Ponto turismo 29

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2017 €5

há mais consenso no turismo opinião

Há muitas oportunidades para os jovens na Hotelaria

análise

Nova diretiva das viagens organizada O semestre da perplexidade

10 insights A empregabilidade no turismo: vista de uma outra perspetiva

tecnologia

IoT. A revolução tecnológica que quer ligar tudo entre si

GRANDE entrevista Luís Araújo presidente do turismo de portugal



Ficha Técnica

Propriedade Amadeus Soluciones Tecnologicas, S.A. Sucursal em Portugal

Sede Avenida Duque D’Avila, n.º 46 - 3º B 1050-083 Lisboa Tel.: 21 321 30 99 - Fax: 21 322 58 75 E-mail: pontoturismo@pt.amadeus.com

Diretor Geral Miguel Ángel Puertas

Diretor da Ponto Turismo

Índice

“Há um maior consenso entre públicos e privados”

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A sustentabilidade do destino, tanto do negócio como de preservação, são preocupações patentes na Estratégia 2027 que traduzem um maior consenso entre públicos e privados para o futuro do turismo, disse Luís Araújo, Presidente do TP

Miguel Ángel Puertas Bimestral · Ano - 2017 - Edição 29

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Coordenação Editorial

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pontoturismo@pt.amadeus.com · Tel.: 21 321 30 99

Produção de Conteúdos e Edição Mediapearl - Comunicação e Serviços, Lda. Tel.: 214 037 656 · mediapearl@mediapearl.pt

Publicidade marketing@pt.amadeus.com · Tel.: 21 321 30 99

Ilustração Capa Pedro Taquelim

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Opinião

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Grande Entrevista

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Entrevista Caderno

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Soluções

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Notícias

Fotografia

Hotelaria: um mundo de oportunidades para jovens empresários

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Tecnologia

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Análise

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10 Insights

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Lifestyle

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Viagem de:

Revolução tecnológica: Internet das coisas o que é?

Mediapearl

Produção Mediapearl - Comunicação e Serviços, Lda. Rua de Xabregas, 2, Piso 2, Sala 2.06 / 2.07 1900-440 Lisboa mediapearl@mediapearl.pt

Impressão e Acabamento RBM - Artes Gráficas

Tiragem

Luís Araújo - Portugal está a ter uma visibilidade como nunca tivemos

Artur Sousa - “Um GSA terá sempre lugar no mercado”

Amadeus Selling Platform Connect

- Distribuição nas viagens: O fim do mundo tal como o conhecemos - Nova Directiva das Viagens Organizadas: o semestre das perplexidades

A empregabilidade no turismo: vista de uma outra perspetiva

1300 exemplares

Registo na ERC N.º 126281

Depósito Legal N.º 350109/12

Amadeus B2B Wallet ganha prémio de inovação Amadeus B2B Wallet ganha prémio de inovação

Esquecido em hotéis: Foi você que perdeu uma mala de dinheiro?

Margarida Pereira-Müller Viajar é sobretudo conhecer “o outro”

A revista Ponto Turismo é uma publicação da Amadeus Portugal. A empresa não se identifica necessariamene com o conteúdo dos artigos nem com as opiniões dos seus colaboradores. É proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização prévia da empresa editora.

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Editorial

O impacto da política mundial no turismo

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ivemos momentos de grande instabilidade a nível mundial. Atentados na Europa, Guerras no Médio Oriente, revoluções no norte de África, Confrontos entre os Estados Unidos da América e a Coreia do Norte, até ao mais recente ataque cibernético… e que implicações têm estas questões políticas e sociais na segurança e no turismo? Ninguém pode deixar de constatar o enorme crescimento de estrangeiros das mais diversas nacionalidades em Portugal, mesmo em locais onde tradicionalmente nenhum estrangeiro se deslocava. Mas existe um ponto fortíssimo que ainda pesa: a segurança e a tranquilidade que Portugal oferece. Esta questão é importantíssima quando se estuda uma hipótese de férias, e essencial em caso de deslocação de família. Poderemos assim pensar que a instabilidade mundial, especialmente nos países do Magrebe e as crescentes alterações políticas nos países do mediterrânio ocidental, bem como os atentados nos grandes centros urbanos e turísticos europeus e mundiais, contribuíram muito para o crescimento do turismo no país. A instabilidade política e social mundial, também tem contribuído para a alteração do comportamento das populações e do paradigma do turismo. Vivemos uma fase de vida angustiante e limitativa que desconhecemos quando e como terminará. Os regimes radicais e populistas têm vindo a crescer como resposta à instabilidade, contribuindo desta forma ainda mais para o seu aumento. Teremos que nos manter positivos e ativos, com foco no futuro para contornar os obstáculos. Também a Amadeus se preocupa com os seus clientes e contribui para minimizar os danos dos passageiros em viagem, alertando-os para os contratempos de qualquer tipo, desde o pequeno atraso, às maiores catástrofes ambientais ou humanas. Queremos que os passageiros Amadeus se sintam seguros em todas as fases

da viagem. Desde a compra da viagem ao embarque no avião. Desta forma, a Amadeus desenvolveu uma solução para os aeroportos, Auto Document Check que possibilita aos agentes das companhias aéreas verificar se os passageiros têm toda a documentação em ordem para seguir viagem, a partir do mesmo ecrã de check-in e de forma instantânea. Referente ao mais recente ataque cibernético, fico mais descansado quando dentro da empresa seguimos tais standards mundiais de segurança que protegem os nossos clientes e a nossa empresa contra fraudes. De acordo com os dados Payment Cards Industry Data Security Standards council, o cibercrime custa à empresa em média US$ 2,6 milhões. Desta forma a Amadeus é reconhecida como PCI-DSS compliance. Estamos em contínuo desenvolvimento nesta área querendo proporcionar ao viajante do futuro maior segurança e confiança em todo o ciclo da viagem, sendo este o grande contributo da Amadeus para o crescimento do Turismo. Nesta edição da Ponto Turismo tivemos à conversa com o presidente do turismo de Portugal, Luís Araújo, que abordou as iniciativas de combate à sazonalidade e o alojamento local entre outros assuntos. Carlos Torres alerta-nos sobre a nova diretiva das viagens organizadas e António Marto dá-nos 10 Insights sobre a sua perspetiva da empregabilidade no turismo. No artigo de Lifestyle comentamos e alertamos para os objetos que mais nos esquecemos no hotel. Desejos de uma boa leitura! l

Miguel Ángel Puertas Diretor Geral

Queremos que os passageiros Amadeus se sintam seguros em todas as fases da viagem.

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Opinião Hotelaria: um mundo de oportunidades para jovens empresários

Sonia Tatar

CEO da Les Roches Global Hospitality Education

Hotelaria:

um mundo de oportunidades para jovens empresários A nova realidade do setor hoteleiro está a abrir caminho para uma vaga de jovens empresários e como as instituições de ensinos os devem preparar para carreiras de sucesso.

Empreendedorismo: uma tendência entre os millennials Com idades entre os 20 e os 35 anos, cada vez mais millennials estão a tornar-se empreendedores, ao criarem novas empresas com capacidade de gerir equipas maiores e mais sagazes, com o objetivo de gerar lucros mais avultados do que a geração anterior, conforme apresenta o recente estudo da BNP Paribas. As razões para este desenvolvimento são múltiplas: o ambiente corporativo é cada vez menos apelativo e atrativo para esta geração que valoriza a liberdade e a criatividade como aspetos-chave no local de trabalho, enquanto as barreiras para o empreendedorismo estão cada vez mais simplificadas. A tecnologia e o espírito de co-propriedade da economia partilhada também contribuíram fortemente para esta mudança: os jovens empreendedores inspiram-se em empresas de sucesso como a Airbnb e a Uber, que sozinhas cresceram, em 2015, valores impressionantes de 1.5 e 2.1 bilhões de dólares, e vêem-se eles próprios a seguir estes exemplos de negócios de crescimento rápido.

Uma indústria de viagens e turismo em expansão Apesar das preocupações de segurança e incertezas internacionais, a indústria de viagens e de turismo mundial continua a crescer com taxas impressionantes: mais de um bilhão de turistas viaja todos os anos para um destino internacional, enquanto o turismo contribui com 10% para o PIB mundial, ao mesmo tempo que representa 6% do total mundial de exportações, como confirma o relatório de 2015 da Organização Mundial de Turismo (UNWTO). Por trás desta crescente demanda de viagens e sobretudo por experiências estão os millennials: cada vez mais móveis, estes viajam mais do que os seus antecessores seniores. Os millennials são mais flexíveis nos seus planos de viagens e #29 MAI/JUN 2017

confiam na tecnologia e nas novas plataformas sociais para encontrar a melhor experiência para o seu estilo de vida, necessidades e orçamento. Isto explica o aparecimento de novos conceitos e novas plataforma de economia partilhada no mercado hoteleiro.

Ensinar empreendedorismo é a chave, porquê? Estes exemplos destacam as tendências desta geração, mas também mostram a sua importância na construção do futuro da indústria hoteleira e, em último caso, da economia global. A questão central para todas as instituições de ensino deve ser quais os programas a serem lecionados a esta geração recém-formada, com o objetivo de ajudá-los a pensar e agir como empreendedores de sucesso no futuro. Existem alguns debates entre académicos sobre se o empreendedorismo deve realmente ser ensinado ou se é antes uma predisposição de espírito de cada um. Como referiu Karl Ulrich, Vice-reitor para o Empreendedorismos e Inovação da Wharton School, é importante fazer-se a distinção entre a transferência de conhecimento e a aprendizagem prática. As universidades devem fornecer aos estudantes ambientes de apoio e aprendizagem especializada que conduza ao conhecimento pela experiência. A professora de empreendedorismo Tina Seelig, da Universidade de Stanford, acredita que a habilidade criativa para resolução


Nome do Conteúdo do Capítulo Nome do Capítulo Hotelaria: um mundo de oportunidades para jovens empresários Opinião

que os incentive a lançar os seus próprios projetos e eventos, desde conversas TEDx ou congressos inovadores, até à realização de feiras de vinhos e gastronomia. Os alunos desenvolvem a sua própria abordagem e assumem a propriedade integral dos projetos, sob alçada e orientação especializada do corpo docente da escola.

Existem alguns debates entre académicos sobre se o empreendedorismo deve realmente ser ensinado ou se é antes uma predisposição de espírito

Jovens empreendedores de sucesso

de problemas, a capacidade de liderança, o trabalhar em equipa e a capacidade de adaptação a ambientes em constante mudança são os pilares da educação para o empreendedorismo. Com isto, na Les Roches vemos o empreendedorismo como um catalisador de mudança e evolução dentro da indústria hoteleira, consideramos que é muito mais do que uma onda de novas start-up’s, acreditamos que se trata de um espírito ativo que vem mudar o status quo estabelecido e romper com as formas tradicionais de fazer negócios através de soluções inovadoras. Neste sentido, nutrir um pensamento empreendedor é também essencial para as entidades empregadoras: ao acreditar no potencial criativo, capacitam os seus colaboradores para trazer mudanças inovadoras para dentro das empresas.

Preparar empresários para a hotelaria Através do nosso modelo de ensino único, que combina cursos práticos de hotelaria com estágios

e workshops de gestão, os alunos adquirem experiência prática e colocam a sua aprendizagem ao serviço das empresas. Num ambiente de aprendizagem diversificado, com estudantes de mais de 90 nacionalidades diferentes, os alunos são obrigados a desenvolver capacidades de liderança e soft skills durante os estudos. Para capacitar jovens empresários com fortes aptidões, a Les Roches oferece uma corrente empreendedora através dos programas gestão hoteleira, ensinando os seus estudantes a desenvolver um conhecimento estratégico sobre oportunidades de mercado, valores e retornos financeiros, gestão de projetos, bom como eficácia organizacional. Como parte integrada nos planos de estudo, os nossos alunos desenvolvem os seus próprios conceitos de negócios hoteleiros e entram num registo de competição internacional com estudantes de outras instituições. Como educadores, temos o compromisso de oferecer aos nossos estudantes um ambiente seguro e

No sentido de reforçar esta orientação empresarial, uma das mais recentes parcerias de sucesso da Les Roches foi com Seedstars World, uma start-up que desenvolveu uma plataforma que liga empresários a investidores em economias emergentes. Através desta parceria, os nossos jovens empresários têm acesso a workshops, eventos de lançamento de marcas, bootcamps e ainda o acesso a uma rede única de empresários que podem ajudar os nossos estudantes a alcançar o sucesso em novos negócios de valor acrescentado. Somos também orgulhosos dos nossos alumni, que em 33% dos casos conseguiram ser bem sucedidos através do seu espírito empreendedor: uma ex-aluna lançou recentemente a Social Belly, uma plataforma de encontros peer-to-peer para o mercado londrino; outro estudante recém formado pelo campus de Marbella tornou-se co-fundador da aplicação mobile Hot Hotels, que serve para fazer agendamento de hotéis e que, inclusive, recebeu um prémio como melhor star-up na Andaluzia. Em Portugal temos também o exemplo da Connective, uma start up criada por três ex-alunos da Les Roches, Gustavo Martins, João Graça e Miguel Santos, que criaram uma plataforma on-line que tem como objetivo fornecer serviços de consultoria e recrutamento a estudantes que procurem a excelência na indústria hoteleira. Os alunos têm a possibilidade de estabelecer contacto com managers de topo da indústria e receber conselhos relativamente a sua carreira. Este são apenas alguns exemplos entre muitos outros alumni com casos de sucesso de projetos empreendedores Made in Les Roches. Nos próximos anos esperamos poder acrescentar mais nomes de ex-alunos à nossa lista de projetos empreendedores de sucesso e que estes continuem a criar impacto e a transformar a indústria hoteleira do futuro. l #29 MAI/JUN 2017

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Grande Entrevista Luís Araújo

Luís Araújo Presidente do Turismo de Portugal

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Luís Araújo Grande Entrevista

Luís Araújo, Presidente TP

Portugal está a ter uma visibilidade como nunca tivemos A sustentabilidade do destino, tanto do ponto de vista do negócio como de preservação foram as duas preocupações que transmitidas ao Turismo de Portugal, tanto pelo sector privado, associativo e por agentes estrangeiros, durante o período de discussão pública da estratégia 2027 apresentada em março referiu o Presidente do Turismo de Portugal numa conversa que abordou ainda as iniciativas de combate à sazonalidade e o alojamento local. Ponto Turismo › Portugal está imparável? O que é que se passa com este jardinzinho que passava despercebido? Luís Araújo › De facto há uma visibilidade como nunca tivemos. Passam-se várias coisas do ponto de vista externo e interno. Do ponto de vista externo: o facto do mundo se estar a tornar de extremos. Sermos um país de consensos e de pontes facilita bastante e as pessoas passam a olhar-nos de maneira diferente, e digo isto não apenas do ponto de vista do turismo, já lá vamos... Do ponto vista interno, acho que estamos a ganhar uma confiança maior.

na parte turística penso que há um consenso maior sobre o que nós queremos para o país, qual é que é o caminho onde é que temos de apostar

Ponto T. › Uma maior autoestima… L.A. › Completamente, e em tudo: no idioma, na nossa produção, já temos orgulho de usar as coisas que são nossas, quando vamos a qualquer lado somos os primeiros a dizer que é bom ir a qualquer lugar de Portugal... antes eram só dois ou três lugares, agora podemos dizer que podem ir a qualquer lado e podemos recomendar e se calhar para uma pessoa que gosta de praia recomendamos a, b ou c, mas para outra pessoa que gosta de ténis, recomendamos outra coisa qualquer... isto é uma pescadinha de rabo na boca, o facto de as pessoas olharem mais para nós, alimenta a autoestima e tem a ver com estas pequenas coisas que vão somando: sermos campeões

de futebol, ganhar a Eurovisão, termos o Secretário das Nações Unidas. Obviamente na parte turística penso que há um consenso maior sobre o que nós queremos para o país, qual é que é o caminho onde é que temos de apostar, públicos e privados. Há um consenso maior entre todos, há um apostar nas mesmas coisas: sabemos quais é que são os nossos pontos fortes e como é que os promovemos, e sabemos o que é que temos de melhorar. Até nisso estamos de acordo. Temos produtos que já são conhecidos internacionalmente. Temos uma série de coisas que nos ajudam também a fazer o nosso trabalho. Só em 2016 saímos em 16 mil artigos. E ganhámos cerca de 600 prémios e recomendações: desde o melhor destino da Europa, até à melhor praia, ou melhor aeroporto… obviamente que este é um trabalho grande que se vai fazendo com as agências de promoção, nós, os próprios privados que vão apoiando, mas é muito positivo. Acho que há um alinhamento de condições que nos permitem caminhar bem e de uma maneira sustentável. #29 MAI/JUN 2017

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10 Grande Entrevista Luís Araújo

Não é só convencer os operadores, as companhias aéreas ou mesmo os turistas a nossa, ligeiramente desconfiados, mas alguém tem que dar o pontapé de saída, e temos de expevirem no inverno. É rimentar, e este experimentar, se falhar falhou, mas vamos fazer com que dê certo, é algo que temos de dar condições fazer cada vez mais e apostar cada vez mais.

Ponto T. › E isso reflete-se nos resultados… L.A. › Reflete-se nos resultados. No ano passado batemos recordes. Obviamente para nós, a grande vantagem é aumentar mais em valor e em receitas do que em número de turistas ou de dormidas. Aumentamos muito e quase 70% do crescimento foi na época baixa, o que é ótimo. O estarmos a descobrir regiões do interior, pequenas regiões e ou pequenos percursos que não são tão conhecidos, e que nos ajudam a promover produto e a estruturar produto, portanto acho que vamos bem, mas há coisas a fazer.

Ponto T. › Estamos finalmente a receber turistas que gastam mais e estamos no bom caminho para acabar com o eterno problema da sazonalidade? L.A. › A sazonalidade vai existir sempre, mas temos de a combater e eu acho que algumas iniciativas podem ajudar. Por exemplo no ano passado lançámos o 365 Algarve que tinha dois pontos: um era ser mais um chamariz durante o inverno para estrangeiros, e o outro termos animação nas regiões durante o inverno, o que era uma queixa recorrente. Fechava tudo. Fechava o restaurante na rua porque não havia gente na rua, não havia gente na rua porque não havia nada para fazer na rua...Assim pelo menos começamos a pedalar para criar uma dinâmica nova no inverno. É um programa que ainda está a decorrer com a cultura.. Mas mais importante para nós, era começar a pedalar noutro campo. Começar a dar ferramentas. Não é só convencer os operadores, as companhias aéreas ou mesmo os turistas a virem no inverno. É dar condições também para mostrar que de facto, está a acontecer qualquer coisa porque se não ninguém vem. E eu acho que foi positivo. Acho que ainda estamos, e isso sim é uma característica muito #29 MAI/JUN 2017

Ponto T. › E há mais algum programa além do 365 Algarve? L.A. › Há, esse foi um programa baseado na parte cultural, mas o próprio impulso que nós demos ao cycling e ao walking no Algarve é um projeto piloto de ligar todo o Algarve. Para nós é positivo porque cycling e walking é todo o ano. Se estiver mau tempo também se anda. A EN2, que estamos empenhados em promover, também atravessa todo o país, os caminhos de Fátima... Isto são projetos que estão a ser dinamizados. Se calhar conseguimos alargar um pouco a época alta, e já o conseguimos. Já há muitos hotéis que este ano não fecharam, ou fecharam só em janeiro para manutenção e conseguimos dar mais visibilidade, portanto as companhias têm mais segurança para vir e reforçar as rotas no inverno. Há aqui trabalho em muitas caixinhas para que o global se sinta. Ponto T. › Isso quer dizer que estamos no bom caminho para que as receitas de hotelaria aumentem. O RevPar continua a ser baixo, principalmente nas zonas do interior. L.A. › Sim. Está a subir…nos primeiros três meses deste ano temos um crescimento de 18% no RevPar, no global, mas os do interior também. Mas é verdade, ainda


Luís Araújo Grande Entrevista 11

é uma diária média baixa, mas isso faz-se construindo produto, criando condições para que as pessoas valorizem não só o serviço que é dado dentro do hotel, mas fora e é essa valorização, dentro e fora, que compõe o pacote.

e nós, este ano, além das startups que levamos às feiras e tudo o mais, criámos um programa. No ano passado fizemos um acordo com 27 incubadoras e aceleradoras de startups em todo o território incluindo ilhas, e pedimos-lhes que nos apresentassem projetos para este ano, de dinamização de startups na área do turismo. Apresentaram é nós fizemos 11 acordos, portanto estamos a desenvolver 11 projetos com estas incubadoras, do norte ao sul e Madeira. Os Açores vão apresentar agora uma proposta, mas o grande objetivo é chegar a mais através de quem sabe, as aceleradoras e incubadoras. O nosso cálculo é ter à volta de 250 startups apoiadas este ano em todo o território. Vai ser muito positivo, para já porque estamos a conseguir estruturar o que antes eram iniciativas isoladas o ano passado. Das idas às feiras e de apoio a uma startup ou outra, agora já conseguimos focalizar e dizer exatamente o que queremos e canalizar para aquilo que queremos.

O RevPar aumenta-se criando condições para que as pessoas valorizem não só Ponto T. › No final estamos a falar de preparar o destino o serviço dado dentro do para receber o turismo. L.A. › Totalmente. Conhecendo hotel, mas também aquilo que são os pontos fortes, fora onde é que devem apostar, segmentando e dirigindo a esses, seja via operador, seja via agente de viagem, seja consumidor final, há esse tipo de aproximação que eu acho que é cada vez mais importante as pessoas terem a noção. Muitas vezes é a pesca à linha que funciona para estes lugares. A especialização, o saber onde é que vai apostar. Ponto T. › E quase um trabalho de relojoaria. Saber exatamente que é aquele ponto que se quer. L.A. › Completamente, e isso vem muito de duas coisas: uma é conhecer muito bem o produto e onde se aposta, outra é quais é que são os mercados e dentro destes, quais os segmentos que queremos atingir. Ponto T. › Entretanto vai começar, o programa de aceleração de startups …que vai um pouco nessa linha, também vai ajudar. L.A. › A grande vantagem do turismo é que está tudo ligado e podemos apostar em várias coisas que quando chegamos a um resultado final, vemos que o todo é mais do que a soma das partes e isso é muito positivo, mas também um desafio grande porque não podemos descuidar nenhuma. A questão das startups tem várias razões de ser. Não é uma questão de moda, obviamente é o futuro. O facto de estarmos a apoiar, e quando estamos a falar de startups estamos a falar só da área digital, mas não nos podemos esquecer que o nosso setor, o turismo, também é muito baseado no produto e no serviço, e há muitas startups que desenvolvem muito essa parte. O que nós sentimos foi: primeiro é positivo numa perspetiva de dinamizar o empreendedorismo e dinamizar empresas novas que queiram complementar e por vezes são complementos importantes à oferta que já existe. Um exemplo bom é quando pensamos em startups da área tecnológica pensamos em starups que, ou têm um foco na experiência do turista nos destinos ou têm foco na comercialização ou na distribuição digital e isto associado às nossas empresas mais tradicionais, que têm o foco no produto e serviço puro e duro, pode ser uma mistura interessante. Nós dinamizamos e estamos a apoiar com o Turismo 4.0, as startups. A razão primária é essa: criar sinergias entre ambos e potenciar ainda mais aquilo que são as nossas empresas. Uma segunda questão tem a ver com o apoio e o desenvolvimento do empreendedorismo a nível nacional o que também reduz a sazonalidade porque passamos a ter atividade em todo o território mesmo que não seja nas zonas principais. O facto de estarmos a desenvolver isto com as várias regiões

Ponto T. › Quase que pode dizer que este boom resulta da crise que tivemos, porque se calhar acabou por despertar o engenho de muitos jovens que não arranjavam emprego. L.A. › Sim e não. Eu acho que a crise não é boa para ninguém. Eu acho que houve um despertar de consciência mas não foi só por causa da crise, eu acho que foi um despertar de consciência pelas potencialidades que sempre tivemos e que nunca quisemos ver ou que não sabíamos como alcançar e no nosso sector, se calhar quando se falava de turismo há 3 ou 4 anos, falavamos de cama e mesa, e hoje quando se fala de turismo falamos de um universo tão grande. Também porque há mais conhecimento, é mais fácil chegar às pessoas. Nós conseguimos pensar em turismo para setores e áreas e campos que antes não nos passavam pela cabeça. Ponto T. › O Centro de Inovação do Turismo também está ligado às startups. L.A. › Sim. Nós o ano passado fomos um dos 4 setores convidados para fazer parte da indústria 4.0 cujo objetivo é levar a digitalização às empresas, ou seja como se procede à digitalização da economia. Várias empresas participaram disso e há poucos dias lançamos quais é que eram os nossos principais focos de atuação dentro da indústria 4.0 que tem muito a ver com esta questão das startups. Há um foco que é como é que dinamizamos o ecossistema, onde é que atuamos e que instrumentos é que utilizamos para dinamizar esse ecossistema. Dentro das iniciativas do Turismo 4.0, digo dentro mas de certa forma vai ser o grande suporte do turismo 4.0, está o Centro de Inovação. Queremos que este seja uma associação com os privados, a ideia é que não seja público que seja uma associação com os privados dos quais os privados podem participar, supra turismo ou seja não focada especificamente nas questões do turismo, precisamente para poder aproveitar as sinergias que existem à volta. O que nós queremos é que este Centro seja o grande motor da dinamização do digital e do levar o digital às #29 MAI/JUN 2017


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empresas mas também um posicionar o nosso país, mais uma vez, aproveitando este ego que “ninguém nos para” e este facto de sermos os maiores, como o laboratório perfeito para qualquer experimentação, para qualquer teste, para qualquer desenvolvimento de plataformas, de ideias, de qualquer coisa relacionada com o turismo. Ponto T. › Vai ter um espaço físico? Onde? L.A. › Sim, mas ainda não está decidido o local. Já definimos quais são as competências, como é que vai funcionar. Estamos a contactar os parceiros fundadores que nós queremos que tenha e que não são só empresas do turismo. Há empresas variadíssimas, estamos na fase dos convites e em breve teremos notícias. Não posso avançar nomes com pena porque mostra bem a abrangência do centro e mostra aquilo que nós queremos, que não é um centro para o setor do turismo, é um centro de inovação no turismo que vai juntar várias valências e esse é o objetivo. Qualquer empresa que se sinta identificada e sinta que pode ter algum papel no desenvolvimento deste setor, o que pode beneficiar do turismo para o seu desenvolvimento também aproveite esta plataforma e esse centro para lançar ideias, para testar produto… devemos ter isto finalizado no segundo semestre de certeza absoluta. Ponto T. › Falámos há pouco do boom, do digital… não posso deixar de falar no alojamento local e sobre a possibilidade de ter de ser aprovada em assembleia de condóminos. L.A. › O que se está a falar agora é que tem de haver equilíbrio entre as coisas, tem de haver sustentabilidade das atividades, tanto do alojamento local, como dos empreendimentos turísticos. Nós lançámos a estratégia 2027 em março, e uma das metas que está consagrada na própria estratégia é, dentro do pilar social, nos grandes centros urbanos, mais de 90% das populações locais reconhecerem o turismo como uma atividade importante, uma atividade económica que de facto lhes traz coisas positivas. Isto demonstra a importância que tem o facto das pessoas se sentirem satisfeitas com os variados tipo de oferta de alojamento. A questão do alojamento local, é obviamente colocada - apesar de não serem os grandes centros urbanos que têm a maioria do alojamento local que há no país - é algo que tem que ser considerado, mas isso tem a ver com o fluxo de turistas para a cidade, não tem a ver com a cidade, nem tem a ver só com os hotéis, tem a ver com a visibilidade que as nossas cidades têm e que o nosso país está a ter e com o crescimento que nós estamos a ter em termos de turistas. O único que digo é 1º, há que ver a evolução das coisas. Lisboa e Porto têm hoje menos população, cerca de menos 30%, do que tinham há 30 anos, se nós somarmos a população que existe hoje nas cidades com o total de alojamento que existe, ainda assim ficamos ela por ela com 1980. Qual é que é a questão? As cidades mudam. Há 30 anos tínhamos 50 mil carros registados, hoje temos 250 mil. Esta é que é a questão. Nós não podemos por a mudança das cidades, ou a dinâmica de uma cidade em cima de um só fator. Temos que ver todos. É óbvio que há questões que têm de ser direcionadas e que eu acho que Lisboa e Porto estão a direcionar muito bem, em termos de recolha de lixo, de trânsito… Porquê a recolha do lixo? Nem é só o facto de haver mais… há uma série de pessoas que não conhecem a regras de recolha de lixo. Enquanto nós não lhes explicarmos como a coisa funciona ou tivermos a certeza que essas pessoas sabem como é que a cidade funciona provavelmente vão ser sempre estranhos, portanto temos também de criar as condições para que essas pessoas saibam como se integram. Isto é só um exemplo, o trânsito pode ser outro, o facto de nós olharmos para a cidade do ponto de vista de promoção e eu acho que é interessante ver isso, cada vez mais temos mais pontos que os turistas querem conhecer. Não ficam só na Baixa e Belém. Vão a todo o lado. E nós vários pontos perto, temos uma dinâmica entre Cascais, Sintra e Lisboa de muitos turistas que ficam nestes pontos e depois visitam outras cidades e isso também tira pessoas da cidade para outros locais e esse sim que é o pensamento. Não é só dizer há demasiados turistas porque o alojamento local é mau logo vamos acabar com o turismo porque o alojamento local é mau. Isto é não pensar na realidade #29 MAI/JUN 2017

das coisas. A segunda questão tem a ver com as comparações que são feitas com os outros destinos. Compara-se muito Lisboa com Barcelona. Barcelona tem a mesma área que Lisboa, tem o triplo da população residente e tem seis vezes mais turistas que Lisboa. Barcelona se calhar se nós pensarmos na dinâmica de funcionamento da cidade, é muito mais concentrado que Lisboa, portanto são estas questões que têm de ser discutidas, e acho que isto é que é importante que se pense em relação às novas propostas de alojamento.

Ponto T. › Vamos falar um bocadinho da estratégia 2027 que foi apresentada em março L.A. › A discussão da estratégia foi lançada em maio do ano passado. Qual foi a grande vantagem? Quando se decidiu pensar qual seria a estratégia para os próximos 10 anos do turismo e até tendo em conta toda esta situação do crescimento estar a ser de dois dígitos, de estarmos a ter muito mais visibilidade, de acharmos que esta é a época e altura certa para vir a Portugal e de estarmos na boca do mundo, foi pensar “calma! Temos de preparar isto e temos de planificar o que queremos fazer e estabilizar o que queremos fazer. Mais uma vez, aquilo que queremos é simples, é trazer melhores turistas, aqueles que gastam mais, diversificação de mercados, preencher o território e que o foco não seja só o litoral, preencher as épocas baixas, criar postos de trabalho e no ano passado foram criados 40 mil. Este ano, só no primeiro trimestre, já se criaram à volta de 35 mil o que é algo muito positivo. Partindo do principio e destes desafios, como é que se consegue responder aos mercados novos? Como é que se consegue reforçar a conectividade do nosso país, com o resto do mundo? De que maneira é que nos podemos promover? Como é que consegue gerir um país, numa perspetiva global? Decidiu-se avançar com a estratégia e que teve por base um documento


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que foi feito aqui no Turismo de Portugal, mas por uma opção da SET, decidiu-se avançar com uma discussão pública, intensa, sobre a estratégia. Houve um deadline, fim de 2016, e de maio até ao final de 206 o que fizemos foi ouvir. Fizemos sete laboratórios regionais, em cada uma das regiões, fizemos três laboratórios temáticos, fizemos seis focus groups internacionais, e em qualquer reunião, em qualquer evento, em reuniões de setores específicos como o golfe, com o residencial.Nós perguntávamos o que é que vocês querem para os próximos 10 anos. Que turismo é que queremos para os próximos 10 anos. Além dos contributos que recolhemos de academia, associações, privados, foi uma estratégia que foi sendo construída com naquilo que as pessoas nos diziam e queriam e curiosamente havia um grande consenso relativamente ao que toda a gente queria, o que é positivo. O que nós sentimos nesta discussão foi, por um lado havia uma estabilidade muito grande relativamente aquilo que nós temos, aquilo que são os princípios, valores, os nossos ativos principais, e havia uma grande estabilidade relativamente ao que queriam no futuro e que era nada mais, nada menos do que sustentabilidade do destino, não só na perspetiva do negócio ser bom e contribuir para a riqueza do país, mas tem que ser manter estável do ponto de vista do crescimento ao longo do tempo e em segundo lugar tem de ser sustentável na perspetiva de não podermos destruir aquilo que temos.

nós naturalmente temos umas softskills boas, mas não as treinamos

Ponto T. › Ou seja em termos de preservação de valor… L.A. › Exatamente. Que é uma preservação obviamente do território, mas também da cultura, da nossa autenticidade e essas eram as duas grandes preocupações: como é que se mantém estável sem estragar. E isso foi positivo e curiosamente também foi o contributo que recebemos do exterior que é algo interessante. O que se fez foi estabilizar quais os ativos que nos distinguem, os que melhoravam a experiência do turista, nos primeiros eram o clima, água, a luz, o mar, aqueles que nos qualificavam eram a gastronomia, os vinhos... e um terceiro grupo que tinha a ver com ativos emergentes mas que achamos que podem ser importantes para o pais e que têm a ver com o wellness e o bem-estar, e depois um décimo ativo estratégico que são as pessoas. São dez ativos, focados em cinco eixos, valorizar o território, aquilo que temos territorialmente e como é que o desenvolvemos; gerar conetividade, as ligações internas e com o mundo – online, como é que estamos lá fora. Um terceiro ponto que tem a ver com a formação e a qualificação dos recursos. Um quarto que tem a ver com a promoção do país, que imagem é que queremos passar lá para fora e como o fazemos e um quinto que tem a ver com as empresas e tem a ver com o criar valor económico ou seja como é que apoiamos as nossas empresas para que elas cresçam mais e ganhem escala. Estes são os cinco eixos estratégicos, obviamente dentro de cada eixo temos iniciativas diversas, a questão do Centro de Inovação do Turismo 4.0 é uma parte que toca a questão das empresas e toca a conetividade. O WiFi diz respeito à conectividade mas também à promoção

do país. Houve também uma grande preocupação que tudo isto se traduzisse em planos de ação, e ações concretas que fomos desenvolvendo, mas que agora calha tudo. A grande novidade foi estabelecermos metas do ponto de vista de sustentabilidade para os três pilares. Na parte económica crescer ligeiramente abaixo do dobro de dormidas e crescer mais do dobro o volume de receitas. Passar de 53 milhões de dormidas para 80 milhões em 10 anos, e passar de 12,7 mil milhões de euros de receitas turísticas, que foi o que tivemos no ano passado, para 26 mil milhões em 2027. Na parte social, há três metas, uma tem a ver com a satisfação dos residentes, outra tem a ver com a redução da sazonalidade que em 2015 estava em 37,5% e no ano passado reduzimos um ponto, para 36,5% e queremos reduzir até 33,5%, não há sazonalidade 0, nenhum país tem isso, mas reduzir claramente por uma coisa simples: nós sempre dissemos que a sazonalidade é o maior inimigo do emprego, e é o que nos provoca mais dificuldade do ponto de vista de precariedade e uma terceira questão que é fundamental também e que tem a ver com a formação. Hoje 60% dos recursos humanos que trabalham no turismo têm o ensino básico, estamos a falar de 350 mil pessoas e ainda assim temos um país que dá a melhor experiência ao turista do ponto de vista pessoal. Adoram as pessoas, adoram o contacto pessoal, portanto imagina isso com pessoas treinadas e formadas, sem perder a autenticidade, porque não vamos perder, mas com pessoas formadas, que sabem como responder. Isto é uma mistura explosiva. Ponto T. › Estamos a falar um pouco das softskills porque é algo que se aprende, mas também é inata… L.A. › Já vamos a isso…. O terceiro pilar, que é a parte ambiental e por isso é tão importante a questão da limpeza nas cidades e como é que isso se coordena com as pessoas que lá vivem. Tem a ver com nós querermos que 9 em cada 10 empresas que trabalham no sector tenham medidas de gestão eficiente de energia, água e resíduos, ou seja 90% da atividade. Isto está tudo ligado. Nós internamente o que fazemos é todo o aconselhamento empresarial, nós somos a verdadeira casa do Turismo, toda a promoção, toda a formação, têm por base estes três pilares da sustentabilidade, com o objetivo de chegar em 2027 aquelas metas. Em relação à formação, de facto a questão das softskills é importantíssima e nós temos um grande trunfo: nós naturalmente temos umas softskills boas, mas não as treinamos. Essas softskills são positivas mas têm de ser mais trabalhadas do ponto de vista de comercialização e é interessante ver, quando comparamos a nossa formação turística, e agora falo das 12 escolas do Turismo de Portugal, nós formamos à volta de 3000 alunos por ano, temos 3000 alunos nas escolas e 3800 de formação contínua, formação on-the-job, nível 4, ou seja dos 16 aos 18, isto é os três últimos anos do secundário, e 1 ano e meio de técnico-profissional; nós competimos com escolas internacionais e temos os melhores equipamentos, temos escolas topo de gama, temos formação exemplar, ganhamos prémios em todo o lado, mas curiosamente, focamo-nos no mesmo que eles se focam e que é a parte técnica. Aquilo que fizemos foi a revisão dos curricula para incluir, e a partir de setembro deste ano já começa a entrar em vigar a nova oferta formativa que promove mais os softskills sem esquecer a técnica. #29 MAI/JUN 2017


14 Grande Entrevista Luís Araújo

Ponto T. › Dentro das softskills, o que é que vai ser treinado? L.A. › Os cursos que estão previstos vão desde comunicação, interação, teatro, música... isto é para fazer com que os nossos alunos estejam muito mais preparados na dupla vertente: na vertente técnica, mas que tenham um posicionamento diferente de serviço que muitas vezes nós, nas escolas, não cuidamos tanto. Preocupamo-nos só com o técnico e se calhar não estamos preocupados para onde é que o aluno olha, se olha nos olhos, ou se trata de igual para igual. A questão da sustentabilidade, do respeito, do tratar all-for-all, os idiomas… A revisão dos curricula foi um trabalho que foi feito durante 4 meses com os privados e com as associações. Tivemos várias reuniões, grupos de trabalho, para se decidir exatamente qual era o aluno do futuro e o aluno do futuro é aquele que está a

Ponto T. › Apesar de recente, já há algum feedback da campanha de promoção que foi lançada? L.A. › Muito feedback, já temos mais de 200 mil visualizações e a campanha foi lançada há 15 dias. A campanha tem um ponto curioso. Num mundo cada vez mais dividido e cheio de questões é preciso haver valores seguros, é preciso haver estabilidade e nós começámos a pensar que nós, como país, somos um refúgio, um lugar onde as coisas se mantêm estáveis ao longo do tempo, preservamos a nossa autenticidade e gostamos de fado. Há uma série de valores que são permanentes, mas ao mesmo tempo recebemos sem julgar. Somos um país que recebe sem discriminar. Nós começámos a pensar que isso é um valor que sempre esteve dentro de nós e que é um valor cada vez mais importante. Agora, como é que isso se promove? E essa foi a questão que surgiu quando começámos a pensar na campanha que era como é que se promove o sermos um país inclusivo,, o sermos um país que não discrimina e que acolhe bem e as duas coisas que surgiram foi: primeiro, têm que ser terceiros a dizer por nós, portanto não somos nós a dizer, daí os filmes serem feitos com estrangeiros e segundo, mais vale que os filmes sejam, não uma apresentação de postais pura e dura, mas que transmitam alguma mensagem daquilo que nós achamos que é importante que é o aproveitar o momento, o não desperdiçar a vida, por a máquina fotográfica de lado e falar com alguém, ou largar o telefone… e começamos por aqui. A mensagem deixou de ser “isto é o que eu tenho” e a passou a ser “o que quer que seja que estejas a sentir ou a pensar, ou a emoção que estejas a sentir, nós temos a resposta” e foi nessa perspetiva. Não foi uma perspetiva intrusiva, foi mais uma perspetiva introspetiva de nós dizermos às pessoas que têm de pensar mais na vida e obviamente que depois o nosso papel é vender o país; dizer “meus amigos, se vocês não podem deixar passar a vida em branco, também não podem deixar passar a oportunidade de vir a Portugal. Ponto T. › O mais curioso é que a mensagem que passam é de viver a vida, mas utilizam os canais digitais para o fazer… L.A. › É verdade, mas isso é “sign of the times”. Porque é a melhor maneira de chegar ao consumidor final, é a melhor maneira de o segmentar a quem eu quero chegar, que é o mais importante e esta campanha está em 20 países e eu consigo segmentar. Aliás a campanha foi pensada para vários segmentos, por isso é que temos três personagens tão diferentes, um jovem entre os 30/40 anos, uma de 20 anos e um na terceira idade. A campanha está a ter sucesso por isso, porque as pessoas identificam-se com a mensagem, com as imagens e mais uma vez, enche-nos de orgulho, nós somos assim.

ser formado agora com esta revisão curricular. O nosso papel é também distribuir isto, não é ficar dentro das escolas do TP. Distribuímos isto a todos os politécnicos e a todas as universidades que queiram ver replicados esse trabalho. O facto de estarmos a treinar as softskills é também importante para aquele objetivo que falámos antes que é o do empreendedorismo porque estamos a treinar pessoas e dar-lhes formação que não é só focada numa determinada função ou tarefa dentro de uma empresa, é mais ampla. É o facto das pessoas verem que as Escolas de Turismo são escolas técnicas, mas que são muito mais do que isso, permitem a qualquer um trabalhar numa área de serviços, ou numa grande multinacional numa área comercial ou de marketing, ou de comunicação e esta versatilidade do serviço é o que as empresas procuram também. #29 MAI/JUN 2017

Ponto T. › Uma última questão tem a ver com o aeroporto no Montijo, mas isso tem mais a ver com o Governo… L.A. › Sim, é mais Governo… mas… nós não nos podemos dar ao luxo de criar entraves a uma atividade que tem dado tanta riqueza ao país. E não podemos continuar à espera. Ponto T. › principalmente com as novas ligações que vão começar… L.A. › Estados Unidos, a China que começa a 26 de Julho, o Japão que vamos começar com quatro charters com a Nippon Air Lines. Obviamente que temos outros aeroportos, mas é uma evolução que demora tempo e claro que estamos a trabalhar para que isso aconteça, mas na perspetiva de principal porta de entrada aeroportuária do pais, que é a capital, não nos podemos dar ao luxo de esperar. l


Artur Sousa Entrevista Caderno 15

CADERNO 16

O GSA tem sempre lugar no mercado

Artur Sousa managing director ATR

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Soluções

O Amadeus Selling Platform Connect foi criado com uma clara vocação de inovação. Reduz as tarefas administrativas e estimula a produtividade.

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Notícias

A Amadeus foi premiada com a medalha de ouro na categoria de “Best B2B innovation” pelo seu produto B2B Wallet

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Caderno Amadeus 16 Entrevista Caderno Artur Sousa

Artur Sousa managing director ATR

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Caderno Amadeus Artur Caderno 17 Nome do Conteúdo doSousa CapítuloEntrevista Nome do Capítulo

Artur Sousa:

“Um GSA terá sempre lugar no mercado” Há mais de 20 anos a operar, a ATR é hoje uma empresa consolidada com o negócio sobretudo assente nas 17 companhias aéreas que representa, o renta-car e o mais, recentemente, o serviço de vistos. Numa conversa em que se falou de futuro, o diretor executivo da empresa diz que é preciso adaptar-se às mudanças no mercado e se possível, antecipar-se a elas, no entanto mostra-se convicto na manutenção da figura do intermediário no negócio. Ponto Turismo › A ATR é uma empresa que já tem muitos anos no mercado. Artur Sousa › Mais precisamente 23 anos. Foi fundada em 1994. Ponto T. › Queres descrever um pouco o percurso até hoje? A.S. › Acima de tudo tem sido um percurso gratificante com a conquista de grandes representadas, conseguindo importantes acordos; parcerias, conseguindo em alguns casos, convencer algumas das nossas representadas a voar para Portugal e temos sido recompensados ano após ano com diversas premiações quer das nossas representadas, do trade e de vários agrupamentos de agências mas claro que a maior premiação é o que se reflete em vendas/negócio. Obviamente que também temos tido algumas adversidades, nomeadamente em alguns destinos para onde operamos, mas temos conseguido atingir os nossos objetivos, graças ao trabalho diário da nossa equipa, no que concerne à questão profissional, no entanto foi e é mais complicado superar algumas questões emocionais, como foram os casos do 11 de Setembro, uma vez que na altura representávamos a American Airlines e tivemos de gerir muito bem a situação; e do tsunami na Tailândia, enquanto representantes da Thai Airways e tínhamos bastantes portugueses no destino.

Os intermediários em muitos casos aportam serviço, knowhow e não representam necessariamente um acréscimo de preço ou uma redução de rentabilidade

Ponto T. › Nas últimas décadas houve inúmeras alterações no mercado e o transporte aéreo não ficou ao lado disso, como é que vês essas mudanças, tanto a nível de distribuição com o caso da internet e das reservas diretas…

A.S. › O que sei é que temos de nos adaptar, inovar e como cenário perfeito, conseguirmos anteciparmos a essas mudanças. Preocupa-me acima de tudo que aparentemente se queira acabar com os intermediários, que tanto é o caso dos GSA como das Agências de viagem, etc. No entanto também se apregoava que as agências de viagem tinham um fim à vista, graças à internet mas a realidade é completamente diferente. Veja-se o mercado americano em que o consumidor começa a regressar e dar preferência às agências de viagem. Os intermediários em muitos casos aportam serviço, know-how e não representam necessariamente um acréscimo de preço ou uma redução de rentabilidade. Um GSA terá sempre lugar no mercado.

Ponto T. › O modelo de negócio da ATR está muito dependente da ligação com os agentes de viagens e os operadores turísticos. Qual é a estratégia que a empresa está a fazer para manter essa ligação? A.S. › Não posso comentar, pois o segredo é a alma do negócio….estou a brincar… Não é bem somente uma questão de estratégia, mas acima de tudo, sermos nós próprios, sendo francos e leais com os nossos parceiros e tentar tudo o que seja possível para conseguirmos em conjunto obter soluções, vendas, mais-valias para as nossas representadas e para as agências de viagens, etc. Além disso, em regra geral, estamos sempre presentes nos vários eventos; formações, convenções que vão acontecendo ao longo do ano. #29 MAI/JUN 2017


Caderno Amadeus 18 Entrevista Nome do Capítulo CadernoNome Arturdo Sousa Conteúdo do Capítulo

Ponto T. › Este ano realizaram mais uma edição do roadshow Os Especialistas, este tipo de iniciativa ainda é válido, ou traz retorno nos tempos de hoje? Que balanço é que fazem destes 12 anos de roadshows? A.S. › Vem no seguimento da questão anterior. É uma excelente iniciativa que nos permite estar com muitos dos nossos parceiros, nas várias zonas do País. E traz retorno! Ponto T. › Em termos de tecnologia, como é que a ATR responde às exigências atuais – falo de ferramentas tecnológicas, redes sociais… A.S. › Estamos bem mas ainda com margem e objetivo de melhorar. A área da tecnologia está sempre a sofrer atualizações, quer a nível técnico como de redes sociais e por isso há margem para melhorar. No nosso caso, talvez devêssemos melhorar o Facebook, ao qual não nos temos dedicado muito, poderá ser uma forma de promovermos mais e melhor as nossas representadas. É um ponto que queremos atingir, mas não tem sido a nossa maior prioridade. Ponto T. › A Air Transat, uma das vossas representadas, comemora este ano 30 anos. Além do novo logótipo, que mais está pensado para celebrar a efeméride? A.S. › Estamos a realizar várias campanhas com os nossos parceiros, inclusive neste momento está a decorrer uma fam trip e também estamos com várias campanhas com a Embaixada que tem sido incansável. Ainda vamos fazer mais e que incluem uma campanha na rádio. Não é só pela comemoração dos 30 anos, mas pela pró-atividade da própria companhia. No ano passado fizemos o mesmo, a companhia é muito pró-ativa e temos de alimentar os voos o ano inteiro, com voos de Lisboa e do Porto e com aumentos de frequências. Tem tido uma procura muito boa, mas também temos mais concorrência hoje do que tínhamos no ano passado. A concorrência, desde que seja saudável é boa porque está a ajudar a promover o Canadá. Com muita pena minha e é por isso que estamos a fazer esta fam-trip, é que até agora o mercado tem sido sobretudo étnico e nós queremos promover como um destino turístico com a ajuda dos nossos parceiros, porque é de facto maravilho e aconselho toda a gente a ir. A parte positiva é que tem uma margem de progressão muito grande enquanto destino quando perceberem a sua potencialidade.

Ponto T. › Em termos de negócio, como é que está a correr o ano, e quais os principais produtos que o sustentam? A.S. › Obviamente que temos uma maior sustentabilidade nas nossas representadas que operam diretamente para Portugal, como é o caso da Aerlingus com voos diretos de Lisboa e Faro para a Irlanda e com excelentes ligações para os Estados Unidos; da Air Transat, com voos diretos durante todo o ano de Lisboa e Porto para Toronto e Montreal; da Luxair, com voos diretos de Lisboa e Porto para o Luxemburgo e a ELAL/ SUNDOR em que aumentámos para cinco frequências de Lisboa e uma do Porto, no entanto temos tido um bom incremento na Aeroméxico e na jet Airways como offline.

temos desenvolvido a área de vistos e a área de rent-a-car com a nossa Flexible Autos

Ponto T. › Tanto quanto sei a Air Transat, juntamente com a Luxair, são duas das apostas deste ano da ATR. Em que é que se traduz essa aposta e qual o objetivo? A.S. › Não temos duas apostas, pois apostamos em todas as nossas representadas com uma grande variedade de ações, eventos, etc. Seria muito injusto para as outras representadas dizer isso. Aparentemente pode dar a ideia que estamos a apostar mais nas companhias que estão a operar diretamente para Portugal, mas não posso nem quero descurar as offlines. Ponto T. › A Luxair faz parte do universo da ATR desde setembro do ano passado, como têm sido estes primeiros meses de operação? A.S. › Estamos satisfeitos mas no entanto ainda se pode e deve fazer muito mais. O Luxemburgo tem muito para oferecer e convém não esquecer que com a nossa Luxair, temos tarifas “low cost” mas com refeição e bagagem incluídas, com voos à saída de Lisboa e do Porto. #29 MAI/JUN 2017

Ponto T. › A divisão do negócio inclui além da aviação, também serviços terrestres, operador turístico. Como é que se tem desenvolvido essa parte do negócio? A.S. › Acima de tudo temos desenvolvido a área de vistos e a área de rent-a-car com a nossa Flexible Autos. Ainda a semana passada organizámos duas sessões de cinema com uma pequena apresentação, que esteve cheia, inclusive com overbooking.

Ponto T. › Que novidades é que podemos esperar da ATR para os próximos tempos? A.S. › Se divulgarmos agora deixarão de ser novidade. Terão de esperar, não vou levantar o véu até porque também depende de terceiros, mas em breve vai haver… mas novidades não significa necessariamente mais companhias, até pode haver casos que podem ser redução de companhias, mais campanhas, mais pró-atividades em mais destinos de representadas, podem ser “n” situações. Ponto T. › Como é que a ATR vê a Amadeus enquanto parceiro tecnológico? A.S. › Como GSA, temos a Amadeus como GDS de algumas das nossas representadas, aliás imagino que fomos uns dos primeiros a ter fruto de ser o sistema usado pela TG há mais de 20 anos. Tem sido um excelente parceiro. l


Caderno Amadeus Nome doAmadeus ConteúdoSelling do Capítulo PlatformNome Connect do Soluções Capítulo 19

Amadeus Selling Platform Connect

O Amadeus Selling Platform Connect foi criado com uma clara vocação de inovação. Reduz as tarefas administrativas e estimula a produtividade para que possa dedicar mais tempo a criar experiências de viagens únicas. Pode trabalhar onde e quando quiser, tudo que necessita é uma ligação de Internet.

Garanta a continuidade dos seus negócios em todos os momentos.

Numa segunda linha, dispõe das mesmas opções que tem em File (na primeira linha).

Navegar no Amadeus Selling Platform Connect – “Main Page” A “Main Page” está sempre visível e não pode ser fechada.

Numa terceira linha, pode recuperar um PNR, tem acesso ao “Cryptic Magic” e “Your Smart Flows”

Encontra ainda neste menu a opção de SIGN OUT que permite sair do sistema Amadeus .

Menu BAR Numa primeira linha encontra 4 opções iniciais que correspondem às seguintes áreas de trabalho: File

Go To

Settings

Scripts

Help

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Caderno Amadeus 20 Soluções Nome do Capítulo Amadeus Selling Nome Platform do Conteúdo Connect do Capítulo

Main BAR

Bottom BAR

A partir desta área de trabalho pode tomar uma série de ações no Amadeus Selling Platform Connect, ao nível de reservas, perfis e também recuperar um PNR.

Permite até 6 sessões independentes com diferentes reservas ou pesquisas. A Main Page é fixa e não conta como sessão. Também pode aceder aqui a outros escritórios para os quais tenha permissões.

• Your Desk Top: permite iniciar uma reserva, um perfil ou recuperar um PNR • Retrieve Booking File: permite recuperar um PNR • Retrieve Profile: permite recuperar um PNR • Retrieve E-Ticket or EMD: permite visualizar documentos • External Links: permite aceder a Links externos • Queues: gestão de queues • Tools: contém 3 módulos, Productivity Suite; Sales Report; Australian Visa • Personal Settings: permite personalizar a Command Page ao nível do utilizador

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Caderno Amadeus Amadeus Nome B2B do Wallet Conteúdo ganha do Capítulo prémio deNome inovação do Capítulo Notícias 21

Amadeus B2B Wallet

ganha prémio de inovação

A

A solução oferece às agências de viagens lho árduo e o esforço das melhores mentes uma forma simples e na indústria”. Para a responsável “O B2B está a ter uma recepção promissosegura de pagar aos seus raWallet em todo o mundo - posso dizer que os pagamentos virtuais estão para ficar na infornecedores usando dústria das viagens. Estamos ansiosos para apresentá-lo a mais e mais mercados nos prócartões virtuais ximos meses “.

Amadeus foi premiada com a medalha de ouro na categoria de “Best B2B innovation” pelo seu produto B2B Wallet na cerimónia Innovator Awards da PYMNTS.com, que se realizou em março passado. O B2B Wallet foi lançado no ano passado e entrou no mercado com dois pioneiros na inovação FinTech a Ixaris e a Mastercard. A solução oferece às agências de viagens uma forma simples e segura de pagar aos seus fornecedores usando cartões virtuais. Com este produto, as agências de viagens podem escolher o melhor método de pagamento, reduzir custos, obter receitas e tornar os pagamentos dos fornecedores mais eficientes. “Os Innovation Awards da PYMNTS celebram as empresas e os homens e as mulheres que mais contribuíram para a inovação em pagamentos e comércio no passado e os novos empresários que têm as soluções mais promissoras para impulsionar a inovação”, disse Karen Webster, CEO da PYMNTS.com que acrescentou estar “muito honrada por poder reconhecer estas contribuições no IP 2017.” Por sua vez, Chiara Quaia, Head of Business Development da Amadeus Travel Payments afirmou que o B2B travel payments “representa desafios únicos que temos sido capazes de desvendar graças ao traba-

Este não foi o primeiro prémio obtido por este produto, já que foi ganhou o ‘Best Business Card Programme’ com a Ixaris nos Cards & Payments awards. l

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Caderno Amadeus 22 Notícias Nome do Breves Capítulo Nome do Conteúdo do Capítulo

Mais oferta Branded fares da Emirates disponíveis no canal de distribuição da Amadeus As tarifas Saver, Flex e Flex Plus da Emirates para as classes Economy e Business estão agora disponíveis no canal de distribuição da Amadeus. Ao tornar disponíveis estas tarifas às agências de viagens ligadas à Amadeus, a companhia aérea aumenta as suas oportunidades de branding, diferenciação e upsell na sua oferta de viagens ao mostrar claramente o valor total de cada tarifa. Seja através das interfaces crípticas ou gráficas, os

utilizadores Amadeus podem agora servir melhor os seus clientes, propondo tarifas que melhor correspondem às necessidades do viajante. Até agora são 52 as companhias aéreas que aderiram ao Amadeus Airline Fare Families, com 36 companhias totalmente implementadas na maior e mais diversificada comunidade de viagens do mundo. Com um aumento de 70% nas reservas anuais com componente de merchandising, a tecnologia de merchandising da Amadeus, orientada para resultados e líder de mercado, continua a oferecer resultados reais para companhias aéreas, agentes de viagens e viajantes.

Processamento de pagamentos com cartão Tecnologia Amadeus impulsiona o negócio da TUI fly A TUI fly assinou uma aliança estratégica com a Amadeus para a adoção das soluções Amadeus Premium Authorisation e Amadeus Card Capture. Além disso, a TUI fly renovou o seu acordo de distribuição com a Amadeus, que oferece às agências de viagens Amadeus uma ampla gama de tarifas -incluindo taxas livres para até 20 kg de bagagem, check-in balcão ou web e catering a bordo (um lanche e uma bebida não alcoólica) - à medida que evolui o seu modelo de negócio. A solução Amadeus Premium Authorisation oferece ao banco da TUI fly

maior visibilidade dos pagamentos com cartão que estão a ser processados. Assim, a companhia aérea poderá controlar melhor a taxa de aceitação dos cartões, que por sua vez poderia aumentar as vendas e reduzir os custos de transação. Além disso, a companhia aérea irá aumentar o seu fluxo de caixa, reduzindo o tempo de processamento de pagamentos com cartão. A solução consolida as notificações procedentes de qualquer reserva GDS e permite que a companhia aérea possa economizar tempo e trabalho manual no escritório.

Advanced seat reservation Reserva de lugares da Emirates já está disponível no canal de distribuição da Amadeus A Emirates acaba de disponibilizar o serviço de advanced seat reservation através do canal de distribuição Amadeus. Este serviço permite aos viajantes escolherem o lugar no momento de realizar a sua compra. Com a implementação destes serviços auxiliares (ancillary services), a Emirates aumenta o seu portfolio de serviços o que permite às agências de viagens responder às diversas necessidades dos seus clientes e acrescentar ainda mais valor à viagem no seu conjunto. A Emirates, que também lançou recentemente as suas tarifas personalizadas através do canal de distribuição Amadeus, conta agora com as fer-

ramentas necessárias para diferenciar a sua marca, maximizar as vendas e conectar-se com os viajantes e as agências de viagens de uma forma nova e inovadora através da maior e diversificada comunidade de viagens do mundo. A Emirates é a 91ª companhia aérea a juntar-se à Amadeus Airline Ancillary Services através do canal de distribuição da Amadeus. Atualmente, um total de 128 companhias aéreas já contrataram esta solução. A solução Amadeus Airline Ancillary Services, totalmente integrada e disponível em todo o mundo – incluídos os mercados BSP da IATA – ofereceu resultados reais às companhias aéreas, agências de viagens e passageiros em 2016, ano em que as vendas de serviços auxiliares aumentaram 70%.

Tecnologia da FLYR Amadeus investe em start-up que bloqueia valor da passagem aérea O FareKeep é a solução tecnológica criada pela start-up FLYR que bloqueia o preço da viagem antes de finalizar a reserva e na qual a Amadeus Ventures está a investir. Quando os viajantes procuram tarifas por meio de agências de viagens on-line, sites de pesquisa ou de companhias aéreas, o FareKeep permite garantir a tarifa e evitar que ela suba, em troca de uma pequena comissão. Por meio de mecanismos de aprendizagem automática e algoritmos inspirados no setor financeiro, a FLYR ajuda a calcular essas comissões com base na probabilidade da variação do preço. A Logitravel foi uma das primeiras a adotar a tecnologia da FLYR e já implementou a solução FareKeep na sua plataforma de Espanha e Portugal. A FLYR comprovou que, a cada 100 tarifas encontradas, 30% acabam por ser #29 MAI/JUN 2017

reservadas, o que permite aos distribuidores de viagens e às companhias aéreas aumentarem a receita e reduzirem o custo para atrair novos clientes. Além disso, quando um viajante bloqueia o preço da passagem, a agência de viagens pode estabelecer uma relação contínua e personalizada e assim aumentar as probabilidades da reserva ser realizada. Isto, por sua vez, aumenta potencialmente as vendas dessa companhia aérea sem qualquer impacto no seu inventário. A FLYR já está a trabalhar em dois novos produtos. O primeiro é uma solução de pagamento que permitirá aos agentes ou fornecedores de viagens oferecer a opção de pagamento a prazo por uma passagem aérea ou quarto de hotel. O segundo é uma garantia de preço após a reserva, pela qual a companhia aérea se compromete a reembolsar a diferença ao viajante, se a tarifa reduzir após a realização da compra.


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24 Tecnologia Revolução tecnológica: Internet das coisas o que é?

Revolução tecnológica

Internet das coisas o que é? A Internet das Coisas, do inglês Internet of Things (IoT), é uma revolução tecnológica com o intuito de interligar, por uma comunicação digital, os equipamentos ou eletrodomésticos que utilizamos diariamente. Alguns deles poderão ser o seu smartphone, o seu computador pessoal, o seu relógio, o seu automóvel, a sua maquina de café, o seu frigorífico, o alarme de sua casa, etc. É interminável a lista de objetos eletrónicos que utilizamos dia-a-dia que pela sua utilidade que poderão comunicar com outros, enviar dados para “nuvens virtuais” (hoje conhecidas como clouds,) disponibilizar relatórios ou mapas de dados, enfim uma panóplia de novas funções e informações que até agora não existiam ou eram ignoradas. Porque a Internet das coisas é importante? A rapidez com que esta nova revolução se irá impor na nossa vida, depende em muito com o desenvolvimento de algumas tecnologias responsáveis pelo aparecimento da IoT, tais como a conexão por wireless de dispositivos, tornando-os ligados instantaneamente a “nuvens virtuais”, interligação e troca de informação via Bluetooth (Nova versão 4.0, Bluetooth Low Energy), RFID (Radio-Frequency IDentification) e NFC (Near Field Communication). Estas tecnologias são e serão as mais importantes para a implementação da Internet das Coisas, tendo em conta a rápida troca de dados sem fios e de forma ágil e segura entre objetos eletrónicos com inteligência própria, e cada uma dessas tecnologia a serem utilizadas para diferentes tipos de comunicação, desde pequeno ao muito grande alcance e até global. #29 MAI/JUN 2017

Com isto, surgirão novas ideias de negócios, criação de novos gadgets eletrónicos, desenvolvimento e diversificação de produtos digitais, entre outros. Vamos de seguida ver em concreto outras aplicações da Internet das Coisas.

Exemplos reais da aplicação IoT Quando falamos das possibilidades do IoT lembro-me sempre do exemplo do Smartphone. Na que na hora de acordar o seu dono, além do alarme so-


Revolução tecnológica: Internet das coisas o que é? Tecnologia 25

noro musical, envia informação para o ar condicionado subir a temperatura, para a caldeira começar o aquecimento da água, a televisão liga-se sozinha com indicação das noticias do dia e as previsões atmosféricas, a máquina do café já se ligou para ter o seu café pronto para o pequeno almoço. Com o seu Smartwatch, pode ver os emails mais importantes antes de sair de casa, as últimas atualizações das redes sociais, o gráfico cardíaco do seu treino do dia anterior no ginásio ou o percurso com todas as caraterísticas geográficas e mapeadas por GPS do seu passeio de bicicleta. Quando chega ao seu automóvel, começa a ouvir a sua playlist de músicas favoritas previamente selecionadas na clould de musicas. O seu Smarphone, ou até mesmo o seu automóvel, já se ligou à internet através de comunicação de dados e começa a tocar a sua música favorita para o sistema de som do seu carro. No seu emprego, no computador pessoal chega-lhe uma informação que deixou algumas luzes ligadas, já com o gráfico do consumo energético, ou uma porta destrancada. Mas nada que não se resolva com alguns clicks numa aplicação instalada no telemóvel. Parece-lhe um filme futurista? Isto é o hoje! Hoje já temos ao nosso dispor toda a tecnologia que permite aumentar a qualidade de vida, e agilizar das nossas tarefas ou rotinas diárias.

Hoje já temos ao nosso dispor toda a tecnologia que permite aumentar a qualidade de vida, e agilizar das nossas tarefas ou rotinas diárias

Outro exemplo simples, imagine-se numa loja de calçado, com o seu smartphone poder ver quais os tamanhos disponíveis na loja, quais as variações daquele modelo, ou as quantidades disponíveis daquele sapato nas várias lojas de uma cadeia de calçado? Por outro lado, se tem um negócio de espaço aberto, com um destes dispositivos “Beacon” tem possibilidade de se ligar aos telemóveis do seu visitante e mostrar as promo-

ções do dia, ou oferecer preços exclusivos a cada um desses visitantes.

Como aplicar a Internet das Coisas na sua vida? Como a Internet das Coisas pode beneficiar o seu negócio? Na industria, o impacto é estrondoso tendo em conta todo o potencial destas tecnologias, começando pela facilidade de controlo de stock, de produção, gestão e atualização em tempo real de várias informações necessárias ás suas decisões. O facilitismo que se tornará a criação de conteúdos gráficas para analise de tendências, tempos de produção e balanços. Atualmente, já é possível com um simples Smartwatch ter acesso em tempo real a estes dados. Um dos novos objetos eletrónicos criados, nestes tempos modernos, que não existia até agora, já utilizando a tecnologia de comunicação Bluetooth Low Energy (BLE), foram os “Beacons BLE” que são pequenos dispositivos que armazenam em memória uma quantidade considerável de informação sobre um produto, com um consumo inteligente e reduzido de bateria, permitindo o seu funcionamento sem o carregamento de bateria durante longos anos. Num enorme armazém que necessita de uma controlada e organizada gestão de produtos e stocks, com um simples telemóvel por perto é capaz de informar as várias caraterísticas desse produto, desde a sua constituição (química por exemplo) como a origem, o preço de venda, ou outra informação significante para o negocio que representa.

Hoje em dia a evolução passa a correr, o que ontem se estava a descobrir amanha já é ultrapassado. Por isso devemos agarrar todas as informações hoje disponibilizadas, acompanhar a tendências tecnológicas, porque o amanha é hoje. Não perca tempo, seja curioso e incuta este desejo nas pessoas que o rodeiam, sejam os filhos, amigos, funcionário, etc. Não queremos ficar para trás mas sim pertencer a um mundo inteligente, comunicativo, informado e rápido. Explore e aprenda com um kit educativo didático Arduino, ofereça um conjunto robótico ao seu filho, ao seu funcionário peça para implementar um Beacons BLE, sugira ao seu amigo a criação de um sistema multimédia desenvolvido com um Raspberru Pi 3, são algumas das Internet das Coisas disponíveis já ao nosso alcance, e nesse caso loja especializadas em IoT como www.Iotter.pt ou em eletrónica como a www.ElectroFun.pt pode-lhe dar uma boa ajuda. Faça parte deste futuro de hoje! .l Ricardo Araújo de Sousa Licenciado em Engenharia Eletrónica e Automação, Fundador da Comunidade ArduinoPortugal.pt

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26 Análise Distribuição nas viagens: O fim do mundo tal como o conhecemos

Distribuição nas viagens:

O fim do mundo tal como o conhecemos

Até há pouco tempo, os consumidores tinham expectativas limitadas sobre a compra de viagens. No entanto, com os aparelhos móveis, o big data, a inteligência artificial e a realidade virtual, as expectativas dos consumidores estão a mudar rapidamente no retalho e noutros setores, atingindo rapidamente a indústria da distribuição turística. A gestão de riscos nas viagens, incluindo as preocupações com segurança e desastres naturais, também estão a aumentar como prioridades para os consumidores.

O

objetivo do relatório “Distribuição nas viagens: o fim do mundo tal como o conhecemos”, comissionado pela Amadeus, é dar alguns insights sobre o futuro do mercado global da distribuição das viagens e estimular um debate mundial da indústria sobre os novos modelos de negócio que possam responder à revolução do consumidor. O relatório pretende dar uma visão objetiva sobre os fatores disruptivos que estão a surgir e que provavelmente irão determinar o caminho que a indústria irá tomar na próxima década. São cinco os fatores disruptivos identificados: Expectativas dos consumidores: à medida que as expectativas dos consumidores aumentam no sector do retalho mais amplo de forma a incluir mais opções, compras sem atritos, compras inspiracionais e serviços personalizados, estas irão chegar ao mercado das viagens, sendo este um dos principais disruptores na indústria da distribuição das viagens. Mobile: Os dispositivos móveis já estão a formatar o mercado de hoje e o seu papel enquanto grande disruptor na indústria irá continuar a crescer. A portabilidade está a alterar a forma como os consumidores interagem com a indústria e está a impulsionar a procura por serviços 24horas durante as viagens e nos destinos. A pesquisa e reserva “micro-momento” deverá crescer, com os consumidores a aproveitarem os curtos momentos ao longo do dia para olharem para os telemóveis. O mobile está a ter um crescimento particularmente rápido #29 MAI/JUN 2017

em mercados emergentes, tornando-se no dispositivo de eleição para reservas. Big Data e Inteligência Artificial: O poder de processamento atual permite a análise das preferências dos consumidores e as respostas aos pedidos destes em tempo real. As assistentes virtuais já estão a ser integradas nos dispositivos móveis e em aplicações de mensagens, interagindo diretamente com conversas online. A maior sofisticação de assistentes e realidade virtual vai mudar o comportamento do consumidor e dar mais poder a quem controla a tecnologia. Regulação: Os reguladores nacionais e internacionais determinam as regras que regem o nível de concorrência na indústria como por exemplo a paridade de conteúdo ou a neutralidade de display. Um fator disruptivo importante será ver até onde é que os reguladores irão intervir para limitar o poder dos grandes players, como as grandes companhias aéreas, as mega meta-OTA, as TMC. A ascensão de gatekeepers como o Google ou Facebook que prosperam com o modelo de publicidade não-neutra será determinada em grande parte, pelo nível de regulamentação de desregulamentação nas diferentes regiões. Risco em viagem: O comportamento do consumidor poderá ser afetado de forma significativa pelos riscos em viagem, tais como os ataques terroristas e de-


Distribuição nas viagens: O fim do mundo tal como o conhecemos Análise 27

sastres naturais, gerando impactos na distribuição. A procura por destinos considerados mais seguros poderá aumentar, assim como por épocas mais seguras do ano ou alojamento com classificações de segurança mais altas. Também a regulamentação para a informação avançada dos passageiros (API) poderá ser reforçada. Por outro lado, os atrasos em aeroportos poderão gerar um aumento da procura em compras, refeições ou lounges. Além destes cinco fatores disruptivos, existem motores dentro da indústria, tais como modelos de economia partilhada, modelos de publicidade, diferenciação de produto, consolidação da indústria entre outros, que terão impacto no futuro e o relatório identificou quatro áreas onde as maiores alterações poderão acontecer, nomeadamente a complexidade e inovação na distribuição de voos; a revolução dos modelos de economia partilhada nos sectores hoteleiro e de aluguer de automóveis; a inovação e hibridização das agências de viagens online; e a ascensão dos gatekeeper do Google ou Facebbok na aquisição de tráfego. Com base nos fatores disruptivos e áreas de distribuição, o relatório identificou oito caminhos que a indústria poderá seguir. Os caminhos não são mutuamente exclusivos e muitos provavelmente serão seguidos pelos diversos players em simultâneo. Num mercado dominado pelo consumidor, o sucesso na indústria de distribuição de viagens dependerá de uma compreensão mais profunda das expectativas dos consumidores e da inovação para transformar a experiência de viagem de todos os clientes. Além disso, serão necessários novos modelos de negócios baseados na colaboração, alianças e inovação partilhada para aproveitar as oportunidades em pleno. Mas será que a distribuição está preparada para a revolução do consumidor? E como é que os players irão traçar novas colaborações na inovação em resposta? O relatório conclui que a importância do consumidor e as novas tecnologias emergentes são conhecidas, no entanto a dimensão e a velocidade da revolução do consumidor e seu poder é subestimado por muitos players, pelo que o relatório recomenda que a indústria considere seis áreas-chave para se concentrar em colaboração futura, nomeadamente responder às expectativas dos consumidores, isto é os players na distribuição turística irão precisar de responder com colaborações mais amplas para agregação, processamento e aproveitamento dos

Big Data envolvidos, doutro modo, a explosão de complexidade e diferenciação de serviços a curto prazo poderia traduzir-se em potencial confusão para o consumidor. Também à medida que o poder dos gatekeeper em adquirir milhões de consumidores continua a aumentar, os players da indústria devem começar a pensar em colaborar com eles. A distribuição da indústria das viagens está a transformar-se rapidamente numa indústria tecnológica. Atualmente muitas companhias aéreas e agências de viagens discordam sobre a importância relativas das tecnologias utilizadas pelos GDS e metasearchers na formação futura da distribuição. Os modelos de negócios irão precisar de ter uma abordagem mais estratégica que reconheça a criação de valor de diferentes tecnologias em toda a indústria. Para evitar a confusão dos consumidores e as oportunidades perdidas, as colaborações na indústria terão de ir além das parcerias bilaterais e das relações contratuais. Os modelos de negócios de distribuição devem evoluir de forma a abranger uma inovação mais compartilhada, uma cultura de experimentação e alianças interindústria para aproveitar melhor as oportunidades. As plataformas de economia partilhadas vão continuar a criar novos mercados e diminuir a quota de mercado de players que intermediam para os grandes fornecedores tais como pequenos hotéis independentes. Os players da indústria terão de adaptar-se a este mercado em alteração e monitorizar atentamente o impacto das regras da concorrência nas diferentes regiões ditadas pelos reguladores. A dimensão e poder das agências de viagens online com capacidade de meta-busca e as marcas globais deverão continuar a crescer. Logo, a sua influência irá penetrar ainda mais na cadeia de distribuição, com a capacidade de negociar melhores condições e conteúdo, e continuar a receber comissões. Os outros players terão de estar preparados para este aumento de poder. Além destas seis áreas-chave o sector da distribuição nas viagens enfrenta outros desafios e oportunidades. Para alguns, a distribuição nas viagens foi lenta a acompanhar o ritmo das inovações tecnológicas das últimas décadas. Isso parece estar a mudar nos próximos 10 anos. A percepção da iminente revolução do consumidor como ameaça ou oportunidade pela indústria pode muito bem determinar os vencedores e os perdedores do futuro. l

a dimensão e a velocidade da revolução do consumidor e seu poder é subestimado por muitos players

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28 Análise Nova Directiva das Viagens Organizadas: o semestre das perplexidades

Nova Diretiva das Viagens Organizadas:

o semestre das perplexidades Nos próximos meses Portugal e os demais Estados-membros vão transpor para as legislações nacionais, a Directiva 2015/ 2302, de 25 de Novembro de 2015, relativa às viagens organizadas e à nova categoria dos serviços de viagens conexos. Terão de fazê-lo até 1 de janeiro, começando o novo quadro a ser aplicado a partir de 1 de julho de 2018 (art.º 28º).

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uns países essas normas vão figurar em instrumentos de grande dignidade legislativa como o Código Civil (Alemanha) ou o Código do Turismo (França e Itália). Em Portugal ocorrerão alterações significativas na lei das agências de viagens. O ritmo dos trabalhos difere bastante. Nuns Estados membros o trabalho de transposição está muito adiantado (Alemanha, Polónia ou Reino Unido apesar do Brexit) ou até completado (é o caso da Áustria), noutros não se conhece ainda o primeiro borrão, o denominado primeiro draft do futuro texto legislativo, como sucede em Portugal e Espanha. Comparativamente a 1990 (Directiva 90/314/CEE, constante da nossa lei das agências de viagens), o texto de 2015 comporta significativas alterações, verificando-se um considerável alargamento: 1) De quem pode organizar e vender viagens organizadas; 2) Do próprio conceito de viagem organizada; 3) Dos serviços de viagem considerados para o efeito. 1) Quem organiza? Do dueto operador-agência em 1990 ao alargado coro de pessoas singulares e colectivas em 2015 Enquanto na Directiva de 1990, que inspira grande parte a actual lei das agências de viagens, apenas se contemplava a agência organizadora e a vendedora, na Directiva de 2015 a definição de operador prevista no nº 7 do art.º 3º é muito ampla: “qualquer pessoa singular ou coletiva, pública ou privada, que, nos contratos #29 MAI/JUN 2017

abrangidos pela presente diretiva, atue, inclusive através de outra pessoa que atue em seu nome ou por sua conta, para fins relativos à sua atividade comercial, empresarial, artesanal ou profissional, quer atue como organizador, retalhista, operador que facilita serviços de viagem conexos ou como prestador de um serviço de viagem;”. Podem, assim, surgir legalmente como operadores, para além das tradicionais agências de viagens, hotéis, companhias de aviação, sites de reservas, empresas de animação, rent-a-cars, estabelecimentos de alojamento local. Qualquer pessoa singular ou coletiva, privada ou pública (por exemplo, uma câmara municipal). 2) Da tradicional brochura a diferentes formas como pre-arranged, customized ou click-through packages A tradicional brochura passa de atriz principal em 1990 a mera figurante em 2015, perdendo progressivamente importância com a afirmação da era digital. Na nova directiva assiste-se a uma grande amplitude na fixação do conceito de viagem organizada destacando o legislador europeu que os “serviços de viagem podem ser combinados de diversas formas” e que o conceito legal deve abarcar “qualquer combinação de serviços de viagem que apresente as carac-


Nova Directiva das Viagens Organizadas: o semestre das perplexidades Análise 29

terísticas que os viajantes normalmente associam a este tipo de viagens, em particular a combinação de diferentes serviços de viagem num único produto de viagem”. O traço distintivo das viagens organizadas é a assunção pelo organizador da responsabilidade pela correta execução dos diferentes de serviços de viagem, designadamente o hotel, o transporte aéreo, os espectáculos ou os restaurantes que integram a viagem ou férias (art.º 13º/1). À responsabilidade objectiva acresce a protecção contra a insolvência (art.º 17º). Ao invés, na nova categoria dos serviços de viagens conexos cada prestador é o único responsável pela correcta execução contratual dos seus serviços embora também deva prestar garantia contra a insolvência. Aplicam-se as mesmas regras à aquisição presencial (off line) ou on line de viagens organizadas, ou seja devem “ser aplicáveis os mesmos princípios, independentemente de a reserva ser feita num operador tradicional ou em linha.” (considerando 8). A definição de viagem organizada decorre do nº 2 do art.º 3º, exigindo a combinação de no mínimo dois tipos diferentes de serviços de viagem para a mesma viagem ou férias de harmonia com várias possibilidades seriadas nas alíneas e subalíneas.

3) Aos tradicionais serviços de viagem principais transporte e a alojamento acrescenta-se agora o aluguer de veículos Aos tradicionais serviços de viagem transporte e alojamento do texto de 1990 acrescenta-se agora o aluguer de carros ou de outros veículos a motor ou de motociclos que exijam uma carta de condução da categoria A. Temos, assim, três diferentes serviços de viagens principais elegíveis no domínio de uma viagem organizada relevando tão somente a ”combinação de diferentes tipos de serviços de viagem, como o alojamento, o transporte rodoviário, ferroviário, fluvial, marítimo ou aéreo de passageiros, assim como o aluguer de veículos a motor ou determinados motociclos, deverão ser tidos em conta para efeitos de identificação de uma viagem organizada ou de um serviço de viagem conexo.” (cons. 17). Para além dos três serviços de viagem principais, prevêem-se na alínea d) do art.º 3.º outros serviços turísticos que não são parte integrante do transporte de passageiros (carruagem cama), do alojamento (transfer de e para o aeroporto dos hóspedes de um hotel) ou do aluguer de veículos a motor ou de determinados motociclos, exemplificando-se com os “bilhetes para concertos, eventos desportivos, excursões ou parques de diversões, visitas guiadas, passes de esqui e aluguer de equipamento desportivo, como o equipamento de esqui, ou tratamentos termais.” (cons. 18).l

A tradicional brochura passa de atriz principal em 1990 a mera figurante em 2015

Carlos Torres Advogado, Professor da ESHTE e Católica Porto Business School #29 MAI/JUN 2017


30 10 Insights A empregabilidade no turismo: vista de uma outra perspetiva

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Insights:

A empregabilidade no turismo: vista de uma outra perspetiva

Por vezes pensamos que conquistar um emprego ou uma oportunidade de trabalho se resume a sorte ou a uma casualidade. Na verdade, não é sempre isso que acontece ou deveria acontecer. A oportunidade surge, muitas vezes, como consequência de um trabalho de preparação prévio, de quem vai trabalhando para um objetivo que nem sempre é muito óbvio. É preciso antecipar perguntas, estudar respostas e comportamentos desejáveis para alcançar melhores resultados. Algumas ideias chave para conseguir chegar a este resultado podem ser:

Trabalho voluntário também traz ganhos profissionais Quantas vezes nos pedem colaboração voluntária em projetos em que o ganho é, aparentemente, zero, mas que nos permitem conhecer novos horizontes e nos ajudam a potenciarmo-nos para o futuro? É preciso dar para depois receber.

Atitude mais que positiva

A atitude é o reflexo do quem somos e da forma como nos sentimos. Se estivermos felizes e confortáveis connosco vamos, automaticamente, transmitir essa energia para a atmosfera que nos rodeia. É o caminho para contagiarmos a nossa rede de contactos e favorecermos o ecossistema envolvente.

Contactos e lóbi pessoal Com 1 contacto podemos chegar a 100 novos contactos e estes novos contatos podem mudar a nossa vida profissional. Temos de ser estratégicos e perceber quais são os contactos certos que podem mudar a nossa vida.

Atitude comercial Procura ser comercial do pequeno almoço ao copo do final de dia. Isto é o mesmo que dizer que todos os momentos são oportunos para evidenciarmos as nossas capacidades e o nosso saber fazer. Quem contrata gosta de ver uma pessoa perspicaz e astuta do outro lado.

Deixar marca Por todo o lado que passas estás a ser observado, então aproveita todas as oportunidades para deixares uma marca pessoal positiva. Quem contrata tem por hábito procurar o histórico profissional e até pessoal e tu vais querer ter um conjunto de boas referências!

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A empregabilidade no turismo: vista de uma outra perspetiva 10 Insights 31

Fazer muito com pouco Todos nós podemos mostrar que, com poucos recursos, mas com muita criatividade e muito trabalho, podemos chegar longe. Quem contrata admira esta capacidade e considera, automaticamente, este potencial candidato como um ativo a reter.

Ser resistente não chega Portas fechadas são como degraus, servem para subir. Não devemos desistir quando ouvimos um não - um não tem experiência. Temos de ter sempre presente que nada nem ninguém nos vai impedir de colocarmos a nossa vida profissional em funcionamento - a nossa startup individual profissional!

5 segundos de boa energia 15 minutos de conversa

Os 5 segundos de contacto inicial com a pessoa com quem vamos falar são decisivos. É muito importante estarmos confortáveis, confiantes e bem-dispostos. São esses 5 segundos que nos vão dar a possibilidade de agarrarmos 15 minutos de conversa e, com atitude comercial, nos vai permitir ficar na cabeça do nosso interlocutor.

Um bom approach para não cair no ridículo É fundamental estudarmos a pessoa com quem vamos ter a entrevista de trabalho. Perceber pontos em comum é um bom ponto de partida para abrir a conversa e torná-la mais amigável. Usa e abusa da moderação

Conquistas pessoais favorecem um todo Se eu conseguir ultrapassar um desafio pessoal irei sempre levar essa vitória e essa aprendizagem para o meu local de trabalho. Isso acontece quando vestimos António Marto a camisola e existe transmissão de energia. Fórum Turismo 2.0

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32 Lifestyle Esquecido em hotéis: Foi você que perdeu uma mala de dinheiro?

Esquecido em hotéis

Foi você que perdeu uma mala de dinheiro? Dinheiro, joias, roupa interior, livros, carregadores, relógios, telemóveis, pijamas, necessaires com o respetivo conteúdo…. Estes são apenas alguns dos objetos que já foram esquecidos nos quartos dos hotéis de todo o mundo e estes nem sequer fazem parte da lista dos mais estranhos.

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a verdade quando os clientes fazem o check out do quarto do hotel, muitas vezes no stress do momento, na pressa ou simplesmente por distração total, deixam alguns objetos que em circunstâncias normais não se esqueceriam. Aliás, depois de saberem o tipo de objetos que são, muitos interrogar-se-ão como é possível que isso aconteça ou como é que alguém viaja com esse tipo de objeto. Outros ainda, tendo em conta o objeto que esquecem, fazem levantar a questão sobre o tipo de pessoa que será o cliente que acaba de deixar o hotel, esquecendo aquele “item”. Objetos pequenos como chaves, livros, carregadores ou mesmo telemóveis são “compreensivelmente” esquecidos porque é fácil ficarem escondidos e perdidos no meio de lençóis ou edredons enrodilhados. Também as tomadas escondidas que se utilizam para carregar os dispositivos eletrónicos são um local que facilmente um cliente apressado – ou não - esquece de verificar antes de partir do quarto. Os objetos que normalmente não é hábito transportarem também são passíveis de serem es-

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quecidos. A sogra de nome June que foi “esquecida” em 2015 num hotel em Oldham Chadderton, em Inglaterra, de acordo com a lista anual que a Travelodge publica, poderá ter sido um desses casos, conjeturamos… Anualmente aquela rede de hotéis torna pública tanto uma lista dos objetos mais “exóticos”, como um top dos objetos mais esquecidos. Os brinquedos sexuais também estão entre os mais esquecidos. De notar que o título “As 50 sombras de Grey” foi o livro mais esquecido nos quartos da Travelodge, no ano em que foi publicado. De acordo com a lista anual de livros esquecidos na rede, no total foram deixados para trás 7000 exemplares do primeiro livro da trilogia de E.L. James. Em Portugal, os clientes também costumam esquecer muitos objetos e por vezes há clientes que chegam a testar a honestidade da unidade hoteleira deixando para trás objetos de grande valor, voltando depois para os reclamar, como aconteceu com uma mala cheia de dinheiro que foi


Esquecido em hotéis: Foi você que perdeu uma mala de dinheiro? Lifestyle 33

“esquecida” num hotel do norte do País e que depois foi reclamada assumindo que tinha sido “um teste”. Noutro hotel, também em Portugal, e que prefere manter o anonimato disse que já foram encontrados 15 mil euros num cofre dentro de um dos quartos e um saco com vibradores. Mas se há quem faça esses “testes”, outros há que genuinamente esquecem itens que, pela excentricidade, é difícil acreditar ou mesmo imaginar. O Travelodge coloca no topo da sua lista excêntrica de objetos de 2017 – que reporta a 2016-, um capacete e escudo para cerimónia sikh, que foi encontrado num hotel em Coventry no Reino Unido. Da lista fazem ainda parte uma peruca e toga, um urso de peluche com 40 anos pertencente a um CEO, a contabilidade anual de uma empresa, as filmagens de um documentário para a televisão, próteses de pernas com sapatos das marcas Valentino, Miu Miu e Gucci, um Mercedes AMG, as chaves de uma mansão em Deli, um relógio cuco, bilhete para um cruzeiro de volta ao mundo, entre outras. Mas se se pensa que o que é deixado para trás por esquecimento são apenas objetos inanimados, não podíamos estar mais longe da realidade. O hotel Travelodge em Cardiff foi o local onde foi deixado um gato de pelo curto inglês chamado Yoda e em Harrogate foi encontrado um cão da raça Shih-Tzu, chamado Harold cujo dono só deu por falta dele 40 minutos depois de iniciar a sua viagem. Também já foi deixado para trás um pónei anão de raça Shetland. Normalmente, e para preservar a privacidade e pela sensibilidade de alguma situação, os hotéis não são proactivos na devolução do que fica para trás. Esperam que o cliente reclame sendo o tempo de consignação dos objetos variável. Há hotéis que guardam os objetos durante um mês, outros até três meses ou mesmo até um ano. O destino do que não é reclamado também pode variar. A roupa interior esquecida é normalmente descartada. As organizações de solidariedade são normalmente as beneficiárias, ou, então o que é esquecido poderá ser distribuído pelos empregados da unidade. Sobre voltar atrás para buscar o que foi esquecido, existem diversas possibilidades. Dependendo do valor do que foi esquecido pondera-se se vale a pena o regresso face à distância já percorrida. De acordo com um inquérito feito pela Kelton Global para a G6 Hospitality, cerca de 35% dos americanos inquiridos voltariam atrás para ir buscar o que esqueceram. Em média voltariam mais de 180 km para ir buscar dinheiro ou carteira, 150 km para recuperar um dispositivo electónico ou 50 km para ir buscar um carregador. Mas, nesta era da tecnologia e do software/aplicações para tudo, não podia deixar de haver uma solução para o problema de quem esquece objetos em hotéis e outros locais. Em 2013 foi lançado o chargerback, lost & found solutions, uma plataforma digital protegida por password baseada na cloud, o que evita a necessidade de fazer download de software. A plataforma funciona através do cruzamento entre os itens encontrados pelo hotel e os itens reportados pelo cliente como esquecidos. Uma vez localizado o objeto, o cliente paga um valor que inclui o porte de envio. Apesar da estatística apontar para mais de 40% das pessoas deixarem alguma coisa esquecida nos hotéis, o melhor é fazer uma lista do que se leva e antes de sair rever a lista ou então tentar manter tudo junto no quarto em vez de dispersar os diversos objectos. Assim possibilidade de esquecer alguma coisa diminui consideravelmente. Outra possibilidade é

Dependendo do valor do que foi esquecido ponderase se vale a pena o regresso face à distância já percorrida

ser o mais criterioso e meticuloso possível. Nem que seja só durante a estada no hotel. l

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34 Viagem de: Margarida Pereira-Müller

“A viagem tem sempre três componentes: começa na preparação, continua com a viagem em si em que se aprende muito e finalmente tem um epílogo”

Margarida Pereira-Müller Ponto Turismo › Qual é a viagem da tua vida? Margarida Pereira Müller › A Ilha de Páscoa era um daqueles lugares místicos da juventude onde fui e encontrei essa misticidade. A outra viagem da minha vida foi ao centro de Moçambique com o meu marido, uma amiga e um dos meus filhos, onde distribuímos 120kg de roupa numa aldeia chamada Vinho, perto da Gorongosa. Entre a Gorongosa e essa aldeia atravessámos o rio Púngue numa canoa feita dum tronco de árvore – nós e os nossos 120kg de roupa. Ponto T. › Qual é a viagem que te falta fazer? M.P-M. › Ao Nepal e ao Butão por causa do misticismo a que estão associados os dois países. Já estive no Tibete que conseguiu manter a religiosidade apesar de todos os problemas com a China. Tanto o Nepal e o Butão têm condições adversas, como a altitude e o clima, e queria conhecer como aí se vive. Ponto T. › O que é para ti viajar? M.P-M. ›É conhecer outras pessoas, conhecer outros modos de vida, outras culturas e sobretudo conhecer o outro. Ponto T. › Preferes viajar com tudo organizado ou ir à descoberta? M.P-M. › É sempre à descoberta. Sou eu que preparo as minhas viagens. Não gosto de viagens organizadas porque perco parte da aprendizagem. A viagem tem sempre três componentes: começa na preparação, continua com a viagem em si em que se aprende muito e finalmente tem um epílogo porque depois de regressar continuo a “viajar” escrevendo artigos, fazendo exposições com as fotografias, dando palestras sobre os destinos, cidades... Ponto T. › Há algum episódio que te tenha marcado em alguma viagem? M.P-M. › Um dos episódios que me marcaram foi quando distribuímos os 120kg de roupa em Moçambique. Outro momento que não me esqueço foi quando “perdi” dois filhos no comboio-bala no Japão. Íamos cinco e só descemos três na estação. Os outros dois ficaram no comboio. Foi um susto porque no Japão não falam inglês e explicar que tinha dois filhos no comboio sem dinheiro, sem passaporte, sem nada, porque eu é que tinha tudo, foi muito difícil. A única coisa que eles tinham era um telemóvel que nós alugámos lá, com que estavam a fazer uns jogos. Como não conseguimos lugares juntos, ficámos separados, e #29 MAI/JUN 2017

Viajar é sobretudo conhecer “o outro”

dois ficaram a jogar no telemóvel. O meu marido pensou que os dois estavam comigo e eu pensei que eles estavam com o meu marido e quando nos juntámos na estação e o comboio já tinha partido é que percebemos que não estávamos todos. Foram três horas de ansiedade até estarmos todos de novo juntos. Ponto T. › Como gostas de passar o tempo livre? M.P-M. › A viajar. É a melhor maneira de passar o tempo livre, não só pelo estrangeiro, mas também em Portugal! Ponto T. › Qual é o livro que tens na cabeceira? M.P-M. ›Tenho o livro “Identidade em viagem – Para uma História da Cultura Portuguesa”, de Marília dos Santos Lopes, professora na Católica. Ponto T. › E qual é o filme que vês repetidas vezes? M.P-M. › Não vejo filmes repetidas vezes, normalmente vejo uma vez, mas na minha adolescência o filme que vi repetidamente foi o Música no Coração. Ponto T. › Tendo escrito já diversos livros sobre gastronomia, qual foi aquela que te encantou mais. M.P-M. › Até agora gostei de todas as cozinha étnicas que provei. Ainda não houve uma em que dissesse “nunca mais quero voltar a comer”. Não, cozinho-as todas, provo-as todas, mas talvez as mais refinadas sejam a vietnamita e a tailandesa. A cozinha vietnamita é muito delicada, mesmo na chamada street food, pelas influências de muitos países, de muitos povos, de muitas religiões, o que faz com que a comida seja muito fina, tal como a tailandesa. Ponto T. › Qual é o teu lema de vida? M.P-M. › Keep on, keeping on! l



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