Ponto Turismo 3

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Nº 3 • fevereiro/março • 2013 • 5 €

Fast travel tecnologia e segurança nos aeroportos OPINIÃO

ENTREVISTA

ANÁLISE

Atualidade

Pedro Machado fala sobre a nova Lei das Regiões de Turismo

António Menezes, Menezes Presidente e CEO da SATA

Como é o consumo de viagens no contexto da crise

33ª FITUR, Ana Larrañaga faz balanço



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Quem quer ser Grego, hoje?

Quem quer ser meu amigo amanhã?

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polémica do acordo ortográfico está para durar, particularmente depois dos nossos amigos e irmãos brasileiros terem decidido adiar a implementação do acordo. Eu pessoalmente não vejo problema. Sinto-me parte duma ligação maior se 250 milhões de pessoas no mundo falarem o mesmo idioma que eu. Não me importo que “demanda” e “varejo” tenham o mesmo significado que procura e retalho para todos. Uma língua evolui e as pessoas e os países também. Querer cristalizar um idioma faz-me lembrar um pouco a Grécia antiga. Os Gregos, após todo o seu período esplendoroso de riqueza política e cultural, tentaram protelar o definhamento da glória, elogiando apenas os mais eruditos cidadãos do nascente império romano, aqueles que falavam o seu idioma, preferencialmente sem sotaque. Pelas mesmas razões, fico com a sensação que ao opormo-nos ao acordo ortográfico seremos mais do mesmo: não abrir mão das nossas conquistas passadas, de alguma memória do nosso povo em prol do desenvolvimento e posicionamento da nossa nação no mundo. Parece que na impossibilidade de conseguir mostrar o que temos de melhor no presente nos agarramos ao passado como se não houvesse amanhã. Acho louvável o sentido de orgulho e de pertença da nossa cultura, mas o mundo “pula e avança”, até pela mais simples das razões - “Money makes the world go round” – como alguém disse (e cantou)! Neste caso, mesmo correndo o risco de me rotularem como redutor, no campo dos negócios é assim que funciona e eu penso que no mundo atual quase tudo é um negócio. E como nos negócios, quem age como no passado, colhe os mesmos resultados no futuro. É assim também no nosso setor. Este ano 2013 entrou feroz quanto à rentabilidade das agências de viagens, particularmente no “outgoing”. Ainda não se vê luz ao fundo do túnel sobre a redução na pressão financeira

E como nos negócios, quem age como no passado, colhe os mesmos resultados no futuro dos portugueses e vislumbra-se o fecho de mais balcões e empresas. Há pouco tempo, alguém conhecido no nosso setor, dizia para quem quisesse ouvir: “Agora vão-se ver os verdadeiros amigos!”, enfatizando os seus longos períodos de relação fornecedor/cliente. Eu diria que agora não são precisos amigos, mas sim profissionais que nos ajudem a encontrar soluções, reduzir custos, criar mais-valias e acima de tudo nos ajudem a crescer. Costumo dizer que os amigos são para os “copos”. E o tempo não está para isso. Finalmente, sobre a nossa revista Ponto. No seu terceiro número pretendemos continuar a dar ao nosso leitor matéria para pensar o seu negócio. Desta vez, convidámos António Menezes, CEO da SATA, Pedro Machado, Presidente da Região de Turismo do Centro, Fátima Silva, General Manager da Carlson Wagonlit, e por fim a Profª. Cristiana Oliveira, Diretora de Turismo e Hotelaria do ISLA, para falar das suas experiências profissionais e como avaliam o mercado na sua perspetiva de negócio. Espero que gostem. Até daqui a dois meses e… boa leitura!

Miguel Quintas Diretor Geral



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Ficha Técnica

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Propriedade

Amadeus Soluciones Tecnologicas, S.A. Sucursal em Portugal

Sede Rua de São José, 35 - 4º andar 1150-321 Lisboa Portugal Tel.: 21 321 30 99 - Fax: 21 322 58 75 E-mail: pontoturismo@pt.amadeus.com

Diretor Geral Miguel Quintas

Diretora da Ponto Turismo Helena Torres

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“A SATA vai continuar a trabalhar de modo próximo com o trade no sentido de viabilizar o maior volume de tráfego possível”

Na entrevista o CEO da SATA, António Menezes, diz que o grupo vai continuar a apostar na internacionalização e na ligação aos Açores

Bimestral • Ano - 2013 - Edição 3

Coordenação Editorial

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pontoturismo@pt.amadeus.com Tel.: 21 321 30 99

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Produção de Conteúdos e Edição Mediapearl - Comunicação e Serviços, Lda. Tel.: 216 024 713 mediapearl@mediapearl.pt

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Publicidade htorres@pt.amadeus.com Tel.: 21 321 30 99

Fotografia Mediapearl

Produção Mediapearl - Comunicação e Serviços, Lda. Rua 1º Cabo José Martins Silvestre, 6 - 3º Dtº 1800-310 Lisboa Tel.: 216 024 713 mediapearl@mediapearl.pt

Impressão e Acabamento RBM- Artes Gráficas

Tiragem 1000 exemplares

Registo na ERC N.º 126281

Depósito Legal N.º 350109/12 A revista Ponto Turismo é uma publicação da Amadeus Portugal. A empresa não se identifica necessariamene com o conteúdo dos artigos nem com as opiniões dos seus colaboradores. É proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização prévia da empresa editora.

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Entrevista Carlson Wagonlit Travel A diretora geral Fátima Silva antecipa novidades da empresa para 2013 entre as quais a abertura em Moçambique

19 Soluções: “AMADEUS CP –

Comboios de Portugal permite reservas nos Alfa e Intercidades integradas no PNR Amadeus

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Notícias: “Amadeus e-Support Centre já tem nova versão que dá resposta a todas as questões do dia-a-dia

03 Editorial 06 Opinião

Reforma é para bem da coesão da marca Portugal

08 Entrevista

António Menezes, CEO SATA

14 Reportagem BTS 15 Caderno Amadeus 24 Tecnologia

Fast Travel - Simplificação no transporte aéreo

26 Análise

Para onde foi o meu cliente? É a economia, estúpido. Universidades vs. Indústria do Turismo: Os desafios do Mercado

30 L ifestyle

Acampar com elegância: chegou o Glamping!!

32 Atualidade

Balanço FITUR 2013 - Portugal é já a maior representação europeia na feira


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6 opinião Regiões de Turismo

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Pedro Machado (Presidente ER Turismo do Centro)

Proposta de Lei das Regiões de Turismo

Reforma é para bem da coesão da marca Portugal Num período em que se prepara um novo quadro de apoio comunitário para 2014/2020, e onde o Turismo deve assumir de forma clara um papel diferenciador, a revisão das Regiões de Turismo impõe-se como elemento reformador

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m pleno processo da discussão, em sede de comissão parlamentar de economia, da Proposta de Lei n. 112 / XII / 2a, que visa rever o regime jurídico das áreas regionais de Turismo de Portugal Continental, sua delimitação e características, bem como regime jurídico da organização e funcionamento importa, a nosso ver, rever algumas ideias chave que devem contribuir para uma alteração do paradigma da gestão regional do turismo em Portugal. Importa percebermos se é oportuna, a proposta, e quais as razões dessa oportunidade? Importa sabermos o “para quê” e qual a sua validade? No fundo, argumentos que justifiquem esta alteração e que correspondam ao objetivo maior de tornar mais eficientes as estruturas regionais de turismo na sua missão. Quanto à primeira questão, os factos são: antes do 25 de Abril de 1974, foram criadas as zonas de turismo que remontam ao Código Administrativo de 1936, figura dual que se desdobra em Juntas de Turismo e Comissões Municipais de Turismo, até às mais recentes, as associações de direito privado. A criação das Regiões de Turismo ocorre em 1956, através da Lei n. 2082, de 4 de Junho, conhecida por Estatuto do Turismo e cuja regulamentação ocorreu no ano seguinte através do Decreto n. 41035, de 20 de Março de 1957. Depois de 25 de Abril de 1974, através do Decreto Lei n. 327/82, de 16 de Agosto, a pedra angular encontra-se no substancial reforço do papel conferido aos municípios e na correspondente diminuição do poder central. Por esta via, até 2008, o país contava com 19 Regiões de Turismo e de 5 Agências Regionais de Promoção Externa.

Importa perceber os argumentos que justifiquem esta alteração e que correspondam ao objetivo maior de tornar mais eficientes as estruturas regionais de turismo Com o Decreto Lei n.67/2008, de 10 de Abril, nova lei para as áreas de turismo, “supostamente” alavancadas no PENT, o país passou a contar com 11 Entidades Regionais de Turismo, incluindo os 6 Pólos de Desenvolvimento Turístico e manteve as 5 Agências Regionais para a Promoção Externa. Realizaram, estamos certos, neste período, um papel fundamental na promoção interna e externa, na estruturação e planeamento do Produto, Marcas e Destinos, no apoio aos empresários, à dinamização das nossas economias locais, no combate às assimetrias regionais, entre muitas outras benfeitorias que concretizaram e ajudaram à criação de riqueza e desenvolvimento.


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Regiões de Turismo opinião 7

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Evolução das Regiões de Turismo de Portugal desde 1974 Região de Turismo - 1974 Região de Turismo do Alto Tâmega e Barroso Região de Turismo do Nordeste Transmontano Região de Turismo do Alto Minho (Costa Verde) Região de Turismo Verde Minho (Costa Verde) Região de Turismo Dão-Lafões Região de Turismo da Rota da Luz Região de Turismo do Centro

Entidades Regionais de Turismo - 2008

Proposta - 2013

ER Turismo do Porto e Norte de Portugal

Norte

ER Turismo do Centro de Portugal

centro

Região de Turismo dos Templários (Floresta Central e Albufeiras)

Região de Turismo do Ribatejo Região de Turismo de Setúbal (Costa Azul) Região de Turismo de Évora Região de Turismo da Planície Dourada Região de Turismo Serra do Marão Região de Turismo São Mamede (Alto Alentejo) Região de Turismo do Algarve

ER Turismo de Lisboa e Vale do Tejo

Lisboa e Vale do Tejo

ER Turismo do Alentejo

ER Turismo do Algarve

Pólos de desenvolvimento turístico Pólo Des. Turismo Terras do Grande Lago Alqueva Pólo Des. Turismo do Alentejo Litoral Região de Turismo Douro-Sul Região de Turismo do Oeste Região de Turismo Serra da Estrela Região de Turismo de Leiria (Rota do Sol)

Pólo Des. Turismo do Douro Pólo Des. Turismo do Oeste Pólo Des. Turismo da Serra da Estrela Pólo Des. Turismo de Leiria-Fátima

Alentejo

Algarve

A criação das Regiões de Turismo ocorre em 1956, através da Lei n. 2082, de 4 de Junho, conhecida por Estatuto do Turismo e cuja regulamentação ocorreu no ano seguinte através do Decreto n. 41035, de 20 de Março de 1957

A resposta à segunda questão, que hoje se coloca, é se estarão aptas, sem nada fazermos, a mudanças profundas do paradigma da procura e da oferta, da criação de novos fluxos nacionais e internacionais, de novos instrumentos de promoção interna e externa, dos novos canais de distribuição, de novos modelos de governação, de novos mercados emergentes, entre muitos outros itens que aqui poderíamos citar. Faz esta nova Lei a diferença com a proposta de alteração do modelo de território, ajustado à novíssima alteração do próprio modelo de organização dos municípios em novas comunidades intermunicipais e das próprias Nut III, temos em conta os indicadores para a competitividade regional, da demografia, das assimetrias, dos fluxos de dormidas e taxas de ocupação, da sazonalidade, ganhamos eficácia, aumentamos a capacidade física e financeira do investimento na ca-

pacitação institucional, criamos uma visão nacional coerente com as sub marcas regionais? Seremos capazes de nos tornarmos mais eficazes e mais “apelativos “ para os mercados externos, tradicionais, consolidados e para os emergentes, aumentaremos a nossa capacidade de nos associarmos, públicos e privados, e fortalecermos a nossa presença conjunta com outros produtos e produtores da cadeia de valor da oferta Portugal? Num período em que preparamos um novo quadro comunitário de apoio, para 2014/2020, e onde o Turismo deve assumir, claramente, um papel diferenciador da afirmação, competitividade e atratividade para Portugal, esta reforma impõe-se como elemento reformador do turismo regional, a bem da coesão com a marca Portugal. n


8 entrevista Ant贸nio Menezes

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Ant贸nio Menezes PRESIDENTE E CEO DO GRUPO SATA

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António Menezes entrevista 9

Em ano desafiante

SATA continua a reforçar as ligações entre os Açores e o Mundo Na grande entrevista deste número o Presidente e CEO do Grupo SATA considera que este ano será desafiante para a aviação no geral, mas que a estratégia será oferecer soluções económicas a nível tarifário, apostar nas ligações entre os Açores e o mundo, em especial com a América do Norte e a Europa Ponto Turismo – Como é que foi o ano de 2012 para a SATA enquanto grupo, e por companhia aérea, em termos de resultados nos diversos indicadores: receita, passageiros, custos. Factores que influenciaram. António Menezes – Este ano a SATA apresentará os seus resultados a 28 de Fevereiro, após observadas as devidas disposições legais. No entanto, posso referir que houve uma melhoria dos resultados operacionais, sendo estes marginalmente positivos em todas as empresas do Grupo SATA, o que é um feito assinalável, com o Grupo SATA a apresentar, pelo segundo ano consecutivo, a contraciclo, um resultado líquido marginalmente positivo. Esta melhoria deve-se essencialmente a um muito eficaz esforço de redução do custo unitário não-fuel (o custo do fuel em euros agravou-se em 2012). P. Turismo – Como é que perspetiva este ano para a aviação no geral e para o Grupo SATA, em particular e qual vai ser a estratégia da SATA? A.M. – Desafiante. A SATA continuará a oferecer soluções mais económicas ao nível tarifário para o mercado nacional, trabalhando de modo próximo com o trade no sentido de viabilizar o maior volume de tráfego possível. A SATA continuará a reforçar a conectividade dos Açores com o Resto do Mundo, em especial, América do Norte e Europa, com natural destaque para a Alemanha e a abertura de uma rota para França. Assim, a estratégia da SATA passará pela descida do seu custo unitário e reforço da sua internacionalização ao serviço dos Açores. P. Turismo – Quais os projetos da SATA para os próximos três anos? A.M. – Internacionalização, com reforço da conectividade entre os Açores e os seus principais mercados emissores. Este ano a SATA reforçará as ligações com os EUA e com a Alemanha e abrirá uma rota para França, bem como reforçará as ligações entre os Açores e o Porto. De igual modo, reforçamos a conectividade através do estabelecimento de parcerias comerciais com companhias aéreas de referência, que possibilitam a alimentação da rede da SATA e maior acessibilidade aos Açores (TAP, Air Europa, Binter Canarias, Aigle Azur, Air Berlin, Aeroflot, SAS, Wideroe, Blue1, US Airways, Virgin America, WestJet, Gol e teremos outras companhias aéreas nossas

parceiras na América do Norte). A SATA inovará muitíssimo nos seus serviços, em especial nos que conferem maior proximidade aos seus clientes, como os serviços que se apresentam nas plataformas ubíquas da Web e dos Smartphones. Esta sanha inovadora será bastante visível, ainda, no que respeita soluções tarifárias. P. Turismo – A SATA Internacional está a crescer no aeroporto de El Prat em Barcelona, como é que vê esse crescimento? A.M. – É um voo charter, pontual, de peak-season. P. Turismo – Creio que têm muitos code-shares com a TAP. Como tem sido essa relação e que impacto pode ter a venda da TAP nesta parceria? A.M. – É uma relação com um racional económico de ganho mútuo, que possibilita que a rede da TAP – de dimensão internacional assinalável, inserida na maior aliança do Mundo, Star Alliance – alimente a rede da SATA que serve os Açores. Assim, é uma adição de redes que beneficia a conectividade e as acessibilidades aos Açores. Dado o cariz da essência do codeshare, assente num ganho económico mútuo, por um lado, e que a TAP será sempre uma companhia alicerçada numa lógica de rede e não de ponto a ponto, por outro, cremos que será sempre do interesse económico da TAP manter e aprofundar o codeshare. P. Turismo – Uma das estratégias da SATA Internacional foi alargar a rede de destinos através da celebração de acordos comerciais (de IET – Interline Electronic Ticketing) com diversas companhias aéreas nos Estados Unidos, Canadá e Europa. Como é que tem corrido e em que situação estão as negociações que estavam a fazer no

a estratégia da SATA passará pela descida do seu custo unitário e reforço da sua internacionalização ao serviço dos Açores


10 entrevista António Menezes

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A SATA cumpre em excesso estas obrigações de serviço público e cerca de 35% dos residentes que viajaram nestas rotas em 2012 fizeram-no beneficiando de tarifas promocionais

fim do ano com outras? (sei que estavam a negociar no Brasil com a Gol, com a Monarch para o mercado britânico, entre outros) A.M. – A SATA tem alargado a rede de destinos através da celebração de acordos comerciais (IET) com muito sucesso, em ambos os lados do Atlântico. Na Europa, registamos a TAP (codeshare), Air Europa, Binter Canarias, Aigle Azur, Air Berlin, SAS, Wideroe, Blue1 e Aeroflot. Na América, registamos US Airways, WestJet, Virgin America, Porter e Gol. Teremos mais novidades em breve. Com estes acordos servimos melhor as comunidades Açorianas (exemplo: WestJet e as Províncias Canadianas, Virgin America e a Califórnia) e os mercados emissores turísticos para os Açores (ex. TAP e Air Berlin). P. Turismo – A partir de Abril a SATA Internacional vai ligar Ponta Delgada a Paris/Charles de Gaulle. Quais são as características da operação e quais as expectativas? A.M. – É uma operação regular, ao longo do verão IATA, com uma frequência semanal, operada em A320, que consubstancia uma aposta inequívoca no mercado francês. É mais um esforço da SATA, em contraciclo, em prol da diversificação dos mercados emissores turísticos

para os Açores, que consubstancia a assunção de risco, pois sendo uma operação regular, não charter, a companhia aérea tomará risco (um risco calculado, mas que existe). P. Turismo – Estão previstas mais rotas novas diretas para este ano? Se sim quais? A.M. -O ano de 2013 será um ano de conectividade máxima oferecida pela SATA entre os Açores e o Mundo, com destaque para as operações de ano inteiro de Frankfurt, Munique, a abertura de Paris, o reforço de Boston, com uma terceira rotação semanal no Inverno, bem como um forte reforço do Porto para os Açores, inclusive, para a Terceira. A SATA também oferecerá uma ligação direta entre os Açores e as Canárias. Assim, temos uma forte aposta a contraciclo que aumenta a oferta e combate a sazonalidade. P. Turismo – Quando é que perspetiva o regresso da rota da SATA que liga Lisboa ao Funchal? A.M. – Sendo uma rota fora dos Açores e não abrangida pelo nosso objeto social, a SATA rege-se estritamente por uma busca de rendibilidade económico-financeira.


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O posicionamento estratégico da SATA assenta numa proposta de valor qualidadepreço (value for money), que terá sempre que ser melhorada e alicerçada numa proximidade crescente aos nossos passageiros

De momento não é uma rota interessante, pois há um excesso de oferta perante uma procura deprimida. Após a liberalização da rota em 2008, a verdade é que o tráfego não aumentou. A SATA cobria os custos diretos com a rota e tinha um bom produto. No entanto, temos uma melhor utilização para as aeronaves A320, como o reforço das ligações entre os Açores e a Europa e o Porto. P. Turismo – Como veria a entrada de uma low-cost nos Açores, qual seria a vossa reação? A.M. – O posicionamento estratégico da SATA assenta numa proposta de valor qualidade-preço (value for money), que terá sempre que ser melhorada e alicerçada numa proximidade crescente aos nossos passageiros. Ademais, a SATA tem que se diferenciar por uma oferta de ligações Continente – Açores e Inter-Ilhas Açores – América do Norte superior. A SATA terá sempre as melhores ligações para os Açores e dentro dos Açores. Teremos ainda que estar atentos a que inovações tarifárias e no produto os consumidores exigem, em função das suas reais necessidades e disponibilidades a pagar pelos diferentes atributos dos nossos serviços. P. Turismo – Qual é a estratégia da SATA ao ter tarifas promocionais que são muito inferiores às tarifas dos residentes? A.M. – As tarifas promocionais estão disponíveis para os residentes, como se sabe. Há tarifas promocionais para residentes e para não residentes. No entanto, as próprias OSPs obrigam a SATA a oferecer pelo menos 10% dos lugares oferecidos nas rotas Continente – Açores a tarifas promocionais para residentes (e estudantes). Na prática, a SATA cumpre em excesso estas obrigações e cerca de 35% dos residentes que viajaram nestas rotas em 2012 fizeram-no beneficiando de tarifas promocionais. A SATA aplica uma política de transparência máxima nesta importante matéria – de preços para residentes – que tem uma expressão muito apreciada no modo como o nosso inventário e pricing são disponibilizados para os residentes, no sítio www.sata.pt, que contempla um inovador motor de busca de tarifas promocionais desde Maio de 2012.

“O trabalho que desenvolvo na SAta preenche-me” P. Turismo - Como é que vê o futuro do turismo em Portugal e que caminho é que os empresários do setor devem tomar? A.M. - Vejo um futuro promissor em que a oferta é cada vez mais qualificada e realça os factores de unicidade do destino Portugal. Os empresários devem seguir o caminho da qualificação e devem organizar a oferta existente em torno de produtos que potenciem experiências com emoções e empatias. P. Turismo - Penso que é formado em economia e que é ainda muito novo, mas o que é que gostaria de fazer um dia que deixe a SATA? A.M. - O trabalho que desenvolvo na SATA é muito absorvente e preenche-me ao ponto de não pensar nisso. P. Turismo - O que é que gosta mais dos Açores A.M. - De poder ver a minha mulher e os meus filhos várias vezes ao dia e do mar.

P. Turismo – Constou no mercado que a saída de Rui Quadros, vogal do Conselho de Administração e, dizem, um dos impulsionadores da rota da SATA Internacional para Salvador, teria a ver com uma reorientação das operações da SATA no objetivo de levar mais turistas para os Açores. Quer comentar? A.M. – Faz parte integrante do objeto social da SATA levar mais turistas para os Açores. A SATA tem sistematicamente e sobremaneira reforçado o número de rotas que opera para os Açores, bem como os acordos de Interline com companhias de referência que reforçam a conectividade dos Açores. Assim, é evidente que a SATA sempre esteve, está e estará completamente orientada


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“O GDS terá que permitir a venda de “ancillaries” sem entropias e de modo flexível. O EMD aumentará a eficácia da nossa distribuição e é uma realidade hoje. Temos enormes e fundadas expectativas no Amadeus Ancillary Services para 2013”

A aposta no site passou pela necessidade de termos uma plataforma intuitiva, gráfica, que comunique com transparência máxima a disponibilidade das datas com as melhores tarifas possíveis para levar mais turistas para os Açores. Por conseguinte, é descabido falar em reorientação. Em 2013 a SATA oferecerá a conectividade máxima para os Açores. P. Turismo – Já foi escolhido alguém para o substituir? A.M. – Não. P. Turismo – Que alteração é que vê no consumidor de hoje face à explosão que existe em termos de comunicação? A.M. – O consumidor exige informação em tempo real e de modo ubíquo, em todas as plataformas, desde os PCs aos smartphones. Os consumidores procuram experiências, emoções e empatias, pelo que a oferta de

produtos turísticos terá que estar devidamente organizada para os distintos segmentos. Há que organizar a oferta turística de modo a que as experiências sejam mais valorizadas. É um caminho a percorrer, inclusive, nos Açores. P. Turismo – Como é que a SATA se posiciona em termos de comunicação com o cliente? A.M. – De modo próximo, comunicando a sua raiz identitária Açoriana, como uma companhia que se distingue pelos seus valores corporativos da Fiabilidade, Simpatia e Inovação. Para tal, a SATA tem uma estratégia de comunicação proactiva que visa informar diretamente os seus clientes das constantes vantagens que a SATA cria para ele, através de distintos e complementares canais digitais (SMS, newsletter digital, redes sócias, TV Corporativa, etc.), de elevada escalabilidade e de baixa pegada ecológica, numa lógica “many-to-one” (vários canais podem comunicar em simultâneo com um dado cliente). P. Turismo – E como é que vê a evolução dos canais de distribuição? A.M. – A web e os smartphones convergirão em termos de valências disponibilizadas, a par dos tablets. Teremos mais vendas nestes canais, como presença ubíqua. O GDS terá que permitir a venda de “ancillaries” sem entropias e de modo flexível. O EMD aumentará a eficácia da nossa distribuição e é uma realidade hoje. Temos enormes e fundadas expectativas no Amadeus Ancillary Services para 2013.


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Centro de Formação Aeronáutica dos Açores, em Santa Maria, tem sido muito importante, pois confere à SATA ótimas instalações para as suas ações de formação e um ambiente propício para cultivar e reforçar a cultura da empresa

P. Turismo – Como é que tem sido a evolução no canal das reservas diretas online? A.M. – Muito positiva. A aposta no site passou pela necessidade de termos uma plataforma intuitiva, gráfica, que comunique com transparência máxima a disponibilidade das datas com as melhores tarifas possíveis. As inovações do motoro de busca de tarifas promocionais e as compras colectivas catalisaram mais fluxo para o site. Estamos cientes que o grafismo do site, no que respeita ao motor de busca das tarifas promocionais, é uma mais-valia para todos os clientes, inclusive, para os agentes de viagens. A inovação das compras colectivas foi importante para capitalizarmos o poder do marketing viral/redes sócias, bem como termos mais um canal para vendermos o nosso “distressed inventory”, e, por fim, criarmos mais uma alavanca de comunicação para determinados eventos, em torno dos quais podemos comercializar compras coletivas. P. Turismo – Em termos de serviços e produtos, qual destacaria na companhia e porquê? (seja pela aceitação em termos de clientes, seja pela novidade, originalidade) A.M. – As inovações no site e nos smartphones, que permitem uma viagem paperless, graças ao mobile check-in, web check-in e mobile boarding pass. As novas rotas e os novos IETs são mais-valias inequívocas. As inovações tarifárias muito económicas, como as tarifas promocionais, as tarifas last minute e as compras coletivas são de enorme valor para os nossos clientes, ademais, atentando a conjuntura que vivemos. P. Turismo – Como está a implementação do projeto “Quality and You”? A.M. – Está a decorrer com grande aceitação interna e estamos certos que será um projeto fundamental para termos sempre presente a necessidade de surpreendermos os nossos passageiros. De referir que a inauguração do Centro de Formação Aeronáutica dos Açores, em Santa Maria, tem sido muito importante, pois

“As inovações tarifárias muito económicas, como as tarifas promocionais, as tarifas last minute e as compras coletivas são de enorme valor para os nossos clientes”

confere à SATA ótimas instalações para as suas ações de formação e um ambiente propício para cultivar e reforçar a cultura da empresa, de forte raiz identitária açoriana e de matriz claramente comercial, centrada no passageiro. P. Turismo – Como é que gostaria de ver a imagem da SATA projetada a nível nacional e internacional A.M. – Uma imagem de forte identidade açoriana e de clara contemporaneidade, de acordo com os códigos da aviação civil do século XXI, em que a SATA é a solução natural das necessidades de mobilidade e de acessibilidade dos Açores. P. Turismo – Acha que os Açores têm potencial para terem mais cruzeiros, incluindo embarques e desembarques? Qual seria o impacto em termos de viagens de avião? A.M. – Sem dúvida. Como destino turístico e escala, somos um destino ímpar, de excelência. As infraestruturas nas ilhas principais são excelentes para as escalas de cruzeiros. A SATA deverá trabalhar de forma articulada com os restantes atores deste importante setor. n


14 reportagem Brusiness Travel Show

Amadeus foi o patrocinador principal

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Business Travel Show reúne 6 mil profissionais em Londres

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ais de 6 mil profissionais ligados ao corporate travel juntaram-se a 5 e 6 de fevereiro em Londres, durante a Business Travel Show, organizado pela Centaur Exhibitions. O evento é considerado pelo seu diretor David Chapple como “a principal exposição e conferência da Europa para os compradores de viagens corporate, diretores e bookers receberem informação, aprenderem e fazerem network”. A Amadeus foi o patrocinador principal do evento e um dos sponsers das conferências, tendo apresentado na ocasião o relatório “The 21st Century Business Traveller”. O documento analisa a forma como os gestores de viagens podem melhor ir ao encontro das crescentes necessidades tanto da empresa como dos viajantes, e apresenta argumentos para ajudar os departamentos de viagens corporativas a manterem e a aumentarem a sua importância para o negócio. Além do programa de conferências, o Business Travel Show contou ainda com eventos sociais um dos quais realizado no museu Madame Tussauds, patrocinado pela Amadeus, onde estiveram cerca de 500 profissionais. n


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Fátima Silva entrevista 15

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Caderno

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Personalizar as soluções para cada cliente é uma das forças da CWT

Fátima Silva diretora geral Carlson Wagonlit Travel

19 Soluções

AMADEUS CP – Comboios de Portugal já está integrada com o Amadeus Selling Platfom permitido que as reservas sejam integradas no PNR Amadeus

21 Notícias

Chegou a nova versão do Amadeus e-Support Centre para que encontre respostas a todas as questões que surjam no seu dia-a-dia


16 entrevista Fรกtima Silva

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Fรกtima Silva diretora geral Carlson Wagonlit Travel

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Fátima Silva entrevista 17

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Política de Diminuição do Stress

Foco da CWT passa pela assistência e pela segurança do Viajante Em 2013 uma das novidades será a abertura da CWT Moçambique, em parceria com a ES Viagens Ponto Turismo – Em Portugal a Carlson Wagonlit Travel opera em joint-venture com a Espírito Santo Viagens. Como é que tem sido a relação? Fátima Silva – A relação tem sido excelente desde o primeiro momento. A ES Viagens é acionista da CWT em Portugal. A CWT beneficia de todas as sinergias da ES Viagens ao nível de contratação e outros serviços centrais, e beneficia, por outro lado, dos acordos do Grupo. O seu funcionamento comercial é completamente autónomo, beneficiando da rede mundial da CWT.É, portanto, um claro exemplo de uma relação “win / win”. P. Turismo - Como é que correu o ano passado para a CWT face à atual conjuntura? Como foram as vendas a nível mundial e em Portugal em particular? F.S. – Os resultados são por norma, melhores ou piores, dependendo se os objetivos e a estratégia para os atingir é mais ou menos realista e ajustada à conjuntura e mercados. Em Portugal, os objetivos foram atingidos e, podemos mesmo dizer, ultrapassados, tendo a CWT reforçado ainda mais os laços com os seus clientes e conquistado novos negócios, aumentando quota e faturação. A nível mundial os resultados estão igualmente dentro das previsões, confirmando alguma estabilidade ao nível do volume, já que a descida em algumas áreas da Europa e AsiaPacífico foram compensadas pela subida dos mercados da América Latina e América do Norte, para além do crescimento da área de Meetings & Incentives – CWT Solutions – a nível mundial. P. Turismo - Sendo a CWT uma das maiores TMCS do mundo, quais são as estratégias que serão adotadas para fazer frente a um panorama que não se adivinha risonho para o setor turístico em Portugal? F.S. – Ao falar de setor turístico é, em nossa opinião, importante que seja feita uma clara separação entre o que é a gestão e prestação de serviços na área de viagens de lazer e a gestão e prestação de serviços na área de viagens de negócio e MI, area cuore da atividade da CWT. Essa clarificação é fundamental já que, muitas vezes, as duas grandes áreas não funcionam em consonância ou têm comportamentos iguais. As crises são, por norma, momentos de transição e momentos de mudança. Algumas mais positivas que outras, certamente. Mas se encarados de forma positiva são momentos em que a Importância de uma relação proativa e próxima com os Clientes, uma contratação coerente, agressiva mas sustentável para todos os seus intervenientes, uma busca constante pela qualidade e acessibilidade de serviço e um

investimento correto e assertivo nas novas tecnologias, vêm claramente mais ainda ao cimo. São, fundamentalmente, as áreas onde a forma de atuar da CWT no mercado vai continuar a reforçar-se com um grande objetivo: servir melhor o cliente empresarial. P. Turismo - No contexto difícil em que vivemos, que impacto prevêm das alterações no prazo de pagamento ao BSP? F.S. – Julgamos ser ainda cedo para qualquer conclusão mais definitiva. A CWT está naturalmente atenta ao que se está a passar no setor e tem preparadas para implementação várias medidas de antecipação ou adaptação a reações do mercado. P. Turismo - É espectável que as empresas optem por outras soluções alternativas às viagens de negócios, como as videoconferências? F.S. – Sendo as novas tecnologias uma vertente importante e de forte investimento por parte das grandes empresas, na maioria dos setores, a atual conjuntura de mercado leva a que uma das primeiras apostas seja a conquista de novos mercados. E, nesse sentido, a presença “in Loco” e o contato presencial é fundamental para iniciar estabelecer fortes relações de confiança. P. Turismo - Que novidades é que a CWT vai ter para este ano? F.S. – Para 2013, o grande foco da CWT passa cada vez mais pela assistência e pela segurança do viajante. É uma Política de DIMINUIÇÃO DO STRESS, implementada através da adoção de políticas de viagem ajustadas e adaptadas, e, igualmente, através do desenvolvimento de tecnologia de apoio ao consumidor (móvel – social – local), que disponibilizem informação relevante e facilidade de reserva no momento.

Para 2013, o grande foco da CWT passa cada vez mais pela assistência e pela segurança do viajante numa política de “diminuição do stress”


18 entrevista Fátima Silva

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Para além disso, e ainda desenvolvido em 2012, veremos os resultados de: - Aquisição do World Mate (aplicações móveis) - Desenvolvimento da CWT to Go - Desenvolvimento da CWT Hotel Intel - Desenvolvimento do CWT Meeting Optimizer - Lançamento do CWT online OBT na China

menor peso consoante os casos como: - Presença Mundial – Atuação Local adaptada a cada mercado - Poder Contratual - Inovação e Tecnologia - Segurança e Assistência - Proatividade na gestão do programa de viagem dos seus Clientes

E, naturalmente, a abertura da CWT Moçambique, em parceria com a ES Viagens, replicando o modelo de sucesso já implementado em Angola.

P. Turismo - Outro estudo da CWT aponta para o nível crescente de tecnologia para os consumidores que está a ser adaptada ao serviço dos viajantes de negócios como a grande tendência para este ano. Em Portugal isso também acontece? F.S. – Sendo, pela sua dimensão, um mercado que, em algumas ocasiões, reage mais tarde que os grandes mercados, o tecido de clientes empresariais da CWT Portugal, constituído na sua maioria por grandes multinacionais, faz com que, neste campo, o Mercado Português já exija soluções tecnológicas de última geração. A CWT é claramente um dos líderes mundiais do setor, também nessa área, pelo que já disponibiliza e opera ferramentas tais como: - Gestão de Perfis de Passageiro - Portrait - OBT - MyBooking, KDS, A&TM, GetThere, Concur, Traveldoo - MSC – Centros de atendimento globais - CWT To Go – Com um enorme foco na Mobilidade e Portabilidade

P. Turismo - Em julho a CWT divulgou as previsões para este ano dos preços nas viagens, estimando um aumento moderado em todo o mundo, embora maior nas regiões Ásia/ Pacífico e da América Latina e menor na Europa devido aos constrangimentos económicos. Estas previsões mantêm-se ou houve alguma “correção”? F.S. – As previsões foram, no cômputo geral, certas, e demonstraram uma tendência do sector e o comportamento global do mercado expectável segundo os dados e a experiência que a CWT coloca ao serviço dos seus clientes mas, igualmente, disponibilizando dados para uma correta interpretação estratégica do setor. P. Turismo - Qual é o cliente tipo da Carlson Wagonlit Travel e quais os seus argumentos de venda? F.S. – Uma das alterações significativas nos mercados e nos modelos de negócio, na área da gestão de viagens empresariais, é justamente o fim da tipificação formal do cliente, como era o caso há alguns anos. Por oposição, hoje em dia assiste-se à personalização cada vez mais completa, das necessidades e consequentemente das soluções globais apresentadas para cada cliente Essa é claramente uma das forças da CWT a nível Mundial, a para, naturalmente, de outros argumentos com maior ou

P. Turismo - Como é que vê a Amadeus enquanto parceiro tecnológico? F.S. – A nível mundial, a Amadeus é um dos importantes parceiros tecnológicos da CWT e que, naturalmente, contribui para a manutenção e reforço da aposta que fazemos na tecnologia de proximidade com o cliente: Portabilidade – Mobilidade. Essa aposta na tecnologia faz parte do desenvolvimento da CWT Internacional e, naturalmente, da CWT Portugal. n


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Integrada com o Amadeus Selling Platform

“AMADEUS CP – Comboios de Portugal” Em 2008, a Amadeus Portugal em parceria com os Comboios de Portugal, desenvolveu uma plataforma que permite a reserva nos comboios Alfa Pendular e Intercidades. Hoje esta plataforma já está disponível no Amadeus Selling Platfom, permitido que estas reservas sejam integradas no PNR Amadeus. Processo de reserva Amadeus/CP A solução Amadeus CP poderá ser identificada pelo seguinte ícone no Amadeus Selling Platform: CP Aceder à Smart Tab CP para criar uma reserva

Criação do PNR em Amadeus

2 Idiomas à escolha: - Português - Espanhol Consulta de disponibilidade

Seleção dos comboios para ida e volta e tipo de assento

Dados do Passageiro

Possibilidade de alterar assento:

Dados da reserva

Tipo de reserva

Tipo de pagamento

Possibilidade de cancelar reserva ou emitir bilhetes


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Após a ordem de emissão o Sistema informa que reserva criada com sucesso

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Por trás o Sistema atua da seguinte maneira:

No rodapé do ecrã é possível selecionar informação sobre relatórios de venda, possibilidade de anulação de bilhete e nova impressão de bilhete

Relatório de venda

Cancelamento de bilhete (somente até 10 minutos após a emissão)

Nova impressão de bilhete (somente possível até 7 dias após a data de emissão)

No PNR Amadeus toda a informação de reserva passará para o back office da agência:

Amadeus CP comboios de portugal > A CP é responsável pelo apoio funcional e comercial do produto. > A Amadeus oferece apoio relacionado com a integração em Amadeus: O acesso através do Amadeus Selling Platform, a criação do segmento no PNR Amadeus e o envio para o Back Office.


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Chegou a nova versão do Amadeus e-Support Centre

… para que encontre respostas para todas as questões que surjam no seu dia-a-dia. O Amadeus e-Support Centre é o seu principal recurso para autoaprendizagem e suporte. Ao oferecer acesso 24 horas por dia a uma vasta gama de informação e ferramentas de formação e suporte, o e-Support Centre ajuda-o a ser mais produtivo e permite que sua agência de viagens tire o máximo proveito do Amadeus, sistema de reservas líder da Indústria.

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á deve ter reparado que o Amadeus e-Support Centre está com um novo interface de navegação, mais aprimorado para uma melhor experiência na resolução das suas questões.

Página principal do Amadeus E-Support

Após alguns meses de preparação, a Amadeus lançou a nova versão da sua plataforma de ajuda online. Esta versão permite uma navegação mais simples e intuitiva, com uma pesquisa mais clara e organizada, com o objetivo de resolver todas as suas dúvidas em menos tempo possível. Para que a sua navegação seja mais simples, esta versão contém uma barra de menu, sempre disponível para que possa aceder, à distância de um clique, a todas as áreas: Página Inicial, Suporte, Formação, Novidades e Minha Conta. A forma de procura também foi alterada, mostrando os resultados, de modo mais simples e organizado. Ao realizar uma busca, encontrará os resultados disponíveis em português de Portugal, separados em três secções: Soluções (resultado de busca por termo/palavra), Manuais (acesso a manuais e guias práticos relacionados com o assunto) e Comandos (lista de transações relacionadas com o assunto procurado). Futuramente será associada à barra de procura, uma secção de vídeos e demos, que complementam toda a informação de ajuda e que estarão também disponíveis no canal de e-Support Centre do Youtube. Tal como na versão anterior o utilizador tem acesso a um separador pessoal, Minha Conta, onde poderá alterar/atualizar os seus dados.

Ainda não conhece e-Support? Se ainda não utiliza o e-Support, saiba que é uma plataforma gratuita de ajuda online, que tem uma imagem atrativa e de fácil navegação. Integrada no Amadeus Selling Platform, esta ferramenta está disponível 24h, 7 dias por semana, permitindo que encontre as respostas para toda a sua aprendizagem, truques e dicas úteis, consultas de apoio com maior rapidez e facilidade. Sem interrupção do seu fluxo de trabalho e sem a necessidade de ligar para o Helpdesk Amadeus. Se pretende aceder à ferramenta pela primeira vez, apenas deverá clicar no separador presente no Amadeus Selling Platform e preencher os seus dados. Se já é utilizador, poderá aceder a plataforma através da página: https://mye-supportcentre.amadeus.com. Comece já hoje a descobrir todos os benefícios de que poderá usufruir com o Amadeus e-support Centre! e-Support em Números: • Estão carregadas mais de 1750 soluções e documentos em Português (PT);


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Resultados de uma pesquisa no Amadeus e-support Center

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Principais Funcionalidades > Acesso simples a partir do Amadeus Selling Platform. > Acesso a conteúdos exclusivos. > Consulte a vasta gama de conteúdos de formação e suporte com a função de pesquisa rápida. > Crie um caso para investigação. > Notícias atualizadas na página inicial. > Marque soluções e material de formação como favoritos.

Uma vasta gama de conteúdo de formação ao seu alcance Diferentes tipos de soluções:

Procura material de formação? Para melhorar o seu conhecimento do sistema, pesquise os tópicos ou material de formação sobre os produtos Amadeus, tais como Manuais de Utilizador, Quick Cards, Manuais de Formação ou tutorais e Manuais Técnicos.

Melhore o seu tempo de resposta ao cliente com o acesso imediato a informação de suporte Precisa de suporte? Pesquise tópicos de suporte e procure soluções para mensagens de erro, consulte a rúbrica “Como” e soluções de resolução de problemas; crie um caso para investigação online ou contate a Amadeus diretamente. Procura um comando críptico específico? Consulte a lista completa de comandos por código ou palavra-chave. Com o Amadeus e-Support Centre pode poupar tempo ao usar as ferramentas de suporte e automatização.

Pesquise e adicione aos favoritos o conteúdo do site de forma fácil e rápida

Benefícios para o seu negócio > Aumento da produtividade, com acesso 24 horas aos serviços de formação e suporte. > Fomento de conhecimentos e melhoria da retenção desses mesmos conhecimentos através de uma vasta gama de materiais de formação. > Melhoria do tempo de resposta ao cliente pelo acesso imediato a uma vasta gama de informação de suporte. > Poupança de tempo e dinheiro em chamadas para o Help Desk da Amadeus.

Aumento de produtividade com acesso 24 horas aos serviços de formação e suporte da Amadeus O Amadeus e-Support Centre foi desenvolvido para dar resposta às suas necessidades de autoformação e suporte num website intuitivo e de fácil pesquisa, quer procure aprender mais sobre um tópico específico quer precise de suporte imediato. Com o Amadeus e-Support Centre poderá encontrar a resposta a todas as suas questões de forma rápida e fácil sem que haja necessidade de interromper o seu fluxo de trabalho.

Indeciso sobre que tipo de informação precisa? Digite uma palavra-chave na barra de pesquisa para encontrar todo o conteúdo de formação e suporte relevante, e use a pesquisa avançada para o ajudar a refinar resultados. Procura uma solução para uma mensagem de erro? Copie e cole a mensagem de erro na sua totalidade no campo de pesquisa avançada “Frase Exata” para encontrar a solução. Todos os documentos são apresentados para que possa facilmente marcar materiais úteis como favoritos para referência futura.

Uma área pessoal personalizável A seção “Minha Conta” permite-lhe gerir toda a sua informação pessoal de forma fácil e rápida num único espaço. Consulte e atualize os seus dados pessoais e preferências e aceda a todas as páginas e conteúdos previamente marcados como favoritos. Esta seção também lhe permite fazer o seguimento dos casos abertos e reclamações; consultar detalhes, adicionar comentários e capturas de ecrã ou consultar o histórico de casos fechados e reclamações.

Registo rápido e fácil acesso Se ainda não se registou no Amadeus e-Support Centre, tem apenas de preencher o simples formulário online para um registo imediato. O acesso ao e-Support Centre é fácil: clique na respetiva Smart Tab do Amadeus Selling Platform e será imediatamente direcionado para a página principal do e-Support Centre sem que haja necessidade de um início de sessão adicional. n



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Simplificação no transporte aéreo A utilização pela ANA Aeroportos de Portugal das novas tecnologias, no âmbito do Programa Fast Travel da IATA , suportado também pela ACI . 1

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m Dezembro de 2004, a IATA lançou o Programa StB – Simplifying the Business, que visava uma simplificação nos processos de Check-in de passageiros e de bagagem. O Programa StB, através de uma utilização cada vez mais alargada das tecnologias de informação, procurava assim obter, não só uma redução substancial dos custos associados aos referidos processos (essencial numa altura em que a subida do preço do petróleo tinha conduzido a um aumento substancial dos custos de operação), como também, a agilização desses processos pela simplificação, o que, naturalmente se traduziria, numa melhoria da qualidade do serviço aos passageiros. Pese embora ter sido um Programa da IATA , tendo em conta o impacto previsível na infraestrutura aeroportuária, os aeroportos, através da sua associação – ACI, decidiram apoiar o StB e trabalhar em conjunto com a IATA na sua implementação O Programa StB lançado em 2004 tinha o foco em cinco áreas específicas, das quais, enfatizo as que tiveram mais impacto. A primeira foi a introdução do Bilhete Eletrónico, desmaterializando o denominado “Bilhete IATA” repleto de cópias. Nesse caso, a poupança esteve fundamentalmente do lado das companhias aéreas (300 milhões “tickets” emitidos anualmente com um valor unitários da ordem de $9 USD). O Projeto ficou concluído em junho 2008. Uma segunda área de foco foi a introdução do BCBP – Bar Coded Boarding Pass que permitiu substituir os cartões de embarque de banda magnética, tornando possível a utilização de cartões de embarque em papel normal ou telemóvel, suportado numa codificação através de código de barras de duas dimensões (2dBC) e recorrendo a standards do mercado. O Projeto BCBP permitiu assim às companhias aéreas a disponibilização aos passageiros do Web Check-in e Mobile Check-in. Esta simplificação do processo do lado do passageiro, permitiu também uma redução de custos do lado das companhias aéreas que deixaram de ter necessidade dos cartões com bandas magnéticas, de custo elevado. Por outro lado, ao nível dos aeroportos, foi também possível obter uma simplificação das posições de Check-in e de portas de embarque, dado que, o equipamento necessário para a impressão e leitura do BCBP, é significativamente mais simples que o associado aos de banda magnética. A ANA encetou este processo de adaptação da sua infraestrutura de forma atempada, e os seus aeroportos receberam vários certificados da IATA por terem cumprido a migração para o BCBP antes da deadline estabelecida. Finalmente, uma terceira área importante de foco do StB de 1  IATA - International Air Transport Association (www.iata.org ) 2  ACI - Airports Council International (www.aci.aero )

2004 foi a introdução do CUSS - Common Use Self Service, o qual permitiu uma lufada de ar fresco no ambiente Self Service nas infraestruturas aeroportuárias. Assim, em 2008, a ANA instalou no Aeroporto de Lisboa uma bateria de kiosks CUSS, para utilização pelas diferentes companhias de modo a promover e incentivar a aplicação do conceito “common-use” nas implementações das soluções Self Service. Passados cinco anos, ou seja, em 2009, a IATA fez a revisão do Programa StB e lançou uma nova área de foco, consubstanciada no subprograma Fast Travel -, suportado em alguns dos desenvolvimentos efetuados na 1ª fase do StB, com o objetivo de assegurar uma utilização crescente das opções Self Service. O objetivo deste subprograma, como aliás o próprio nome sugere, vai no sentido de reduzir as filas de espera, melhorar a eficiência da infraestrutura aeroportuária e, naturalmente conseguir uma redução dos custos associados. A Visão do Fast Travel aponta para que, no ano de 2020, 80% dos passageiros em todo o mundo possam ter acesso a um conjunto completo de soluções Self Service, na sua passagem pelos aeroportos. As seis áreas cobertas pelo Fast Travel são:

Check-in: visa assegurar o Check-in em ambiente Self Service através de kiosks, Web ou Mobile. No respeitante aos kiosks, a ANA, de modo a promover o conceito do


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Self Service em ambiente Common-use, com atrás já foi referido, lançou em 2008 uma bateria de kiosks CUSS no Aeroporto de Lisboa e, em 2012, através da uniformização do sistema CUTE dos seus aeroportos, a plataforma CUSS da ANA foi estendida quer em número de kiosks, com o abandono das soluções proprietárias, quer a nível da abrangência, a qual, se estenderá a partir de agora, e de forma gradual, aos restantes aeroportos. Bags ready-to-go: tem em vista assegurar ao passageiro condições para imprimir e colocar na sua bagagem as respetivas etiquetas, bem como, a utilização de um balcão - Bag Drop Off –, dedicado à aceitação de bagagem já etiquetada. Os novos kiosks da plataforma da ANA instalados a partir de 2012 estão equipados com impressora de etiquetas de bagagem, assegurando desta forma a funcionalidade requerida por este projeto. Por outro lado, no âmbito do Fast Travel, existe neste momento um grupo de trabalho a avaliar o conceito do Home Printed Bag Tag, baseado na impressão das etiquetas de bagagem em casa, juntamente com o Web Check-in. A folha A4 relativa à etiqueta é dobrada e colocada dentro de uma bolsa transparente que é, posteriormente, presa à mala pelo passageiro. Document Check: a viagem para alguns países exige um conjunto de requisitos por parte das companhias aéreas quer em termos de “Visas”, quer no respeitante ao envio de informação antecipada. Esta operação que é hoje efetuada ao nível do balcão, poderá ser realizada em ambiente Self Service, através de kiosks específicos para o efeito. Flight rebooking: não faria sentido incentivar soluções Self Service, se não fossem acauteladas soluções para as irregularidades. Se por qualquer razão, estivermos presente uma disrupção (atrasos e/ou cancelamentos) os passageiros deverão ser proactivamente protegidos, e terem a possibilidade de, através de canais Self Service (kiosk, web ou mobile) das companhias aéreas, escolherem a opção mais adequada. Self-boarding: trata-se de uma porta automática que funciona como porta de embarque, agilizando desta forma a operação de embarque através da introdução de um canal Self Service. O passageiro coloca o cartão de embarque num leitor associado ao sistema de embarque que, após validação, abre uma cancela para permitir a passagem do passageiro. É uma solução em funcionamento há vários anos, com especial incidência nos aeroportos alemães, onde, no espaço Schengen, não é efetuada a verificação da identidade do passageiro à porta de embarque (cross check). Os restantes países começaram por “acusar” a Alemanha de não estar a cumprir uma Diretiva da UE, mas em 2010, a redação dessa Diretiva foi alterada, de modo a tornar claro a não existência de tal obrigatoriedade. Como os restantes países tinham entretanto passado essa obrigatoriedade para a sua legislação interna, assiste-se neste momento a uma fase de alteração dessa legislação, e o nº de países a utilizar a solução de Self-boarding sem verificação de identidade tem vindo a crescer gradualmente.

Indústria de Aviação tecnologia 25

Está em avaliação o conceito do Home Printed Bag Tag, baseado na impressão das etiquetas de bagagem em casa Bag recovery: é um sistema que permite a reclamação da bagagem em ambiente Self Service. A ANA, em parceria com a SITA , Grounforce e Portway , instalou uma solução de Bag recovery no Aeroporto de Lisboa, junto aos Gabinetes de Lost & Found, a qual, está em funcionamento desde Janeiro de 2012. Esta solução, ainda em ambiente trial foi sendo melhorada através da experiência obtida com a sua operação, tendo em conta que Lisboa foi um dos primeiros aeroportos a utilizar esta nova versão de kiosks Worldtracer da SITA. A experiência evidenciou que a sua utilização é maior quando existe uma situação grave em termos de irregularidades, em que o Canal Self Service é assim utilizado como alternativa à fila de espera para atendimento em Desk. No entanto, com a generalização da utilização do Self Service no ambiente aeroportuário é natural que a sua utilização venha a crescer, à medida que, a própria inteligência associada à aplicação Worldtracer for melhorando. Recordo a satisfação de um passageiro que logo após o scan do cartão de embarque no leitor, apareceulhe uma mensagem no ecrã do kiosk referindo que a sua bagagem chegaria no voo seguinte, referindo o respetivo horário. Na sequência do que atrás foi referido em termos de generalização da utilização do Self Service na infraestrutura aeroportuária, a ANA, em pareceria com a Visionbox , lançou recentemente um trial de Porta Automática (eGate) à entrada do Security Check Point (área de rastreio dos passageiro e da bagagem de mão). Com esta solução, fica estabelecido um Canal de Self Service, onde é verificada a elegibilidade do passageiro para aceder à Sala de Embarque, agilizando desta forma o processo naquele ponto de controlo. Por outro lado, consegue-se também uma familiarização cada vez maior com este tipo de ambiente Self Service, o que, naturalmente, facilita a utilização nas máquinas de controlo de passaportes eletrónicos (eBorder) em funcionamento nos principais aeroportos da ANA, como também, o Self-boarding atrás referido, quando este vier a ser implementado nos nossos aeroportos. Estamos, naturalmente, de corpo e alma com o “Fast Travel”…! n

Paulo Andrade (Chefe da Divisão de Engenharia da Direção de Sistemas e Tecnologias de Informação e atual Chairman do ACI World Airport Information Technology Standing Committee)


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Para onde foi o meu cliente?

É a economia, estúpido. Neste tempo de crise, o consumidor de viagens aprende “à sua custa” quando se perde por um desconto e não obtém aquilo que procurava e aprende a ser racional para poder realizar os seus sonhos de viagens

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este último ano, vemos os números do BSP (tantas vezes utilizados para mostrar a vitalidade da venda de viagens) a estagnar, e a impedir a sua queda fala-se da melhoria na venda das viagens a empresas, nomeadamente com destinos como Angola e Moçambique. Comenta-se esse fenómeno conhecendo-se, ainda que não inteiramente quantificados, os números da queda nas vendas de viagens de lazer: as ofertas de charters e de diferentes operadores que deixaram de existir; os clientes que compravam duas e três viagens por ano e que desapareceram... Sim, clientes, porque esta conversa vem a propósito das vendas de viagens, e acima de tudo dos seus clientes, do consumidor e da economia que o rodeia.

Melhor dizendo, vem a propósito de uma frase por vezes dita em surdina. Para onde foi o meu cliente? Nestes dias fala-se muito do português que viu o seu rendimento reduzido e o brilho das suas expectativas de futuro diminuir. Questionando esse português sobre para onde irá na próxima Páscoa, o agente de viagens poderá ter como resposta “a lugar nenhum” ou “que ainda está a pensar”... ou como quem diz não sabe, mas não quer dizer que não vai a lugar nenhum ou que vai mas que vai de outra forma, que não com o seu agente de viagens. Quando a economia aperta, o consumidor torna-se mais criterioso, mais esperto, mais atento. Quando a economia aperta o consumidor faz escolhas.


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Quando a economia aperta, o consumidor torna-se mais criterioso, mais esperto, mais atento e faz escolhas. O consumidor talvez diga que não vai trocar de carro porque o que tem ainda aguenta mais um aninho ou dois, o consumidor talvez troque a escola dos seus filhos por uma que lhe dê menos despesa, o casal consumidor talvez opte por um deles não trabalhar pois sairá mais barato para a economia da casa que um deles fique a cuidar dos seus filhos, o consumidor talvez passe a consumir cada vez mais produtos de marca branca porque assim se sentirá a poupar... e nas viagens? Poderia pensar-se que as viagens, não sendo bem de primeira necessidade, deixariam de estar no radar e na lista de consumo dos portugueses. Será assim para alguns, mas acredito que não seja assim para uma grande maioria. Mesmo em tempo de crise, as pessoas não estão muito disponíveis para deixar o consumo de um produto de elevado valor emocional como as viagens. Preferirão, em alguns casos, sacrificar outros confortos em prol das viagens. O que acontece é que, como em tudo, também nas viagens o consumidor faz as suas escolhas. A primeira e mais instantânea passa pela palavra desconto, ou oferta ou promoção (são tantas as palavras neste âmbito que a escolha se torna difícil). Escolher o desconto é muitas vezes uma escolha emocional quando se poderia dizer o contrário e chamá-la de racional. É emocional porque nos faz sentir bem. Mesmo que não poupe sinto que poupei. Mesmo que não poupe posso dizer ao casal amigo que poupei e que, na loja ou no sitio X, garanti o melhor preço para as minhas férias. Mesmo que não poupe sinto-me bem comigo próprio, sou esperto nas escolhas que faço. A escolha emocional é extremamente importante no hábito do consumidor e, talvez por isso, numa época de crise proliferam tantos sítios de compras em grupo, de descontos e de oportunidades propondo viagens. Mas nem tudo é emocional. Nem tudo passa pelos descontos. Na atual economia, e também por ela, o consumidor procura uma escolha racional. A que tem que fazer porque se as viagens se tornaram parte da sua vida, parte dos seus hábitos de consumo e essenciais para o seu bem estar, para as poder realizar tem que fazer escolhas. O consumidor capaz de olhar para as viagens de um ponto de vista racional é um consumidor bastante mais adulto “nas suas opções de férias e viagens” e mais criterioso nas suas escolhas. No consumo das viagens todos temos um pouco de emocional e de racional. O racional dirá que, ao invés de duas ou três viagens por ano, se passe a efetuar apenas uma fazendo desaparecer a opção por uma ou duas escapadas de fim de semana . Que talvez nessa

viagem de “férias grandes” se passe a viajar menos dias indo para locais menos distantes ou mais baratos. Este lado do consumidor também contribuirá para que se “racionalize” a forma de adquirir viagens, procurando a “poupança” sem ser através da parangona do desconto. A verdade (sempre discutível) é que um bilhete de avião para uma cidade europeia é hoje quase como se fosse um bilhete de autocarro que posso comprar na estação. E posso escolher alojamentos nessa cidade comparando na internet e reservando diretamente. Sobre saber qual o melhor hotel para o seu orçamento tem sítios de “reviews” e classificação de hotéis ou a sua comunidade nas redes sociais. O consumidor racional pesará a vantagem que tem em adquirir as suas viagens onde normalmente o faz e também por isso quem vende viagens tem que reinventar a forma de estar e de se relacionar com os seus clientes. O mercado da venda de viagens de lazer em Portugal reduziu em 2012 e pelo que vamos ouvindo continuará a sua redução em 2013. Mas continuarão a existir muitos portugueses a viajar. Portugal, como temos vindo a compreender cada vez melhor, está muito longe da Alemanha onde a crise de 2009/2010 levou apenas a uma descida de 2% nas viagens de lazer. O impacto da atual crise na nossa débil economia é muito superior a outras crises em economias mais desenvolvidas, e, o poder viajar todos os anos é um hábito também muito mais recente no nosso país. Mas continuaremos a viajar. Continuará a haver consumidores de viagens. Continuará a haver Clientes. Em princípio mais criteriosos, mais exigentes e mais conscientes das ofertas existentes. Viajando menos vezes por ano. Viajando menos tempo. Viajando para destinos de maior proximidade orçamental, i.e. poderá por vezes ser mais barato viajar para determinados destinos mais distantes do que outros bem mais próximos. Em suma, mesmo que haja o mesmo número de clientes haverá menos venda de viagens e tornará mais premente a necessidade de encontrar o cliente disponível para reservar a sua viagem connosco. Temos que olhar o cliente como um bem escasso. E se falamos de agentes de viagens, nestes tempos de crise sairá vitorioso quem tiver o cliente. E não no sentido de propriedade, pois cada cliente é livre a cada momento de escolher com quem adquire as suas viagens. Mas no sentido de “relação” de quem o compreende, de quem sabe estar com ele e de quem sabendo o que ele procura (porque o ouve) sabe encontrar e fornecer esse serviço. E também no sentido de “relação”, compreende que ele esteja com outros, na internet, nas redes sociais... procurando partilhar esse espaço com ele e mostrando a diferença do que pode dar. Neste tempo de crise, o consumidor de viagens aprende “à sua custa” quando se perde por um desconto e não obtém aquilo que procurava e aprende a ser racional para poder realizar os seus sonhos, encontrando nesse processo novas formas de reservar e procurar as suas viagens. Será uma lição que não irá esquecer quando a economia melhorar. n

Raul Rebelo Gonçalves Lx Consult


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Universidades vs. Indústria do Turismo:

Os desafios do Mercado

A interação entre o ensino e a indústria deverá assegurar que a formação esteja em consonância com as necessidades do mercado

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anto o ensino superior como a indústria do turismo encontram-se a crescer rapidamente no mundo em geral. O fenómeno da globalização, a emergência de novos mercados emissores e a crescente diversificação da oferta tornam o turismo, apesar da queda devida à recente crise económica internacional, numa das maiores fileiras económicas do planeta. Portugal não é, portanto, exceção e em 2011, esta atividade gerou um contributo direto no PIB equivalente a 5,3% do e 6,6% do emprego, com um total de 322.000 postos diretos de trabalho (World Travel & Tourism Council, 2012). Espera-se, assim, que a sua contribuição para a riqueza nacional cresça 1,7%, totalizando cerca de 5,4% do PIB, até 2022 (World Travel & Tourism Council, 2012). Uma vez que o setor das Viagens e Turismo atinge toda a economia, o seu impacto real é ainda maior, representando, directa ou indirectamente, 15,2% do PIB e 17,8% do emprego, com 866,500 postos indiretos de trabalho e 3,6 mil milhões de euros de investimento ou seja, 11,5% da formação bruta do capital fixo (World Travel & Tourism Council, 2012). O mercado do turismo procura cada vez mais uma valorização acrescida através da descoberta de novos horizontes e da exploração de diferentes abordagens, alicer-

çadas numa constante necessidade busca de inspiração. Por outro lado, a evolução dos canais de informação e distribuição, a proliferação de novos destinos e a alteração do paradigma de operação das companhias aéreas e outros fornecedores e prestadores de serviços, como os hotéis, alteraram, também, os hábitos de consumo e o comportamento do consumidor/turista na seleção, preparação e realização da sua viagem (Turismo de Portugal, I.P., 2013). Numa altura em que o Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT) se encontra em fase de revisão e que pressupõe e incentiva as empresas do setor a “(…) repensar o modelo de negócio, antecipando as competências necessárias e libertando recursos para comunicar com o consumidor no momento e local de decisão de compra e simplificar processos e apostar em activos estratégicos (…)”, torna-se necessário antecipar o perfil dos profissionais que se quer formar, num momento em que se vivem profundas alterações de contexto no turismo no país (Turismo de Portugal, I.P., 2013). O rápido desenvolvimento do turismo, hotéis, agentes de viagens, atrações turísticas e outras indústrias relacionadas, necessita um grande número de profissionais altamente qualificados, o que garante aos cursos superiores na área do turismo e hospitalidade uma larga


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perspetiva de empregabilidade. Por esta razão, a promoção de uma maior e mais profunda interatividade entre esta indústria e o ensino superior, torna-se incontornável. As Instituições de Ensino Superior (IES) constituem uma fonte de graduados nesta área, devendo, para isso assegurar bons níveis de integração profissional. No entanto e de acordo com os dados relacionados com emprego e a colocação dos diplomados em turismo, existem muitos desafios a superar sendo, talvez, um dos mais importantes, a falta de ligação entre estas instituições e o mercado. A reputação da indústria do turismo tem sofrido, por vezes, com a falta de profissionalismo. A questão que se coloca é de saber se a diversidade de qualificações nesta área tem ajudado a dar a melhor resposta. Importa saber, de igual modo, se os graduados nesta área têm uma maior taxa de empregabilidade. Com 576.383 pessoas sem trabalho, a taxa de desemprego, em Junho de 2011, situava-se em 14,2% (16,3% em finais de 2012). Por oposição, a taxa de desemprego dos indivíduos com habilitação superior, à mesma data, ficou nos 10,67% do total dos diplomados (61.542 Indivíduos). No que diz respeito aos números de referência dos graduados dos cursos nas áreas de turismo, encontravam-se desempregados 1.354 indivíduos (7,70% do total dos titulares de habilitação superior à procura de trabalho é 0,233% do total de desempregados). Quando analisamos as diferenças entre as IES Privadas versus as IES Públicas, podemos constatar que a taxa de desemprego situa-se nos 8,06% e 8,39%, respetivamente. Apesar dos números animadores e dos melhores resultados do privado no que respeita à taxa de ocupação nos cursos em apreço, muito existe ainda para fazer no domínio da formação pós-secundária, superior e executiva dos profissionais de turismo (Direção Geral das Estatísticas da Educação e Ciência, 2012). Ainda a este propósito, nos cursos ligados ao turismo, temas relacionados com as viagens, os destinos, a hotelaria, o lazer, o desporto ou os eventos, integram as matérias, exigindo que os curricula, os docentes e os estudantes sejam coordenados por forma a estreitar ligações e a aumentar o envolvimento com a indústria. Contudo, estas estratégias são, frequentemente, adotadas de forma pouco planeada, demonstrando, em algumas circunstâncias, falta de foco, empenho, estudos de mercado e/ou, muitas vezes, de recursos. Esta forma tradicional de ligação à atividade não é a mais adequada para o modelo pedagógico do ensino superior atual, onde são imperativos o envolvimento da comunidade e a relevância curricular para a garantia da preparação de profissionais mais capacitados e competitivos para um mercado que se tornou global. O modelo pedagógico assume-se assim como um espaço de atuação pedagógica coerente que deve ser entendido como um quadro geral de referência das práticas de ensino aprendizagem. Parafraseando o cientista informático Alan Kay “a melhor forma de prever o futuro é inventá-lo”. Ora, o ensino é justamente uma metáfora desta afirmação, uma vez que nos é pedido hoje a preparação dos profissionais do amanhã. As IES não deverão ser encaradas apenas como centros de produção, de conhecimento e de saber, mas sim como pólos de fomento e dinamização do cruzamento

Há muitos desafios a superar sendo, talvez, um dos mais importantes, a falta de ligação entre estas instituições e o mercado de informação onde cada um - empresas, profissionais, docentes, investigadores e estudantes - pode convergir na construção do conhecimento. As IES, para encararem o futuro de forma próspera, não se devem restringir unicamente a fornecer saber aos seus estudantes por via do ensino, mas sim, implicar todas as partes envolvidas no sistema para construírem este conhecimento, numa lógica de partilha e de troca de ideias. A contribuição do ensino superior para o turismo não pode ficar isolada da prática e as pessoas envolvidas na elaboração dos curricula devem imperativamente trabalhar em estreita consonância com os diferentes stakeholders para assegurar uma forte ligação entre a teoria e a prática, melhorando assim a probabilidade de que os graduados dos cursos superiores de turismo terminem os seus ciclos de estudo com conhecimentos e competências estreitamente alinhadas com as necessidades e expetativas da fileira enquanto mercado de trabalho. Este nível de interação entre o ensino e a indústria torna-se, assim, crucial para o aumento da percepção do impacto da formação na indústria e para o desenvolvimento do reconhecimento dos graduados nesta área. Neste contexto, torna-se evidente que uma nova abordagem estratégica de aproximação ao mercado beneficiará não só a indústria e os seus intervenientes, como o próprio ensino superior e os seus estudantes, que poderão encontrar, assim, uma via qualificada de entrada para o mercado de trabalho. n Cristiana Oliveira (PhD.) Adjunta do Diretor Académico, Diretora de Turismo e Hotelaria cristiana.oliveira@lx.isla.pt

Bibliografia 1 Direcção Geral das Estatísticas da Educação e Ciência. (2012). Caracterização dos desempregados registados com habilitação superior - Dezembro de 2011 . Obtido em 14 de 01 de 2013, de Direcção Geral das Estatísticas da Educação e Ciência: http://www.dgeec.mec.pt/np4/137.html 2. Turismo de Portugal, I.P. (2013). Plano Estratégico Nacional do Turismo Horizonte 2013 - 2015. Obtido em 15 de 01 de 2013, de Turismo de Portugal, I.P. : http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/turismodeportugal/destaque/Pages/ConsultaP%C3%BAblicasobreaRevis%C3%A 3odoPENT-PlanodeDesenvolvimentodoTurismonoHorizonte2015.aspx 3. World Travel & Tourism Council. (2012). Portugal Economic Impact Report - Travel & Tourism Economic Impact Portugal 2012. Obtido em 27 de 01 de 2013, de World travel & tourism council: http://www.wttc.org/ site_media/uploads/downloads/portugal2012.pdf


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Acampar com elegância:

FOTOS: Yurt Holidays Portugal

chegou o Glamping!!

Hoje, o campismo já não é só para backpackers à boleia. Glamping é o novo conceito de campismo com glamour. Em comum com o campismo, o Glamping tem apenas o estreito contacto com a natureza, já que nas acomodações impera o charme e o requinte.

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grande diferença entre o comum Campismo e o Glamping é que as comodidades oferecidas aos hóspedes destes novos parques se assemelham às de um hotel de luxo. As tradicionais tendas dão lugar a acomodações de alta qualidade, os sacos-cama são substituídos por confortáveis lençóis e mantas e, em alguns casos, os portáteis fogões a gás foram trocados por pequenas cozinhas totalmente equipadas. A oferta varia entre Yurts (tendas originárias da Mongólia), Safari (tradicionais tendas sul africanas), Tipis (ou Teepees - tendas típicas dos índios norte-americanos), Eco-Pods (pequenas cabanas construídas com materiais recicláveis), caravanas, bungalows, casas na árvore e outras surpresas. O conforto e a tranquilidade são as palavras de ordem para os adeptos do Glamping que apreciam algumas mordomias só oferecidas, normalmente, em luxuosos hotéis. Nestas condições, o “campista” usufrui da proximidade com a natureza mas com muito requinte e em grande estilo. Neste ambiente rural, o luxo é recriado essencialmente pela decoração étnica, cuidada e elegante.

Este novo conceito, do qual só recentemente se ouviu falar, congrega já alguns fãs portugueses. Mas mais que um conceito, o Glamping configura também um movimento que é baseado na filosofia ecológica e assenta numa consciência e atitude ambientalistas, promovendo uma forma de vida saudável e, sobretudo, sustentável. Muitos destes locais, à semelhança dos vulgares parques de campismo, têm balneários e casas de banho comuns, algumas de compostagem, o que permite uma maior poupança de recursos. As águas para os banhos são aquecidas pelo sol e as águas para outros fins são muitas vezes reaproveitadas. Neste âmbito ainda, alguns dos parques têm zonas comunitárias de convívio onde hóspedes e proprietários podem partilhar

Yurt Holidays Portugal Localização: Arganil Tipo de Alojamento: Dois yurt Observações: O programa lua-de-mel “Green Honeymoon Haven” é um dos elementos distintivos deste local. O alojamento inclui pequeno-almoço. É possível reservar jantar que pode ser servido no yurt ou no alpendre comum. Existem algumas praias fluviais próximas.


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fotos: Portugal Nature Lodge

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Os vários parques estão espalhados de norte a sul do país, com especial concentração em zonas de serra, alguns até inseridos em parques ou reservas naturais

refeições com os produtos produzidos nas hortas e quintas, cozinhados, por exemplo, em fornos de lenha artesanais ou fornos solares. É sob este mote ecoambiental que os “campistas” são convidados a fugir da azáfama da vida quotidiana e da confusão das grandes cidades, e a refugiar-se nesta outra envolvente. A maioria dos proprietários dos parques de Glamping nacionais é de origem estrangeira, bem como a maioria dos seus clientes, que chegam sobretudo da Holanda, Reino Unido e Alemanha. Os vários parques estão espalhados de norte a sul do país, com especial concentração em zonas de serra, alguns até inseridos em parques ou reservas naturais. Em Portugal, são já mais de uma dezena os locais de Glamping onde se pode reservar alojamento desde 20€ por dia, embora a maioria dos locais exija um mínimo de noites. Estes parques de luxo alternativos também proporcionam outro tipo de experiências. Se está a pensar numa festa de casamento original ou numa lua-de-mel diferente esta pode bem ser uma das suas hipóteses. O Yurt Holiday Portugal, em Arganil, é disso exemplo. Mas para Hannah e Derrick, os proprietários “a aventura do Glamping é especialmente indicada para os habituais campistas que procuram maior conforto ou para aqueles que nunca acamparam mas apreciam o contato com a natureza”. No fundo é preciso ter uma mente aberta a novas experiências. As recomendações aos campistas são importantes: “aqui não há televisão, não há rede de telemóvel e os saltos altos são proibidos”. Se ainda está indeciso sobre embarcar nesta aventura ou não quer sujar os sapatos, pense um pouco melhor, porque neste parque “só se aceitam happy glampers”. Apesar de haver energia elétrica nos yurts, gerada pelos painéis solares, é aconselhável levar uma lanterna. Em declarações à Ponto Turismo Joke Geertsma, a proprietária do Portugal Nature Lodge, em Odemira, onde a oferta de tendas é variada, diz que “a dificuldade é escolher. A tenda Safari é para os mais aventureiros, o Yurt é mais romântico, ideal para famílias com crianças pequenas, e a Tipi perfeita para adolescentes e jovens”. Questionado sobre como “venderia” este conceito a alguém que gostando da natureza, detesta campismo e não suporta insetos, Joke graceja e responde “aqui os mosquitos, as aranhas e as formigas são praticamente acidentais”. Também a Sul, no Eco Lodge Brejeira, em Silves, a oferta em termos de acomodações, vai além das habituais tendas.

Nesta herdade alentejana, os “campistas” podem escolher entre uma tenda Yurt, uma roulotte cigana holandesa ou uma carrinha dos bombeiros alemães convertida em autocaravana. E em Aljezur, no The Walnut Tree Farm, pode mesmo experienciar a estada numa casa da árvore construída no tronco de uma nogueira centenária”. Por toda a Europa, encontram-se também já diversos destinos de Glamping. Em Múrcia, Espanha, há um parque naturista onde o uso de roupa é opcional. Em Girona, a oferta inclui cerca de uma dezena de casas na árvore, construídas a uma altura de entre três a oito metros do solo, sem água corrente e onde a vista deslumbrante sobre a beleza natural dos Pirenéus é a maior atração. Em França, mais propriamente em Limousin, existe um parque onde os hóspedes são convidados a participar nas atividades da quinta, nomeadamente, colhendo os vegetais que são os ingredientes das refeições confecionadas em comunidade. E na Suíça há um parque, com vista sobre o Lago de Genebra, que dispõe de quarenta tendas de estrutura geodésica, vulgarmente chamadas Dome, equipadas com o mais alto conforto para proporcionar aos hóspedes agradáveis estadias no rigor dos invernos alpinos. Em destinos mais longínquos a oferta varia entre casas na árvore, a céu aberto, em Bangkok, na Tailândia, um parque de natureza, fauna e flora selvagens, em Tofino, no Canadá, e luxuosas tendas com piscina e spa privativos “perdidas” no Deserto do Thar, na Índia. Além destas, as opções são muitas. Quando se fala em campismo com glamour é já muito diversificada a oferta, quer em Portugal, quer na Europa e no resto do mundo. Resta agora escolher o destino e dispor-se a vivenciar esta nova experiência que é o Glamping. n Ana Vilar Bravo

Portugal Nature Lodge Localização: Odemira Tipo de alojamento: Yurt, tenda safari, tipi Observações: Cada tenda tem a sua própria casa de banho e a tenda safari tem cozinha também. O pequeno-almoço é opcional na diária, mas caso os glampers queiram ter essa “mordomia”, este é levado à tenda todas as manhãs. A praia fica a 10 quilómetros.


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Balanço FITUR 2013

Portugal é já a maior representação europeia na feira

A FITUR encerrou no passado 3 de Fevereiro, depois de cinco dias, com um balanço positivo que se traduziu num aumento do número de visitantes profissionais em 1,3% para cerca de 120 mil, oriundos de mais de cem países, onde Portugal assume já a maior representação europeia. A Ponto Turismo fez um balanço junto da diretora da Feira Internacional de Turismo de Espanha, Ana Larrañaga, que considerou a 33ª edição da FITUR “muito positiva” tendo em conta o panorama económico complicado.

Ana Larrañaga, diretora da FITUR, diz que Portugal é a representação mais importante da Europa


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A FITUR é a primeira montra turística do ano e durante estes cinco dias pudemos conhecer projetos, estratégias e tendências do mercado

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onto Turismo - Qual é o balanço que faz desta edição da FITUR perante um panorama económico tão complicado? Ana Larrañaga - O balanço é muito positivo, a feira teve um aumento no número de visitantes profissionais em 1,3%, para cerca de 120 mil pessoas e estimase que tenham vindo 90 mil visitantes durante o fim-desemana. Só no sábado, por exemplo, estiveram mais de 50 mil visitantes. No entanto, é preciso destacar um aspeto mais importante do que o número de visitas e que é a satisfação dos expositores ao cumprirem os objetivos a que se tinham proposto e cobrir as suas expetativas comerciais. O objetivo da Feira foi, mais uma vez, oferecer o melhor serviço aos participantes criando o fórum mais adequado para impulsionar novas oportunidades de negócio e, neste sentido, já estamos a trabalhar na nova edição da FITUR. P. Turismo - Acha que mais uma vez foi a fotografia do setor? A.L.- Sem dúvida, a FITUR é a primeira montra turística do ano e durante estes cinco dias pudemos conhecer projetos, estratégias e tendências do mercado. Além disso, os participantes costumam estabelecer agendas e linhas de trabalho que se desenvolvem ao longo do ano. A oferta da Feira conta com a representação de todos os tipos de turismo, em especial aqueles segmentos que contam com um interesse crescente entre os viajantes e neste sentido, integrou como novidade o segmento do Enoturismo, com grande potencial de crescimento, com o espaço FITUR – Alojamentos do vinho. P. Turismo -Cumpriu-se o principal objetivo. Como foi o resultado do III Workshop Hosted Buyers? A.L.- O FITUR B2B, que agrupa o Workshop de FITUR e Investour Américas contou com um total de 1.580 reuniões agendadas previamente entre 184 expositores e 118 compradores de 30 países, convidados através do programa “Hosted Buyers” da Feira. P. Turismo - E os restantes workshops? Investour África... A.L.- O Investour África gerou mais de 400 encontros de negócio “B2B” face a uns 300 em 2012, o que representa um grande sucesso. P. Turismo - Este ano como novidade as empresas puderam comercializar a sua oferta nos dias dedicados ao público. A resposta foi positiva? Tanto do público como das empresas? A.L.- A iniciativa foi muito bem recebida. Os participantes acolheram-na com promoções especiais e descontos

A FITUR caracterizou-se pelo otimismo do setor que cumpriu as suas expetativas de negócios

que oscilaram entre os 20% e os 40% e os visitantes puderam, além de recolher informação sobre os seus destinos favoritos, encontrar promoções exclusivas a um preço mais vantajoso. P. Turismo - Que tendências se puderam identificar para o futuro do Turismo? A.L.- Apesar da crise e dos cortes orçamentais, esta edição da FITUR pode caracterizar-se pelo otimismo do setor, que cumpriu as suas expetativas de negócio e conseguiu bons resultados. Deste modo, convém destacar o êxito da FITUR KNOW HOW & EXPORT, uma das novidades desta edição, que confirmou a importância do conhecimento ao serviço da indústria, para conseguir um turismo de qualidade. P. Turismo – Este ano realizou-se ainda o segundo evento sobre social media. Que conclusões é que se tiraram? A.L.- Esta segunda edição confirmou o interesse que este fórum desperta nos profissionais de marketing e comunicação do setor, ao passar dos 90 assistentes em 2012, para os 167 que estiveram no sábado. Durante o encontro de Social Media Sharing, Hey AV, empresa de comunicação e marketing online responsável pelo plano de redes sociais da FITUR, apresentou o segundo relatório sobre utilização das redes sociais no setor turístico, um documento que permite conhecer as dinâmicas do setor com indicadores fiáveis para poder planear as estratégias de social media mais adequadas. P. Turismo – Como foi a presença de Portugal na FITUR este ano? A.L.- A presença de Portugal na FITUR tem sido contínua desde a primeira edição da feira e actualmente representa a maior participação da Europa e uma das mais importantes na área internacional. O compromisso do Turismo de Portugal em mostrar a sua melhor imagem e oferta na Feira contou com o reconhecimento da FITUR que distinguiu o espaço com um dos seus prémios para o Melhor Stand na categoria Internacional. O governo de Portugal, por sua vez, concedeu à IFEMAFITUR a Medalha de Ouro de Mérito Turístico pelo seu trabalho na divulgação de Portugal como destino turístico, tanto em Espanha, como especialmente a nível internacional. Recorde-se que Espanha é o primeiro mercado emissor para Portugal e entre os turistas espanhóis, o país luso está entre os seus três destinos de férias prioritários. n


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Dados IATA

Crescimento do tráfego em 2013 vai ser menor

Os mercados emergentes de longo curso “salvaram” o crescimento do tráfego aéreo de passageiros das companhias aéreas europeias

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crescimento do tráfego de passageiros em 2013 será menor do que em 2012, que foi de 5,3% apesar do panorama económico. Para este ano o crescimento estimado será de 4,5% segundo os dados publicados pela IATA, que fala em “otimismo moderado”. A taxa de ocupação média anual das companhias aéreas foi de 79,1%, um nível considerado pela IATA como estando “perto dos recordes” e que demostra “o extremo cuidado com que as companhias aéreas gerem as capacidades”, diz ainda a IATA numa informação que cita o seu CEO, Tony Tyler. “O crescimento juntamente com alta rotatividade e utilização dos aviões ajudam as companhias aéreas a ter um lucro estimado em 6,7 mil milhões de dólares, apesar dos preços altos do combustível” diz o CEO que no entanto sublinha que “com uma margem de lucro líquido de 1,0%, a indústria está apenas a manter a cabeça à tona da água”. Os dados da IATA indicam que o crescimento em 5,3% ficou abaixo do de 2012 relativamente ao ano anterior que tinha sido de 5,9%, mas ficou acima dos 5% de média de vinte anos. No ano passado o tráfego internacional de passageiros cresceu 6%, enquanto que o doméstico teve uma variação positiva de 4%, ambos impulsionados pelas economias emergentes.

O maior crescimento no tráfego internacional aconteceu nos mercados emergentes, em particular no Médio Oriente (+15,4%), América Latina (+8,4%) e África (+7,5%). A capacidade aérea aumentou de forma mais lenta do que a procura, em 4%, o que contribuiu para uma taxa de ocupação de 78,9%. O contexto económico penalizou as companhias aéreas europeias que tiveram um crescimento no tráfego de passageiros mais lento do que em 2011. Em 2012, o tráfego de passageiros das transportadoras europeias foi de 5,3%, quando em 2011 tinha sido de 9,5%. O crescimento foi alavancado pelo desempenho no longo-curso das companhias europeias da zona Euro, uma vez que dentro da União Europeia o tráfego estagnou devido ao baixo crescimento económico. As companhias aéreas fora da zona Euro contribuíram para um quarto do crescimento, sendo a Turquia a grande responsável. A capacidade aumentou em 3,1% empurrando a média de ocupação nas companhias para 80,5%. No tráfego aéreo doméstico a procura cresceu 4%, com a China e o Brasil a terem crescimentos de 9,5% e 8,8%, respectivamente, com aumentos de capacidade de 11,5% no caso da China e de 4,8% do Brasil. A Índia teve uma contração com o tráfego de passageiros a cair -2,1% sobre os níveis de 2011, e a capacidade a aumentar muito ligeiramente, em 0,3%. A capacidade total aérea aumentou em 3,8%, ficando em linha com o aumento da procura. A taxa de ocupação média no tráfego aéreo doméstico manteve-se nos 79,5%. Se no tráfego de passageiros houve um crescimento, o mesmo não aconteceu com a carga que contrai em 1,5%, sendo o segundo ano consecutivo em que acontece, embora em 2012 com uma queda maior. n




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