XXII Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica

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Cooperação empresa-instituto tecnológicouniversidade.

Moysés Simantob


Cooperação Universidade-Empresa: A Experiência do Fórum de Inovação da EAESP/FGV Tema: Cooperação empresa-instituto tecnológico-universidade. Categoria: relato de experiência Tales Andreassi Fundação Getúlio Vargas E-mail: tales1@uol.com.br Marcos Augusto de Vasconcellos Fundação Getulio Vargas-EAESP E-mail: marcosav@zaz.com.br Moysés Simantob EAESP-Fundação Getúlio Vargas Resumo A cooperação entre empresas, universidades e institutos de pesquisa sempre foi um assunto de extrema importância e também de acentuada dificuldade, dado os caracteres e missões díspares dessas três instituições, haja vista os inúmeros casos de insucesso envolvendo pesquisas cooperativas nesses três âmbitos. O presente artigo pretende relatar uma dessas experiências, a implementação do Fórum de Inovação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, ligada à Fundação Getúlio Vargas. Em linhas gerais, o trabalho desenvolvido pelo Fórum é analisar casos de inovação em empresas visando resgatar e discutir agentes facilitadores e dificultadores do processo inovativo. Até o momento, seis empresas já aderiram ao Fórum de Inovação. Analisar o processo de constituição do Fórum, suas principais ações, metodologias, empresas participantes e resultados, são os objetivos deste trabalho. Por se tratar de uma experiência única no contexto nacional, espera-se que o trabalho contribua para inspirar outras experiências semelhantes nos diversos centros de inovação implementados em escolas no país. Palavras-chave: Cooperacao, inovação, Fórum


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Cooperação Universidade-Empresa: A Experiência do Fórum de Inovação da EAESP/FGV 1. Introdução A cooperação entre empresas, universidades e institutos de pesquisa sempre foi um assunto de extrema importância e tambÊm de acentuada dificuldade, dados os caracteres e missþes díspares dessas três instituiçþes e os inúmeros casos de insucesso envolvendo pesquisas cooperativas nesses três âmbitos. O presente artigo pretende relatar uma dessas experiências, a implementação do Fórum de Inovação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, ligada à Fundação Getulio Vargas. Sua missão Ê estimular e viabilizar a geração, sistematização, difusão e aplicação de conhecimentos sobre Organizaçþes Inovadoras. AtÊ o presente momento, seis empresas jå aderiram ao Fórum de Inovação. Analisar o processo de constituição do Fórum, suas principais açþes, metodologias, empresas participantes e resultados, são os objetivos deste trabalho. Por se tratar de uma experiência única no contexto nacional, espera-se que o trabalho contribua para inspirar outras experiências semelhantes nos diversos centros de inovação implementados em escolas no país. Este trabalho estå estruturado em seis itens. O item 1, esta breve introdução, relata os objetivos e a estrutura do artigo. O item 2 abrange a revisão bibliogråfica efetuada, concentrada basicamente na relação universidade-empresa. O item 3 discute a concepção e evolução do Fórum, seguido pelos itens 4 e 5 que respectivamente tratam da mecânica de funcionamento do Fórum e de suas perspectivas e desafios. Finalmente, o item 6 apresenta as conclusþes do trabalho, sendo seguido pelas referências bibliogråficas.

2. A relação universidade-empresa No atual quadro econĂ´mico, marcado pela alta competitividade, qualidade dos produtos e concorrĂŞncia acirrada, cada vez mais o ĂŞxito empresarial depende da capacidade da empresa inovar, colocando novos produtos no mercado, a um custo-benefĂ­cio maior, com uma qualidade melhor e a uma velocidade maior do que seus concorrentes. Assim, se no âmbito interno a inovação estĂĄ se tornando cada vez mais uma condição necessĂĄria para a sobrevivĂŞncia da empresa, no âmbito externo a decisĂŁo de inovar ĂŠ uma condição essencial para que a empresa consiga ganhar mercados internacionais e atender os rĂ­gidos padrĂľes desses mercados. Se a inovação pode ditar o ritmo do crescimento de um paĂ­s, conforme afirma Marcovitch (1981), nada mais natural o incentivo ao fomento de polĂ­ticas que efetivamente incrementem a inovação de um paĂ­s. Dentre as vĂĄrias polĂ­ticas de incremento – incentivo fiscal, crĂŠdito Ă inovação, incubadoras, programas de formação de mĂŁo-de-obra, entre tantas outras – o incentivo Ă interação universidade-empresa seguramente encontra-se entre

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as polĂ­ticas que vem merecendo um grande destaque, haja vista a recente criação do Fundo Verde Amarelo pelo MinistĂŠrio da CiĂŞncia e Tecnologia. A cooperação universidade-empresa pode ser definida, no entender de Plonski (1992) apud Segatto e Sbragia (1996), “como um modelo de arranjo interinstitucional entre organizaçþes de natureza fundamentalmente distinta, que podem ter finalidades diferentes e adotar formatos bastante diversos. Inclui-se nesse conceito desde interaçþes tĂŞnues e pouco comprometedoras, como o oferecimento de estĂĄgios profissionalizantes, atĂŠ vinculaçþes intensas e extensas, como os grandes programas de pesquisa cooperativa, em que chega a ocorrer repartição de crĂŠditos resultantes da comercialização dos seus resultadosâ€?. Embora no âmbito internacional a interação entre universidade e empresa nĂŁo seja algo novo, foi sĂł a partir de 1970 que esta tem ser tornado mais formal, freqĂźente e planejada, conforme aponta Vedovello (1996). A autora ressalta tambĂŠm que tal tema vem despertando um crescente interesse, seja em paĂ­ses desenvolvidos como em desenvolvimento, “que ainda a consideram como um recurso cientĂ­fico-tecnolĂłgico subutilizadoâ€?, o que demonstra a alta capacidade de exploração do tema em questĂŁo. É interessante notar que tal sub-utilização tambĂŠm ĂŠ verificada em paĂ­ses desenvolvidos, uma vez que a OCDE tem enfatizado a ausĂŞncia e/ou inadequabilidade de anĂĄlises qualitativas e quantitativas sobre a interação entre universidades e indĂşstria (OECD, 1990 apud Vedovello, 1996). Uma das possĂ­veis explicaçþes para essa sub-utilização ĂŠ que a relação universidadeempresa jĂĄ se apresenta controversa no momento em que se analisam as motivaçþes que a criaram. Segundo Segatto e Sbragia (1996), a academia procura as empresas para a obtenção de conhecimentos prĂĄticos sobre os problemas existentes, incorporação de novas informaçþes aos processos de ensino e pesquisa, obtenção de recursos financeiros e materiais adicionais e para a divulgação da imagem da universidade. JĂĄ os principais motivadores que levam as empresas a procurar a academia sĂŁo o acesso aos recursos humanos altamente qualificados, resolução de problemas tĂŠcnicos que geram a necessidade de pesquisa, redução de custos e riscos envolvidos em processos de P&D, acesso a novos conhecimentos desenvolvidos no meio acadĂŞmico e identificação de alunos para o recrutamento futuro. Embora tais motivaçþes nĂŁo sejam totalmente incompatĂ­veis, elas sĂŁo certamente diferentes, e sem um gerenciamento eficaz do processo tais diferenças acabam por se tornar obstĂĄculos intransponĂ­veis. No entender de Brito Cruz (2001), “devemos transformar a universidade no departamento de P&D que a empresa nĂŁo temâ€?. Nesse sentido, Segatto e Sbragia (1996) apontam alguns empecilhos na relação universidade-empresa: a busca do conhecimento fundamental pela universidade, enfocando a ciĂŞncia bĂĄsica e nĂŁo o desenvolvimento ou comercialização; a extensĂŁo do tempo do processo;

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a visão de que o Estado deve ser o único financiador de atividades de pesquisa universitårias a fim de garantir a plena autonomia universitåria e a liberdade de publicação; ausência de instrumentos legais que regulamentam as atividades de pesquisa; as filosofias administrativas das instituiçþes; o grau de incerteza dos projetos; a carência de comunicação entre as partes; a instabilidade das universidades públicas; o excesso de burocracia das universidades. Apesar de todas as dificuldades listadas acima, os ganhos oriundos de uma parceira eficaz entre universidade e empresa são certamente recompensadores. Conforme afirmam Lima, Reis e Castro (1998), as vantagens que as relaçþes universidade-empresa trazem para as organizaçþes envolvidas são a legitimação da atividade institucional, otimização dos recursos, redução dos riscos, melhoria na qualidade das açþes, possibilidade de intercâmbio de informaçþes, melhor identificação de demandas dos clientes, maior interação entre tÊcnicos e maior permeabilidade institucional ou maior alcance geogråfico das açþes. Jå Fonseca (1998) estudou a parceira universidade-empresa sob a ótica da geração de inovação, e afirma que para a configuração de relaçþes duradouras entre a universidade e o meio produtivo mostrou-se necessåria a combinação de medidas de interação das três categorias: os instrumentos político-normativos, criando medidas de amparo às atividades inovadoras em parceria; os mecanismos administrativos, criando condiçþes culturais, motivacionais, comportamentais e tÊcnicas favoråveis à parceria e ao desenvolvimento de projetos de inovação tecnológica; e as estruturas organizacionais, criando uma base formal, capaz de viabilizar a execução conjunta de projetos e a concretização das inovaçþes. 3. Concepção e Evolução do Fórum A criação do Fórum de Inovação foi fortemente inspirada, no tocante à sua estrutura, no MIT Media Laboratory, inaugurado em 1985 por Nicholas Negroponte e Jerome Wiesner, que previram a convergência entre computação, editoração e televisão, no contexto das mudanças na indústria de comunicação. Ao se iniciar a estruturação do Fórum, a idÊia era desenvolver uma aliança entre empresas e universidade, de modo que ambos os lados aprendessem e estudassem a questão da inovação, em um ambiente de colaboração. Nesse sentido, o Fórum começou a ser estruturado em 1999 e foi oficialmente lançado em maio de 2000, tendo como principais objetivos: sistematizar o conhecimento e a pråtica da inovação nas empresas;

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integrar conceitos acadĂŞmicos e realidade empresarial; estudar a inovação como direcionador estratĂŠgico para o paĂ­s; compartilhar conhecimento entre empresas de segmentos diversos, em uma comunidade multi-cultural e multidisciplinar; gerar riqueza a partir da visĂŁo de inovação como estratĂŠgia. É importante ressaltar que, ao se referir Ă questĂŁo da inovação, o FĂłrum nĂŁo estĂĄ, necessariamente, se referindo apenas Ă inovação tecnolĂłgica, caracterizada basicamente pela inovação de produto e processo, mas tambĂŠm Ă inovação de gestĂŁo ou ainda Ă inovação relacionada ao modelo de negĂłcio. Em linhas gerais, as atividades do FĂłrum se resumem, atĂŠ o presente momento, em quatro pontos: InventĂĄrio de Inovaçþes: realização de pesquisa e investigação de casos, elaboração de diagnĂłsticos e workshops com executivos das empresas Compartilhamento de experiĂŞncias: anĂĄlise comparada dos casos, identificação de fatores que favorecem a inovação e discussĂŁo de estratĂŠgias e açþes Estruturação de metodologias: desenvolvimento de metodologia de diagnĂłstico, de gestĂŁo da transformação e de pesquisa setorial Capacitação acadĂŞmica: implementação de disciplinas de Inovação na FGV-EAESP A concepção do FĂłrum obedeceu a uma evolução planejada, segundo a qual podem ser identificadas quatro fases distintas, conforme mostra a figura a seguir:

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Figura 1: evolução planejada do FĂłrum “Criando raĂ­zesâ€? • 4 empresas • Estudos de Facilitadores e Inibidores • Metodologia experimental MIS/IP

“Saindo da casca�

“Ganhando massa�

“Expandindo fronteiras�

• Estudos de casos externos • Website • Metodologia prĂłpria de investigação • Produção de artigos • ‘Swap’ de Inovação • ComitĂŞs de Inovação

• Novas categorias de associação • Comunidade multidisciplinar • Linhas especĂ­ficas de estudo – setoriais e temĂĄticas •Geração de Ferramentas • Cursos regulares

• Comunidade Global • ReferĂŞncia internac. • CiĂŞncia brasileira • Exportação de Conhecimento

Consolidação (2001-2002)

Desenvolvimento (2002-2003)

Criação (1999-2000)

Expansão (2003-‌)

Fonte: FĂłrum de Inovação O perĂ­odo de 1999-2000 representa a fase de criação do FĂłrum, na qual a preocupação maior era criar raĂ­zes e garantir a o funcionamento de sua estrutura, contando com o apoio de quatro empresas: Brasilata, Copesul, Embrapa e Monsanto. Nesse perĂ­odo foram desenvolvidos dois estudos de caso, na Brasilata e na Copesul, que tinham como propĂłsito bĂĄsico analisar fatores facilitadores e inibidores da atividade inovadora nessas empresas, a fim de que tais fatores pudessem ser replicados ou evitados em situaçþes futuras. A partir de 2001, o FĂłrum entrou em sua fase de consolidação, procurando diversificar sua linha de atuação. A partir dessa data, houve um maior incentivo Ă produção de artigos e ao desenvolvimento de uma metodologia prĂłpria para o estudo da inovação nas empresas. No ano de 2002 o FĂłrum entra em sua fase de desenvolvimento, com o ingresso de mais duas empresas – Banco do Brasil e Microsiga. A partir daĂ­ seu leque de atuação aumenta significativamente, seja na implantação de cursos voltados Ă inovação na FGV-EAESP, seja na criação de linhas especĂ­ficas de estudo. A partir de 2003, o objetivo do FĂłrum serĂĄ a expansĂŁo de suas fronteiras, atravĂŠs de convĂŞnios e acordos de cooperação com outros institutos relacionados Ă inovação, conforme relacionado na figura 2 a seguir.

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Figura 2: Processo de Cooperação no Fórum

Aumento do Conhecimento sobre a nossa realidade

Identificação de necessidades específicas dos participantes do Fórum

Construção de acervo da ciência administrativa

Apoio Ă tomada de decisĂľes estratĂŠgicas

Desenvolvimento de PadrĂľes “Classe Mundialâ€?

Fonte: Fórum de Inovação

4. Mecânica de Funcionamento O Fórum de Inovação estå estruturado em três pilares: geração, sistematização e difusão de conhecimento. Com relação à geração, as principais atividades que compþem esse pilar estão concentradas nos estudos de caso. Trata-se de um trabalho de investigação, realizado por meio de entrevistas com as empresas participantes, no que concerne à sua capacidade de realizar inovaçþes, identificando os fatores internos e externos que condicionam tal capacidade, bem como os elementos iniciadores, facilitadores e inibidores mais comuns. Hå tambÊm as linhas de estudo, cujos objetivos para a empresa Ê criar e/ou aumentar conhecimento existente sobre determinado assunto, por meio do estudo e da troca de experiências entre os componentes da linha. Para a FGV-EAESP, o objetivo Ê aumentar o interesse dos públicos da escola em relação ao tema Inovação, propiciando a disseminação de conhecimento atravÊs de cursos, teses, papers, projetos de financiamento etc. Jå para os participantes, as linhas de estudo objetivam capacitå-los e sensibilizå-los para os tópicos relacionados à Inovação.

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No tocante Ă sistematização de conhecimento, o FĂłrum, a partir de anĂĄlises de experiĂŞncias bem sucedidas da literatura e da experiĂŞncia aprendida com as organizaçþes gestoras, tem como meta o desenvolvimento de uma metodologia prĂłpria voltada Ă investigação da inovação nas empresas. AlĂŠm disso, a preocupação com a intranet e o prĂłprio website sĂŁo ferramentas importantes para a organização e armazenamento e busca do conhecimento produzido pelo FĂłrum. Finalmente, a difusĂŁo do conhecimento ĂŠ exercida por meio dos comitĂŞs de inovação. Trata-se de grupos de trabalho montados pelas prĂłprias empresas, auxiliados pelos professores da FGV-EAESP e que tem como propĂłsito capturar o conteĂşdo aprendido no fĂłrum e disseminĂĄ-lo na empresa, atravĂŠs de uma eficiente comunicação interna (newsletter), grupos de debate e workshops. Um recurso adicional ĂŠ a utilização de links estabelecidos entre o site do FĂłrum e os sites de cada uma das organizaçþes gestores para busca de artigos, literatura ou mesmo chat. AlĂŠm dos comitĂŞs, a difusĂŁo tambĂŠm ĂŠ realizada por meio da exposição na mĂ­dia - refletida nas alianças com veĂ­culos de comunicação de massa no sentido de elaborar suplementos especiais sobre inovação encartados em veĂ­culos com grande tiragem, artigos e seminĂĄrios - e por meio de alianças com instituiçþes ligadas ao fomento e a pesquisa da inovação, visando disseminar a experiĂŞncia do FĂłrum e a troca de experiĂŞncias com essas instituiçþes. Para uma empresa ingressar no FĂłrum, ela assina um convĂŞnio de mĂştua cooperação para contribuição e manutenção do empreendimento conjunto, convĂŞnio este que se dĂĄ entre a empresa interessada e a FGV-EAESP. Para a implantação e manutenção do FĂłrum, as empresas afiliadas se obrigam a destinar uma quantia mensal, por um perĂ­odo de trĂŞs anos. NĂŁo obstante assumir o compromisso de manutenção do FĂłrum pelo prazo de trĂŞs anos, qualquer empresa poderĂĄ rescindir o convĂŞnio. O ingresso de novas empresas no FĂłrum somente ĂŠ possĂ­vel mediante aprovação unânime das empresas jĂĄ participantes. Isso se justifica para que nĂŁo haja duas empresas concorrentes diretas, o que acabaria restringindo a condução dos trabalhos. A administração das atividades do FĂłrum ĂŠ conduzida por um Coordenador, no caso uma empresa independente, nomeado pelo Diretor da FGV-EAESP, mediante recomendação do Departamento de Administração de Produção e Operaçþes, com o apoio de um Conselho Consultivo constituĂ­do pelos representantes designados pelas Organizaçþes Participantes. Esse ĂŠ um ponto crucial da mecânica de funcionamento do FĂłrum, ou seja, a preocupação com o controle de suas operaçþes. O FĂłrum ĂŠ gerido por mecanismos semelhantes aos adotados em uma empresa de serviços, tendo como preocupação a eficĂĄcia administrativa e operacional. Para tanto, foi contratada uma empresa independente que apĂłia e assessora administrativa e tecnicamente o FĂłrum. Essa empresa contratada apĂłia o necessĂĄrio balanceamento que permite a coexistĂŞncia dos dois segmentos envolvidos, o acadĂŞmico e o empresarial, fazendo com que o FĂłrum nĂŁo penda para nenhum dos lados. Isso, conforme mostra a revisĂŁo bibliogrĂĄfica, seria fatal para sua sobrevivĂŞncia. As empresas esperam coerĂŞncia na satisfação de suas demandas empresariais e acadĂŞmicas. A empresa coordenadora atua como um balizador, imprimindo a visĂŁo holĂ­stica necessĂĄria e atuando como “tradutorâ€? de linguagem, de acadĂŞmica para 8


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empresarial e vice-versa para garantir o funcionamento equilibrado do Fórum. Vale ressaltar que, atÊ o presente momento, o Fórum Ê sustentado apenas com os recursos das empresas participantes, o que exige o måximo de eficåcia em sua aplicação para que os resultados e objetivos sejam atingidos a contento. Outro ponto importante Ê o processo de adesão. O ingresso de uma empresa no Fórum não Ê uma tarefa fåcil, em função dos recursos e da disponibilidade de tempo exigidos. Portanto, a abordagem deve ser one to one, aplicando-se as tÊcnicas desenvolvidas pelo marketing de relacionamento.

5. Perspectivas e Desafios Certamente as perspectivas e os desafios do FĂłrum de Inovação sĂŁo muitos e dependem da sua viabilização futura. Tornar-se um centro de referĂŞncia nacional no estudo da inovação seguramente ĂŠ o maior desses desafios e para tanto ĂŠ necessĂĄrio o engajamento tanto de um nĂşmero maior de empresas quanto de instituiçþes e organizaçþes de fomento Ă inovação. Sem dĂşvida, a parceria do FĂłrum com a FIESP, atravĂŠs da assinatura de uma carta de intençþes, ĂŠ um passo importante nesse processo. Um outro desafio para o FĂłrum ĂŠ conseguir que as linhas de estudos se transformem em verdadeiras comunidades de prĂĄtica. Segundo Wenger e Snyder (2000), comunidades de prĂĄtica sĂŁo grupos de pessoas informalmente unidas para a troca de experiĂŞncias sobre determinando empreendimento. O processo para essa troca de experiĂŞncias ĂŠ o mais variado possĂ­vel, podendo ser presencial ou remoto, obedecer a uma agenda prĂŠvia ou nĂŁo. PorĂŠm, o mais interessante ĂŠ que essas pessoas compartilhem suas experiĂŞncias e conhecimento em um fluxo livre, favorecendo o aparecimento de abordagens criativas e alternativas para os problemas discutidos. Outro ponto importante ĂŠ aumentar o processo de virtualizacao do fĂłrum, utilizando-se cada vez mais as ferramentas disponibilizadas pela tecnologia da informação – vĂ­deo conferĂŞncia, acesso remoto, intranet e sites interativos, grupos de discussĂŁo virtuais, compartilhamento de informaçþes etc. Muitas ferramentas ainda estĂŁo por vir e o FĂłrum tem que estar atento para as tecnologias que potencializem a atividade central do fĂłrum. Para finalizar, ressalta-se a importância de se transformar o FĂłrum em um verdadeiro “laboratĂłrio de gestĂŁoâ€?, um campo de experimentos. O FĂłrum deve ser visto como uma arena para a discussĂŁo de experiĂŞncias criativas relacionadas Ă gestĂŁo da inovação, e para que isso aconteça serĂĄ necessĂĄrio, a longo prazo, criar uma categoria de “sĂłcio individualâ€?. A idĂŠia ĂŠ que essa categoria seja composta por expoentes que nĂŁo teriam o papel de gestores do FĂłrum, mas que poderiam contribuir para a discussĂŁo por meio de palestras, relato de experiĂŞncias vividas, etc.

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6. ConclusĂľes Sumarizando o que foi dito anteriormente, para que a experiĂŞncia de criação e sustentação de um fĂłrum possa ser replicada em outras instituiçþes, ĂŠ recomendĂĄvel que alguns cuidados e parâmetros sejam seguidos, a saber: 1. Mobilização e cooptação: O engajamento de empresas em um fĂłrum pressupĂľe uma atividade de mobilização de recursos e de investimentos que possibilitariam uma atividade permanente de cooptação de novas adesĂľes a partir de uma base de empresas potenciais bastante ampla. O processo de captação ĂŠ individual, taylor made. No caso especĂ­fico do FĂłrum de Inovação, fica claro que este nĂŁo pode ser vendido, ele precisa ser comprado pelas empresas. Isso porque as empresas precisam dedicar, alĂŠm dos recursos financeiros, recursos humanos. O FĂłrum sĂł existe em função das pessoas que o compĂľem. 2. Aprendizagem e descoberta: Um fĂłrum tem que dar as diretrizes para os envolvidos, no sentido de descobrir como trabalhar em equipe, envolver as diferentes ĂĄreas da organização, sensibilizar a alta cĂşpula. Isso porque o investimento ĂŠ alto, entĂŁo ĂŠ necessĂĄrio gerar logo os primeiros resultados. AlĂŠm disso, os participantes devem aprender a ser um educador para difundir o que foi discutido no fĂłrum nas empresas. 3. Arquitetura e difusĂŁo O sucesso de um fĂłrum tambĂŠm estĂĄ baseado na difusĂŁo da informação. O participante precisa “colocar a mĂŁo na massaâ€?, estudar, formar os comitĂŞs, reservar um nĂşmero de horas mensais para se dedicar ao fĂłrum. Um fĂłrum deve ser visto e utilizado como um radar, prospectando questĂľes de interesse para a empresa e internalizando e discutindo tais questĂľes na empresa. O participante deve tambĂŠm estar atento para a importância de se criar talentos sensibilizados para a questĂŁo da inovação, e que a longo prazo serĂŁo os responsĂĄveis por essa idĂŠia dentro da organização. 4. Perpetuação Para um fĂłrum ser bem sucedido, a premissa ĂŠ cumprir as metas previstas. No cumprimento dessas metas, dois componentes devem estar presentes - a qualidade e a excelĂŞncia. Um fĂłrum deve ser rigoroso e possuir disciplina metodolĂłgica no controle de suas atividade e no cumprimento das metas planejadas. Paradoxalmente, apesar do rigor e da disciplina, um fĂłrum tem que ter a capacidade de reinventar seu modelo de negĂłcio, e essa competĂŞncia deve vir do nĂşcleo de gestĂŁo do fĂłrum. Certamente que tais passos devem ser entendidos como um reflexo da experiĂŞncia da FGVEAESP na constituição de um FĂłrum de Inovação e que, com toda certeza, outras instituiçþes que se dispuserem a organizar iniciativas similares enfrentarĂŁo outros

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problemas. O importante Ê que tais experiências tambÊm sejam compartilhadas, a fim de que o propósito maior, ou seja, a promoção do crescimento econômico e social do país, seja atingido.

7. ReferĂŞncias Brito Cruz, C.H. Entrevista concedida ao Jornal “O Estado de S. Pauloâ€?, 16/09/2001. Fonseca, S. A. A Parceria Empresa-Universidade Gera Inovaçþes na Empresa? Anais do XX SimpĂłsio de GestĂŁo da Inovação TecnolĂłgica, SĂŁo Paulo, novembro 1998, pags. 515 a 526. Lima, S.M.V.; Reis, A E.G. e Castro, A M.G. GestĂŁo EstratĂŠgica de Parcerias em Instituição de P&D. Anais do XX SimpĂłsio de GestĂŁo da Inovação TecnolĂłgica, SĂŁo Paulo, novembro 1998, pags. 1356 a 1368. Marcovitch, J. O centro de tecnologia na empresa: seu papel no processo de inovação. Revista de Adminstração, Vol. 16 (2), abril-junho 1981. OECD. University-Enterprise Relations in OECD Member Countries. Committee for Scientific and Technological Policy, unpublished report, 1990. In Vedovello, C. Parques TecnolĂłgicos e a Interação Universidade-IndĂşstria. Anais do XIX SimpĂłsio de GestĂŁo da Inovação TecnolĂłgica, SĂŁo Paulo, novembro 1996, pgs. 384 a 398. Plonski, G. A (ed.) “PrefĂĄcio a La CooperaciĂłn Empresa-Universidad en IberoĂĄmericaâ€?, CooperaciĂłn Empresa-Universidad en IberoĂĄmerica, Programa CYTED, pp. VII-XIV, SĂŁo Paulo, 1992. In Segatto, A. e Sbragia, R. Cooperação Universidade-Empresa: Um Estudo ExploratĂłrio. Anais do XIX SimpĂłsio de GestĂŁo da Inovação TecnolĂłgica, SĂŁo Paulo, novembro 1996, pgs. 337 a 356. Segatto, A. e Sbragia, R. Cooperação Universidade-Empresa: Um Estudo ExploratĂłrio. Anais do XIX SimpĂłsio de GestĂŁo da Inovação TecnolĂłgica, SĂŁo Paulo, novembro 1996, pgs. 337 a 356. Vedovello, C. Parques TecnolĂłgicos e a Interação Universidade-IndĂşstria. Anais do XIX SimpĂłsio de GestĂŁo da Inovação TecnolĂłgica, SĂŁo Paulo, novembro 1996, pgs. 384 a 398. Wenger, E.C. e Snyder, W.M. Communities of Practice: The Organizational Frontier. Harvard Business Review, January/February 2000.

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