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Ano XXVI - 2017

Centros

Comerciais

Food innovation à prova de eCommerce ENTREVISTA

Presidente APCC António Sampaio de Mattos internacional Restauração reconquista os Centros Comerciais ICSC europe 2017 Centros em França e Áustria dividem prémios

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Sede: Av. do Forte, nº 3 — Edifício Suécia I, fração 1.20 — 2790-073 Carnaxide Delegação Norte: R. Alfredo Allen, n.º 455 — 4200-135 Porto Delegação Sul: Estrada de S. Luís, Urbanização Quinta do Infante, Lote 4 — 8000-123 Faro


editorial

António Sampaio de Mattos Presidente

Crescer, mas sustentadamente

editorial:

É por isso de interesse capital que o trabalho de consolidação económica e financeira do Estado, na perspectiva da diminuição do deficit orçamental sem artifícios, do crescimento das exportações e dos níveis de investimento, seja o alicerce de uma economia competitiva e moderna, sob pena de voltarmos aos tempos difíceis de 2011.

É

um facto objectivo e inegável que alguns dos indicadores económicos do nosso país têm melhorado de mês para mês. Recentemente foi divulgado mais um indicador estrutural revelador do nosso bom momento, nomeadamente o desempenho do PIB no 1.º Trimestre de 2017 na comparação com igual período do ano anterior, que por sinal foi algo anémico.

Em concreto, e longe de uma análise estatística apurada, é relevante sublinhar que este crescimento homólogo de 2,8% não deixa de ser positivo. No entanto, uma leitura atenta revela que o valor compara com uma base baixa, contempla o crescimento do investimento sectorial no turismo, bem como o arrefecimento das importações devido a uma quebra na procura interna, e não em políticas estruturantes. Mas a almofada económica que o Governo desfruta actualmente, que lhe permite algum fôlego político e social é, por este facto, objectivamente alicerçada no trabalho dos empresários, erigido a partir dos sacrifícios que todos os portugueses fizeram durante os anos difíceis da crise e que, sem essa austeridade absolutamente essencial que nos livrou da bancarrota, dificilmente poderíamos agora observar um qualquer crescimento. É por isso de interesse capital que o trabalho de consolidação económica e financeira do Estado, na perspectiva da diminuição do deficit orçamental sem artifícios, do crescimento das exportações e dos níveis de investimento, seja o alicerce de uma economia competitiva e moderna, sob pena de voltarmos aos tempos difíceis de 2011.

Uma referência final dando nota da recente nomeação do Dr. Carlos Jesus, Head de Inovação e Mall Activation da Sonae Sierra, como Chairman do Grupo de Inovação do International Council of Shopping Centers - ICSC. Uma vez mais, registamos com agrado a valorização do profissionalismo e da competência dos portugueses na indústria dos centros comerciais além-fronteiras.

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Índice

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Entrevista NOTÍCIAS António Sampaio Assembleia-Geral de Mattos APCC 2017 Presidente APCC Decorreu na sede da APCC no passado dia 31 de Março, mais uma AssembleiaGeral Ordinária da Associação Portuguesa de Centros Comerciais.

em capa

António Sampaio de Mattos, presidente da APCC, não tem dúvidas, o investimento no País só crescerá se houver confiança e se deixarem de existir preconceitos face ao capital.

Centro

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OPINIÃO Desafios do Retalho Imobiliário

A cultura gastronómica está definitivamente na moda. A propensão é global e assume contornos sociológicos transversais a povos e geografias.

Bill Kistler diz, no seu artigo de opinião, que vivemos tempos extraordinários na indústria do retalho imobiliário e que o modelo de negócio, esteja hoje mais disruptivo do que nunca

INTERNACIONAL Conferência Europeia debate futuro e atribui ICSC Awards 2017

Direcção António Sampaio de Mattos

Presidente APCC aio de Mattos António Samp NAL INTERNACIO reconquista Restauração ciais os Centros Comer

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REPORTAGEM Food Innovation à prova de e-commerce

Av. Eng.º Duarte Pacheco Amoreiras Torre 2 - Piso 9 - Sala 2 1070-102 Lisboa - Portugal Tel.: 21 319 31 88 - Fax: 21 354 34 01 E-mail: geral@apcc.pt

ENTREVISTA

2017 ICSC EUROPE e Áustria Centros em França s dividem prémio

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Associação Portuguesa de Centros Comerciais

Food innovation à prova de eCommerce

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Propriedade

Ano XXVI - 2017

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07/06/2017 10:46:43

Direcção Executiva Pedro Teixeira

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Centros Comerciais em Revista

Bimestral • Ano XVI - 2017 - Edição 96

Produção e Edição Mediapearl - Comunic. e Serv., Lda. Rua de Xabregas, 2, Piso 2, Sala 2.06 1900-440 Lisboa - Tel.: 21 602 47 13 mediapearl@mediapearl.pt Publicidade Lurdes Dias - Tel: 21 403 76 56 ldias@mediapearl.pt Elisabete Pais de Sousa Tel: 21 403 76 56 epaisdesousa@mediapearl.pt Nuno Neves - Tel: 21 868 02 77 nunoneves@mediapearl.pt Estudo Gráfico Mediapearl Impressão RBM - Artes Gráficas Tiragem: 15 000 exemplares

A 42ª edição dos Prémios ICSC teve lugar em Varsóvia depois de dois dias de conferência europeia em que foram abordados os temas mais prementes da actualidade dentro da indústria.

Distribuição Gratuita Depósito Legal n.º 54-808/92 Registo na Entidade Reguladora para a Comunicação Social - ERC n.º 117131 Estatuto Editorial

A Revista “SHOPPING - Centros Comerciais em Revista”, é uma publicação Associativa, propriedade da Associação Portuguesa de Centros Comerciais - APCC, de divulgação de informação e de opinião sobre a indústria dos Centros Comerciais aos níveis nacional e internacional, que tem por objectivos a promoção e dignificação destes empreendimentos de comércio integrado designados de “Centros Comerciais”, bem como das entidades suas Proprietárias, Promotoras e Gestoras. A Revista “SHOPPING - Centros Comerciais em Revista” presta, para além da informação institucional relativa às actividades Associativas, informação sobre a actividade empresarial e operacional dos próprios Centros Comerciais em todas as suas vertentes, desde a promoção imobiliária, passando pela gestão de marketing e comercial, pela a gestão técnica de edifícios, segurança humana e electrónica, fiscalidade, arquitectura e projecto. Por outro lado, a publicação assume-se ainda

como o meio de divulgação privilegiado, de informações relevantes provenientes dos Associados, dirigidas ao mercado em geral. A Revista “SHOPPING - Centros Comerciais em Revista”, é impressa em papel e encontra-se disponível em formato digital, visando a divulgação, no estrito cumprimento dos Estatutos e do Regulamento Interno da APCC, dos conteúdos de cariz informativo e técnico deste sector de actividade económica e empresarial. A Revista “SHOPPING - Centros Comerciais em Revista”, é dirigida a todos os profissionais do sector, a prestadores de serviços e consultores, academias e entidades públicas e privadas, e aos consumidores em geral. Nota de Redacção: A redacção da “SHOPPING Centros Comerciais em Revista” segue as regras da anterior ortografia do Português Europeu.


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Entrevista

António Sampaio de Mattos Presidente APCC

Entrevista com:

A experiência de loja nunca irá acabar

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ntónio Sampaio de Mattos, presidente da APCC, não tem dúvidas, o investimento no País só crescerá se houver confiança e se deixarem de existir preconceitos face ao capital. Esta foi uma das ideias-chave que o presidente deixou na entrevista onde também falou sobre desafios e o futuro do sector. Shopping - Como é que a Associação analisa a evolução do tráfego e vendas nos centros comerciais em Portugal? Sampaio de Mattos – Os indicadores, apesar de positivos, apontam para uma certa volatilidade relativamente ao que vinha acontecendo. Os efeitos pretendidos pelas políticas do Governo no sentido do aumento do consumo, não têm obtido o correspondente resultado. Embora se verifique uma redução no défice público e taxa de desemprego, dificilmente haverá sustentabilidade sem investimento e sem um aumento significativo das exportações. O País precisa de encarar o crescimento destes índices como um imperativo nacional. Porém, também o investimento só crescerá se houver confiança e manter-se-á reduzido enquanto houver preconceitos face ao capital e que são muitos. Aliás, assistiu-se não há muito tempo ao início de uma discussão inaceitável sobre a limitação dos vencimentos de topo nas empresas públicas e privadas. Admito que se façam nas públicas mas não faz qualquer sentido esta tentativa de intromissão nos critérios salariais das empresas privadas porque o que deve haver é uma definição duradoura das regras fiscais. Desde que as empresas cumpram com todas as regras de natureza fiscal, devem ter liberdade de gestão. Por vezes este País perde-se em questões que são de somenos importância, porque estamos a falar de meia dúzia de casos, que pretendem que sejam emblemáticos, mas que ajudam a criar esta imagem de desconfiança face aos investidores internos e

externos, sobretudo estes, porque não sabem o que pode acontecer amanhã. Inventa-se qualquer coisa e muda-se. Falta estabilidade e ninguém gosta de trabalhar assim. Shopping - E como é que a APCC tem capacidade de influência institucional de modo a fazer valer o ponto de vista desta indústria aos distintos níveis do poder executivo? ASM – A nossa associação surgiu em 1984, um ano antes de abrir ao público o primeiro grande centro comercial em Portugal, que foi o Amoreiras. Nessa altura já se percebia que ia aparecer uma dinâmica nova e entendeu-se, desde logo, que precisávamos de pensar nesta questão e ver de que forma a legislação existente se adaptava à nova realidade. Essa foi a principal razão para a constituição da APCC. Entretanto foram decorrendo os anos, a associação foi contribuindo especialmente para a evolução de diversos quadros legais adaptados aos Centros Comerciais, mas contribui para muitas outras coisas: para enquadrar os associados; promover viagens de estudo e outros modelos de formação; para representar os associados enquanto entidades patronais e entidades proprietárias de centros comerciais. Ajudamos também a dinamizar a imagem dos Centros Comerciais em Portugal; construímos uma estratégia de comunicação assente na Revista Shopping e no Anuário dos Centros Comerciais. Mas ao contrário do que possa pensar-se o trabalho não está concluído. Neste momento há várias questões em cima da mesa para debater. O mundo evolui, as questões aparecem e há sempre trabalho importante a realizar para manter esta qualidade da imagem que têm os Centros Comerciais em Portugal. Compete às várias entidades promotoras manter esta qualidade. A nós compete divulgar e prosseguir essa ideia de que em Portugal o centro comercial é algo que está bem, que funciona bem e tem futuro.


com cerca de 1/3 da cobrança total do IVA ao consumidor final. Esta Confederação, que emprega directamente quase 200 mil pessoas e mais de 150 mil indirectamente, tem por objectivo participar no diálogo social, especificamente candidatando-se a um dos lugares no Plenário do Conselho Económico e Social - CES, destinados às confederações patronais portuguesas. Recentemente, e pela segunda vez desde a criação da CSP, fomos impedidos de participar no CES, tendo o Presidente deste órgão, apoiado pelas outras Confederações já instaladas, simplesmente rejeitado a integração destes sectores de actividade económica mais modernos e competitivos de Portugal. Pelo que representamos, entendemos que este é um processo inaceitável, só justificado pelo poder cristalizado no seio do CES, numa atitude corporativista condenável, que inquina o diálogo social.

Dificilmente encontramos uma indústria tão resiliente como esta

Mas além de desenvolvermos uma intervenção proactiva e permanente no âmbito relacionado com a nossa actividade, a APCC é ainda membro fundador da Confederação dos Serviços de Portugal - CSP, uma organização criada em 2011 que representa áreas tão diversas como a Distribuição organizada, as Telecomunicações, o Comércio Electrónico, a Saúde, a Segurança Privada, o Transporte Expresso, a Consultoria Empresarial, para além, claro está, dos Centros Comerciais. Estas estruturas Associativas sentiram necessidade de se juntar de modo a criar uma organização forte, representativa destes sectores de actividade mais dinâmicos. Esta entidade, que representa o tecido empresarial moderno, no seu conjunto factura um volume superior a 20% do PIB nacional, contribuindo

Shopping - E de forma mais abrangente, como é que analisa o estado do sector dos centros comerciais em Portugal e na Europa? ASM – Está muito bem. Dificilmente encontramos uma indústria tão resiliente como esta. E porquê? Porque está muito bem organizada. A dinâmica de adaptação a todas as condições de mercado, seja porque um grande operador retalhista pretende entrar num centro e é necessário promover alterações consideráveis no tenant mix, ou porque num determinado momento de crise económica e social é necessário fazer reajustes, tem promovido uma constante melhoria do parque, em todos os aspectos. Tanto em Portugal como em grande parte dos países da Europa ocidental, os mercados estão maduros, mas ainda há espaço para o crescimento, nomeadamente em formatos até aqui preteridos. Os bons exemplos de projectos de urbanismo comercial são paradigmas muito interessantes do modo como as cidades poderão HOPPING 7


Entrevista

Os bons exemplos de projectos de urbanismo comercial são paradigmas muito interessantes do modo como as cidades poderão “aprender” com os modelos de gestão usados pela nossa indústria há mais de 30 anos.

Na actividade de prestação de serviços é fundamental mostrar know-how

“aprender” com os modelos de gestão usados pela nossa indústria há mais de 30 anos. Penso que há uma grande estabilidade em Portugal porque não há muito por onde crescer, mas há países na Europa onde continuam a nascer novos centros comerciais. Há países que, até pela sua dimensão, ainda têm mercado para mais oferta. Shopping - Mas há países na Europa que não têm uma grande tradição de Centros Comerciais. ASM – Sim. Por isso é que começam a dar os primeiros passos e a ter capacidade para crescer. Há países que se atrasaram. Durante muito tempo foram relutantes em aderir a este conceito, mas aos poucos têm evoluído. A França começou, depois esteve anos praticamente paralizada, e neste momento estão novamente a aparecer novos projectos e conceitos. Tal como no Reino Unido. O que está a acontecer é surgirem Centros Comerciais diferentes daqueles que conhecemos. São zonas de cidades que são trabalhadas como centro comercial com partes novas fechadas 8

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e outras abertas e que são integrados como um centro comercial. Isto acontece em Londres, Manchester, Leeds, e outras cidades. Shopping -Quais os desafios que se colocam à indústria no plano institucional? ASM – Acima de tudo lutar contra um certo preconceito ainda existente, embora cada vez menor, que os centros comerciais pertencem a entidades “endinheiradas” e que tudo podem suportar sob o ponto de vista fiscal. Ou seja, que é um negócio fantástico em que se pode pensar em todo o tipo de formas de taxar, pois tudo suporta. Mas não! Os centros comerciais funcionam bem em Portugal. Já funcionaram melhor em termos de resultados, mas as margens não são aquelas que muitos imaginam. Há mais concorrência, portanto os preços baixaram. Não é um mar de rosas! Se há empresas que estão em razoável situação financeira, outras há que não estão. O lojista que vai para um centro comercial não tem essa preocupação. Vai para um centro se entender que está

a funcionar bem e com boa saúde comercial. Estamos perante um negócio que tem boas condições para uma actividade sadia, mas que é arriscado na medida que não depende só do promotor. Shopping - O que é que pode salvar os Centros Comerciais da concorrência do comércio online? ASM – Os Centros comerciais e comércio online não são realidades antagónicas, mas sim totalmente complementares. Aliás acontece um fenómeno interessante, mais na juventude, que vê o produto online, encomenda para entregar em casa, experimenta, vê se gosta ou não e depois vai a uma loja e troca por outro tamanho ou modelo, porque já evitou todo o “aborrecimento” que é para ele ir à loja, mas acaba sempre por lá chegar. Nós devemos de perceber que não temos de lutar contra o online, mas temos de nos adaptar à sua existência. É uma realidade que hoje estamos a observar com muito sucesso, incluindo os movimentos de retalhistas online a abrirem lojas físicas em centros comerciais, mui-


tas vezes para mostrar fisicamente os produtos ou para os entregar. O virtual é muito interessante, mas a experiência de loja é algo que, na minha opinião, não irá acabar. Shopping -Como pode ser feita a integração tecnológica na indústria de ADN imobiliário? ASM – De todas as formas possíveis e imaginárias e ainda de formas que nunca sequer imaginámos. Vou dar alguns exemplos: colocar os directórios dos centros com georreferenciação nos telemóveis de cada cliente; ao entrar num centro ter logo a informação das promoções e oportunidades em função dos gostos específicos de cada cliente que foram previamente customizados; reservar restaurantes ou simplesmente encomendar take-away; comprar os produtos no supermercado online e quando deixar o centro passar com o carro numa zona do estacionamento onde colocam os sacos na bagageira; efectuar os pagamentos virtualmente. Todo o negócio retalhista e toda a integração com as áreas comuns dos centros pode ter um ou muitos suportes tecnológicos associados. Isto acontecerá enquanto houver receptividade. Não sabemos se um dia o consumidor não começará a ficar cansado do excesso de tecnologia, e poderá haver uma alteração para outra coisa qualquer que hoje ainda desconhecemos. Shopping -Para onde caminha a relação entre o Centro, lojistas e o consumidor? ASM – A relação caminha para um constante entendimento entre todos. Temos que perceber cada vez mais o pensamento do consumidor, o que ele quer, estarmos preparados para acompanhar essa necessidade. Quem não fizer, será ultrapassado pelos que fazem. A nossa indústria, na génese, é suporte de uma relação B2B, mas tem diversas particularidades, logo à partida sustentadas pela necessidade da imagem identitária unificada de um centro. No plano B2B o negócio tem de ser entendido como uma parceria. Na relação B2C o centro tem de se posicionar como

um todo, um espaço multifacetado de comércio, serviços e lazer. No Plano B2C o marketing desempenha um papel fundamental, pois o objectivo é que o cliente assuma o centro como seu. Shopping - A relação dos Centros Comerciais com os seus clientes acaba por ficar um pouco refém da relação que os consumidores têm com as lojas porque o sucesso do centro dependo do sucesso das lojas… ASM – Por isso é que há entidades que gerem melhor centros comerciais do que outras. Cada vez mais a grande preocupação de quem gere Centros Comerciais é conseguir ter o mix de oferta necessário para o público que visita aquele centro. Não adianta insistir que aquele público tem de consumir o produto X que está na loja Y. Se o consumidor não o quiser não há nada a fazer, é preciso substituir rapidamente por algo que o consumidor está em vias de começar a aderir e anteciparmo-nos. Quem fizer este tipo de gestão terá muito mais sucesso. Shopping - Os serviços, ou o customer care, é uma tendência e uma exigência do consumidor. Qual é a capacidade da indústria para o desenvolvimento destes serviços? ASM – O desenvolvimento destes serviços são de facto uma das grandes apostas da indústria. Aqui reside um universo de elementos que poderão criar diferenciação entre os centros, posicionar os produtos junto aos seus públicos-alvo. De igual forma, é algo que tem um potencial elevado de desenvolvimento tecnológico. Por exemplo se no futuro indicarmos no GPS do nosso carro que nos dirigimos para um qualquer centro comercial, pode estar já o valet parking à nossa espera, as lojas que costumamos frequentar, prontas para nos receber, com propostas que nós gostamos. Podemos ser questionados se queremos jantar no restaurante habitual para que a mesa seja marcada, ou se, por outro lado, estamos abertos a sugestões. A tecnologia associada a serviços personalizados e reais potencia tremendamente a experiência

no centro. Ou seja, é preciso identificar as pequenas coisas que agradam aos consumidores individualmente, lhes facilitam a vida, e pelas quais estejam dispostos a pagar, mas que no limite até podem não pagar. Aliás a tendência é que cada vez mais os clientes querem serviços gratuitos. Cada vez mais as pessoas acham que têm direitos e por vezes há pessoas que se insurgem contra os consumidores que exigem. Eu acho que é bom que exijam porque essa exigência faz com que a gestão dos centros seja mais cuidada, mais atenta aos pormenores. Se não houver exigência, há tendência para deixar correr. Ao contrário, também há aqueles clientes que exageram, que estão sempre prontos a reclamar, e o fazem no Li-

Temos que perceber cada vez mais o pensamento do consumidor, o que ele quer, estarmos preparados para acompanhar essa necessidade.

vro de Reclamações, mesmo sendo questões que não se enquadram. Shopping -Qual é o papel da inovação, tanto alimentar como não alimentar, neste sector? Parece um cliché, mas a palavra “inovação” é o lugar-comum mais verdadeiro que conheço. Isto porque a palavra é tão abrangente que cabe em todo o lado. Inovação é transversal a todos os processos e atitudes, e o comércio, seja ele qual for, precisa de se inovar em permanência. Na restauração, novos conceitos que surgem, muitas vezes tão simples e bem-sucedidos que até parece brincadeira. Temos de inovar tudo, desde HOPPING 9


Entrevista

Inovação é transversal a todos os processos e atitudes, e o comércio, seja ele qual for, precisa de se inovar em permanência

as lojas à vigilância. A vigilância não tem a ver só com a segurança. O vigilante tem que estar informado e preparado para informar os clientes. Um vigilante não faz limpeza, mas se vir um papel no chão tem por obrigação apanhá-lo. Mas esta obrigação é extensível a todas as equipas que trabalham nos centros comerciais. Se andam profissionalmente neles, se virem algo do género, não se justifica telefonar à pessoa A que vai telefonar à pessoa B para se enviar um empregado de limpeza. Isso demora muito tempo. É preferível pegar no papel e colocar no lixo. Tudo isto porquê? Pelo cliente e seu bem-estar. Os serviços de manutenção têm que ser cada vez mais eficazes para que surjam menos problemas. A era da tecnologia ajuda a inovar o tipo de serviço porque permite ser mais rápido e eficiente. O mais inovador não é o mais complexo. Inovação nos comportamentos de quem nos recebe nas lojas, é muito importante para o cliente voltar. Shopping - A APCC realizou uma viagem aos Emirados Árabes Uni10

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dos. Que acções é que a APCC tem previstas para este ano junto dos seus membros? ASM – Em 2017, no plano das acções mais visíveis, estamos a planear uma viagem de estudo ao Reino Unido porque este continua a ser uma região onde há inovação, onde todos os anos surgem novos projectos e aquilo que fazem tem impacto. Pensamos ainda realizar uma acção de networking para dar conta do trabalho desenvolvido pela APCC. Shopping - Acha que o Brexit vai ter impacto no sector? ASM – Acho que não terá impacto muito significativo. Vai ter em primeiro lugar neles próprios porque vão ficar condicionados. Os outros países também não vão ter a mesma facilidade de relacionamento. Mas o Reino Unido terá de continuar negociar com o resto da Europa. Porém, seria muito melhor que não houvesse Brexit. n


NOTÍCIAS APCC

Assembleia-Geral APCC 2017

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ecorreu na sede da APCC no passado dia 31 de Março, mais uma Assembleia-Geral Ordinária da Associação Portuguesa de Centros Comerciais, a qual teve como

pontos da ordem de trabalhos a apresentação e votação do Relatório de Actividades e Contas do Exercício de 2016, bem como o Plano de Actividades e Orçamento para 2017.

Os pontos foram apresentados aos Associados presentes, tendo sido votados e aprovados por unanimidade. n

APCC volta ao Reino Unido projectos disruptivos como o Box Park, tradicionais como o Westfield, e a algumas das mais reconhecidas intervenções de urbanismo comercial nos centros das cidades de Liverpool e Leeds. Viagem de Estudo APCC 2017 Centros a Visitar LONDRES • Westfield LONDON - Sheppard’s Bush • Westfield STRATFORD - Stratford City • Boxpark - Shoreditch • LDO - London Designer Outlet - Wembley

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oze anos após a primeira Viagem de Estudo ao Reino Unido, a APCC organiza na última semana de Junho mais uma Viagem a Centros Comerciais neste pais, com visitas técnicas programadas para centros localizados em Londres, Manchester, Liverpool e Leeds.

Uma vez mais a escolha dos projectos a visitar baseou-se nas propostas mais actuais, alguns deles representando os mais icónicos centros de nível europeu. Também a diversidade de projectos contemplados irá possibilitar uma assinalável amplitude de conhecimento aos participantes, oferta esta composta por

LIVERPOOL • Liverpool One MANCHESTER • Manchester Arndale • Trafford Centre LEEDS • Trinity Leeds • Victoria Leeds (Victoria Quarter + Victoria Gate)

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NOTÍCIAS APCC

Designer Outlet de Málaga abre portas no final de 2018

É mais um investimento internacional por parte da Sonae Sierra, desta feita em Espanha e mais concretamente na cidade de Málaga. O Designer Outlet, localizado junto ao Centro Comercial Plaza Mayor, tem abertura prevista para o segundo trimestre de 2018 e estima uma oferta com mais de 170 marcas.

O

projecto, desenvolvido em parceria pela Sonae Sierra e pela McArthurGlen, será construído em duas fases. No final dos trabalhos, que deverão prolongar-se até finais de 2018, terá uma área bruta locável de 30 mil metros quadrados e cerca de 170 lojas, com descontos entre 30 a 70 por cento. Trata-se de um investimento global de 115 milhões de euros que Alexandre Pessegueiro, Director de Gestão de In12

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vestimento da Sonae Sierra Espanha, comenta da seguinte forma: «Com este projecto, a Sonae Sierra irá expandir o seu investimento no mercado espanhol, que representa actualmente uma das maiores oportunidades na Europa. Estamos confiantes que a abertura do primeiro Designer Outlet do Sul de Espanha será desde logo um grande sucesso e irá complementar e melhorar a oferta de retalho existente na cidade». O equipamento tem uma área de influência estimada em três milhões

de consumidores a uma distância máxima, por automóvel, de 90 minutos. Por outro lado, a região tem uma forte componente turística e mais de 10 milhões de visitantes deslocam-se anualmente à Costa do Sol. O novo centro comercial encontra-se, aliás, estrategicamente localizado a apenas três minutos do Aeroporto Internacional de Málaga, em deslocação feita por comboio. Do ponto de vista arquitectónico, o Designer Outlet pretendeu reflectir a arquitectura local, destacando-se as áreas abertas, zonas pedonais ajardinadas, fontes e luxuosa praça central. Irá dispor ainda de parque infantil e de estacionamento para 4.350 viaturas. De acordo com comunicado da Sonae Sierra, irá ainda criar 1000 postos de trabalho e constituir um pólo dinamizador da economia local. n


Estudo “The Consumer Experience” diz que Portugueses preferem Centros Comerciais

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estudo “The Consumer Experience”, elaborado pela consultora imobiliária CBRE, afirma que os portugueses preferem os Centros Comerciais às lojas de rua, com 69% dos inquiridos a manifestar essa prioridade nas suas opções de compra, valor bem acima da média europeia, calculada em 55%. O documento mostra igualmente que as escolhas dos portugueses continuam a privilegiar as lojas físicas (85%), por oposição às compras online (15%).

hábitos de consumo dos portugueses diferem substancialmente dos restantes países europeus. O estudo, que teve como objectivo analisar as preferências dos consumidores europeus, cobriu mais de 13 países e 13.000 consumidores em toda a Europa. n

Não obstante, as marcas parecem estar a desenvolver estratégias fortes para o canal: 61% das mesmas interage com os clientes nas redes sociais, quando a média europeia está nos 49%. O Facebook é a rede social preferida para essa interacção, destaca ainda a CBRE, concluindo que os

VIA Outlets alarga portefólio a 10 unidades em oito países

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VIA Outlets concluiu a aquisição do Vila do Conde The Style Outlets, agora denominado “Vila do Conde Porto Fashion Outlet”, ao fundo IRUS European Retail Property. A operadora passa a dispor de 10 unidades em oito países europeus, designadamente Portugal, Suíça, Espanha, Alemanha, Polónia, Suécia, Holanda e República Checa, num total de 245,6 mil metros quadrados de ABL e cerca de 1.000 lojas. Os planos passam, segundo comunicado, por “reformular e melhorar o centro, quer através do recrutamento de mais marcas premium como da melhoria da experiência de compra”. A estratégia passa ainda por um rebranding “completo”, incluindo alteração do nome, e uma orientação crescente para a captação de visitantes internacionais. n

POS LED DISPLAYS UMA NOVA EXPERIÊNCIA DE COMPRA

+351 212 694 991 geral@branddigital.pt

branddigital.pt HOPPING 13 Conheça as vantagens dos POS Led Displays (entrevista do Diretor da Brand Digital)


NOTÍCIAS APCC

Carlos Jesus NOmeado Chairman do ICSC - Innovation Group

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arlos Jesus, Head de Inovação e Mall Activation da Sonae Sierra, foi nomeado pelo International Council of Shopping Centres - ICSC, para o cargo de Chairman do Grupo de trabalho de Inovação, num mandato que se estenderá por dois anos. A sua principal missão será definir um plano de inovação que ajude os membros do ICSC a inovarem nesta indústria. Há 10 anos que Carlos Jesus está à frente da área de Inovação da Sonae Sierra, pelo que dará certamente um

Nova campanha No Forum Montijo

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Forum Montijo investiu 20% do orçamento anual de marketing na campanha “Tempo para ter Tempo”, uma assinatura que pretende reforçar o posicionamento do Centro como um espaço “stress free”. A nova imagem, desenvolvida pela BeNext, sumariza a evolução conceptual do equipamento nos seus 14 anos de existência, alvo de um processo de renovação e melhoria contínuo. A campanha de comunicação envolve outdoors, Imprensa, drop mail para 130 mil lares e canais digitais. n

Iberia Coop adquire dois activos

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fundo Iberia Coop, resultante de uma parceria entre a Sonae Sierra e a CBRE, acaba de adquirir dois activos no Sul do País, nomeadamente o Albufeira Retail Park e as instalações do Hipermercado Continente no AlgarveShopping. Ambos os equipamentos estão localizados na Guia, confluência entre a A22 e a Estrada Nacional 125. No total, o negócio envolve cerca de 27 mil metros quadrados que são transferidos para a entidade de investimento. n 14

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importante contributo na coordenação deste Grupo constituído por profissionais de outras empresas do setor e oriundos de vários países. Não é a primeira vez que este profissional assume funções no âmbito do ICSC: foi vários anos Chairman dos ‘Marketing Solal Awards’ da ‘Conferência Europeia de Marketing’ e membro do júri dos ‘ICSC Maxi Awards’, que distinguem as melhores campanhas de Marketing organizadas pelo sector a nível mundial. n

Forum Sintra inaugura nova âncora

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Forum Sintra conta, desde 16 de Março, com uma nova unidade âncora. Trata-se da loja Kiabi, um espaço com 2000 metros quadrados na área da Moda e Acessórios, considerada estratégica pela Multi Portugal neste equipamento e que, actualmente, representa 60 %

da oferta comercial do Centro. Esta é a primeira unidade da marca de roupa francesa na região de Lisboa e inclui o inovador conceito de quiosques digitais, um sistema de compra tecnológico no qual os clientes podem visualizar o leque de peças disponíveis.n

Retail Mind mantém dinâmica de expansão

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Retail Mind chegou ao final do primeiro trimestre de 2017 mantendo o seu crescimento a nível europeu e apoiando o crescimento das empresas portuguesas no mercado português e internacional, bem como de várias insígnias internacionais que pretendem implementar-se nos vários mercados onde a empresa está presente e colabora. Já em 2017 a Retail Mind abriu a primeira loja da marca italiana Antony Morato no Forum Almada. Por sua vez a Eureka Shoes abriu a primeira loja no mercado alemão bem em Amesterdão, representando um investimento direto de 450 mil Euros. Em Portugal, prevê abrir este ano duas lojas no Porto e Lisboa.

A Under Blue abriu também a primeira loja em Barcelona, The Style Outlets em Villadecans e o seu primeiro franchising no Sambil Outlet, em março. Por sua vez, Manuel Alves Sapatarias terminou 2016 com a abertura no Jumbo de Famalicão, estando prevista várias aberturas em Portugal e Espanha no decorrer deste ano. No setor do Franshising, insígnias como Neck and Neck, Ontop Barcelona e Teddy Group continuam ativamente a trabalhar com a Retail Mind, na procura dos melhores parceiros de negócios para as suas insígnias em Espanha e Portugal. n


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REPORTAGEM

Food Innovation à prova de e-commerce

A cultura gastronómica está definitivamente na moda. A propensão é global e assume contornos sociológicos transversais a povos e geografias. Não se trata apenas da preocupação nutricional, o fenómeno ultrapassa em muito a esfera do individuo e tornou-se, provavelmente, na mais poderosa forma de socialização não virtual dos nossos dias

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crescente preocupação com a qualidade dos alimentos ou o modo como nos alimentamos; dicas de restaurantes; programas e canais de televisão de conteúdos culinários; chef’s a dividirem audiências com estrelas do showbiz e jogadores de futebol, nunca o que comemos e a cultura gastronómica, seja ela qual for, foi alvo de tanta atenção como agora. 16

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Esta incursão elementar e despretensiosa, irá focar-se na perspectiva do relacionamento deste universo, com os Centros Comerciais. Pretende-se aqui realçar o papel da inovação, quais as tendências a considerar quer nas áreas de restauração, quer nas unidades nelas instaladas, e o modo como este trabalho poderá alavancar o tráfego, a permanência dos clientes e a performance da área locada à restauração em particular, e a todo o centro em geral.

Importa aqui referir que é consensual que só conceitos que promovem algum tipo de valor, são bem sucedidos. A par desta inquestionável criação de valor, adicionamos o facto de cada vez mais pessoas comerem fora, cada vez mais vezes, por necessidade, comodidade, ou simplesmente pela experiência. Em todas estas dimensões os Centros Comerciais assumem um assinalável protagonismo, aliás, plenamente reconhecido.


mediapearl@mediapearl.pt Tel.: +351 214 037 656 / 218 680 277 Rua de Xabregas, 2, Piso 2, sala 2.06 • 1900-440 Lisboa


REPORTAGEM

É nesta incessante busca de propostas de valor para os seus visitantes, que observamos de um modo natural a contínua dinâmica dos centros, a acompanhar as tendências das mais diversas categorias do retalho. Mas será eventualmente na restauração, serviços de food & beverage - F&B no canal HORECA e retalho alimentar, que a bandeira da inovação é erguida mais alto, visto que os centros assumem-se como verdadeiros laboratórios de conceitos, de espaços e zonas de restauração que se reinventam permanentemente. Não será, porém, necessário recorrer a apurados estudos para perceber que o nosso país é actualmente um case-study, mercê do incremento do turismo e da valorização que atribuímos à qualidade e autenticidade dos nossos produtos, culinária e boa-mesa. Acresce o reconhecimento do trabalho conquistado pelos profissionais e a excelência e quantidade de propostas, enquanto destinos que proporcionam interessantes experiências gastronómicas. A vertente mais mediática do fenómeno tem colocado Portugal no mapa-múndi - leia-se: com inúmeros e permanentes conteúdos media, guias e apps turísticas, etc. - de um modo geral, focadas na restauração independente. Porém, a restauração integrada, presente no in-

terior dos centros, é inequívoca quando vista pelo lado do aperfeiçoamento sistemático de conceitos de restauração em teste, ou mesmo, no plano das eficiências, quer de processos logísticos dos diferentes operadores e da gestão comum, quer ainda da gestão de desperdícios alimentares. Mas esta mesma restauração integrada torna-se imbatível se a analisarmos na perspectiva do cliente, em que as sinergias presentes no mix se complementam e oferecem muito mais do que a simples soma das partes. Desta forma, as áreas de restauração não devem ser meros amontoados de restaurantes e cafetarias, presentes num espaço comum. Ter uma identidade própria,

composta por variadas propostas de valor, num espaço confortável e moderno, deverá ser o objectivo dos operadores de Centros Comerciais. Diferenciação baseada na Restauração e F&B Segundo um estudo publicado recentemente pelo maior operador de centros comerciais alemão, a ECE Projektmanagement, designado “Destination Food - Food and Beverages in Shopping Centres”, conclui-se que 40% dos visitantes colocam em primeiro lugar, nos critérios de escolha de um shopping, a diversidade e qualidade dos cafés e restaurantes instalados e o conforto das zonas de restauração. Quanto aos clientes sublinhe-se que 55% apreciam os cafés e restaurantes pela oferta se caracterizar como “rápida e prática”; 75% utilizam os foodcourts à hora de almoço; 82% afirmam valorizar a variedade de “cozinhas”; e quanto à permanência, 90% dos clientes demoram-se mais de 15 minutos nas zonas de restauração. Embora evidencie uma realidade específica, o estudo alude a tendência dos operadores de centros comerciais, cuja tarefa de ajustar permanentemente as ofertas, incluindo propostas inovadoras e disruptivas de cafetarias e restaurantes, complementam de forma simbiótica a busca incessante de conforto e modernização sob o ponto de vista arquitectónico do espaço, do mobiliá-

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rio, da iluminação e sinalética, bem como dos serviços comuns. Neste aspecto, o estudo aponta os serviços mais valorizados pelo clientes actualmente, como são os casos do “wi-fi” gratuito e de fácil acesso, dos pontos de carregamento de dispositivos móveis, das estações de trabalho para ligação de computadores portáteis e dos cacifos. Numa perspectiva familiar, são também focados os serviços relacionados com a alimentação infantil, como a disponibilidade de micro-ondas e cadeiras de bébés, bem como a existência de espaços lúdicos para crianças nas zonas de restauração. Quer isto dizer que, falar de restauração, serviços F&B e retalho alimentar por si só, é insuficiente para caracterizar todo um ecossistema estudado ao pormenor. O foodcourt é um verdadeiro laboratório de conceitos inovadores, complementados no mix com as propostas mais convencionais, em espaços comuns confortáveis e aprazíveis.

CascaiShopping

os centros assumem-se como verdadeiros laboratórios de conceitos, de espaços e zonas de restauração que se reinventam permanentemente

Amoreiras Shopping Center

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REPORTAGEM

O momento para os centros comerciais é o de proporcionar a surpresa e o extraordinário

Tendências a seguir Como âncoras fundamentais à operação, as zonas de restauração servem o propósito de sedução pela amplitude

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de experiências gastronómicas que oferecem. A integração de gastronomias tradicionais, étnicas, até projectos de culinária emergentes e inovadores, não são, independentes das grandes tendências que observamos de seguida. Segundo a consultora JLL - Foodservice Consulting, especializada na restauração e serviços F&B, o fenómeno das tendências na área alimentar é em tudo idêntico ao fenómeno da moda. Neste sentido, socorremo-nos do último relatório desta consultora, onde são identificadas 16 grandes linhas, bem como da opinião avalisada de Ian Hanlon, Director desta divisão da JLL. Refira-se que todos os 16 vectores analisados, enquadram-se actualmente no desenvolvimento de negócios inovadores já existente no Reino Unido. O momento para os centros comerciais é, assim, o de proporcionar a

surpresa e o extraordinário, pois o nosso fascínio pela comida eleva as expectativas de forma permanente e continuada. Os que o conseguirem, irão obter resultados não só nas áreas de restauração, mas em todo o centro, quer no tráfego, quer nos tempos médios de permanência. De igual forma, pese embora a tecnologia jogar um importante papel no desenvolvimento de aplicações e ferramentas de apoio à restauração, ainda não é possível comer por intermédio do mundo digital. Este é o pleno território do real e não do virtual. Um território “à prova” de e-commerce. n


16 tendências do foodservice 1 - Consumo consciente - Promover a redução das distâncias que os produtos frescos percorrem, apoiando os produtores e ajudando a incrementar as economias locais; Conhecer a proveniência dos produtos, valorizando os sazonais; Promover o fornecimento de mais informação possível sobre os produtos produzidos de forma sustentável; Combater o desperdício; 2 - É tudo sobre mim - Aumento da minha consciência dietética, compreendendo a máxima “sou o que como”; Promover a alimentação e a confecção natural dos alimentos; Fazer dieta sem sacrifício e ser ocasionalmente indulgente; 3 - Dêem-me o que quero - Cozinhem à minha frente, os ingredientes que eu escolho e que preenchem as minhas necessidades, do modo como gosto e de acordo com as minhas especificações e segredos; 4 - Inovação e descoberta - Tudo se está a reinventar; Os clássicos estão a ser re-imaginados; o velho torna-se novo; os limites são testados permanentemente; as novas tecnologias levam a novas formas de alimentos; o foodservice estimula todos os sentidos; 5 - Impacto da tecnologia - Profunda integração tecnológica em todas as áreas do foodservice; interacção imediata através da partilha nas redes sociais; Auto-atendimento através de aplicativos ou quiosques nos restaurantes; Novos métodos de produção tecnologicamente avançados que economizam recursos; Georreferenciação e localização imediata dos restaurantes; Gestão online de reservas; 6 - Todo o mundo é o palco - Comer fora é uma experiência física. O virtual compartilha em tempo real essa experiência; É importante o décor, a Iluminação, o ambiente cuidado ao pormenor; Imprescindível a instalação de um serviço de wi-fi de fácil acesso e com qualidade, Estas são ferramentas fundamentais

para que a partilha da experiência resulte numa difusão assertiva; 7 - Exclusivamente aleatório - É uma tendência projectada para acompanhar uma procura que se cria, na medida em que atende às necessidades de exclusividade; Podem ser conceitos muito básicos ou topo-de-gama, que se dimensionam à medida da procura e dos momentos no tempo que permitem a sua existência; Vários rótulos possíveis: “nómadas”, streetfood, restauração pop-up ou temporária; 8 - “Gourmet(ização)” - Baseando-se na qualidade dos ingredientes, servidos em óptimo ambiente, permite elevar produtos básicos a outra condição; Os hambúrgueres não são uma tendência, mas sim a forma como os comemos; Aposta nos híbridos, em que são combinados produtos básicos para se criar algo novo; 9 - “Prof-Amadores” em toda a parte - Crescente interesse em aprender e ensinar sobre alimentos e sua confecção; Proliferação de cozinhas-escola; Chefs promovem master classes e potenciam a transferência de conhecimento - o segredo está na partilha; Crescente envolvimento de amadores nos negócios de restauração; 10 - “Mixologia” de Serviços - Novas combinações de serviços e auto-atendimento; Crescente polarização de restauração fast-casual, casual e fine dinning; Maior utilização do formato self-service na restauração de massa, permitindo libertar despesas para aumentar valor na oferta ao cliente; Funcionários com maior engajamento, conhecimentos, destreza e atenção; 11 - Surpreendente abundância - Comida e bebida disponível em todo o lado, a toda a hora do dia ou da noite, em abundância; Conceitos tradicionais adaptam-se a novos formatos Express; Reorientação de marcas para se adaptarem a novos ambientes, formatos e localizações;

12 - “Drink not Drunk” - Crescente oferta de qualidade e diversidade de produtos, e não na quantidade; maior preocupação dos consumidores com o que bebem; Cerveja artesanal, vinho de produção restrita, sumos naturais feitos no momento; Bebidas de qualidade impulsionam fortemente as margens; 13 - Inspiração Asiática - Crescente influência das cozinhas asiáticas, anteriormente focadas na chinesas e japonesa, presentemente na coreana e vietnamita; Crescente oferta de qualidade e salubridade dos produtos; Aposta na diversidade de sabores arrojados, combinando os perfis doces e azedos; 14 - Ética anti-marcas - O desejo de retornar às essências dos alimentos, produzidos com simplicidade e de forma o mais natural possível, está a reverter uma tendência crescente das grandes marcas e cadeias de distribuição alimentar; Preocupação com a produção micro e local dos produtos; Maior genuinidade percepcionada pelo cliente pela inovação e diferença que estes produtos conferem ao mercado; 15 - Diversidade - Os espaços destinados à alimentação precisam de lidar com uma diversidade de consumidores e grupos de utilizadores com necessidades muito diferentes; Flexibilidade dos espaços para acolherem refeições de negócios, em famílias, entre estudantes e adolescentes, os espaços que “naturalmente” consigam separar grupos diferentes; 16 - Qual o caminho do sucesso? - Aumento do valor acrescentado nos produtos mais simples; Utilização de robótica no serviço à mesa e entrega de alimentos ao domicílio; Impressão 3D de alimentos; Carne produzida em laboratório a partir de células estaminais; O futuro poderá passar pela vertente tecnológica permitir a reinvenção dos produtos alimentares e dos serviços; JLL - Foodservice Consulting HOPPING 21


REPORTAGEM

A história por trás das tendências

O Ian Hanlon Associate Director JLL Foodservice Consulting

Todos os anos, a equipa da JLL Foodservice Consulting reflecte sobre as viagens pelo mundo e sobre o que estava na moda, era novo ou inovador no canal HORECA. Reunimos uma lista de 30 tendências-chave que acreditamos irão ter impacto, formar ou influenciar o foodservice no ano seguinte. Resumimos 16 das nossas tendências-chave de 2016 e pensamos que captámos a essência do ano!

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aumento contínuo do foodservice nos Centros Comerciais será particularmente importante em 2017. Em primeiro lugar, este ano o canal HORECA terá o papel central no MAPIC e no MAPIC Itália, com a JLL Foodservice Consulting como parceiro exclusivo. Em segundo lugar, o ICSC encarregou a JLL para desenvolver um estudo global sobre o sucesso da integração das comidas e bebidas nos Centros Comerciais cujas conclusões serão apresentadas na conferência inaugural “Food for Thought” em Austin, Texas e na Conferência Europeia em Varsóvia. Uma coisa é certa, na última década o foodservice nos Centros Comerciais mudou muito para além do reconhecimento. Há inúmeros artigos, comunicados de imprensa e estudos que apontam para um aumento significativo de ABL nos centros dedicado ao foodservice. Em alguns casos observamos, em cinco anos, crescimentos das áreas alimentares para o dobro. Em condições “perfeitas” de mercado, ou seja, se um determinado centro contemplar um mix interessante de retalho e lazer; se as áreas de captação de clientes residenciais e profissionais forem consistentes no tráfego e em poder de compra; se for um projecto moderno e com design inovador; se estiver bem posicionado face aos concorrentes, então é possível que as áreas alimentares atinjam os 15% da área locável disponível. Mas simplesmente construir mais espaço para o foodservice não é certamente uma garantia de sucesso, particularmente se for “mais do mesmo”. Nunca o planeamento detalhado do foodservice foi tão importante. Não existe uma solução padrão que se adapte a todos os problemas. No foodservice, cada activo tem de ser estudado de forma individual, indo ao encontro das necessidades e expectativas dos clientes alvo de um

determinado centro. O que resulta num Centro Comercial pode não se traduzir em sucesso num centro semelhante, mas implantado numa cidade diferente. Os nossos clientes, os proprietários e gestores de activos dos Centros Comerciais, precisam de entender as necessidades de foodservice dos seus visitantes, as oportunidades e ameaças da sua área de influência, bem como ter um entendimento da concorrência ao seu foodservice – o que está na moda, o que teve sucesso, o que é que resulta e que possa estar a atrair visitantes para fazer uma refeição fora, em vez de entrarem nos seus Centros. Os nossos clientes devem também estar conscientes das tendências-chave actuais e as que formarão o futuro do foodservice de forma a garantir que a sua oferta é “actual”, “à prova de futuro” e relevante. Deixem-me dar um exemplo. Uma das tendências que identificámos em 2016 foi a “gourmetização” dos produtos alimentares. Os nossos clientes agora exigem ingredientes com muito mais qualidade, ambientes, apresentação e serviço em vez do produto de foodservice básico, padronizado e funcional que existe há décadas. Pense no humilde hambúrguer de vaca. O alimento básico para a “fast food” desde meados de 1950 que dominou os foodcourts em todo o mundo. O mercado estava a ir bem, o crescimento para as grandes empresas como o McDonalds e Burger King era lento mas estável e a “mensagem do hambúrguer” estava a ser transmitida para novos países e novos territórios. Os nossos clientes começaram a procurar “hambúrgueres melhores”. Na altura, o mercado apenas oferecia duas versões, os hambúrgueres de fast food e os de jantar casual. Um custava 4€ e o outro custava 15€ no Hard Rock Café, no TGI Fridays ou em restaurantes similares. Não havia nada intermédio.


o crescimento de Food Halls no País, esses vastos empórios de gastronomia, estão a desafiar a “norma” das Praças de Alimentação Os clientes não queriam perder horas, gastar 15€ e não queriam um serviço aparatoso, mas queriam “melhor”. Os operadores de foodservice responderam e rapidamente começámos a ver uma das mais importantes tendências crescentes – a “gourmetização” do hambúrguer básico numa categoria inteiramente nova de foodservice a que chamamos “Fast Casual”. Os clientes estavam à procura de melhor. Melhores ingredientes, melhor cozinha, melhor ambiente para comer, melhor serviço e satisfação – e eles estavam preparados para pagar mais por isso! “Shake Shack”, “Five Guys”, “The Good Burger” em Espanha, “Hans im Glück” na Alemanha, “H3” em Portugal, a lista continua e continua. O Fast Casual é hoje a categoria de crescimento mais rápido no foodservice – por isso acredito que o reconhecimento de tendências é tão importante na nossa indústria. Há muito tempo que nos referimos aos “Centros Comerciais” como “Centros de Experiência”, devido ao facto do foodservice moderno ser mais sobre a experiência e menos sobre a transacção. Os operadores de restauração estão muito mais interessados em perceber como a sua oferta e proposta podem enquadrar-se no “cenário em geral”. Eles servem experiências, por isso precisam de outros apoios em redor como foodservices complementares, bons ambientes, áreas de lazer e espaços comuns bem concebidos. Por exemplo, em Portugal, a Sonae Sierra tem estado activa no desenvolvimento de grandes ambientes para os operadores de foodservice. A abertura do Cascais Kitchen no CascaiShopping em Maio de 2016 transformou 800m2 de espaço num ambiente novo para refei-

ções complementar à adjacente Praça de Restauração dominada pelo fast food. Características inovadoras de design, novos operadores de foodservice e a introdução de veículos Street Food combinaram-se na criação de um destino gastronómico distinto, gerando uma média mais elevada de despesa por visitante, uma melhor experiência, mas com o mesmo tempo de permanência da Praça de Restauração. A empresa também está a investir na melhoria da experiência de cliente em clusters de alimentação com sucesso no NorteShopping e no Centro Comercial Vasco da Gama. Da mesma forma, o Dolce Vita Tejo está a transformar a sua Praça de Alimentação e área de restaurantes que deverá ser revelada durante este ano, e que mostrará uma melhoria significativa no ambiente, no sentido de espaço e local. As Praças de Alimentação têm sido sempre uma opção “go to” em Portugal, ao oferecer massa crítica de área de foodservice, apoiada pela relativamente baixa taxa de empregabilidade, comparada com a maioria do resto da Europa, o que as torna economicamente mais viáveis. No entanto, o crescimento de Food Halls no País, esses vastos empórios de gastronomia, estão a desafiar a “norma” das Praças de Alimentação. O bem-sucedido Mercado Time Out Lisboa, hoje a atracção turística nº1 na cidade, mostrou que a combinação de comida recém-feita, num espaço bem concebido com um ambiente divertido e inclusivo está a estabelecer o padrão. Os Food Halls, o modelo de “come ou compra” tem estado na vanguarda do desenvolvimento gastronómico nos últimos anos, reunindo mais espaço em artigos do que qualquer outro conceito de foodservice. O Time Out Porto irá

seguir-se com a abertura no final de 2017 na icónica Estação de São Bento, um novo “must do” turístico ao visitar a cidade. E essa é a beleza dos Food Halls. Para aqueles sortudos que têm esse tipo de conceitos “à sua porta”, esses espaços são mais ou menos a norma aquando da saída semanal com os amigos, família, parceiros ou colegas de trabalho. Mas há um “mas” – as Food Halls são um enorme imã de turistas – algo que os utilizadores não conseguem na sua própria cidade – algo novo, peculiar, “destinacional” – “um destino a que as pessoas vão de propósito”. Na verdade, 40% dos visitantes de Eataly em Nova Iorque são visitantes da cidade, um número que catapultou a loja para a 4ª atracção turística mais visitada. O poder de alavanca da boa comida em ambientes excelentes com um cenário vibrante e energético é inequivocamente forte. Junte um mercado turístico forte, invista em marketing e reconhecimento, encontre o edifício certo, bons conceitos de foodservice e está a meio caminho de ter sucesso na criação de um destino gastronómico. Então o que é que irá acontecer este ano? 2017 deverá ser uma combinação de entusiasmo e cautela. Acreditamos que deverá ser o ano em que se ouvirá na Europa que existe “demasiada comida” nos Centros Comerciais. Será duro para os que simplesmente, e sem critério, aumentaram o número de restaurantes e de praças de alimentação nos Centros Comerciais. O Tenant Mix, os fluxos de tráfego diários, a economia e a psicologia do cliente não podem ser ignorados – mas muitos fizeram-no! Esta é a diferença entre “food agency” e “food consultancy”, trata-se apenas de “foodie intelligence” no mercado actual. n HOPPING 23


Opinião

Futuro

Desafios do Retalho Imobiliário

Bill Kistler Managing Director ICSC Europe

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porquê? Podem perguntar. Por que razão escolhi este momento para mergulhar de cabeça como o novo responsável executivo do ICSC Europe, numa indústria que está no meio de uma mudança rápida e profunda? Em primeiro lugar, tal como quase todos os leitores deste artigo, sou um dos que se entusiasma e cresce com os desafios. A minha carreira no sector do imobiliário tem sido uma viagem de montanha-russa feita de constantes mudanças e desafios. Desde um início na IBM, ainda quando a tecnologia estava a transformar o “como” e o “onde” as pessoas trabalhavam, até construir o Urban Land Institute na região EMEA, tive sempre o privilégio de assistir na primeira fila às tendências que estão a transformar a nossa indústria. 24

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Vivemos tempos extraordinários na indústria do retalho imobiliário. Não serão tempos, porém, para quem tem o coração fraco, ou para aqueles que não se entusiasmam com os desafios. Sejam investidores, promotores (developers), gestores de activos ou consultores, é muito provável que o modelo de negócio, cuja estabilidade era um dado adquirido, esteja hoje mais disruptivo do que nunca. Esta experiência convenceu-me que o retalho é o sector mais complicado, interessante e importante dentro da indústria do imobiliário. Complicado e interessante por via do acelerado ritmo da mudança, de uma gama muito diversa de clientes, bem como de um vasto mix de intervenientes que são necessários para conceber, desenvolver e gerir projectos bem-sucedidos. É importante como nenhum outro sector da indústria porque os ambientes proporcionados pelo retalho imobiliário são locais que aproximam as pessoas, e são a pedra angular das comunidades. Comparado com outras categorias dentro do imobiliário, o retalho é facilmente diferenciável por comportar a classe dos activos mais dinâmicos e inovadores. Por exemplo, enquanto

os sectores dos escritórios e residencial têm também de se adaptar às alterações demográficas e aos comportamentos dos consumidores, a medida-padrão de tempo utilizada para avaliar o ritmo das alterações destes sectores é a década. No retalho, por seu turno, a medida-padrão é a temporada (season). O “como” e “onde” as pessoas vivem e trabalham também têm sido afectados pela rápida evolução tecnológica, mas não tanto quanto o “como” e “onde” as pessoas compram Enquanto muitos vêem o impacto da Internet e das compras online, em última análise, como uma ameaça existencial para o retalho, eu acredito que o oposto é verdadeiro. Não há dúvida de que representa um de-


O comércio electrónico tem sido um catalisador para um período extraordinário de inovação

safio que tanto os retalhistas como os proprietários devem enfrentar. Como tal, porém, o comércio electrónico tem sido um catalisador para um período extraordinário de inovação no sector do imobiliário do retalho. A qualidade do local e do serviço são novamente importantes, talvez mais do que nunca.

Comparado com outras categorias dentro do imobiliário, o retalho é facilmente diferenciável por comportar a classe dos activos mais dinâmicos e inovadores

Tempos como este favorecem os imaginativos, os ágeis e os ousados. As organizações em negação ou lentas a adaptarem-se não irão sobreviver. Irão existir vencedores e vencidos, com os vencedores a anteciparem e a tirarem proveito da disrupção. Eles serão os primeiros a compreender as alterações no comportamento dos consumidores, a colaborar com os retalhistas na criação e gestão de ambientes que proporcionem experiências com as quais o comércio electrónico não conseguirá competir.

duos, os pares e os concorrentes no mercado, de forma a colaborarem em benefício mutuo. Ambas trabalham na promoção dos interesses da indústria junto dos decisores políticos. A única diferença real é o foco geográfico. A APCC está focada nas tendências de mercado, necessidades e interesses dos seus associados em Portugal. A ICSC é uma rede global que liga colegas em Portugal com os seus homólogos no mundo.

É precisamente em tempos como estes que organizações como o ICSC e a Associação Portuguesa de Centros Comercias (APCC) são mais valiosas. Elas proporcionam as plataformas de ligação entre pares, compreendem as tendências e partilham visões. Através de eventos, oportunidades de networking, pesquisa e aconselhamento, estas organizações são o suporte e o apoio da indústria do imobiliário de retalho.

A APCC é afiliada da rede de Associações e Comités Nacionais do ICSC na Europa. O ICSC Europe apoia mais de 7.500 membros com eventos internacionais, pesquisa e aconselhamento em prol da indústria e enquanto interlocutor junto da União Europeia. Estamos a trabalhar na construção uma plataforma mais forte para os nossos membros Europeus trocarem ideias e oportunidades através ultrapassando as fronteiras.

E como é que o ICSC e a APCC estão relacionados? As suas missões, associados e actividades são, de facto, muito semelhantes. Ambas reúnem os diversos sectores, profissões, disciplinas e empresas que compõem o sector do imobiliário de retalho. Ambas aproximam as organizações e indiví-

Em tempos de grandes alterações, incerteza e disrupção, o papel das organizações como a APCC e a ICSC Europe é especialmente importante. Cultivar a colaboração através das fronteiras, sectores e disciplinas será vital para a prosperidade da indústria dos Centros Comerciais no futuro. n HOPPING 25


internacional

Conferência Europeia debate futuro e atribui ICSC awards 2017 A 42ª edição dos Prémios ICSC teve lugar a 26 de Abril, em Varsóvia (Polónia) depois de dois dias de conferência europeia em que foram abordados os temas mais prementes da actualidade dentro da indústria. Nos prémios, destaque para França e Áustria como geografias de eleição, pois dos quatro galardões em disputa, cada um destes países foi contemplado com dois prémios. Adicionalmente foram entregues três menções honrosas, desta feita para projectos situados na Ucrânia, Holanda e no país anfitrião.

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oram cerca de 600 os delegados que estiveram presentes na capital polaca durante a Conferência Europeia anual do ISCC que se realizou a 24 a 25 de Abril, culminando o evento com a atribuição dos Prémios ICSC. Sob a égide “Liderança de reflexão para a elite do imobiliário de retalho, diversos foram os oradores que expuseram as suas ideias e identificaram tendências que irão moldar o futuro do sector.

ção é um elemento essencial para o sucesso do centro comercial e requer uma abordagem cada vez mais evoluída. A ideia foi transmitida pelo novo CEO da Atrium, Liad Barzilai durante o painel subordinado ao tema Retalho - O coração das Grandes Cidades. Neste painel, que encerrou a manhã do segundo dia, foi apresentada uma visão sobre a forma como o retalho está a impulsionar a recuperação urbana e a revigorar as economias.

Uma das conclusões nascidas do debate de ideias foi que a localiza-

Abraçar a mudança foi outra das ideias-chave que surgiu durante a

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conferência, no painel “Abraçar a disprupção - retalhistas a repensar o futuro. O painel abordou a forma como os retalhistas evoluem para se manterem à frente da concorrência no mundo em rápida alteração do retalho. Apesar do que tem sido escrito sobre o impacto negativo da fraca demografia, do crescimento económico débil e do crescimento do comércio electrónico no modelo tradicional de centro comercial, há quem defenda que a indústria vai enfrentar o desafio com novos modelos inovadores. No painel dedicado aos “Desafios e Oportunidades em


Tom McGee - ICSC CEO

Oradores no painel Desafios e Oportunidades em tempos incertos

tempos incertos”, David Fletcher, chefe do executivo da Pradera defendeu que muitas vezes é possível encontrar submercados mais positivos ao nível da cidade, embora reconheça dificuldade em identificar os lugares certos.

irão influenciar e remodelar o sector imobiliário do retalho. O investigador abordou os riscos que representam para as economias europeias, factos como o aumento da imigração e da desigualdade num mundo de baixo crescimento que elevam o descontentamento com a globalização, e levam ao surgimento de fenómenos de crescente populismo nacional, e como reagirão os consumidores.

A apresentação “Turning Point - Fazer sentido em 2017 e além” pelo professor da London School of Economics, Amlan Roy deu as suas perspectivas demográficas sobre as tendências económicas, políticas e sociais que estão em mudança e que

A tecnologia não foi esquecida e o programa da conferência incluiu um painel sobre como aproveitar as

Josip Kardun - presidente ICSC EUROPE

novas tecnologias para melhorar a experiência de compras, abordando assuntos como o que está previsto no mundo das aplicações para comunidades e como é que as novas tecnologias podem ajudar os retalhistas a concorrer. n

Painel “O retalho no coração das grandes cidades”

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internacional

Vencedores

VENCEDORES Novos centros comerciais – pequena dimensão Promenade Sainte-Catherine – Bordéus (França) Localizado na zona histórica da cidade, plataforma digital para gestão das coentre as duas principais ruas de comér- municações online. cio, o Sainte Chaterine é um centro ao ar livre disposto em dois andares e que, Enquanto o piso superior é dediatravés de uma cuidadosa escolha de cado à moda, saúde, beleza e enmateriais, se integra de forma harmo- tretenimento, o piso de baixo cria niosa na envolvente arquitectónica. Sem uma ambiência de oásis urbano, prejuízo dessa opção arquitectónica, destacando-se a praça central e diconsegue ao mesmo tempo reflectir versas zonas ao ar livre, assim como modernidade, por exemplo através de uma larga oferta de restauração. O uma parede LED exterior de 40 metros Centro demorou quatro anos a ser quadrados ou através de uma avançada construído devido à necessidade de Novos centros comerciais – média ou grande dimensão Polygone Riviera – Cagnes sur Mer (França) Este é agora o maior centro a céu aberto des palmiers disponibiliza uma selecem território francês. Localizado no co- ção variada de lojas e lazer, ao mesmo ração da Riviera, pero de Nice, Cannes tempo que a última zona, com o nome e da fronteira com Itália, apresenta um Quartiers des Saveurs, está focada na total de 150 lojas divididas por quatro restauração. zonas comerciais distintas. A designer Gallery inclui lojas conceito e marcas Com um conceito lifestyle claramente aspiracionais, enquanto a área deno- definido, o centro apresenta ainda salas minada Quartiers des Arcades dedica- de cinema, casino, equipamentos de -se à moda e cultura. Já a Promenade lazer para os mais novos e um palco 28

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respeitar heranças arqueológicas remanescentes na zona, mas acabou por conseguir uma integração exemplar neste particular. Promotor: Redevco Arquitecto: Valode & Pistre ABL: 18.640 Nº Lojas: 38

ao ar-livre, bem como estacionamento para 3.000 viaturas. Promotor: Socri Promotions e Socri Reim Arquitecto: José Ignacio Galán Martinez, Philippe Caron, Frédéric Ducic ABL: 70.000 Nº Lojas: 150


Reconhecimento do ICSC

Da esquerda para a Direita - Bill Kistler - ICSC Executive Vice President & Managing DirectorEMEA; Elizabeth Holland - CEO of Abbell Associates LLC &ICSC’s Chairman for 2016-2017; Tom McGee - President & Chief Executive Officer; João Correia de Sampaio - Director, Property Management Sonae Sierra & Chairman European Shopping Center Awards; Josip Kardun - CEO MULTI & Chairman of European Advisory Board

a João Correia de Sampaio João Correia de Sampaio - Director, Property Management da Sonae Sierra, foi distinguido pelo seu trabalho enquanto membro do júri dos ICSC European Shopping Center Awards ao longo dos últimos 5 anos, e mais recentemente enquanto Chairman nos mandatos de 2015/16 e 2016/17. Estas prémios são o mais alto galardão atribuído aos centros comerciais europeus, sendo os finalistas anunciados publicamente por ocasião do MAPIC, em Cannes, no mês de Novembro, e os vencedores revelados na cerimónia que se realiza anualmente na Conferência Europeia do ICSC, no mês de Abril.

Centros estabelecidos Europark Salzburg – Salzburgo (Áustria) Este centro mereceu a distinção por parte têm lugar diversas manifestações de índo ICSC devido ao seu design icónico, ao dole cultural. Estrategicamente situado inovador mix comercial e à variedade de ao nível das acessibilidades rodoviárias, opções na área da restauração. Especial- tem capacidade de parqueamento para mente arejado e mostrando particular 42.000 veículos, além de ligações direcatenção aos aspectos de circulação no tas a eixos de transporte transregionais, seu interior, com destaque para o con- de autocarro e comboio. Anualmente, junto de escadas rolantes estrategica- recebe a visita de mais de 10 milhões mente localizadas para facilitar acessos de pessoas. entre os dois pisos, o centro destaca-se também por constituir um pólo central Promotor: SES Spar European Shoppara encontro de agricultores biológicos ping Centers e orgânicos, que regularmente ali apre- Arquitecto: Massimiliano Fuksas sentam as suas propostas. Entre várias ABL: 50.700 virtudes, merece realce o palco oval, onde Nº Lojas: 124 Projectos de requalificação – pequena dimensão Weberzeile, Ried im Innkreis (Áustria) O Weberzeile é um pequeno mas mo- plantas e fontes. Acresce uma pequena derno e central espaço comercial, cuja galeria de arte e o maior centro de enprincipal característica é combinar de tretenimento da região para os mais forma equilibrada uma oferta de mar- novos. Estes argumentos fizeram com cas internacionais e regionais. Com que se tornasse num importante pólo dois pisos e muito focado na moda - dinamizador na revitalização do centro cerca de dois terços das lojas estão da cidade. neste ramo de actividade – tornou-se num ponto de encontro da comuni- Promotor: SES Spar European Shopping dade devido ao conforto do espaço, Centers iluminado por luz natural através de Arquitecto: ATP Architekten Ingenieure um tecto de vidro e exibindo diversas ABL: 21.684 zonas de descanso e ornamentos como Nº Lojas: 45

Menções honrosas A par dos vencedores, e como já vem sendo hábito, o ICSC atribuiu igualmente uma série de menções honrosas. Na área de novas construções (média ou grande dimensão), mereceu destaque o Forum Lviv, precisamente na cidade de Lviv (Ucrânia). O centro comercial tornou-se uma referência para desenvolvimentos urbanos no país e conseguiu atrair diversas marcas internacionais, mesmo no cenário de turbulência política que assola aquela zona do globo. Uma segunda menção honrosa foi atribuída ao Gelderlandplein, localizado em Amsterdão (Holanda). Trata-se de um centro de média dimensão que recebeu esta atribuição com base no projecto de renovação/expansão completado em 2016. Trata-se de um equipamento histórico da cidade – foi inaugurado em 1968 – mas a profunda reformulação faz dele, actualmente, um centro comercial moderno e atractivo, de acordo com as tendências que norteiam o desenvolvimento de espaços comerciais nos dias de hoje. Finalmente, e também na área de renovações e expansões, foi atribuída uma terceira menção honrosa ao Aleja Bielany, localizado em Bielany Wroclawskie (Polónia). Trata-se de um centro de grande dimensão que foi igualmente alvo de profundas alterações ao nível arquitectónico, no departamento estilístico e na vertente operacional. Passou de um centro formatado em moldes tradicionais – à volta de um hipermercado e duas grandes âncoras - para um equipamento que incorpora os mais recentes conceitos e estratégias aplicados no sector. HOPPING 29


internacional

Conferência “Food for Thought” antevê crescimento e diversificação das áreas de restauração

A

principal conclusão da conferência “Food for Thought”, organizada pelo ICSC no final de Março em Austin (no estado do Texas – EUA), aponta para uma crescente relevância da restauração no âmbito dos espaços dedicados a retalho. De facto, em apenas dez anos, a área dedicada cresceu de 5% do espaço total para valores na ordem dos 9%, nos Estados Unidos, e acima de 10 a 15% no contexto europeu, revelou o ICSC. As perspectivas antevêem que essa tendência se irá manter nos próximos tempos, atingindo cerca de 20 % da área total dos espaços comerciais em 2025. Este cenário, avançou ainda o organismo, está intimamente ligado à própria evolução conceptual dos centros comerciais, cada vez mais espaços de convívio e reunião, onde a experiência de compra é combinada com o lazer. O ICSC salienta que a qualidade dos serviços de restauração também evoluiu favoravelmente, com a localização de inúmeros conceitos gourmet, restauração de excelência e espaços de comida saudável. Por oposição ao cenário verificado há dez anos, quando o fast food ditava leis, as zonas de restauração estão agora mais cuidadas, com uma oferta bastante variada de inegavelmente de maior qualidade. Por ocasião da conferência, Garrick Brown, responsável da Cushman & 30

HOPPING

Wakefield, afirmou mesmo que “actualmente, os food courts são provavelmente a questão mais central no sector da promoção imobiliária”. A tendência aponta claramente para o crescimento de conceitos de comida saudável, mas isso não impede as tradicionais pizzarias e hamburguerias de terem o seu papel a desempenhar. Simplesmente, estes conceitos estão também eles a evoluir, reorientando a oferta para soluções mais saudáveis, que respondam às exigências do consumidor moderno. Os conceitos premium que têm vindo a florescer são disso o melhor exemplo. Para os proprietários dos centros, adianta ainda o ICSC, esta situação traz vantagens, na medida em que a estabilidade deste tipo de estabelecimentos tende a ser maior do que nas restantes lojas. Em média, o tempo de

localização dos restaurantes é de dez anos, quando no retalho tradicional varia entre cinco a dez. Segundo o organismo, e considerando as expectativas de retorno por parte dos operadores de restauração, a expectativa é de recuperar o investimento em três anos, ainda que esse prazo possa variar bastante, chegando a situar-se nos sete anos desde o início de actividade. Após esse período, existe geralmente a necessidade de actualizar e refrescar os conceitos, novamente respondendo às tendências de mercado e de consumo. n

as zonas de restauração estão agora mais cuidadas, com uma oferta bastante variada de inegavelmente de maior qualidade


World Retail Congress 2017

O

World Retail Congress decorreu de 4 a 6 de Abril, no Dubai, e mostrou a relevância crescente das manifestações do sector de retalho. O evento, que teve por mote “reimaginar a experiência do consumidor”, destacou-se pela qualidade dos painéis e pela abrangência à escala global. Dos vários momentos, destaque para os Prémios, com um leque de categorias inovadoras que mostram a diversidade de ângulos com que é possível medir e analisar as práticas dos operadores. A Amazon foi considerada melhor insígnia retalhista do ano. A empresa de vendas online concorria com outros gigantes – como Grupo Inditex ou a

Walmart - mas acabou por arrecadar o troféu devido ao sucesso da sua estratégia e ao desenvolvimento do negócio, que passou pela estreia em lojas físicas. A vertente digital, aliás, foi uma das componentes centrais nas atribuições, tendo o grupo turco Boyner ganho na categoria de melhor iniciativa digital dirigida ao consumidor, onde concorreram marcas como El Corte Inglés ou Marks & Spencer. No que diz respeito a iniciativas em loja física, os norte-americanos da Tommy Hilfiger conseguiram o primeiro lugar, enquanto ao nível da inovação e criatividade o troféu foi entregue à Marks & Spencer. Na categoria design de loja, destacaram-se os tailandeses da Siam

Discovery Exploration, ao mesmo tempo que o prémio para melhor campanha publicitária voltava a sublinhar a relevância da Marks & Spencer neste universo, através da campanha “Christmas with Love from Mrs. Claus”. A Toms, oriunda dos Emirados Árabes Unidos, foi considerada a insígnia mais responsável do ano e a Sephora levou para casa a distinção de retalhista internacional do ano. Foram ainda entregues algumas distinções a nível pessoal, nomeadamente destacando a capacidade de liderança (Mindy Grossman, CEO do HSNi) e a dinâmica empreendedora (Alyce Tran, co-fundadora do The Daily Edited, localizada em Sydnei, Austrália). n

HOPPING 31


INDICADORES

Índices APCC

Vendas a crescer

O

s centros comerciais portugueses revelaram no 1.º Trimestre de 2017, a continuação das tendências registados nos períodos anteriores, com uma nota genérica para o prosseguimento da quebra nos valore de tráfego, acompanhados pelo aumento nas vendas, revelando um crescimento do valor do ticket-médio por visitante. Este é, aliás, um paradigma de comportamento dos indicadores nestes anos pós-crise. Assim, enquanto que o tráfego decresceu 3,1%, as vendas subiram 2,6%, no que respeita à comparação do 1.º Trimestre de 2017, com período homólogo de 2016. Sublinhe-se ainda que, no acumulado do ano 2016, constatou-se um decréscimo no tráfego de 1,1%, enquanto que as vendas subiram 1,4%, face a 2015. n

Índice de Tráfego APCC BASE 2010=100 Variações Homólogas (%)

Índice de vendas APCC BASE 2010=100 Variações Homólogas (%)

2013/2012

2013/2012

1.º Trimestre

2.º Trimestre

3.º Trimestre

4.º Trimestre

1.º Trimestre

2.º Trimestre

0,1%

2,6%

3,2%

3,3%

-0,1%

0,9%

1,4%

3,2%

3.º Trimestre

2014/2013 4.º Trimestre

-0,5% -0,6% -0,5% -2,3% -0,6% -1,4% -1,0%

1.º Trimestre

2.º Trimestre

2,0%

4,6%

0,2%

2.º Trimestre

3.º Trimestre

1,3%

3.º Trimestre

1.º Trimestre

2.º Trimestre

5,0%

3,3%

-3.1%

32

HOPPING

3.º Trimestre

3,9%

4,1%

4,2% 4,1%

4,0% 1.º Trimestre

2.º Trimestre

3,1%

-0,6%

3.º Trimestre 4.º Trimestre

0,2%

1,2%

2,5% 1,4%

1,4%

2017/2016 2.º Trimestre

3.º Trimestre 4.º Trimestre

2016/2015 4.º Trimestre

-1,6% -2,2% -1,6% -0,2% -1,9% -1,1%

-0,2%

3,3% 4,5%

4,0%

2016/2015 2.º Trimestre

5,9%

2015/2014 4.º Trimestre

-1,9% 0,6% 0,3% -0,8% 0,5% -0,2%

1.º Trimestre

3.º Trimestre 4.º Trimestre

3,4%

2015/2014 1.º Trimestre

4,0% 3,2%

1,9%

2014/2013 2.º Trimestre

2,1%

0,4%

2,3% 1.º Trimestre

3.º Trimestre 4.º Trimestre

2016/2015 4.º Trimestre

1.º Trimestre

2,6%

2.º Trimestre

3.º Trimestre 4.º Trimestre


Índice de Tráfego Jan

Fev

Abr

Mar

Mai

Jan-2010 a Set-2016 Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

130,0 125,0

2010

120,0

2015 2016

115,0 110,0 105,0 100,0 100,0 95,0 90,0 85,0

2017

80,0 75,0

2.º Trimestre

1.º Trimestre

Índice de Vendas Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

3.º Trimestre

Jun

Jul

Ago

4.º Trimestre

Jan-2010 a Set-2016 Out Dez Set Nov

180,0

2010 2015 2016

170,0 160,0 150,0 140,0 130,0 120,0 110,0 100,0 100,0 90,0 80,0

2017

70,0 60,0

1.º Trimestre

2.º Trimestre

3.º Trimestre

4.º Trimestre

HOPPING 33


A FECHAR

ICSC antecipa recuperação no retalho Um relatório recente ICSC (International Council of Shopping Centers), citando dados do Euromonitor, antecipa que o sector do retalho europeu conseguirá, em 2019, recuperar os níveis de vendas registados em 2007, ano em que se verificou o maior volume desde o início do século. O organismo prevê que, entre 2015 e 2020, a evolução das vendas se cifre nos 5,8 pontos percentuais, estabelecendo novos recordes nas vendas e consolidando uma recuperação sustentada na indústria.

European Retail Sales 3,450,000

2.0%

3,400,000

1.5%

A narrativa passa pela convergência dos mundos online e offline. «Em último caso, uma venda é uma venda», assinala o ICSC. Até certo ponto, ambos os canais parecem estar a fundir-se. A loja pode funcionar como 34

HOPPING

0.5%

3,300,000

0.0% 3,250,000 -0.5% 3,200,000

-1.0%

3,150,000

-1.5%

3,100,000 3,050,000

Segundo o ICSC, as estratégias omni-canal alteraram o papel das lojas. Estas deixaram de se concentrar somente nas vendas físicas e focam-se agora na envolvência do cliente, construindo imagem de marca e promovendo vendas em todos os canais. O objectivo é assegurar uma experiência de compra positiva ao longo de todo o processo, desde a pré-venda à pós-venda.

1.0%

3,350,000

Year-on-Year Growth

Rtail Sales Euros Millions (excl sales tax)

O

mesmo documento assinala que, apesar dos elevados níveis de crescimento das vendas online, o canal das lojas físicas contínua a ser dominante e responsável por cerca de 92% do total de vendas. O denominado e-commerce, refere o ICSC, representa 6,7% deste universo e, não obstante o crescimento anual a dois dígitos, mostra sinais de alguma desaceleração nos níveis de variação.

-2.0%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Total Sales

-2.5%

Year-on-Year Growth

Fonte: Euromonitor

showroom para uma venda que é depois concretizada online, mas o sentido inverso também se verifica, ou seja, os consumidores procuram informação na internet mas realizam a compra efectiva deslocando-se às lojas. Em acrescento, há compras online que são efectuadas no próprio espaço de loja, mostrando que as fronteiras entre ambos os canais estão mais diluídas. O fenómeno confirma-se também pelo facto de muitos operadores

online estarem a abrir lojas físicas, como foi o caso da livraria Amazon em Seattle, inaugurada em 2015. O gigante das vendas online, aliás, já anunciou que pretende continuar este processo. Ao mesmo tempo, os operadores “tradicionais” reconhecem o avanço da componente web e assumem estratégias multi-canal, contribuindo para esta fusão de actos e momentos de compra num conceito mais vasto de experiência de compra. n




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