Jornal Lampião UFOP Edição 0

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LAMPIÃO

Jornal Laboratório Comunicação Social Jornalismo - UFOP Ano 1 - Edição Nº 1 Maio de 2011

edição: mateus fagundes e simião castro | foto: simião castro

Jornal Laboratório | Comunicação Social - Jornalismo | UFOP | Ano 1 - Edição Nº 0 - Maio de 2011

Comunicação e cidadania Estudantes lançam jornal voltado aos interesses da comunidade

Reciclagem de lixo Porque a coleta seletiva é importante para a cidade

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Por trás do nariz vermelho Sem maquiagem nem fantasia, palhaços falam da criação de seus personagens

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População sofre com falta de água Construção de reservatórios não resolve o problema de abastecimento na cidade

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Greve dos servidores de Mariana Categoria sai fortalecida do movimento após ter parte das reivindicações atendidas


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LAMPIÃO D MARIANA, MAIO DE 2011 Edição: Amanda Rodrigues e Luiza Lourenço

Editorial

Charge

Opinião

Aldravismo, movimento literário nascido em Mariana

Outro jornalismo é possível A palavra que informa é também a palavra que encanta, ilumina e traduz – não o traduzir de quem pretende apenas clarear o que parece opaco, mas o traduzir de quem pretende esclarecer para permitir que o outro construa novos significados, novas formas de ver o outro e as coisas que envolvem o dia-a-dia desse outro. Esse ato de construir, de edificar mesmo, inspira e move o Jornal Lampião, que se revela agora à cidade de Mariana pelas mãos dos alunos do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Cada informação, cada palavra inscrita, cada sentença trabalhada é resultado de variadas formas de ver, de variadas vozes, de variadas percepções e concepções – todas elas de pessoas que circulam pela cidade, que

ocupam os mesmos espaços num mesmo tempo e compasso. Produzir a centelha do Lampião significa, para esses estudantes, usufruir do poder de dar voz ao outro. Mais que isso. Lançar a centelha equivale a abrir novos caminhos, novas trilhas, no sentido de proporcionar espaços revigorados de debate que possam conduzir à reflexão, ao repensar, ao reconstruir. Propor e abordar temas que vão da coleta seletiva à instabilidade política – passando pelas propostas culturais que permeiam a cidade, pelas oportunidades no setor de serviços e por

problemas que vão da paralisação dos servidores municipais até as dificuldades de tráfego nas vias de circulação – pretendem, na verdade, cumprir o papel da narrativa: o de resgatar, no homem, a capacidade de se surpreender diante do que é, do que muda, do que diverge e conflita. Resgatar, no homem, a capacidade de crescer a partir de uma história. E do conhecimento que essa história traz.

J osé Benedito D onadon-Leal

O aldravismo co­meça sua tra­ jetória com o en­ contro de poetas residentes na cidade de Mariana no ano de 2000. Era a criação do Jornal Aldrava Cultural e da As­ sociação Aldrava Letras e Artes a convite do poeta Gabriel Bicalho, mentor da ideia e coordenador do projeto fundacional da associação de poetas, contadores de histó­ ria, estudiosos da literatura, artis­ tas visuais e músicos. Estavam na­ quele primeiro momento os poe­ tas J. S. Ferreira, Lázaro Francis­ co da Silva, Hebe Rôla, Luiz Tyl­ ler Pirolla, Geraldo Reis e eu, além do músico Arley Camilo e do ar­ tista visual Elias Layon e, poste­ riormente, Camaleão e Andreia Donadon Leal. A proposição inicial foi a da heterogeneidade que traspassa a produção discursiva dos artistas da palavra e dos pinceis. Possibili­ dades de convivência de olhares conflitantes, de olhares em diversi­ dade, de olhares às vezes contradi­ tórios tornaram-se reais na cons­ trução de convivência respeitosa em meio à diversidade cultural.

Com a palavra, o homem pode compartilhar conhecimento, pode aprender e ensinar O escritor Manoel de Barros diz que é “puxado por ventos e palavras”. O ser humano é assim. Para ele, a palavra é feito comida: encorpa o sujeito, transforma o corpo e a mente. Com a palavra, o homem pode compartilhar conhecimento, pode aprender e ensinar, pode decidir o que quer e o que não quer, participar – e aí acaba mais cidadão. Pois bem. O jornalismo proposto aqui é aquele em que a história contada quer transformar o mundo – sem medo da utopia e do sonho, ambos transformados em “motor de arranque” para a intervenção social, para a construção de um lugar melhor. É assim a luz do Lampião.

Diversidade: olhares conflitantes, variados, contraditórios

Entre olhares

Límpido - Tantos lugares comuns, turísticos, velhos conhecidos dos transeuntes que caminham por Mariana. As igrejas, o casario e sua arquitetura, uma beleza específica e por vezes tão peculiar. E, no entanto, há ainda mais lugarejos, esquinas e detalhes escondidos, ou mesmo refletidos, onde menos se espera, ou onde menos olhamos... Redescobrir esta velha senhora nos seus mais inusitados espaços e elementos, com outros olhos e sentidos, (re)ver. Afinal, como diz o poeta Manoel de Barros, “o olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo.” (Ana Beatriz Noronha)

Lampejos desta edição “O turismo “As moça do colégio tá tudo na minha lista. De dia já tem artistas namora comigo, de noite com o seminarista.” Famosa frase do Tié-tié. p.8 que lhe são reservados, enquanto “As pessoas pensavam no Lampião tem uma galera cangaceiro, mas queriamos uma ideia de luz.” Tábata Romero, sobre o jornal Lampião. p.5 que não é reconhecida.” Cristiano Coelho, sobre a arte em Mariana. p. 11

“Porém, é preciso ESCOLHER: você está dentro ou está fora” Ubiratan Vieira, sobre mobilizações. p.3

“Já vi muitos candidatos dizerem que vão resolver o problema e NADA.” Benedito Ferreira, sobre abastecimento de água em Mariana. p. 9

“Tem lugar que NÃO tem nem como passar.” Vanduir Martins, sobre o trânsito em Mariana. p. 4

Na elaboração do perfil teóri­ co do aldravismo, foram determi­ nantes as contribuições filosófi­ cas de Lázaro Francisco da Silva, que com seu raciocínio dialético demonstrou que somar não im­ plica fundir. Dessa forma, a soma das experiências poéticas não po­ dia implicar a perda dos estilos in­ dividuais, em função da pretensa construção de um estilo, mas a ex­ posição extrema desses estilos in­ dividuais como continentes de al­ gum ponto em convergência. Os manifestos aldravistas de J. B. Do­ nadon-Leal, com base nos pressu­ postos teóricos da Semiótica e na Análise do Discurso, passam a de­ monstrar como a leitura metoní­ mica do mundo, sem a arrogância da metáfora, organiza os fazeres discursivos hipertextuais do iní­ cio do Século XXI. Depois de dez anos de trajetória produtiva, o re­ sultado dessa proposição literária pode ser visto no reconhecimen­ to que os poetas aldravistas con­ quistaram no universo intelectual brasileiro e até internacional, es­ pecialmente em academias de le­ tras e artes do Brasil, Portugal, Es­ panha e Estados Unidos. A coroa­ ção dessa iniciativa ousada dos al­ dravistas chega com o lançamento de uma nova forma de poesia – as aldravias – com seis veros univo­ cabulares; o mínimo de palavras com o máximo de poesia. O pri­ meiro livro de aldravias foi lança­ do no mês de maio de 2011. O respeito ao conhecimento e direito à crítica do sujeito-leitor, sempre defendido pelo aldravis­ mo, implica o respeito incondi­ cional à liberdade criadora. As­ sim se construiu um movimento literário através do Jornal Aldra­ va Cultural.

Jornal laboratório produzido pelos alunos do 6° período de Jornalismo D Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA)/Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) D Reitor: Prof. Dr. João Luiz Martins. Diretor do ICSA: Prof. Dr. José Artur dos Santos Ferreira. Chefe de departamento: Profa. Dra. Juçara Gorski Brittes. Presidente do Colegiado de Jornalismo: Profa. Dra. Marta Regina Maia D Professores responsáveis: Hila Rodrigues (Laboratório de Jornalismo Impresso), Anderson Medeiros (Fotografia) e Ricardo Augusto Orlando (Planejamento Visual) D Reportagem, fotografia e edição: Allãn Passos, Amanda Rodrigues, Ana Beatriz Noronha, Ana Cláudia Garcêz, Camila Dias, Douglas Gomides, Enrico Mencarelli, Fábio Seletti, Fernando Gentil, Izabella Magalhães, Leidiane Vieira, Lorena Caminhas, Luana Viana, Lucas Vasconcellos (Lucas Aellos), Lucas Borges, Lucas Lameira, Luiza Lourenço, Mari Fonseca, Mateus Fagundes, Mayara Gouvea, Olívia Mussato, Paulo Dias, Raísa Geribello, Rodolfo Gregório, Sabrina Carvalho, Sara Oliveira, Simião Castro, Sophia Figueiredo, Tábata Romero, Tabatha Campelo, Thales Vilela Lelo D Projeto gráfico: Enrico Mencarelli, Lucas Lameira, Luiza Lourenço, Mayara Gouvea, Simião Castro, Tábata Romero D Colaboração: Fábio Germano, Neto Medeiros D Impressão: Conceito Gráfica Editora Ltda D Tiragem: 3.000 exemplares. Endereço eletrônico: jornallampião@gmail.com. Endereço: Rua do Catete nº 166, Centro, CEP 35420-000, Mariana-MG.


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LAMPIÃO D MARIANA, MAIO DE 2011 Edição: Paulo Dias e Thales Lelo

GREVE DOS SERVIDORES

Movimento fortalece cidadania Fotos: Darcy Pereira de Carvalho

Raísa Geribello

Um movimento grevista pode superar sua função política. A história dos movimentos sociais tem mostrado que, na prática, as greves costumam transcender as relações burocráticas, transformando-se em movimento de conscientização cidadã. Em Mariana não foi diferente. Nas palavras do presidente do Sindicato dos Funcionários e Servidores Públicos (Sindserv), Chico Veterinário, “a greve fortaleceu o movimento e demonstrou o amadurecimento da categoria”. Para ele, a greve não se limitou à pauta de reivindicações dos servidores. “A sociedade entendeu a demanda”, garante. Para ilustrar a compreensão da sociedade marianense, Chico utilizou o exemplo do corte feito pelos usuários dos serviços públicos de saúde. Segundo ele, alguns pacientes chegaram a boicotar as sessões de fisioterapia, recusando o atendimento prestado por substitutos - e só voltariam a utilizar o serviço quando a greve terminasse e seus respectivos fisioterapeutas voltassem a trabalhar. Na avaliação da funcionária pública, que prefere ser identificada apenas por Maria Aparecida, a paralisação teve efeitos positivos. “Eu apoiei e apoio o movimento de greve. Minha profissão ainda não foi tão beneficiada como outras foram, mas achei que a greve funcionou bem”. Rompimento Mariana rompeu com a tradição do silêncio. Pela primeira vez na história da cidade, o Sindserv e seus representados decidiram em assembleia geral – realizada em 18 de abril, com quórum de aproximadamente 500 pessoas – parali-

Em momento histórico na cidade, servidores promovem assembleia pública e determinam o início da primeira greve de Mariana com apoio da população

sar suas atividades a partir do dia 26, respeitando os prazos estabelecidos pela Lei de Greve. A greve é um direito legítimo de todos os trabalhadores e pode ser realizada nos mais diversos se­ tores do serviço público, como segurança, saúde, educação e lim­ peza, entre outras áreas essenciais ao funcionamento da cidade. A pauta de reivindicações dos grevistas incluía reajuste salarial de 10,27% a 13,6% para todos os servidores; vale alimentação no valor de R$ 200; pagamento adicional de 20% aos que trabalham no turno da noite e redução da carga horária de 40 para 30 horas semanais. O projeto de lei aprovado pela Câmara dos Vereadores, no dia 9 de maio, garan-

Negociação entre o presidente do Sindserv e o prefeito Bambu

tiu aos servidores um aumento do piso salarial de R$ 540 para R$ 619; vale alimentação de R$ 100 para os servidores com remuneração do nível I ao VI e pagamento do adicional noturno. Ainda não houve alterações em relação à carga horária. Outra reivindicação não atendida pela Prefeitura foi o pagamento, garantido por lei, de insalubridade e periculosidade àqueles que estão sujeitos a situações de risco ou sofreram algum dano significativo enquanto empregados pela Prefeitura. Nas questões referentes às medidas que possam garantir a segurança do trabalhador, os servidores reivindicaram o fornecimento constante e em quantidade suficiente de equipamentos

Servidores assistem à votação na Câmara dos vereadores

“Somos todos iguais perante a lei” Camila Dias

Na avaliação de parte expressiva de sociólogos e historiadores, os movimentos de resistência são essenciais ao desenvolvimento das sociedades. Na prática, eles incentivam ações fundamentadas no exercício da cidadania e na participação. O sociólogo e professor da UFOP, Ubiratan Garcia Vieira, falou sobre o assunto com o Lampião. Lampião – Qual a importância de movimentos de resistência para as sociedades? Ubiratan Vieira – A importância está no fato de um grupo reivindicar o que considera relevante e o que é garantido por lei para a categoria. A flexibilidade das leis trabalhistas e a terceirização, por exemplo, são fatores importantes no atual cenário dos trabalhadores. O primeiro dificulta o processo de cumprimento dos direitos desta classe, enquanto o segundo implica a perda de alguns destes direitos. É fundamental apontar que estes movimentos não se resumem à classe trabalhadora. Os no-

de proteção individual (EPI) e de proteção coletiva (EPC). As licitações necessárias para efetivar essa demanda estão em andamento. O prazo estimado para isso é de aproximadamente um mês, a partir de 9 de maio. Em relação a outro motivo da greve - a suspensão das demissões, o secretário de Administração Carlos Alberto Ferreira explicou que a prioridade da Prefeitura consiste em “ajustar a administração à legalidade”, o que implica em demitir todos os contratados, que serão substituídos pelos concursados. Enquanto não estiver concluído o processo de seleção por concurso público, os contratados permanecem em seus respectivos cargos. Porém, assim que

vos movimentos sociais, chamados assim por alguns sociólogos, nem tão novos assim, são ações também de resistência, que envolvem outras parcelas da sociedade. Temos, por exemplo, a luta contra a discriminação racial, as políticas afirmativas, o direito à diversidade sexual ou a questão da educação para pessoas com algum tipo de deficiência. São casos em que existe a demanda pelo reconhecimento, por respeito e pela aquisição de direitos, apesar de não existirem leis sobre os mesmos. É importante mostrar à população que é possível a mobilização quando se reconhece uma situação de exclusão. L – É possível relacionar estas mobilizações com a formação de uma consciência cidadã? UV – Sim. Se você reconhece que está sendo prejudicado, você vai à luta. A questão da cidadania está diretamente relacionada à idéia de democracia, somos todos iguais perante a lei. É necessário, porém, que alguma situação exista para que a mobiliza-

ção aconteça. A legitimidade da união de casais do mesmo sexo é um exemplo disto. Por que só agora ela deixou de ser considerada inconstitucional? A lei sempre existiu. Imagino que a polêmica criada pelas declarações do deputado Jair Bolsonaro tenha favorecido um contexto social para se levantar estas e outras discussões referentes à diversidade sexual. L – O que o senhor diria aos trabalhadores que têm receio de aderir a estas mobilizações? UV – Muita gente se sente prejudicada e se mobiliza, pois neste momento você é chamado à coragem para reverter esta situação. Este posicionamento, no entanto, não exclui o medo de represálias, isso é comum. Porém, é preciso escolher: você está dentro ou está fora. Se você se sente prejudicado, tem que se movimentar. Existe ainda a ‘teoria do carona’. São os que não participam das mobilizações e mesmo assim vão colher os benefícios daqueles que aderiram às ações. Isso é covardia.

os concursados estiverem aptos a assumirem seus postos, os que não estiverem ajustados à legalidade serão demitidos. Embora a greve tenha terminado oficialmente no dia 9 de maio, o Sindicato dos Servidores e seus representados continuam atentos aos processos que estão em andamento, e aguardam pela renegociação das reivindicações não atendidas pela Prefeitura, prevista para daqui a quatro meses. Aqueles servidores e funcionários públicos de Mariana que ainda tiverem dúvidas sobre a greve e as novas decisões da administração pública podem entrar em contato com o Sindicato dos Servidores, o Sindserv, pelo telefone (31) 3557-2777.

Vereadores votam o projeto de lei que levou ao fim da greve

300 anos de história e a primeira greve dos servidores em Mariana Izabella M agalhães

Como explicar um movimento grevista inédito na cidade? É possível entender os motivos que levaram os servidores a suspender suas atividades em nome de reivindicações? Por que isso nunca tinha acontecido antes? Essas são perguntas que nossos entrevistados procuraram responder. De acordo com a estudante e cidadã marianense Jamylle Mol, a greve explodiu porque agora a população tem menos vínculo com o prefeito. “O atual prefeito não tem partido, e chegou ao cargo inesperadamente. Pouca gente tem aquela sensação de que deve favor, e isso ajudou. As pessoas têm mais liberdade para falar o que pensam”, diz ela. Para a estudante, a cidade ainda vive uma política coronelista forte, e quem vota cria uma relação de devoção com o candidato. Segundo o Sindserv, o número de professores, secretários, funcionários da limpeza, da seguran-

ça e do transporte foi aumentando a cada etapa da greve. Para Chico Veterinário, o fato de muitos servidores terem participado é resultado de uma visão coletiva. “Todos viram que o problema era comum, era geral e não só de uma categoria ou de outra”, argumenta. Outra questão importante tratada por ele é o endividamento dos funcionários. Muitos deixam todo o salário para pagamento de dívidas bancárias e isso, segundo Chico, “oprime o trabalhador, desmotiva e mostra que é necessário reivindicar melhores condições para todos os servidores públicos”. Tanto Chico quanto Jamylle não sabem se essa é só a primeira de muitas greves na história de Mariana, mas os dois concordam que o momento mostra que os cidadãos estão mais preocupados e conscientes dos seus direitos. Segundo eles, a relação política dos moradores com a cidade pode melhorar muito com essa experiência de paralisação geral.


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LAMPIÃO D MARIANA, MAIO DE 2011 Edição: Izabella Magalhães e Mari Fonseca

trânsito

fotos: mari fonseca

Pedestres brigam para caminhar em Mariana Amanda Rodrigues

Infra-estrutura precária, falta de segurança para pedestres, carência de calçadas, passeios irregulares, estreitos, com buracos, lixo e outros obstáculos. Esses são apenas alguns dos principais problemas que dificultam a vida de quem anda a pé por Mariana. As reclamações são muitas. Para o morador do bairro São Gonçalo, Vanduir Martins, as condições das calçadas são péssimas. O pior são as várias bocasde-lobo (bueiros) expostas, além dos buracos e do lixo espalhado. Na avenida Nossa Senhora do Carmo, há trechos em que não existe sequer o passeio. Ainda assim, o local é usado para a prática de caminhada, o que aumenta os riscos de acidente. Já na rua do Catete, a calçada é muito estreita. Postes de iluminação e sacos de lixo depositados muito antes do horário da coleta ocupam todo espaço de circulação. Em outros trechos, a passagem é completamente interrompida. Muitos estabelecimentos comerciais reservam vagas para estacionamento exclusivo dos clientes. Outro problema é que, ao longo de toda a rua do Catete e da Av. Nossa Senhora do Carmo, não há nenhuma faixa de pedestre. Em outro ponto do centro, há apenas uma faixa e um sinal de pedestres visíveis, localizados na praça Tancredo Neves. Segundo o diretor do Departamento de Trânsito Mariana (Demutran), Geraldo Augusto Simplício, as possibilidades de modificação de tráfego

dessa área são limitadas – já que o centro histórico da cidade é tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, ligado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

“Tem lugar que não tem nem como passar” Vanduir Martins

A equipe do escritório técnico do Iphan em Mariana afirma que a sinalização de trânsito pode ser aplicada à área tombada, desde que siga as normas do Guia Brasileiro de Sinalização Turística. Destaca, no entanto, que, nessa área, o ideal é que a circulação fosse somente de pedestres – como ocorre, por exemplo, na cidade de Paraty, Rio de Janeiro. A equipe afirma ainda que o Iphan não é diretamente responsável pelas calçadas. A conservação dos passeios é de responsabilidade dos donos dos imóveis – qualquer modificação deve ser aprovada pelo órgão. Somente nos casos de falta ou danos dos registros e tubulações é que a manutenção fica por conta das empresas prestadoras dos serviços, como as de telefone e água. O aposentado Eli Gonçalves, 54 anos, morador do Bela Vista, é mais um cidadão insatisfeito. Eli sofreu um acidente ao pisar em uma boca-de-lobo aberta, próxima a delegacia da Polícia Civil. “Dei sorte por não ter quebrado a perna”, diz ele que não chegou a registrar qualquer reclamação. Os pedestres que circulam fora

do centro enfrentam situações parecidas. Vias como a Wenceslau Braz e a Bom Jesus têm intenso movimento de carros e pessoas, mas a sinalização e a estrutura também são precárias. Para a comerciante que prefere se identificar apenas por A.G., 57 anos, o principal problema da Wenceslau é o desnível das calçadas. “São pequenas demais, não dá para a pessoa andar. Não pode uma mais fina, outra mais grossa, outra mais baixa ou mais alta”, argumenta. Para a esteticista Eliana Castanheira, 58 anos, o asfalto da rua, em alguns trechos, acabou prejudicando a mobilidade dos pedestres. Segundo ela, piorou o escoamento da água, os carros estão correndo mais e as calçadas foram deixadas de lado. Geraldo Simplício, diretor do Demutran, assegura que o órgão tem trabalhado na sinalização e na orientação do trânsito na cidade – embora não tenha apresentado um projeto específico, com data prevista para ser executado. Segundo ele, há pedidos oficiais da população para a implantação de faixas de pedestre, quebramolas e outras sinalizações. Mas diz que esses trabalhos só serão executados após a realização de um estudo técnico. Geraldo afirma ainda que o órgão é responsável pela fiscalização e sinalização “quando necessário”. Segundo ele, a Secretaria de Obras é a responsável pela melhoria nas vias da cidade. A equipe de reportagem do Lampião procurou a Secretaria de Obras do município, mas não obteve retorno.

Pedestres disputam espaços transitáveis na rua do Catete

SEGURANÇA NO TRÂNSITO E INFRA-ESTRUTURA

O Código de Trânsito

Brasileiro (CTB) estabelece o uso dos passeios pelo pedestres.

A

s calçadas podem ser usadas com outras finalidades, desde que isso não prejudique o fluxo de quem anda a pé.

Em casos de obstrução

do passeio, o Demutran deve colocar sinalização. O poder público tem obrigação de manter as faixas e passagens de pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, segurança e sinalização.

Todos os órgãos

pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito têm o dever de analisar e responder às solicitações apresentadas pelo cidadão, esclarecendo sobre a possibilidade ou não de atendimento dos pedidos. Calçadas e ruas estreitas dificultam a travessia de pedestres

MUNICÍPIO

Mudança de prefeitos prejudica cultura élcio rocha

M ayara Gouvea

A instabilidade política pela qual Mariana tem passado nos últimos anos – refletida, em especial, nas frequentes alterações observadas no Poder Executivo – trouxe consequências para todos os setores da sociedade, principalmente para a vida cultural do município. A partir de 2009, quando a crise começou a tomar grandes proporções, a decadência dos eventos tradicionais da cidade foi visível. Para o pedreiro Robson Rodrigo, 40 anos, o problema é que com a substituição desenfreada dos prefeitos, não há um plano de governo que tenha continuidade. Isso, segundo ele, prejudica a cidade, as políticas públicas e os projetos de cultura. O aposentado José Lima, 83 anos, lamenta: “Nós estamos praticamente a zero. A vida cultural

GALERIA DOS PREFEITOS 1999/2000 - José Hugo Murton 2001/2004 - Celso Cota Neto 2005/2008 - Celso Cota Neto 2009/2010 - Roque Camêllo 2010 - Teresinha Ramos 2010 - Raimundo Horta 2011... - Geraldo Sales (Bambu) Secretário de Cultura, Cristiano Casimiro dos Santos

teria que estar à altura de Mariana, que foi a primeira capital de Mi­­ nas, e isso não está acontecendo”. Segundo o Secretário de Cultura de Mariana, Cristiano Casimiro dos Santos, que está no cargo desde julho do ano passado, a cap-

tação de recursos para a realização dos eventos foi a mais prejudicada pelo entra e sai de prefeitos. “Uma instabilidade dessas gera um descrédito fora da cidade”, argumenta. O maior exemplo disso é o Festival da Vida, idealizado em

2003 pela Arquidiocese de Mariana com o objetivo de impulsionar a vida cultural da cidade por meio de shows, oficinas e debates sobre assuntos considerados socialmente importantes pela Igreja. Devido à crise política, a Mul-

ticulti, empresa que organiza a festa, não conseguiu o repasse da verba de R$ 200 mil destinados todos os anos para o evento. De acordo com Cristiano dos Santos, o descrédito gerado pela instabilidade está sendo contornado a partir da aproximação com o governo estadual e outros municípios. “Agora estamos nos recuperando e as coisas melhoraram”, afirma. Para o Festival deste ano já foram confirmadas três atrações conhecidas nacionalmente: Titãs, Demônios da Garoa e Padre Antônio Maria. O projeto da Secretaria de Cultura para 2011 é fazer das atividades culturais produtos turísticos, com o objetivo de “vender” o município culturalmente. Uma ideia é reunir e organizar as bandas de música em uma associação reconhecida juridicamente. Outra é criar uma liga das escolas de samba e dos blocos de Carnaval.


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LAMPIÃO D MARIANA, MAIO DE 2011 Edição: Camila Dias e Olívia Mussato

JORNALISMO

Política desperta maior interesse Levantamento realizado nas ruas da cidade indica que trabalhadores e estudantes querem debater temas voltados para a realidade política do município Thales Lelo

Enquete realizada com 66 moradores da cidade de Mariana entre os dias 11 e 15 de abril registra que a política tende a ser um dos temas que mais desperta o interesse da população. A questão foi apontada por 54% das pessoas que participaram da enquete. O segundo tema considerado de maior importância foi a saúde, citada por aproximadamente 24% dos entrevistados. A enquete foi realizada por alunos do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) com o objetivo de compreender a relação estabelecida pelos moradores de Mariana com o jornalismo. Os entrevistados também foram questionados sobre seu contato diário com jornais. Somente duas pessoas afirmaram não acessar nenhum veículo noticioso. Das 64 restantes, 37 apontaram que o meio mais utilizado para se informar é o jornal impresso. Os telejornais foram destacados por 23 participantes e os webjornais por outros 13. As entrevistas se deram a partir de uma divisão por segmentos profissionais. Foram escolhidos grupos de estudantes, comerciantes, figuras públicas e cidadãos com ocupações diversas. As res-

postas de cada grupo reforçam as diferenças de opinião. A maioria dos estudantes considera o webjornal o meio mais importante para se informar, enquanto o noticiário impresso foi o meio mais relevante para comerciantes e figuras públicas. Os demais apontaram a TV como o principal veículo para acompanhar as notícias.

Jornal a serviço da população

Comerciantes e estudantes con­sideraram a política o tema mais importante a ser tratado pelo jornalismo, enquanto outros cidadãos destacaram a saúde como assunto prioritário. Já as figuras públicas responderam, em sua maioria, que o jornalismo local deveria apresentar as notícias com imparcialidade.

Em que meios os entrevistados buscam notícias Impressos

*

Telejornais

Webjornais Nenhum

37 pessoas * No total, foram 66 entrevistados

23 pessoas

13 pessoas

2 pessoas

Para a professora do Curso de Jornalismo da UFOP, Joana Ziller, um jornal deve “entender” os públicos para os quais se destina, não só tratando de uma temática de interesse da população, mas também recorrendo à linguagem corrente da região. A professora afirma ainda que, para se aproximar da comunidade, o jornalismo deve ser flexível e respeitar as características do público leitor. Já Nilson Lage, professor emérito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), garante que o principal é que os jornais publiquem, além de informações pontuais de interesse público, outros tipos de texto. O professor cita, por exemplo, as matérias de promoção de eventos e os relatos históricos e institucionais destinados a estimular o orgulho de se pertencer a uma comunidade. Já o professor Carlos Alberto Carvalho, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acredita que o ponto mais importante quando se discute interesse público é a não omissão da linha editorial e a definição clara do perfil do público que se espera atingir. Desta maneira, a publicação pode refletir um cardápio de grandes temas privilegiados, sempre a partir das necessidades e demandas dos leitores.

Arte: Lucas Lameira e Tábata Romero

Comunidade ganha mais uma fonte de informações FOTOS: Mari Fonseca

Ana Cláudia Garcêz e M ari F onseca

“Como já dizia o escritor José Saramago, nada é mais difícil do que o ‘princípio’. Começar qualquer coisa é muito dolorido. Tínhamos e temos consciência disso, mas a resposta da turma, apesar desse susto inicial, foi muito positiva.” Desta maneira a professora Hila Rodrigues, uma das coordenadoras do projeto de jornal laboratório do Curso de Jornalismo da UFOP, define o início do processo de produção do jornal Lampião. Ele foi planejado, redigido, editado e distribuído pelos estudantes. A criação do Lampião é resultado da demanda da disciplina do 6º período do curso de Comunicação Social da UFOP, Laboratório de Impresso I-Jornal, que se associa a outros setores da produção jornalística: Planejamento Visual e Fotojornalismo, disciplinas ministradas pelos professores e também coordenadores do projeto, Ricardo Augusto e Anderson Medeiros. O ponto central do projeto estava no caráter fundamental da participação efetiva dos alunos. “Não queríamos um processo vertical. Queríamos a participação dos alunos na criação de todo o

jornal”, conta a professora Hila. O Lampião começou a tomar corpo a partir de duas propostas apresentadas em sala de aula. Essa oportunidade de refletir e decidir em conjunto foi positiva, na avaliação dos universitários. “Um dos pontos positivos do projeto foi o processo de criação coletivo”, afirma o luno do 6º período do curso de Comunicação Social da UFOP Simião Castro. O professor Ricardo Augusto reforça que a vantagem de um jornal laboratório é a experimentação, o jornal vai se renovar e melhorar a cada edição. A também aluna do 6º período de Comunicação Social, Izabella Magalhães, explica que a primeira etapa de idealização de um novo jornal partiu de uma pesquisa qualitativa com os moradores de Mariana. Ouvir os cidadãos, segundo Izabella, foi importante para pensar um jornal capaz de se dirigir de forma ampla e irrestrita aos moradores de Mariana. O projeto aprovado pelos alunos cria um jornal sem editorias fixas. Isso quer dizer que seções de política, economia, cidades e esporte estarão em locais diferentes do jornal, a cada edição. A decisão foi tomada para evitar um produto “engessado”, com pautas

Todo o projeto gráfico foi elaborado em sala de aula pelos alunos

Alunos do curso de Comunicação Social da UFOP se reúnem para discutir a criação do jornal laboratório

“As pessoas pensavam no Lampião cangaceiro. Mas queríamos uma ideia de luz.” Tábata Romero

obrigatórias, cumpridas apenas para satisfazer os espaços que seriam destinados a cada editoria. O não engessamento depende também do planejamento visual das páginas. “Nosso jornal caminha para textos bem espaçados, com fotos amplas, títulos explicativos, alguns espaços em branco e diversos elementos ilustrativos – como infográficos, tópicos, diagramas, tabelas – para aliviar bem o conteúdo textual”, diz Tábata Romero, integrante da equipe de elaboração do projeto gráfico.

A escolha do nome do jornal também foi um desafio. Segundo os estudantes, não é fácil escapar de nomes comuns e, ao mesmo tempo, conferir uma determinada imagem a um produto. A escolha do termo “lampião” relaciona-se não só à iluminação do município de Mariana, com suas tradicionais lanternas, mas também à ideia de derramar luz sobre a cidade e sobre seus moradores a partir da notícia e da abertura de um novo espaço para o debate. Um questionamento surgiu, entretanto: como evitar a ligação do nome escolhido ao cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião? O desejo dos alunos era devolver à palavra a imagem da luminosidade. O foco do jornal está no pensamento que remete à intervenção

social nas comunidades. A partir da produção jornalística, os estudantes pretendem atuar como mediadores de acontecimentos, fatos e histórias envolvendo a cidade e seus personagens. “A perspectiva é produzir um jornal organizado, esteticamente agradável e de fácil leitura”, explica o professor Ricardo Augusto. O carro-chefe da produção estará na apuração, na pesquisa e no desenvolvimento de um trabalho capaz de incentivar e ampliar as discussões, valorizando o pluralismo e a diversidade. “É um jornal feito por alunos que têm prazer no fazer jornalístico, que trabalham sob a perspectiva de um jornalismo comprometido com o social, com a cidadania. É gente que tem vontade de acertar e isso me anima muito”, pontua a professora Hila Rodrigues.


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LAMPIÃO D MARIA

Edição: Tábata Rom

ROTA DA COLETA SANTO ANTÔNIO

CENTRO

15h

Segunda à

VILA MAQUINÉ

SÃO CRISTÓ

Terça-feira

Terça-feira

8h às 10h

8h

“Coleta Seletiva tá chegando pr

Sexta

14h às 15h

Segundo dados do Camar, 30% da população contribui ativamente com a reciclagem em Mar Apesar do número representar um avanço, é preciso que mais pessoas se conscientizem dessa c Luiza Lourenço

A coleta seletiva para a reciclagem do lixo é uma realidade em Mariana há seis anos, quando o Centro de aproveitamento de Materiais Recicláveis, o Camar, foi implantado na cidade. Porém, a atividade de separar o lixo entre o que é reciclável ou não ainda precisa ganhar os lares marianenses. Segundo dados do Camar, apenas 30% da população participa hoje ativamente da coleta seletiva.

SÃO GONÇALO Sexta

Para Maria Aparecida, atual presidente e

14h

Atualmente, as maiores adesões à iniciativa da coleta seletiva estão nos bairros Maquiné, Rosário e Inconfidentes. Entre os bairros que pouco participam da coleta estão Estrela do Sul e São Cristóvão. Para a catadora associada e também fundadora do Camar, Maria Raimunda – a Zizinha –, essa realidade é uma questão de tempo. “As pessoas, aos poucos, vão se acostumando com a ideia da reciclagem. Reciclar é um processo que favorece a todos os envolvidos: diminui o lixo nos aterros, é fonte de renda para os catadores e contribui para a saúde e qualidade de vida dos maiores interessados, nós mesmos”, argumenta ela.

Hoje, nós temos 30% que reciclam, mas, para aumentar esse número, é preciso que as pessoas entendam o bem que fazem – não só a elas, como a toda a cidade e ao planeta”, diz a coordenadora.

fotos: Luiza Lourenço

às 15h

uma das fundadoras do Centro de Aproveitamento, o número ainda é pequeno, mas já representa um grande avanço para a cidade no quesito sustentabilidade. Segundo ela, a coleta seletiva é uma atitude que muda os hábitos de vida do cidadão, portanto não vai acontecer da noite para o dia.

Embora muitas pessoas saibam da existência do programa e da importância desse tipo de iniciativa para a preservação do meio ambiente, ainda não participam da coleta. É o caso de Percival Neves Ribeiro, morador do centro da cidade. “Eu tenho vontade de separar. Penso que falta só começar, pois escuto sempre o caminhão da reciclagem na rua. Mas me falta o costume de separar o lixo diariamente”, alega.

SANTA RITA

Segunda e sexta

12h às 14h

Maria Aparecida garante que o caminhão passa sempre em todos os bairros da escala, até naqueles em que a coleta não é grande. O caminhão parou de circular apenas no mês de março deste ano, quando venceu o contrato entre a prefeitura e o motorista do caminhão. Foi preciso

CABANAS Segunda e sexta

Acima, Dona Zizinha no galpão de triagem do Camar À direita, o processo da prensa do lixo reciclável

12h às 14h

Separar o lixo já virou rotina

VALE VERDE

Para muitas pessoas, contribuir com a coleta seletiva é tarefa difícil. Mas, para a professora Mônica Martins separar os materiais e descartá-los já virou rotina. Moradora do bairro Cruzeiro do Sul, Mônica aderiu de vez à iniciativa há mais de um ano e garante que separar o lixo reciclável do orgânico melhora a saúde ambiental.

12h

às

14h

Quarta e sexta

12h

às

alunos. “Mais cedo ou mais tarde, será preciso fazer a coleta seletiva em todos os lugares”, prevê. Ela avalia ainda que o recolhimento dos materiais recicláveis deveria ser feito mais de uma vez por semana nos bairros. Assim, mais pessoas seriam incentivadas, já que não precisariam acumular o lixo em casa durante a semana.

MATA DOURO

Quinta feira

13h

às

BANDEIRANTES Quinta-

14h

às

13h

14h

às

14h

GALEGO

às

13h 14h

de di na ze sã fo o nã ve m

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Quinta feira

É importante também se atentar ao tipo de material que é enPara Mônica, a tarefa não preciso fazer a viado para a recié difícil nem ocupa muito clagem. Há algum tempo. Basta manter duas coleta seletiva em tempo, potes pelixeiras: uma para resíduos todos os lugares” quenos do poQuinta orgânicos e outro para os Mônica Martins pular “danonifeira materiais que ainda podem nho” não são ser reutilizados, como papéis e embalagens. mais reciclados, pois posAlém de separar e reaproveitar os materiais suem uma película de cola em casa, ela lembra que é preciso descartáem sua embalagem que los sem nenhuma sujeira. impede o reaproveitamento. Outros mateComo professora da rede municipal de riais que também Mariana, Mônica procura conscientizar os

13h

14h

se No co ali em ni co lh co pa

CRUZEIRO DO SUL

Mãe de três filhos, a moradora diz ainda que é fundamental que as crianças cresçam cientes de que é preciso cuidar do meio ambiente. Por isso mesmo, na “Mais cedo ou casa dela todos participam da separação dos materiais. mais tarde, será

ROSÁRIO

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CARTUXA

Amanda Rodrigues

Segunda e sexta

no co m pa br A tam no

SÃO JOSÉ Segunda e sexta

11h

às

12h

VILA DO CARMO Quarta


07

ANA, MAIO DE 2011

mero e Leidiane Vieira

ÓVÃO

às 10h

VILA DEL REY Terça-feira

ra ficar”

8h às 10h

40% 3

30

Terça

ova licitação e, agora, o Camar já conta om dois caminhões que circulam normalmente. “Nessa época em que o caminhão arou, recebemos muitas ligações de corança. Você pensa que a gente fica triste? gente fica é feliz com o fato de que exism tantas pessoas interessadas em ajudar osso trabalho”, garante ela.

O telefone para quem deseja mais informações sobre a coleta seletiva é 3558-2971.

8h

às 10h 12h às 14h

Caminho da reciclagem

Para participar da coleta seletiva, basta eparar o lixo em material úmido e seco. o lixo úmido, vai todo o material orgânio – caso das cascas de frutas e restos de imentos. Já no lixo seco entram todas as mbalagens, além de papel, papelão, alumíio, plástico, metais e vidros. Depois, basta olocar o lixo no local em que será recohido, normalmente. O próprio serviço de oleta distingue a qualidade do lixo e o leva ara local adequado.

É muito importante observar a qualidae do material separado. Uma das maiores ificuldades enfrentadas pelo Camar está a destinação incorreta do lixo. Muitas vees, materiais que poderiam ser reciclados ão descartados nos aterros, porque não oram separados. Outras vezes, chegam até Centro de Aproveitamento materiais que ão são recicláveis ou que perdem a serentia, uma vez que foram descartados de maneira errada.

“Recebemos muita coisa que se erde para a reciclagem. As embalagens escartadas precisam ser lavadas, os papéis evem estar inteiros, e não picados, o óleo

3

aTerç

toneladas de plástico

1,2 1,5

são as arrecadações do Camar em 2009

NOSSA SENHORA APARECIDA

12h às 14h

12h às 14h

Terça-

ESTRELA DO SUL Quinta feira

8h às 9h

Descarte incorreto é tema de lei nacional Olívia M ussato

A coleta seletiva existe há apenas 25 anos no Brasil e nem todas as pessoas conhecem o potencial ambiental, econômico e social que muitos ambientalistas atribuem a essa prática. No entanto, a população das cidades cresce a cada dia. Com mais pessoas produzindo e consumindo, o que sobra no final dessa cadeia é muito lixo – e lixo desperdiçado. As primeiras iniciativas de coleta seletiva foram organizadas em 1986 e, a partir de 1990, as administrações dos municípios começaram a firmar parcerias com cooperativas de catadores de lixo. Essas parcerias contribuíram para a inclusão social de quem trabalhava com o lixo – e foram também a semente para que

UXA Segunda 11h e sexta

uma política pública de resíduos sólidos fosse pensada no país.

seria enterrado ou jogado a céu aberto, de qualquer forma.

Ainda assim, a coleta seletiva não está disseminada em todo território brasileiro. Em 2008, apenas 17,86% dos municípios separavam e encaminhavam o lixo para a reciclagem, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB). A realidade poderia ser outra, observando que quase 85% da população vive na zona urbana, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano passado.

Discutida ao longo de quase 20 anos pelo Congresso Brasileiro, a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos finalmente foi aprovada em 2010. A política tem como princípio a responsabilidade compartilhada entre governo, empresas e população diante de um dos grandes problemas da atualidade: o lixo urbano. A nova Lei impulsiona o retorno dos produtos às indústrias após o consumo e obriga o poder público a realizar planos para o gerenciamento do lixo. Entre as novidades, a lei destaca o aspecto social, com participação formal dos catadores

A coleta seletiva evita a utilização abusiva de recursos encontrados na natureza; economiza matéria-prima que seria usada na produção de novos produtos; gera renda ao comercializar os recicláveis.Além disso, diminui o lixo que

FERNANDO GENTIL

às 12h

h 2 1 11h às

toneladas de jornal

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é o número de famílias que trabalham no Camar

ECIDA R A P A VILA

SÃO SEBASTIÃO Terça-

toneladas de caixas de leite longa vida

doque quecompramos compramos do vaipara paraoolixo lixo vai

GOGÔ

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toneladas de papelão

JARDIM SANT’ANNA Quinta feira

8h às 9h JARDIM INCONFI DENTES Quinta feira

8h

DOM OSCAR

9h

Segunda e sexta

MARÍLIA DE DIRCEU Quinta feira Lixo que poderia ser reciclado é descartado na esquina da Rua Antônio Olinto com a Rua do Catete, centro de Mariana

às

SÃO PEDRO

Quarta

8h 10h às

BARRO Quinta PRETO feira

9h 11h às

9h

às

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A M A R C

8h 10h

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MORADA DO SOL

9h 11h às

Quinta feira

DA FONTE E SAUDAD

Quinta feira


08

LAMPIÃO D MARIANA, MAIO DE 2011 Edição: Ana Claudia Garcez e Rodolfo Gregório

HISTÓRIA ilustrações: Lucas lameira

Personagens marcam a cidade Com frases características e atitudes memoráveis, antigas figuras de Mariana ainda habitam o imaginário da população M ari Fonseca

Cidadãos incomuns já marcaram o cenário de Mariana. São pessoas lembradas pelas peripécias que enchiam de graça o cotidiano de quem circulava pela cidade. Os moradores mais antigos ainda devem se lembrar, por exemplo, de Sá Fortunata, que, aos domingos, embalava as missas da igreja São Francisco com sua cantoria. Negra bonita, filha de uma alforriada, desfilava suas jóias e melhores vestidos durante as celebrações religiosas – e não poupava esforços para trinar o ‘r’ ao responder às preces:“Rrrrrrrrogai por nós!”. Leila e Hebe Rôla, irmãs e professoras aposentadas, con-

tam que, em certa ocasião, ao se levantar para ouvir o sermão do padre, a saia de Sá Fortunata se dobrou e deixou à mostra as nádegas. O puxador da oração cantou espirituosamente: “Ó Sá Maria, sua popa tá de fora, abaixa essa saia, minha nossa senhora!” Bastou para ser retrucado por ela: “Se ela tá de fora, deixa ficar. Tá fazendo calor, é pra refrescar!” Aninha Sete Saias era outra que não perdia uma reza e adorava homenagear o santo, dando a ele o primeiro gole de sua pinga. Seu nome tem a ver com o volume de roupas que colocava para sair às ruas. Muito pequena e magra, Aninha se enchia de saias e seguia

para a procissão, onde não se furtava a brigar com os moleques que gritavam seu nome quando ela passava. Carregava um punhal e um porrete e gritava a plenos pulmões: “Meu punhá é meu manjó (major), meu porrete é meu delegado, não tenho medo de soldado”, bradava. Há quem também se lembre de Adão, moreno cor de canela, cabelos pretos e roupa engomada. Traumatizado e perturbado após a morte da mãe, Adão passou a andar pelas ruas distribuindo ordens a policiais e bombeiros. Não desgrudava da sua caixa de fósforo – seu meio de comunicação direta com o Presidente da Repúbli-

Trabalho Social

Acervo PONTO FINAL

ca e com o governador de Minas da época. Articulava, então, grandes planos para o aumento do salário dos professores de Mariana, por exemplo. E como esquecer o dono da maior “lábia marianense”. TiéTié era gordo, calvo, sempre com as calças presas ao suspensório que as tornava “pega-frango”. Fazia de tudo para faturar o sustento. De verdureiro a bicheiro, não há quem não tenha dado risada depois de uma prosa com o vendedor, que costumava cruzar as ruas gritando: “Olha o repolho e o tomate, se eu não vender a mulher me bate! Olha o tomate e o repolho, se eu não vender a mu-

Patrimônio

lher fura meu olho! É caro, mas é bão!”Nem as estudantes do Colégio Providência escapavam: “As moça do colégio tá tudo na minha lista. De dia namora comigo, de noite com o seminarista!” Se fosse para anunciar o jogo do bicho em meio à procissão, Tié-Tié parodiava o coro dos fiéis, de acordo com o resultado: “Comadre Maria, que bicho que deu? Ave! Ave! Avestruz! Ave! Ave! Avestruz!”, repetia. É certo que o tempo se encarregou de transformar essas figuras num passado divertido, que coloria as ruas da cidade. Mas, de recordação a recordação, eles retornam a cada missa, procissão e a cada manhã de domingo.

Rodolfo Gregório

Agremiação trabalha com materiais recicláveis e reforça a responsabilidade social no distrito de Mariana

Carnaval integra comunidade Sabrina Carvalho

Comissão de frente, carro abre alas, alegorias, samba enredo, bateria e passistas – palavras que remetem às escolas de samba carnavalescas, mas que, em Mariana significam trabalho social. É o caso da Escola de Samba Morro da Saudade, sediada no distrito de Passagem de Mariana. O tema apresentado no Carnaval 2011 – Rio Ribeirão do Carmo, águas de ouro, águas de lixo – que fez da escola a pentacampeã do Carnaval da cidade, começou a ser pensado em novembro. Histórico Há seis meses, grupos de moradores do município receberam capacitação para aprender a confeccionar fantasias carnavalescas usando materiais recicláveis. Eles também eram responsáveis por separar os resíduos produzidos em casa, para ajudar na coleta do material necessário. “Nesse período, o Centro de Aproveitamento de Materiais Recicláveis, Camar, anunciou que o maior volume de lixo separado da cidade vinha do distrito. Nós criamos dois pontos de recolhimento e a população participou em peso”, conta Débora Santos, voluntária na Escola.

Integrantes

Reciclagem Para a realização do desfile foram utilizadas: 3,1 mil garrafas plásticas, 1,8 mil embalagens de leite, 4,2 mil teclas de computador, 80kg de papel, jornal e revista; 8 mil tampinhas de plástico e metal, 1,4 mil latinhas de alumínio, 400kg de materiais diversos reciclados de outros carnavais.

Passado o período carnavalesco, o trabalho na comunidade de conscientização em torno da importância da preservação do rio e da adoção da reciclagem continua até o final do ano. Além de oficinas, serão oferecidas palestras de educação ambiental e exibidos documentários específicos relacionados ao tema. O objetivo final é a implantação definitiva da coleta de lixo seletiva no distrito. “Para ter total adesão dos moradores, eles precisam ser conscientizados sobre a importância da ação”, explica Débora.

A Escola Morro da Saudade foi criada no final de 1984 e realizava seus desfiles somente na região de Passagem. A partir de 2000, ela ganhou as ruas de Mariana e hoje conta quase 700 membros. Fazer de uma escola de samba a pentacampeã consecutiva não é um trabalho realizado da noite para o dia. A Escola Morro da Saudade tem uma história de muito empenho e luta. A parceria da Escola de Samba com a comunidade vem dando resultados. Há dois anos, a preparação e os ensaios para o Carnaval são realizados na sede da própria escola, que começou a ser construída no ano de 1994. O terreno e parte do material de construção foram doados pela Prefeitura, mas a maior parte desse material foi comprada com o dinheiro arrecadado pelos integrantes – as mesmas pessoas que construíram o barracão. O sucesso da Escola Morro da Saudade é tão grande que muitas pessoas de fora da cidade participam do desfile. “Todo ano, pessoas de outros estados vêm desfilar”, afirma José Arlindo Porto, vicepresidente da Escola.

Capela Santo Antônio, primeira igreja construída na cidade de Mariana

Fiéis reformam igreja Luana Viana

e

Rodolfo Gregório

A Capela de Santo Antônio, construída com a fundação da cidade e localizada no bairro que leva seu nome, está sendo reformada pelos próprios moradores, sem auxílio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ou de nenhum outro órgão. Os trabalhos vão desde pequenas pinturas até a troca de portas e janelas. Com o crescimento populacional do bairro, o espaço deu os primeiros sinais de que não suportava mais a quantidade de fiéis que frequentavam as missas, os grupos de oração e outros eventos de caráter religioso. Segundo o dossiê de restauração da capela de Santo Antônio, fornecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a igreja, embora seja tombada junto com a cidade de Mariana, não é considerada um bem patrimonial individualmente.

A Capela Santo Antônio é parte da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, que tem como responsável o Padre Nedson Pereira de Assis. Segundo ele, a pequena igreja é de grande importância para a cidade já que assume um caráter histórico, artístico e religioso desde que a cidade era uma vila. “Mariana nasceu naquele local e a Paróquia não retira sua responsabilidade diante da capela. Porém, além da verba ser escassa, há outras igrejas a serem reparadas, pois estão em constante atividade, ao contrário da capela que não exerce celebrações para grande número de fiéis.” Ainda assim, Padre Nedson afirma que está prevista para esse ano uma reforma total no telhado da capela de Santo Antônio. “Vamos dar prioridade para o telhado que está num mal estado de conservação. Uma restauração grande não está prevista, embora tenhamos muita vontade” diz.


09

LAMPIÃO D MARIANA, MAIO DE 2011 Edição: Sabrina Carvalho e Ana Beatriz Noronha

ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Obras do Saae são insuficientes Novos reservatórios do Saae, construídos nos bairros Cabanas, Colina e São Gonçalo, não serão satisfatórias para resolver problemas de abastecimento Foto: Simião Castro

Mateus Fagundes

2

Apenas

O Sistema Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Mariana vai construir três reservatórios com capacidade para 500 m³ de água, cada um. O objetivo é reduzir dificuldades enfrentadas pela população dos bairros Cabanas, Colina e São Gonçalo. O problema afeta também outros locais. A dona de casa Maria da Conceição Ferreira, moradora do bairro Rosário há 22 anos, garante que assim que começa o período de estiagem, as torneiras ficam secas. “Às vezes falta água dois, três dias”, queixa-se. Ela diz que já se acostumou com esse fato, chegando a providenciar um sistema de abastecimento provisório: quando a caixa da casa está vazia, apela para os vizinhos e, com uma mangueira, faz o bombeamento de água do reservatório ao lado. Foi por falta de água também que, no ano passado, a Escola Municipal Monsenhor José Cota, no bairro Cabanas, foi obrigada a suspender as aulas por alguns dias. Na época, a quantidade na caixa d’água era insuficiente para limpar os banheiros e salas. O Saae reconhece que nem todas as melhorias previstas têm sido feitas. Segundo a diretora executiva, Maíra de Souza Lemos, faltam recursos para atender a todas as necessidades da população. “Não recebemos liberação de verba federal para a execução de grandes obras que interessam à população, como é o caso da construção da ETA Norte, estimada em R$ 10 milhões”, alega. Para o presidente da União das Associações de Moradores de Mariana (Uamma), Benedito Alves Ferreira, o Saae deveria ter mais liberdade. “O Saae precisa de autonomia para realizar suas atividades. Ligado à prefeitura, ele muitas vezes não honra o compromisso com a população”, diz.

dos 11 sistemas de distribuição atenderão à demanda da população

98%

das casas possuem abastecimento de água

5

milhões de reais liberados para implantação do sistema Córrego do Canela

Para enfrentar a estiagem, moradora do bairro Rosário improvisa sistema de abastecimento de água em sua casa

Agência Nacional prevê mais riscos de falta d’água Apenas dois dos onze sistemas de distribuição de água de Mariana terão capacidade para atender à demanda da população nos próximos anos. Segundo relatório da Agência Nacional de Águas (ANA), se as ampliações necessárias não forem feitas até 2015, o abastecimento no município pode ficar ainda mais comprometido. O levantamento foi elaborado no período de 2005 a 2009 e faz projeções futuras, até o ano de 2025. O mesmo estudo revela ainda que, em 2010, foram liberados mais de R$ 5 milhões para a implantação do sistema do Córrego

O Saae deveria ter autonomia

Benedito A. Ferreira, presidente da Uamma

do Canela. Mas o investimento é visto com desconfiança por setores da população. Benedito Alves Ferreira acredita que um único financiamento não vai resolver todo o problema. É preciso um trabalho contínuo e de qualidade. “Mariana tem água de sobra, o que falta é a melhor gestão desse recurso”, afirma. O líder comunitário, que também é defensor de causas ambientais, diz ainda que o poder público

só se interessa pelo tema em época de eleição. “Já vi muitos candidatos dizerem que vão resolver o problema e nada. Quando o Saae foi criado, havia uma expectativa muito grande, mas nada aconteceu”, conta Ferreira. Conscientização Iniciativas como a instalação da cátedra da Unesco Água, Mulheres e Desenvolvimento, vinculada à Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), revelam

que a gestão de recursos hídricos não cabe exclusivamente ao poder público. A partir do projeto, moradoras de Ouro Preto e Mariana participam de cursos de capacitação e de reuniões em que são incentivadas a debater temas voltados para a educação ambiental. Segundo a diretora executiva do Saae, Maíra de Souza Lemos, a população também é responsável pela conservação da água e pela eficiência do abastecimento. “O cidadão deve perceber que a água é um recurso esgotável e, por isso, deve aprender a usá-la de forma consciente” , explica ela.

MARIANA

Crescimento provoca mudanças na Rodoviária Douglas Gomides

Quartel da PM vai para o Terminal O Salão Nobre da Rodoviária de Mariana abrigará provisoriamente o quartel da Polícia Militar. A transferência tem sido debatida pela população da cidade, uma vez que o lugar foi construído como alternativa para a realização de eventos de médio porte na cidade. Fotos: Douglas Gomides

A abertura de novos cursos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), agregada ao crescimento das empresas mineradoras, desafia a estrutura do terminal rodoviário de Mariana. O local tem passado por várias mudanças, na tentativa de fazer frente ao crescimento do fluxo de pessoas que transita pelo município e que tem se tornado cada vez maior. Nos últimos três anos, cerca de 1,8 mil alunos se matricularam nos campi da UFOP da cidade. Grande parte desses alunos passou a morar no município. Leonardo Alves, estudante de Jornalismo, foi um dos que chegaram à cidade. Para ele, a rodoviária apresenta problemas de logística. “Meu ônibus chega à Mariana de madrugada e eu nunca encontro um taxista”, reclama. De acordo com o taxista Divino dos Reis, que trabalha no local, isso acontece porque, depois das 23h30, os motoristas deixam a Rodoviária, já que a segurança é precária. “Vários colegas já foram assaltados, por isso é difícil encontrar carros de madrugada”, explica. O admnistrador da Rodoviária, Cassiano Sabino, garante que a situação tende a mudar nos próximos meses. Além da alteração provisória do quartel da Companhia 239 da PM para o local, será

Aumento da população fez crescer movimento na rodoviária (acima). Falta de policiamemto causa danos à rodoviária (à direita)

montado um posto policial que ficará em definitivo no Terminal Rodoviário. “Será muito importante para o terminal a implantação deste posto policial, pois assim o local poderá funcionar por um tempo maior e todos os usuários se sentirão mais seguros”, afirma. Além disso, de acordo com Cassiano Sabino, vários trabalhos visando a melhoria do local serão realizados nos próximos meses. “Implantaremos bancos e televisores, por exemplo, para maior conforto do passageiro”, diz.

Segundo o representante da Companhia 239 da Polícia Militar, tenente Silvério Martins, a decisão decorre da necessidade de reforma do atual prédio do quartel, localizado na Rua Cônego Armando, bairro Chácara. Diante desta demanda, a Prefeitura de Mariana ofereceu o Salão para abrigar, temporariamente, a parte administrativa e efetiva da PM. A Prefeitura acredita que, ainda este ano, o quartel esteja reformado e pronto para o retorno da companhia. O comerciante Marcos Ferreira considera bastante positiva a mudança da Polícia Militar para a rodoviária. “Essa mudança trará mais segurança à população marianense, pois o espaço da rodoviária é estratégico por ter saída para todos os pontos de Mariana e cidades vizinhas”, avalia. Já a dona-decasa Ana Pereira não gostou da modificação. “A população vai acabar perdendo um dos únicos lugares que tinha para realizar as suas festas”, lamenta. O administrador do Terminal Rodoviário, Cassiano Sabino, garante, no entanto, que, apesar de já terem sido realizados diversos eventos no salão, o local não tem alvará de funcionamento emitido pelos bombeiros. Além disso, o Departamento de Estrada e Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) aconselhou que não fosse mais realizado nenhum tipo de cerimônia na rodoviária, pois poderia incomodar aqueles que embarcam e desembarcam no Terminal.


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LAMPIÃO D MARIANA, MAIO DE 2011 Edição: Fernando Gentil

Emprego

Espera marca busca de vaga no Sine Cadastramento desatualizado e exigências específicas de empresas contribuem para lentidão no atendimento do Sistema Nacional de Empregos de Mariana Tábatha Campelo

Tábatha Campelo

A ansiedade e, muitas vezes, a aflição, tomam conta das pes­soas que, diariamente, estão na fila do Sistema Nacional de Empregos (Sine) de Mariana. Ao chegar com a expectativa de ser chamado para um emprego que atenda aos pré-requisitos cadastrados – tanto pelo desempregado, quanto pela empresa –, quem busca uma vaga no mercado descobre que a espera pela oportunidade pode ser longa. De acordo com a responsável pelo Sine da cidade, Maria da Marta da Silva, quando as empresas solicitam um empregado, impõem limites relativos ao sexo, à idade, à escolaridade e, muitas vezes, à experiência adquirida ao longo da vida – o que dificulta a empregabilidade de muitos trabalhadores. Apesar de haver certa flexibilização, o número de cadastrados que de fato atendem às demandas das empresas ainda é pequeno. A procura de vagas na área de serviços gerais, por exemplo, é grande em função da baixa escolaridade exigida pela empresa. Já os setores de montagem, mecânica de veículos e máquinas carecem de empregados com maior qualificação e experiência. Moradora de Mariana, Milene Nunes, cadastrou-se no posto em busca de um emprego como técnica de segurança. Apesar da esperança de ser contratada um dia, não deixa de procurar novas oportunidades em outros lugares da cidade. ‘’Ainda que eu aguarde um retorno, não posso esperar que apenas o meu cadastro vá fa-

Legenda

A longa espera de homens e mulheres que diariamente procuram uma vaga no mercado de trabalho provoca ansiedade e desconforto em frente ao Sine

zer com que o emprego ideal apareça’’, explica a moradora. Demandas

O Sine também atende a demandas de cidades próximas e, sempre que é possível, busca parcerias para a realização de cursos

de capacitação que possam contribuir para melhorar o currículo dos candidatos a uma vaga de emprego no município. Maria da Marta da Silva, que acompanha as demandas do Sine em Mariana, lembra que a procura por um emprego tem mais

chance de êxito quando o cidadão faz a sua parte, isto é, quando zela pela atualização de endereço, telefone e outros dados - e também quando acompanha as ofertas de perto. Ela salienta, por exemplo, que, ainda que cada cidadão assinale até seis pretensões de empre-

go na ficha, nada tende a acontecer se ele não retorna para atualizar as informações prestadas ou verificar as oportunidades mais recentes. “É preciso que haja um retorno dos próprios interessados para que o posto possa atendê-los corretamente”, diz ela.

serviços

Projetos oferecem lazer e formação na cidade Lorena Caminhas

Muita cultura promete encher os dias dos marianenses ao longo deste semestre. Em maio, o Conservatório de Música Mestre Vicente Ângelos das Mercês vai abrir cursos livres voltados para crianças de 2 a 6 anos, homens e mulheres acima de 40 e 60 anos, e também para pessoas com necessidades especiais. Também em maio será lançado o jornal Afinado, órgão informativo do Conservatório, que pretende divulgar as atividades da Casa e resgatar a cultura musical marianense. O Conservatório foi inaugurado em maio de 2010 e oferece, atualmente, cursos de canto, clarinete, violão, violoncelo, violino, piano, flauta e percussão. A instituição promove ainda eventos culturais relacionados à música, como o Painel Funarte de Regência Coral e o Encontro de Corais em Mariana. Segundo Efraim Rocha, presidente do Conservatório, o objetivo da instituição é preservar a cultura local através do ensino regular de música. Para o presidente, os resultados almejados vêm sendo alcançados e o número de alunos matriculados no Conservatório ultrapassa 500. Há também outras atividades de incentivo à cultura no município de Mariana. Só no mês de abril, foram realizados cerca de 20 eventos. O Sesi/Mariana apresentou 12 atividades culturais na cidade, dentre os quais o show Um geral pelo Brasil – com o comediante André Luiz –, a exposição dos trabalhos do artista Cor Jesus, denominada Cor Jesus – De-

SESI/DIVULGAÇÃO

senhos e pinturas,

Instituições e programas em Mariana Conservatório de Música Mestre Vicente Ângelo das Mercês: O conservatório oferece cursos de canto, clarinete, violão, violoncelo, violino, piano, flauta e percussão. Endereço: Rua da Glória, 98 – Centro. Telefone: 3558-5360 Centro de Cultura Sesi/Mariana: Oferece formação em lazer artístico através dos cursos de música, dança e teatro. Além disso, possui espaço destinado aos espetáculos de dança e teatro e uma galeria de arte para exposições. Endereço: Rua Frei Durão, 22 – Centro. Telefone: 3557-1041. Orquestra Jovem: um projeto cultural desenvolvido no município por meio de parceria com o Sesi-Mariana

o espetáculo de dança Alice no mundo ID, promovido pelo Estúdio ID Investiga Dança, o evento I Domingo na Praça, junto com o Ponto Volante de Cultura, e o Sesi Mostra Cultura, em que os alunos dos cursos de dança do Sesi apresentam um espetáculo de dança. De acordo com o gerente do Centro de Cultura Sesi/Mariana, Nilson Ros Chagas, o acesso à cultura e à informação possibilitam a ampliação da capacidade criativa da população. Por meio do contato com projetos culturais, os cidadãos podem, segundo ele, desenvolver sua capacidade crítica e

participar da construção dos rumos da sociedade. Em Mariana, existem também iniciativas desenvolvidas durante todo o ano – como as oferecidas pelo Ponto Volante de Cultura, que visa a levar cultura e lazer à população a bordo de um caminhão equipado com livros, computadores e equipamentos de áudio e vídeo. Há também o Centro Promocional Cônego Renato e o Centro de Integração Familiar – iniciativas da Arquidiocese de Mariana, que oferece atividades de cultura e lazer, além de auxiliar crianças e adolescen-

tes carentes com alimentação diária e reforço escolar com orientação pedagógica. Oficinas culturais – como a de cultura da arte de Mariana – também são oferecidas pela Escola de Artes e Ofícios São José, que também beneficia adolescentes carentes com oficinas de culinária e cabeleireiro. Além dessas instituições, destaca-se, ainda, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) que, anualmente, proporciona apresentações artísticas e oficinas culturais a partir do Festival da Vida que ocorre no mês de maio e o Festival de Inverno que acontece em julho.

Centro de Integração Familiar: são atendidas crianças e adolescentes com baixa renda. Elas rececebem alimentação diária, reforço escolar, com orientação pedagógica, e desenvolvem atividades culturais e de lazer. Endereço: Rua Diamantina, 571, Cabanas. O telefone do Centro é 3557-2599. Casa de Cultura - Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes: Promove espetáculos ao ar livre de música das bandas de marchinha da cidade.


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LAMPIÃO D MARIANA, MAIO DE 2011 Edição: Mayara Gouvea e Luana Viana

CULTURA

Artistas querem reconhecimento Representantes de estilos alternativos de arte reclamam da falta de visibilidade e da discriminação por parte do público e da administração de Mariana fotos: Simião Castro

Lucas Lameira

“Homem”, uma das obras sofistas de Deivisson Pereira

Da dança de rua aos ramos alternativos das artes plásticas, parte dos artistas marianenses ainda encontra dificuldade para obter o reconhecimento do público diante dos trabalhos que produzem no município. É o caso de Jonas de Souza Ferreira e Leonardo Sacramento Campelo. Professores de dança de hiphop no SESI-Mariana, eles contam que o gênero não é facilmente assimilado. “A dança, no geral, é bem aceita, mas o hip-hop sofre discriminação”, diz Leonardo. Para ele, isso se justifica pelo fato do Hip-hop não possuir raízes no Brasil e, sim, nas comunidades jamaicanas, afro-americanas e latinas de Nova Iorque. A valorização de um estilo artístico inspirado na contrarreforma, desenvolvido nos séculos XVI, XVII e XVIII, também é considerado um fator dificultador para aqueles que pretendem inovar. “Em Mariana, o reconhecimento é complicado por uma questão cultural, que valoriza o barroco”, avalia o pintor e chargista Deivison Silvestre Pereira, ao falar das dificuldades para divulgar o próprio trabalho. O secretário de cultura de Mariana, Cristiano Casimiro, garante, no entanto, que o município tem diversos espaços para a divulgação da arte – e que eles são reservados tanto para as exposições daqueles artistas que trabalham com linhas tradicionais, quanto

Jonas Ferreira é integrante do Flash Boys Crew

Mariana ainda esconde a beleza da arte alternativa Simião Castro

A concepção cultural em Mariana é influenciada pela ideia de que seus artistas devem reproduzir a arte do século XVII. Essa é a posição do Diretor da Associação Marianense de Artistas Plásticos (Amap), Geraldo Zuzu Magela da Trindade. Para ele, é este tipo de arte que atrai os visitantes e movimenta o setor turístico

na cidade. A Amap existe há quatro anos, mas nunca conseguiu se articular nem promover qualquer atividade. Geraldo culpa a instabilidade política por qual passa a cidade. “Não tem como visualizar uma linha de ação no que diz respeito à arte”, resume. Outro problema, na avaliação dele, está na impossibilidade de recorrer a apoios fora do

âmbito da administração pública, já que a captação de recursos do setor privado poderia abalar a representatividade da associação. Mas o diretor acredita que, embora a associação não represente artistas que trabalham temas mais contemporâneos, nada impede que essas manifestações possam conviver com a arte tradicional praticada na cidade.

Camila D ias

Xisto Siman e João Pinheiro, trabalham juntos há duas décadas. Primeiro com o Grupo Stronzo, nascido em Governador Valadares, e depois com o Circovolante, que completa 11 anos. Palhaços por opção e por vocação, os atores, ao lado de outros parceiros, construíram uma sólida relação com a população marianense. Os palhaços Xinxin e Juaneto, mesmo quando em trajes comuns, são abordados na rua, são conhecidos e reconhecidos pelos habitantes de Mariana. O nome ‘circovolante’, para além da idéia de um circo itinerante, foi pensado para representar algo que voa, salta, de natureza libertária. Os atores Xisto e João, também de forma desprendida, constroem seus espetáculos com o dom de captar o humor nas pequenas coisas da vida. A rotina, o cotidiano e a intensidade de informações que acompanham o dia-adia desses atores oferecem um terreno fértil para suas mentes criativas e atentas. E, dessa forma, os fundadores do Circovolante conseguem dialogar com o público. “Nós somos artistas populares”, definiu João. São populares porque pertencem ao povo e sabem da responsabilidade que isso traz. Não são poucos os artistas brasileiros que apontam dificuldades

PALAVRAS CRUZADAS

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“A Estrada”, de Deivison Pereira, retirada de uma de suas obras

Circovolante se compromete com o riso

TIRINHA

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para os que investem em obras mais modernas. Ele acredita que o entrave à divulgação desses trabalhos está na falta de organização por parte dos próprios artistas no momento de apresentar os respectivos projetos. “Uma coisa é o município dar o espaço, outra coisa é ele ser o produtor dos eventos”. Outro fator dificultador para aqueles que lidam com obras de arte alternativas está na falta de recursos. O pintor hiper-realista e desenhista autodidata, Cristiano Coelho, afirma que falta incentivo por parte dos órgãos de cultura. “O turismo já tem artistas que lhe são reservados, enquanto tem uma galera que não é reconhecida”. O pintor diz ainda que alguns artistas migram para outras cidades em busca desse incentivo. Os turistas querem comprar só casaria. Porque os artistas que lhe são apresentados só fazem casaria, aí eles levam essa noção pra fora.

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HORIZONTAIS: 1 - Praça (?): local onde está instalado o pelourinho 8 Companhia Vale do Rio Doce. 2 - Ferramenta agrícola. 3 - (?) Doce: desaguadouro do Ribeirão do Carmo 8 Dedo grande do pé (Anat.) 8 Júnior 8 (?) house: local com acesso à Internet. 4 - Décima terceira e décima quarta letras do alfabeto 8 Reunião de Bandas de Congado. 5 - Tancredo de (?) Neves: presidente eleito em 1985 8 1005 em algarismos romanos 8 Caixa Postal 8 Marilene Vieira, escritora. 6 - Navantino Santos, escritor 8 Ângela Togeiro, poetisa 8 Restaurante Universitário 8 Psiu! 8 Substância líquida resultante do processo de putrefação (apodrecimento) de matérias orgânicas. 7- Time de futebol de Mariana 8 Pão de (?): bolo (por vezes, pode ser considerado um doce) à base de ovos, açúcar e farinha de trigo. 8 - Qualquer navio ou embarcação 8 Cada um dos elementos sólidos e calcificados que formam o esqueleto dos vertebrados 8 Produto Interno Bruto. 9 - Ribeirão do (?): curso d`água marianense. 10 - Vereador 8 Elevado ao trono. VERTICAIS: 1 – Nascido no município de Mariana. 2 - Lúcio dos Santos, historiador. 3 - Alternativa vencedora no plebiscito sobre o tratamento da água de Mariana 8 (?) de Moraes: rua de Mariana onde está situada a Capela de Santana. 4 - “Urbs (?) Cellula Mater”: lema da bandeira de Mariana 8 Símbolo químico do alumínio. 5 - Arp (?): órgão da Catedral da Sé. 6 - Mestre Athayde, escultor 7 - Iluminado pelo luar; luarento. 8 - Unidade Residencial. 9 - Alphonsus Guimarães: escreveu “Kyriale"8 Cláudio Manoel: autor do poema “Epicédio” 8 “Marília (?) Dirceu”: livro de Thomás Antônio Gonzaga. 10 - Devoção religiosa que dura nove dias. 11 - Praça da (?): onde se situa o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) 8 D. Pedro (?): pai da Princesa Isabel 8 Lina Tâmega, poetisa. 12 - Josinéia Godinho, organista. 13 - Antônio (?) Lisboa: “O Aleijadinho”. 14 - Alto (?) Rosário: bairro de Mariana. 15 - Pico do (?): atração turística entre Ouro Preto e Mariana. 16 - Cecy Campos, escritora 8 A favor; em defesa (adv). 17 É acesa na romaria 8 (?) bastimal: vaso de pedra utilizado para batismo. 18 - Marly Moysés, educadora. 19 - Quinze (?) (?): banda musical marianense.

Gustavo Roscoe

Veja a solução na próxima edição do Lampião

em promover a cultura no país. É preciso, além da paixão pelo trabalho, dinheiro para financiar as atividades. Nem sempre os pequenos grupos artísticos dos interiores do país conseguem verba dos governos regionais e federal. Com o Circovolante não é diferente. Grande parte dos seus espetáculos e eventos é realizada graças a parcerias e apoios. Xisto conta que a arte em geral é política, não pode se excluir dos assuntos de relevância social. Os artistas fazem parte de um espaço de fala que é público, o qual exerce um papel fundamental para a população, uma vez que através dele é possível levar cultura, educação, informação e, por que não, humor. Diante disso, afirma Xisto, não se pode sempre depender do poder público, é preciso buscar outras possibilidades. Neste semestre o Circovolante realizará um trabalho junto com a Prefeitura de Mariana na comemoração dos 300 anos da Câmara dos Vereadores. O grupo circense irá contar à população, de forma bem descontraída, quais são as funções da Câmara, o que acontece por lá, qual é a sua importância, entre outras questões. O Circovolante realizou no último mês de abril o III Encontro de Palhaços. O evento trouxe artistas de vários lugares do país e contou com a cobertura jornalística dos alunos de Comunicação Social da Universidade Federal de Ouro Preto. Esse trabalho você encontra no site www.tribunadapalhacaria2011. blogspot.com Xisto e João em apresentação


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LAMPIÃO D MARIANA, MAIO DE 2011 Edição: Simião Castro e Lorena Caminhas

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máscara do mundo Ana Beatriz N oronha

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Paulo Dias

Dia 28 de abril, céu aberto e a expectativa de mais três divertidos dias pela frente. Circovolante – 3º Encontro de Palhaços de Mariana. Sob o pano vermelho da lona estendida em circo, cores e expressões, as pedras desta cidade abriram passagem aos sapatos enormes, aos trajes descabidos, e aos gestos cheios de trejeitos. Nas praças da cidade: malabares, músicas e melodias peculiares. Olhos vidrados e sorrisos soltos nos pequenos rostos sentados em roda. Surpreendentes risadas das faces mais sisudas transformavam-se também em parte e movimento deste encontro de palhaços, rostos, pinturas e pessoas. Personagens. Caricatos pelas suas ações, falas e manias. Neste lúdico universo circense, nem tudo se esconde atrás do grande, vermelho e velho nariz de palhaço. Aliás, se olharmos bem, muito está ali, exatamente na ponta do nariz, quase tão claro e entregue quanto às gargalhadas e o brilho nos olhos de quem passa e vê um movimento engraçado, uma fala perdida, ou mesmo estranha, sem graça, mas ainda assim sorri.

O circo tem vozes e pensamentos diversos quando o assunto é o palhaço e seus processos de construção. Inspiração criativa, ou mesmo uma formação diária, são fundamentos que estão presentes nesta transfiguração destes sujeitos, palhaço e artista, mesclando-se em um só. “O nariz de palhaço é a menor máscara do mundo, a que menos esconde e a que mais revela”. Beto Grillo (palhaço Gaveta) toma a máxima circense para expressar o quanto este jogo de papéis entre sujeito e personagem pode ser interessante e até inesperado. E continua: “Pra mim, na verdade, funciona meio ao contrário. Eu sinto que, quando estou aqui, sou muito mais personagem do que quando estou em cena”. É recorrente ainda a ideia de que a figura do palhaço funciona como, segundo Dodô Giovanetti (palhaço Xarope), “uma lente de aumento colocada em si mesmo”. A linha tênue entre a liberdade de ser, na criação do palhaço, e o respeito ao espaço do outro é o que determina o fluxo deste personagem tão fantástico quanto real, inevitavelmente presente no cotidiano de cada um de nós, e nos divertidos dias de encontro em Mariana. fotos: Ana Beatriz Noronha e simião castro

“Quando estou aqui, sou mais personagem que quando estou em cena” Beto Grillo


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