Revista Unidos da Tijuca Carnaval 2015

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PALAVRA DO PRESIDENTE

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Unidos da Tijuca tem como regra apresentar anualmente para o grande público um belo espetáculo plástico e arrojada composição musical com o principal objetivo de promover a diversidade cultural brasileira.

E essa pluralidade é expressada ludicamente nos enredos desenvolvidos pela nossa agremiação. A Tijuca já mostrou na Avenida diversos temas relevantes da história do Brasil, o que não impede que atravessássemos o Atlântico para descobrir algo escondido de nossa brasilidade. Ao iniciar com nosso departamento de carnaval as pesquisas sobre o Tempo, desembarcamos na Suíça, passeamos pelos tradicionais carnavais do país e retornamos ao Brasil na figura do ícone do Carnaval carioca, Clóvis Bornay. Este filho de imigrante suíço tornou-se carnavalesco e conduziu artisticamente tradicionais escolas de samba, incluindo a Unidos da Tijuca. Introduziu inovações como a figura do destaque, que é uma pessoa luxuosamente fantasiada e que desfila em lugares estratégicos dos carros alegóricos, representando algum elemento do enredo e compondo a alegoria. A influência da cultura do pai suíço teve grande contribuição na sua formação, que por última consequência, agregou valor ao Carnaval carioca. Afinal, esse festejo popular foi trazido pelos colonizadores e enriquecido pelas diversas colônias de imigrantes residentes neste país ao longo dos últimos séculos, principalmente africanos e europeus. A força da cultura brasileira está na influência de tantos povos que torna impossível pontuar onde começa e termina a vasta cultura nacional. E o Carnaval é uma festa que engloba todas as culturas e pensamentos sem importar a classe social, a cor de pele, os ideais, a nacionalidade, refletindo a diversidade cultural brasileira. Por fim, a base de sustentação da ópera que será apresentada pela nossa agremiação é a comunidade tijucana. É com a força dessa gente bamba que conseguimos transformar em realidade o grandioso desfile da Unidos da Tijuca até o dia clarear. Fernando Horta Presidente da G.R.E.S Unidos da Tijuca


SUMÁRIO

VELHA GUARDA Relativa idade do conhecimento

8 ENREDO Suíça, em tua história a inspiração

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UM CONTO MARCADO NO TEMPO O olhar suíço de Clóvis Bornay

BATERIA É do Borel o primeiro Nobel do Samba

RAINHA DE BATERIA A atriz Juliana Alves revela que o seu amor pela escola vem desde menina

12 Clóvis Bornay: alma carioca 16 Enredo – Tantas Histórias encantadas 20 Departamento de carnaval 22 Comissão de frente 26 Mestre-sala e Porta-bandeira 32 Compositores 34 Intérprete e samba-enredo 36 Direção de carnaval e harmonia 42 Passistas – Chegou gente bamba 44 Baianas – Gira mundo no tempo 52 Barracão – O templo da invenção 58 Suíça – Um país de inspiração, arte e inovação 72 Departamento feminino 74 Símbolo da escola 76 Departamento de Marketing 86 Curiosidades do enredo 88 Quadra da escola 90 Tijuquinha do Borel 92 Projeto Social 100 English version

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Um Conto Marcado no Tempo


Apoio:

Realização:

G.R.E.S.UNIDOS DA TIJUCA Presidente: Fernando Horta 1º vice-presidente: Luiz Pires da Silva (Pezinho) 2º Vice-Presidente: Armando José Tavares Vice-Presidente de Carnaval: João Manuel Paredes Vice-Presidente de Comunicação e Administração: José Carlos Cruz Pereira Vice-Presidente de Finanças: Luiz Antônio Ramalhoto Vice-Presidente de Patrimônio e Procurador: Guilherme Tell Mendes Lobo Vice-Presidente Jurídico: Ricardo José Coelho de Mendonça Vice-Presidente de Eventos: Nilton Barbosa Santos Vice-Presidente de Esportes: Carlos Alberto Araújo Conselho Fiscal: Jayme Felberg, Paulo Cesar Afonso, José Angelo Gil, Antônio Carlos dos Reis, Roberto Wagner Robilard, Francisco Marques, Marly Spínola do Amaral Contadora: Wladya Souza Departamento de Carnaval: Mauro Quintaes, Annik Salmon, Hélcio Paim, Marcus Paulo Oliveira e Carlos Carvalho Diretor de Carnaval: Fernando Costa Diretor Geral de Harmonia: Paulinho Haiti Mestre de Bateria: Casagrande Intérprete: Tinga Compositores: Gustavinho Oliveira, Caio Alves, Rafael Tinguinha, Cosminho, Josemar Manfredini, Fadico, Zé Luiz e Carlinhos Rainha de Bateria: Juliana Alves 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Rute Alves e Julinho 2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Vinícius e Jackellyne Comissão de Frente: Alex Neoral Presidente da Velha Guarda: Maria Lúcia Alves Pereira Presidente da Ala das Baianas: Ivone Gomes Diretora da Ala de Passistas: Mary Harmony Diretor de Barracão: Fábio Bocão Administrador da Quadra: Fernando Leal Diretor Cultural: Julio Cesar Farias Divulgador das Rádios: Andrade Chefia Departamento de Marketing, Comunicação e Patrocínio: Fabiana Amorim e Bruno Tenório

REVISTA UNIDOS DA TIJUCA Diretor Geral: Fernando Horta Editores: Bruno Tenório e Julio Cesar Farias Assessoria de Imprensa: Lia Rangel Redação: Bruno Tenório e Julio Cesar Farias Tradução: Isabel Chavante Fotografia: Mauro Samagaio Marketing e publicidade: Fabiana Amorim Revisão: Julio Cesar Farias Projeto gráfico, capa e editoração: Simone Mendes Impressão: Stamppa


PRESIDENTE DA LIESA

Quem pensa em Suíça imediatamente lembra dos canivetes, dos chocolates, dos relógios e, claro, dos Alpes, também. A partir deste ano, porém, também o Carnaval estará ligado à imagem daquele país europeu. E tudo por conta do enredo “Um conto marcado no tempo – o olhar suíço de Clóvis Bornay”, que a Unidos da Tijuca levará para o Sambódromo encerrando a segunda noite de apresentações do Grupo Especial. A partir da visão do grande campeão dos carnavais Clóvis Bornay (filho de suíço), a Escola do Borel pretende mostrar que a Suíça é muito mais do que imaginamos. E que dá samba, também. Reinventando-se, a Unidos da Tijuca resolveu apostar no trabalho coletivo. E, para isso, montou um time para falar de tudo o que a Suíça tem a oferecer ao mundo, incluindo suas lendas, seus personagens e toda a sua evolução tecnológica. Tudo isso junto e misturado com as delícias do nosso Carnaval. Esta ousada junção só seria possível no Carnaval do Rio de Janeiro. Com a criatividade de nossos artistas, não há desafio que não possa ser superado. E é nisso que o Pavão do Borel aposta para realizar mais um lindo desfile no Sambódromo. Bom Carnaval a todos! Jorge Castanheira Presidente da Liesa

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Um Conto Marcado no Tempo


EMBAIXADOR DA SUIÇA

O Governo Suíço decidiu realizar, no Brasil, uma campanha de comunicação sobre o país, de 2014 a 2016, tomando como referência os dois grandes eventos desportivos - a Copa do Mundo e as Olimpíadas. O objetivo desta campanha é dar mais visibilidade da Suíça e divulgar no Brasil os aspectos menos conhecidos do país. Para 2015 encontramos uma outra plataforma de grande impacto no público em geral. O Carnaval, respectivamente o desfile de escolas de samba no Rio de Janeiro, o maior evento cultural no Brasil, é certamente um meio ideal para divulgar ideias, imagens e conceitos diversos. Estamos muito felizes que uma das escolas de samba mais exitosas nos últimos anos, a Unidos da Tijuca, escolheu o tema “Suíça” para seu desfile de 2015. O encontro de Unidos da Tijuca com a Suíça nos caiu como uma luva. Primeiramente oferece a oportunidade de reforçar nossa campanha de comunicação e mostrar aos Brasileiros nossa história, arte, cultura, invenções, gastronomia, natureza e também contar nossas lendas e nossa tradição de carnaval. Em seguida, a Unidos da Tijuca, pela sua competência, inovação e criatividade, corresponde perfeitamente aos valores e imagens associadas ao nosso país. Finalmente, através da homenagem a Clovis Bornay, um dos mais famosos ícones do carnaval e filho de imigrante suíço, será evidenciado um aspecto importante da história entre a Suíça e o Brasil, a imigração.

André Regli Embaixador da Suíça no Brasil

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Desejo aos espectadores da Sapucaí um surpreendente e deslumbrante espetáculo.

Unidos da Tijuca 2015

Gostaria de agradecer imensamente a Unidos da Tijuca e sua comunidade que abraçaram o enredo suíço com tamanho empenho e a dedicação. Agradecimentos a todas as parcerias realizadas com a Embaixada da Suiça e a Unidos da Tijuca por tornar este projeto possível.


ENREDO

Unidos da Tijuca fará um desfile de luxo e inovação em 2015 Em 2015, a Unidos da Tijuca lança o enredo Um conto marcado tempo tendo como fio condutor a cultura suíça e o ícone do carnaval do Rio de Janeiro, Clóvis Bornay. O carnavalesco, filho de um joalheiro suíço e nascido na cidade de Nova Friburgo, berço da imigração suíça no Brasil, apresentará o universo mágico que permeou sua infância desde as populares lendas dos Alpes até os carnavais urbanos da Suíça. Esses contos fantásticos, somados a elementos da identidade suíça, eram transmitidos de geração para geração. Os ingredientes eram os dragões, o diabo ludibriado, as invenções tecnológicas, os artistas e até o legendário Carnaval suíço. Essa tradição oral manteve-se entre as primeiras gerações de imigrantes no Brasil. Associado a essa influência cultural, Bornay trazia a admiração pela precisão e o luxo nas tardes que passava na joalheria do pai. Essas histórias transcenderam o mundo daquela criança e, décadas mais tarde, transformou Clóvis Bornay em um dos mais conhecidos carnavalescos tendo como sua marca as luxuosas fantasias que marcaram os bailes do Copacabana Palace e Hotel Glória. Esse universo será encenado como uma ópera popular ao ar livre na Sapucaí. E para reunir elementos da cultura suíça com fidelidade, a escola de samba realizou uma parceria com o governo suíço e enviou a comissão de carnaval para realização de pesquisas de campo em diversos cantões do país.

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Um Conto Marcado no Tempo


O resultado desta parceria resultou em uma notável concepção de desfile que destacam as sinergias entre a cultura brasileira, a cultura suíça e a própria Unidos da Tijuca. Nos últimos anos, a Unidos da Tijuca transformou-se em uma escola de samba bem-sucedida e vitoriosa. O segredo foi o foco em criatividade e investimento em inovação, assim como a Suíça. O país tem os inventos tecnológicos como base de sua riqueza e eficiência. As sinergias com a cultura brasileiras também são históricas. Os suíços foram os primeiros imigrantes europeus a se estabelecerem no Brasil depois dos portugueses, em migração organizada. Os primeiros imigrantes suíços chegaram ao Brasil no início do século XIX, oriundos, em sua maioria, do cantão de Friburgo em acordo assinado pelo rei Dom João VI. Eram, no início da aventura, cerca de 2000 indivíduos, em Nova Friburgo - nome que seria dado à colônia fundada por eles. A Unidos da Tijuca também promete mergulhar na tradição do Carnaval europeu, continente de onde foi importada a festividade e que possui grande força até hoje na Suíça.

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Unidos da Tijuca 2015

O desfile da Unidos da Tijuca no Carnaval 2015 será marcado pela alegria e extravagância, marcas de Clóvis Bornay, somado aos atributos de inovação, tecnologia e preservação da tradição, marcas da agremiação na última década. A escola de samba azul e amarela fechará os desfiles das escolas de sambas na segunda-feira, dia 16 de Fevereiro de 2015.




PERFIL

O Rio de Janeiro e o Carnaval particularmente têm criado, produzido, inventado, execrado, endeusado personalidades que se identificam com a cidade de tal maneira se tornam parte dela. Clóvis Bornay foi uma dessas figuras. Artista de formação acadêmica, por muito tempo foi funcionário do Museu Histórico Nacional, nunca deixou de estudar o Brasil e se entusiasmar com as criações populares em diversas áreas: figurinos, danças, cantigas, romances e poesias. Todas essas informações, além de leitor voraz que sempre foi, criou uma couraça de conhecimentos que desaguou no carnaval carioca. Durante muitos anos, depois do Rei Momo, a figura principal do nosso carnaval foi Clóvis Bornay. Um dos criadores do concurso de fantasias do Baile do Teatro Municipal, suas criações sempre eletrizavam o júri e o público. Detalhista ao extremo, suas criações eram um exemplo de disciplina e dedicação. Os tecidos absolutamente originais, os bordados com pedras semipreciosas, paetês importados da Europa, capas quilométricas, plumas e mais plumas, estes eram os ingredientes que faziam com que Clóvis tivesse uma legião de admiradores, sendo sempre o favorito nos concursos, até atingir o status de hors concurs. Carnavalesco convicto, ele não se reservava para o baile do Municipal, ao contrário, adorava blocos de sujo (como se chamava na década de 50) e as bandas que vieram depois. Na Prado Junior, rua em ele residia, tinha um bloco em que ele era a figura principal, e líder absoluto. Nada se fazia sem o seu conhecimento ou permissão. E na Banda do Leme ele era o próprio General da Banda. Participando de programas humorísticos na televisão, foi a atração de muitos, satirizando-se a si próprio acentuando o sotaque que trazia como herança paterna. Nas mesas redondas promovidas pelos canais de televisão e nas entrevistas 12

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sobre o carnaval, Clóvis era uma figura indispensável, não só pelo conhecimento como, especialmente, pelo humor que destilava com prazer. Mas não era só na época do carnaval, onde também ele fez sucesso como cantor gravando marchinhas que entraram para o repertório carnavalesco. Outra atuação marcante do Clóvis foi como jurado nos programas do Chacrinha e do Sílvio Santos. A sua passagem como carnavalesco nas escolas onde atuou: Salgueiro (1966), Unidos de Lucas (1967, 1968 e 1969). O momento culminante foi em 1970, quando a Portela tornou-se campeã com o enredo Lendas e Mistérios da Amazônia. Depois fez o carnaval da Mocidade Independente de Padre Miguel (1972) e Unidos da Tijuca (1973), que o homenageia hoje com o enredo sobre a Suíça, terra natal de seu pai. Sua importância no nosso carnaval foi reconhecida no exterior, tanto que o estado da Louisiana (Estados Unidos) o condecorou com uma medalha de Honra ao Mérito, em 1964. Outro aspecto de sua carreira foi sua participação no cinema nacional no filme Terra em Transe (1964), de Glauber Rocha, e Independência ou Morte (1972), de Massaini. Clóvis Bornay ainda criança em Nova Friburgo

Clóvis Bornay era extremamente religioso e todo ano no dia 5 de agosto ele subia ao Outeiro da Glória e trocava o manto de Nossa Senhora que ele mesmo bordava. Haroldo Costa Ator, escritor, comentarista e produtor cultural

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Clóvis Bornay e Cláudio Marzo no programa do Chacrinha

Unidos da Tijuca 2015

Cocoroca e Clóvis Bornay juntos na quadra da Tijuca nos anos 70


SINOPSE

Um conto marcado no tempo

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Gotas de chuva caem do céu, passeiam entre as Fiquei admirado com um bravo caçador, de pontanuvens, descem montanhas, alimentam pastos e ria certa, salvou seu filho da tirania fatal. Homem fontes. Entro em uma página em que uma fábrica de bem, respeitado por todos, lutou pela indepense faz presente. Sinto o gosto de tudo que já comi, dência de sua terra e pela liberdade tudo que já bebi. Litros e mais de de seu povo. Subindo aqueles litros do mais puro leite, repleto de Percebo diante dos meus olhos aromas e sabores, são transformamontes gélidos, forrados por nobres estrelas brancas que caíam uma avenida estendendo-se a dos em passe de mágica em queido céu, vivia um lendário gigante jos empilhados. E lá do alto vejo mim, aqui e acolá, festas que uma coroa a reluzir, nossa... existe soprando ventos frios, congelando plantações e lagos ao léu. Eis um rei ali! Percebo o giro dos ponduram o dia inteiro, até o que surge para salvar os que esteiros, como a colher do cozinheisol brilhar. tavam a precisar, o anjo dos Alpes ro mexendo sem parar. Cachos de sempre pronto a zelar. uvas enfeitam todos os cantos. São cascatas e rios dos mais deliA cada instante, minhas lembranciosos chocolates, levando meu paladar a percorrer ças giravam como engrenagens de uma caixinha minhas lembranças. E o cuco? Novamente alegre a de música, dando vida a uma variedade de procantar, anuncia “A fábrica não pode parar!” ezas e façanhas que jamais pude imaginar, onde em um instante tudo cabia no bolso, na palma da As páginas do livro vão se acabando. Vejo que as mão, tantas ferramentas em uma só. Em outra caihistórias de ontem e de hoje misturam-se com as xa, curioso fiquei, nela senhas secretas que nem do amanhã. Percebo diante dos meus olhos uma mesmo o tempo era capaz de apagar. De repente, avenida estendendo-se a mim, aqui e acolá, festas deparo-me com um novo tempo que se forma, ponque duram o dia inteiro, até o sol brilhar. Foliões teiros a girar em todas as direções. “Uma nova hora fantasiados fazem soar instrumentos, girando os começou! Aproveite-a sabiamente.” - assim o cuco ponteiros da engrenagem do tempo, bailando em falou. Livros, então, passaram a registrar pensaversos, despertando luzes acesas e o brilho das comentos e teorias escritas por um homem de mente res. Agora não mais uma criança e sim um folião a brilhante e coração puro, que, no girar dos ponteidesfilar, ainda fascinado pelos contos daquele luros, viajou a um futuro, transformando o tempo gar. Encontro-me em meio à Sapucaí, de tantos carem fórmulas, fórmulas em sonhos, e sonhos em navais, que sempre festejei. Escrevo mais um conto realidades. O tempo voa, o tempo vai, o tempo me marcado no tempo, neste lugar de cores e riquezas leva na brilhante história de um viajante a planar mil, laços Suíça-Tijuca-Brasil. entre o céu e o mar na aeronave que tem o sol a te alimentar. Clóvis Bornay Departamento de Carnaval

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Assim, um novo tempo se anuncia. Pessoas que passam pessoas que vêm e que ficam. Bandeiras que voam, dançam e giram acompanhadas de trompas gigantes encantadas, soando uma melodia em perfeita harmonia. Mas vejam só: nessa história fascinante, um escultor transformou o movimento, alcançando todos seus desejos, fazendo com que sua arte fosse importante para aquela terra de cores. Cores que protegiam, em tempos distantes em que guardas fardados defendiam igrejas, vestindo ricos trajes. Cores que brincavam sobre folhas brancas, riscos e traços que conduziam a cadência pintavam o que eu não via. Atravesso, então, para um tempo futuro, nos filmes de máquinas e seres viajantes.

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inda me lembro, sentado aos pés do meu pai... entre as páginas dos livros, ouvindo suas histórias de uma terra mágica, viajava nos contos encantados que davam vida aos cavaleiros medievais montados em ginetes, cavalgando em direção aos montes gelados e brancos. Dragões alados sobrevoavam castelos e aldeias, o povo aterrorizado, fez um pacto até mesmo com o diabo para construir uma ponte e, assim, seguir seu caminho. Minha imaginação me embalava; eu ali estava, guardado pelas emoções, o tempo não passava. Os ponteiros do relógio bailavam em prosa e verso, eu ali continuava, despertando personagens sem fronteiras nesse universo.


ENREDO

Lendas suíças resgatam as tradições do país dos Alpes O Carnaval hoje se constitui num potente veículo de Educação e de Cultura. As escolas de samba, por meio de seus enredos, funcionam como instrumento de disseminação de conhecimentos para o grande público. Além, evidentemente, de as escolas serem ferramenta de cidadania, gerando empregos e renda, colaborando com a inserção social ao atender às necessidades comunitárias em seus projetos sociais. Entretanto, enquanto agente de produção artística, a escola de samba agrega pessoas em cortejo para transmitir informações de um tema, o enredo. No desfile, abordam-se fatos, contam-se histórias de pessoas e de lugares. A apresentação de cada agremiação é composta de uma narrativa, dividida e representada por cada segmento, em cada fantasia e alegoria. Quando cidades ou países são retratados na Avenida, para se entender a tradição dos habitantes do local, as agremiações costumam mostrar as lendas que fazem parte da cultura local. Esse recurso é próprio do Carnaval, que se vale do imaginário, do devaneio, da magia, os quais podem se tornar uma realidade visual, sendo representados em forma de arte. São as lendas e os contos populares que resgatam a tradição oral de um povo. E a Suíça, país homenageado no enredo da Unidos da Tijuca, possui interessantes lendas que impressionam pela riqueza de detalhes. As imagens de encantamento dessas fábulas provocam nossa imaginação e de todos os visitantes da região dos Alpes, histórias de uma terra mágica que revelam as tradições e a alma dos cantões suíços.

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Pela manhã, ao acordar ferido e com dor, entrou em pânico quando avistou dois seres alados escamosos olhando-o fixamente. Porém, para surpresa dele, os dragões mostraram-se amigáveis, cheirando-o e lambendo-o como fazem alguns animais de estimação. Depois de longos meses de inverno acolhido pelos pequenos animais, chega a primavera. Os dragões voaram para se aquecerem ao sol. Um dos filhotes levou o jovem agarrado em sua cauda para fora da caverna, deixando-o cuidadosamente num campo florido. O rapaz encontrou logo seus amigos, que com ele voltaram felizes para a aldeia, onde foi recebido com muita alegria. Dizem que esta aventura do jovem na caverna dos dragões foi bordada em um pano de seda e pode ser visto até hoje em uma pequena igreja da região.

Herói destemido Antes de ser um país livre, a Suíça era governada por um rei autoritário, temido por todos. Quem desobedecia suas ordens era impiedosamente castigado. Só havia uma pessoa que não temia o rei opressor: o bravo caçador Guilherme Tell, exímio arqueiro respeitado por todos.

Nos montes de neve Há milhares de anos surgiu uma montanha coberta de neve onde habitava lá no alto uma Dama Branca em seu trono de gelo. Vítima de um sortilégio, ficara prisioneira das neves eternas naquele píncaro inacessível, até que alguém lá chegasse para resgatá-la. Todas as encostas para se chegar às montanha eram íngremes e cobertas de gelo, dificultando quem ali quisesse escalar, o que tornava a aventura considerada impossível. Mas não para um belo príncipe que um dia resolveu fazer a escalada perigosa nos montes de neve. Quando estava prestes a atingir o pico onde se encontrava a Dama Branca, um rochedo desprendeu-se e o arrastou para o abismo. Ansiosa pela chegada daquele que a retiraria, a Dama Branca entrou em desespero ao ver o rapaz cair no precipício. Ela chorou sentida e cada uma de suas lágrimas, ao tocarem a neve, transformaram-se em uma estranha e delicada flor branca, chamada Edelweiss. O vento, acariciando as flores, levava sementes para as montanhas vizinhas, fazendo nascer outras flores para sempre lembrarem a Dama Branca.

A Ponte do Diabo

Para aterrorizar ainda mais o povo, o arrogante governante mandou fincar um poste com um de seus chapéus na praça principal. Todos que ali passassem deveriam se curvar, senão seriam cruelmente punidos.

Para que os habitantes de duas regiões da Suíça atravessassem com segurança o Rio Reuss, de águas geladas e de forte correnteza, a população fez um pacto com o diabo para que este construísse uma ponte resistente, pois a de madeira constantemente tinha de ser consertada.

Um dia, o tirano viu por ali passar o valente caçador com seu filho pequeno sem fazer a reverência ao chapéu. Enfurecido, ordenou aos soldados prenderem ao poste o menino com uma maçã na cabeça e desafiou Guilherme Tell: ele deveria acertar a maçã com uma única flecha para livrar a criança da morte diante do povo.

Prontamente o diabo apareceu e colocou-se a disposição de todos os habitantes, impondo uma condição: que a alma da primeira pessoa a cruzar a ponte seria dele. A ponte foi construída, como desejavam os moradores das duas regiões e para enganar o diabo decidiram colocar uma cabra no lugar de uma pessoa.

Com o coração apertado, Guilherme Tell mirou o arco na direção do alvo e disparou a flecha certeira, partindo a maçã em duas partes, libertando seu filho do destino trágico.

O diabo ficou furioso e arrancou uma enorme pedra para destruir a construção, mas não contava encontrar uma senhora chegando ao local carregando uma cruz. Ao ver aquela cruz, o diabo não teve mais forças para atirar a pedra na ponte e a deixou cair. Nada aconteceu com a ponte e o diabo nunca mais voltou. A pedra hoje é cercada e protegida para visitações de turistas.

O déspota, percebendo que o caçador trazia uma segunda flecha, indagou sobre ela. Guilherme Tell, sem pestanejar, disse-lhe que a outra seta era reservada para o rei, caso errasse o alvo e ferisse o filho.

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O Monte Pilatus é conhecido pelas suas lendas sobre dragões. Uma das lendas conta que ao procurar troncos para a lareira de sua casa, um jovem subiu até o cume do monte, lugar proibido e perigoso. Quando começou a anoitecer, apavorado com a descida solitária, o rapaz acabou tropeçando e caiu numa caverna escura e profunda, batendo com a cabeça.

Assim, o caçador é detido, mas foge do barco que o levaria à prisão. Tempos depois, Guilherme Tell foi considerado um valoroso combatente pela independência de sua terra.

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Seres alados




DEPARTAMENTO DE CARNAVAL

Se fez o sonho Departamento de Carnaval reúne time de artistas talentosos para a construção do sonho tijucano É fato que um desfile de escola de samba não é feito em sua totalidade apenas por uma pessoa, ainda que comumente se credite o peso de toda responsabilidade e os louros (se houver) a um único artista: o carnavalesco. No histórico de profissão não regulamentada, observase que suas origens vêm de tempos imperiais, quando se contratava alguém para idealizar cortejos festivos para homenagear a Família Real. Mesmo esses cortejos não sendo carnavalescos, já apresentavam tais características: carros alegóricos, fogos de artifício e caráter de exaltação. Aliás, foi a subida ao trono de D. João IV que motivou o primeiro Carnaval do Brasil, pois antes a manifestação carnavalesca vigente era o entrudo. Com o surgimento das Grandes Sociedades e dos Ranchos, surgiram os técnicos, profissionais anônimos que idealizavam e executavam todos os detalhes desses préstitos. Depois, com o nascimento das escolas de samba, aos poucos foram surgindo os carnavalescos. Ao longo dos anos, eles ganharam prestígio, destacando-se no panorama cultural brasileiro na contemporaneidade.

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Sabendo dessa grande responsabilidade e da multiplicidade de tarefas que demanda um desfile de escola de samba na atualidade, algumas escolas passaram a formar comissões de carnaval para aprimorar o resultado final do trabalho artístico, unindo profissionais talentosos de diversas áreas. Por esse motivo e por estar sempre antenada com a modernidade, a ousadia e a inovação, a Unidos da Tijuca criou o Departamento de Carnaval, formado por Mauro Quintaes, Annik Salmon, Marcus Paulo Oliveira, Hélcio Paim e Carlos Carvalho. Em 2015, o sonho tijucano está sendo idealizado por esses engenhosos e criativos integrantes do Departamento de Carnaval. Será com a união da experiência, da destreza, da habilidade e da imaginação de cada um desses profissionais que o sonho encantado da Unidos da Tijuca se fará na Avenida em forma de espetacular arte carnavalesca.


Da esquerda para a direita: • Hélcio Paim é conceituado profissional da parte estrutural de alegorias por quase trinta anos, com passagem por grandes escolas. • Carlos Carvalho é formado pela Escola de Belas Artes, começou como aderecista e foi assistente do carnavalesco Alexandre Louzada, também com passagem por outras agremiações.

• Marcus Paulo Oliveira tem formação em moda e design de interiores, foi assistente do carnavalesco Alexandre Louzada e trabalha no setor há mais de vinte anos.

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• Mauro Quintaes começou como assistente dos carnavalescos Joãosinho Trinta e Max Lopes e já fez grandes carnavais em várias escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo.

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• Annik Salmon formou-se pela Escola de Belas Artes e em Artes Cênicas e já foi assistente dos carnavalescos Alexandre Louzada, Alex de Souza e Paulo Barros.


COMISSÃO DE FRENTE

Quebrando o gelo Comissão de frente tijucana pede passagem para conquistar público e jurados Nos últimos anos, a comissão de frente tornou-se o segmento das escolas de samba mais aguardado nos desfiles. Ela tem a função de apresentar a escola e o seu enredo e também de cativar o público rapidamente para quebrar o gelo inicial entre expectador e agremiação. Além, é claro, de cumprir os critérios de avaliação e impressionar os julgadores em todos os detalhes julgados: a saudação ao público, a coordenação e a sintonia dos movimentos coreográficos e a adequação da indumentária ao enredo. A unidos da Tijuca têm cumprido com muita competência todos esses parâmetros de julgamento do quesito nos últimos anos, obtendo sempre a nota máxima. Esse resultado positivo vem da atenção e do cuidado extremo dado pela direção da escola a esse segmento especial. O experiente e talentoso coreógrafo carioca Alex Neoral será o responsável, em 2015, pela manutenção da excelência da comissão de frente tijucana. Neoral está consciente da gigantesca responsabilidade de estar à frente da comissão da Tijuca que transformou, nos últimos anos, a abertura do desfile num espetáculo à parte. Com carreira internacional, Alex começou seus estudos em dança aos 15 anos, sendo hoje diretor e coreógrafo da Focus Cia de Dança, que já fez turnês em diversas cidades brasileiras e do mundo, como Nova Iorque e Washington e em países como Alemanha, Itália, Portugal, França e Panamá.

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Neoral estreou no Carnaval comandando comissão de frente em 2009, destacando-se e conquistando diversos prêmios concedidos pela imprensa especializada. E para continuar sua trajetória de sucesso, por ser um profissional de dança, o coreógrafo conta com um elenco de bailarinos gabaritados, que mesclam formações em dança contemporânea, clássica, artes cênicas e circenses. Um grupo versátil e vigoroso, pois Neoral costuma apresentar uma linguagem carnavalesca composta por coreografias dinâmicas, que exigem um bom preparo físico dos integrantes. Os ensaios dos componentes da comissão de frente ocorrem durante 4 meses, com uma carga horária de 3 horas por dia, em busca da inovação, da precisão coreográfica e de novas possibilidades perfomáticas para impactar no desfile. – Eu admiro muito a seriedade e o profissionalismo com que a Unidos da Tijuca trabalha. A começar pelo presidente Fernando Horta que sabe liderar grandes artistas. O Departamento de Carnaval também desenvolveu comigo um forte espírito de equipe, com todos ajudando com sugestões e interessados em fazer o melhor para a síntese desse desfile, que promete ser arrebatador no Carnaval 2015. – declarou o coreógrafo.



MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Herança do período colonial, mestre-sala e porta-bandeira são as preciosidades reverenciadas no desfiles

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A admiração por essa dança fez com que os negros começassem a imitar, a seu modo, a dança do minueto nas senzalas, durante os momentos de descontração, quando começava o batuque. As mulheres improvisavam com toalhas saias rendadas volumosas e com os homens tentavam dançar aquela dança estrangeira dos nobres. Nos folguedos, um casal sempre se sobressaía dos demais, e a essa mulher era dado um cabo de madeira com um pedaço de pano preso nele e o homem interpretava o mestre de cerimônia da Corte, segurando nas mãos um bastão longo para anunciar a entrada dos visitantes. Na dança recriada pelo negro, o propósito era reverenciar e não anunciar, por isso o bastão tornou-se menor e foram também introduzidos o leque, o lenço e a pluma.

Quando as escolas de samba surgiram, o estandarte foi substituído pela bandeira, o baliza tornou-se o mestresala e a porta-estandarte virou porta-bandeira. O casal deve bailar girando enquanto toda a escola evolui igualmente para a frente. O mestre-sala tem que cortejar a porta-bandeira, como faz um homem apaixonado. Ambos devem representar na dança um amor romântico próprio daquela época, que se traduz em gestos suaves e delicados.Vestidos com trajes inspirados no figurino da nobreza europeia, eles são o símbolo de uma época de luxo e de riqueza do Brasil Colonial. Na Unidos da Tijuca, Rute Alves e Julio Cesar da Conceição Nascimento, o Julinho, representam, simbolicamente, essa joia de valor da nobreza desses tempos coloniais. Dançando juntos há 7 anos, o experiente casal possui uma sintonia impressionante que conquista muitos admiradores em sua apresentação nos ensaios e nos desfiles. Essa total sintonia que lhes rendeu a nota máxima em 2014 é fruto da grande amizade que os une e também de um trabalho técnico árduo, que exige muita disciplina e treinos constantes.

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Os escravos da Casa Grande – mucamas e serviçais domésticos – assistiam escondidos a essas festas com músicas e danças provenientes da Europa. E a dança que mais encantava os negros era o minueto, de origem francesa, devido ao luxo das roupas e a formosura da coreografia e dos gestos compassados.

Nascia, assim, o casal mais expressivo da roda do batuque que, mais tarde foi incorporado aos ranchos carnavalescos com o nome de baliza e porta-estandarte.

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O par de dançarinos responsáveis por transportar o pavilhão da escola de samba durante os desfiles teve sua origem no período colonial do Brasil. Naquela época, grandes bailes ao estilo europeu aconteciam na Corte.


Rute Alves se formou como porta-bandeira no Projeto Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte coordenada pelo mestre Manoel Dionísio. Em sua gloriosa trajetória, Rute atuou neste nobre cargo na São Clemente, Portela, Porto da Pedra, Salgueiro e Vila Isabel. O mestre-sala Julinho começou ainda pequeno na escola mirim Corações Unidos do CIEP. Aprendeu sua arte com renomados mestres, como Xangô, Machine e Velha da Portela, seu próprio pai. Julinho atuou na Tradição, na Viradouro e na Vila Isabel. Este é o segundo ano que Rute e Julinho vão defender o quesito na Unidos da Tijuca. O casal de bailarinos possui um sintonia tão grande que quando os dois bailam parece ser um só, tal a complementaridade nos passos e nos gestos. Ao vê-los dançar, todos ficam extasiados com tamanha beleza, graça e suavidade do seu bailado de estilo singular.

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2º casal de mestre-sala e porta-bandeira O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado pelos irmãos Jackellyne e Vinicius, também constituem as joias de valor da Unidos da Tijuca. Eles também têm consciência da responsabilidade da função e o talento único de dançar com o pavilhão tijucano.

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Os jovens irmãos já possuem larga experiência na arte de bailar. Também se formaram como mestre-sala e porta-bandeira no Projeto do renomado mestre Manoel Dionísio. Começaram bailando em blocos e passaram pelas escolas Aprendizes do Salgueiro, Canários das Laranjeiras, Acadêmicos da Abolição, Caprichosos de Pilares e Império da Tijuca, até assumirem a responsabilidade de portar com orgulho o pavilhão da Unidos da Tijuca, onde cada vez mais ganham admiração e respeito pelo encanto e precisão de seu bailado.




BATERIA

É do Borel o prêmio Nobel do samba Bateria da Tijuca é merecedora de todos os prêmios pela preservação do ritmo cadenciado

Todas as escolas de samba possuem, na sua constituição, o segmento bateria. Bateria, em escola de samba, é o conjunto de ritmistas que toca instrumentos de percussão para produzir o som característico do samba, em compasso binário. As baterias costumam ser batizadas com nomes e expressões peculiares, em referência a alguma característica sonora que as identificam no Carnaval. A bateria da Unidos da Tijuca é conhecida pela apropriada expressão Pura Cadência, em alusão à sua principal particularidade: o autêntico cadenciamento rítmico. Por isso, a bateria tijucana pode ser reconhecida de longe pelo estilo rítmico específico, pela ênfase na sonoridade dada aos instrumentos, pela maneira de execução das batidas e produção do som. A manutenção dessa sonoridade depende muito do mestre de bateria, o regente da orquestra percussiva. Mestre Casagrande, há mais de trinta anos na escola (começou como ritmista), faz com grande competência esse trabalho de conservação e permanência da batida cadenciada original da Unidos da Tijuca.

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Para manter essa identidade rítmica original, mestre Casagrande treina incansavelmente seus ritmistas moradores da comunidade do Borel e também aqueles que habitam outras regiões do asfalto. Assim, todos eles se familiarizam e adaptam-se rapidamente com a arrebatadora pura cadência executada pela bateria tijucana. Posicionados de acordo com o naipe de instrumento que tocam, cada componente da bateria tem consciência da sua vital importância na manutenção do ritmo característico da Pura Cadência. Por tudo isso, se existisse um Prêmio Nobel do samba, certamente esse seria conferido por diversas vezes à bateria Pura Cadência da Unidos da Tijuca.

O som do repinique – Repinique ou repique é um tambor menor que os surdos, possui em média 12 polegadas e produz um som bem agudo. Posicionado entre as caixas de guerra, ele segue a marcação delas, com um som mais seco produzido com menos batida. Tem a função de apoiar os surdos, por isso se posiciona próximo deles. É o repenique que marca a entrada dos demais instrumentos para iniciar a batida. Ele dá ritmo, o andamento e também é usado para “puxar” as paradinhas. Na bateria Pura Cadência, são seis repiniques que executam as bossas ou convenções. O som do tamborim – É o menor dos tambores de pele sintética, mede em média 6 polegadas, por isso o nome no diminutivo. O som agudo do tamborim suaviza o som do surdo, segurando o ritmo da bateria. Enquanto os surdos e a caixa fazem uma marcação

O som do chocalho – Chocalho é um instrumento de agitação, isto é, produz som ao ser agitado, com dois movimentos básicos: um movimento para a frente e outro para trás. É formado por várias fileiras de chapinhas, conhecidas como platinelas. Este instrumento aparece mais nos refrões e permanece sem ser tocado passagens inteiras do samba. O chocalho dá sustentação e apoio harmônico às caixas, ajudando na sustentação do ritmo do samba. Na Pura Cadência, eles são tocados na 1ª parte do samba e são retomados no refrão principal (a cabeça do samba-enredo). O som da cuíca – A cuíca é um instrumento de fricção em formato de tambor pequeno, segurada no ombro ou no pescoço por um talabarte. O som da cuíca é tirado por meio da fricção, com um pano úmido, de uma pequena haste de bambu localizada no seu interior, presa à membrana de couro bastante esticada que reveste o instrumento, enquanto se pressiona com o dedo da outra mão, que segura a cuíca, na parte externa do couro. A tonalidade de seu som depende da intensidade do toque. Na bateria tijucana, as cuícas dão o molho ao samba na segunda parte dele.

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O som da caixa – A caixa de guerra é originária da Europa, onde era usada para marcar as marchas militares. Constitui-se de um tambor de pele sintética, com em média 12 por 8 polegadas. Possui quatro cordas sobre o couro para afinação. As caixas fazem a batida mais ligeira do ritmo. A função das caixas é marcar o andamento, apoiando o surdo de terceira e executando os desenhos rítmicos e os suingues. Na bateria Pura Cadência, são 110 caixeiros que tocam o instrumento posicionado no ombro mantendo o cadenciamento uniforme (batida igual).

contínua, o tamborim faz diferentes bossas no samba. o tamborim marca o compasso e sustenta o ritmo junto com as caixas repiques, executando convenções e bossas. É tocado com baqueta de plástico flexível que pode ter ponta única ou múltipla, o que possibilita a produção de sons diversificados. São eles que fazem, na Unidos da Tijuca, o desenho melódico da leitura do samba.

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O som dos surdos – Os surdos são tambores grandes, feitos de alumínio, responsáveis pela marcação do ritmo, isto é, são eles a essência da batida binária do samba. Existem três tipos de surdo: de primeira, de segunda e de terceira. Cada um deles com função e sonoridade específicas. A função deles é fazer a marcação do samba, em que o primeiro “chama”, o de segunda “responde” e o de terceira soa no intervalo após a “resposta” do anterior e antes que o de primeira volte a “chamar”. A bateria Pura Cadência é uma das poucas a preservar a batida original do surdo de terceira, no qual não se faz desenhos melódicos.


COMPOSITORES

Que bom voltar pra reviver esta emoção Parcerias distintas campeãs se unificam com a junção de suas composições sobre a Suíça A música-tema que conduz o desfile de uma escola de samba é peça chave para o sucesso dela na Avenida. Muito da fluência da apresentação da agremiação também é de responsabilidade da escolha de uma boa composição musical, que deve ter boa melodia e, claro, conter os pontos principais do enredo abordado. Aliás, o samba-enredo atualmente é feito e escolhido muito em função do desfile, além de suas qualidades poéticas e harmônicas. É preciso, sobretudo, que a composição conte o enredo que será representando em forma plástica na Avenida. Além disso, se faz necessário que ele tenha um bom andamento para que seja capaz de sustentar o canto durante todo o desfile e não comprometa a harmonia. Essa preocupação é uma constante no concurso de samba-enredo na Unidos da Tijuca. Tanto que esse ano

foi necessário fazer a junção de dois sambas finalistas para que se obtivesse uma composição perfeita, que atendesse às características da escola e que contemplasse suficientemente a parte artística do enredo sobre a Suíça. Assim, o samba-enredo de 2015 será assinado pelas mãos de oito talentosos compositores: Josemar Manfredini, Fadico, Carlinhos Careca, Zé Luiz, Gustavinho Oliveira, Caio Alves, Rafael Tinguinha e Cosminho. Manfredini (com outras parcerias) foi o campeão de 2012, com o enredo sobre Luiz Gonzaga, e Gustavinho & Cia abiscoitaram a disputa de 2014, com o enredo sobre Ayrton Senna. Agora os compositores vencedores e antes adversários na disputa se confraternizam pra voltar a reviver essa emoção na Sapucaí.

O samba-enredo atualmente é feito e escolhido muito em função do desfile, além de suas qualidades poéticas e harmônicas.

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INTÉRPRETE

Tinga se prepara intensamente para cantar o samba da Tijuca ao alvorecer Pelo segundo ano consecutivo, o intérprete Anderson Antônio dos Santos, mais conhecido como Tinga, defenderá o samba-enredo da Unidos da Tijuca na Marquês de Sapucaí. Ele começou como cantor de apoio de Jorge Tropical no final dos anos 1990 e estreou como primeiro intérprete no Grupo Especial em 2004. Cantor de voz de timbre forte, o intérprete é considerado como um dos melhores do Carnaval. Em 2015, a Tijuca fecha novamente o Carnaval carioca no amanhecer da terça-feira gorda. E, para repetir seu glorioso desempenho de estreia na escola, Tinga tem uma preparação especial no seu cotidiano. Quando não está participando de shows da escola, o cantor procura dormir cedo para descansar o corpo e especialmente a voz, além de fazer diariamente gargarejo com gengibre. Tinga está totalmente integrado à família tijucana, pois, antes de sua contratação, ele já frequentava a quadra da Tijuca, onde sempre teve um círculo de amizades. E, por muitos anos, sua presença era comum no palco da escola emprestando sua voz para dar vida a sambas concorrentes nas disputas anuais. E o intérprete está muito feliz de, nesse ano, se repetir o orgulho de entoar na novamente na Avenida outro samba que tem a participação de seu filho Rafael Tinguinha na composição. Ser exemplo e referência musical para o filho faz com que ele se fortaleça ainda mais na carreira. – Quando o dia começar a clarear estarei lá, com toda garra, dando tudo de mim para a Tijuca ser campeã outra vez! Vou soltar o bicho com vontade e não vai ter pra ninguém!! – afirmou confiante o cantor. Se depender do entusiasmo e do profissionalismo de Tinga, sua possante voz será ouvida ininterruptamente com todo vigor até o dia clarear, quando a Unidos da Tijuca adentrar a pista do Sambódromo para mais um grandioso espetáculo.

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MĂşsicos da Unidos da Tijuca

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Victor Rinaldi (Cavaquinho), Helinho Santana (7 cordas) e Ivinho (cavaquinho)


DIREÇÃO DE CARNAVAL E DE HARMONIA

Eterna é a nossa união Trabalho em conjunto entre direção de carnaval e de harmonia é a fórmula do sucesso da escola O grande sucesso alcançado pela Unidos da Tijuca no desfile do ano passado, que rendeu mais um título para a escola, muito se deve também ao total entrosamento existente entre a direção de carnaval e a direção de harmonia. Embora exerçam tarefas distintas contudo interligadas, foi imprescindível as duas funções estarem em absoluta consonância para a obtenção dos excelentes resultados em todo o processo de construção do carnaval, do barracão ao desfile em si. O diretor de carnaval gerencia todo o projeto de carnaval da escola. Sua função junto ao carnavalesco é viabilizar e executar da melhor forma possível o conteúdo do projeto artístico. E também supervisiona todos os segmentos da escola: comissão de frente, bateria, carro de som, os casais de mestre-sala e porta-bandeira, alegorias, a própria direção de harmonia e tudo o mais que diz respeito ao desfile. O diretor de carnaval comanda todos os setores da escola, como assim faz um técnico numa partida de futebol. A direção de harmonia é responsável por planejar, organizar, dirigir e controlar o desfile da escola na Avenida. Para que essa missão seja realizada com êxito, é necessário o profundo conhecimento da realidade da agremiação por parte dos integrantes do departamento de harmonia. Para coordenar o enorme contingente de desfilantes, torna-se necessário que os diretores de harmonia trabalhem em equipe, numa total integração e organização. Na Unidos da Tijuca, o diretor de carnaval Fernando Costa e o diretor geral de harmonia Paulinho Haiti trabalham juntos nas funções administrativas do barracão e também nos ensaios de quadra, rua ou de Avenida. Ainda que haja divisão de tarefas e de responsabilidades, existe uma sólida amizade e parceria entre os dois profissionais, o que faz com que tudo funcione perfeitamente sem que se gaste energia desnecessária. Efetivamente esse é o segredo do sucesso da dupla no comando do espetáculo tijucano. 36

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– Nós acreditamos ser vital o trabalho em equipe para que a escola consiga bons resultados. A Tijuca chegou a um patamar que não cabem vaidades. O mais importante é o trabalho bem planejado e realizado. Por isso é preciso ter compromisso, responsabilidade e parceria em todas as múltiplas tarefas que nós temos durante o ano todo e no desfile. – explicou o diretor de carnaval Fernando Costa.



VELHA GUARDA

Relativa idade do conhecimento Velha guarda se orgulha em manter a preservação da memória da Tijuca

Os componentes mais antigos de uma escola de samba integram a ala da Velha Guarda. Devido a sua contribuição com a história da agremiação, muitos deles são chamados de baluartes. Em geral, são aqueles que na juventude exerceram funções de destaque na escola, cooperando com seu progresso, como fundadores e seus parentes, mestre-sala ou porta-bandeira, puxador de samba-enredo, passista, diretor de harmonia, dentre outras. A velha guarda se compõe por pessoas de relativa idade, com bastante conhecimento dos fatos do passado, que guardam as lembranças do Carnaval e dos desfiles de outras épocas. Com sua experiência e sabedoria, são eles que mostram hoje que o ontem é aprendizado para o amanhã. Estão sempre ensinando e mostrando aos componentes mais novos a essência da escola de samba da qual agora fazem parte. Os senhores e senhoras da velha guarda são sempre reverenciados por sua contribuição com o samba e por sua atuação ao longo da trajetória da escola. Todos são tratados com o merecido respeito, pois são arquivos vivos dos caminhos percorridos pela agremiação na grande festa popular. Na Unidos da Tijuca, a velha guarda participa de todos os eventos da agremiação e sempre tem um lugar privilegiado no desfile, numa alegoria ou no início do cortejo, com fantasias elegantes e integradas ao enredo. Composta por 60 sambistas e coordenada pela simpática Maria Lúcia Alves Pereira, a velha guarda tijucana preserva o orgulho dos tempos de outrora e participa com vigor das glórias da atualidade.

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Os componentes mais antigos de uma escola de samba integram a ala da Velha Guarda. Devido a sua contribuição com a história da agremiação, muitos deles são chamados de baluartes.

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PASSISTAS

Chegou gente Trabalhadores de todas as áreas se desdobram para brilhar na ala dos passistas A ala dos passistas é uma das mais tradicionais das escolas de samba. Até a década de 1980, esses sambistas vinham espalhados ao longo dos setores. Em geral, eram casais ou trios que dançavam juntos no espaço entre as alas, executando com graça e naturalidade os passos do samba. Hoje a ala se posiciona na frente ou atrás da bateria nos desfiles, o que intensifica os passos do samba pela energia emanada nessa proximidade com o som dos instrumentos de percussão. Além de função de mostrar samba no pé no desfile, os passistas também ocupam imediatamente o espaço vazio deixado pela bateria quando os ritmistas entram no segundo recuo, evitando a abertura do temível buraco não técnico. Contudo, para ser “gente bamba” na Unidos da Tijuca, aos sábados nos ensaios de quadra ou no desfile, essas intrépidas pessoas passam por muitas dificuldades no seu cotidiano. Todos trabalham o dia inteiro e a semana toda, pegam trem, barca, ônibus, vans e, mesmo assim, precisam dar o máximo de si, mesmo quando o corpo reclama depois de um dia ou semana de trabalho exaustivo. São manicures que trabalham mais de 10h por dia, balconistas que trabalham em pé por 8h seguidas, enfermeiros que fazem plantão 24h e, mesmo assim, todos vão para a quadra ou Avenida com garra e felizes, dispostos a sambar a noite toda. O que os move é o grande amor pelo samba e pelo Carnaval. Formada por 15 homens e 40 mulheres, a ala de passistas tem a coordenação há 8 anos da diretora Mary Costa, que os seleciona e os orienta em relação à disciplina, ao comportamento, a horários, a roupas e, por muitas vezes, na vida pessoal de cada um também, quando o particular começa a interferir na conduta do passista na escola. 42

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ALA DAS BAIANAS

Gira mundo no tempo Ala das baianas resiste ao tempo com seus belos rodopios e muita história

A ala das baianas é a mais carregada de simbolismo, associada à ancestralidade e à própria história do samba e das escolas de samba. Em tempos remotos, milhares de mulheres negras escravas foram trazidas para o Brasil. A maior parte delas desembarcou na Bahia. De procedência muçulmana – haussas e malês –, elas se destacavam pelos seus trajes típicos e costumes. Essas mulheres usavam pano da costa e a saia rodada – o camisu usado pelos árabes da África do Norte – e colares, balangandãs, patuás, figas, pulseiras e turbantes completavam o figurino. Essa é a origem da fantasia tradicional da ala das baianas, que se modificou consideravelmente, se descaracterizando, quando a ala foi se integrando ao enredo. Esse traje passou a ser usado também pelas mães e filhas de santo nos terreiros, em dias festivos de homenagens aos orixás. No século 19, as negras baianas frequentavam as festas populares e dominavam os festejos religiosos, participando ativamente das procissões e lotando as igrejas. A maioria delas era alforriada e vivia de pequenos comércios, barracas de quitanda ou de quitutes nas ruas e praças da cidade. Conhecidas como tias baianas, elas abrigavam em suas casas a cultura do negro, onde a comunidade se reunia sobretudo para realizar rodas de samba, que no início era perseguido e combatido, por ser considerado atividade de arruaceiros. Foi nos quintais dessas residências que brotou o samba e os maiores sambistas do país. Assim, aos serem oficializadas as escolas de samba no Rio de Janeiro, em homenagem a essas tias baianas que tanto contribuíram com o samba, foi estabelecida a obrigatoriedade da Ala das Baianas no regulamento, resistindo ao tempo e à modernidade dos desfiles. Na Unidos da Tijuca, sob o comando de tia Ivone, a ala é composta por 80 baianas, que se enchem de orgulho por representar a história do samba e a comunidade tijucana. A ala das baianas contribui muito com a evolução e a harmonia da escola, com seu canto forte, caminhando para a frente e girando com vigor nos refrões do samba-enredo.

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Essas mulheres usavam pano da costa e a saia rodada – o camisu usado pelos árabes da África do Norte – e colares, balangandãs, patuás, figas, pulseiras e turbantes completavam o figurino.


RAINHA DE BATERIA

A senha do amor O amor de Juliana Alves pela Unidos da Tijuca vem da adolescĂŞncia

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A figura de uma mulher reinando à frente da bateria teria surgido nos primeiros blocos e cordões carnavalescos. Nessa época, quem comandava os ritmistas era o “apitador” que, comumente, tinha uma passista como amada. E, para resguardá-la da investida de outros homens, criou uma posição de destaque para ela bem perto dele, na bateria. Assim, por amor, esse cargo teria surgido nesses tempos remotos, o qual depois foi incorporado às escolas de samba. As escolas, então, passaram a instituir concurso periódico para eleger a melhor passista da sua comunidade para ser a rainha da bateria e, com a supervalorização da imagem da ocupante deste posto pela mídia, as agremiações começaram a colocar modelos e atrizes famosas à frente dos ritmistas. No entanto, não foi a fama de Juliana Alves o fator da conquista dessa posição na Unidos da Tijuca. Também foi por amor que a beldade assumiu a coroa tijucana para reinar em toda plenitude.

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Juliana morou no bairro Tijuca por quase duas décadas perto do morro do Borel e, bem novinha, frequentava os ensaios de rua das escolas de samba da região. Ela estreou no Carnaval carioca na flor de seus 17 anos de idade, desfilando em ala na Unidos da Tijuca. Ela tem orgulho de dizer que sempre teve um amor muito grande pela escola e que estar nessa posição de destaque é, sem dúvida, a realização de um sonho.


É de praxe que, para ocupar o cargo de rainha de bateria, a titular precisa ter alguns pré-requisitos básicos, como beleza, simpatia e, principalmente, samba no pé. E Juliana tem todos eles e muito mais, o que fez com que conquistasse rapidamente o respeito e o coração da comunidade tijucana. Antes de ficar famosa, Juliana foi agente de saúde da ONG Criola, que faz um trabalho contra o preconceito a mulheres negras. Cursou dança e iniciou sua carreira na televisão como bailarina de programa de auditório e, ao mesmo tempo, estrelava campanhas publicitárias e fazia teatro amador. Após participar do elenco de algumas novelas, a atriz tem se dedicado ao teatro e ao cinema e está de volta à telinha da TV em 2015 para dar vida a outra marcante personagem numa novela do horário nobre. Com tantas atividades na sua vida pessoal e profissional, com a consolidação de sua carreira artística, Juliana faz questão de afirmar que sua paixão pelo samba continua a mesma. Ela consegue conciliar seu tempo para se dedicar aos seus dois grandes amores: a arte de interpretar e a arte de sambar à frente da bateria Pura Cadência.

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Situada na zona portuária do Rio de Janeiro, a Cidade do Samba abriga as fábricas de produção do carnaval das escolas de samba do Grupo Especial. Nesses barracões bem equipados são confeccionadas as fantasias, os adereços e os carros alegóricos. A estrutura é compartimentada para serviços de serralheria, carpintaria, vidraçaria e borracheiro. O segundo piso possui refeitório e vestiários para os trabalhadores. O terceiro andar reserva-se para as salas administrativas, salas de criação, sala de reunião, sala de imprensa, sala de direção de carnaval e da presidência da escola. O quarto piso destina-se a almoxarifado, ateliês de montagem de adereços, esculturas de isopor, empastelamento, pintura e resina. O barracão da Unidos da Tijuca constitui-se no verdadeiro templo da invenção de todas as estruturas plásticas e artísticas que compõem os magníficos e deslumbrantes desfiles da escola. E os profissionais do barracão são peças fundamentais em todo o processo de construção dessa arte carnavalesca que é admirada por milhares de pessoas na Marquês de Sapucaí.

Jean e a equipe de pintura e arte

Carlos e Marcelo, da cozinha

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Luiz Carlos e Alexandre, da portaria

Edgar e a equipe da marcenaria


Equipe de vime

Wladya Lucia, da contabilidade

Antônio, mecânico

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Chefes dos ateliês de fantasias

Equipe dos ferreiros

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Equipe de escultores


Ari, serviços gerais

Pedro Beline, gerente do barracão

Equipe Parintins

Valdirene, da recepção

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Jussara, do almoxarifado

Alain e equipe de escultores

Ivone, da secretaria

Fábio e Laerte, responsáveis pelo barracão


Nino e equipe da fibra

Jussara e equipe de costura

Veluma e Sérgio, chefes de ateliês

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Guilherme Tell, diretor financeiro

Paulo, da produção e Maurício, compras

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Fabio e equipe da espuma e látex




SUIÇA

Rios e lagos cênicos, vilarejos aos pés das montanhas, chalezinhos de madeira e os Alpes completando todo esse visual são apenas um gostinho de uma viagem à Suíça. Marcado por belas paisagens, o país é um destino perfeito para férias românticas, com um grupo de amigos ou para curtir com toda a família. Ao chegar em Zurique, você não precisa mais de dez minutos para chegar ao centro. Um dos primeiros pontos que desponta na paisagem é a catedral Fraumünster, decorada com uma série de vitrais assinados por Marc Chagall e Augusto Giacometti. Atravessando a Ponte Münsterbrücke, logo à frente, encontra-se a Catedral Grossmünster. É possível subir até o topo da torre e contemplar a bela vista sobre a cidade. Basta vencer 187 degraus para conseguir ver, lá de cima, o Lago Zurique, os Alpes e as construções centenárias que formam o centro antigo da cidade. A old town é coroada pelo enorme relógio encravado na torre da Igreja de São Pedro (St. Peterskirche), que tem o maior mostrador da Europa, com 8,7 metros de diâmetro. A área reúne também um bom número de antiquários, livrarias e restaurantes. Na Bahnhofstrasse, você encontra as lojas mais badaladas da cidade, um ótimo local para caminhar e curtir o clima cosmopolita e animado de Zurique. 58

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Em apenas uma hora, você chega a Lucerna, uma pequena cidade com ares medievais que imortalizou um dos cartões-postais mais famosos do país, com sua simbólica ponte de madeira e a torre de pedra. O destino seguinte é o Monte Titlis. Para subir o glacial, a mais de três mil metros de altura, os visitantes embarcam em um bondinho giratório que oferece vistas de 360º da geleira. Na vizinha Interlaken, os lagos Brienz e Thun dão as boas-vindas. O vilarejo alpino é a casa das montanhas Eiger, Mönch e Jungfrau, com respectivamente 3.970, 4.099 e 4.158 metros. O trio é a joia do turismo local e a grade atração é subir até seus picos nevados.

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O Rio Reno de margens banhadas pelo sol, as encantadoras vielas e os numerosos cafés e bares são o convite perfeito para se desfrutar a vida. E, devido à localização privilegiada entre a Alemanha, França e Suíça, é possível visitar três países em um só dia.

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Gosta de Arte? É só pegar o trem até Basileia. Modernas construções projetadas por famosos arquitetos oferecem um emocionante contraste com a histórica cidade antiga. Em quase 40 museus, é possível encontrar coleções e exposições especiais em uma grande variedade de temas.


A subida até o chamado Topo da Europa – o lugar mais alto do continente onde se pode chegar de trem – é feita pela centenária ferrovia Jungfraubahnen. Um caminho belíssimo que renderá fotos memoráveis. O roteiro contempla ainda a visita à capital Berna e uma esticadinha até Gruyères, terra do famoso queijo de mesmo nome. Por ali, aproveite para conhecer a vila e o castelo medieval. Genebra é a próxima parada, seguida de outras duas cidades banhadas pelo Lago Genebra, Lausanne e Montreux. Em Montreux, a pedida é conhecer o Castelo de Chillon, o mais visitado de toda a Suíça. Em seguida é a vez do charmoso vilarejo de Zermatt, local onde está a imponente montanha Matterhorn. De Zermatt parte o trem panorâmico Glacier Express, o qual percorre, durante quase oito horas, um caminho trilhado por muitos vales, lagos e montanhas em cenários de rara beleza. O trem chega então a St. Moritz, uma das estações de inverno mais badaladas do país. St. Moritz, localizada no sublime vale Engadin, é mundialmente famosa por seu “clima de champagne”, uma referência ao clima glamoroso e revigorante do vale Engadin. No verão, as noites são frescas, proporcionando uma relaxante noite de sono a seus visitantes. Com seus hotéis luxuosos, St. Moritz oferece uma rica vida cultural, todas as mais famosas marcas internacionais em um verdadeiro shopping a céu aberto e uma pulsante vida noturna.

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SUIÇA

Uma terra de gente Genialidade é o que não falta em terras Suíças

H.R. Giger foi um dos grandes artistas suíços, cujo trabalho teve sucesso mesmo na longínqua Hollywood. Com a sua criação para o filme Alien, ele ganhou um Oscar na categoria “Melhores Efeitos Visuais”. Porém, Giger não influenciou apenas Hollywood, uma vez que o mundo da música também teve a satisfação de se beneficiar da sua genialidade. Giger conseguia, com sua arte, vincular técnica, mecânica e criaturas vivas, muitas vezes de forma mórbida e recheada de conotações sexuais. As suas obras não são nem completamente abstratas, nem puramente realísticas. Ele conseguia mergulhar nas profundezas da existência humana (sonhos, anseios, medos) e representava estes mundos através de seus quadros. Vários de seus projetos de capa para álbuns musicais foram premiados: a revista de música “Rolling Stone” escolheu diversas capas criadas por Giger para figurar entre as 100 melhores da história da música. Mas isso não é tudo. Giger era um artista incrivelmente versátil: na adolescência ele fazia desenhos a tinta. Em 1966 ele criou a sua primeira obra a óleo e a partir dos anos 70 ele começou a concentrar toda a sua arte em trabalhos tridimensionais. Ele criava não somente escultura, mas também utilidades como móveis e espelhos. Em diferentes ocasiões ele retornava às suas ideias dos quadros e fazia-as reviver no espaço tridimensional

H.R. Giger obteve reconhecimento como excelente pintor, principalmente na última década de sua existência. Desde 1998 existe na cidade suíça de Gruyères um museu dedicado às obras de Giger.

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Quem não conhece o filme Alien de Ridley Scott com suas personagens fantásticas que fizeram fama internacional? Menos conhecido do público em geral, mesmo tratando-se de um artista com reputação internacional, é a mente criativa por trás destas personagens: Hansruedi Giger, um Suíço que nasceu no ano de 1940 em Chur no cantão dos Grisões e que faleceu de forma trágica em um acidente ano passado.

Apesar de Giger ter criado obras muito originais, difíceis de encaixar em uma categoria da historia da arte, poderia se dizer que ele foi um representante da corrente do “realismo fantástico”. Este estilo surgiu após a segunda guerra mundial na região germânica a partir do surrealismo e é chamado também de “arte visionária”. A maioria dos pintores deste gênero criam espaços imaginários artificiais, cujo acesso necessita ser decifrado intelectualmente. Características comuns nestas obras são temas místicos, contos do velho testamento e visões apocalípticas. Frequentemente, técnicas modernas são associadas à natureza, sendo essas técnicas questionadas de forma crítica e a natureza mostrada com grande reverência.

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H.R. Giger


Jean Tinguely A arte de Jean Tinguely e o carnaval brasileiro têm muito em comum. Uma de suas obras situada em frente ao Teatro Municipal de Basileia chama-se “Fasnachtsbrunnen“, ou seja, “Fonte do Carnaval“. Assim como o próprio carnaval, também as obras de Tinguely são cheias de vitalidade, ironia e de poesia. E também como o carnaval a arte de Tinguely é dinâmica e em constante movimento. Ela procura o contato com o espectador, comunica-se com ele entra em relacionamento com ele. O pintor e escultor suíço Jean Tinguely nasceu em 1925 em Friburgo. Nos anos 50 mudou-se para Paris, onde conheceu e aprendeu a amar a futura esposa, a também artista Niki de Saint Phalle. Ele começou a sua obra com fios criando composições frágeis e instáveis que eram geralmente pintadas com cores vivas. Nos anos seguintes ele começou a desenvolver máquinas móveis, através das quais ele queria representar críticas à “uniformidade de processos industriais e à produção de coisas inúteis”. A partir dos anos 70, Tinguely começou a criar fontes com esguichos. Estas fontes se tornaram cada vez mais importantes em sua obra. Nos anos 80 ele introduziu materiais de origem animal em seus trabalhos, instalando ossos, caveiras e chifres em suas fontes. Jean Tinguely é considerado um dos principais representantes da arte cinética, uma forma de expressão artística que explora efeitos visuais por meio de movimentos físicos, ilusão de ótica ou truques de posicionamento de peças. A arte cinética foi popular principalmente nos anos 50 e 60 e tem suas origens em equipamentos mecânicos e fontes estéticas do período barroco. Jean Tinguely ficou conhecido, em especial, por suas esculturas móveis que parecem máquinas. Estas esculturas são percebidas pelos espectadores como muito ativas, lúdicas e engraçadas. As construções técnicas muitas vezes são impulsionadas por vento, água ou gravidade. Mas também são utilizados motores, engrenagens de relógios ou impulsos manuais. Tinguely morreu em 1991 aos 66 anos em Berna. A sua sepultura tem até hoje uma instalação móvel. 62

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Acima, o artista. Abaixo sua obra, a fonte Fasnachtsbrunnen.


Paul Klee Paul Klee é um dos artistas plásticos mais importantes do modernismo clássico do século 20. Nasceu em 18 de dezembro de 1879 em Berna, filho de um alemão e de uma suíça. Após terminar a escola, mudou-se para a Alemanha para continuar os estudos. Lá permaneceu até o nazistas tomarem o poder, quando então retornou à Suíça em 1933 como emigrante. A obra de Paul Klee é caracterizada por uma enorme versatilidade. Os seus trabalhos nas suas diferentes etapas de vida podem ser distribuídos por diferentes categorias artísticas como expressionismo, construtivismo, cubismo, primitivismo e surrealismo. Suas obras relevam a sonhos, poesia e música e ocasionalmente nelas são incorporadas palavras ou notas musicais. A paixão de Paul Klee pela música manifestou-se desde cedo, uma vez que já era um violinista talentoso em criança. Este amor pela música está presente, conforme dito anteriormente, em muitos de seus quadros. Desta forma, ele retrata o ritmo em forma de batida visual e a melodia se expressa como jogo livre das linhas nas suas pinturas. Além da música, Paul Klee se interessava muito pelo mundo do teatro. Ele era um frequentador assíduo de teatro; não é raro encontrar ao fundo de suas obras uma figura de uma peça a que ele havia assistido. Também figuras como palhaços, máscaras e marionetes podem ser encontradas nos quadros de Klee. Mas Klee fazia em particular uma conexão entre o teatro e a vida real. O teatro para ele não acontecia apenas nos palcos, mas também no dia a dia. Seus companheiros eram os atores e ele assumia o papel de espectador. Tal como Picasso, Klee usava motivos de desenhos infantis e da arte dos povos primitivos em suas obras. Os gráficos também desempenhavam um papel importante em suas obras, já que mais do que a metade de seus trabalhos são artes gráficas. Mais tarde, as cores se tornaram cada vez mais importantes em suas obras. Klee retratava fantasias usando cores, formas e linhas.

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Em 1940 Paul Klee morreu depois de ter passado uma temporada em uma casa de repouso no Ticino. Ele deixou um imenso número de obras de arte, boa parte das quais pode ser vista no centro Paul Klee e no museu de arte na cidade de Berna.


SUIÇA

A Suíça se destaca em muitas áreas em virtude da sua inovação, sendo uma delas a culinária. O país tem tamanha riqueza culinária, que poderia mesmo se falar de uma cocanha (terra com alimento abundante). Tanto receitas seculares, quanto produtos mais recentes, como o refrigerante feito de ácido láctico, Rivella, fazem parte deste leque. A área culinária mais criativa da Suíça é a dos assados. Assim a Associação do Patrimônio Culinário conta com mais de 170 receitas de delicias feitas no forno. Deve ser bem difícil encontrar um país que produza mais tipos de pães diferentes do que a Suíça. De 200 a 300 diferentes tipos de pães são assados na Suíça. Além dos pães típicos de cada região, há também aqueles que são produzidos para ocasiões especiais. E a diversidade dos pães continua aumentando conforme as mudanças nas condições sociais e nos hábitos alimentares. Antigamente, o pão de cada dia era comprado por todos na padaria de sua cidade ou vilarejo. Nós, suíços, somos também campeões mundiais quando se trata de produzir carne seca. Antigamente, esta era a forma de conservar as carnes nos Alpes suíços. A carne não era apenas secada, mas também transformada em salsichas ou linguiças. Hoje, a variedade de salsichas oferecidas na Suíça é imensa, podendo ser encontradas salsichas de todos os tipos de carne e com uma grande variedade de diferentes temperos. Não podemos deixar de escrever também sobre os alimentos mais famosos da Suíça: o chocolate e o queijo! Cada suíço consome aproximadamente 14 quilos de chocolate por ano. São produzidas no país milhares de toneladas anuais desta delícia, sendo que 60% desta produção é exportada. Um dos sucessos totais de exportação é o mundialmente famoso Toblerone. 64

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Mas como aconteceu que a Suíça, onde não cresce um único pé de cacau, ficou conhecida mundialmente como a melhor produtora de chocolate? Em 1615 a infanta Anna da Áustria, que cresceu em Madrid, introduziu uma bebida feita à base do chocolate na corte francesa, onde esta iguaria se tornou a moda da aristocracia e de onde se espalhou pelo mundo todo. Enquanto que no século XIX a bebida de chocolate perdeu importância, cresceu o consumo do chocolate sólido. Em 1819, François-Louis Cailler abriu a primeira fábrica de chocolate nas proximidades de Vevey, criando assim a mais antiga marca de chocolate suíço. Em 1826, Philippe Suchard abriu outra fábrica de chocolate e Rudolf Sprüngli entrou no negócio do chocolate em 1845, em Zurique. Seguiram ainda o mesmo ramo Aquilino Maestrani, em 1852 em Lucerna, e Jean Tobler - cujo nome o famoso Toblerone carrega - em 1899 em Berna. No ano de 1875 foi possível aprimorar a receita do chocolate, combinando o chocolate com o leite e assim foi inventado o tão apreciado chocolate ao leite.


Rodolphe Lindt abriu a sua fábria em 1879 e foi ele quem desenvolveu o “conching”, um processo através do qual conseguiu produzir o primeiro chocolate derretido no mundo. Muitos outros empresários suíços abriram nos anos seguintes fábricas de chocolate e ajudaram assim a moldar a boa reputação mundial do chocolate suíço. Hoje em dia, a industrialização substituiu a manufatura, ou seja, as máquinas assumiram o trabalho manual na produção do chocolate. A base para a produção do chocolate ao leite consiste em pasta de cacau, açúcar, manteiga de cacau e leite em pó. A receita do chocolate preto não contém leite em pó e se a receita é preparada sem a pasta de cacau resulta em chocolate branco. É incrivelmente difícil resistir a um bom pedaço de chocolate suíço e felizmente existe uma boa notícia para aqueles que interromperam o regime por causa do chocolate: esta delícia contém uma grande qualidade de substâncias saudáveis como proteínas, oligoelementos, minerais e vitaminas naturais. Portanto, chocolate é bom e saudável e apoia uma dieta equilibrada. Como já mencionado anteriormente, além do chocolate, outro alimento típico suíço é o queijo. A Suíça é de fato o país do queijo. São produzidas cerca de 180‘000 toneladas de queijo anualmente, das quais mais de um terço é exportado. A população suíça é uma grande apreciadora do queijo e cada suíço consome em média 21 quilos de queijo por ano.

verão nas queijarias que funcionam nos Alpes. Estas queijarias funcionam ali justamente para processar o leite das vacas durante o veraneio, época em que os animais são levados para as pastagens no alto das montanhas. O resultado é um produto incomparável com qualquer outro: um queijo com o tempero único dos Alpes. Mas também na categoria dos queijos macios a Suíça incrementou fortemente nos últimos anos. Existe, por exemplo, o Tomme da região Vaud, que com sua consistência cremosa sem dúvida é um trunfo para qualquer tábua de frios. Os pratos mais famosos de queijo suíço são a raclette e a fondue. No caso da raclette o queijo é aquecido e raspado sobre os pratos. O termo deriva do francês “racler”, que significa raspar. Vários acompanhamentos podem ser utilizados como a batata inglesa, picles, presunto cru, lombo defumado, salame, copa e conservas. A palavra fondue também é de origem francesa; “fondre” significa derreter. Neste prato, pedaços de pão são espetados no garfo de fondue e mergulhados no queijo derretido, que é servido em uma panela de cerâmica. Assim como é o caso do chocolate, também na produção do queijo pouca coisa mudou no decorrer do último século, exceto pelo fato que muitos passos da produção hoje são automatizados. A base da receita do queijo é leite, água, coalho e sal. O controle de qualidade final verifica a formação de buracos, a qualidade da massa, o sabor e a forma.

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A diversidade do queijo suíço é impressionante. Varia de queijo duro, queijo semiduro até queijos suaves, frescal e produtos específicos como fondue ou queijo para derreter. Existem mais de 450 diferentes tipos de queijos na Suíça. Além do Gruyère, Sbrinz, Appenzeller, Tête de Moine e Emmentaler, existem inúmeras outras variedades. Há, por exemplo, os queijos dos Alpes suíços, que são produzidos apenas nos meses de


Tal como o chocolate, também o queijo não é o alimento mais indicado para quem faz regime. Mesmo assim, o queijo suíço deve ser considerado um dos alimentos mais valiosos, pois é um importante fornecedor de cálcio, vitaminas e proteínas. Para terminar o assunto do queijo, eis uma pergunta que muitos já devem ter feito, quando viram ou compraram o queijo Emmental importado. Como exatamente este queijo fica com tantos buracos? A resposta é muito simples e nada espetacular: os buracos são resultado das bolhas de dióxido de carbono que se formam durante o lento processo de maturação. A base do delicioso chocolate e do excelente queijo suíço é o nosso leite, conhecido por sua qualidade superior. Os agricultores suíços tiram por ano 4.11 bilhões de litros de leite de suas vacas. 80% deste leite são processados e viram, entre outros, queijo, chocolate, creme de leite, iogurte ou leite em pó. A Suíça nem sempre foi um país próspero como é hoje. Isto também se reflete em algumas refeições tradicionais. Assim, é habito na Suíça transformar sobras em especialidades. A chamada “Fotzelschnitte“, por exemplo, é feita de pão velho, ovos, canela e leite e parece muito com a receita tradicional natalina no Brasil, a rabanada. Outra receita feita a partir de pão velho é o ”feno de pássaro“, cuja receita ainda inclui maçã. Tem ainda o “Chriesiprägel“, onde o pão velho é adoçado com cerejas. Os restos de panqueca até hoje são cortados em tirinhas e juntados a um caldo de legume, carne ou frango. Esta sopa é servida como entrada.

Outro prato muito famoso da culinária suíça é o ”rösti“. Trata- se de um bolo frito, feito com batatas raladas cozidas no dia anterior. Esta especialidade é típica da Suíça alemã e atualmente é servida em muitas variedades diferentes. Para este prato nacional foi inventado inclusive um ralador próprio, que hoje faz parte dos utensílios básicos de cozinha das famílias suíças. Esta e outras receitas que têm como base a batata nos lembram que a população do país foi poupada de passar fome graças a este tubérculo. No ano da fome (1770) a batata era chamada de “salvadora dos pobres”, tanta era sua importância na alimentação neste período difícil. Desde aquela época a batata faz parte do café da manhã tradicional dos agricultores e virou um clássico na cozinha burguesa. Quando o assunto é vinho, a Suíça também melhorou cada vez mais a sua reputação nestes últimos anos e hoje em dia produz vinhos da mais alta qualidade. A área plantada com vinhedos na Suíça é de cerca de 15’000 hectares, é dividida em 6 regiões: Valais, Vaud, Suíça alemã, Genebra, Ticino e a região dos três lagos. A maior parte das vinhas fica na Suíça francesa e é cultivada principalmente com uvas vermelhas.

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SUIÇA

Ansiosos para chegar ao Rio de Janeiro, os suíços não vêem a hora de poder mostrar seus talentos como espécie de “porta-bandeiras” do pavilhão suíço.

Quantas vezes por semana deve-se praticar o “Fahnenschwingen”? Pius Odermatt: Depende, normalmente uma vez por semana. Mas antes de participações especiais como nossa famosa “Jodlerfest” (Festival de canto dos Alpes) ou competições, eu chego a treinar até três vezes por semana.

Abaixo segue a entrevista que a equipe de reportagem da Revista Tijuca realizou com os quatro representantes dessa tradição.

Quantos Fahnenschwinger (jogador ou porta-bandeiras) existem na Suíça? Konrad Gisler: Cerca de trezentos que exercem a profissão.

Como surgiu a paixão pelo jogo de bandeiras (Fahnenschwingen) e desde quando pratica profissionalmente? Werner Gisler: Meu avô e meu pai já praticavam e praticamente cresci na profissão de Porta-bandeira. Meu interesse vem desde a infância e pratico a mesma profissão há vinte anos.

Para uma escola de samba, a bandeira da escola é o mais importante. Qual é a história do Fahnenschwinger na Suíça? Pius: Para que as tropas de guerra fossem bem reconhecidas na Idade Média, nos usávamos bandeiras como símbolo de reconhecimento. Assim surgiu uma tradição que até hoje é cultivada principalmente nos Alpes Suíços. Tentamos manter viva essa tradição, principalmente por nossa nova geração de jovens.

Quanto tempo é preciso para se tornar um profissional de porta-bandeira?

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Bernhard Schuler: É preciso de pelo menos 2 a 3 anos para aprender o básico. O resto é rotina e experiência.

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O Fahnenschwingen (jogo de bandeiras) é uma tradição desde a Idade Média na Europa e que na Suíça virou uma competição. Para apresentar essa arte na Sapucaí, a Unidos da Tijuca traz dos alpes quatros suíços: Werner (atual campeão), Bernhard, Pius e Konrad.


Existem rituais simbólicos com a bandeira Suíça? No Brasil existe o ritual de beijar a bandeira da escola de samba. Konrad: Rituais em si não existem. Mas a bandeira é tratada com honra e respeito. Essa tradição pode ser exercida com qualquer bandeira? Bernhard: Não. O ritual de porta-bandeiras só pode ser exercido com a bandeira nacional da Suíça ou com bandeiras dos cantões (estados) do país. Já ganhou algum prêmio importante? Werner: Sim, o mais importante foi o título da liga suíça. E vários prémios de festivais típicos suíços. Como você reagiu quando foi convidado pela Unidos da Tijuca para participar do Carnaval do Rio de Janeiro? Werner: Fiquei muito surpreso! Na hora pensei que fosse brincadeira. Estou cada dia mais ansioso, não vejo a hora dessa aventura começar! Em Janeiro deste ano a Unidos da Tijuca esteve na Suíça para um turnê em quatro cidades. Vocês encontraram o grupo em Lucerna para um show em conjunto. Qual foi sua primeira impressão? Bernhard: A primeira impressão foi muito positiva. Assim que começamos nossa apresentação, o grupo da Unidos da Tijuca não teve problema nenhum em nos acompanhar no ritmo. A noite da apresentação decorreu de forma extraordinariamente harmoniosa.

Como você se prepara para a participação no desfile na Sapucaí? Pius: Faço 15 minutos de atividades físicas todos os dias. Quais são suas expectativas para o Carnaval? Konrad: Muito calor, ritmo, emoção e entusiasmo. O que você achou da ideia Suíça e Samba, Swissamba? Pius: Eu amei essa ideia. Dois países diferentes com culturas, mas com tudo pra dar certo. Que imagem você tem do Rio de Janeiro e o que te deixa mais ansioso? Bernhard: Tenho a imagem e a expectativa de uma cidade maravilhosa. O que me deixa mais ansioso com certeza é o desfile no Sambódromo. O que vocês pretendem ensinar aos brasileiros e o que pretendem levar como lição ou aprender com eles? Pius: Pretendo ensiná-los como manter a calma diante de uma tarefa importante. Principalmente como manter a ondulação da bandeira de forma correta. Queremos levar de volta para a Suíça todo esse calor humano e todas as impressões positivas que com certeza serão várias. Qual palavra você ensinaria para os brasileiros em alemão suíço? Gisler: Grüezi, wie gahts? (Bom dia, tudo bem?)

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DEPARTAMENTO FEMININO

Tá na hora, a gente vai à luta Intrépidas mulheres dão um imprescindível toque feminino nos eventos da Tijuca A maioria das mulheres de hoje precisa dividir bem o seu tempo para dar conta de suas multitarefas cotidianas, principalmente no que se refere às jornadas que enfrentam diariamente: trabalhar fora e cuidar da casa e da família. Um desafio que muitos homens não aguentariam e que elas tiram de letra, pois são mais participativas, sensíveis e cuidadosas. Rompendo barreiras e superando limites, muitas dessas mulheres apaixonadas pelo Carnaval têm que organizar sua vida para auxiliar nos eventos de suas escolas de samba. Na Unidos da Tijuca elas estão por toda parte auxiliando em todos os eventos de quadra, nas festividades da escola, na entrega das fantasias para a comunidade e ainda colaboram de várias formas antes e durante os desfiles. O departamento feminino da Tijuca é formado por Ana Bottoni, Amanda da Silveira, Maria Aparecida Miguel

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Augusto, Maria Cecília de Souza, Marcia Araújo, Ana Cláudia Cardoso, Diva Chagas, Eloildes Farias, Fátima Alves, Ivone Gomes, Lélia Correa, Regina Goulart, Rosemere Santos e Sueli. No grupo tem enfermeira, advogada, arquiteta, importadora, cabeleireira e secretária, entre outras profissões. Amanda, Rosemere, Maria Cecília e Diva são nascidas e criadas na comunidade do Borel, local de origens da escola. Diva Chagas, descendente de uma das famílias fundadoras da Unidos da Tijuca, já integrou no passado a ala de passistas e defendeu o pavilhão tijucano como porta-bandeira em 1974. O departamento feminino é democrático por natureza, reunindo mulheres charmosas de todas as idades, crenças e história de vida, mas com o mesmo amor absoluto pela Tijuca.



SÍMBOLO DA ESCOLA

Lá vem o pavão A ave-símbolo da Unidos da Tijuca se mantém presente em muitos carnavais

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oda escola de samba tem suas marcas visuais e auditivas de identificação, como as cores, o símbolo estampado em seu pavilhão, as características rítmicas da batida da bateria.

Muitas agremiações carnavalescas têm animais como símbolo. Animais são arquétipos das tradições xamânicas. Constituem símbolos totêmicos modernos adotados pelas escolas de samba. Esses signos em forma de bichos trazem uma relação emocional para as comunidades que representam, identificando -as e distinguindo-as umas das outras. A Unidos da Tijuca têm como símbolo o pavão real e duas histórias para a adoção da nobre ave para representar a escola. A primeira versão conta que, na época da fundação, primeiramente a escola adotou como símbolo o emblema representando mãos entrelaçadas em união com o ramo de café, em referência ao antigo bairro Tijuca com suas plantações. Muitas décadas mais tarde, o pavão substituiu esse símbolo de sofrimento e resistência. A segunda versão registra que, em 1931, ano de nascimento da agremiação, havia no sopé do morro do Borel uma fábrica de cigarros, fumos e rapé, que tinha a vistosa figura de um pavão imperial, em azul e amarelo, estampando as embalagens de alguns produtos dessa fábrica e tabacaria. Os fundadores da Unidos da Tijuca adotaram o pavão e as cores, em referência à logomarca identificadora daquela empresa instalada no local. Em 1984, a ave já estampava camisetas com propaganda do enredo. O compositor Carlinhos Melodia sugeriu ao então presidente da época Luiz Carlos Cruz para substituir o antigo símbolo de amargura pelo pavão no abre-alas, seguindo as escolas que traziam como símbolo outros animais vistosos que chamavam a atenção do público. Assim, em 1984 o pavão figurou no abre-alas, pela primeira vez, como símbolo representativo da escola. De lá pra cá, o pavão já teve muitas feições, adaptando-se aos enredos. Quando não figura no carro abre-alas da agremiação, o pavão aparece de outra forma nos desfiles, em detalhes de fantasias e em adereçamentos de alegorias. Ele também está nas logomarcas e, sobretudo, na bandeira, que é o símbolo maior da escola.

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MARKETING NO CARNAVAL

Como unir gestão e paixão popular?

Presidente Fernando Horta, diretoria de Marketing, membros do governo suíço e grupo show da Unidos da Tijuca em turnê na Suíça.

O Carnaval se tornou definitivamente uma grande indústria. Movimenta dezenas de setores da economia do Brasil, gera mais de 10 mil empregos diretos apenas no Rio de Janeiro e vem caminhando para uma gestão cada vez mais profissional. Ao passo que o maior evento cultural do Brasil se desenvolve e moderniza com novas tecnologias, a gestão do Carnaval requer cada vez mais investimentos e planejamento. No entanto, existem muitas desconfianças sobre esse movimento natural do evento. O temor de alguns formadores de opinião é que tributos a orixás e personagens da história do Brasil possam perder espaço para as marcas. Atento a esses fatos, a Unidos da Tijuca vem colhendo frutos com a criação do primeiro departamento de marketing e comunicação de uma escola de samba. A dupla de profissionais de marketing Fabiana Amorim e Bruno Tenório, vem arregaçando as mangas para conquistar grandes empresas, importantíssimas para viabilizar financeiramente enredos e produção no barracão. No entanto, a grande marca da agremiação é a responsabilidade de blindar o evento cultural de ações agressivas de merchandising e manter a essência tradicional do Carnaval. “Unimos o útil ao agradável. Oferecemos oportunidades de aproximar marcas dos brasileiros. Com o apoio, viabilizamos e fortalecemos a festa popular com mais investimentos. No entanto, as estratégias são desenvolvidas minuciosamente pela nossa equipe com o intuito de preservar um dos eventos mais tradicionais do país”, afirma Bruno. 76

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Nos últimos anos, a tijuca a desenvolveu enredos homenageando ícones como Luiz Gonzaga, Thor e Ayrton Senna. Esses eram os fios condutores de histórias fantásticas, que traziam para o grande público informações culturais riquíssimas: a vida no sertão nordestino, a mitologia alemã e a interpretação lúdica da velocidade nos tempos atuais. Em 2015, após pesquisas na Suíça sobre as origens de Clóvis Bornay, a equipe de Carnavalescos descobriu um dos Carnavais mais antigos e tradicionais da Europa. Somado a esse fato, o enredo abordado inclui o mundo dos inventos, da arte, da culinária e da modernidade, universo fez parte do imaginário e da formação do ícone do Carnaval. Afinal, Bornay vinha de Nova Friburgo, berço da imigração suíça, e seu pai era um joalheiro suíço natural de um cantão de língua francesa. “O enredo, além de mostrar Bornay por trás do mito, mostrará que a Suíça não é só chocolate e queijo. Além disso, a população terá a oportunidade de conhecer melhor sobre o país que contribuiu com a diversidade brasileira devido a imigração e colonização de suíços em Nova Friburgo e no sul. E não podemos esquecer da sinergia com o Carnaval: pontualidade”, apontou Fabiana Amorim.

Departamento de Carnaval e Marketing durante pesquisa na Suíça

O desenvolvimento das parcerias com instituições suíças fizeram parte das ações de marketing e foram desenvolvidas durante um ano inteiro. “A partir dos elementos pesquisados pelos carnavalescos, desenvolvemos um plano de ação de patrocínios para atrair empresas ligadas ao universo do enredo” revela Bruno Tenório. Além de desenvolver o plano de negócios, a equipe promove workshops, shows temáticos, ações de relacionamento nos camarotes e eventos corporativos em parceria com seus patrocinadores. O modelo de gestão da Unidos da Tijuca tem sido coroado com a boa sinergia entre os diversos departamentos envolvidos e os três campeonatos nos últimos cinco anos.

Mauro Samagaio (Fotografia), Fabiana Amorim (Marketing), Lia Rangel (Imprensa), Júlio Cesar Farias (Cultural) e Bruno Tenório (Patrocínios e Marketing)

Mauro Samagaio é o fotógrafo oficial da Unidos da Tijuca. Além das publicações em revistas, Samagaio é o responsável pela publicação dos livros anuais de arte da Unidos da Tijuca com registros do barracão e desfile.

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Para pesquisas e desenvolvimento de ações da revista, o departamento de comunicação conta com o professor Júlio Cesar Farias. Estudioso do Carnaval, com diversos livros publicados sobre o Carnaval, Farias é também jornalista e pesquisador de enredos.

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Departamento cultural e fotografia


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PRODUTOS

SHOWS

Nossos produtos Gostou? Entre em contato atravĂŠs do email marketing@unidosdatijuca.com.br

TEAM BUILDING

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WORKSHOP

BUFFET

VISITA GUIADA

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CHOPADA


LOJA TEMÁTICA

LOJA VIRTUAL & EDITORIAIS

LIVRO AVENIDA

Livros fotográficos revelam o carnaval da Unidos da Tijuca, dos bastidores aos desfiles Há algum tempo as escolas de samba vêm se preocupando com a preservação da sua história e do carnaval. Os departamentos culturais das agremiações geralmente fazem esse papel de pesquisa e apreensão física de elementos sobre o passado da escola. Hoje se sabe que, para entender o presente, faz-se necessário conhecer o passado. Desde 2011 a Unidos da Tijuca publica o livro Avenida, mostrando todo o processo de construção do seu carnaval no barracão até a Marquês de Sapucaí, onde essa arte carnavalesca se apresenta, com todo seu esplendor, em forma de desfile. O livro reúne os mais belos ângulos fotográficos e os textos explicativos sobre o enredo abordado que os julgadores recebem. As fotos, produzidas por Mauro Samagaio, fotógrafo oficial da Unidos da Tijuca e outros convidados, revelam detalhes da concepção artística e flagrantes admiráveis de componentes brincando o carnaval da Tijuca. Cada edição constitui-se de um arquivo completo, tanto visual quanto escrito, dos inovadores e fabulosos carnavais da escola apresentados no Sambódromo carioca na atualidade. Os livros são contos marcados no tempo, editados com o propósito de preservar a memória tijucana, porém ao alcance de pesquisadores e dos amantes da folia. www.maurosamagaio.com.br 84

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CURIOSIDADES DO ENREDO

A cultura da Suíça na Sapucaí Versos do samba fazem referência a elementos importantes do enredo A sinopse, texto que traz o desenvolvimento do tema que será abordado em 2015 pela Unidos da Tijuca, cita diversos elementos característicos da cultura do país homenageado. São ícones que representam um pouco da riqueza cultural da Suíça e que estarão no desfile da Tijuca em forma de arte carnavalesca. O samba é composto tendo por base as informações fornecidas pela sinopse do enredo para que a história contada seja vista claramente em fantasias e alegorias.

Castelos erguidos Os castelos medievais ainda fazem parte da paisagem arquitetônica da Suíça. Por causa do relevo montanhoso do país, a maior parte dos castelos foi construída em lugares altos, sobre os montes ou nas encostas de vales. Até hoje, o país preserva diversos encantadores e gigantescos castelos, fortalezas e torres de vigilância.

Nos montes de neve um anjo a proteger. Melhor amigo que o homem pode ter Conhecido como o “Anjo dos Alpes”, o São Bernardo é uma raça canina bastante antiga, resultado do cruzamento de cães molossos romanos, quando as tropas romanas chegaram à região dos Alpes. No século 17, os monges passaram a criar a raça para guardar a propriedade. Apenas no século 18, os cães foram treinados para participar no salvamento de viajantes nos montes gelados, a partir daí, o São Bernardo ganhou fama de cão de salvamento. Com seu porte robusto, excelente faro e com uma pelagem que funciona como isolante térmico, o São Bernardo consegue, num ambiente de temperaturas baixíssimas, encontrar vítimas de soterramento de neve.

Sopro gigante A trompa alpina (alphorn) é usada como instrumento de comunicação por alguns habitantes dos Alpes suíços. Seu som ecoa numa distância de 10km pelos vales. Tradicionalmente, a trompa alpina é feita de abeto, árvore comum da região. Gerações de pastores e vaqueiros tocam esse instrumento gigante do alto dos prados para avisar suas famílias que está tudo bem. No passado, ela era usada para chamar vacas para a ordenha e também para chamar homens para o alistamento militar.

Tudo cabe no bolso ou na palma da mão Criado pelo cuteleiro Karl Elsener, em 1894, o legítimo canivete suíço constitui um dos souvenirs mais cobiçados pela sua versatilidade e utilidade. A fama desse objeto está em servir para qualquer eventualidade, visto que seu mecanismo permite abrigar várias lâminas. Ele pode servir como abridor de garrafas, saca-rolhas, faca, chave de fenda, cortador de unha, tesoura, alicate, serra, talher, lixa, dentre tantas outras utilidades. Artefato multifuncional que cabe no bolso e na palma da mão.

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O som da caixa, joia de valor

O Prêmio Nobel do Samba

As caixas de música encantam meninas e mulheres no mundo todo, por sua beleza e pelo som harmonioso que emanam quando nelas se dá corda. Românticas e delicadas, as tradicionais caixinhas de música suíças podem ser tão caras quanto o preço de um apartamento. Por isso, elas são cobiçadas por serem consideradas joias repassadas entre as gerações. A marca suíça Reuge, reconhecida mundialmente, está há 150 anos no mercado fabricando esses objetos de valor, com design contemporâneo e tecnologia de ponta. As caixas de música viraram uma especialidade e um admirado produto de exportação da economia suíça na segunda metade do século XIX, marcando a imagem da Suíça moderna e inovadora do ponto de vista tecnológico.

O Prêmio foi fundado por Albert Nobel, o inventor da dinamite. Após sentir o desgosto das mortes e da destruição causada pela sua invenção, Nobel propôs a criação de uma premiação que prestigiasse aqueles que, no futuro, servissem ao bem da humanidade. Assim, Albert Nobel usou sua herança de 32 milhões de coroas suecas para a criação da Fundação Nobel, uma instituição que teria a função de administrar a premiação. A Suíça possui 26 laureados com Prêmio Nobel: 1. Kurt Wüthrich, Química, 2002; 2. Médecins Sans Frontières, Paz, 1999; 3. Rolf M. Zinkernagel, Fisiologia ou Medicina, 1996; 4. Edmond H. Fischer, Fisiologia ou Medicina, 1992; 5. Richard R. Ernst, Química, 1991; 6. Karl Alexander Müller, Física, 1987; 7. Heinrich Rohrer, Física, 1986; 8. Georges J. F. Köhler, Fisiologia ou Medicina, 1984; 9. Werner Arber, Fisiologia ou Medicina, 1978;10. Vladimir Prelog, Química, 1975; 11. Daniel Bovet, Fisiologia ou Medicina, 1957; 12. Felix Bloch, Física, 1952; 13. Tadeus Reichstein, Fisiologia ou Medicina, 1950; 14. Walter Rudolf Hess, Fisiologia ou Medicina, 1949; 15. Paul Hermann Müller, Fisiologia ou Medicina, 1948; 16. Hermann Hesse, Literatura, 1946; 17. Leopold Ružika, Química, 1939; 18. Paul Karrer, Química, 1937; 19. Albert Einstein, Física, 1921; 20. Charles Édouard Guillaume, Física, 1920; 21. Carl Spitteler, Literatura, 1919; 22. Alfred Werner, Química, 1913; 23. Theodor Kocher, Fisiologia ou Medicina, 1909; 24. Élie Ducommun, Paz, 1902; 25. Charles Albert Gobat, Paz, 1902; 26. Henry Dunant, Paz, 1901

Sábia mente O cientista Albert Einstein nasceu na Alemanha, tendo renunciado à cidadania alemã aos 17 anos. A cidadania suíça foi-lhe concedida em 1901. Físico que propôs a teoria da relatividade, Einstein foi o mais célebre cientista do século 20, tornando-se famoso mundialmente virou um sinônimo de inteligência.

Com teus sabores A Suíça é famosa também por seus fantásticos queijos e chocolates de qualidade. Há uma enorme variedade de queijos suíços que chega a mais de 400 tipos. A fábrica dos deliciosos chocolates suíços Lindt na linda cidadezinha de Aachen, a 70km de Colônia, produz os mais variados tipos de chocolate. Os chocolates suíços são especiais por causa do leite com o qual são fabricados, de qualidade superior à do leite dos outros países.

O relógio disparou Na segunda metade do século 19, quando os refugiados huguenotes trouxeram a fabricação de relógios portáteis para Genebra, a relojoaria começou a se difundir na Suíça. A Suíça hoje é conhecida como a terra do relógio, onde tudo funciona com precisão. O país fabrica os mais cobiçados relógios, especialidades suíças como as marcas mundialmente reconhecidas Rolex, Tissot, Swatch e Omega. Unidos da Tijuca 2015

Os bancos suíços adotaram um sistema inviolável para proteger o patrimônio financeiro de seus clientes. O sistema não reconhece o indivíduo, mas sim o portador da senha secreta garantindo, assim, um sigilo total das contas. Para manter o segredo bancário, uma tradição de 300 anos, as contas dos bancos suíços só podem ser acessadas por meio de uma senha.

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A senha secreta


A NOSSA QUADRA

Quadra da Unidos da Tijuca embala sambistas e visitantes de todas as idades o ano inteiro A quadra da Unidos da Tijuca cumpre o papel de quartel-general da escola de samba. Ao longo do ano, vários eventos voltados para a comunidade ocorrem ali, ao passo que o local é o principal canal de comunicação da agremiação. Nesta grande praça tijucana, os segmentos da escola de samba trocam impressões, propalam o enredo, tomam decisões, apuram as bossas e, claro, é onde a comunidade cai literalmente no samba. Com o objetivo de difundir o conceito do Enredo 2015, a quadra foi toda decorada com o tema Suíça. Meses antes do período carnavalesco, a Tijuca abre suas portas para o público participar das eliminatórias da escolha do samba que irá conduzir a escola na Sapucaí. Cada eliminatória é uma grande festa, que só vai aumentando até o dia da grande final. Todos os sábados, a partir da definição do samba-en-

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Um Conto Marcado no Tempo

redo até o Carnaval, a Tijuca recebe visitantes que se espalham nas pistas e camarotes da quadra. Embalado pelo som da bateria do Mestre Casagrande, o público aprende a cantar o samba escolhido e tem diversão garantida a noite inteira. Estes eventos contam com a participação dos principais elementos da escola, como os ritmistas, os intérpretes, as baianas, os passistas, os destaques e os casais mestre-sala e porta-bandeira. Estes últimos têm a responsabilidade de exibir e defender o pavilhão da agremiação. Com um formato que expõe esse espetáculo carioca, o samba aqui é expresso em sua mais pura essência. Revelando o mais democrático espaço de propagação da cultura brasileira, a quadra recebe um público bastante diversificado, com pessoas de todas as idades prestigiando a escola e participando da luta pelo campeonato.


Paula Valente e equipe da loja

Guilherme, Carlos Alberto e Fernando leal

Edu Saad, DJ

Tom e equipe de som e iluminação

Baixinha, serviços gerais

Pedro Paulo, locutor

Equipe do quiosque da Velha Guarda

Localizada no coração da região portuária, a quadra da Unidos da Tijuca tornou-se um espaço único para realização de eventos privados. Após reformulação de suas instalações, a quadra vem suprindo a carência de espaços no centro do Rio de Janeiro para produção de eventos de médio e grande porte. Durante todo ano, a agremiação recebe eventos de diversos formatos: shows, eventos corporativos, congressos e até feira de exposição de produtos. Fale com a gente: marketing@unidosdatijuca.com.br

Cozinha tijucana: Guilherme, Carlos Alberto, Marcelinho, Jorginho e Carlos Alberto

QUADRA DA UNIDOS DA TIJUCA Av. Francisco Bicalho 47 - Centro

Unidos da Tijuca 2015

Atendentes do bar

Atendentes do bar e da uísqueria

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Paulo, produção e Rose e Lilian, camarote Seguranças e Rose, camarote


TIJUQUINHA DO BOREL

O ontem é aprendizado para o amanhã Nova presidência pretende dar continuidade à formação de novos sambistas

A

s escolas de samba mirins foram criadas com o intuito de formar novos sambistas para dar continuidade às próprias agremiações que as constituíram. Também foi com esse propósito que foi fundada, em 2002, a escola de samba mirim Tijuquinha do Borel, após a extinção da ala infantil da Unidos da Tijuca.

depois de terem participado de muitos ensaios e desfiles na Tijuquinha.

Com esse pensamento revigorado, o presidente da Tijuquinha Francisco Peres (mais conhecido como Jacó) e sua diretoria desejam fortalecer a formação de novos sambistas que, mais tarde, integrarão os segmentos da escola-mãe. Eles sabem que o Morro do Borel, região das origens da Unidos da Tijuca, possui um imenso celeiro de bambas que precisa ser lapidado para que possam integrar, mais tarde, a comunidade adulta tijucana.

Muitas dessas crianças se espelham em seus pais e parentes que hoje integram a comunidade e os segmentos da Unidos da Tijuca, mas que também passaram pelo necessário processo de lapidação, iniciado no passado. Aprendizado da criança de ontem posto em prática pelo adulto no amanhã.

Tal fato se evidencia pela grande quantidade de moradores da comunidade do Borel atuando como ritmistas da bateria Pura Cadência. A maioria deles promovidos da bateria da escola mirim, ao atingirem certa idade e

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Um Conto Marcado no Tempo

A nova diretoria está fazendo um incansável trabalho de resgate das raízes da Unidos da Tijuca. O objetivo é atender à imensa demanda de crianças do Borel, torcedoras da escola-mãe, que querem desfilar e serem, no futuro, verdadeiros sambistas.

Em 2015, a Tijuquinha desfila com 1100 componentes em doze alas e três carros alegóricos. O enredo Portal das Delícias – Uma Viagem ao redor do Mundo, do carnavalesco Sergio Eduardo Silva, promete divertir e deliciar a Sapucaí.


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Unidos da Tijuca 2015

Foto: Jorgemar Braga

Muitas dessas crianรงas se espelham em seus pais e parentes que hoje integram a comunidade e os segmentos da Unidos da Tijuca


PROJETO SOCIAL

Brilha o sol num instante Instituto de Cidadania oferece novas oportunidades e serviços à comunidade tijucana A antiga quadra da Unidos da Tijuca localizada aos pés do morro do Borel, comunidade de origem da escola, abriga há muitos anos o Instituto de Cidadania da Unidos da Tijuca, o projeto social da agremiação que atende aos moradores da região. Segundo Carlos Alberto, Presidente do Instituto, em 2014 as seguintes atividades do Instituto de Cidadania tiveram um bom desempenho: 1) Implementação do curso de formação de Produtores Culturais que capacita jovens para produzir eventos e buscar patrocínio nos editais públicos. O curso tem 30 alunos e em março terá os formandos da primeira turma. 2) Revisão, junto com o Instituto Coca-Cola do Brasil, do Projeto Coletivo, adequando-o às necessidades do mercado. 3) Crescimento de 10% na Ginástica Comunitária, parceria com a UPP do Borel. 4) O Jiu Jitsu manteve a quantidade de alunos estável. 5) O Centro de Democratização Digital da FAETEC foi o 3º colocado em acessos à internet durante

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Um Conto Marcado no Tempo

vários meses de 2014. Vale ressaltar que os dois primeiros colocados foram o CDD da Estação de Trem Central do Brasil (segundo terminal ferroviário do país) e o CDD de Madureira (o maior polo de comércio varejista do Estado do Rio de Janeiro). 6) O Ballet, parceria com a Cia Dançando Para Não Dançar, apresentou a lotação máxima em suas turmas. 7) O Núcleo de Mediação da Grande Tijuca, parceria com o Ministério Público e a UPP, realizou várias mediações com êxito, destacandose a realizada junto à Light que resolveu os problemas dos consumidores. 8) Óculos de grau, de qualidade, foram fornecidos a preços populares com grande aceitação dos cidadãos, o que torna a atividade bimensal em 2015. 9) Um ponto marcante foi a visita do Embaixador da Suíça ao CIEP Antoine Magarinos Torres, evento que distribuiu brindes para 600 crianças, as quais aprenderam também sobre a cultura da Suíça, país homenageado no enredo da Unidos da Tijuca em 2015.


Conquistar um futuro de sucesso é o sonho de cada cidadão. Oferecer as oportunidades para realizar esse sonho é a nossa missão.

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Com tantos projetos sociais oferecidos pelo Instituto de Cidadania da Unidos da Tijuca à sua comunidade, percebe-se que o sol brilha para todos num instante o ano inteiro.

Unidos da Tijuca 2015

Para 2015, o Instituto está fechando um convênio de implantação da Clínica Odontológica, que possibilitará reativar o atendimento odontológico de alta qualidade e em todas as especialidades, com preços populares. O Instituto está negociando com parceiros privados um projeto de aferição dos índices biomédicos (peso, temperatura, pressão arterial, taxa de glicose, etc) para permitir o acompanhamento gratuito dos índices pela população. A aferição será realizada por profissionais registrados no Conselho Regional de Enfermagem e o material será descartável. Outro projeto em análise é o curso de artesanato com exposições e feiras. O curso de formação profissional de Web Designer está em fase de aprovação junto aos órgãos públicos e deverá se iniciar em Março.


SUIÇA

A Suíça é um dos países mais competitivos do mundo. O seu sucesso é resultado de investimentos generosos destinados a criar um sistema eficiente de educação e pesquisa. Igualmente importantes são valores e princípios como a garantia da autonomia de instituições de ensino superior e de pesquisa, fomentando a competição e a qualidade com a atribuição de recursos públicos, e encorajando mentes abertas. Educação, Pesquisa e tecnologia são os principais motores da economia do conhecimento da Suíça. O país pode até ser pequeno em seu tamanho, mas as pesquisas e os resultados científicos per capita são colossais e proporcionam à Suíça um grande renome internacional. A Suíça ocupa o lugar número um global quando se trata de gastos per capita com o ensino superior e conta com uma das mais diversificadas paisagens de pesquisa do mundo. Isso é confirmado por estudos da OCDE, que destacam a Suíça como um dos países mais inovadores. A Suíça também detém a pole position quando se trata de desenvolver novas habilidades e tecnologias. Uma pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial revela que o país tem o mais alto nível de competitividade do mundo. Para garantir a vantagem competitiva do país, generosos fundos governamentais e privados são disponibilizados para projetos e programas de pesquisa. De fato, dois terços da pesquisa realizada na Suíça são financiados com fundos privados. As indústrias química, farmacêutica, eletrônica e metal são as que mais investem neste tipo de apoio financeiro. Terreno fértil para novas ideias – em nenhum outro país tecnologias e invenções recém-desenvolvidas são mais protegidas do que na Suíça. Em relação ao tamanho de sua população,

a Suíça é o país que tem o maior número de ganhadores de prêmio Nobel em Ciência. Desde 1901, quando foram concedidos os primeiros prêmios nas categorias física, química, fisiologia ou medicina, literatura e paz, 24 cidadãos suíços foram contemplados. Nos setores de crescimento intensivo de pesquisa a Suíça cobriu um longo percurso nesta última década e meia. Novas áreas de tecnologia ganharam importância. Mais e mais patentes estão sendo emitidas e um número crescente de clusters industriais se formou em áreas como tecnologia médica, biotecnologia, assim como tecnologia ambiental e de construção. Também aqui a Suíça figura em primeiro lugar. Mais do que Chocolate: Em 1924, a Alusuisse foi a primeira empresa a produzir folha de alumínio para usar em embalagens de alimentos. Também o celofane e o velcro são invenções suíças. Em 1968 já havia um protótipo americano do mouse para o computador, mas a empresa suíça Logitech foi a primeira a produzir o mouse em massa. Em 2012, o Centro Espacial Suíço do Instituto Federal de Tecnologia em Lausanne apresentou o seu CleanSpace One, um robô projetado para livrar o universo de resíduos. Também a Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern) em Genebra é mundialmente renomada. A Cern, onde foi desenvolvido o World Wide Web (rede de alcance mundial, também conhecida como Web ou www) no fim da década de 80, é hoje um dos mais importantes centros de pesquisa fundamental em física. A Suíça não constitui apenas um local que lidera em termos de inovação, mas também dispõe de um grande número de excelentes instituições de educação.

Posicionamento das Universidades Suíças em Rankings Internacionais EPFL

ETHZ

Basel

Bern

Fribourg

Geneva

Lausanne

St. Gallen

Zurich

Shanghai Ranking 2014 (Top 500)

96

19

90

151-200

---

66

151-200

---

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QS Ranking 2014 (Top 500)

17

12

116

145

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85

105

421-430

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Times Ranking 2014 (Top 400)

34

13

75

132

276-300

107

136

---

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Fonte: http://www.universityrankings.ch/

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Um Conto Marcado no Tempo

(EPFL, ETHZ = Institutos Federais de Tecnologia em Lausanne e Zurique)


Além disso, o sistema educacional enfatiza tanto o êxito escolar quanto a formação profissional e é visto como um modelo na Europa. Este modelo orientado para a prática, permite aos alunos adquirir experiência junto com as qualificações profissionais. O número de vias de aprendizado tem aumentado nos últimos anos e o sistema se tornou mais flexível. Agora, jovens que terminaram o seu aprendizado profissionalizante podem agora adquirir uma qualificação adicional que lhes dá a oportunidade de continuar os seus estudos em universidades de ciências aplicadas. A economia suíça prospera e o país encabeça regularmente o índice europeu de inovação. O grande leque de patentes, de marcas comerciais registradas e de design são um claro indicador do alto nível de inovação da Suíça. Assim, um grande número de pessoas seja empregado em setores de alta tecnologia. A grande concentração de pequenas e médias empresas que lançam novos produtos e processos ultrapassa a média dos países vizinhos. A grande proporção de exportações de produtos de alta tecnologia também reflete o potencial que a inovação tem na economia suíça.

O sonho de voar longas distâncias sem usar combustível fossil está a um passo da realidade com o Impulso Solar. Uma equipe de técnicos e cientistas do Instituto Federal Suíço de Tecnologia Lausanne (EPFL), dirigida pela dupla de pioneiros suíços da aviação solar Bertrand Piccard e André Borschberg, estão trabalhando na sua meta de 2015 de tornar-se os primeiros seres humanos a dar a volta ao mundo em um avião movido a energia solar (HB-SIB). Eles pretendem usar esta aventura única para mostrar que podemos ir mais longe do que imaginamos. Não é surpresa que projetos inovadores como este sejam concebidos na Suíça, se for levado em conta o espírito de inovação do país e as parceiras público-privadas.

Solar Impulse Volta ao mundo num avião movido a energia solar


EVENTOS

Embaixador da Suíça, André Regli e o presidente Fernando Horta Presidente Fernando Horta, Marly Spínola e Secretário de Transporte do Estado, Carlos Osório

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Julio Cesar, Carlos Osório, Nilton dos Santos e Rute Alves

Corte do Rei Momo ciceroneados por Fátima Horta e Fernando Horta

Embaixador André Regli e Rei Momo e sua corte

Embaixador Nicolas Bideau, Juliana Alves, e o Cônsul Christophe Vauthey

Ao meio, Brunna Silva e Christina Glaeser, coordenadora de comunicação do Governo Suíço

Diretoria da Tijuca e membros do governo suíço

Um Conto Marcado no Tempo


Julinho e Rute Alves com o pavilhão suíço

Esguleba, Angela Salles, Eugênio Leal e Andrade Chefia

Juliana Alves e o ator Érico Brás

A atrizes Shirley Cruz, Juliana Alves e Luciana Pacheco junto ao presidente da Escola, Fernando Horta

Jogadoras da seleção brasileira de vôlei, Thaísa e Adenízia, destaques da tijuca

Juliana Alves e o ator Flávio Bauraqui

Unidos da Tijuca 2015

Embaixador André Regli, Diretora de Marketing Fabiana Amorim e o Cônsul Hans-Ulrich Tanner

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Bateria da Unidos da Tijuca no lançamento do Baixo Suíça na Lagoa Rodrigo de Freitas


E MAIS EVENTOS

Festa de Lançamento dos Protótipos das fantasias para o Carnaval 2015

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Fernando Horta, Lilian Miranda, VP de Marketing da Nestlé, esposo, Embaixador Regli e o diretor de patrocínios da Tijuca, Bruno Tenório

Comissão de Carnaval da Unidos da Tijuca.

Marquinhos, Fernando Horta e Milton Cunha

Passistas recepcionam o casal Carlos Bardem e Cecilia Gessa

Grupo de cineastas super animados em visita à quadra da Escola Unidos da Tijuca

João Helder, primeiro destaque da Unidos da Tijuca e as filhas de Clóvis Bornay

Embaixador André Regli e o Consul Geral da Alemanha, Harald Klein

Um Conto Marcado no Tempo


Juerg Schmid, André Regli, Adrien Genier e o Consul Geral da Suíça Giancarlo Fenini

Vinicius e Jackelyne como o diretor do Turismo Suíça (SP), Adrien Genier e o CEO Juerg Schmid

Governo suíço e diretoria da Unidos da Tijuca

Show da cantora Preta Gil na quadra da Tijuca

A galeria completa de fotos dos eventos que realizamos está no site www.unidosdatijuca.com.br Faça uma visitinha e fique por dentro de tudo que rola em nossa Escola.

Detalhe do show da Preta Gil

Unidos da Tijuca 2015

Embaixador André Regli e o CEO do Switzerland Tourism, Juerg Schmid

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Olivier Anquier, Adriana Alves e Juliana Alves


A word from the president Unidos da Tijuca makes it a rule to annually present to the audience a show of great plasticity and music composition of great boldness, which aims at fostering Brazilian cultural diversity. This diversity is expressed in a playful way in the development of our themes. Tijuca has already shown on the avenue innumerous themes that are relevant to Brazilian history, which does not stop us from crossing the ocean to unearth some hidden aspect of our Brazilian ways. Our Carnival department research took us back in time to Switzerland, where we took a look at the traditional manifestations of Carnival of that country and associated it to an icon of carioca Carnival, Clóvis Bornay. Son of a Swiss immigrant, he became a Carnival maker himself, bringing to the parades many artistic innovations such as the “highlight”, a person dressed in a luxurious costume who comes on the top of a float. The highlight was such a big hit that it became a mandatory requirement in all parades.

English Version

The influence of the Swiss father was paramount in Bornay’s personality, ultimately adding value to our Carnival. After all, the party, brought to Brazil by the first colonizers, was enriched by the contribution of various colonies of immigrants, both European and African, who came to live in our country along the centuries. The strength of our culture lies in the influence of these many peoples. And these influences are so amalgamated that it is virtually impossible to state which one comes from which region. They all, together, make what is known as our national culture. And Carnival, as a powerful expression of this culture, encompasses all cultures and tendencies, regardless of social class, skin color, ideals, nationality or origin, a true reflex of Brazilian cultural diversity. Last but not least, the supporting basis of the opera that will be presented is the Tijuca community, without whose strength we wouldn’t be able to put such grand show together. Fernando Horta Presidente da G.R.E.S Unidos da Tijuca

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Um Conto Marcado no Tempo


MASTER OF CEREMONIES AND FLAG BEARER

Valuable jewel Heritage from the colonial period, master of ceremonies and flag bearer are treasures revered in the parade The couple of dancers responsible for transporting the samba school pavilion in the parades originate in the colonial period in Brazil. At that time, great balls in European style were held at court. The house slaves – housekeepers and cleaning ladies – secretly observed these parties with the European music and dancing. The dance that fascinated them the most was the French minuet, on account of its luxurious clothes and the beauty of its choreography and timed gestures. This admiration for this dance led them to start to imitate the minuet their own way in the slave house in their free time when the drumming began. Women improvised skirts out of towels, and tried to dance that noble foreign dance with men. In these occasions, a couple always stood out. The woman was given a broom stick with a rag, and the man played the court’s master of ceremonies, holding along club in his hand to announce newcomers. But in the dance reinvented by the black, the purpose was to revere not to announce, so the club became smaller, and a fan, a handkerchief and a feather were introduced. And so came into being the most expressive couple in traditional samba dancing, which later on became known as “beacon” and “banner-carrier”. When samba schools appeared, the banner was substituted by a flag, and the names were changed. The couple must dance spinning around while the school moves forward evenly. The MC must court the flag bearer as if he was in love with her. Both must act out in the dance a romantic love from that time, translated in gentle and delicate gestures. Dressed in clothes inspired in European nobility, they symbolize a luxurious and rich Brazilian colonial time. In Unidos da Tijuca, Rute Alves and Julio Cesar da Conceição Nascimento, (Julinho), symbolically represent this valuable noble jewel from the colonial period. Dancing together for 7 years, the experienced couple is amazingly tuned in, and gets admirers in rehearsals and parades. For this reason, they scored high marks in 2014. This result is a product of their friendship and

hard technical work, which demands a lot of discipline and constant training. Rute Alves became flag bearer in a Project School for MCs, flag bearers and banner carriers coordinated by master Manoel Dionísio. In her glorious career, Rute was flag bearer for São Clemente, Portela, Porto da Pedra, Salgueiro and Vila Isabel. Julinho, the MC, started out as a kid in a junior school called Corações Unidos do CIEP. He learned his trade from renowned masters such as Xangô, Machine and Velha da Portela, his father. Julinho has been MC at Tradição, Viradouro and Vila Isabel. This is the second year they will represent the category for Unidos da Tijuca. The couple is so tuned in that when they dance they seem to be one, so perfectly their steps and gestures complement each others’. Anyone who sees them dance is totally enraptured by the great beauty, grace and smoothness of their special dance style.

2nd master of ceremonies and flag bearer couple The second master of ceremonies and flag bearer couple, formed by Jackellyne and Vinicius, who are siblings, is also valuable jewel for Unidos Tijuca. They are also aware of the responsibility involved and also have the unique talent to carry Tijuca’s flag. The young siblings already have a large experience in dancing. They have studied dancing in the renowned master Manoel Dionísio project. They started dancing on the streets, and went to different samba dance schools such as Aprendizes do Salgueiro, Canários das Laranjeiras, Acadêmicos da Abolição, Caprichosos de Pilares and Império da Tijuca until they proudly took over this responsibility at Unidos daTijuca,where they’re getting more and more admired and respected for their charm and precision.


THEME: SWISS LEGEND

So many enchanted stories Swiss legends bring back traditions from Alpine countries Carnival is today a powerful means of education and culture. Besides being a tool of citizenship, generating jobs and income, and contributing to social insertion by meeting community needs in social projects, samba schools also work, through their themes, as a tool of knowledge dissemination to the general public. However, as an agent of artistic production, samba schools gather people in a procession to pass on information about a theme. In the parade, facts are addressed; stories about people and places are told. Each school’s presentation is made up of a narrative, divided and represented by its segments, its costumes and its floats. When cities or countries are depicted on the avenue, institutions usually show legends that are part of the local culture so that the audience can understand these traditions. This resort is typical of Carnival, which uses imagination, reverie, and magic. These can become part of a visual reality, being represented in an art form. They’re legends and folk tales that bring back a people’s oral tradition. And Switzerland, honored country in Unidos da Tijuca’s theme, has interesting legends which impress by the rich details. The images in these tales stimulate our imagination as well as those who visit the Alps’. These are magic land stories which reveal traditions and the Swiss cantons’ soul.

Winged Beings Mount Pilatus is known for its legends about dragons. One of the legends tells the story of a youth who, while looking for wood for the fireplace, climbed all the way to the summit of a hill, a dangerous, forbidden place. When the night came, frightened by the lonesome descent, the young man ended up tripping over and falling into a dark, deep cave, and banging his head. In the morning, he came to hurt and in pain. He panicked when he saw six scaly winged beings staring at him. However, to his surprise, the dragons were friendly, sniffing and licking him like pets do. After long winter months spent with the little animals, it was spring. The dragons flew to get warm in the sun. The youth was taken outside 102

Um Conto Marcado no Tempo


Before it became a free country, Switzerland was governed by an authoritarian king, feared by all. Whoever disobeyed his orders was mercilessly punished. There was only one person who did not fear the oppressing king: the brave hunter William Tell, skilled archer, respected by all. To frighten the people even further, the arrogant king had a pole with one of his hats stuck in a main square. Everyone who passed by had to bow, or they would be cruelly punished. One day, the tyrant saw the hunter and his small son pass by without bowing to the hat. In a rage, he had his soldiers tie the boy to the pole with an apple on his head and challenged William Tell: he should hit the apple with a single arrow so that his child would not die in public. His heart sinking, Tell aimed the target and hit the bull’s eye, splitting the apple in two, freeing his son from a tragic fate.

Then the hunter was arrested, but managed to escape from the boat taking him to prison. Sometime later, Tell was considered a valuable warrior for his country’s independence.

In the snow hills Thousands of years ago there was a mountain covered with snow where lived a White Lady on her ice throne. A jinx victim, she was a prisoner of eternal snow in that inaccessible height until someone would come rescue her. All slopes that led to the mountain were really steep and covered with ice, making it hard to climb, which rendered the adventure impossible. But not to a handsome prince, who one day decided to climb the dangerous snow hills. When he was about to reach the summit where the White Lady was, a rock broke loose and dragged him down the abyss. Anxious for the arrival of the one who would rescue her, the White Lady lost it when she saw the young man fall down the abyss. She cried emotionally, and each and every one of her tears became a strange and delicate flower called Edelweiss as it touched the ground. The wind, caressing the flowers, took the seeds to the neighboring mountains, allowing other flowers to grow so that the White Lady would always be remembered.

The Devil’s Bridge In order for the inhabitants of two regions of Switzerland to safely cross the Reuss River, with its cold water and strong current, a pact was made with the devil for him to build a sturdy bridge because the one made of wood had to be constantly rebuilt. The devil readily showed up and put himself at the inhabitants’ disposal on one condition: the soul of the first person to cross the bridge would be his. The bridge was built as the inhabitants from both regions wished, but to fool the devil they decided to use a goat instead of a person. The devil was furious, and got a huge rock to destroy the construction, but he didn’t count on a senior lady carrying a cross. When he saw the cross, the devil had no strength to throw the rock at the bridge and just dropped it. Nothing happened to the bridge, and the devil never returned. Today the rock is fenced, protected and visited by tourists.

Unidos da Tijuca 2015

Undaunted Hero

Noticing the hunter had a second arrow, the despot asked about it. Without hesitating, William Tell told him it was meant for the king in case he missed and hurt his child.

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the cave holding one of the baby dragon’s tail, and was carefully left in a flowered field. The young man soon met his friends, and they happily returned to the village, where the youth was joyfully greeted. It is said that this adventure in the dragons’ cave was embroidered in a silk cloth and can still be seen in a small church in the area.


SCHOOL SYMBOL

Here comes the peacock The symbol-bird for Unidos da Tijuca has been presente for many carnivals Every samba school has their own identifying visual and auditory marks, for example the color, the symbol printed on their pavilion, the rhythm characteristics of the drumming band’s beat. Many samba schools have animals as symbols. Animals are archetypes of Shamanic traditions. They are modern totemic symbols used by samba schools. These signs in the shape of animals have an emotional connection with the community they represent, identifying and distinguishing them. Unidos daTijuca’s symbol is the royal peacock. There are two stories that explain the school’s symbol choice. The first version says that when the school was founded, the first symbol adopted was a badge representing entwined hands united with the coffee plant, a reference to the old Tijuca with its plantations. Many decades later the peacock replaced this symbol of suffering and resistence. The second version documents that in 1931, the year the school came into being, there was at the foot of the Borel hill a cigarette, tobacco and snuff factory, which had on some of its products’ packaging the eye-catching image of a peacock in blue and yellow. Unidos da Tijuca’s founders adopted the peacock and the colors, in a reference to that local company’s identifying logo. In 1984, the bird was already printed on t-shirts with the school’s theme. Carlinhos Melodia, a songwriter, then suggested that the school president back then, Luiz Carlos Cruz, replace the old bitterness symbol for the peacock in the opening float, taking the lead of other samba schools that had eye-catching animals that called people’s attention. And so, in 1984, the peacock was in the opening float for the first time as the school main symbol. Since then, the peacock has had many features, adapting to different themes.

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Um Conto Marcado no Tempo



BAIANAS

The world whirls in time Baianas’ wing defies time with its beautiful spins and a lot of history

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The baianas’ (senior ladies wearing costumes from Bahia) wing is full of symbolism, associated to ancestry and the history of samba and samba schools. In ancient times, thousands of black female slaves were brought to Brazil. Most of them got off in Bahia. Of Muslim descent – Hausa and Malian – they stood out for their traditional costumes and habits.

Known as the baiana aunts, they hosted negro culture in their homes, where people got together above all to hold rodas de samba (festivities with samba playing and dancing), which were in the beginning frowned upon because they were regarded as rowdy. It was in one of these backyards that samba and the greatest samba stars were born.

These women used to wear traditional ceremonial clothing. “Figas”(lucky charms), bracelets and turbans complemented the outfit. This is the origin of the traditional baianas’ wing costume, which has changed considerably, having lost some of its original characteristics as the wing blended in with the school’s theme.

Therefore, when the samba schools became official in Rio de Janeiro, the baianas’ wing became mandatory as attribute to the aunts who have contributed to samba so much. The wind is one of the few that remained untouched, defying time and the modernization of the parades.

Mothers and daughters also started wearing this outfit in religious places, in festive days to honor orishas. In the 19th century, the black baianas used to go to popular parties and be the center of the religious celebrations, actively taking part in processions and filling up churches. Most were free and made a living from small businesses, grocery or food stands on the streets or squares in the city.

At Unidos da Tijuca, under the command of aunt Ivone, the baianas’ wing has 80 members, who are really proud to represent the history of samba and Tijuca’s community. The baiana’s wing greatly contributes to the school’s evolution and harmony as they move forward and whirl vigorously around with their powerful singing in the theme song chorus.

Um Conto Marcado no Tempo


OLD GUARD

Old guard is proud to preserve Tijuca’s memory

In Unidos da Tijuca, the old guard takes part in all events, and always has a privileged place in the parade, on a float or in the beginning of the parade, with elegant costumes which are integrated to the theme. Composed of 60 samba stars and coordinated by Maria Lúcia Alves Pereira, Tijuca’s old guard preserves old days’ pride and actively participates in today’s victories.

Unidos da Tijuca 2015

The old guard is composed of fairly old people, who know a lot about the past and who have memories of carnival and parades. With their experience and wisdom, they’re the ones who show today that yesterday is learning for tomorrow. They are always teaching and showing younger members the essence of the school they’re now members of.

The ladies and gentlemen of the old guard are always honored by their contribution to samba and the samba school. They are all treated with due respect because they are a living memory of the roads taken by the school in the great popular party.

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The oldest members of a samba school join the old guard wing. Due to their contribution to the history of the institution, many of them are called bulwarks. On average, they are those who at a young age had prominent positions in the school, and contributed to its progress, such as founders and their relatives, masters of ceremonies or flag bearers, theme song singers, samba dancers, harmony directors, among others.


DRUMMING BAND QUEEN

Love password Juliana Alves’s love for Unidos da Tijuca started in adolescence

The picture of a woman reigning in front of the drumming band would have appeared for the first time in street carnival. At that time, the person in charge of the percussionists was called “whistler”, who usually had a passista (samba dancer) as a lover. To protect her from other men’s advances, the “whistler” created a new prominent position that was close to him in the drumming band. This way, out of love, this position would have come into being in ancient times, and was later on incorporated by samba schools. Then schools institutionalized a periodic contest to choose the best passista in their community to be drumming band queen, and, because the media overvalued the image of this position, samba schools began to use famous models and actresses in front of the percussionists. However, it was not Juliana Alves’s fame that got her the position in Unidos da Tijuca. It was also out of love that the beauty took responsibility for Tijuca’s crown so as to reign in all her fullness. Juliana lived in Tijuca close to the Borel slum for nearly two decades, and used to go to neighboring samba school rehearsals at a very young age. She debuted in the Rio de Janeiro Carnival at 17, marching in a wing at Unidos da Tijuca. She is proud to say that she has always had a great love for the school, and that being in this prominent position is without a doubt a dream come true. On average, to take this position, the queen must meet some basic prerequisites, such as beauty, friendliness, and mainly, true samba dancing. Juliana has all of these and many more, which allowed her to win over Tijuca’s community’s heart. 108

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Before becoming famous, Juliana was a health agent for a NGO called Criola, which fights prejudice against black women. She studied dancing and started her career as a dancer in a TV show while at the same time, she starred in advertising campaigns and did amateur theater. After being cast in some soaps, she dedicated to the theater and cinema but will be back on television in 2015 to interpret another remarkable character on prime time. With so much going on both in her personal and professional live, and with the consolidation of her artistic career, Juliana insists on reaffirming that her love for samba is still the same. She manages her time so that she can dedicate to her two true passions: the art of acting and the art of samba dancing in front of the drumming band Pura Cadência.


SONGWRITERS AND THEME SAMBA

It’s so good to experience this emotion again Several award-winning songwriters become partners to write about Switzerland

This is a major concern in the theme song contest at Unidos da Tijuca, so much so that two finalist “sambas” had to be merged so that the perfect song, which would correspond to the school’s characteristics and to the artistic part of theme about Switzerland, was found. And so, the 2015 theme song has 8 talented composers: Josemar Manfredini, Fadico, Carlinhos Careca, Zé Luiz, Gustavinho Oliveira, Caio Alves, Rafael Tinguinha e Cosminho. Manfredini (with other partners) was the 2012 champion, with a theme about Luiz Gonzaga, and Gustavinho & Cia won the dispute in 2014, with a theme about Ayrton Senna. Now the winning composers, former adversaries, get together to relive this emotion on Sapucaí.

Carnival! Our connection is eternal It’s good to be back To relive this emotion I wish I could meet my father again So many enchanted stories It was a dream, and I don’t want to wake up Winged beings, built castles Giant blow, undaunted hero In the snow hills an angel to protect The best friend a man can have The world whirls in time, temple of invention It all fits in your pocket or the palm of your hand The box sound, valuable jewel The one who looks for it finds the love password New time Relative age of knowledge Brilliant thought Explains life in all directions Wise mind, the hour flies with the traveler The sun shines in a moment Warming so many generations Today I see that yesterday Is learning for tomorrow Switzerland, in your history inspiration With your flavors on the avenue Breaking the ice, there comes the peacock Let the day dawn It’s time, we go for it The alarm has gone off, samba experts have arrived It’s Borel’s, the Nobel Prize of samba

Unidos da Tijuca 2015

As a matter of fact, the theme song is made and chosen because of the parade. Besides having poetic and harmonic qualities, the song must tell the story in the theme that will be presented artistically on the avenue. It must also flow so that singing on the avenue can take place and harmony is not compromised.

A tale marked in time – Clóvis Bornay’s Swiss look (Josemar Manfredini, Fadico, Carlinhos Careca, Zé Luiz, Gustavinho Oliveira, Caio Alves, Rafael Tinguinha e Cosminho)

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The theme song that leads a samba school’s parade is key to its success on the avenue. Much of the fluency of a school’s presentation is connected to a good musical composition, which must have a good melody and contain the main points of the theme.


INTERPRETER

Tinga works really hard to sing Tijuca’s theme song at dawn For the second year in a row, Anderson Antônio dos Santos, AKA Tinga, will sing Unidos da Tijuca’s theme song on Marquês de Sapucaí. He started out as a backing vocal for Jorge Tropical in the late 90’s and debuted as first interpreter in the special group in 2004. Owner of a deep tone of voice, he is considered one of the best interpreters of carnival. In 2015, Tijuca is again the last school to march down the avenue at dawn on Fat Tuesday. And to repeat the glorious performance of his debut in the school, Tinga has a special routine. When he’s not taking part in school shows, he usually goes to bed early to rest his body, and mainly his voice. He also gargles with ginger every day. Tinga is completely integrated to Tijuca’s family because before he was hired he used to come to headquarters, where he had friends. And for many years, he was usually seen on stage, singing samba songs that were running for theme songs in the annual disputes. And this year the interpreter is very happy to be one more time proudly singing on the samba avenue another samba song that was collaboratively written by Rafael Tinguinha, his son. Being an example and musical reference to his son makes him grow even stronger in his career. – I’ll be there when the day breaks, committed, to make Tijuca champion again! I will rock the avenue, and nobody will stand a chance! – states the singer confidently. If it depends on Tinga’s enthusiasm and professionalism, his powerful voice will be uninterruptedly and vigorously heard till dawn when Unidos da Tijuca marches on the avenue for another grand show.

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SAMBA DANCERS

People from different walks of life do their best to shine in the passistas’ wing

Besides being responsible for displaying true samba dancing in the parade, these dancers immediately occupy the empty space left by the drumming band when percussionists move in the avenue’s shoulder, hence avoiding the dreadful nontechnical hole. Nevertheless, to be a samba expert at Unidos da Tijuca, on Saturdays at headquarter rehearsals or in parades, these bold people overcome many daily difficulties. All of them work all day all week long. They ride trains, ferries, buses or vans, and despite all that, they have to do

They are manicures who work more than 10 hours a day, clerks who stand for more than 8 hours in a row, nurses who have 24 hour shifts, and even so, they all happily and enthusiastically go to headquarters or the samba avenue, willing to samba dance all night. They are moved by a great love for samba and Carnival. Formed by 15 men and 40 women, the passistas’ wing has for 8 years been coordinated by Mary Costa, a director who selects and supervises these dancers regarding discipline, behavior, schedule, clothing and many times when their private life starts to interfere, regarding personal matters as well. The selective process is constant because every year some passistas leave the wing to get married, have children, travel, etc. The most experienced dancers usually help newcomers perfect samba dance steps. Boys and girls take turns in headquarter rehearsals as well as outside shows.

Unidos da Tijuca 2015

Nowadays the wing comes either in front or in back of the drumming band in parades, which intensifies samba dance steps with energy sent out by this proximity to percussion instruments.

their best, even when their body complains after a hard day’s or week’s work.

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The passistas’ wing is one of the most traditional wings in samba schools. Up to the 80’s, these sambistas (people involved with samba) were spread out in many different sectors. In general, they were pairs or trios who danced together in the spaces left between wings, gracefully and naturally performing samba steps.


MARKETING IN CARNAVAL

How to combine management and passion? Carnival has truly become a big industry. It involves several areas of economy, generates over 10 thousand direct jobs and has been going more professional every year. As it grows and becomes more modern, it requires more investment in carnival management and planning. However, this natural evolution has been looked at with a lot of suspicion. Some opinion formers fear that the tribute to orishas and to important characters in our history might be replaced by trademarks. Concerned with these facts, Unidos da Tijuca has created the first marketing and communication department in a samba school. Marketing professionals Fabiana Amorim and Bruno Tenório have been working hard to attract big companies, vital to successfully finance the production of the parade. The greatest accomplishment of the department has been to protect the cultural event from aggressive merchandising, preserving the traditional essence of Carnival.

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“We link business with pleasure. We offer Brazilians the chance to get to know the trademarks. With the financial support, we make de popular party viable and strong. The actions are nonetheless carefully planned by our team so as to preserve one of the most traditional events in the country”, says Bruno. Over the least years, Tijuca has developed themes honoring icons such as Luiz Gonzaga, Thor and Ayrton Senna. They were the underlying themes of fantastic stories which provided the audience with detailed cultural information: life in northeastern inland, German mythology, a playful view of speed in modern times. In 2015, after searching for information about Clovis Bornay’s background in Switzerland, the Carnival makers unearthed one of the oldest, most traditional Carnival manifestations in Europe. In addition, the theme approaches the world of inventions, of arts, of culinary and of modernity, each a part of the universe which forms the Carnival icon. The idea stems from the fact that Bornay was born in Nova Friburgo, cradle of Swiss immigration. His father was a Swiss jeweler from a French-speaking canton.


“The theme, besides showing the man behind the myth, will show that Switzerland is much more that only chocolate and cheese. Besides, the audience will have the chance to know more about the country whose immigrants have contributed to Brazilian diversity, both in Nova Friburgo and in the south. The synergy between the country and Carnival is present in the punctuality and the timing, so important in the parades”, points out Fabiana. The partnerships with Swiss institutions are part of the marketing actions that were carried out throughout the year. “Starting with the elements researched by the Carnival makers, we developed an action plan of sponsorships to attract companies connected in some way to the theme”, explains Bruno Tenório.

Carnival and Marketing department during research in Switzerland

Besides developing the business plan, the team carries out workshops, theme shows, relationship actions in the boxes at Sapucaí, as well as corporate events with the sponsors. The school’s management model has been rewarded with great synergy among the various departments involved and with the three championships over the last five years.

President Fernando Horta, Marketing directorate, members of the Swiss Government and Tijuca’s Grupo Show on a tour in Switzerland

Mauro Samagaio is the oficial photographer of Unidos da Tijuca. Besides publishing in many different magazines, Samagaio is in charge of publishing the annual book of the school, with records of moments in the workshop and during the parade.

Mauro Samagaio (Photography), Fabiana Amorim (Marketing), Lia Rangel (Press relations), Júlio Cesar Farias (Cultural) e Bruno Tenório (Sponsorship and Marketing)

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For research and actions of the magazine, the communication department relies on professor Júlio Cesar Farias. A Carnival scholar, having published several books about Carnival, Farias has also become a theme researcher.

Unidos da Tijuca 2015

Cultural and photography department





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