Revista Amanhã http://amanha.terra.com.br/edicoes/186/entrevista.asp Edição: 186 03/03
Um dos maiores especialistas brasileiros em inovação, Moysés Simantob sustenta que as indústrias do país ainda adotam a “cultura da cópia”. E sugere: “As escolas e universidades precisam ensinar os alunos a inovar” Andreas Müller Regra número um da inovação: ela precisa sempre trazer resultados econômicos. É o que ensina o especialista Moysés Simantob, sócio da consultoria Pieracciani/Pritchett Brasil. Simantob é co-fundador e atual coordenador executivo do Fórum de Inovação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-EAESP), referência para as empresas dispostas a reinventar produtos e serviços – como Copesul, Monsanto, Brasilata e Embrapa, que ajudaram a criar a entidade. Não é de se admirar, portanto, que Simantob veja a inovação pelo prisma dos resultados. Nesta entrevista, ele argumenta que as escolas e universidades precisam ensinar as pessoas a inovar, e que esse processo deve ser perene – para que não dependa de “gênios solitários”. Você defende que a inovação deve ser um processo formal dentro das organizações. Como as empresas podem fazer isso? Primeiro, é preciso trabalhar o modelo mental das pessoas. Muitas ainda têm dificuldade para pensar diferente dentro das organizações, ou seja, não conseguem “sair da caixa”. Elas não foram educadas para pensar assim. E isso é necessário para que a inovação se torne uma característica das organizações. Todo o mundo reclama que o mercado é cada vez mais competitivo, que a globalização muda constantemente a forma de as empresas competirem, que o mercado é mutante etc. Mas poucos executivos sabem como preparar suas compa-nhias para esse ambiente de incertezas. Bom, uma das maneiras é essa: fazer com que as pessoas tenham a capacidade de pensar e repensar, cotidianamente, seus processos de negócio, suas atividades e a própria razão de ser da organização. Em outras palavras, incorporar a inovação como uma competência, algo que permeie a gestão da empresa, seus processos, fórmulas.sua visão estratégica, metas, mercados etc. Mas é preciso formalizar a inovação? Ela não ocorre ao natural? Muita gente fala de inovação pensando em um ambiente caótico, em idéias fortuitas. “Ah, isso é uma coisa que acontece ao acaso”, dizem. Sem dúvida, há a possibilidade de ser ocasional. Mas, se a empresa induzir, provocar isso, ela acabará criando um fluxo permanente de idéias. Ora, as empresas inovadoras são exatamente aquelas que conseguem construir um grande estoque de idéias, mesmo que sejam idéias brutas. Sempre chega o momento em que parte dessas idéias brutas começa a ser testada. Depois, parte das idéias testadas acaba, naturalmente, tornando-se protótipo ou iniciativa. Por