Shop Talk Magazine #2

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Editorial

Desejo, necessidade, vontade Desde que o mundo é mundo, existe o homem, existe fome e o que se come. A única coisa que mudou foi, exatamente, o modo como se come e, claro, como esse homem passou a interagir com o universo criado ao seu redor, cheio de sabores, cores, texturas e humores. Avanços tecnológicos, mudanças nas estruturas comerciais, mercadológicas, e também na forma de convívio. O varejo acompanha e se reveste dessas mudanças, fazendo perceber, através de suas lentes, como o consumidor passou a se entregar aos produtos e marcas através de outros canais que até então não eram possíveis. Da explosão da era touch à singela organização dos pequenos mercados, tudo se reveste de símbolos para criar vínculos emocionais com o seu interlocutor. É dessa criação de desejo, de vontade, além da necessidade, que estamos falando. É da intensa pesquisa de comportamento e da emergência de coisas novas que extrapolam as fronteiras geográficas que estaremos tratando neste número. É sobre fazer algo novo, sem ser novidadeiro. Com foco nos espaços destinados à exposição de produtos e serviços do setor de comestíveis, nossa segunda edição faz um sobrevôo através de lojas especializadas espalhadas pelos quatro cantos do mundo com o objetivo de saciar nossa fome de informação, de criação e de inspiração. E você? Você tem fome de quê?

Daniel Fonseca e Alvise Lucchese contato@weareshoptalk.com


Colaboradores Caio Camargo

Carol Lopes

Autor e editor do blog Falando de Varejo. É arquiteto, palestrante, colunista, professor e gerente de negócios do GAD. É de sua autoria o texto À Flor da Pele.

Mestre em Comunicação, a designer gráfica Carol Lopes, é editora do blog Oficina do Design. É seu o texto e as fotos que ilustram a matéria Oceano Vivo.

Erika Herrera É designer industrial, mexicana, e tem fascínio por varejo e VM. É editora do blog The Shop Window. Para esta edição ela assina o texto Remédios Mágicos.

Gregório Reis Mestre em Comunicação, o diretor criativo já atuou em projetos pela Europa, Oriente Médio e China. Para esta edição, ele desenvolveu as ilustrações de nosso especial Tecnologia.

Kirill

Luciana Vasques

Editor do portal Vitrinistika.ru, a primeira revista eletrônica russa sobre VM. Para a seção Pelo Mundo, ele traz as fotos das vitrines de São Petersburgo e Moscou.

Fotógrafa por formação, é professora universitária na Austrália. Apaixonada pela vida, continua a comprovar que quem sabe assobiar é mesmo o sabiá. Fotografou o Japão em Pelo Mundo.

Otávio Santiago Diretor de arte por trás do estúdio OSC Desing, onde realiza projetos de branding, design e web, ele traz as fotos de Los Angeles para a seção Pelo Mundo.

Luiza Paiva

Rafael Moretti

Gestora de negócios da moda, é editora do blog Perles de la Mode. Apaixonada por VM e fotografia, clicou as vitrines e espaços comerciais de Londres para a seção Pelo Mundo.

Formado em Letras, Rafael Moretti é produtor de cinema e entusiasta das artes plásticas. É dele o texto A Vitrine do Pop, sobre arte, vitrine e Andy Warhol.

Thiago Fosk Artista plástico e aficionado por tudo que envolve imagem, atua no mercado editorial há 5 anos.São suas as ilustrações da matéria A Vitrine do Pop.


Sumário Short Stories Design, moda, cultura, tencologia e mais...

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Matéria de capa Você tem fome de quê?

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Reportagem Proximidade, conexão e entretenimento

dolores nocito

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50 Especial 60

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Felix de voss/divulgação

34 Customizar é preciso! 46 Oceano vivo 49 Dos campos para a vitrine O varejo é tecnológico

Pelo Mundo Los Angeles

80 Opinião

À flor da pele

82 DNA Brasileiro

Daniel Fonseca

62 Londres 66 Japão 70 Rússia 78 São Paulo

33

Belém fashion

86 Onde achar

50

gregório reis

84 Last Shot


Design

Moda

Cultura

Tecnologia e mais...

Fotos: divulgação

Short Stories

Arquitetura móvel Mobilidade e interatividade na criação parecem mesmo ter sido as palavras escolhidas pela estudante de arquitetura Sahar Fikouhi ao desenvolver o ARCHI-MATON, um aplicativo de celular que usa tecnologias de realida-

de aumentada para simular criações de desing e arquitetura em tempo real. O aplicativo, ainda em fase de prototipagem, permite que o usuário visualize os desenhos criados através de uma vertente do espaço físico em

tempo real. De acordo com Fikouhi, a ideia é usar a tecnologia para detectar especificidades do contexto físico do ambiente, para depois desenvolver uma estrutura em 3D que corresponda à realidade.

O futuro por Simone Micheli Atenção à sustentabilidade, interiores modernos, com formas orgânicas, iluminação vibrante e com cores fortes. Assim é caracterizado o trabalho de um dos arquitetos mais conceituados da Europa, Simone Micheli. Suas criações estão espalhadas por diversos países da Europa, em casas e outros interiores, como hotéis e lojas, além de exposições em bienais de arquitetura e decoração, inclusive na cidade de Veneza, que possui a mais importante exposição do setor.

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Simone constrói ambientes intrigantes, propondo uma nova maneira de interação entre homem e espaço. Para um hotel conceitual em Milão, ele utilizou objetos diários de formas totalmente inesperadas, como cabides pendurados em um closet sem portas e uma tela de TV no teto sobre a cama. Se o futuro a Deus pertence, Simone Micheli já deu várias ideias ao Todo-Poderoso. simonemicheli.com


Tubo, doce tubo Provavelmente este será o lugar mais inusitado que você já dormiu. Localizado no topo da Serra de Tepozteco, no México, o Tubohotel vem revolucionar com a forma de se fazer camping. O hotel reutiliza canos de cimento para cirar quartos para duas pessoas. A ideia do Tubohotel é que cada tubo seja uma acomodação independente, aliando privacidade e economia. Os tubos possuem cama queen size e uma parede de vidro que proporciona uma incrível vista da serra. Os banheiros são divididos, mas contam com ótima estrutura e limpeza. A circulação de ar é feita por climatizadores, que não deixa que o frio ou o calor impeçam uma boa noite de sono. A construção do hotel levou três meses para ser finalizada. Respeitando a geografia do local, os módulos foram dispostos de modo que nenhuma árvore do terreno tivesse de ser cortada. Com todos os serviços de um hotel, o Tubohotel oferece café da manhã, passeios, entre outros. Independente da alta o baixa estação, as diárias custam o preço de 500 pesos (cerca de R$ 68). tubohotel.com

Diga XIS! Como dizem os grandes fotógrafos, “a melhor câmera do mundo é aquela que você tem consigo”, ou seja, câmera boa é aquela que possuímos naquele exato momento que precisa ser registrado. Por isso os smartphones cumprem bem a sua função. Para facilitar ainda mais a vida dos fotógrafos amadores, a Beep Industries lançou no Kickstarter (site de doações para angariar fundos para projetos individuais) o Red Pop, que é um acessório que agrega um botão ao iPhone para fotografia. Simples e bonito, o produto consiste em um botão vermelho que é acoplado ao iPhone 4. A intenção é que você tenha a mesma sensação de usar uma máquina fotográfica convencional, além de não correr o risco de deixar a imagem tremida ou fora de foco. O Red Pop está levantando fundos para ser lançado em setembro. Quem contribuir com US$ 75 já garante o seu. Criado para funcionar ou com o aplicativo próprio, que abrirá automaticamente quando conectado, ou com outros apps de fotografia, tem tudo para se tornar um item indispensável para quem gosta de produzir ótimas fotos. kickstarter.com/profile/786496402

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Short Stories

Aliando gastronomia e design

Após dois anos de colaboração para a Uniqlo, a designer Jil Sander rompe contrato com a rede. A marca japonesa de fast-fashion anunciou que o próximo outono/inverno vai ser a última coleção da marca +J. Contratada como consultora e diretora criativa da Uniqlo, Sander criou a label +J e conseguiu novamente alavancar sua carreira. Depois de ter deixado sua própria empresa em 2004, a designer só voltou em 2009 para supervisionar as coleções masculinas e femininas da rede e fundar a linha com seu nome. “A Uniqlo e Jil Sander concordaram que já haviam explorado todas as possibilidades dentro do projeto colaborativo proposto e, consequentemente, os dois lados decidiram rescindir o contrato de consultoria”, diz o comunicado oficial da rede. Mas não é isso o que se tem ouvido por aí. Extraoficialmente comenta-se que a personalidade de Jil, muito detalhista e meticulosa, não batia muito com o perfil da rede, a qual visa o lucro e a venda e produção de peças novas constantemente. Perde a marca, a designer e, principalmente, o consumidor… 08

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konnerup-co.dk

Smurfette na Harper’s Bazaar Os Smurfs estão em todas! Perto da estreia do longa de animação 3D, Os Smurfs, os adoráveis bichinhos azuis estampam matérias na TV, jornais e vem causando frisson entre os fãs do desenho animado. Para quem não se aguenta de curiosidade, pode matar um pouco da vontade folheando as páginas da edição de agosto da Haper’s Bazaar. Smurfette, a mais fashionista dos seres azuis, participou de um ensaio pra lá de hype escolhida pra um editorial especial de acessórios. Ela

aparece posando, por exemplo, com o chapéu e as luvas de poá da coleção de outono-inverno 2011/12 de Marc Jacobs e os sapatos usados com meias brilhantes desfilados na mesma temporada pela Dolce & Gabbana, entre outros. Confira um pouco do ensaio no endereço harpersbazaar.com

FoToS: Divulgação

Fim do casamento Uniqlo/Jil Sander

O que sairia da mistura de um chocolatier e um designer gráfico? Apostando em coisa boa, a Konnerup, marca dinamarquesa de chocolates artesanais, produziu uma série de 12 mil barras com embalagens exclusivas e colecionáveis desenvolvidas pelo Bessermachen DesignStudio, intitulada Chocolate With Attitude. As iguarias são vendidas em caixas com sabores sortidos. Todas as receitas foram desenvolvidas para lembrar a cozinha nórdica contemporânea e sabores que façam referência à Dinamarca, seu país de origem. Para envolver os chocolates, foram criados 12 modelos de embalagens e cada uma faz uma alusão ao sabor que está guardando. Graffiti, pinturas, HQs e pautas de música são apenas alguns dos destaques da série.


Cores e grafismos no verão de Lucas Magalhães

BReno MaYeR

Lucas Magalhães é mineiro de Itabira e vem se destacando pela ousadia e frescor que traz em suas coleções. Formou-se como designer gráfico e se achou no mercado da moda. Começou sua carreira em Belo Horizonte na grife Patachou onde atualmente é consultor de imagem. Tramando novos caminhos, criou em 2010 a marca que leva seu nome, que é mostrada e comercializada em um dos eventos mais promissores para jovens estilistas, o Rio Moda Hype, que acontece em paralelo ao Fashion Rio. O verão proposto pelo estilista é baseado na obra de Roy Lichtenstein, pintor norte-americano que teve grande destaque na Pop Art. Assim como o artista, Lucas explorou percepção e técnicas, além do uso da mesma paleta de cores presente nas obras do artista: azul marinho, amarelo, vermelho, cinza e branco. Das obras de Lichtenstein foram trazidas as cores fortes, os traços marcantes e um foco nos pontos Ben-Day, que foram ampliados, reduzidos e simplificados até chegar ao círculo, forma que está presente nas modelagens.

Um brinde com Karl Lagerfeld A criatividade de Karl Lagerfeld parece não ter limites. Sabemos que o designer tem projetos espalhados em diversas marcas e assina os mais diferentes produtos além de atuar como videomarker e fotógrafo. Ah, ele também é o diretor criativo da Chanel. A vitalidade deste senhor de 77 anos parece não acabar e volta a surpreender quem admira seu trabalho e o segue como mentor intelectual. Agora Mr. Karl assinará sua primeira coleção de cristais para uma das produtoras de vidro mais antigas e conceituadas da Suécia, a Orrefors. Farão parte da coleção tigelas, vasos, taças de vinho, licor e champanhe.

A fábrica, que existe desde 1742, é conhecida por sua presença nas mesas do Palácio Real sueco. A Orrefors produzirá a coleção dos utensílios projetados por Karl utilizando a técnica do vidro soprado e em cristal negro, branco leitoso e transparente, todos gravados com as iniciais do estilista. Você poderá adquirir as peças a partir de 1º de setembro, pelo site ou nas lojas da marca. O preço irá variar entre US$ 130 a US$ 1600 por item. orrefors.com

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Short Stories

A vitrine do POP Por Rafael Moretti

Ilustrações: Thiago Fosk

A função de todo artista é estender os limites entre o que é e o que não é arte. Duchamp colocou um mictório em exposição. Pollock instituiu a abstração radical e suas telas eram nada mais do que uma coleção de pinceladas aleatórias. Andy Warhol e toda sua geração de artistas pop colocam a cultura de massa em cena e questionam a relação entre arte e comércio.

Porém, a relação de Warhol com o mercado e a chamada arte comercial era mais íntima do que muitas vezes se imagina. No final dos anos 50, ao concluir a faculdade de design e em paralelo a seus trabalhos mais autorais, Warhol trabalhou como ilustrador para uma marca de sapatos, contribuiu com revistas de moda e foi responsável pelas vitrines das lojas de grandes grifes em Manhattan. Em 1956, um de seus desenhos para essas vitrines foi parar numa exposição do MoMa dedicada a novos ilustradores. Ao final da exposição, Warhol ofereceu o desenho para integrar o acervo do museu e foi educadamente recusado. Alguns anos mais tarde 10

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o MoMA compraria sua primeira série de telas da Sopa Campbell por algumas centenas de milhões de dólares. Além dele, Jasper Johns e Robert Rauschenberg, contemporâneos ao pai do pop e cuja produção também reflete esses questionamentos entre arte, comércio e cultura de massa, também se dedicaram a criar vitrines para lojas da Quinta Avenida. Uma delas baseada em desenhos do próprio Warhol, fato que os aproximaria anos mais tarde quando os três já haviam se tornado artistas consagrados.

*Rafael Moretti é produtor de cinema @rafael_moretti


Para saber mais Coleção Andy Warhol no Cinema Magnus Opus R$ 39,90 cada Em meados dos anos 60, Warhol deixou a pintura de lado para se dedicar a outros suportes – produziu o disco de estréia da banda Velvet Underground, cuja capa com uma banana ilustrada por ele se tornou clássica, e fez uma série de filmes com os frequentadores da Factory, quartel general dos desajustados da época.

A biografia se concentra no período mais fértil do artista, desde sua formação, sua ascensão como artista, seus filmes e a Factory, seu laboratório comportamental de tipos estranhos.

Basquiat, Traços de Uma Vida Direção: Julian Schnabel Miramax Films – R$ 25

Cine-biografia de Jean Michell Basquiat, artista de rua descoberto por Warhol e que se tornaria seu pupilo. No filme, David Bowie interpreta Warhol e Courtney Love faz o papel de Madonna, com quem Basquiat teve um caso.

O vitrinista Warhol Parte do seu encantamento pelo universo consumista e também como forma de trabalhar sobre outras plataformas, Warhol se dedicou a criar cenografias e grafismos para vitrines de algumas lojas como as da extinta loja de departamentos Bonwit Teller, de NY.

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fotos: divulgação

Andy Warhol – O Gênio do Pop Tony Scherman e David Dalton Ed. Globo – 448 págs – R$ 59,90

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Short Stories

Depois de Paris, Pequim foi a próxima cidade escolhida para receber a maior exposição que a Louis Vuitton já fez. Batizada de Voyage, a mostra foi montada no Museu de História Nacional, um dos mais importantes da China. Reeditada, Voyage ficou mais interativa que na capital francesa. Há exibição de diversos vídeos de Patrick Vuitton, herdeiro da maison e Marc Jacobs, atual diretor criativo, contando a trajetória da marca até os dias atuais. Os vídeos em HD chamam a atenção dos visitantes, tanto que em um deles Marc parece estar em pessoa na frente dos espectadores. Dentro da mostra também estão as esculturas, instalações e

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Bon voyage na história da Vuitton

vídeos de Zhan Wang, um dos mais respeitados artistas chineses. Em declaração à Vogue Brasil, Patrick Vuitton disse que “a marca apoia a arte. E um artista chinês, autor de uma série chamada ‘The Beginning’, em que conta sua interpretação

para o começo do mundo, tem tudo a ver com a exposição, em que falamos sobre o nosso início para o país dele”. A exposição fica em cartaz até o dia 30 de agosto. chnmuseum.cn/english

Moby lança livro de fotografias Com o título de “Destroyed”, Moby lançou seu último álbum em maio deste ano. Como desdobramento deste CD, o multi-artista lançou também um livro de fotografias e uma mostra como resultado de um trabalho que não começou por agora. "Fui fotógrafo durante 35 anos, mas por alguma razão sempre fui muito tímido com as fotos que tirava", explicou Moby à agência Efe. Uma das imagens, tirada em um aeroporto, dá o título a três projetos intimamente conectados: a exposição, o livro que reúne suas fotografias e seu novo disco. "As fotos e a música estão relacionadas, porque em ambas há um sentimento de saudade e de isolamento", assinalou Moby, que compôs as músicas e produziu as imagens durante sua última turnê, nos mais diferentes aeroportos e quartos de hotéis espalhados pelo mundo inteiro. Moby: Destroyed Damiani; Har/Com Mu edition 120 págs. – Aprox. R$44, à venda na amazon.com 12

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O “eco-graffiti” de Anna Garforth

Para nostálgicos e geeks Se você faz o tipo saudosista ou é louco por joguinhos de montar, a Lego lançou uma linha de gadgets baseada em seus famosos brinquedos educativos. O Lego Boombox, com o formato de um bloco LEGO 10 vezes maior que o original, é um aparelho de som portátil bem simples que lê CDs, reproduz rádio AM e FM e ainda permite ao usuário conectar seu MP3 Player ou computador. Ele vem com uma tela de led, que facilita na hora de reproduzir as músicas. Os pinos na parte superior controlam as estações

de rádio e o volume. Já o Lego MP3 Player é bem quadradão, vem com 1GB de memória e é compatível com alguns modelos de cartões de memória.O player toca arquivos MP3 ou WMA, vem com fones de ouvido, entrada USB e estará disponível em dois modelos: colorido e rosa. Ambos os aparelhos são bem simples e baratos (cada modelo custa cerca R$ 113), mas não espere potência ou qualidade no som. De fato, eles se destacam mesmo é pelo design com estilo da Lego.

O graffiti tem várias caras. Sua arte é tão espontânea e genuína que qualquer pessoa, indiferente de faixa etária ou gênero pode virar uma revelação neste tipo de ilustração. Basta ser criativo e inventar um novo modo de deixar a sua marca nos muros ou em qualquer outro lugar no planeta. As intervenções podem ser feitas de tricô, sacos plásticos ou esculpidas detalhe por detalhe em uma parede. Anna Garforth decidiu fazer algo totalmente inusitado e criou seu “eco graffiti”. Essa artista inglesa decidiu fazer desenhos e mensagens com musgos, grama e flores com o objetivo de passar a mensagem de que as grandes metrópoles e seu crescimento desenfreado estão acabando com os espaços dedicados ao verde, e também como estamos envoltos nesta verdadeira “selva de pedra.” Com uma vasta experiência em design gráfico e ilustração, Anna já fez “eco-ilustrações” para diversas campanhas para revistas, TV, expôs em galerias dentro e fora do Reino Unido, além de ministrar diversos workshops que ensinam como aderir a este novo modo de se fazer graffiti. É a onda verde até mesmo na arte de rua. crosshatchling.co.uk

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Capa

food experience

?

fome Você tem

de quê

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DIVERSIFICANDO A EXPERIÊNCIA MACARRONS COM ESTILO MEXICANO BRIGADEIROS FEITOS SOB MEDIDA

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A (NOVA) HORA DO CHÁ

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MÚSICA, PETISCOS E AMIGOS

O RESTAURANTE DO CONFLITO

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OS RESTAURANTES SE REINVENTAM

BRINCANDO DE WILLY WONKA

DOCES QUE REVIGORAM


Além dos deliciosos sabores e das texturas, empresas do setor de comestíveis investem em novas formas de gerar experiências positivas dentro e fora dos seus pontos de venda. São restaurantes temporários, lojas que parecem caixas de bombons, confeitarias com cara de farmácia e até lanchonetes politicamente engajadas. O varejo se reinventa para o deleite dos famintos de plantão e traz

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espaços com personalidade capazes de cativar a todos os gostos

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Capa

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Diversificando

a experiência O fenômeno não é certamente novo, mas veio se intensificando nos últimos tempos e aparecendo de forma cada vez mais explícita nos diversos setores do varejo mundial Da Redação As áreas da moda, do lazer, do design, da arquitetura e também dos comestíveis, passaram a tomar elementos emprestados umas das outras na hora de formatar seus espaços de venda e suas campanhas publicitárias, sempre com um único objetivo: garantir uma experiência holística dentro do universo de suas marcas. Empresas ao redor do mundo se revestem de conceitos provenientes da moda, do design e de outras áreas 16

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correlatas, para estabelecerem um novo tipo de comunicação com seus interlocutores. Essa “transversalidade” vem sendo incorporada pelas marcas de maneira natural e às vezes inusitada quando o assunto é despertar a atenção do consumidor dentro dos pontos de venda. Quando falamos de empresas do setor de comestíveis, por exemplo, é possível notar que elas se apropriam cada vez mais desses conceitos para explorar

elementos que trazem encantamento e magia para o momento da compra. Na Brigadeira – Emotional Food de São Paulo, por exemplo, o design das lojas é desenvolvido para que o consumidor se sinta em uma caixa de brigadeiros. Ultrapassando os limites físicos, projetos pop-up como o “What Hapens When” e o “A Razor, a Shiny Knife” recorre ao modelo que consagrou algumas marcas de moda espalhadas pelo mundo para criar modos diferentes de experimentar os restaurantes. Seja como forma de surpreender o espectador ou de simplesmente exaltar o diferencial de seu negócio, essas empresas investem em projetos transversais com programas que começam a pipocar nas principais cidades do mundo, levando interatividade a espaços (nada) habituais. Nas próximas páginas você conhecerá alguns desses lugares que já se utilizam de elementos alheios ao setor para causar impacto e novas experiências em seus consumidores.


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Em sentido horário, fachada do restaurante americano Conflict Kitchen, detalhe do expositor de chás da Gourmet Tea, mobiliário da Theurel & Thomas, e embalagem da Brigaderia.

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Macarrons com estilo mexicano Localizada em San Pedro no México, a pâtisserie Theurel & Thomas alia minimalismo e classe para compor o espaço que emoldura a apresentação de seus famosos macarrons especialmente “confeccionados” pelo chef Irving Quiroz Quintana. Situado em um dos subúrbios da cidade, o espaço chama a atenção dos amantes do design e também dos que se deixam maravilhar pelas delícias ali 18

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oferecidas. De acordo com os criadores do estúdio Anagrama, a ideia foi criar um papel de destaque para o produto ressaltando suas cores fortes. Como que criando pontos de iluminação dentro da decoração do ambiente, os coloridos macarrons surgem como elementos-chave que completam o cenário planejado, trazendo calor à montagem quase gélida dos objetos decorativos. O contraste é, sem dúvida, o mote

principal da arquitetura interior da loja, pois, além das cores que aparecem nos macarrons e em partes do packagings e dos uniformes, o projeto de interiores alia móveis rústicos ao ar tecnológico off-white que foi usado na cobertura. Além disso, a porcelana foi escolhida pelos criadores da loja que fizeram também a curadoria dos móveis. O resultado é um espaço com estilo com uma pitada do calor mexicano.


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Destaque para os móveis utilizados para compor a atmosfera sofisticada que alia o ar tecnológico do branco gélido ao carater rústico dos móveis antigos, que foram especialmente pintados para acompanhar a ambiência do espaço

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Brigadeiros feitos sob medida Foi numa festa de aniversário que preparou para o seu marido que a mineira radicada em São Paulo Taciana Kalili teve a ideia de criar uma rede de lojas dedicadas à venda do mais clássico doce brasileiro: o brigadeiro. Intuição ou não, Taciana e a sócia Fernanda Zajd apostaram no negócio que desde março de 2010 vem provocando o paladar dos paulistanos. Com a primeira loja aberta no Shopping Market Place, a rede conta hoje com outras duas lojas em shoppings voltados ao público da marca que esbanjam bom gosto e foco no produto. Para as sócias, a abertura de uma loja foi crucial para estabelecer um contato direto com os consumidores e também para facilitar a comercialização. Buscando criar vínculos afetivos, o ambiente da loja é envolvido pela atmosfera caseira. As embalagens completam a emoção: divertidas e sempre diferentes. “Usamos materiais como papelão, tecidos, porcelana e estampas personalizadas por designers”, conta Taciana. Com foco na qualidade do produto e no atendimento ao cliente, a Brigaderia traz uma releitura saborosa da infância em um espaço lúdico que respira design e arquitetura de forma despretensiosa e inusitada. 20

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As embalagens, quase tão importantes quanto os produtos, completam a comunicação da loja que tem foco no lúdico associado ao design e ao perfeito uso das cores para agradar o visual

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Brincando de Willy Wonka Com lojas desenhadas especialmente para cativar a curiosidade e despertar o interesse dos visitantes de forma inesperada, a Chocolate Research Facility de Cingapura, reúne uma coleção com mais de 100 sabores diferentes da especiaria e promete, com este portfólio, atender aos gostos mais exóticos. De acordo com os criadores, a ideia foi desenvolver uma loja diferente de todas as outras onde o chocolate pudesse ser visto de uma maneira diferente. Para isso, o espaço ganhou cara de laboratório e as embalagens 22

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foram formuladas com inspiração nos antigos sabonetes de farmácia, focando em um desenho específico para cada barra de chocolate. Nas embalagens, estampas geométricas, orgânicas e até inspiradas em peles de animais e nos mapas de outras grandes cidades do mundo dividem a atenção com armários inspirados nas antigas farmácias de manipulação, sugerindo o caráter experimental do espaço. Misturas como maça verde e pêra seca, ou conhaque com lichia e dois

damascos se tornaram comuns para os frequentadores do lugar. Com o sucesso dos produtos, a empresa, que hoje conta com três outras lojas espalhadas pela cidade, passou a investir pesado na pesquisa de sabores e em diferentes misturas para continuar surpreendendo o consumidor, numa busca constante para trazer misturas que antes eram improváveis no imaginário dos clientes para a realidade. Para se aproximar dos ciclos da moda, os criadores da marca desenvolvem coleções exclusivas que


acompanham as frutas e matérias-primas características de cada estação e que vêm em embalagens desenhadas com exclusividade. Criada para incitar os amantes do chocolate e atuando sob o mote de que uma comida feliz faz pessoas felizes, a Chocolate Research Facility celebra a cultura do chocolate com uma abordagem nova e instigante, convidando os acostumados aos sabores tradicionais a se deliciarem com as novas experimentações de sabores e também de estímulos visuais. Nas paredes, formadas por aglomerações de gavetas, estão armazenados os mais de 100 sabores da especiaria da casa, sugerindo a variedade do ambiente #2 | Shop Talk Magazine

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A (nova) hora do chá Pensando em criar um ambiente onde o ritual do chá fosse o centro das atenções os sócios Daniel Neuman e Leandro Toledano conceberam um ponto de encontro entre a marca criada em meados de 2010 e o varejo nacional. De acordo com os sócios, o ambiente foi estabelecido para transformar ainda mais o costume dos brasileiros no consumo da bebida, de modo que o espaço criado é um mix de loja e casa de chá, pensado não só para as pessoas comprarem produtos relacionados, mas também para quem está disposto a viver a verdadeira experiência do chá. Por este motivo, a loja situada no bairro de Pinheiros em São Paulo, surpreende pela decoração totalmente pensada para agradar não só o paladar, mas também estimular todos os sentidos dos clientes. No espaço assinado pelo arquiteto Alan Chu Silveira, o mote principal está no uso das cores que remetem às embalagens dos chás, como uma maneira de ressaltar o produto. No interior, um grande balcão colorido atravessa todo o salão iluminado por lustres com as mais diversas combinações de cores. As paredes de tijolos aparentes e pintados de branco fazem o contraste, dando modernidade ao ambiente. Os móveis, feitos à mão e em madeira maciça, foram desenhados por Aristeu Pires e, alguns deles, desenvolvidos especialmente para a The Gourmet Tea. 24

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No espaço, além das mais variadas combinações de sabores, os visitantes ainda podem degustar petiscos e sobremesas especialmente preparados para acompanhar a bebida

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O restaurante do conflito Jon Rubin, idealizador do espaço, a ideia é que o pequeno restaurante sirva de link entre os dois países incitando todas as culturas a comungarem de uma coisa boa: a comida. Além de servir como ponte entre as diversas culturas, o lugar tem o apoio do vizinho The Waffle Shop que empresta seu espaço de shows para dar lugar aos eventos e convenções promovidos pela Conflict Kitchen, que a cada quatro meses pretende mudar o cardápio de

acordo com o país em relevância, mostrando suas diversas questões políticas e sociais através de apresentações culturais, palestras e expressões artísticas. Com foco na informação, as embalagens e a comunicação visual desenvolvida por Brett Yasko levam ainda impressões sobre a cultura e a política do país em questão através do olhar crítico de habitantes dos dois países, revelando os contrastes existentes entre as diversas percepções.

Fotos: divulgação

Inspirados pelas ações diplomáticas mal resolvidas dos EUA, os criadores do restaurante de Pittsburgh Conflict Kitchen prepararam um menu especial com os pratos típicos de países com os quais os norteamericanos não possuem boas relações políticas. Criado em meados do ano passado, o pequeno restaurante “fast-food” chamou a atenção da crítica quando lançou o seu menu com refeições provindas do Afeganistão. De acordo com

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Música, petiscos e amigos Quando os amigos Peter Fehringer e Christopher Schweiger resolveram abrir um negócio, eles pensaram em reunir as coisas que eles mais gostam: comidas de delicatessen, música e amigos. E foi pensando nisso que eles abriram a Tongues Delicatessen, que reúne a atmosfera rústica com a modernidade da música eletrônica. O lugar surgiu quando Fehring, que era dono de uma delicatesseen, resolveu se unir ao amigo que era dono de uma loja de discos. Para criar um lugar único, os dois negócios foram mesclados e o resultado deu super certo. Localizada em uma região de intenso comércio no centro de Viena, a pequena delicatessen prima pelo ambiente familiar e recebe os visitantes com calor, petiscos e música boa. No mix de produtos estão queijos e salsichas feitas artesanalmente por produtores regionais, além de carnes, pães e condimentos. Como diferencial, o lugar recebe os apreciadores da boa música para uma viagem no mundo dos vinis, com curadoria feita pelo sócio e DJ Schweiger. Usando elementos simples e de baixo custo, a decoração prima pelo caráter lúdico, com cestas de piquenique, estantes de madeira e os clássicos embutidos dispostos quase que milimetricamente

pelo teto e pelos espaços expositores. Tudo com cara de feito à mão no quintal de casa. Seja para comprar o lanche da tarde ou para passar bons momentos com os amigos, o interessante é que a Tongues foca em uma ambiência que convida o tempo todo ao compartilhamento de experiências com seus consumidores, garantindo o entretenimento e interação.

Detalhe da parte dos fundos da loja: especialmente ambientada para receber os vinis e as apresentações musicais

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food experience

érika herrera

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Doces que revigoram Utilizando-se de histórias e crendices populares, a loja de doces Remedios Mágicos joga com imaginário de seus clientes para criar produtos cheios de misticismo e bom humor Por Érika Herrera*, da Cidade do México Existe um lugar na Cidade do México onde tudo o que você deseja pode chegar a se realizar. Um lugar onde é possível encontrar poções para o amor, pastilhas para trazer boas vibrações, para dar uma ajudinha aos avessos à matemática ou mesmo para se desfazer da sua sogra. Esse lugar se chama Remedios Mágicos. Uma loja de doces que joga com as palavras e se utiliza de um conceito divertido aliado ao bom humor 100% mexicano para fazer com que não só vejamos balas e chocolates no momento 28

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de compra, mas uma verdadeira experiência cujo resultado é a diversão. O conceito da loja é ser uma mescla de doceria, mercado e farmácia, onde a magia e o misticismo imperam. As cores cálidas e as texturas das paredes são combinados à madeira e ao plástico das embalagens com criatividade. Para compor a decoração, detalhes como alhos, fitas vermelhas, caixas vintage e espelhos de proteção aparecem em vários pontos do espaço se ajustando ao conceito projetado. Destaque para o trabalho gráfico das embalagens que le-

vam mensagens carregadas de humor e sempre com uma história interessante por trás de todo o processo. Por si sós, os doces já podem animar a qualquer um, mas se a eles são agregadas formas diferentes de comprá-los, como uma embalagem divertida, a experiência se torna muito mais enriquecedora e se converte em verdadeira food experience.

*Érika Herrera é editora do blog theshopwindow.wordpress.com


Com conatação rústica, os móveis expositores são feitos de materiais reaproveitados e customizados com frases que reforçam o bom humor do espaço. Destaque para a lousa com recados e mandingas dos visitantes. #2 | Shop Talk Magazine

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Capa

food experience

Os restaurantes

se reinventam Tentando criar novos modos de ver os restaurantes, projetos gastronômicos desenvolvem conceitos inusitados para propor experiências únicas Da Redação

Na contramão dos pontos de venda e seguindo a linha das marcas que investem em montagens temporárias, alguns projetos na área gastronômica extrapolam e brincam com a realidade para trazer novos modos de experimentar os restaurantes. Sucesso dos anos 2000, o conceito pop-up ganha novas roupagens e se replica, transitando por áreas adjacentes e levando o inesperado para outros setores da vida dos consumidores. Autodenominado “o playground das comidas”, o projeto What Happens When ocupa desde janeiro um antigo restaurante em Nova York, onde permanecerá por 9 meses afim de completar seu ciclo de “mutações”. Isso porque a cada 30 dias o restaurante ganha novas roupagens para dar lugar a novos pratos, decoração e atmosfera. 30

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A ideia é que o espaço se modifique de tempos em tempos convidando o visitante a não repetir a experiência – sempre que ele voltar ao ambiente, encontrará algo novo. Estranho isso? Mas é o que muitas empresas vêm apostando para alcançar o emocional de novos clientes. E esse é o caso do também americano A Razor, A Shiny Knife, que reúne chefes de cozinha com o objetivo de criar eventos experimentais envolvendo os convidados no processo de preparação da refeição como um todo. Fundado em 2007, o grupo já serviu seus pratos em lugares incomuns do mundo sempre evocando a participação dos visitantes. “Queremos que os clientes e amigos possam dar palpites e sugestões para melhorarmos sempre nosso cardápio. A ideia é que você faça


Fotos: felix de voss, Steph Goralnick e divulgação

Salão do restaurante pop-up What Happens When: a cada 30 dias o ambiente se renova para receber novos pratos e nova decoração

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Capa

food experience

“Nós não cozinhamos em lugares exóticos, nós recebemos eventos exóticos”, diz Michael Cirino, um dos idealizadores do projeto 32

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o jantar junto com seus amigos, e não para eles”, explica Michael J. Cirino, um dos fundadores do coletivo. Cirino e seus comparsas Daniel Castaño e Jonny Cigar, prometem, na verdade, a realização de eventos que surpreendem os convidados. Eles já promoveram seus “jantares clandestinos” em lugares nada convencionais como o metrô de Nova York e topos de prédios em Los Angeles, por exemplo. O cardápio, como não poderia deixar de ser, também tem um toque de exotismo. De acordo com Cirino, a ideia é brincar com as formas e com as cores dos alimentos.

“Em Londres, cozinhamos para um evento onde tudo era preto, da decoração aos pratos e, claro, às comidas”, conta o aventureiro, que prefere não ser chamado de chef. Com foco no novo, projetos como o What Happens When e A Razor, A Shiny Knife surgem para trazer frescor aos movimentos gastronômicos e para o varejo em si, possibilitando o diálogo entre arte, música, design, arquitetura e espaço urbano como veículo para criar novas experiências e experimentações que surpreendem pela engenhosidade e pelo caráter inovador de seus adeptos.


Fotos: Steph Goralnick e divulgação

Foco na apresentação: apesar de acontecer em lugares inusitados e garantirem a participação de todos os envolvidos, os pratos criados são sempre apresentados de maneira a estimular o visual da montagem #2 | Shop Talk Magazine

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retailment

Proximidade, conexão e entretenimento Emocionar e entreter o consumidor se tornou tão importante quanto investir em vitrines e desing interno quando o assunto é criar vínculos com o cliente Da Redação

Quebrar a monotonia do processo de compra e tornar a marca mais presente no cotidiano de seus consumidores já faz parte dos planos de marketing de várias empresas que veem na diversificação das ações um modo de criar novos canais de consumo e outras plataformas de venda. O tão aclamando “retailment”, como ficou conhecido esse novo movimento do marketing que visa promover ações envolvendo varejo (retail) e entretenimento (entertainment), invade as lojas para trazer mais interatividade e tirar o caráter impessoal imposto pelo mercado massivo dos tempos atuais. Em consonância com o que vem acontecendo neste sentido, empresas como as brasileiras Melissa e Cavalera investem em projetos paralelos que visam criar novas formas de interagir com o consumidor de forma despretensiosa e emocional. Em sua flagship store localizada na rua Oscar Freire, a icônica Melissa já recebeu várias roupagens em sua 34

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Fotos: divulgação

Reportagem


fachada para ambientar cada fase de sua produção e/ou processo criativo. Desenhada pelo artista multifacetado Muti Randolph, a loja conta ainda com um espaço interno especialmente dedicado para receber exposições e lançamentos de novos produtos. No projeto mais recente, encabeçado pela Agência Darwin, as paredes da entrada da loja foram recobertas pelos coloridos post its, anunciando uma iniciativa da marca em criar novas fachadas a cada 15 dias sobre o tema. O processo criativo vem sendo registrado para configurar um vídeo que irá divulgar a efemeridade artística da instalação, promovendo interação também no universo virtual. Já a roqueira Cavalera, sempre apostando em projetos transversais, abriu em outubro do ano passado a Cavalera Art Projects, uma verdadeira galeria de arte criada sob o olhar cuidadoso do diretor criativo da marca, Alberto Hiar. Localizado na Alameda Lorena, em São Paulo, o espaço de 150 metros quadrados tem o objetivo de atrair o público jovem da marca, desacostumados a visitar os museus, e, assim, promover uma experiência entre artistas e espectadores por meio de produções instigantes como instalações, intervenções, telas, esculturas e outras manifestações artísticas. Através de associações aos vetores da arte e da exploração de canais de comunicação diversificados, o varejo se reinventa mais uma vez para trazer entretenimento para dentro e fora de seus pontos de venda, provocando os consumidores e se tornando cada vez mais próximas de suas vidas. #2 | Shop Talk Magazine

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Reportagem

retailment

Conforto na hora da corrida Aproximar a marca de seu público e, ao mesmo tempo, criar interação dentro do ponto de venda usando a tecnologia, foram os dois principais pilares considerados pelos criadores da nova flagship store da Asics em Amsterdam. A loja, que fica localizada ao lado de um dos principais parques da cidade, tem a intenção de conectar o cliente de forma emocional, criando um vínculo com o dia a dia dessas pessoas. Por este motivo, o espaço conta com uma aparelhagem 36

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e pessoal especialmente treinado para orientar o visitante sobre o seu condicionamento e porte físico, avaliando também o formato do pé com o objetivo de indicar o melhor tênis para cada caso. Com foco nas novas tecnologias, o projeto conta com digital signs por todos os espaços e utiliza dos recursos touch screen para criar uma experiência única. O objetivo, de acordo com os criadores, foi gerar uma extensão 3D do DNA da marca, focando na experi-

ência real dos visitantes do espaço. Objetivando o vínculo com as pessoas que frequentam o parque, a loja ainda conta com um vestiário com lockers onde o cliente pode guardar seus pertences antes da corrida e depois tomar um banho e fazer suas compras com calma. Todavia, os vestiários estão também disponíveis para quem não compra, garantindo que a loja está de portas abertas a receber a todos com o mesmo entusiasmo.


Fotos: divulgação

Com foco na saúde de seus visitantes, a loja disponibiliza profissionais treinados para avaliar e acompanhar cada caso específico #2 | Shop Talk Magazine

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Reportagem

retailment

Loja feita para zapear Zapear parece mesmo ser a palavra do momento quando o assunto é criar uma curadoria multimarcas para espaços comerciais. Pensando nesse consumidor moderno, que, ao mesmo tempo em que busca a quintessência do luxo, procura também ser surpreendido por produtos culturais e garimpados em lugares inesperados, a loja Your Lifestyle da Antuérpia recebe seus visitantes em um espaço com mais de 1000 metros quadrados que evoca a reconstrução o tempo todo. Instalada no que restou de um antigo depósito na região histórica da cidade, a loja tem o objetivo de incitar a clientela a voltar sempre. Para isso, o conceito desenvolvido pelo estúdio londrino IYA focou na criação de um espaço que permitisse um crescimento através da adição de novas camadas ao longo do tempo. Pensando na sustentabilidade do empreendimento, os criativos do IYA optaram também por não utilizar materiais e acabamentos ostensivos. Ao contrário, foram aplicados materiais de fácil montagem, como a madeira e o metal, sempre com o intuito de facilitar as modificações das “camadas” da loja. A ideia é garantir o espírito novidadeiro e fresco do local o tempo todo, permitindo com que os visitantes possam desfrutar de novas experiências a cada retorno à loja. Dentro dos diferentes pisos as marcas estão dispostas em pequenos corners pop-up que são reestruturados de tempos em tempos para garantir essa volatilidade da loja e, assim, fazer com que seus consumidores zapeadores se sintam em casa e possam realmente passarem bons momentos dentro do espaço. 38

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Fotos: divulgação

Utilizando materiais de baixo custo e facilmente desmontáveis, a loja foca na reconstrução, provendo seus visitantes com novidades o tempo todo #2 | Shop Talk Magazine

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Reportagem

customização

Customizar é preciso! Da Redação Para atrair novos negócios e agregar valor a determinada marca, não basta vender um produto ou serviço com alta qualidade – ele tem que ter a cara do cliente. Para se aproximar disso, várias marcas já se rendem a um termo bastante conhecido nos dias atuais: a customização. No mundo da moda, ter uma peça exclusiva ou feita sob medida pode ser algo para poucos e sair bem caro, mas a recém-inaugurada 3 x 1 (lê-se “three by one”) está aí para provar que essa regra pode ser uma exceção. A pequena loja instalada no SoHo, em Nova York, conta com uma fábrica onde calças jeans são personalizadas de acordo com o estilo e o bolso de cada cliente. Tudo começou no apartamento de Scott Morrison, idealizador da marca. A fábrica de quatro máquinas de costu40

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ras se tornou um espaço onde o cliente é parte integrante da confecção das peças. Cerca de 50 calças são feitas por dia na 3 x 1 e quase todos os detalhes das peças são customizáveis. “Aqui podemos fazer um monte de coisas que seria impossível em grandes confecções. Tudo pode ser modificado”, explica Morrison. Dependendo da sua vontade, é possível encomendar uma calça através de um estilo pronto, com poucas modificações, ou construir a peça do seu jeito, personalizando a forma, bolsos traseiros, barra, costura, etc.. A fábrica conta com cerca de 106 tipos e lavagens de jeans e um sem-fim de linhas, botões, modelos de bolsos e desenhos de calças. O grande trunfo da 3 x 1 é ser diferente, trazendo uma experiência de compra focada na qualidade e no atendimento personalizado.


Fotos: divulgação

Com cara de ateliê, a 3x1 de Nova York cria calças customizadas com materiais que agradam a todos os gostos

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Reportagem

customização

Um sapato para chamar de seu Criada pela designer Priscila Callegari há 3 anos, a Ciao Mao foca na questão da experiência própria do consumidor para a formatação de suas peças. Em um processo de co-autoria, os modelos da marca são personalizados e concebidos de acordo com o perfil de cada cliente, permitindo que cada calçado seja único. Por este motivo, a maioria dos modelos são bastante flexíveis e permitem que sejam utilizados tanto no verão 42

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quanto no inverno, dependendo apenas da adição de novos acessórios acoplados à base original. Com caráter sustentável, a marca prega a reutilização dos materiais e foca em um design alheio às modas passageiras, tratando o calçado como uma peça atemporal. No espaço que recebe os produtos, situado à Rua Melo Alves, em São Paulo, tudo inspira customização e design. O projeto interior, concebido pela própria Priscila em parceria com

a arquiteta Moricy Lui Chaim da Move Móveis foca na mutabilidade e na facilidade de acesso ao produto, sempre de acordo com os princípios da marca. O estoque fica à vista do cliente, armazenado em uma espécie de sapateira feita de lona onde estão dispostas caixas de alumínio que contém os produtos. Todos devidamente numerados e marcados para evitar a perda de tempo durante o atendimento. Focando na exposição museográfica,


A preocupação com a apresentação visual é percebida por todos os cantos da loja, revelando o cuidado com a identidade dos produtos e da própria marca dentro do ponto de venda

linha, trazendo interação para o espaço. Celebrando a diversidade, a Ciao Mao surge como uma alternativa à massificação e propõe um modo divertido de interagir com o produto, garantindo uma experiência de compra inusitada e surpreendente, sempre com o objetivo de superar as expectativas (diferenciadas) de cada cliente.

Fotos: divulgação

os diversos móveis modulares estão perfeitamente dispostos sobre o piso da loja onde o cliente pode facilmente acessar os produtos através de suas bases e gavetas expositoras. De olho no mercado infantil, a loja conta com um corner para abrigar a linha Ciao Miao. Com foco no lúdico, um painel em forma de gato foi criado para sustentar os diversos acessórios da

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Reportagem

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customização

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O vermelho, que remete ao lado oriental da marca, estรก presente em vรกrios pontos do espaรงo espositivo, saltando aos olhos tanto nos mรณveis quanto nos elementos escolhidos para criar a atmosfera proposta #2 | Shop Talk Magazine

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Reportagem

project ocean

Oceano vivo

Questionando o intenso processo de degradação da vida marinha, as vitrines da loja de departamentos londrina Selfridges questionam o consumo com interação Fotos e texto: Carol Lopes*, de Londres O fundo do mar é misterioso e envolvente, uma fonte de alimento não só para o corpo, mas também para a alma e a mente. Histórias da mitologia e ficção científica hipnotizam o imaginário coletivo com criaturas e mundos subaquáticos. Fonte de inspiração para muitos artistas e designers, o oceano é o tema da exposição Washed Up organizada pela loja londrina Selfridges. O cenário foi criado com corais que são mantidos no aquário do Zoológico de Londres. É inegável que o coral tem uma beleza marcante e remete imediatamente ao fundo do mar, sendo o background perfeito para as peças em exibição. Os objetos de vestuário foram selecionados de modo a refletir a natureza mutável e inspi-

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radora do oceano, compondo uma retrospectiva de criações que vão do século 19 até as ousadias futuristas de Alexander McQueen e Hussein Chalayan. Esta exposição faz parte do Projeto Oceano criado pela loja em parceria com especialistas em meio ambiente. Coordenado pela Sociedade Zoológica de Londres, o grupo inclui o Greenpeace, SeaWeb, GoodCatch entre outros, sobre o debate de questões sobre a preservação marinha. Com inicio no dia 11 de maio e término no dia 12 de junho, as atividades propostas pela Selfridges envolvem celebridades, artistas, músicos, designers e chefs, aguçando todos os sentidos e mesclando bom humor e seriedade para de-


Para ajudar na arrecadação, a campanha contou com o uso de elementos tecnológicos para facilitar o acesso dos doadores

bater e celebrar a beleza do mar que está ameaçada. Com esse projeto a Selfridges pretende divulgar informações sobre a pesca sustentável e a ameaça que traz a pesca descontrolada e excessiva.Visual merchandising, material gráfico, exposições, workshops e uma linha de produtos exclusivos foram usados com muita criatividade para a divulgação dessas idéias. Parte do dinheiro arrecadado com estes produtos será destinado a criação de uma reserva marinha. Doações também podem ser feitas através do site ou por mensagem de texto. Os nomes dos colaboradores aparecem em bolhas que saem da boca dos peixes ao serem pressionados numa vitrine/aquário

interativa criada especialmente para a campanha. E falando em vitrines, as da Selfridges são sempre um espetáculo a parte e as que envolvem esse projeto não são diferentes. Bem humoradas, inusitadas e belas, chamam para a reflexão das questões ambientais marinhas. Mesmo quem não é ativista acaba se envolvendo e, no mínimo, gerando discussão, o que já é um bom começo. No more fish in the sea? É esta a pergunta provocativa que a Selfridges deixa no ar .

*Carol Lopes é editora do blog oficinadoblog.blogspot.com

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Reportagem

project ocean

Um mar de interação

FotoS: divulgação

Completa como toda campanha de marketing deve ser, o Project Ocean conta com símbolos de referência por todos os cantos da loja, utilizando-se de vários artifícios para prender a atenção dos visitantes do espaço, a varejista aposta na força das ações sociais para vender produtos e uma imagem que agrada o consumidor moderno

Visando promocionar a campanha e, ao mesmo tempo, garantir o caráter moderno da loja, foram criadas algumas peças e acessórios que se utilizam do mote principal da ação para tocar os consumidores mais exaltados com a causa

carol lopeS

Ativismo exaltado

Aquário virtual Simulando um grande aquário touchscreen, a vitrine principal da campanha foca na interação criada por softwares projetados para dar à ação um caráter visual positivo, atraindo os passantes a contribuirem para os fundos do projeto. Através de um simples toque, os usuários podem fazer suas doações com facilidade

Estilistas engajados Para completar a grande mídia em torno da ação, a loja recebeu em seu interior uma coleção de peças inspiradas no fundo do mar criadas por estilistas como Alexander McQueen e usadas por celebridades, como o clássico vestido de bolhas de Lady Gaga


urban praire

Reportagem

Dos campos para a vitrine

Buscando questionar a redução dos espaços verdes nos grandes centros, o projeto Urban Prairie cria vitrines interativas para motivar os transeuntes Da Redação

Fotos: divulgação

Com o intuito de provocar a discussão entre virtual e real através da exploração da discrepância entre ambientes verdes e os mares de concreto das grandes metrópoles, a agência londrina In Square Lab em colaboração com a MPC Digital e a Existencial, especialista no desenvolvimento de softwares, criou a instalação “Urban Prairie”. O objetivo do projeto é recriar um “espaço verde” e incitar a observação da arquitetura urbana, focando na importância do conceito ecofriendly na construção de um ambiente mais saudável e na melhoria da qualidade de vida dos grandes centros. A montagem, que consiste em ramos colocados lado a lado em uma vitrine de 5 metros de largura, tenta recriar uma grande campina que usa a tecnologia de reconhecimento de movimento para criar interação com as pessoas que passam pelo local. Com uma plataforma de sensores óticos e placas móveis, a “Urban Prairie” captura os movimentos dos transeuntes para gerar a impressão de um gramado agitado pelo vento. Através da variação da velocidade e localização em frente à vitrine, os interlocutores podem ainda modificar a direção do “vento” e, assim, movimentar o balanço da grama. Essa interatividade entre o público e a instalação acerta ao diminuir as fronteiras entre arte, arquitetura e ciência, trazendo o foco para o design de vitrines como provocadoras de questões sociais. #2 | Shop Talk Magazine

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Especial

TECNOLOGIA

o j e r a v O é

tecnológico nológicos c te e is a it ig d s ositivo Investir em disp nsumidores, e, o c s u e s m o c o çã para criar intera dos online n u m s o e tr n e a ponte assim, garantir de de várias a d li a re a d e rt a p e off-line já faz s para criar o rç fo s e m e d e ão m pontos empresas que n s o d o tr n e d o ã ç comunica novos canais de elo mundo. p s o d a lh a p s e a de vend entada, m u a e d a d li a re envolvem Ações internas gestos e e d to n e im c e h con softwares de re mídias sociais m o c l a re o p m interação em te de compra o s s e c ro p o r a it e facil com o intuito d e informação d a c o tr r io a m além de permitir público-alvo u e s o e a rc a m entre a

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ão

Da Redaç

gório Reis e r G : s e õ Ilustraç

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Especial

TECNOLOGIA

no seu

o o s d l n o u b om Através de um toque do celular, consumidores espalhados por todo o mundo já fazem compras e provam que o consumo é móvel e interativo

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Ponto de convergência ou comunicador inofensivo, o celular já é praticamente parte do corpo do consumidor atual e, a cada dia, vem se tornando ponto-chave das estratégias de marketing e de expansão de diversas empresas que já investem no chamado Mobile Commerce para criar novas possibilidades de compra. O que antes era apenas um telefone móvel, hoje se converte em pequenos computadores portáteis através dos quais as pessoas se encontram conectadas de forma quase que compulsiva.

Esse simples fato, faz destes pequenos notáveis não apenas um novo ponto de convergência de interesses e desejos, mas também uma importante ferramenta de mercado jamais vista anteriormente. Através do celular, os novos consumidores, ou “zapeadores”, buscam informações adicionais sobre o produto que estão comprando e também sobre os preços e oportunidades oferecidas pelos concorrentes. De olho neste movimento, a rede de supermercados Tesco resolveu


lançar mão de aplicativos de celular para facilitar a vida dos sul-coreanos, onde a rede estabeleceu novas lojas. A ideia incorpora uma nova forma de comprar produtos que normalmente seriam comprados em um supermercado: através de pequenos displays instalados sob a forma de vitrines em espaços como o metrô, por exemplo. Através destes displays, o usuário pode escanear os produtos utilizando de um leitor de códigos QR em seu celular e, assim, selecionar a

mercadoria, efetuar a compra com o cartão de credito e agendar a entrega no conforto de casa. Largamente utilizados no varejo internacional, os famosos QR Codes já são vistos em vitrines e começam a ganhar o interior das lojas. Em redes como a francesa Sephora e a inglesa Selfridges, a tecnologia já é utilizada para criar interação em ações promocionais e também para gerar informação a respeito de produtos em lançamento e coleções especiais.

Querendo ou não, os celulares e sua crescente presença nos processos de decisão de compra vieram para ficar, e os mecanismos provindos de seu uso não podem ser ignorados. Talvez por necessidade ou por simples evolução, o varejo parece indicar a formatação de um novo tipo de consumir: o consumo social, livre. Não há como prever o futuro nem como saber se as redes móveis, de fato, dominarão os pontos de venda. Mas preferi compartilhar.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Parte das ações de crescimento, a rede Tesco introduziu vitrines interativas nos metrôs de Seul onde os passageros podem comprar através do celular

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Além das telas sensíveis ao toque e dos smartphones, grandes marcas do varejo internacional investem pesado na pesquisa de novos displays e modos de interação dentro de suas lojas. Tudo com o objetivo de provocar o olhar dos passantes e gerar outros modos de comunicar seus valores e mensagens. Pioneira no assunto, a alemã Adidas inova mais uma vez trazendo para suas principais lojas um display que traz informações sobre os mais de oito mil modelos de tênis disponíveis em seu portfólio. Batizado de Adiverse, o aparelho é uma espécie de parede virtual que é capaz de reconhecer o porte físico do visitante e indicar o melhor modelo para cada ocasião. Ademais, o suporte ainda oferece um passeio sobre o histórico da marca e também traz uma descrição completa a respeito da constituição e desenho de cada peça. Para facilitar o momento da compra, o display ainda oferece a oportunidade do comprador inserir os produtos desejados a um carrinho virtual através do qual ele pode finalizar a compra com seu cartão de crédito utilizando o celular ou tablet. Seguindo essa mesma linha de interação, a marca suíça Tissot realizou, em parceria com a Selfridges, uma ação envolvendo tecnologia e experimentação diretamente nas vitrines da loja londrina. O projeto, criado pelo estúdio Holition, focou na possibilidade de criar um momento onde potenciais consumidores da marca pudessem provar o produto sem a necessariamente ter que utilizá-lo na realidade.

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interBuscando a interatividade constante, marcas apostam em avanços tecnológicos para se adequarem ao novo momento do varejo

A ideia foi exatamente possibilitar que outros usuários pelo mundo pudessem experimentar o produto em um momento interativo. Para isso, o kit do aplicativo foi disponibilizado online em um espaço onde o usuário pode baixar o arquivo com a pulseira virtual, imprimir, ligar a webcam, e escolher o melhor modelo através do site, experimentando-o sem restrições.

Seja em seus pontos de venda situados nas principais cidades do mundo ou no seu ambiente virtual, a palavra que rege as novas ações de merchandising é interação. De todos os lados, o importante é atingir a atenção do consumidor e fazer parte de sua vida, criando experiências (reais ou virtuais) que fiquem na memória e tragam um diferencial emocional perante marcas semelhantes.


FOTOS: DIVULGAÇÃO

ação Criar experiências diferenciadas é o mote que vem estimulando empresas do segmento de luxo a investirem em displays digitais 55 55 #2 TALK | SHOPMAGAZINE TALK MAGAZINE SHOP #02


Especial

TECNOLOGIA

redes cada vez

mais sociais Ações de marketing se utilizam de elementos vindos das redes sociais para aproximar as marcas do universo virtual de seu público, envolvendo-os de forma surpreendente

56 SHOP 56 MAGAZINE | #2 #02 SHOPTALK TALK MAGAZINE

Estreitar os laços e fazer parte da vida dos seus consumidores em redes sociais, como o Facebook e o Twitter, e ainda participar das movimentações realizadas através de aplicativos especialmente criados para smartphones é um passo que várias marcas já vêm dando no sentido de criar maior proximidade para seus negócios envolvendo os mundos real e virtual. Sucesso entre os aficionados em aplicativos para celular, o jogo Angry

Birds saiu das telas dos celulares para fazer parte do mundo real criado pela empresa de telefonia européia TMobile. Para a ação, a marca tomou emprestado alguns elementos do jogo para criar um versão real onde os transeuntes eram convidados a jogar pelo celular e ver o resultado ao vivo através da estrutura montada na cidade de Terrasa, próximo a Barcelona. A ação foi gravada e ganhou a mídia através dos virais enviados através do


FOTOS: DIVULGAÇÃO

Youtube e outras mídias sociais. Seguindo a onda de ações que provocam a interação entre marca e consumidor de forma despretensiosa, a BMW lançou no mês de maio a MINI Photo Box. A ação, que aconteceu em Berlim, teve como intuito criar vínculos com o público mais jovem através da brincadeira entre o mundo online e off-line. Sob o mote “It’s personal” – uma alusão às diversas possibilidades

de personalização do carro – os pedestres foram incitados a parar para uma pose dentro de uma cabine fotográfica e a selecionar o seu MINI favorito. A seleção era então enviada para um outdoor digital mostrando que aquele candidato estava concorrendo a um dos quatro modelos e cores à disposição: MINI Hatch, Covertible, Clubman e Countryman. Pela internet, os fãs do mundo todo também foram estimulados

a posarem para uma foto e enviar pelo app do Facebook especialmente criado para a campanha online, onde era possível acompanhar toda a movimentação ao vivo de Berlim. Adicionando um elemento de diversão às rotinas dos transeuntes em pontos estratégicos das grandes cidades, marcas como a BMW provocam as pessoas a pensarem em novos modos de interagir com novos produtos e lançamentos.

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da cozinha para as

passarelas Tendência dos anos 90, as ações de co-branding vêm se tornando cada vez mais comuns na moda e agora atingem também o setor de eletrodomésticos, garantindo a diversidade dessas ações no varejo brasileiro. A Casa Electrolux de São Paulo, por exemplo, é a primeira flagship store da marca e integra tecnologia, gastronomia, moda, arquitetura e design em um só espaço. O projeto faz parte das ações de expansão da marca que tem o objetivo de aproximar

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o cliente dos produtos de forma despretensiosa e interativa. A loja, que foi instalada em um casarão tombado pelo patrimônio histórico na região dos Jardins, zona nobre da cidade, tem o intuito de oferecer ao visitante uma experiência integrada onde ele possa criar vínculos emocionais com os produtos e lançamentos da marca. Para isso, o ambiente conta com uma Cozinha Gourmet e um espaço social com teto skylight que completa a atmosfera clean e tecnológica do lugar.

O objetivo da Casa é funcionar como plataforma de apoio para os projetos transversais da marca, como é o caso da parceria que foi feita recentemente com a estilista Glória Coelho, que expos sua coleção de noivas no espaço social da casa. O desfile, que foi transmitido ao vivo pela internet, marcou também a associação das duas marcas no lançamento da Lava & Seca Ecoturbo LS09. Para complementar a ação, as peças de Glória contarão agora com tags indicativas para o


uso da lavadora, que promete um maior tempo de vida da peça. A ideia é trazer a imagem inovadora dos produtos da estilista para o imaginário dos produtos Electrolux, fazendo link com a moda e com o design. Além dos eventos relacionados com a moda, a Casa traz eventos culturais e associações com resturantes e novos chefs que possam agregar novidades à imagem da marca, permitindo a constante renovação dos eventos e o contato permanente com seus consumidores.

*Otávio Santiago é xxxxxxxxxxxxxxxx oscdesign.com.br

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Com ar tecnológico e futurista, a Casa Electrolux, primeira flagship da marca aposta em parcerias transversais para promover o espaço e garantir a proximidade com os clientes

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Pelo Mundo

Los angeles

O verde é de

Los Angeles Lugar das divas hollywoodianas, a cidade divide o glamour do cinema com lojas especialmente equipadas para atingir o público mais exigente Fotos: Otávio Santiago*, de Los Angeles Capital dos negócios e também do lazer, Los Angeles é miscigenada por natureza e é lar das mais intensas movimentações culturais do país. Rodeada de praias e com uma posição geográfica privilegiada, a cidade é alvo dos maníacos por filmes e pelo universo das celebridades hollywoodianas.

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E esse caráter não poderia deixar de se expressar também na sua arquitetura comercial. Com imensos boulevards dominados pelas grandes grifes, as lojas respiram o glamour das divas do cinema e dos grandes espetáculos. Destaque para a flagship da Prada, que, na ausência de vitrines, opta pela

exposição direta de manequins e pelos vitrais verdes através dos quais os visitantes podem observar os manequins expostos no subsolo, garantindo interatividade à exposição. *Otávio Santiago é diretor de arte da OSC Design oscdesign.com.br


Customização na Lanvin Seguindo a onda de customização que invadiu as vitrines por aí, a Lanvin usa seu costumeiro bom humor para ilustrar seus manequins através de caricaturas divertidas com ar de mistério, bem a cara da marca!

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Pelo Mundo

londres

Nacionalismo exaltado

Marcas se valem de símbolos nacionais, como o badalado casamento real, para criar canais de comunicação com o cliente no intuito de gerar possibilidades de compra Fotos: Luiza Paiva*, de Londres

Pioneiros nas tendências mundiais, os londrinos mostram mais uma vez que sabem fazer uma boa montagem de visual merchandising sem custos exorbitantes. Sempre de olho nos acontecimentos que exaltam o nacionalismo, algumas marcas apostam em símbolos nacionais para trabalhar o lado emocional dos clientes dentro de suas vitrines. Foco da última temporada, os blocos de cor aparecem em vários momentos e a formatação em blocagens passa a aparecer também na disposição dos manequins e displays dentro e fora das vitrines, que ora aparecem em forma linear ora em forma piramidal. Para criar este tipo de movimento, empresas como a Top Shop apostam em materiais de baixo custo como palets e escadas de madeira, também no intuito de seguir a linha sustentável para o desenvolvimento de displays. *Luiza Paiva é editora do blog perlesdelamode.blogspot.com

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Provocando a rainha Nas vitrines da marca de lingeries Agent Provovocateur a aposta ĂŠ numa leitura picante do casamento real. Utilizando a estĂŠtica burlesca, o manequim salta de dentro de uma xĂ­cara decorada com bandeirolas inspiradas nos temas nacionais #2 | Shop Talk Magazine

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Pelo Mundo

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londres

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Com foco no movimento criado pelos jogos de altura, as montagens irregulares invadem as vitrines e tambĂŠm os interiores de loja, como ĂŠ o caso da gigante da moda Top Shop, que usa de blocos e rampas de madeira para criar o efeito #2 | Shop Talk Magazine

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Pelo Mundo

japão

Maximalismo japonês Desprovida de preconceitos, nossa colaboradora Luciana Vasquez revela a mistura de cores, texturas e formas que saltam aos olhos na ilha misteriosa Por Luciana Vasques*, de Osaka “Chego no Japão e os sinais são claros: limpeza minuciosa e serviço de imigração absolutamente eficiente são imbuidos de gentileza. O sonho da viagem às terras nipônicas começa bem e como o esperado, arigatou gozaimasu (o ‘muito obrigado’ formal repetido a cada 5 minutos por todos os atendentes de qualquer estabelecimento). Percebo facilmente em Osaka que toda estação de trem é circundada por grandes centros comerciais, nada muito diferente das grandes cidades, porém a voracidade com que os japoneses vão às compras é certamente peculiar. O horário comercial já diz tudo, em qualquer dia da semana até às 21h, praticamente todo o varejo de 66

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Nos shopping arcades os produtos se dispõe em um tipo de mistura organizada. Destaque para a exposicão das cores e padrões, sempre em harmonia

roupas, sapatos e acessórios está aberto em Osaka e Kyoto e o movimento simplesmente não para. Provavelmente a grande diferença aqui é que o japonês, educado como é, não entra em loja no último minuto do segundo tempo – horário de fechar é horário de fechar. As grandes lojas de departamento verticais e os shopping arcades, galerias que se estendem por uma boa dezena ou mais de quarteirões, jun-

tos disponibilizam tudo, e quero mesmo dizer tudo, o que um comprador possa querer. E o tudo vem em infinitos modelos e cores, muitas cores e padrões diversos. O preço pode não ser o mais acessível mas a qualidade do mais barato deixa uma bela impressão, aquela que te deixa atônito, e rapidamente você se pega tão maravilhado e ávido por compras como todo e qualquer japonês. Entre as vitrines que ditam as ten-

As grandes lojas e galerias disponibilizam tudo. E o tudo vem em infinitos modelos e cores, muitas cores e padrões diversos dências de verão convidando o público para entrar nas lojas de departamento, e as araras que se multiplicam de dentro pra fora tomando as frentes das lojas dentro das galerias, o tempo passa rápido e os olhos brilham: ir às compras nunca foi tão divertido. As galerias parecem ter um caráter mais único principalmente pela extensão do significado de variedade. Enquanto as lojas de departamento dividem suas seções por andares, as galerias mistu#2 | Shop Talk Magazine

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japão

ram lanchonetes, pachinko (o bingo japonês), papelarias, drogarias, eletrônicos, livrarias, artigos típicos japoneses e claro, moda, para todos os gostos, gêneros e idades, inclusive de segunda-mão, gerando uma diversidade de público maior e mais interessante. Foi no Japão a primeira vez que me deparei com brechós que não parecem brechós. A organização das 68

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araras, a limpeza (leia-se cheiro) das roupas e do ambiente, e novamente, a variedade de peças, é simplesmente tão impecável que em tom de confissão posso dizer: demorei pra entender que estava em uma loja de segundamão quando na primeira entrei. Essa perfeição clínica é minha memória mais rica do Japão, mas como o famoso ditado já prometia: nada em exa-

gero é bom, e acabei me decepcionando com a extrema limitação de tamanhos disponíveis nas lojas. Minha tara por meias-calças e a do meu marido por tênis voltaram completamente murchas! Tantos modelos, tantas cores, tantas lojas especializadas, e não consegui achar uma legging que fosse além do tamanho M-L (entre 1,50m e 1,65m) e nenhum calçado masculino além do tamanho 39.


Perucas e manequins Presentes nas principais vitrines internacionais, os manequins articulados aparecem cheios de atitude e movimentos diferenciados, acompanhados ou não de volumosas perucas

Como disse meu amigo brasileiro que me recebeu com tanto carinho nessa visita logo nos primeiros instantes de conversa quando cheguei: “o Japão é feito para os japoneses, você vai ver com seus próprios olhos.”. Dito e feito! Japonês que é japonês se encaixa dentro de um padrão e eu, uma mera gaijin (literalmente ‘gringa’), fiquei-me a con-

tentar com a plasticidade das lojas e produtos que me inundou os sentidos e a solicitude mais digna que já presenciei no varejo. Ah claro, e voltei com uma bota linda – felizmente o meu pé é japonês!

*Luciana Vasques é fotógrafa, estudante e professora universitária

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Rússia

A força russa Fotos: Kirill*, de São Petersburgo

Em tempos de liquidação de verão no hemisfério norte, São Petersburgo transpira criatividade e confirma as tendências nas vitrines espalhadas pelo país O varejo de moda nas cidades da ex-socialista Rússia parece mesmo ter ganhado a merecida força nos últimos anos. Com montagens que brincam com as formas e as texturas, uma cidade iluminada surge por detrás dos manequins envolvidos pelos motes da mais capitalista das campanhas: a liquidação. Pioneira no assunto, a loja de departamentos Babo70

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chka já aposta em tendências mundiais para brincar com o imaginário de seus clientes. Através de um portfólio que inclui mais de 100 marcas nacionais e internacionais, a gigante russa ganhou mercado possuindo várias boutiques espalhadas pela cidade e representação exclusiva de marcas como Brioni, Ermenegildo Zegna e Emporio Armani. Na Babochka Galery (foto acima),

por exemplo, diferentes coleções são mostradas nos três andares exclusivos, que abrigam corners de várias marcas internacionais, representando a grande força do varejo da cidade.

*Kirill é editor da e-magazine especiliada em VM vitrinistika.ru


Espalhadas por toda a cidade, as lojas de souvenires brincam com as formas e revelam a qualidade do artesanato russo. Na foto ao lado, detalhe das clรกssicas Matrioshkas.

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Rússia

Na foto acima, corner da Moschino na multimarcas Bosco Liliegy. Detalhe para a preocupação com os displays e o posicionamento dos manequins

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Movimento Tendência confirmada na última Euroshop que aconteceu em Düsseldorf, na Alemanha, os manequins com movimento aparecem também nas vitrines de São Petersburgo. Os materiais de baixo custo e as letras gigantes também aparecem em várias montagens #2 | Shop Talk Magazine

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RĂşssia

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Cenografia Com foco no uso de elementos reutilizados, o projeto cenogrรกfico da vitrine da Ecko Untld. de Moscou abusa do minimalismo branco para criar seu conceito street, que se estende para o interior da loja. Jรก a russa Kartell optou pela mistura de estilos de arte para emoldurar seus clรกssicos produtos #2 | Shop Talk Magazine

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São paulo

Cores, texturas e geometria

Provando que a moda da capital paulista vai além das passarelas, as vitrines do Brás e do Bom Retiro revelam as cores da próxima coleção primavera/verão Da Redação

Ver como o varejo de moda cresce na cidade de São Paulo através das vitrines é, de fato, instigante. Andar pelas ruas de bairros como o Bom Retiro e o Brás, além de um exercício para a criatividade pode ser, de fato, inspirador. Por cada rua aparecem imagens que primam pela composição e revelam a qualidade e a preocupação com a execução. Apesar da estrutura fabril das lojas, as empresas que operam nestes bairros já dedicam boa parte de seus orçamentos para a elaboração de projetos de vitrine que correspondam à realidade de seus consumidores e, claro, de suas coleções. Marcas que antes focavam apenas no mercado local começam a pensar no posicionamento de seus produtos em pontos de venda espalhados pelo país e na visibilidade de suas lojas perante os milhares de compradores que visitam diariamente a região em busca de novos produtos. Tendência confirmada pelas passarelas internacionais, o “color block” já aparece em várias vitrines anunciando a venda das coleções de primavera/verão 2012, prontas para serem distribuídas para as multimarcas de todo o país. Nas lojas reformadas, o uso de espaço cenográfico além da vitrine toma conta de quase toda a fachada e algumas marcas investem no uso de maxi displays e diferentes tons 76

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de cor para criar jogos geométricos na disposição dos manequins, que aparecem ora dispostos em linha reta ora em posicionamentos angulares. As flores, clássicos da próxima estação, compõem a cenografia e também servem como forma de customizar os manequins, que, seguindo o previsto pela feira Euroshop deste ano, surgem em novas texturas e com

poses inusitadas. A peruca também é usada em várias cenografias, garantindo o aspecto realista da produção. À margem do glamour das grandes passarelas, o comércio da região ganha visibilidade e mostra que além de crescimento nos números, as empresas envolvidas sabem acompanhar as novidades que acontecem no mercado com criatividade e competência.


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S達o paulo

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Opinião

falando de varejo

Fotos: efe, folhapress e divulgação

A modelo Gisele Bündchen é alvo de protesto durante desfile, em 2002. Ao lado, propagandas do PETA

À flor da pele Por Caio Camargo* Recentemente assistimos a dois episódios envolvendo duas grandes marcas do varejo de moda e o uso dos produtos de pele. Há algumas semanas, a Arezzo enfrentou a fúria das redes sociais devido ao lançamento da linha Pelemania, utilizando peles verdadeiras, o que mobilizou ativistas e até mesmo seus seguidores contra a marca, levando a Arezzo a retirar parte dos produtos (o que acreditou ser mais ofensivo) de circulação. Em entrevista publicada pela Folha de S. Paulo, Anderson Birman, presidente da marca, defendeu a linha de produtos afirmando que, segundo palavras suas: “Todas as marcas estão usando, é um tendência forte”. 80

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Com um olhar panorâmico, Caio Camargo analisa a questão do uso inadequado de peles em produtos de moda

Mesmo após a repercussão na mídia, Carlos Miele, da M.Officer, deu entrevista onde defendeu o uso de peles verdadeiras na moda, desde que oriundas de animais criados em cativeiro, o que novamente repercutiu por toda a rede com o mesmo furor. Mais do que discutir sobre a questão ética da utilização de peles no mundo da moda, é importante observarmos também a questão da falta de posicionamento de algumas marcas e empresas. É fato que a questão do uso das peles pelo âmbito da ética, em um mundo onde as marcas cada vez mais buscam operações e processos sustentáveis é mais do que grave, porém,


espantaram-me as palavras de um presidente de uma marca consolidada afirmar que criaram uma linha de produtos apenas porque todos “estavam fazendo”, sem questionar ou levar em consideração se tal linha vinha de encontro ao que seus consumidores desejavam, ou ainda pior, se tal linha de produtos de alguma maneira, não feria os valores éticos e morais da empresa. Analisar uma tendência é importante, principalmente no mundo da moda, onde a velocidade das transformações dos padrões e costumes da sociedade é cada vez mais intensa. Entretanto, marcas sólidas devem mais do que seguir um caminho, mas trilhar um caminho próprio, tornamse referência.Mais do que seguir a luz, tornar-se o próprio farol. Num mundo onde segundo a defesa da Arezzo e da M.Officer, a tendência é a pele, o que seria de uma marca que batesse forte o pé contra a questão e levantasse forte a bandeira da ética? Que mobilizasse ao invés de ser mobilizada? Quem sabe a concorrência tenha uma boa resposta.

Pedido de desculpas Em sua fanpage do Facebook e também em seu website, a Arezzo reiterou acreditar na pluralidade das opiniões e que, em respeito aos seus clientes, deixaria de comercializar as peças da coleção Pelemania, prometendo não mais desenvolver produtos que utilizassem a peleteria em suas criações. Todavia, o uso de couro bovino não entrou no projeto de reposicionamento, já que a marca trabalha com este material desde sua fundação

*Caio Camargo é especialista em varejo e editor do blog falandodevarejo.com.br

Esquivando-se das acusações e repercursões negativas, a atriz Glória Pires alegou não compactuar com a campanha Pelemania

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Casa bricolada

Belém fashion

Com o crescimento do varejo de moda no país, jovens empreendedores fora do eixo Rio-São Paulo despontam em negócios focados na geração de novidades Da Redação O crescimento do mercado de moda no país vem acompanhado de repercussões em todos os cantos graças ao desenvolvimento da mídia direcionada, da difusão de informação através da internet e, claro, através da profissionalização do setor e do aumento do número de cursos dedicados à preparação de mão-de-obra especializada. As manifestações são variadas e se aplicam no mercado com cria-

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tividade e inteligência se dissipando para áreas que fogem dos grandes pólos de moda nacional e inspiram novos criadores e designers com um espírito de cooperação. Esse é o caso da loja/coletivo de Belém, Casa Bricolada, que desde dezembro de 2009 abriu suas portas para abrigar coleções de estilistas iniciantes, além de eventos de moda, desfiles, vernissages, etc.. Tudo com o objetivo de divulgar e enaltecer a

cultura de moda da capital paraense. A ideia inicial surgiu quando cinco estudantes do recente curso de Moda da Universidade da Amazônia (UNAMA), recém-formadas, resolveram criar um espaço que transcendesse o simples conceito de loja varejista e incorporasse um novo modo de ver e rever os conceitos, levando em consideração as peculiaridades do lugar em que vivem e trocam experiências diariamente.

Fotos: divulgação

DNA Brasileiro


Com uma abordagem peculiar e espírito de colaboração, a Casa recebe hoje várias marcas independentes do Pará, além de abrigar em suas araras as coleções de suas fundadoras e possuir um ateliê especializado no desenvolvimento de peças sob medida. Na arquitetura, elementos inspirados pelo universo vintage tomam conta da ambiência interior, trazendo o aconchego de casa para o espaço de venda. Para criar esta atmosfera, armários e móveis antigos foram transformados em araras e bases expositoras, estimulando o lado lúdico da exposição. Para trazer interatividade ao espaço, a loja conta ainda com um charmoso café onde seus visitantes são convidados a passar um tempo conversando ou mesmo tirando dúvidas sobre as peças e os processo criativos. No mix de produtos, mais voltado à moda feminina, estão vestidos, blusas, calças e acessórios que valorizam a produção local e se revestem de matéria-prima natural e, principalmente, artesanal, para criar vínculos entre a peça e o cliente. Como forma de se reinventar, a moda local surge aqui com classe e bom gosto em um ambiente que evoca a revolução o tempo todo, sempre focando no lado colaborativo dos processos de (re)criar imagens e produtos conscientes, mostrando que o design paraense vai além do simples vestir. A Casa Bricolada está localizada na Tv. Quintino Bocaiuva esquina com Aristides Lobo, 793 altos. #2 | Shop Talk Magazine

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