de viagem? Quais os produtos estrela, qual é o vosso mercado. L.R. › Nós somos uma agência de viagens generalista, vendemos de tudo o que respeita a viagens. Mas o nosso produto estrela são os nossos circuitos Enquanto alvará havia uma classe a que nós pertencemos que é a de Operador, isto porque temos programação própria em autocarro. Embora agora com menos procura que antigamente, ainda continuamos a fazer os nossos circuitos em autocarro, agora essencialmente em Portugal e Espanha.

Agora as pessoas já não têm paciência para andar de autocarro e preferem ir até um ponto na Europa e a partir daí fazer o circuito de autocarro

Ponto T. › Que mudanças é que existem a nível de mercado e dos clientes desde que começou? L.R. › Eu não me lembro, porque até sou mais nova do que a agência. Mas pelo que me contaram, as coisas mudaram bastante até porque o conceito de viagem também mudou. Desde o início da agência até finais dos anos 80 o transporte em viagens à Europa era feito essencialmente de autocarro, as viagens feitas com os brasileiros nos anos 60/70 eram de cerca de 40/50 dias, não havia auto--estradas, era tudo feito pelas nacionais e as viagens duravam imenso tempo. Eu comecei a trabalhar aqui em 1984 e nessa altura fazíamos imensos circuitos pela Europa de autocarro, as viagens de avião eram bastante caras e os circuitos eram todos em autocarro. Agora as pessoas já não têm paciência para andar de autocarro e preferem ir até um ponto na Europa e a partir daí fazer o circuito de autocarro.

Ponto T. › Quais as apostas e novidades é que a agência vai ter? L.R. › Depois de termos passado uns tempos conturbados, penso que até comum a todos os da nossa atividade por causa da crise, agora estamos estabilizados e por isso mesmo este ano decidimos apostar no marketing. Criamos uma nova imagem, um novo catálogo, um novo site e um novo look também no facebook, temos um contrato com uma empresa aqui da região que nos trata da imagem. Além da imagem apostamos também na nossa programação, não fugindo do tradicional, mas apostando em novos conceitos de viagem. Incluímos uma #25 JUN/JUL 2016


Caderno Amadeus 18 Entrevista Nome do Capítulo CadernoNome Lucília doRibeiro Conteúdo do Capítulo

programação temática com caminhadas culturais (a caminhada está na moda, mas quisemos aliar a nossa cultura que é bastante rica assim como a gastronomia) temos também um programa para uma rota gastronómica que é a Rota da Chanfana e uma rota vinícola Rota dos Vinhos na qual mostramos as diferenças entre algumas castas; a Dança, hoje em dia as pessoas cada vez mais gostam de dançar e aprender a dançar, então criámos programas nos quais após o jantar haverá um workshop de Dança (danças latinas, tango e até folclore). Pensamos serem programas interessantes que mostram a nossa cultura e coisas muitas vezes desconhecidas da maior parte dos portugueses. Para a divulgação dos nossos circuitos pelos colegas agentes e mais proximidade com os clientes, admitimos mais uma pessoa que nos ajudará nessa função. Teremos também mais uma novidade que é a aquisição de um mini-bus de 9 lugares que nos vai permitir fazer transferes e alguns programas de nossa autoria ou para famílias que se queiram deslocar, sempre acompanhados por um dos nossos colaboradores. Em resumo, está a ser um ano de grandes apostas que esperemos venham a dar resultado num futuro próximo e é para isso que estamos a trabalhar. Ponto T. › Qual é a estratégia de crescimento da Rondatur? L.R. › A nossa estratégia de crescimento é ponderado, não queremos dar passos maiores que as pernas, devagar e certo… como este ano decidimos fazer uma aposta, a nossa estratégia é tentar cimentá-la, para depois avançarmos para uma seguinte etapa. Ponto T. › Como é que a Rondatur passou os anos da crise económica tendo em conta que é uma agência, tanto quanto me parece, muito virada para o lazer e para o outgoing? L.R. › Foi muito complicado, foram anos de muito aperto, tivemos que fazer uma reestruturação da empresa, mas com muito sacrifício conseguimos equilibrar o “barco”.

há clientes que não fazem a mínima ideia onde os destinos se situam, nem da cultura do mesmo. O mal é que também muitos agentes não têm conhecimento nem compreendem a cultura dos países, pois não podemos ir para outros países e querermos o mesmo que temos no nosso. Como costumo dizer lá fora não há batatas com bacalhau; a gastronomia é diferente as pessoas são diferentes, a cultura é diferente e não somos nós visitantes que temos que impor a nossa cultura lá fora. Aliás a riqueza de viajar é isso mesmo. Se o cliente for alertado para isto não vai reclamar porque foi chamado a atenção previamente e foi-lhe explicada a situação. E depois há uma situação, os gostos são diferentes o que é bom para mim pode ser mau para o cliente e vice-versa. Quem tem uma porta aberta tem que estar preparado para todo o tipo de clientes, não é nada fácil lidar com as pessoas e temos que estar preparados. Nós também somos clientes de alguém…

“basta uma galinha espirrar na China para uma operação ir por água abaixo”

Ponto T. › Quais são os principais desafios dos profissionais das agências de viagens, tendo em conta as alterações do mercado, novos canais de distribuição, mais taxas sobre as reservas, mais exigências dos clientes? L.R. › Quando eu era pequena a minha mãe costumava dizer que um médico tinha que estudar toda a vida porque as curas evoluíam e também apareciam novas doenças; agora acontece o mesmo em todas as profissões e a nossa não é exceção, temos de ter a mente aberta para aceitar os novos desafios. Todos os dias somos deparados com novas leis, com novos procedimentos por parte das companhias aéreas, com alterações dos planos por causa de greves, de doenças novas (basta uma galinha espirrar na China para uma operação ir por água abaixo) de alterações climáticas etc…No fundo tudo nos afeta e o agente de viagens é sempre culpado de tudo. Quanto à existência dos canais de distribuição, faz parte da globalização, não podemos lutar contra isso, temos é de prestar um melhor serviço que eles. Relativamente à exigência dos clientes, penso que também parte um pouco da maneira como o agente vende o produto ao cliente, pois temos que explicar exatamente como são as coisas e não elevar nem minorar os destinos, porque #25 JUN/JUL 2016

Ponto T. › Tecnologicamente a Rondatur tem um site muito completo e que permite fazer reservas online. A tecnologia foi uma aposta e uma forma de se manterem na crista da onda? L.R. › Isso mesmo, na crista da onda… Já temos site há imensos anos e vem sendo renovado de tempos a tempos. Este ano achamos que estava na altura de uma nova renovação, já tínhamos reservas online para pacotes, hotéis, rent-a-car, comboios, voos e agora alargámos também aos nossos circuitos, porque achamos que o futuro passa por aí e foi sempre nosso lema estarmos atualizados. Ponto T. › Como é que define a Amadeus enquanto parceiro tecnológico? L.R. › A parceria com o Amadeus tem cerca de 1 ano e estamos muito satisfeitos, é uma plataforma mais intuitiva, mais rápida e cada vez mais temos que ter ferramentas mais simples e rápidas porque os clientes não gostam de esperar. A nível de apoio do helpdesk é espetacular, através do chat conseguimos resolver bastantes situações. A formação também é muito boa. l


Caderno Amadeus Nome do Amadeus Conteúdo Selling do Capítulo PlatformNome Connect, do Soluções Capítulo 19

Amadeus Selling Platform Connect O Amadeus Selling Platform Connect, a mais recente versão do Amadeus Selling Platform Classic atualmente utilizado em todo o mercado Português, é o único sistema de reservas totalmente online para servir os profissionais de turismo.

Entre este ano e até ao final de 2017 contamos que todos os utilizadores em Portugal estejam já na nova plataforma de reservas Amadeus. Disponível em vários idiomas o Amadeus Selling Platform Connect funciona com os 4 principais browsers:

Internet Explorer

Safari

Firefox

Novo conceito Booking File No novo Amadeus Selling Platform Connect um novo conceito de reserva que engloba a área gráfica, aparece – BOOKING FILE. O BOOKING FILE é uma pasta ou área de trabalho onde um PNR poderá ser trabalhado de várias formas. Ou em gráfico ou em críptico. Poderá abrir até 6 BOOKING FILES e todos podem ser trabalhados em simultâneo sem qualquer impacto em cada um deles. No Booking File facilmente alterna entre gráfico a críptico através de GO TO.

Chrome

O Amadeus Selling Platform Connect está acessível via URL, não necessitando de qualquer instalação. O ambiente gráfico do Amadeus Selling Platform Connect é semelhante ao de um website. Bastante intuitiva, esta nova geração do Sistema Amadeus não necessita de formação, permitindo que pessoas menos experientes no sector ou GDS o possam utilizar.

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Caderno Amadeus 20 Soluções Nome do Capítulo Amadeus Selling Nome Platform do Conteúdo Connect, do Capítulo

O que vai alterar? Utilizadores Assente num novo modelo de segurança que permite autenticar todos os utilizadores do Sistema Amadeus e controlar o seu acesso às diversas soluções, deixa de ser necessário aplicar o SIGN do utilizador (0011CB), passando a ser utilizado o USER ID (CBERNARDES). A palavra passe passa a ser única para aceder a todos os escritórios para os quais o utilizador tem permissões. Desta forma, num formato seguro, o acesso a funções, tarefas ou determinada informação no sistema será garantido, seguindo todos os standards de segurança da indústria (PCI-DSS). Acesso aos vários escritórios Com o Amadeus Selling Platform Connect, o JUMP deixa de ser possível. Todos os escritórios aos quais poderá aceder aparecem na barra inferior da plataforma. Ao clicar um novo separador é aberto.

Áreas de trabalho As áreas de trabalho vão sendo abertas na barra inferior, podendo ser trabalhadas independentemente e podendo passar de umas para as outras facilmente.

Acesso a outros módulos Em Amadeus Selling Platform Connect o conceito de smart tab desaparece.

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Speed Mode Em Amadeus Selling Platform Connect desaparecem as teclas de ajuda e a informação surge á passagem do rato.


Caderno Amadeus Nome doShaping Conteúdo thedo Future Capítulo of Luxury Nome Travel do Capítulo Notícias 21

Shaping the Future of Luxury Travel

Vários tipos de luxo definem o futuro deste segmento

O

segmento das viagens de luxo está em alta e a definição de luxo já não é o que era de acordo com o relatório Shaping The Future of Luxury Travel encomendado pela Amadeus à Tourism Economics. O novo relatório incide em três das tribos identificadas no estudo apresentado Future Traveller Tribes 2030: Understanding Tomorrow’s Traveller que destaca a importância de abordar os viajantes com base nos seus comportamentos. Utilizando uma metodologia semelhante, o novo relatório identifica seis tribos de viajantes de luxo para ajudar os fornecedores de viagens a direcionar os seus clientes de luxo no mercado: Always Luxury; Special Occasion; Bluxury; Cash-rich, time-poor; Strictly Opulent; e Independent Affluent. O relatório revela os novos desafios e oportunidades que o mercado das viagens de luxo vai enfrentar na próxima década e concluiu que se vive numa nova era das viagens de luxo, em que é exigida a compreensão destes viajantes a um nível pessoal. Para uns, o luxo significa um cruzeiro multimilionário no Ártico num iate privado e para outros pode ser ter os seus requisitos de dieta automaticamente atendidos em todos os momentos da viagem, sem ter que se preocupar com isso. Por um lado surgem novos cidadãos de diferentes regiões do mundo, e a indústria das viagens expande para ir ao encontro das suas necessidades, por outro lado de que forma podem as marcas de turismo atender mais viajantes de luxo, ao mesmo tempo que mantêm a exclusividade? A classe média emer-

vive-se numa nova era das viagens de luxo, em que é exigida a compreensão destes viajantes a um nível pessoal

gente procura o aspeto material das viagens de luxo, ao passo que os mercados mais maduros desejam um novo tipo mais envolvente de luxo. É por isso cada vez mais crucial oferecer aos clientes de luxo uma experiência relevante, pessoal e exclusiva. Será um fator diferenciador entre o novo e o velho luxo. Outra das conclusões diz que o “desejo de experiências mais gratificantes é um catalisador essencial para evoluir e melhorar a qualidade e serviço padrões da indústria de viagens” e que a hierarquia de necessidades de viagens de luxo é identificada, variando de qualidade e serviço 5 estrelas padrões de privacidade VIP exclusiva e segurança. Entre 2011 e 2015 os voos em business ou em primeira classe cresceram anualmente 4,5%, acima das restantes viagens cuja taxa de crescimento anual é de 4,2%, revelou ainda o relatório. Esta tendência vai continuar a acelerar nos próximos dez anos, devendo as viagens de luxo crescer 6,2% entre 2015 e 2025, quase um terço mais rápido do que nas restantes viagens. O mesmo documento indica ainda que a América do Norte e a Europa Ocidental são responsáveis por 64% do total das viagens de luxo e que entre 2011 e 2025 o mercado de luxo da Ásia-Pacífico vai ter um crescimento mais rápido que a Europa no mesmo intervalo, mas será mais lento de 2015-2025. l #25 JUN/JUL 2016


Caderno Amadeus 22 Notícias Nome do Breves Capítulo Nome do Conteúdo do Capítulo

New Distribution Capability Amadeus recebe o mais alto nível do certificado NDC da IATA A Amadeus atingiu o nível 3 no certificado de New Distribution Capability (NDC) como fornecedor de tecnologias de informação por parte da International Air Transport Association (IATA). O nível 3 é o mais alto no certificado NDC. As companhias aéreas que usam a nova solução Altéa NDC da Amadeus, desenvolvida no início do ano e agora certificada pela IATA, terão a opção de distribuir os seus preços e tarifas, incluindo conteúdos de serviços auxiliares e famílias de tarifas, utilizando o NDC Offers & Orders. A Amadeus começou em 2007 a investir na conectividade XML, altura em que se tornou o primeiro player em tecnologia de viagens a implementar a conectividade XML com a easyJet. Segundo Julia Sattel, Amadeus’ Global Head of Airline IT, “A Amadeus está comprometida em trabalhar com a IATA para padronizar mensagens, data

flows e apoiar a evolução deste novo standard de messaging. O nosso objetivo é ajudar companhias aéreas a personalizar as suas ofertas e na distribuição das suas tarifas com maior precisão, flexibilidade e rapidez. Se as companhias aéreas escolherem o NDC-XML messaging para enviar as suas tarifas e para atingir estes objetivos, nós estamos plenamente capazes de o proporcionar”. Svend Leirvaag, Vice President of Industry Affairs da Amadeus referiu que “Este certificado de topo da IATA é a confirmação da colaboração próxima entre a IATA e a Amadeus”, acrescentando que o NDC contribui para as tendências de merchandising que a Amadeus abraça totalmente”. O responsável reiterou a continuidade em cooperar com a IATA relativamente a este e muitos outros projetos, assim como outros stakeholders, para promover a inovação e standards da indústria que irão influenciar todos os players dentro da cadeia de valor, e para melhorar a eficiência da indústria como um todo.

Amadeus Booking Analytics Nova solução de Data Intelligence companhias aéreas A Amadeus lançou a nova solução de data intelligence para companhias aéreas Amadeus Booking Analytics, inserida na Amadeus Airline Market Insight suit, que permite às companhias aéreas entender melhor a dinâmica do mercado numa escala alargada, ganhar inteligência sobre a indústria e serem mais competitivas. A Airline Market Insight suite inclui dados MIDT, Global Booking Processing, Booking Analytics, Traffic Analytics, Schedule Analytics e Search Analytics. Cada solução foi projetada de modo que possa ser adaptada a cada negócio do transporte aéreo e dentro do contexto técnico.

A solução fornece informações sobre dinâmicas do mercado, canais de vendas e volumes de passageiros. Os utilizadores podem visualmente monitorizar as reservas - por rota, por companhia aérea, por classe de reservas, por ponto de venda de agência, entre outros critérios e agir sobre eles. Também permite que as companhias aéreas giram de melhor forma o inventário, ajustando a oferta de classe de reserva, permitindo que as operadoras monitorizem os volumes de passageiros ao nível da origem e destino e oferecendo visibilidade ao nível do ponto de venda, onde disponível. Contribui ainda para decisões sobre o planeamento de rede, bem como a adaptação rápida e eficaz de estratégias de preços e marketing.

Novo relatório Amadeus Definindo o futuro das viagens através de intelligence Defining the future of travel through intelligence é novo relatório da Amadeus Travel Intellingence, que avalia como a análise de big data pode criar novas oportunidades de desenvolvimento de produtos, serviços e processos inovadores. O relatório sublinha como é que a análise de dados pode ser usada para desenvolver produtos, serviços e processos inovadores que melhor satisfaçam as necessidades dos seus clientes, e reitera a necessidade de abertura das empresas do setor à experimentação, a novas ideias e abordagens.

O relatório inclui estudos de caso de como a Qantas e a Avianca Brasil estão a usar a análise de dados suportadas pela Amadeus Travel Intellingence, para otimizar as operações e tornarem-se mais focadas no cliente. “As empresas com maior probabilidade de terem sucesso no futuro da indústria de viagens serão aquelas que abraçam o big data e experimentação. Estas arriscam em novas ideias e abordagens para aumentar a eficiência operacional e melhorar a experiência do cliente – e beneficiam das novas receitas e da crescente lealdade. Este relatório explora o que pode ser feito hoje bem como de que forma as empresas podem preparar-se para o futuro, diz Pascal Clement, Head of Travel Intelligence da Amadeus.

Renovação de acordo Amadeus e Emirates renovam o seu acordo de full content A Emirates e a Amadeus renovaram o seu acordo de distribuição global com o objetivo de assegurar que o inventário de tarifas e voos da companhia aérea esteja inteiramente disponível para as agências de viagens Amadeus, conectando os viajantes mundialmente. O acordo significa que os conteúdos da Emirates estão disponíveis na maior rede mundial de vendedores de viagens, e que os clientes da companhia aérea podem continuar a procurar e a obter produtos e serviços, oferecidos pela #25 JUN/JUL 2016

Emirates através do canal da sua escolha. A renovação do acordo ocorreu logo após a Emirates ter sido nomeada a mais valiosa marca de companhia aérea de acordo com o relatório 2016 Brand Finance Global 500. À medida que a companhia área tem como maior foco a experiência do cliente, as duas empresas estão a explorar oportunidades relacionadas com a introdução de novas ferramentas de merchandising, incluindo as soluções Amadeus Ancillary Services e Amadeus Fare Families.



24 Tecnologia A Fórmula 1 do FM: A Hotelaria

A Fórmula 1 do FM:

A Hotelaria

A Hotelaria é uma indústria altamente global e competitiva com grandes necessidades de investimento em capital e uma estrutura de custos maioritariamente fixa. Não é de estranhar que desde o desenho à exploração de um projeto de hotelaria, haja uma forte preocupação na eficaz utilização de recursos bem como na maximização da disponibilidade da infraestrutura e na sua maior ocupação ao melhor preço possível, assegurando visitas repetidas.

S

endo o Facilities Management a área de conhecimento que integra as pessoas nos espaços e nos processos, é na indústria hoteleira onde presenciamos muitos dos seus desenvolvimentos, pressionados pela necessidade de melhorar processos, assegurar disponibilidade e aumentar a satisfação de clientes internos e externos, ao mesmo tempo que se mantêm e valoriza o ativo. Se fizermos uma analogia entre o Facilities Management e a indústria automóvel, então os hotéis são a sua Fórmula 1. E, tal como em todas as outras indústrias e áreas de conhecimento, também o Facility Management aplicado aos Hotéis está a entrar no “Industry 4.0” e a beneficiar em grande escala do “Big Data” e do “Internet of Things”. E é fácil ver vários exemplos disso, especialmente em três grandes áreas: no aumento da oferta de serviços para os clientes do hotel; no #25 JUN/JUL 2016

aumento da disponibilidade dos espaços e dos equipamentos e na monitorização do desempenho do hotel. Em termos da oferta de serviços, é possível automatizar para o hóspede todo o processo de check-in e check-out, incluíndo transformar o seu smartphone na chave do quarto. O aviso de “do not disturb” pendurado na maçaneta da porta? No smartphone. O enorme dossier com os serviços do hotel e o menú do “room service”? No smartphone. Até mesmo o “pay-per-view” deixou de estar na televisão do quarto para poder es-


A Fórmula 1 do FM: A Hotelaria Tecnologia 25

tar no smartphone do cliente quando este está na piscina do hotel à espera do cocktail enquanto vê o último episódio de “A Guerra dos Tronos” no Netflix. O aborrecido questionário de satisfação também se torna mais agradável de preencher. No smartphone, claro. Quanto à disponibilidade dos espaços, as equipas de limpeza e de manutenção são alertadas nos seus “mobile devices” quando uma sala de reuniões ficou livre ou quando um aparelho de ar condicionado está a aquecer demais ou parou de funcionar abruptamente. Isto permite que os espaços possam ser alugados à hora e não ao dia ou ao meio dia, e que se antecipe, através de manutenções preditivas suportadas por algoritmos, quando um determinado equipamento se vai avariar ou ficar com o seu funcionamento limitado. A enorme quantidade de informação que pode ser produzida por todos estes sistemas, deve ser canalizada para “dashboards” que a agregam em forma de “Key Performance Indicators” e que fornecem à gestão de todos os departamentos do Hotel uma visão da sua performance individual e em conjunto. Esta informação pode, e deve, ainda incluir indicadores referentes ao impacto ambiental da operação do hotel, seja em termos de energia consumida, água ou produção de resíduos, e monitorizar a evolução desses relativamente a metas que se tenham definido. Adicionalmente, as aplicações mobile para os clientes permitem não só o interface com o hóspede durante a sua estadia mas continuar a contactá-lo posteriormente, oferecendo-lhe campanhas ou outros serviços integrados com outros prestadores (aluguer de carros, viagens, excursões, etc.). A tecnologia aplicada ao Faciltiy Management no contexto da indústria hoteleira pemite aos donos dos ativos terem uma maior compreensão do trabalho que está a ser feito, em contexto de manutenção mas também de obra, do seu impacto na rentabilidade atual (aumento ou diminuição das taxas de disponibilidade do imóvel) e no valor do ativo (registo das intervenções nos equipamentos e no edificado, bem como das benfeitorias). A presença da tecnologia não só permite facilitar a vida para hóspedes e para os clientes internos do departamento de Facility Management, como também torna o contexto de indústria hoteleira mais “techy” e, assim, apetecível para os “Millenials” que entram no mercado de trabalho e que, especialmente no nosso país, se sentem normalmente mais atraídos para as empresas de serviços, com especial relevo nas áreas de consultoria, banca e utilities. A gestão de um hotel, desde a manutenção dos equipamentos à relação com o cliente, desde a gestão do F&B ao “housekeeping”, torna-se um trabalho cada vez mais

Se fizermos uma analogia entre o Facilities Management e a indústria automóvel, então os hotéis são a sua Fórmula 1

especializado e tecnológico, exigindo aos profissionais elevadas capacidades analíticas mas também mais “empowerment”. A possibilidade de os colaboradores, e até mesmo os hóspedes, sugerirem e se experimentarem novos procedimentos é mais fácil e menos arriscado na medida em que tudo se torna mais flexível e se conseguem visualizar os resultados de uma qualquer mudança em tempo real.

Por último, mas não menos importante, os próprios colaboradores do Hotel podem tornar-se mais móveis e interagir com os hóspedes em qualquer zona, ao invés de estarem fixos numa recepção num lobby, obrigando o cliente a ter que se dirigir a eles e não o inverso. No fim, apenas tem de haver a preocupação em instalar na entrada do Hotel uma máquina de Vending. Com Tablets e com Smartphones. Só para termos a certeza de que nenhum hóspede fica excluído… l

Miguel Alves Agostinho Diretor Executivo Associação Portuguesa de Facility Management

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26 Análise Sociedade moderna: Burnout nos profissionais de turismo

Sociedade moderna

Burnout nos profissionais de turismo Os profissionais do turismo vivem diariamente um paradoxo: cuidam do lazer de quem os procura, esquecendo-se muitas vezes da importância do seu próprio lazer para o seu bem-estar emocional.

O

lazer, capacidade de relaxar sem culpa, em atividades prazerosas, é uma das necessidades psicológicas vitais ao bem-estar do ser humano (Vasco, 2009). Esta necessidade está na polaridade oposta à da produtividade, capacidade de alcançar objetivos importantes para o próprio. Enquanto que o lazer está maioritariamente associado ao Modo de Ser, a produtividade está associada ao Modo Fazer. Para o bem-estar psicológico é vital que estas necessidades estejam equilibradas, ou seja que atendamos à satisfação de ambas. A Organização Internacional do Trabalho afirma que a sobrecarga de trabalho com sobrecarga horária, insegurança no trabalho e o stress negativo constituem riscos psicossociais com consequências negativas para colaboradores e empregadores como aumento do número de acidentes de trabalho, absentismo, presentismo (estar no local de trabalho sem ser produtivo), doenças físicas (cardiovasculares) e mentais (ansiedade, depressão e Burnout). Num estudo de 2014 da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 59% dos trabalhadores portugueses referem sofrerem stress no seu local de trabalho e 62% declaram que este é mal gerido. #25 JUN/JUL 2016

Mas o que é o stress? A sociedade moderna encara, na maior parte das vezes, o Stress como algo negativo, mas, na sua definição, “o Stress é um conjunto de reações orgânicas e psicológicas de adaptação que o organismo emite quando é exposto a qualquer estímulo que o excite, irrite, amedronte ou o faça muito feliz” (Hans Selye), que se se traduz numa rotura da homeostase (equilíbrio interno do organismo), ou seja um desequilíbrio entre as solicitações que são feitas ao indivíduo e os recursos de que este dispõe para lhes responder. Biologicamente, face a este desequilíbrio, a hormona cortisol é produzida e libertada, aumentando a pressão arterial, o açúcar no sangue e a tensão física e psicológica. O organismo entra em modo de sobrevivência, parando de renovar células e tecidos para concentrar toda a energia que consegue. Esta é uma resposta adaptativa.


Sociedade moderna: Burnout nos profissionais de turismo Análise 27

Na maioria das vezes temos e conseguimos utilizar estratégias para restabelecer a ordem interior, eliminando o stress numa fase inicial. Nestes casos o stress funciona como um alarme protetor. Assim, o stress só constitui um risco para a segurança e a saúde quando se torna persistente, por não atendermos aos seus sinais. O processo de stress passa então por três fases distintas: 1º Alerta – reações do sistema nervoso simpático quando o evento stressor (que poderá ser algo desagradável como possibilidade de desemprego ou agradável como nascimento de um filho) é percebido pelo organismo; 2º Resistência – quando o evento stressante é de grande dimensão ou permanece durante períodos prolongados de tempo;

mentando-se de forma equilibrada, praticando exercício físico e evitando o consumo de substâncias; • Procure respeitar a regra 8/8/8: oito horas para dormir, oito para trabalhar e as restantes oito para a vida pessoal, familiar e social; • Faça pequenas pausas durante o seu dia de trabalho e no final do dia não leve trabalho para casa; • Pratique exercícios de respiração, relaxamento e meditação. A propósito do último ponto, sugiro a prática diária de meditação, que permite relaxar, e conectarmo-nos connosco próprios duma forma mais presente, no aqui e agora. Escolha um local tranquilo e reduza a possibilidade de ser interrompido. Fechando os olhos ou mantendo-os abertos, deitado ou sentado, relaxe, faça três respirações profundas e concentre-se na sua respiração. Imagine que está a encher um balão na sua barriga quando inspira (4 segundos) e a esvaziá-lo quando expira (8 segundos). Permaneça neste estado de respiração consciente, sentindo a ar a entrar pelas narinas e a sair pela boca entreaberta. Se quiser, pode rotular a sua respiração, dizendo mentalmente “dentro” quando inspira e “fora” quando expira. Vá aumentando o número de respirações ao longo do seu treino. Após uma semana de prática, introduza a seguinte alteração: inicie a sua respiração abdominal e observe os seus pensamentos, emoções e sensações físicas. Eles aparecem, mas deixe-os ir, não se julgue nem os agarre. Se permanecerem mais tempo, não se preocupe, deixe-os ir ao seu tempo.

o stress só constitui um risco para a segurança e a saúde quando se torna persistente, por não atendermos aos seus sinais

3º Burnout – nesta fase o stress ultrapassou as capacidades físicas e psicológicas do individuo e surgem sintomas como úlceras, hipertensão arterial, psoríase, problemas sexuais, ansiedade, depressão entre outros. Marie Asberg, professora na faculdade médica Karolinka na Suécia, criou a representação gráfica do Burnout em forma de funil (ver imagem). O círculo superior representa a vida plena e realizada. À medida que as situações vão complicando tendemos a deixar algumas cosias de lado (geralmente o que nos satisfaz e é “opcional”) e a centrarmo-nos no “importante”. O círculo vai-se estreitando, como a nossa vida. Deixamos atividades relaxantes e satisfatórias que nos alimentavam a um nível mais profundo e vão surgindo cada vez mais sintomas incapacitantes.

Entretanto, não se esqueça: cuide do lazer dos outros sem descuidar o seu! l Catarina Barra Vaz Psicóloga Clínica na Psinove de Oeiras

O que poderá fazer? Como forma preventiva da sua saúde mental ou caso se encontre em Stress: • Cuide de si, dormindo 8 horas por dia, ali#25 JUN/JUL 2016


28 Análise Marketing: O Futuro do Betterment – em busca do aperfeiçoamento

Marketing:

O Futuro do Betterment – em busca do aperfeiçoamento No rol de novas expressões e vocábulos que entraram no vocabulário habitual do quotidiano está o “Betterment”, que traduzido à letra quererá dizer Aperfeiçoamento e a empresa de análise de tendências Trends & Insights identificou seis que irão definir o futuro do Betterment, ou seja tentar aperfeiçoar métodos e hábitos de forma a melhorar saúde e o bem-estar e que o marketing pode aproveitar e aplicar.

B

etterment não é mais do que ir em busca da autorrealização o que, segundo Maxwell Luthy, diretor da Trends & Insights, é tentar “atingir o próprio potencial” ou “tornar-se uma versão melhor de si próprio”. Para perceber isto temos de recorrer à Pirâmide de Necessidades de Maslow, psicólogo americano, em que a autorrealização está no topo das necessidades humanas e as pessoas vivem para as tentarem satisfazer em pleno. A Pirâmide de Necessidades de Maslow é dividida em cinco níveis hierárquicos, cada um formado por um conjunto de necessidades. Na base da pirâmide estão os elementos que são considerados primordiais para a sobrevivência de uma pessoa, como a fome, a sede, o sexo e a respiração. Para progredir na hierarquia é necessária a conquista das condições elementares da Pirâmide, passando para os próximos níveis, um a um, até chegar ao topo. E como é que a pirâmide de Maslow se relaciona com o Betterment? Segundo Maxwell Luthy, o consumismo é já o principal meio através do qual as pessoas procuram essa autorrealização. Uma realidade que as marcas já perceberam e por isso envolvem-se, gostam e predispõem-se a ajudar as pessoas a tornarem-se a “sua melhor versão”. E como podem as marcas contribuir para a autorrealização das pessoas? No entender do mesmo responsável, as marcas #25 JUN/JUL 2016

devem tentar saber como estão a evoluir as expectativas em torno da saúde e bem-estar, e como se pode ir ao encontro dessas expectativas - e ajudar as pessoas a realizarem os seus sonhos de se tornarem melhores seres humanos. As respostas estão nas seis tendências identificadas, designadamente Ambient Wellness, Calibrated Health, Virtual Actualization, Impact Indicators, Distributed Diagnosis e Post-Demographic Betterment. Ambient Wellness: No fundo trata-se de introduzir características no ambiente que contribuem para a melhoria da saúde. Ser saudável é o objetivo de todos nós, uns com mais esforço do que outros, e todos temos muito boas intenções. Quem é que nunca disse: “vou começar a correr”, ou “vou perder peso este mês”, ou “a partir de amanhã vou ser uma pessoa mais equilibrada”…o problema é que de boas intenções está o


Marketing: O Futuro do Betterment – em busca do aperfeiçoamento Análise 29

inferno cheio. Mas há boas notícias. São cada vez mais as pessoas, os consumidores, em especial os citadinos, que estão conscientes dos impactos tóxicos que o seu estilo de vida e o ambiente em redor têm na sua saúde e bem-estar. A poluição do ar, as noitadas, o comer mal, o stress diário... começam a ser percecionados como “inimigos da saúde e do bem-estar”. Esta perceção não passou despercebida às marcas que estão a apostar em tecnologias e iniciativas que melhoram o bem-estar e geram impactos positivos na saúde sem grande esforço físico. Um exemplo é o local de trabalho. trabalho, um espaço onde se passa uma boa parte da vida. Por isso é importante que este seja amigo da saúde e bem-estar, escolhendo materiais e fatores sustentáveis que levem ao aumento da produtividade e bem-estar dos funcionários. Olhos cansados, desânimo, dor de cabeça e o absentismo são problemas que podem ser evitados e por isso são cada vez mais as empresas que criam os seus próprios critérios para garantir um padrão de saúde, bem-estar e qualidade dos seus escritórios para aumentarem a percentagem de retenção, conforto e produtividade dos seus colaboradores. Na aviação, por exemplo, a Qatar Arways, optou por equipar os seus Airbus 350 Carbon Fiber A350 XWB” com uma iluminação especial e pressão regulada ao longo dos voos para minimizar os efeitos de jetlag nos passageiros. Calibrated Health: Esta tendência indica que chegámos à era da personalização. Podemos personalizar quase todos os serviços. O Netflix e o Spotify, que oferecem sugestões adequadas a cada perfil dos utilizadores, são exemplos disso. A saúde também está nesse rol, havendo startups que trabalham no mercado da personalização de tratamentos e de alimentos através do ADN. Ou seja, a personalização genética de alimentos está cada vez mais perto. A instituição norte-americana Food and Administration Drugs lançou uma plataforma colaborativa chamada Precision FDA, que permite aos cientistas o desenvolvimento de um novo método de leitura de ADN, chamado NGS – Next-Generation Sequencing. Este permitirá aos cientistas olhar individualmente para o ADN de cada pessoa e identificar diferenças, prever doenças e como reagiriam a um tratamento. O site faz parte de uma iniciativa cha-

mada Medicina Personalizada, que pretende providenciar tratamento médico individualizado com base no estilo de vida, ADN e ambiente em que o paciente vive. Virtual Actualization: A autorrealização virtual fala da forma como as marcas podem oferecer, através da tecnologia, uma realização pessoal que é atingida no meio virtual e que pode estender-se de alguma forma à realidade com a experiência do utilizador. A utilização desta tecnologia pode representar uma melhoria tanto no plano físico como no bem-estar emocional do consumidor, que inclui no seu quotidiano cada vez mais acessórios e tecnologia para acompanhar a sua evolução pessoal. Isto conduz à quarta tendência, os indicadores de impactos ou Impact Indicators:.Quanto é que andei hoje? O que é que comi? O movimento iniciado pelos adeptos de tecnologia que proporciona dados ou estatísticas relacionadas com a saúde através do uso de wearables mostrou que um feedback adequado sobre os seus dados pode ser um poderoso instrumento de motivação e melhoria de performance. As pessoas esperam que o mundo real seja cada vez mais próximo ao virtual, com informações instantâneas sobre o impacto de cada passo na nossa saúde. Distributed Diagnosis: Os diagnósticos distribuídos são novas formas de aceder a serviços de saúde e de bem-estar. Isto é as marcas devem considerar formas estratégicas de estar próximas dos consumidores nos momentos certos. Por outras palavras, os consumidores devem ter diagnósticos distribuídos e acessíveis de todas as formas que desejarem, seja através de uma maçã que revela a necessidade de consultar um dentista ou seja de uma pega num autocarro que diz o ritmo cardíaco e outras informações. Post-Demographic Betterment: O aperfeiçoamento pós-demográfico mais não é do que a diversidade existente o que faz com que atualmente seja impossível prever os comportamentos dos consumidores com base nas classificações-padrão, como género, rendimento, idade, localização entre outros. Os consumidores são mais complexos e a realidade é que as marcas devem abraçar o caos da realidade. l

o consumismo é já o principal meio através do qual as pessoas procuram a autorrealização

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Insights: sobre festivais Dez ideias-chave sobre festivais de música portugueses

“São só para aí 20 ou 30” Quando eu e a Rita Pires lançámos os Portugal Festival Awards era mais ou menos isto que achávamos – que não existiam mais de 30 festivais em Portugal... Pois bem: pelas nossas contas, o ano de 2015 viu acontecer mais de 230 eventos deste tipo no nosso País.

Qualidade do cartaz Tempos houve em que os grandes nomes da música não passavam por Portugal. Já não é verdade. Hoje em dia Portugal faz parte do roteiro de digressão das maiores bandas do mundo e os cartazes dos grandes festivais nacionais rivalizam com a maior parte dos festivais europeus de renome.

Ritual de iniciação à música Para muitos, os festivais são o seu primeiro contacto com a música ao vivo e também a primeira vez que dormem fora de casa (principalmente se estivermos a falar de festivais não urbanos). A ida a festivais de música tornou-se um ritual e são muitos os jovens portugueses que querem passar por ele. Ainda bem!

Festivais urbanos como fenómeno social A criação e, principalmente, massificação dos festivais urbanos tornaram-nos autênticos fenómenos sociais em que toda a gente quer estar presente. Os eventos de grande dimensão que se realizam nos centros urbanos estão frequentemente esgotados e a tendência para a criação de mais eventos deste tipo em áreas suburbanas (com custos de produção tendencialmente inferiores) é cada vez maior.

Turismo musical e relevância económica #25 JUN/JUL 2016

É cada vez mais uma tendência do nosso país. O turismo musical é uma aposta dos promotores de festivais, que tentam comunicar o seu evento junto de festivaleiros nacionais e internacionais. Um festival de música impulsiona economicamente o local onde se realiza e movimenta


Tendências em Tecnologia 10 Insights 31

Aposta para além da música Um festival de música será sempre sobre isso mesmo: a música. Contudo, tudo o que gira à volta do evento é cada vez mais uma preocupação dos promotores. Das casas de banho à oferta alimentar, do campismo às acessibilidades, tudo faz parte da experiência “festival” e nada é deixado ao acaso.

Nichos São, muito provavelmente, o futuro dos festivais de música ou quaisquer outros eventos do ramo do entretenimento no nosso país. A procura pelos nichos, neste caso, musicais é uma realidade e os festivais dedicados a determinado tipo de música, com um público altamente fiel, são uma das mais fortes tendências em Portugal (e, muito provavelmente, no resto da Europa).

Música portuguesa A música portuguesa está na moda e os festivais “aproveitam-se” disso. Os grandes festivais têm cada vez mais bandas nacionais e eventos de média ou menor dimensão apostam nos sons saídos deste “jardim à beira-mar plantado” com cada vez mais consistência – fazendo, inclusive, gala disso mesmo.

Competitividade Tal como em qualquer mercado, também o dos festivais é marcado por uma forte competitividade e concorrência. Além da “luta” existente a nível nacional, alguns eventos nacionais “batem-se” com vários festivais estrangeiros no que respeita ao cartaz e, consequentemente, ao número de festivaleiros presentes.

Portugal Festival Awards Última palavra para os Portugal Festival Awards, evento que premeia há 3 anos os melhores festivais de música em Portugal. Sendo suspeito, acho que temos ajudado humildemente a premiar e a divulgar o que de melhor se faz a este respeito no nosso País. Este ano há mais, em Novembro, no São Jorge. João Dinis Até lá! Portugal Festival Awards

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32 Lifestyle O Turismo, a Construção, e a sua evolução conjunta

Novos produtos

O Turismo, a Construção, e a sua evolução conjunta À medida que, felizmente, mais e mais pessoas em todo o mundo têm acesso a valores mais competitivos para deslocações e estadias, o mercado turístico vai crescendo. Associado a este fenómeno, a democratização das novas tecnologias obriga a uma alteração fundamental do modo como a oferta se faz promover e fornece os seus serviços. Mais do que os conceitos-chave passados através das campanhas de marketing que antes dominavam a publicidade, vivemos agora um tempo em que maior credibilidade é depositada nos testemunhos de clientes que viveram a experiência.

A

s duas premissas expressas acima dão o mote a uma alteração essencial de paradigma. Todo o espaço da oferta turística é transferido para um modelo temporal contínuo. Os clientes do presente baseiam-se muito mais frequentemente em clientes passados, e os clientes do futuro têm maior dependência do que lhes é transmitido pelos do presente. Enquanto que esta evolução deposita um peso muito grande nas experiências negativas, que são um motivador maior para a escrita de revisões online, surge uma outra face desta mudança: o universo da oferta torna-se mais meritocrático e a atenção a detalhes importantes sobe. Assim se estabelece um sistema de retroalimentação positiva, com efeitos benéficos na qualidade dos estabelecimentos e serviços. Os padrões de exigência são agora mais altos. #25 JUN/JUL 2016

O método construtivo com que é concretizado o edificado turístico tem um papel primordial na forma como o cliente vive a experiência. As mais recentes tecnologias podem contribuir para uma transformação positiva do mercado. Em Portugal e no resto do mundo existe cada vez maior atenção nas alternativas à construção tradicional. Embora já existam há algum tempo, apenas recentemente o público tem ganho maior consciência e abertura para estas soluções. Sistemas construtivos como o Aço Leve Galvanizado, Painéis Isolantes Autoestruturados ou a Gaiola em Madeira, nos quais os Portugueses foram pioneiros aquando do terramoto de 1755, são vistos como o Futuro da área. Permitem uma melhor gestão de todas as fases, do projeto à obra, na vida útil do edifício e na sua remoção, utilizando materiais secos, reciclados e recicláveis, com baixa necessidade de recursos como a água


O Turismo, a Construção, e a sua evolução conjunta Lifestyle 33

e com abertura a processos de industrialização, aumentando as poupanças em todas as fases. Outro factor decisivo é a modularidade, bem adaptada às novas dinâmicas do turismo e da habitação, devido à sua simplicidade, ausência de resíduos, e projeção de uma continuidade de utilização muitas vezes esquecida. A configuração dos espaços turísticos tem evoluído recentemente. As estruturas têm decrescido de tamanho e têm-se tornado mais dispersas e individualizadas. O modo de construção é sistematizado, com uma montagem quase industrializada. É possível desenvolver grandes projetos, mesmo que divididos em unidades pequenas e afastadas, construídas em paralelo. A quem pretende vir a estabelecer um negócio de turismo, é muito importante iniciar rapidamente a exploração do seu empreendimento, acelarando a amortização de capital. Estes sistemas são montados com recurso a métodos rigorosos e organizados, através de um planeamento criterioso, sem atrasos ou surpresas. Há uma redução do tempo de construção e de mão-de-obra, uma parte substancial do custo de projeto, e uma pegada ecológica menor. As despesas inesperadas ao longo do tempo de exploração apanham infelizmente muito gestores turísticos de surpresa. Assim, a durabilidade e resistência às condições exteriores adquire uma enorme importância. A manutenção neste tipo de construção decresce substancialmente, com níveis mínimos ao longo de muitos anos, também influenciada pelo menor peso de todo o edificado. O conforto tem um peso elevado na satisfação dos turistas. Através de vários níveis de isolamentos, sejam eles acústicos ou térmicos, temos uma melhor classificação energética nos empreendimentos turísticos, contribuindo para que o cliente tenha uma estadia cómoda nos picos do Inverno e Verão. Consequentemente, a necessidade de aquecimento ou arrefecimento é reduzida, o que aumenta a margem do negócio, e diminui a sazonalidade de destinos com climas mais extremos. Um outro aspecto da transformação do mercado turístico tem sido a revolução de mentalidades no que concerne ao meio ambiente e alterações climáticas. A sustentabilidade e o afastamento de produtos derivados do petróleo interessam às novas gerações, mais conscientes para esta temática. Este fator ganha outro peso quando são abordadas algumas comunidades em particular, como as de surf, agro-turismo, eco-turismo, e de desportos ao ar livre. Os materiais utilizados são naturais ou de base natural pelo que a sua reutilização ou reciclagem é imediata. Além da construção no local, com total liberdade de Arquitectura, existe a possilidade de instalar módulos concluídos em armazém e que são transportados já completamente funcionais e prontos a habitar, assim que se terminam as ligações às infraestruturas no local. Todo este processo pode ser concluido em algumas horas. O Turismo tem tido uma evolução positiva nos últimos anos. Contudo, Portugal tem uma longa tradição enquanto destino turístico. Temos muitas infraestruturas com uma excelente implementação. Alguns dos mais recentes métodos construtivos podem ser úteis na remodelação ou reabilitação destes espaços. Enquanto que é possível manter a estética original, pode alterar-se e renovar-se a estrutura do edificado, incluindo instalações elétricas e canalizações, com soluções mais resilientes e duráveis. Um exemplo da fiabilidade destas soluções é a implementação comum dos sistemas leves de contrução na zona da Baixa de Lisboa, para obras

Em Portugal e no resto do mundo existe cada vez maior atenção nas alternativas à construção tradicional

de reabilitação. Aqui, o peso exercido sobre o terreno que serve de base ao edifício adquire grande relevância, num contexto em que há grande vulnerabilidade na estabilidade no solo. l

João Pedro Santos Goodmood #25 JUN/JUL 2016


34 Viagem de: Fernando Borges

Quando escrevo sobre uma viagem gosto de ter um ponto de partida, de tentar seguir os passos do escritor para poder fazer algo diferente

Fernando Borges Ponto Turismo › Qual foi a viagem da tua vida? Fernando Borges › Foi a Lapónia e o Círculo Polar Ártico no Inverno.

“Gosto de sentir a alma do local”

Ponto T. › Porquê? F.B. › Porque, no final da viagem, foi como se tivesse viajado para outro planeta porque foi diferente de tudo o que pudesse ser imaginado. Todo o cenário branco, a expedição em moto de neve, em trenós puxado por renas, ter caminhado sobre as águas geladas do Ártico, dormir num igloo, jantar num restaurante de gelo, mergulhar no mar gelado e assistir a esse espetáculo único da Mãe Natureza que é a Aurora Boreal, a expedição num quebra-gelo e de ter sido iniciado nos costumes dos “sami”.

mente possível e fui buscar um spray de inseticida e um isqueiro e estava preparado para fazer um lança-chamas! Entretanto foi-se embora..

Ponto T. › Qual é a viagem que te falta fazer? F.B. › Muitas. Algumas queria repetir. Gostava de fazer o Pantanal e a Antártida. Gostava de atravessar de jeep a África Negra, do Atlântico ao Índico, percorrendo a Namíbia, o deserto do Kalahari, Botswana, Delta do Okavango e chegar às Victória Falls, para terminar com um mergulho no Índico Em termos pessoais, o meu sonho é organizar uma expedição com meia dúzia de jeeps e uns dois camiões, ligando Lisboa à atual Huambo, onde fui criança e onde fiz parte da minha juventude, levando livros, material escolar, roupas e brinquedos para as crianças dessa terra onde fui muito feliz.

Ponto T. › Qual é o livro que tens na cabeceira? F.B. › Tenho o “Cien años de soledad” de Gabriel Garcia Marques”, pois fiz questão de comprar na língua com que foi escrito e onde foi escrito, em Cartagena de Índias. Um livro que vou relendo algumas passagens, e que está na minha mesa-de-cabeceira sempre. Mesmo que passem semanas sem pegar nele. Um livro que tem um grande significado para mim. Quando escrevo sobre uma viagem gosto de ter um ponto de partida, de tentar seguir os passos do escritor para poder fazer algo diferente. Gosto de sentir a essência ou a alma do local.

Ponto T. › O que significa para ti viajar? F.B. › No princípio era viajar… sair por aí. Depois passou a ser também “encontrar-me” porque a partir de determinado ponto, não somos nós que fazemos as viagens, são as viagens que nos fazem a nós. Quando o ritmo das viagens é muito grande, as viagens começam a desenhar-nos.

Ponto T. › Não tens paciência para quê? F.B. › Acima de tudo para a mentira de gestos e de palavras. Isto sim “come-me” completamente. Mencionaria isso, a mentira de gestos e de palavras.

Ponto T. › Recordas-te de algum episódio marcante de uma viagem? F.B. › Vários! O mais marcante foi no Serengeti, em que estava num resort de tendas e fui acordado com um leão à porta. Todos os sentidos ficaram apuradíssimos para tentar perceber onde estava o leão. Via o contorno do corpo do leão contra a lona da tenda, ouvia a sua respiração impressionante. Naquela altura perguntas-te sempre o que vais fazer caso entre. Lembras-te de todos os filmes do Tarzan e do McGyver. Levantei-me o mais silenciosa#25 JUN/JUL 2016

Ponto T. › Não queres partir deste mundo sem fazer o quê? F.B. › Sem ir em paz comigo e com os outros. Ponto T. › Se tivesses um dom ou superpoder qual seria? F.B. › Faria com que todas as crianças do mundo pudessem viver e sentir o que é “ser criança”, que a palavra fome, órfão, doença, abandono...fossem apenas palavras de dicionário. Que as únicas lágrimas fossem de alegria ou porque se magoraram ao subir a uma árvore, a jogar à bola, a saltar à corda... Coisas que me aconteceram e que quando recordo me fazem sorrir.l



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